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Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência e dos Idosos

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Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência e dos Idosos 
I. Introdução 
Os direitos humanos ou direitos dos homens são aqueles que o homem possui por sua própria natureza humana e pela dignidade que lhe é inerente. Não resultam de uma concessão da sociedade política, mas sim, de um dever da mesma, a serem garantidos e consagrados. 
Assim, os direitos humanos são os direitos fundamentais de todos os indivíduos, sejam eles mulheres, negros, homossexuais, índios, portadores de deficiências, populações de fronteiras, estrangeiros e migrantes, refugiados, portadores de HIV, crianças e adolescentes, policiais, presos, despossuídos e os que têm acesso à riqueza. Todos, enquanto pessoas, devem ser respeitados, tendo, cada um de nós, a integridade física protegida e assegurada. 
Neste trabalho, buscar-se-á uma abordagem sobre dois grupos que, freqüentemente, têm seus direitos violados e desrespeitados: os idosos e os portadores de deficiência. Mostraremos os documentos referentes ao tema tratado, tanto no âmbito internacional, como no âmbito nacional. Por fim, serão observados alguns problemas enfrentados por estes grupos, considerados vulneráveis, como também algumas ONG's empenhadas em sua defesa. 
II. Conceitos gerais: Idosos e Pessoas Portadoras de Deficiência 
Grupos vulneráveis são aqueles agrupamentos de pessoas que mais facilmente têm seus direitos violados. 
Vários estudos e documentos referem-se a trabalhadores migrantes, refugiados, apátridas, prisioneiros de guerra, etc., como apresentando características de grupos vulneráveis ou potencialmente para tal. Outros referem-se ainda a grupos especialmente desfavorecidos e frágeis, os quais incluiriam, dentre muitos, a mulher, a criança, as minorias étnicas, religiosas e lingüísticas e populações indígenas, as pessoas deficientes mental e fisicamente e os idosos, estes dois últimos estudados neste trabalho. 
As questões relacionadas com os grupos vulneráveis vêm merecendo atenção nos mais diversos foros de agências e organismos especializados. No entanto, é necessário que se ampliem e se solidifiquem as bases já existentes, o que certamente criaria condições mais favoráveis para uma efetiva participação política, econômica e social de todos os segmentos e grupos nos vários setores da sociedade. 
Portadores de deficiência 
A lei brasileira não definiu o conceito de pessoa portadora de deficiência. Num ou noutro texto, refere-se genericamente à pessoa portadora de deficiência auditiva (Lei 8160/91), paraplégicos ou pessoas portadoras de defeitos físicos (Lei 4613/65), entre outros. 
A ONU elaborou uma definição, expressa na Resolução XXX/3447, que aprovou a Declaração das Pessoas Deficientes. Segundo a ONU, o termo pessoa deficiente refere-se a “qualquer pessoa incapaz de assegurar a si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades físicas e mentais.” 
Na seqüência, a Declaração estabelece uma série de direitos que deverão ser garantidos às pessoas deficientes sem nenhuma exceção, distinção ou discriminação. Passamos a enumerar alguns deles: o direito ao respeito à sua dignidade como pessoa humana; a igualdade de direitos civis e políticos; de adoção de medidas próprias a capacitá-las a tornarem-se, quanto possível, autoconfiantes; a proteção contra todo e qualquer regulamento e tratamento de natureza discriminatória, abusiva ou degradante; o direito a tratamento médico, psicológico e funcional para desenvolvimento de capacidades e habilidades; à segurança material em nível de vida decente, em atividades produtivas e remuneradas de acordo com as aptidões. 
Ponto alto da Declaração é a recomendação para que as organizações de pessoas deficientes sejam consultadas, com antecedência, em todos os assuntos referentes aos direitos expressos naquela Declaração. 
No Brasil, temos o Decreto 914/93, que considera no seu artigo 3º a pessoa portadora de deficiência como aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. 
A categoria pessoas portadoras de deficiência carece ainda de uma classificação por grupos, vez que determinados grupos têm os mesmos direitos políticos que qualquer outro cidadão não deficiente e outros grupos que carecem destes direitos. Os diversos tipos de deficiência podem ser assim divididos, segundo o Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa Deficiente de São Paulo: 
Deficientes físicos: todos aqueles que possuem algum tipo de paralisia, limitações do aparelho locomotor, os amputados, os possuidores de malformação, etc. 
Deficientes visuais: aqueles cujas perdas visuais, parciais ou totais, após melhor correção ótica ou cirúrgica, limitem o seu desempenho normal. 
Deficientes mentais: são aqueles que possuem retardamento mental, em diversos níveis, determinados por testes psicológicos. Não se deve confundi-los com doentes mentais. 
Deficientes múltiplos: possuidores de várias deficiências. 
Hansenianos: aqueles que adquirem incapacidade através da hanseníase. Esta é uma infecção que ataca a pele e os nervos, produzindo inchações cutâneas, com o aparecimento de manchas e caroços na pele. Caso não seja tratada adequadamente, o doente pode sofrer deformidades e outras formas de incapacidade física. Todavia, seu tratamento bem realizado pode ajudar as pessoas com defeito físico a viverem quase normalmente. No Brasil, 30% dos hansenianos ficam deficientes. 
Deficientes auditivos: aqueles que possuem perda total ou parcial da audição. 
Deficientes orgânicos: todos que, por problemas orgânicos, têm algum tipo de limitação e sofrem algum tipo de discriminação. Neste grupo estão os talassêmicos, os diabéticos, os renais crônicos, os epilépticos, etc. 
A Organização Mundial de Saúde publicou em 1980 uma Classificação Internacional dos Casos de Impedimento, Deficiência e Incapacidade. O impedimento diz respeito a uma alteração (dano ou lesão) psicológica, fisiológica ou anatômica em um órgão ou estrutura do corpo humano. A deficiência está ligada a possíveis seqüelas que restringiriam a execução de uma atividade. A incapacidade diz respeito aos obstáculos encontrados pelos deficientes em sua interação com a sociedade, levando-se em conta a idade, sexo, fatores culturais e sociais. 
Na definição da ONU temos elementos de natureza moral (valorização da pessoa humana), social (sua integração e reintegração) e econômica (reabilitação para um desempenho produtivo). São elementos construídos, cujos alicerces encontramos lá, na origem da civilização ocidental, na Grécia, especificamente na democracia de Atenas. 
A permanência desses elementos deverá agora ser assegurada por toda a sociedade, mais preponderantemente pelas organizações de deficientes, pois sendo positivadas como estão, resultam de uma conquista dessas mesmas organizações que representam efetivamente o abandono do estado de inércia e passividade em que estes grupos se encontravam. 
Idosos 
O ano de 1999 é considerado o Ano Internacional do Idoso, motivado principalmente pelo aumento do envelhecimento da população mundial. 
O rótulo de país jovem já não traduz integralmente o perfil demográfico do Brasil. A população brasileira vem apresentando modificações em sua estrutura compatíveis com uma rápida transição demográfica, processo pelo qual uma população passa de um estágio de elevadas taxas de fecundidade, altos índices de mortalidade infantil e um conseqüente perfil populacional jovem, para uma situação na qual declinam os índices de natalidade e mortalidade infantil, consequentemente aumentando a esperança de vida. Verifica-se, assim, o envelhecimento populacional. A questão conjuntural do envelhecimento constitui uma dificuldade adicional dentro das questões estruturais da sociedade, servindo como amplificador das dificuldades e das características negativasdominantes. Aos 50 anos já não se consegue emprego, a menopausa é considerada a decadência feminina e os cabelos brancos são vistos como marcos de incompetência e assexualidade. Pode-se afirmar que os aspectos sociais do envelhecimento, em especial o preconceito, são mais dolorosos que os aspectos orgânicos. 
O que define o ser humano como jovem ou velho? A idade avançada, a força de espírito, a cabeleira branca, a personalidade ou a experiência? Segundo a ONU, o idoso é aquele que tem 65 anos ou mais. Para nós, brasileiros, já é considerado idoso quem completa 60 anos, segundo a lei 8.842/94, que dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Há, porém, leis que consideram idoso a pessoa com mais de 70 anos, como a lei 8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. A Constituição Federal, contudo, considera como idosos aqueles maiores de 65 anos (art. 230). Assim, não há um consenso. No momento atual, a expectativa e a qualidade de vida do brasileiro estão abaixo daquela do americano, do europeu e do japonês, porém acima daquela do indiano e da maioria dos países latino-americanos, para citar apenas alguns exemplos. 
Dados de 1997, do IBGE, revelam que a expectativa de vida do brasileiro é de 67,8 anos, sendo que o homem tem expectativa de vida de 64,1 anos e a mulher 71,1. Entretanto, internamente esses dados sofrem variações. Assim, os sulistas têm médias de esperança de vida de 70,4 anos, sendo 66,7 para os homens e 74,3 anos para as mulheres, já os nordestinos têm a menor esperança em viverem: 64,8 anos em média, sendo 61,8 anos para os homens e 67,9 para as mulheres. 
O envelhecimento, que deveria ser encarado com naturalidade por todos, ainda é tabu na nossa sociedade. 
III. A legislação no âmbito internacional 
a) Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
Esse pacto foi aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, entrando em vigor em 1976, e sendo ratificado pelo Brasil em 1992. 
Em seus primeiros artigos, esse pacto relata que é dever dos Estados-partes assegurar os direitos nele elencados a todos os indivíduos que estejam sob sua jurisdição, adotando todas as medidas necessárias para este fim. Cabe aos Estados-partes estabelecerem um sistema legal capaz de responder com eficácia às violações dos direitos civis e políticos. 
O monitoramento das disposições deste pacto é feito através de relatórios periódicos enviados pelos Estados-partes e analisados pelo Comitê de Direitos Humanos, através de comunicações interestatais (este mecanismo é opcional), como também através de petições individuais, caso o Estado tenha assinado o Protocolo Facultativo do pacto. 
O Pacto dos Direitos Civis e Políticos não trata, especificamente, em seus artigos, dos idosos e dos portadores de deficiência, mas enuncia, em seus artigos 2º, parágrafo 1, e 26, dois preceitos fundamentais para a garantia dos direitos das pessoas desses grupos. O artigo 26 dispõe que todas as pessoas são iguais perante a lei, tendo direito a igual proteção da mesma. Enquanto isso, o artigo 2º assegura a todos os indivíduos que se encontram nos territórios dos Estados-partes o princípio da não discriminação. 
Mas, afinal, o que é discriminação? Não existe, nas diversas convenções internacionais de direitos humanos, a definição isolada da palavra discriminação. Aquilo que existe é a definição das diversas formas da mesma, como a discriminação racial (presente na Convenção sobre a Discriminação Racial) e a discriminação contra a mulher (presente na Convenção sobre a Mulher). Entretanto, aproveitando-se do conceito presente na primeira convenção supracitada, podemos definir discriminação como sendo “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência (...) que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública”. É importante salientar que, segundo o artigo 2º, parágrafo 1, do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, a discriminação pode ocorrer por motivos de “raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra situação”. Deve-se notar que a discriminação contra o idoso e contra os deficientes se acham implícitas nestes dois últimos fatores. 
Assim, é necessário que saibamos o que é discriminação, pois não só os portadores de deficiências ou idosos (temas deste trabalho), mas cada um de nós podemos ser vítima disso. 
b) Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
Tal como o Pacto dos Direitos Civis e Políticos, o maior objetivo deste pacto foi incorporar os dispositivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos sob a forma de preceitos juridicamente obrigatórios e vinculantes. Entrou em vigor em 1976, sendo ratificado pelo Brasil em 1992. 
Como outros tratados internacionais, esse pacto impõe obrigações legais aos Estados-partes, ensejando responsabilização internacional em caso de violação dos direitos que enuncia. O sistema de monitoramento é feito através de relatórios enviados ao Secretário Geral das Nações Unidas, que encaminhará cópia ao Conselho Econômico e Social para ser apreciado. 
Esse pacto também não mostra de forma explícita direitos referentes aos idosos e portadores de deficiência, mas em seu artigo 2º, enuncia que é dever dos Estados-partes comprometer-se a garantir que os direitos por ele elencados se exercerão sem discriminação alguma. Isso faz parte do princípio da não discriminação. 
d) Outros instrumentos internacionais
Deficientes 
Por um longo tempo, o principal objetivo dentro da política dos deficientes era cuidar deles e ajudá-los a enfrentar sua situação. Construíam-se instituições especiais em que os deficientes viviam toda a sua vida. 
Esse pensamento foi criticado nos anos 40 e 50, pelo isolamento que se fazia aos deficientes, nascendo, assim, os conceitos de integração e normalização. Isto quer dizer que os deficientes têm direito à família e ao convívio social e, para tanto, precisam de treinamento e preparação para superar as dificuldades que encontram na sociedade. Essas idéias influenciaram uma mudança nos programas de reabilitação e serviços em geral. Mas isso deveria ser posto em prática. Não teria serventia um cego aprender a ler em braile, se não houvesse revistas, jornais, livros, etc., desta forma. 
Assim, surgiu, nos anos 70, uma nova concepção sobre a deficiência, em que não só o indivíduo deficiente, mas o ambiente em geral que o cerca, deveria criar condições para sua integração na sociedade. Dentro dessa nova visão, a ONU adotou, nessa década, duas declarações pioneiras quanto a questão do deficiente: a Declaração dos Direitos do Deficiente Mental e a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes. 
A Declaração dos Direitos do Deficiente Mental foi adotada pela Assembléia Geral da ONU em 1971. Como se trata de uma declaração, não tem força vinculante, nem tampouco órgão de monitoramento ou mecanismo de implementação. Trata-se de uma declaração sucinta, contendo apenas sete preceitos que dizem respeito aos deficientes mentais, os quais são, em linhas gerais: a igualdade de direitos, o acesso a meios de desenvolvimento de suas habilidades, o emprego (dentro de suas limitações), o convívio social, a nomeação, quando necessário, de uma pessoa que a proteja, o direito de processar alguém por exploração ou tratamento degradante, e os diversos procedimentos referentes a limitações da deficiência. 
Assim, a Declaração dos Direitos do Deficiente Mental tem o mérito de ser a pioneira no tocante aos deficientes. Entretanto, apresenta diversas falhas, como a escassez de conceitos, o tamanho reduzido e o próprio fato de não endereçar-se tão diretamente aos Estados-partes. 
Em 1975, pela Resolução 3447, a Assembléia Geral da ONUadotou a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes. Ela é composta por treze parágrafos, destacando-se o primeiro, em que é dada uma definição, pela primeira vez, do que são pessoas deficientes, como sendo "qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência , congênita ou não , em suas capacidades físicas e mentais." Isso constituiu uma inovação perante o cenário internacional, pois esclareceu o que seria a pessoa deficiente baseado em conceitos da Organização Mundial de Saúde. 
Também é de suma importância o artigo 3º dessa declaração, que diz que as pessoas portadoras de deficiência têm direito inerente de respeito por sua dignidade humana. Ela continua afirmando que as pessoas deficientes têm os mesmo direitos que outros seres humanos têm, além de terem direito a medidas que visem capacitá-los a tornarem-se tão autoconfiantes quanto possível. 
Com relação aos demais parágrafos, estes mantêm intrínseca relação com os direitos presentes na Declaração dos Direitos do Deficiente Mental. A declaração finaliza, afirmando que as pessoas portadoras de deficiência deverão ser plenamente informadas por todos os meios apropriados sobre os direitos tratados por ela. Enfim, sua grande falha é não ter força vinculante, embora tenha detalhado melhor a questão dos deficientes. 
Em 1982, a Assembléia Geral da ONU adotou o Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência (World Programme of Action - WPA). Esse programa estrutura a política de deficiência em 3 partes: prevenção, reabilitação e igualdade de oportunidades. As duas primeiras, já tradicionais, foram estruturadas de maneira tradicional, e a terceira tem a tarefa de fazer a sociedade mais acessível e útil aos deficientes. 
O Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência regula a situação dos mesmos, sob o ângulo dos direitos humanos. Entretanto, em 1987, ou seja, na metade da década internacional das pessoas deficientes, viu-se que os resultados não eram tão bons. Assim, muitos sugeriram a elaboração de uma convenção sobre os direitos dos deficientes, mas a Assembléia Geral da ONU rejeitou a idéia duas vezes, sendo adotado, apenas, um novo tipo de instrumento: As Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidade para Pessoas com Deficiência (Standard Rules for the Equalization of Opportunities of Disabled People - StRE). Este constitui-se no principal instrumento da Organização das Nações Unidas no tocante às pessoas deficientes, sendo aprovado e proclamado pela Assembléia Geral da ONU, através da Resolução 48/96, de 1993. 
As Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades para Pessoas com Deficiência resumem a mensagem da WPA, apresentando três principais diferenças: a linguagem das normas é mais concisa, as normas são endereçadas aos membros dos Estados e seu monitoramento seria feito de maneira especial. As suas normas dividem-se em 3 seções: precondições para participação, áreas metas para a igualdade e as medidas de implementação. A 1ª seção trata, essencialmente, de normas para diferentes formas de apoio ao indivíduo, reabilitação e várias formas de serviço e apoio, visando à redução das limitações e ao aumento da independência dos indivíduos. A 2ª seção trata de setores e aspectos da sociedade, para aumentar o acesso aos serviços em geral. Há também regras relacionadas à educação, emprego, taxa de manutenção, seguro social, vida familiar e integridade social. A 3ª seção traz, fundamentalmente, três pontos básicos. Na regra da legislação, os Estados devem criar medidas para permitir a integração completa do deficiente e remover condições adversas aos mesmos. Além do mais, os Estados devem reconhecer e apoiar a formação de grupos de representação dos deficientes. Por fim, deve ser responsável pela coordenação nacional de comitês dos deficientes, que os aproximem de todas as esferas da sociedade. 
O sistema de monitoramento deve acompanhar os Estados para assessorá-los na adoção destas regras, com medidas adequadas. Assim, o principal objetivo do StRE é remover obstáculos, estejam onde estiverem, para igualar as oportunidades. 
Há ainda, no âmbito internacional, alguns documentos que tratam da questão dos deficientes, como a Convenção sobre a Reabilitação Vocacional e Emprego, a Convenção contra a Discriminação na Educação e a Convenção sobre o Guia e Treinamento Vocacional nas Fontes do Desenvolvimento Humano. Os instrumentos citados contêm apenas alguns artigos específicos que abordam essa questão. 
Quanto ao cenário regional americano, a legislação sobre os portadores de deficiência é ainda mais precária. Novamente proliferam artigos isolados, sem nenhuma convenção importante. Muito mais pelo caráter de serem recentes, do que pela importância, pode-se citar a Declaração de Cartagena de Índias sobre Políticas Integrais para Pessoas com Deficiência na Região Ibero-americana (1992) e a Declaração de Manágua (1993), esta tratando com relativa competência do problema das crianças deficientes. 
Idosos 
Com relação aos idosos, são muito mais escassos os documentos internacionais que fazem referência aos mesmos. Não existe nenhuma convenção específica sobre o assunto, nem tampouco algum conjunto de normas ou declaração de impacto que aborde essa delicada questão. 
Dessa forma, no cenário internacional, há apenas artigos isolados em outras declarações, convenções e cartas, os quais tratam, sobretudo, de matérias relacionadas à previdência e seguridade social. Não se preocupam com a elaboração de normas que objetivem facilitar a vida do idoso com o ambiente que o cerca. Só para citar alguns exemplos dos artigos que tratam do problema, dando ênfase apenas na parte da aposentadoria e previdência, temos: o Art. XXV, parágrafo 1, da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), o Art. 11 da Convenção Sobre a Mulher (1979) e o Art. 31, alínea c, da Carta Internacional Americana de Garantias Sociais. 
Assim, a legislação internacional do idoso consegue ser mais rara que aquela que se refere ao portador de deficiência. Felizmente, esse quadro está começando a mudar, com a proclamação, pela ONU, do ano de 1999 como o Ano Internacional do Idoso - o Ano Internacional das pessoas Deficientes ocorreu bem antes, em 1981 - o que certamente gerará um aumento da discussão de seus problemas mundialmente. Paulatinamente, portanto, o idoso vai tendo seus direitos internacionalmente reconhecidos e, mais importante, sua dignidade restituída. 
IV. A Legislação no Âmbito Nacional 
a) Constituição Federal de 1988 
A Constituição de 1988 é considerada uma Constituição Cidadã, pelo fato de alargar a dimensão dos direitos e garantais, incluindo no catálogo de direitos fundamentais não apenas os direitos civis e políticos, mas também os direitos sociais. Ela institui o princípio da aplicabilidade imediata de suas normas, adotando o princípio da prevalência dos direitos humanos, como princípio básico a reger o Estado brasileiro em suas relações internacionais. 
A constitucionalização dos direitos das pessoas portadoras de deficiência é algo recente. Com efeito, no Brasil, o fenômeno se inicia, de modo explícito, com a Emenda Constitucional Nº12, de 1978, que em um único artigo dispôs que seria assegurada a melhoria de condição social e econômica dos deficientes, especialmente mediante educação especial gratuita, assistência, reabilitação e reinserção na vida social do país, proibição de discriminação, inclusive quanto à admissão ao trabalho ou ao serviço público e salários e possibilidade de acesso a edifícios e logradouros públicos. 
Ainda em relação às pessoas portadoras de deficiência, a Constituição Federal proíbe barreiras nos logradouros e edifícios de uso público, devendo as administrações municipais incrementar veículos de transporte coletivo acessíveis aos portadores de deficiência de locomoção (artigos 227 e 244). 
O processo educacional do deficiente deve atender a uma educação especializada, se necessário em escolasespecialmente destinadas a tal finalidade. Deve-se dar preferência aos alunos da rede pública de ensino (artigo 208). 
Outros direitos também devem ser lembrados: a garantia de benefício de um salário mínimo aos portadores de deficiência que comprovem não ter, ele ou a família, meios para a própria manutenção (artigo 203, inciso V); a reserva de percentual de vagas nos setores públicos, sendo definidos os critérios de admissão (artigo 37, inciso VIII); como também a proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência (artigo 7º, inciso XXXI). Além disso, é competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios cuidar da saúde, assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência (artigo 23, inciso II). 
Relativamente aos idosos, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes a vida. Deve-se dar preferência ao tratamento dos idosos em seus próprios lares, e estes, maiores de 65 anos, têm o direito à gratuidade dos transportes coletivos (artigo 230). Também não pode haver diferenças de salários por motivos de idade (artigo 7º, inciso XXX). 
b) Programa Nacional de Direitos Humanos 
É impossível conciliar democracia com as sérias injustiças sociais, as diversas formas de exclusão e as constantes violações aos direitos humanos que ocorrem em nosso país. 
Todos sabem que a extirpação da impunidade não pode ocorrer de um dia para o outro. O único caminho consiste na conjugação de uma ação obstinada do Governo com a mobilização da sociedade civil. 
O objetivo do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), criado em 1996, é eleger prioridades e apresentar propostas concretas de caráter administrativo, legislativo e político-cultural que busquem equacionar os graves problemas que dificultam a implementação dos direitos humanos. O PNDH atribui maior ênfase aos direitos civis e políticos, mas não nega, contudo, a indivisibilidade dos direitos humanos. A adoção das medidas políticas públicas referentes aos idosos e portadores de deficiência abordadas no PNDH, será agora mencionada. 
Há medidas a curto, médio e longo prazo. Entre as primeiras, destaca-se, em relação aos idosos, o apoio às ações governamentais integradas para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso. Já em relação aos portadores de deficiência, ressalta-se a implementação de uma estratégia nacional de integração das ações governamentais e não governamentais, de acordo com o Decreto 914/93. A médio prazo, as medidas referentes aos dois grupos dizem respeito à acessibilidade de idosos e deficientes a prédios, ruas, etc., de modo que tenham sua liberdade de locomoção garantida. A longo prazo, visa criar, fortalecer e descentralizar programas de assistência aos idosos, de forma a integrá-los na sociedade e conceber sistemas de informações com a definição de bases de dados relativamente a pessoas portadoras de deficiência, à legislação, ajudas técnicas e capacitação na área de reabilitação e atendimento. 
No que concerne ao monitoramento, o PNDH carece de mecanismos eficientes. O Governo Federal destinou poucos recursos à proposta orçamentária para 1998, com redução de verbas em algumas rubricas e outras que deixaram simplesmente de existir. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que comporta a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) teve as verbas para os projetos sob sua esfera de atuação negadas pela Secretaria de Orçamento e Finanças do Ministério de Planejamento. Assim, vê-se que a eficácia do PNDH torna-se bastante comprometida. 
c) Leis Ordinárias 
Os jovens, antes predominantes na população brasileira, cedem espaço a parcelas numerosas de adultos e idosos. As questões do envelhecimento passam a constituir novos desafios. A Lei 8842/94, que institui a Política Nacional do Idoso, chega em um momento importante para tratar da regulamentação da vida dessa crescente massa populacional. Idoso, para efeitos desta lei, é a pessoa maior de 60 anos de idade (artigo 2º). Segundo esta lei, deve-se priorizar o atendimento aos idosos através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, garantindo a eles a assistência à saúde através do SUS. Deve-se incentivá-los ao desenvolvimento de atividades culturais, objetivando uma maior integração e socialização com os demais membros da comunidade. Há também a necessidade de garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso, quanto a sua participação no mercado de trabalho. 
A Lei 8212/91 (Lei Orgânica da Seguridade Social), em seu artigo 4º, dispõe que a Assistência Social é a política social que prevê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social. 
A Lei 8742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social) garante aos idosos ou deficientes o benefício mensal de um salário mínimo, desde que comprovem a incapacidade de prover a própria manutenção por falta de meios ou tê-la provido por sua família. O decreto 1744/95 regulamenta o benefício da prestação continuada devida à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, que trata a Lei 8742/93 e dá outras providências. Garante que a condição de internado (entende-se por esta condição os internamentos em hospitais, asilos, sanatórios, etc.) não prejudica o direito ao recebimento do benefício, bem como estrangeiros naturalizados não amparados pela previdência do seu país e especifica uma idade mínima, que é 70 anos, entre outras restrições. 
A lei 7853/89 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Esta lei dispõe também sobre o oferecimento de mercado de trabalho no setor privado. Nenhuma escola ou creche pode recusar, sem justa causa, o acesso do deficiente à instituição, sob pena de um a quatro anos de reclusão, além de multa. Na aplicação e interpretação desta lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais do direito. 
A Lei 8160/91 dispõe que é obrigatória a colocação de forma visível do "Símbolo Internacional de Surdez" em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos à sua disposição ou que possibilitem o seu uso. 
A Lei Federal 8742/93 disciplina a concessão de amparo assistencial, garantindo uma renda para fazer face às despesas com a própria manutenção. 
A Lei Federal 8899/94 concede passe livre no sistema de transporte coletivo interestadual. 
A Lei 9045/95 autoriza o Ministério da Educação e do Desporto e o Ministério da Cultura a disciplinarem a obrigatoriedade de reprodução, pelas editoras de todo o país, em caracteres braile, e a permitir a reprodução, sem finalidade lucrativa, de obras já divulgadas para uso exclusivo de cegos. 
O Decreto 3076/99 cria, no âmbito do Ministério da Justiça, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), e dá outras providências. Compete ao CONADE zelar pela efetiva implantação e implementação da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, acompanhando o planejamento e a execução das políticas setoriais de educação, saúde, trabalho, assistência social, política urbana e outras relativas à pessoa portadora de deficiência. 
A Lei Municipal 6760/91 de João Pessoa dispõe sobre o atendimento prioritárioem agências de banco para aqueles que apresentarem dificuldades de locomoção. 
V. Enquanto isso, na vida real... 
Desde a época dos gregos, os deficientes já sofriam problemas de discriminação, ou seja, a segregação das pessoas portadoras de deficiência, em qualquer de suas modalidades, sempre encontrou guarida em todos os momentos da História. 
Platão, um dos mais notáveis filósofos gregos, propunha que os defeituosos não deveriam ser criados, para conservar um “rebanho” da mais alta qualidade. Dizia também que crianças defeituosas deveriam ser abandonadas, para morrer. Assim, os portadores de deficiência apareciam como um mal e deveriam ser eliminados. 
O preconceito contra os deficientes continua com os romanos, na Lei das XII Tábuas, especificamente na Tábua IV, dizendo que o filho nascido monstruoso deveria ser morto imediatamente. 
Mesmo com a evolução da sociedade, a vida da pessoa deficiente foi marcada pelo preconceito e discriminação. Há dois exemplos bem famosos. Primeiramente, o Corcunda de Notre Dame, do escritor francês Victor Hugo, mostrando, no livro, a rejeição da sociedade a um ser humano relegado a um convívio solitário e desumano. O outro exemplo é John, o príncipe da casa de Windson, portador de epilepsia, sendo mantido escondido para não causar constrangimento à família real. Morreu aos treze anos após uma crise e isso, segundo sua mãe, fora uma "grande libertação". 
Aumentou o número de deficientes durante as duas guerras mundiais, principalmente durante a 2ª Guerra Mundial, com o extermínio nazista, através da eutanásia nos deficientes, denominado ação T4. Será construído um museu, para homenagear estes 100 mil deficientes e doentes físicos mortos pelo governo alemão. 
Os problemas enfrentados atualmente por cerca de 10% da população brasileira, que é constituída por pessoas deficientes, podem ser enquadrados em: preconceito, discriminação, falta de oportunidade de acesso ao trabalho, carência de acesso à educação e dificuldade de acesso a lugares públicos. 
Infelizmente são constantes os abusos contra as pessoas idosas e portadoras de deficiência física em nosso país. Às vezes muitos desses abusos não são facilmente perceptíveis, pois poucas vezes dizem respeito a nossa realidade pessoal. Apenas quando nos envolvemos com o problema, através do trabalho ou por conhecer alguém que enfrente algum desses problemas, é que passa a ser notória a freqüência com que estes direitos são desrespeitados. Exemplos claros podem ser vistos na cidade de João Pessoa. 
A violência contra o idoso, por acontecer geralmente dentro de casa, é um tipo de violência que passa desapercebida, mas que se sucede de maneira assustadora no Brasil. São diversos os casos de abandonos em asilos ou agressões, mas há casos muito mais graves. A título de exemplificação, cite-se o caso de uma senhora que foi confinada pelos filhos em um quarto de periferia e cuja assistência recebida se limitava à alimentação necessária à sua sobrevivência. O quarto em que se encontrava já tinha se tornado completamente inóspito, devido à sujeira acumulada, e o último banho que a senhora tinha tomado, há mais de um ano, tinha sido dado pelos membros de uma associação de moradores, que se sensibilizaram com a situação dela[3]. Desprotegido ou superprotegido, o idoso começa, então, a se sentir privado dos seus direitos naturais, e assim como uma árvore que brotou, cresceu e deu frutos, começa a murchar. [1: ]
Os portadores de deficiência enfrentam, muitas vezes, graves limitações no acesso e no uso de logradouros e bens públicos. O Estado freqüentemente, reluta em promover as reformas a que os portadores de deficiência têm direito. Não é favor, é direito dessas pessoas. E essas reformas só ganham sentido se forem implantadas em sua totalidade. Não adianta nada termos um shopping center ou uma repartição totalmente adaptada a um portador de deficiência, com banheiro adaptado, orelhões rebaixados, rampas de acesso, etc., se o coletivo que o levaria até lá não possuir nenhum dispositivo que garanta o ingresso do deficiente ao ônibus. 
VI. ONG's empenhadas na defesa dos direitos destes grupos 
No Brasil, o atendimento especial aos portadores de deficiência começou, oficialmente, no dia 12 de outubro de 1854, quando D. Pedro II fundou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, no Rio de Janeiro. 
Em 1942, quando já havia no país 40 escolas públicas regulares, que prestavam algum tipo de atendimento a deficientes mentais, mais 14 que atendiam a alunos com outras deficiências, o Instituto Benjamin Constant editou, em braile, a Revista Brasileira Para os Cegos, primeira do gênero no Brasil. 
Paulatinamente, graças às ONG's como a Sociedade Pestalozzi, a AACD (Associação de Assistência a Criança Defeituosa) e a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional), a questão da deficiência foi saindo do âmbito da saúde - afinal, o deficiente não é doente - para o âmbito da educação. 
A AACD foi fundada há quase meio século por um grupo de idealistas para dedicar-se ao atendimento, tratamento, educação e reabilitação das crianças e adolescentes com defeitos físicos, procurando reintegrá-las na sociedade. Hoje a AACD atende a adultos portadores de deficiências físicas. 
A missão da APAE, que foi fundada em 1961 por um grupo de pais, é prevenir a deficiência, facilitar o bem-estar e a inclusão social da pessoa deficiente mental. 
Existe também uma entidade civil, sem fins lucrativos, denominada CEDIPOD - Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência - criada em 1990, a partir da constatação da falta de uma entidade especializada na coleta de informações sobre pessoas portadoras de deficiência. 
VII. Conclusão 
Constatamos que as ações voltadas para os segmentos estudados são desenvolvidas pelas entidades não-governamentais, em parceria com órgãos estatais, nas três esferas da vida pública: política, social e econômica. Entretanto, a eficiência, nessa parceria, tem-se mostrado insatisfatória, devido à falta de uma ação articulada entre os diversos ministérios que desenvolvem políticas voltadas para esse fim, como também pelo não reconhecimento verdadeiro destas pessoas como titulares de direitos. 
Deve haver uma prática maior da inclusão social, baseando-se na aceitação das diferenças individuais, na valorização de cada pessoa e na convivência dentro da diversidade humana. 
As pessoas portadoras de deficiência possuem necessidades especiais devido às suas dificuldades e limitações, mas necessitam também de ter sua identidade reconhecida e romper com uma tradição que as segrega, uma sociedade que as marginaliza e exclui. Estas pessoas devem ser, sobretudo, portadoras de direitos humanos. 
O mundo, hoje, tem que acordar para o problema do idoso. O que antes seria problema, agora poderia se tornar solução: a experiência, a sabedoria, o trabalho e até o sofrimento dos idosos contabilizam pontos preciosos para as futuras gerações. 
Enfim, enquanto a lei, que é tão eficiente no papel, não ganhar cores vivas na realidade, essas pessoas nunca terão sua cidadania plena alcançada. 
VIII. Bibliografia 
ASSIS, Olney Queiroz; PUSSOLI, Lafaieti. Pessoa Deficiente: direitos e garantias. São Paulo: Edipro, 1992. 
Comissão de Direitos Humanos. Relatório das atividades de 1997. Câmara dos Deputados. 
DEGENER, Theresia; KOSTER-DREESE, Yolan. Human Rights and Disabled Persons. Netherlands: Martinus Nijhoff Publishes, 1995. 
Human Rights: A Compilation of International Instruments. New York: 1998. 
MAIA, Luciano Mariz. O Cotidiano dos Direitos Humanos. João Pessoa: Editora Universitária, 1999. 
PINHEIRO, Paulo Sérgio; GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Direitos Humanos no Século XXI. IPRI - Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. 
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 3. ed. São Paulo: Max Limonad, 1997. 
TRINDADE, Antônio Cançado. A incorporação das normas internacionais de proteção dos direitos humanos no direito brasileiro. San José: 1996. 
http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/dh/br/pb/dhparaiba/5/deficiente.html

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