Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIP – UNIERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNICA CURSO: PEDAGOGIA A inclusão de crianças com Síndrome de Down no ensino Fundamental Andreia Correia Cassel -1527813 Anelise Muller -1535004 Djenifer Samara Reis -1548474 Jaqueline Froihlich de Aguiar -1533531 Rafaela Vieira Foss -1532787 NOVO HAMBURGO 2017 Andreia Correia Cassel Anelise Muller Djenifer Samara Reis Jaqueline Froihlich de Aguiar Rafaela Vieira Foss A Inclusão de crianças com Síndrome de Down no ensino Fundamental Trabalho monográfico - Curso de Graduação – Licenciatura em Pedagogia, Apresentado à comissão julgadora da UNIP Interativa, sob a orientaçãoDa professora Ana Paula de Andrade Trubbianelli NOVO HAMBURGO 2017 FICHA CATOLAGADA Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor (a) A inclusão de crianças com Síndrome de Down no ensino Fundamental / Andreia Correia Cassel... [et al.]. - 2017. 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Paulista, Novo Hamburgo, 2017. ...Orientadora: Prof.ª :Dra. Ana Paula de Andrade Trubbianelli. ... 1. Síndrome de Down. 2. O desenvolvimento. 3. A família. 4. Família, Escola e Aluno Down. 5. Processo Ensino Aprendizagem do Aluno Down. I. Cassel, Andreia Correia Cassel. II. Trubbianelli, Dra. Ana Paula de Andrade (orientadora). Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagogo Universidade Paulista – Novo Hamburgo Orientação: Ana Paula de Andrade Trubbianelli Andreia Correia Cassel Anelise Muller Djenifer Samara Reis Jaqueline Froihlich de Aguiar Rafaela Vieira Foss A Inclusão de crianças com Síndrome de Down no ensino Fundamental Aprovado em: Banca examinadora / / Prof.(a)Ana Paula de Andrade Trubbianelli. / / Prof. / / Prof. DEDICATÓRIA DEDICATÓRIA Dedicamos a Deus, que dá sentido a tudo em nossa vida. Obrigada por essa grande conquista! Existe grandes marcos na história de cada um, e esse momento sela um dos nossos capítulos mais importantes, escrito com ajuda de muitas mãos, as quais merecem nossos mais profundos e sinceros agradecimentos, à nossa família, pelo apoio e amor incondicionais, a nossa querida tutora de curso. Obrigada por tudo de maravilhoso que compartilhamos juntos! AGRADECIMENTO Agradecemos primeiramente a Deus, por nos ter dado forças para seguir até aqui. E aos nossos familiares e amigos pelo apoio e compreensão neste momento tão importante em nossas vidas, ajudando-nos a não desistir deste sonho. Por fim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão desse trabalho. EPÍGRAFE Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai-vos de que as grandes proezas da história foram conquistadas daquilo que parecia impossível. Charles Chaplin RESUMO Este trabalho teve o objetivo de estudar as necessidades educativas especiais, com enfoque na síndrome de Down, mais especificamente sobre a inclusão destas crianças no ensino fundamental das escolas regulares. Investigou-se as características e o desempenho das crianças com síndrome frente ao seu processo de ensino e aprendizagem, a posição e a atuação do professor; e a família como porto seguro para uma aquisição afetiva e cognitiva na vida social da criança. Os estudos se basearam em autores que contribuíram significativamente para o entendimento do tema em questão, como por exemplo: Voivodic, Werneck, Schwartzman, Aranha, entre outros. Aliando-se a esta pesquisa bibliográfica, foi realizado também um estudo de caso, onde um questionário foi aplicado para os pais e a professora de uma criança com síndrome de Down. No entanto, diagnostica-se que o objetivo do trabalho foi alcançado, levantando a possibilidade de tecer novos trajetos rumo a uma verdadeira inclusão, que seja mais significativa para todos. Palavra-chave: Síndrome de Down. Inclusão. Ensino Fundamental. ABSTRACT This research had the objective of study the special educational needs, with focus in Down Syndrome, more specifically about the inclusion this children in elementary school in regular schools. Investigated the characteristics and the performance of children with syndrome in front of your learning process, the position and the action of the teacher; and the family as a safe harbor to a acquisition affective and cognitive in social life of child. The studies were based on authors that contributed significantly to the understanding of subject in question, for example: Voivodic, Werneck, Schwartzman, Aranha, among others. Allying in this bibliographic research, was also carried the case study, when a questionnaire was applied to parents and to teacher of child with Down Syndrome. However, diagnose that the objective of research was achieved, raising the possibility of weave news routes towards a true inclusion, that is more significant to everyone. Keyword: Down Syndrome. Inclusion. Elementary School. Sumário INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9 1.1 A doença genética ................................................................................................................. 11 1.2 O desenvolvimento ............................................................................................................... 12 1.3 Inclusão .................................................................................................................................... 16 Capitulo II: A família ......................................................................................................................... 20 2.1 Família e o Down ................................................................................................................... 20 2.2 Preparação e Superação...................................................................................................... 21 2.3 Família, escola e aluno Down ............................................................................................. 24 Capitulo III: Processo Ensino Aprendizagem do Aluno Down ............................................. 27 3.1 Comportamento ..................................................................................................................... 27 3.2 Ensino Aprendizagem .......................................................................................................... 313.3 Linguagens .............................................................................................................................. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 41 RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 42 9 INTRODUÇÃO Um dos temas mais discutidos na atualidade na área de educação é a inclusão escolar, e em especial, as crianças com síndrome de Down possuem necessidades educacionais especiais e nos últimos anos estão migrando das escolas de educação especial para as escolas de ensino regular. O presente trabalho tem por finalidade conhecer as dificuldades de inclusão e integração que estão presentes no cotidiano das escolas, e que interferem nesse processo de inclusão das crianças com necessidades educativas especiais, no ensino fundamental. A ênfase acadêmica consiste em fazer uma análise de reflexão com enfoque na criança com síndrome de Down, para que tornemos as atividades realizadas com as mesmas mais prazerosa e proveitosa. Busca-se conhecimento para adotar uma postura mais segura com relação as diferenças que acontecem, para que ocorra a interação e não a exclusão no âmbito escolar. Assim, analisamos as habilidades das crianças, a contribuição do professor, a relação família-escola no processo ensino-aprendizagem. Também foram abordadas metodologias que favoreçam o processo de inclusão. Esta monografia está dividida em três capítulos, sendo que o primeiro capítulo explana sobre a síndrome de Down referente a seus aspectos genéticos, desenvolvimento da doença e inclusão. O segundo capítulo nos fala sobre a família e o Down, preparação e superação, família, escola e o aluno Down. Por fim, o terceiro capítulo abordará aspectos sobre o ensino/aprendizagem do aluno Down, seu comportamento, sua linguagem, currículo e avaliação. A partir do século XIX surgiram novos conhecimentos sobre a síndrome de Down, adequando-se a eles novos estudos e posteriormente propostas inovadoras e instigantes sobre o tema. Após essas novas pesquisas realizadas sobre a síndrome de Down, um fato relevante surge, mudando os paradigmas e as concepções da sociedade em geral, a respeito do assunto. Isto porque, por muito tempo, acreditava- se que a pessoa com síndrome de Down era um indivíduo retardado e incapacitado de realizar qualquer tarefa que fosse. Com o estudo ficou comprovado que essas pessoas têm a mesma possibilidade de aprender e se desenvolver como qualquer outra dita “normal”, porém em um ritmo mais lento, devido à deficiência e as demais características. 10 Mesmo com o passar do tempo e das muitas informações em relação ao conceito Down, nem tudo ficou no passado. A presença de ideias estigmatizadas de rotulação das pessoas com esta síndrome, infelizmente ainda persistem. Com estas constatações e na tentativa de mudar estes conceitos, percebe-se que é imprescindível uma formação de qualidade para os profissionais que estão envolvidos no trabalho com pessoas com síndrome de Down no processo de inclusão. Portanto é necessário que as educadoras possam se adequar, buscando maior informação sobre a síndrome de Down e educação inclusiva para melhor atender e lidar com as diferenças inerentes as capacidades cognitivas, removendo as barreiras que ainda existem nesse processo, justificando assim a escolha e relevância para o tema deste trabalho. 11 Capítulo I: Síndrome de Down 1.1 A doença genética A síndrome de Down não é uma doença. Ela caracteriza-se como uma anomalia cromossômica que ocorre no momento em que o esperma fecunda o óvulo. Conforme nos explica Schwartzman (1999), quase todos os casos de síndrome de Down têm sua origem em um erro na divisão celular, ou seja, um erro suficiente para modificar o desenvolvimento embrionário do bebê. A comprovação diagnóstica é feita através de um exame genético: o cariótipo que, logo, confirmará o cromossomo extra no par 21. Em um indivíduo dito normal, as células que o compõe contêm 46 cromossomos, que estão divididos em 23 do pai e 23 da mãe. Durante a concepção, os 23 cromossomos da célula do óvulo da mãe juntam-se com os 23 cromossomos da célula do esperma do pai, fertilizando o óvulo que passa a ser chamado de “ovo” e este começa a se dividir e a crescer formando o bebê. Num indivíduo com síndrome de Down, acontece um erro na distribuição dos cromossomos, ao invés de 46, as células recebem 47 cromossomos. Ou seja, a alteração genética caracteriza-se pela presença a mais do cromossomo 21, ao invés de possuir dois cromossomos 21, possui três. Essa alteração recebe o nome de trissomia e é a mais comum, ocorrendo em mais ou menos 96% dos casos. Há também o mosaicismo do cromossomo 21, que afeta cerca de 2% dos casos. Caracteriza-se por apresentar a trissomia 21 em algumas células e em outras não. Em outras palavras, algumas têm 46 cromossomos e outras têm 47. Há, também, a trissomia por translocação, que ocorre também em mais ou menos 2% dos casos. O cromossomo adicional está sobreposto a um cromossomo de outro par. A translocação ocorre quando um cromossomo do par 21 e outro ao qual se agrupou, sofrem uma quebra na sua região central. Quando ocorre este tipo de alteração, é importante que os pais do sujeito com síndrome de Down façam um exame genético. Isto porque há uma grande chance de um deles ser portador da translocação. E, no caso, de terem outro filho, há uma probabilidade bem grande deste também nascer com a síndrome de Down. 12 1.2 O desenvolvimento Em geral, as crianças com síndrome de Down apresentam características físicas semelhantes, mas o mesmo não acontece em relação ao seu padrão de desenvolvimento e ao seu comportamento. É evidente que o desenvolvimento de uma pessoa com síndrome de Down apresenta diferenças em relação ao desenvolvimento de uma pessoa dita normal. Afinal, a deficiência mental está presente na síndrome de Down, apresentando variações quanto a seu grau de severidade, não existindo nenhuma relação entre o grau de deficiência mental e o grau de características físicas. A deficiência mental é uma característica da Síndrome que proporciona um atraso em todas as áreas do desenvolvimento e da inteligência. O comportamento e o desenvolvimento da inteligência podem ser afetados, mas não depende da alteração cromossômica. Quanto às características físicas, elas são comuns em quase todos os casos. Alguns exemplos: pregam palmar única, baixa estatura, olhos puxados, nariz pequeno e achatado, pescoço curto e com muita gordura, distância aumentada entre o primeiro e o segundo dedo dos pés, mãos curtas e cavidade oral pequena. As crianças com síndrome de Down têm uma boca pequena se comparado ao baixo tônus muscular, ou mais conhecido como (língua grande), hipotonia muscular; ou seja, tem pouca força muscular. Isso faz com que as crianças com síndrome de Down tenham um atraso em seu desenvolvimento motor, mas se bem estimuladas com atividades físicas adequadas para a faixa etária, a tendência é que os músculos comecem a se firmar. Nos primeiros meses de vida, podemos observar algumas alterações fisiológicas, como uma grande sonolência, dificuldade de despertar, dificuldade de deglutição e sucção. À medida que a criança vai se desenvolvendo e ficando mais atenta, estas alterações vão se amenizando. Conforme Schwartzman (2003), alguns protocolos de acompanhamento de indivíduos comSíndrome de Down têm sido utilizados com a finalidade de detectar o mais cedo possível ou de se evitar, quando possível, condições que podem comprometer a qualidade de vida destes pacientes. Na vida adulta: testes de função da tireoide anuais; orientação no que se refere à possibilidade de uma vida 13 independente, à sexualidade e ao trabalho; visitas ao dentista duas vezes por ano; orientação nutricional e quanto a atividades físicas; atenção para sinais de deterioração intelectual; atenção para a ocorrência de depressão. Quanto mais cedo for detectado o problema, maior a chance de desenvolvimento. Carinhosas e dóceis, boa parte das crianças com Down respondem bem às atividades que estimulam seu senso rítmico e a socialização, como teatro e dança. Se bem integradas a uma escola, é possível que, por volta da pré-adolescência, já estejam alfabetizadas. Mas é preciso estar atento com relação a problemas cardíacos e respiratórios. A alteração genética que caracteriza a Síndrome de Down, além das alterações fenotípicas, traz ainda alterações em outros sistemas do organismo, e principalmente o sistema nervoso central (SNC). O cérebro de indivíduos com Síndrome de Down possui uma redução, em relação ao peso, se comparado a indivíduos sem a síndrome, em cerca de 10% - 50%, enquanto o cérebro de indivíduos adultos “normais” pesa de 1200 a 1500g em pessoas com a síndrome é de 700 a 1100g. Além disso, também o peso do tronco cerebral e do cerebelo é relativamente menor do que o do cérebro, pois “O peso do tronco cerebral e cerebelo representam 12,7% do peso encefálico total em crianças normais e de 12% nas crianças com SD” (SCHWARTZMAN, 2003, p. 51). Contudo, ainda afirma que “crianças com SD têm grandes diferenças no que se refere às suas personalidades e podem apresentar, da mesma forma que indivíduos sem alterações cromossômicas, distúrbios do comportamento, desordens de conduta ou outros quadros neuropsiquiátricos”. (2003, p. 58). Algumas alterações clínicas podem surgir nas pessoas com a Síndrome de Down, como: alterações da Tireoide que poderá iniciar-se em qualquer idade; as alterações Cardiovasculares; as alterações Oftalmológicas e Auditivas; as alterações Gastrointestinais e Imunológicas; Leucemias; alterações Esqueléticas, Respiratórias e Pulmonares; doença Periodontal e o Envelhecimento Precoce. Segundo o mesmo autor, outras alterações clínicas acometem pessoas com a Síndrome, como: a cavidade oral e a más oclusões e anomalias funcionais que caracteriza o tamanho do maxilar menor do que o tamanho da mandíbula. A dentição também sofre alterações e há um atraso significativo na erupção dos dentes deciduais e permanentes. 14 Schwartzman (2003) explica ainda que outra alteração clínica ou característica é a pele e fâneros, o excesso de pele na região da nuca e fissuras da língua, que não altera o gosto da comida e nem causa desconforto, mas, partículas de comida pode se acumular nestas fissuras e causar irritação no local. Pessoas Down também possuem frequentes problemas relativos ao sono, o que é chamado de apneia ou síndrome do sono inquieto. A síndrome do sono inquieto revela que durante o sono ocorre uma atividade motora, logo, um sono inquieto. De acordo com o mesmo autor, a apneia do sono pode ocorrer devido à hipotonia dos músculos da faringe, da língua e devido ao tamanho reduzido da cavidade oral e da faringe. A apnéia reduz temporariamente o oxigênio no cérebro, o que interrompe o sono. Consequências como o ronco, sonolência durante o dia e muito cansaço podem ocorrer. A hipotonia é uma condição do tônus muscular, isto é, quando a quantidade de tensão ou resistência do músculo ao movimento está baixa, por isso reduz a força muscular. Segundo Schwartzman (1999), o desenvolvimento da autossuficiência apresenta problemas na alimentação, uma vez que alguns bebês apresentam desinteresse pela comida e dificuldades na mastigação e deglutição e o controle dos esfíncteres também são atrasados. Para o autor, o desenvolvimento cognitivo também mostra atrasos consideráveis como, por exemplo, em atividades de exploração do ambiente e em atividades como: passar brinquedos de mão em mão e achar um objeto escondido debaixo de um pano. Nessas e em outras brincadeiras, a criança com a Síndrome de Down tende a explorar menos que crianças sem a síndrome. Professores e pais devem estar atentos ao desenvolvimento diário da criança, para estimulá-la a partir do seu nível cognitivo, através de atividades lúdicas e de faz de conta. Para Burns (2004) apud Castro (2006, pg. 53), na tabela a seguir podemos observar as marcas do desenvolvimento da criança Down, e ainda fazer uma comparação com as crianças sem a síndrome, através dos limites e das médias. 15 Tabela 1 - Aquisição e desenvolvimento para pessoas com síndrome de Down. Marcos do desenvolvimento (meses) Síndrome de Down Não Sindrômicos Média Limites Média Limites Sorri 2 1-3 1 <1-3 Rola 6 2-12 5 2-10 Senta 9 6-12 7 5-9 Engatinha 11 7-21 8 6-11 Fica de pé 18 10-32 11 8-16 Caminha 20 12-45 13 8-18 Fala palavras 14 9-30 10 6-14 Fala freses 24 18-46 21 14-32 Come com as mãos 12 8-28 8 6-16 Usa garfo/colher 20 12-40 13 8-20 Controla urina 48 20-95 32 18-60 Controla esfíncter 42 28-90 29 16-48 Tira as roupas 40 29-72 32 22-42 Veste-se 58 38-98 47 34-58 Fonte: (BURNS, 2004, p.60). Como a criança com síndrome de Down utiliza comportamentos repetitivos, estereotipados, desorganizados e também, explora menos que as crianças sem a síndrome, para que ela tenha uma maior independência, podendo exercitar sua motricidade global, é necessário um espaço onde ela possa literalmente se soltar e correr. A brincadeira e a exploração do ambiente devem fazer parte do dia a dia da criança, pois é a partir delas, é que ela internaliza com mais facilidade os conceitos. 16 É necessário, também, um trabalho específico, com profissionais especializados, quando a criança começar a andar, para que ela possa ter uma boa postura, um bom equilíbrio na sua coordenação dos movimentos. Segundo Werneck (1993), a estimulação precoce em bebês com SD deve começar logo, pois são uma série de exercícios usados para desenvolver a capacidade da criança de acordo com seu grau de comprometimento e da fase de desenvolvimento que se encontra. Se a criança não tiver nenhum outro comprometimento além da síndrome de Down, ela poderá engatinhar sentar, correr, arrastar, controlar a cabeça, atingindo os mesmos objetivos de uma criança sem a síndrome, porém, com um ritmo mais lento, visto que vários estudos apontam que a criança com síndrome de Down tem idade cronológica diferente da idade funcional. Segundo Werneck: Os portadores de síndrome de Down têm capacidade para aprender, dependendo da estimulação recebida e da maturação de cada um. O desenvolvimento afetivo-emocional da criança também adquire papel importante na área da aprendizagem. (1993, p. 164) Durante muitos anos acreditava-se que as pessoas com síndrome de Down não seriam capazes de realizar muitas atividades, pois a demora em adquirir certas habilidades, quebrava com a expectativa da sociedade e também da família, a respeito destas pessoas. Porém, atualmente pesquisas comprovam que pessoas com síndrome de Down, independentemente da faixa etária, alcançam os mais avançados estágios de raciocínio e desenvolvimento. De acordo com Schwartzman (1999), a linguagem é a área que a criança com a síndrome apresenta maior atraso. Demora cerca de dezoito meses para emitir a primeira palavra e apresentarão ao longo dos anos dificuldadespara aquisição de regras gramaticais. Na idade escolar ocorrerá um maior progresso nas habilidades comunicativas, sendo totalmente possível, a alfabetização da criança com Síndrome de Down. 1.3 Inclusão No início do século XX, surge a proposta de inclusão para pessoas com deficiências. Momento este em que elas passam a ser consideradas cidadãs, com direitos a serem exigidos e deveres a serem cumpridos. Isso foi expresso por 17 intermédio de vários documentos que foram surgindo, ressaltando dentre eles as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, servindo de referencial para o processo de inclusão escolar de crianças e jovens com necessidades educativas especiais. A inclusão escolar constitui uma proposta que representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos, mas encontra ainda sérias resistências. Estas se manifestam, principalmente, contra a ideia de que todos devem ter acesso garantido à escola comum. A dignidade, os direitos individuais e coletivos garantidos pela constituição federal (1988) impõem às autoridades e à sociedade brasileira a obrigatoriedade de efetivar essa política, como um direito público subjetivo, para o qual recursos humanos e materiais devem ser canalizados, atingindo, necessariamente, toda a educação básica. (BRASIL, 2001, p. 26) O que desencadeou de vez o processo de inclusão nas escolas foi a Declaração de Salamanca, realizada na Espanha, durante os dias 7 e 10 de junho de 1994, em cooperação com a Unesco. Pais, comunidades e organizações de pessoas com deficiências, realizaram uma conferência mundial em educação, onde reafirmaram o compromisso de uma educação para todos, reconhecendo a necessidade e urgência na inserção de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino. Com a implementação da declaração de Salamanca sobre princípio político e prática em educação especial, foi proclamado que: Cada criança tem o direito fundamental à educação, e deve ter a oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem; cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias; os sistemas de educação devem ser planejados e os programas educativos implementados tendo em vista a vasta diversidade destas características e necessidades; as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares que a elas se devem adequar através duma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades; as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa ótima relação custo-qualidade de todo o sistema educativo (BRASIL, 1994, pp.8-9). Para que os alunos com síndrome de Down possam atingir os objetivos gerais da educação, em primeiro lugar, a comunidade escolar deve respeitar as particularidades de cada um. Em segundo lugar, oferecer condições para o aluno desenvolver suas potencialidades, disponibilizando-se a ajudar, estando consciente 18 de sua função, que é a de se adaptar às necessidades de cada um, gerando um espaço inclusivo. Para Voivodic: Considerando que a pluralidade, e não a igualdade, é a principal característica do ser humano, e que a educação deve contemplar essa diversidade da condição humana, propiciando oportunidades iguais para seu desenvolvimento, fica evidente que não é apenas o educando, com deficiência ou não, que deve adaptar-se ao sistema de ensino e sim a escola é que tem o dever de atender as necessidades da criança para a sua real participação, ou seja, para sua inclusão. (2004, p. 29.). É urgente que haja uma grande reforma no sistema educacional, onde as escolas de ensino regular abram suas portas para os alunos com necessidades especiais, adequando-se às exigências de uma educação inclusiva, como por exemplo, com a adaptação e flexibilidade do currículo, alterando as formas de avaliar, ensinar e trabalhar em grupo, adequações arquitetônicas que facilitem a circulação das pessoas com necessidades, formação continuada de professores. Voivodic (2008), explica, que a tão sonhada inclusão, não acontecerá por simples obrigação, forçada pela lei ou decretada por legisladores, porque a sua concretização só ocorrerá quando for aceita pela comunidade escolar e a família, que são os principais envolvidos neste processo. Lutar pela igualdade, qualidade de vida, acesso à escola é direito de qualquer ser humano. Logo, crianças ou adultos com Síndrome de Down participam dos mesmos direitos à educação, ao lazer, saúde e cidadania. A Síndrome de Down não é empecilho para uma vida saudável, útil e feliz, mas é preciso conscientização e responsabilidade social para que esse direito a vida prevaleça. A política de inclusão de alunos com síndrome de Down no ensino fundamental, não consiste na simples permanência física deles junto aos demais colegas, mas “representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades” (BRASIL, 2001, p. 28). O modo como gestores, coordenadores, professores, demais funcionários da escola, alunos e a família, juntos, se organizam para garantir que os conteúdos curriculares possam efetivar verdadeiramente a aprendizagem do aluno com síndrome de Down é muito importante. E também analisar e intervir na ação pedagógica, para que ela possa resultar da melhor maneira no processo de 19 desenvolvimento global destas crianças, já que elas têm um ritmo de aprendizagem e desenvolvimento mais lento do que as crianças sem a síndrome. Não podemos esquecer que a inclusão escolar, não se refere somente às pessoas com alguma deficiência visível, mas a todas, sem restrições, pois ninguém é igual a ninguém. E esta educação de qualidade a qual a inclusão diz respeito, objetiva-se pela permanência e acesso dos estudantes sem que existam critérios de seleção, enfim, uma escola acolhedora. A Inclusão escolar é prevista pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), n 9.394, 20 de Dezembro de 1996, e pela Constituição Federal. Foi um fato histórico, conquistado após muitos anos de questionamento sobre o tema. A lei é um instrumento importante para garantir a inclusão, visto que delineia a educação brasileira, apresentando um capitulo especialmente dedicado a educação especial. Para Voivodic (2004), o conceito de inclusão muitas vezes parece renomear o conceito de integração. O que geralmente ocorre é que o aluno com deficiência vai para a classe regular de ensino, desde que se enquadre aos pré-requisitos. Contudo, a inclusão requer participação. Portanto, integração significar integrar, formar algo num todo unificado. Significa compreender, fazer parte ou participar de algo. Logo, a inclusão é diferente da integração, uma vez que incluir é fazer parte, e o homem necessita participar, ou seja, sentir-se parte de. Não podemos esquecer que a inclusão escolar, não se refere somente às pessoas com alguma deficiência visível, mas a todas, sem restrições, pois ninguém é igual a ninguém. E esta educação de qualidade a qual a inclusão diz respeito, objetiva-se pela permanência e acesso dos estudantes sem que existam critérios de seleção, enfim, uma escola acolhedora. A tarefa de colocar em prática uma boa educação inclusiva, não é nada fácil, masum sonho possível, que pode ser alcançado pela equipe escolar em conjunto com a sociedade, através da prática do diálogo constante, para que o trabalho que se pretende atingir seja efetivado. Até porque, a verdadeira função da escola é incluir, respeitando sempre a diversidade humana, sem perder de vista a qualidade na educação. 20 Capitulo II: A família 2.1 Família e o Down A Síndrome de Down constitui uma das anomalias cromossômicas mais comuns. O impacto de receber um filho com necessidades especiais influencia as relações familiares, provocando uma profunda instabilidade nessa estrutura, alterando, assim, o cotidiano familiar. Segundo (CARSWELL, 1993), assim é com relação à evidência do impacto psicológico causado pela notícia da deficiência ou malformação do filho, sobretudo nos membros adultos da família, independentemente do período em que isso acontece, ou seja, durante a gestação, imediatamente após o nascimento ou algum tempo depois. Embora se possa identificar a vivência de diversos sentimentos pelos pais e mães, a reação de choque, a culpa, a raiva e a tristeza são comuns a todos. Já frente aos irmãos, a notícia da deficiência parece ter um efeito menos dirigido para a desestruturação psicológica, sendo poucas as manifestações de sentimentos extremos, ficando apenas no nível da tristeza, quando a notícia é revelada à família. A notícia deve ser repassada de forma que não comprometa a estrutura psicológica dos membros, pois isso pode gerar constrangimentos na busca por ajuda de profissionais especializados no acompanhamento deste filho. A falta de informações é uma das maiores queixas encontradas entre a família, ou o diagnóstico tardio. Muitas delas descobriram o problema do filho, através de amigos, vizinhos, na rua ou em uma visita ao pediatra, devido a outro problema qualquer, mas raramente no hospital, precocemente, após o parto. Os pais dessas crianças sentem que são abandonados devido à falta de informações iniciais adequadas, bem como o atraso em dizer que a criança tem Síndrome de Down, justamente quando é mais necessária a ajuda para reagrupar os fragmentos das suas vidas. É certo afirmar que o aparecimento de sentimentos de revolta seguido de um período de luto, ocorre na família antes da aceitação da síndrome da criança, que posteriormente é seguido de uma afetividade que vem a favorecer na criança a autoconfiança proporcionando na mesma a independência e autonomia. Certamente com o passar do período de dificuldades que a família acarreta com a notícia da 21 Síndrome de Down no filho que veio a nascer, a afetividade torna-se uma aliada no que se diz respeito, a saber, lidar com a síndrome, pois a criança ao sentir esse amor incondicional sente-se mais segura para a sua busca pela autonomia (BOFF, CAREGNATO, 2008). 2.2 Preparação e Superação É de suma importância que os pais sejam atendidos logo após o nascimento da criança portadora da Síndrome de Down e que recebam orientações sobre a deficiência, sobre o seu possível desenvolvimento, sobre o prognóstico médico em termos de expectativa de vida e como lidar com ela, pois somente assim a ansiedade da família diminui significativamente e facilita a busca pela inserção da criança na sociedade. É nesta constante incerteza das famílias que possuem crianças portadoras da Síndrome de Down que: [...] é importante a explicação em linguagem simples sobre o processo pelo qual a criança Down é gerada e os problemas associados com seu desenvolvimento (CARSWELL, 1993, p.3). Aos pais devem ser dadas orientações práticas e regulares sobre alimentação, estimulação, cuidados especiais e gerais, para que então, suas atitudes de desespero sejam convertidas em ações positivas e construtivas. Ao aderirem ao tratamento de estimulação, perceberão os benefícios, e isso alterará os sentimentos dos pais, que sentirão mais autoconfiantes e seguros, sentimentos que são incompatíveis com os da depressão e ansiedade. Por outro lado, a desinformação pode manter expectativas irreais que interferem na adesão adequada ao tratamento, pois muitas vezes, a família se desespera, por achar que essa síndrome resume-se a obstáculos sem soluções. Em alguns casos, devido ao desconhecimento e ao medo de lidar com a síndrome, algumas famílias tem, até mesmo, a atitude de optar pelo aborto. Também a sociedade tem uma forte influência sobre o portador da Síndrome de Down, sendo assim: [...] pressões sociais geram sentimentos desagradáveis e podem promover o isolamento social, uma vez que são respostas comportamentais fortemente controladas pela comunidade verbal. Assim, conhecimento e sentimentos são fatores preponderantes para a adaptação da família (DESSEN, 2006). 22 Por tudo isto, a família encontra dificuldades de lidar com essa criança deficiente resultando assim em um bloqueio para inserir o mesmo na sociedade como ressalta (VOHLK, et. al, 2006).É de suma importância que a criança portadora esteja inserida em um lugar propício para o seu desenvolvimento cognitivo e social, pois somente assim conseguirá atingir um alto grau de autonomia e conviver na sociedade com um elevado grau de autoestima. Percebe-se então, que o tratamento vem a facilitar a inserção dessa criança no ambiente social, juntamente com o ambiente familiar. O grande suporte para que a criança sinta-se apoiada e encaminhada para uma vida social é primeiramente a própria família, para que a mesma possa vivenciar experiências que venham a garantir o desenvolvimento de suas capacidades. A família é o universo fornecedor de condições para que o processo de construção equilibrado e harmonioso proporcione à criança meios de se individualizar e florescer como ser único no mundo (RAMOS et. al, 2006).O medo que a família apresenta logo no início da convivência com o filho portador da S.D. impossibilita que haja momentos prazerosos entre os mesmos, pois as chances de esperança diminuem e barreiras são postas diante desse relacionamento pela insegurança e falta de informação (SOUZA & BOEMER, 2003). Ainda de acordo com o que afirma Rodriguez (2006), o ambiente em que a criança portadora da Síndrome de Down convive, deve ser constantemente estimulador e a família deve estar constantemente atenta para o seu papel de fornecedora desses estímulos, pois quando todos agem em conjunto, os profissionais que mantém contato com a criança e a família, os resultados podem ser significativos e a criança deficiente chega a um nível elevado de suas capacidades. As famílias, ao receberem a notícia de que seu filho é portador da Síndrome de Down, necessitam de segurança, apoio, confiança e dignidade, fazendo com que não fujam da realidade, mas enfrentem-na e construam algo, pois precisam de amor e ternura, para garantirem a cordialidade, a compaixão e a humanidade das pessoas (RAMOS et. al, 2006). Certamente com o passar do período de dificuldades que a família acarreta com a notícia da Síndrome de Down no filho que veio a nascer, a afetividade torna- se uma aliada no que se diz respeito, a saber, lidar com a síndrome, pois a criança ao sentir esse amor incondicional sente-se mais segura para a sua busca pela autonomia (BOFF, CAREGNATO, 2008). 23 O impacto das alterações provocadas pela síndrome deve ser de conhecimento dos profissionais, para que a implementação de programas específicos possa ter maior alcance, considerando que a família tem um importante papel na inserção da criança em seu contexto sociocultural (VOHLK, et. al, 2006).Para Júnior e Messa (2007), o nascimento de uma criança com deficiência confronta toda a expectativados pais. Quando a família é acometida por uma situação inesperada e os planos de um futuro brilhante para essa criança são abdicados, a família passa por um processo de crise, de superação, até chegarem à aceitação. Segundo Coll, et. al, (2004), ter um filho é um dos acontecimentos mais vitais para um ser humano. Os vínculos afetivos entre pais e filhos normalmente são intensos como as emoções que se põem em jogo. Por esta razão, é de suma importância que haja vínculos afetivos entre os pais e as crianças portadoras da Síndrome de Down, pois essa afetividade vem a promover na criança uma autoconfiança para conviver no ambiente social. Diante de todas essas dificuldades, é preciso ressaltar que muitas famílias conseguem altos níveis de adaptação e de satisfação. São muitos os pais que acompanham o crescimento de seus filhos com necessidades especiais com verdadeiro entusiasmo, embora sempre exista um fundo de preocupação (COLL, 2004 et. al, p. 331). Vê-se que as famílias que tem mais facilidade de aceitação, são as famílias que possuem um alto poder aquisitivo, pois as mesmas têm mais acesso a profissionais mais qualificados para atender suas necessidades. Já as famílias com baixo poder aquisitivo encontram mais dificuldades de acesso a esses profissionais. Compreender que um filho tem uma deficiência é um processo que vai além do mero conhecimento do fato. Como qualquer acontecimento doloroso, a assimilação dessa situação leva um tempo e, em alguns casos, nunca chega a ser completa (COLL, et. al, 2004). Para Lervolino (2005), na verdade, há similaridade e diferenças na frequência de atividades e na participação das interações entre pais e crianças, mostrando que há a necessidade de incluir o pai como também os irmãos nas interações familiares e na colaboração interativa com o portador de Síndrome de Down. Por mais que os pais tentem interagir com a criança sempre haverá um obstáculo para o irmão do mesmo conseguir se aproximar ou mesmo apresentá-lo ao seu meio social e esses 24 pais serão uma ligação para que ocorra essa interação entra o meio social e os parentes dessa criança portadora (LEVORLINO, 2005). A família é uma unidade bio-sócio-cultural constituída de pessoas ligadas por laços afetivos que interagem entre si, ou com outros grupos, repassando absorvendo crenças e valores, que resultem num referencial com significações que influenciam o pensar e o agir diante de fatos e experiências vividas (CONTIM; CHAUD; FONSECA, 2005). De tal forma os laços afetivos que envolvem os membros da família e a interação que os mesmos manténs entre si e com outros grupos sociais, contribuem com crenças e valores que resultarão em influências no pensar e agir diante das experiências vividas (CONTIM; CHAUD; FONSECA, 2005). Embora as primeiras manifestações emocionais, surgidas na família, sejam inevitáveis, percebe-se um conformismo em relação à nova situação, havendo uma gradativa aceitação da mudança. Assim, a crise inicial é superada e os membros atingem um equilíbrio e um padrão predominantemente de resposta afetiva à criança afetada, gerando sentimentos e manifestações positivas como carinho, orgulho, privilégio, felicidade, grandiosidade, grande aprendizado, um ganho, filho amado, filho maravilhoso, vida (SUNELAITES; ARRUDA; MARCOM, 2007). Baseado no mesmo autor, ao se atingir um equilíbrio logo após as emoções manifestadas ao saber da existência da Síndrome de Down no filho, inicia-se uma fase de conformismo e o reequilíbrio é recuperado gerando sentimentos e manifestações positivas. Esse reequilíbrio vai garantir à criança uma melhor adaptação ao ser inserida no ambiente social, pois a família é a base para que a criança inicie seu processo de autoconfiança resultando assim numa melhor adaptação ao meio social. 2.3 Família, escola e aluno Down A primeira experiência de vida a criança terá no seio familiar, sendo este o primeiro grupo social com qual ela manterá contato. Ali ela vivenciará noções básicas de crescimento e de aprendizagem, inserindo-se assim no mundo com situações informais de educação. O ambiente familiar é o principal fator para que crianças com síndrome de Down, em seus primeiros anos de vida, tenham um bom desenvolvimento 25 emocional, cognitivo e social. E são essas primeiras experiências emocionais e de aprendizagem com os pais, que irão ajudar a formar a identidade da criança. Muitas vezes com a notícia do nascimento de um bebê com síndrome de Down, a estrutura familiar fica abalada, pois se construiu toda uma expectativa para a chegada desta criança. E também, por não estarem bem informados, os resultados são frustrantes, podendo até comprometer a ligação afetiva desta com os pais. A esse respeito Voivodic nos fala: Para uma intervenção familiar, precisam ser levadas em conta as informações relacionadas às características da criança, assim como torna- se necessário mudar as percepções dos pais a respeito das necessidades da criança, reavaliando suas crenças e valores. Também não se pode esquecer de considerar fatores que protegem as famílias dos impactos negativos na criação de seus filhos com atraso no desenvolvimento, tais como: propiciar melhores relações familiares, criar estilos de reação adequados ante ao estresse, ampliar a rede de apoio aos pais, que são aspectos importantes na mediação para enfrentar com êxito o problema. (2004, p. 55) Os pais devem ter a consciência do esforço que terão que fazer para superar toda essa dicotomia sobre o filho com a síndrome de Down. É um trabalho intenso que requer força de vontade para superar as barreiras do preconceito e da desinformação. Normalmente, a superação destas barreiras resulta do trabalho em conjunto com profissionais especializados, da área da saúde e da educação, orientando os pais no que diz respeito ao “cuidar” de seus filhos. Muito sabiamente D’Antino (1998) apud Voivodic (2004, p. 57) nos coloca: “Acredito, porém, que quanto mais bem estruturada emocionalmente for a família, com relações afetivas satisfatórias, convivências de trocas verdadeiras, e quanto mais precocemente puder ser orientada, tanto maior será sua possibilidade de reestruturação e redimensionamento de funções e papéis e, consequentemente, de facilitação do processo de desenvolvimento de seu filho, na totalidade do ser” (D’ Antino, 1998:35). A conscientização e informação dos direitos e deveres da família refletem, imediatamente, na maior independência e segurança da criança com síndrome, para poder crescer com autonomia e enfrentar os obstáculos que surgirão em seu caminho. Quando os pais participam da vida escolar de seus filhos, incentivando a leitura, na ajuda da realização das tarefas escolares, nos eventos que são promovidos pela escola, eles sentem que são valorizados e com isso motivam-se a dedicar-se mais e mais nas propostas que lhes são oferecidas. 26 Os pais devem estar cientes das metas impostas pela escola para seus filhos, como também podem opinar tirar suas dúvidas e, acima de tudo, saber ouvir. Assim como a escola também tem o direito e o dever de expor os objetivos e as perspectivas para com seus alunos no processo de inclusão. É sempre muito produtivo e enriquecedor que a família do aluno com síndrome de Down e a escola mantenham um diálogo aberto e esclarecedor. Com isto, busca-se uma parceria escola-família, com resultados positivos para o bom andamento do processo de desenvolvimento da aprendizagem e para uma verdadeira inclusão do aluno Down no ensino fundamental. 27 Capitulo III: Processo Ensino Aprendizagem do Aluno Down 3.1 ComportamentoAs crianças com síndrome de Down, não apresentam um perfil fixo, onde todos exibem o mesmo comportamento. Umas são mais agressivas, outras mais pacíficas e o mesmo acontece com a aprendizagem. Porém, o que é bem comum nas crianças com Down, é que todas apresentam algum tipo de dificuldade na fala, na visão ou em sua motricidade. Mas estas características não influenciam no modo de aprendizado delas de maneira igual, pois não podemos dizer que todas terão a mesma dificuldade ou facilidade em relação às aprendizagens, pois cada um é um. A inclusão destes alunos em escola regular deve ser com qualidade, com real investimento em suas habilidades, pois as crianças que apresentam algum tipo de deficiência, precisam de um olhar mais aprimorado, bem como a adequação do professor, que deverá promover planos de estudos adaptados, conteúdos e atividades flexibilizados, facilitando assim, seu melhor rendimento, e ainda assim, algumas vezes estes alunos vão precisar de apoiadores, por que as deficiências, podem se apresentar em maior ou menor grau. Fantinato (2014, p 11 e 12) afirma que, Os professores devem basear o seu fazer pedagógico reconhecendo e desenvolvendo as diferentes inteligências dos alunos, valorizando os estilos de aprendizagem, complementando e estimulando aprendizagens diferentes. Valorizar a diversidade de culturas, as várias formas de ver o mundo, de se expressar e de se relacionar com a comunidade escolar são mudanças necessárias para que a escola desenvolva a aprendizagem da convivência, do respeito e da tolerância, cumprindo assim com o que prevê a Lei de Diretrizes e Bases – LDB 9.394/96 em seu artigo 1º. Assim o autor fortalece os fatores ligados diretamente à escola e aos professores, ressaltando que o comportamento da criança com síndrome de Down, pode variar, até porque, ela é única, assim como todas as outras crianças. Deste modo, o perfil desta criança é que vai ditar como será a sua aprendizagem, pois muitas crianças com síndrome de Down apresentam características singulares, sendo elas cognitivas ou físicas e muitos podem ter as duas, em maior ou menor grau, como ditas anteriormente. Um dos fatores que facilitam a aprendizagem da criança com síndrome de Down é a forte habilidade de aprendizagem visual que eles possuem, conseguindo 28 aprender usando sinais e gestos visuais como apoio, bem como observam o comportamento e as atitudes dos colegas e adultos e assim as praticam favorecendo o processo de ensino-aprendizagem destes indivíduos. Porém, existem alguns fatores que inibem a sua aprendizagem, como veremos mais adiante. Nestes casos a intervenção do professor é fundamental para criar estratégias que minimizem estes fatores garantindo as condições deste aluno de aprender de igual modo. O atendimento individualizado no AEE, também é um dos fatores que auxiliam o processo de aprendizagem destes alunos. Sobre este assunto, Brasil nos esclarece que: As políticas destinadas à educação inclusiva direcionam suas ações para o atendimento de questões específicas, mas é importante que os professores saibam que o processo de ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superlotação não é atribuição somente dos professores que atuam no AEE. O professor de ensino regular deverá planejar suas aulas considerando os direitos de aprendizagem dos alunos e realizando um trabalho articulado com seus colegas que atuam no AEE, ou seja, trata-se de uma proposta de trabalho que envolve a escola, um trabalho em equipe. (Brasil, 2014, p.16) Assim, com estes suportes dentro da escola, com planos adaptados, os melhoramentos aos alunos com deficiência, vêm facilitando a aprendizagem das crianças com Down. Um dos fatores que facilitam a aprendizagem da criança com síndrome de Down é a forte habilidade de aprendizagem visual que eles possuem, conseguindo aprender usando sinais e gestos visuais como apoio, bem como observam o comportamento e as atitudes dos colegas e adultos e assim as praticam favorecendo o processo de ensino-aprendizagem destes indivíduos. Mas, apesar da criança com Down ser ótima na sua observância visual, a maioria delas precisa de óculos porque possuem deficiência visual e isso acontece já bem cedo, muitas ainda bebês, precisam do uso de óculos como uma ferramenta fundamental para o favorecimento de sua aprendizagem escolar. Diante disto, se faz necessário à instituição saber que existem leis que asseguram este direito, como expressa a Constituição de 1988, em seu capítulo VIII, da Ordem Social, na seção II, referente à Saúde, o artigo 196, define que a "saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo medidas políticas sociais e econômicas, que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, garantido aos pais, que seu filho deve receber tratamento com 29 profissionais especializados, onde a criança é examinada, como no caso da visão, se existe a possibilidade de melhorar através do uso constante de óculos ou o que deve ser feito. Algumas crianças apresentam uma deficiência visual tão severa que precisam de cirurgia. O professor deve, então, observar as características da baixa visão, para então, facilitar a aprendizagem desse aluno. E este olhar atento deve ser aprofundado para que o aluno não tenha prejuízos maiores em relação a sua visão, pois a partir daí, inúmeras estratégias devem ser aprimorados no ambiente da sala de aula, tudo em função de contribuir com que essa criança aprenda e tenha maiores possibilidades. Já outros, apresentam outras deficiências, como a dificuldade auditiva, que é percebida principalmente nos primeiros anos da criança, também precisando de adaptações e um bom planejamento para facilitação do ensino-aprendizagem deste aluno. Outros apresentam atrasos nas mobilidades motoras, sendo possível observar estes movimentos diferenciados, e, esta falta da motricidade, principalmente a fina, muitas vezes pode atrapalhar a aquisição das habilidades escritas. A criança com síndrome de Down apresenta grande hipotonia, originária do sistema nervoso central, afetando toda a sua musculatura e a parte ligamentar da criança (dificuldade para sugar, engolir, sustentar a cabeça e os membros). Por esse motivo, a criança apresentará significativamente, poucos movimentos do corpo e segundo Schwartzman (1999) essa hipotonia contribui muito para o atraso motor, o que pode interferir em outros aspectos como na sua aprendizagem, pois a exploração do ambiente é essencial para que a criança construa o seu conhecimento de mundo. Novamente entra a questão do apoio à criança com inclusão às adaptações curriculares, a flexibilização dos conteúdos e estratégias na sala de aula, entre outras, que a criança com Down precisa, como consta no artigo 59, inciso 1, das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, pela dificuldade na fala, linguagem, visão e motora. Isso tudo, quando não observado, acarreta prejuízos ao ensino-aprendizagem. Algumas têm dificuldades em compreender instruções dadas, podem apresentar distúrbios de concentração, sendo facilmente distraídos e, isso também é um agravante para elas, pois um dos fatores que permeiam bastante essa deficiência é a dificuldade que apresentam em consolidar as suas habilidades adquiridas. Ou seja, a capacidade de aprender ou 30 reter uma nova informação para crianças com síndrome de Down pode variar de um dia para o outro, podendoinstruir-se bem num dia e já no outro, não saber tão bem assim. Diante dos estudos realizados é possível perceber que existem comportamentos diferenciados nas crianças com síndrome de Down e esses comportamentos vão variar de acordo com o nível de desenvolvimento de cada criança. Sabendo disto, cabe o encorajamento a elas, pois terão que enfrentar outras dificuldades. Mas o que se realmente se deseja, é que estas crianças consigam viver suas vidas cotidianas realizando as atividades corriqueiras, como falar, se expressar e ouvir de forma satisfatória. De modo a tornarem-se cidadãos mais capazes, mesmo diante de suas limitações, no processo de ir além das mesmas. Sobre esta explanação, Gadotti (1995, p. 18) afirma que: A educação tem importante papel no próprio processo de humanização do homem e de transformação social, embora não se preconize que, sozinha, a educação possa transformar a sociedade. Apontando para as possibilidades da educação, a teoria educacional visa a formação do homem integral, ao desenvolvimento de suas potencialidades, para torná-lo sujeito de sua própria história e não objeto dela. É isso que devemos ter em mente quando pensamos na educação, que estas crianças consigam estar inseridas na sociedade, participando com igualdade, sendo oportunizadas as vagas oferecidas em estabelecimentos de ensino por seu valor e não apenas pelo cumprimento às leis. Como vimos até aqui, não é tarefa fácil, assumir essa missão de auxílio a estes alunos, pois além de envolver muito estudo, conhecimento, amor, paciência, ainda precisou contar com o auxílio dos pais, e encorajá-los nesta participação, pois muitas vezes acham que a escola é um depósito de crianças e só o fato de estarem nela, já é suficiente. 31 3.2 Ensino Aprendizagem Durante muito tempo, não se acreditava que um indivíduo com síndrome de Down fosse capaz de ter um desenvolvimento cognitivo. Essa crença era mantida, pois elas eram rotuladas como inferiores e doentes, devido as suas dificuldades na linguagem, autonomia, motricidade. Por esses motivos eram excluídas do convívio social. Hoje, apesar das várias informações acessíveis sobre a síndrome de Down, o preconceito e o rótulo ainda estão presentes; entretanto, os estudos comprovam que o portador da síndrome de Down pode se desenvolver como uma pessoa considerada normal. Porém, o seu processo de desenvolvimento é um pouco mais lento, devido ao fato de apresentarem lesões no sistema nervoso, o que consequentemente irá prejudicar o seu aprendizado. O trabalho pedagógico com estas crianças deve, essencialmente, respeitar o ritmo de desenvolvimento e aprendizagem delas, a fim de proporcionar uma estimulação adequada de suas habilidades, com programas que devem ser criados de acordo com as dificuldades e limitações de cada uma. Embora os danos neurológicos afetem qualquer área do funcionamento cerebral, as dificuldades que mais causam deficiências acadêmicas são aquelas que afetam a audição, visão, fala (linguagem), leitura, escrita, as habilidades motoras finas e o raciocínio lógico matemático. Outro motivo da falta de aprendizagem do portador de síndrome de Down é o déficit de atenção, que desde os primeiros anos de vida prejudica o seu envolvimento em tarefas, assim como na maneira de explorar o meio que o cerca. Além disto, as crianças com síndrome de Down, não conseguem acumular informações na memória auditiva e na memória em longo prazo, o que irá prejudicar o processamento da linguagem, interferindo na elaboração de conceitos, na generalização e no planejamento de situações. É possível verificar com frequência que as crianças com síndrome de Down, conseguem emitir a maioria dos sons da língua materna, mas quando isso é combinado em frases mais longas, os sons se tornam imprecisos, ou muitas vezes são omitidos, pois elas, geralmente utilizam padrões fonológicos imaturos por um tempo mais longo do que as crianças sem atraso. O adulto, ao conversar com a criança, que está no processo de aquisição da linguagem, deve usar frases mais simples, curtas e concretas, porque a criança, com deficiência no processamento da 32 linguagem, nem sempre compreende o que lhe é dito. Sua resposta a algumas questões podem ser inapropriadas, ou ela pode não ser capaz de seguir instruções de uma forma confiável, por exemplo, dar um recado por completo. A educação especial e o apoio de profissionais adequados são essenciais para o desenvolvimento da criança com síndrome de Down, uma vez que, por possuírem deficiências de processamento da linguagem, não conseguem aprender pelos métodos convencionais. Portanto, para dominarem a leitura e a escrita, a criança com síndrome de Down precisa de materiais específicos e de profissionais como fonoaudiólogo, que irá identificar essa dificuldade, orientando os pais e professores sobre o melhor método para ser utilizado no processo de aprendizagem dessa criança. Entretanto, mesmo recebendo auxílio do fonoaudiólogo e outros profissionais, a criança com síndrome de Down necessitará de um tempo maior para comunicar-se com um bom vocabulário. Além da linguagem, a criança com síndrome de Down tem dificuldades nos conceitos matemáticos. Apesar de serem poucas as pesquisas sobre este assunto, os estudos comprovam que os portadores da síndrome apresentam mais dificuldades na aquisição das habilidades matemáticas do que das habilidades de leitura e escrita. Essa dificuldade pode estar relacionada à idade cronológica da criança, que é diferente da idade biológica, ou seja, ela não possui estratégias espontâneas, tendo muitas dificuldades em resolver problemas, encontrar soluções e compreender conceitos abstratos. A dificuldade em matemática também pode estar relacionada ao atraso da linguagem, no processamento auditivo e na dificuldade de memória a curto prazo, pois alguns estudos indicam que as crianças com dificuldades de aprendizagem, não conseguem lidar com cálculos básicos; elas não conseguem memorizar fórmulas, regras e fatos, além de não compreenderem a relação entre números e objetos, pois o ensino da matemática está focado na resolução de problemas, seguindo determinadas regras e fórmulas, que devem ser memorizadas, de tal modo, que a prática do ensino vai privilegiar a memorização, ao contrário da compreensão, deixando assim sem sentido o aprendizado da matemática. KAMII (1999), diz que o ensino do número não é diretamente ensinável e o meio ambiente pode colaborar indiretamente, facilitando o desenvolvimento do conhecimento lógico-matemático, ou seja, o ensino indireto pode variar do ato de 33 encorajar as crianças nas relações sociais, até solicitar que quantifiquem, comparem e relacionem objetos com a quantidade, compreendendo assim, os conceitos básicos de números e as relações da vida real. O processo de alfabetização do aluno com Down não é uma tarefa fácil, mas atualmente, já foge daqueles métodos antigos que se limitam ao uso de cartilhas, onde a ênfase era a associação de elementos sonoros e gráficos. Hoje, muitas escolas fazem uso dos estudos de Emília Ferreiro e seus colaboradores, a respeito das hipóteses que a criança tem sobre a escrita, passando a ver a alfabetização como um processo de apropriação pessoal da criança sobre como se escreve e lê. Para isso ela observa, interioriza conceitos, duvida deles, reelabora, até que chega ao código alfabético utilizado pelo adulto. O professor também deve ter uma formação profissional de qualidade que venha trazer benefícios ao aluno. É importante que o aluno comece compreender a importância da escrita, entender a relação entre a oralidade e aescrita, bem como suas regras. E nada melhor do que iniciar com palavras significativas para ele, como seu nome, o dos colegas, dos familiares e outras mais Cada criança com síndrome de Down possui um ritmo e uma forma de ser alfabetizada; aos professores cabe identificar um método que se adapte a este ritmo de aprender. E segundo Silva, os professores: Deverão, também, prepará-lo para a alfabetização, que se iniciará posteriormente quando a criança for capaz de descrever objetos e ações; discriminar sons; identificar semelhanças e diferenças entre sons iniciais e finais de palavras; identificar símbolos gráficos; articular fonemas corretamente; estabelecer relações simples entre objetos; combinar elementos concretos para a formatação de conjuntos; organizar, perceptivamente, sequências da esquerda para a direita; utilizar conceitos nas áreas de relações tempo-espaciais; participar de atividades lúdicas; seguir e dar instruções simples; estabelecer relações símbolos e significados; participar de conversas; organizar ideias em sequência lógica; demonstrar controle muscular; reconstruir ações passadas e prever ações futuras; demonstrar criatividade e estabelecer pensamento crítico. (2002 s.p.) Ao frequentar a escola comum, a criança com síndrome de Down irá adquirir, aos poucos, conhecimentos específicos e mais complexos. Conhecimentos esses que mais tarde serão exigidos pela sociedade em que está inserida, que também são indispensáveis para a formação social e individual de qualquer ser humano. Para que a aprendizagem aconteça, deve ser através de momentos prazerosos e de forma facilitada. Não devemos apresentar à criança com síndrome de Down, informações que serão trabalhadas de uma forma mecânica ou isolada e 34 também o atendimento deve ocorrer de forma gradual e parcial, pois estas crianças não conseguem absorver um número muito grande de informações. Essa evolução gradativa da aprendizagem deve ser respeitada e o seu desenvolvimento deverá ocorrer nas situações diárias da criança. É importante que o professor faça um planejamento adequado, sem exigir do aluno atividades que ele não consiga realizar e também, sem pular etapas, permitindo assim, que a criança internalize e desenvolva aspectos afetivos, sua autonomia, os processos cognitivos, e sua espontaneidade. Para Silva: O trabalho com a criança deve se centrar no contato e interação com o outro e as eventuais complementações das atividades pedagógicas desenvolvidas devem ser informais, através do jogo espontâneo, da relação com o colega e com o material adequado. Assim, de forma agradável e prazerosa a criança vai desenvolvendo atividades físicas, emocionais e cognitivas que possibilitam a elaboração do pensamento. (2002 s.p) Pode-se observar, que crianças com síndrome de Down também demonstram uma evolução desarmônica e movimentos estereotipados, mas que, através de um planejamento psicomotor bem direcionado pelo professor e pelos demais profissionais, como fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicólogo, que estão envolvidos neste processo, esta defasagem será compensada, através de experiências que serão fundamentais para sua inclusão no ensino fundamental. Desde pequena, a criança deve ser estimulada a descobrir seu corpo, identificando quais as funções de cada parte, perceber as sensações que ele provoca. Em vista disso, a atividade física é tida como um grande aliado no trabalho para crianças com síndrome de Down, nas escolas regulares. Isto porque proporciona um grande desenvolvimento e amadurecimento da motricidade, que servirá de base para as outras aquisições, que o aluno irá adquirir por meio de experiências praticadas. São palavras de Silva: Funções como capacidade de dissociar movimentos, individualizar ações, organizar-se no tempo e no espaço e coordenação motora servem de base para desenvolver atividades específicas. Assim são fundamentais as aquisições, a descoberta do corpo e de seus seguimentos, a relação do corpo com objeto, o espaço entre corpo e objeto entre outros, sendo esse pano de fundo de todas as aprendizagens. (2002, s.p) O professor deve ter em mente que um bom currículo é aquele que atende às necessidades e também considere as características de um aluno Down. E deve ser, a partir destas necessidades e características, que algumas técnicas sejam 35 escolhidas, motivando a criança a ficar atenta no ambiente de aprendizagem. Por exemplo, utilizar o lúdico como uma ferramenta de trabalho, pois é algo muito atrativo, não só para crianças com síndrome de Down, mas também para crianças sem necessidades educativas especiais, permitindo um desenvolvimento mais amplo e estimulando diversas áreas: cognitivas, afetivas, e sociais. O despreparo dos professores em trabalhar com crianças portadoras de deficiências, ainda é uma constante, pois ele terá que romper com algumas barreiras que o distanciam deste novo desafio. O preconceito, a intolerância, o medo de aceitar o novo. O papel do professor diante desta novidade é aprender a aprender, para que esta nova experiência ajude-o a repensar sua profissão, com formas distintas de enfrentar este longo e inacabado caminho a ser percorrido, onde no final, a aprendizagem se torne algo prazeroso para todos que por ela passar. Voivodic (2004) nos descreve o resultado de uma pesquisa feita em escolas regulares da rede pública de Natal, sobre a inclusão. A investigação mostrou que a maioria dos professores, além de mostrarem certa preocupação com o trabalho a ser feito para que crianças com síndrome de Down sejam inclusas no ensino regular, também se sentem otimistas, pois essa integração é benéfica tanto para os alunos com síndrome, que se sentem mais desafiados a evoluir socialmente, verbalmente, emocionalmente, quanto para os demais alunos que ao conviverem com a integração, aprenderam a ter uma visão menos preconceituosa. E a escola é desafiada a romper barreiras estruturais e raciais. Ainda conforme Voivodic: As pesquisas apresentadas mostraram que, quando a criança com SD frequenta escolas regulares têm ganhado significativos não só em seu desenvolvimento social, mas também em seu desenvolvimento cognitivo. Também foi constatado que não houve prejuízo para as crianças que não tem deficiência por estarem na mesma situação com crianças com DM. Outro ponto ressaltado pelas pesquisas é a importância da mediação para o sucesso do processo de inclusão. (2004, p. 64) É evidente neste contexto, o importante trabalho do professor, respeitando as diferenças existentes, estimulando a troca entre seus alunos, promovendo atividades em grupo ou individuais. Caminhando assim, para uma efetiva inclusão dos alunos com síndrome de Down no ensino fundamental. A Declaração de Salamanca, em seu item 8, nos fala que: 36 Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infrequentes, onde fique claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bem-estar da criança ou de outras crianças. Diante disso, podemos ver que não há mais como voltar ao tempo que todas as crianças com necessidades especiaiseram logo encaminhadas para escolas especiais (APAE, por exemplo), fazendo com que escola e professores se livrassem destas crianças, alegando não terem o preparo necessário para atendê-las. A lei hoje garante a esses alunos, o direito a estarem na escola regular, recebendo um ensino de qualidade, que respeite as suas individualidades e se for necessário, ainda receber atendimento especial, fora do seu turno de estudo e em escola especializada. 37 3.3 Linguagens Com a notícia da síndrome, os pais, em geral têm um súbito desvio do olhar para o futuro que os aguarda. As preocupações referentes à síndrome e o quanto ela afetará a vida de seu filho e as suas próprias vidas são imediatas e naturalmente esperadas. Conforme Schwartzman (2003) existe um desvio do olhar e da atenção dos pais em direção oposta à da criança, ou seja, enxergam apenas a Síndrome de Down. Logo, a preocupação com os possíveis sintomas, pode iniciar uma representação mental negativa do filho como alguém incompetente pela própria natureza. Segundo o mesmo autor, para aquisição da linguagem e para a constituição do sujeito inicialmente depende-se da relação com o outro e interação como esse outro (em geral os pais), que pode apresentar alterações emocionais devido ao choque do diagnóstico e de imediato esses dois aspectos (a aquisição da linguagem e a constituição do sujeito) se encontram num grupo de risco para serem afetados. É importante saber que a comunicação não se faz só com palavras, mas também com gestos e expressões afetivas. A criança comunica-se com o mundo muito antes de falar. O recém-nascido produz vários sons diferentes que não são considerados como uma linguagem propriamente dita, mas que não deixam de ser formas de comunicação. Essa fase é denominada pré-linguística, ou seja, a fase que vem antes da aquisição da linguagem em si. Os bebês com Síndrome de Down parecem ser menos responsivos para as palavras ditas pela mãe, assim como para estimulações não-verbais, como sorrisos, caretas, gestos. Normalmente, eles sorriem e vocalizam menos do que os outros bebês. A linguagem, segundo Schwartzman (2003) é a área na qual a criança com Síndrome de Down demonstra, em geral, os maiores atrasos. Apesar dessas dificuldades, em sua maioria, elas fazem uso funcional da linguagem e compreendem as regras utilizadas na conversação, porém as habilidades para a comunicação são bastante variáveis entre elas. Outro elemento de grande importância no desenvolvimento dos processos cognitivos é a atenção. O déficit de atenção observado em pessoas com Síndrome de Down pode comprometer seu envolvimento em tarefas e na sua maneira de explorar o meio. 38 Conforme o mesmo autor, a criança pode falar mais claramente, quando imita palavras que acabaram de ser ditas por outra pessoa, do que quando ela própria tem que lembrar as palavras para dizer o que quer. Por exemplo, a criança pode conhecer o nome de vários objetos e até ser capaz de dizê-los quando alguém pergunta, mas quando ela precisa se comunicar usando determinado nome dentro da frase, a dificuldade aparece. É preciso considerar também que a criança apresenta problemas articulatórios, ou seja, falar corretamente palavras é uma dificuldade para a maioria das crianças com Síndrome de Down. Então, falar em sentenças, mesmo curtas é mais difícil do que usar palavras soltas, já que seu problema articulatório aumenta quando está elaborando sentenças. 3.3 Currículo e Avaliação Dentro do processo de ensino aprendizagem do aluno de inclusão é necessário o emprego de ferramentas, que venham a proporcionar planejamento e efetividade, uma delas o PEI (Plano de Ensino Individualizado). Trata-se de currículo adaptado a ser produzido pelo professor e equipe pedagógica da escola com o fim de traçar metas que serão fundamentais no processo de desenvolvimento do aluno. Quando o educando é assistido por terapeutas (psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos...) é importante que sejam eles consultados acerca da construção deste PEI, pois esses profissionais têm condições de indicar quais são os métodos que facilitarão o aprendizado do aluno Down. No entanto, há de se ressaltar que existe legislação que dispõem acerca da necessidade de currículo adaptado e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº13.146/2015) veio de encontro com esse entendimento. Veja o que diz o artigo 28: Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir qcondições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o 39 seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas; V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino; VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistida; VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar; IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com deficiência; X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado; XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes de Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio; XII - oferta de ensino de Libra, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação; XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas; XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento; XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar; XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a
Compartilhar