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Imunologia “Mente e saúde . . . O homem é o único ser vivo capaz de ser seu próprio agente agressor, através de seus pensamentos, angústias e inseguranças diante da vida” – L. V. Bonamin A palavra imunologia é derivada do Latim immunis ou immunitas cujo significado é “isento de carga”, sendo que a carga pode referir-se a uma taxa monetária imposta ao cidadão, uma regra ou lei de restrição de direitos e liberdade, ou uma enfermidade. Esta, como o nome sugere, é a ciência responsável pelo estudo do sistema imunológico e suas funções. Ela se atém à análise de processos relativos à defesa do organismo contra agentes estranhos (antígenos) e, dessa forma, permite a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças e também de alergias. Um Breve Histórico sobre a Imunologia A imunologia é uma ciência relativamente nova. Sua origem é atribuída à Edward Jenner, que descobriu, há aproximadamente 200 anos, em 1796, que a vacínia (ou cowpox), induzia proteção contra a varíola, uma doença freqüentemente fatal. Jenner batizou seu processo de vacinação, uma expressão ainda utilizada para descrever a inoculação de indivíduos sãos, com amostras atenuadas ou mortas de agentes causadores de doenças, objetivando a proteção futura contra a enfermidade (Janeway et al., 2000). Quando Jenner introduziu a vacinação, ele nada sabia sobre os agentes infecciosos que causam as doenças. No século XIX, Robert Koch provou que as doenças infecciosas eram causadas por microorganismos patogênicos, cada qual responsável por uma determinada enfermidade ou patologia. Atualmente, existem quatro grandes categorias de microorganismos causadores de doença ou patógenos: os vírus, as bactérias, os fungos e os parasitas. As descobertas de Koch e outros pesquisadores do século XIX possibilitaram o desenvolvimento da imunologia, estendendo a vacinação para outras doenças. Por volta de 1880, Louis Pasteur projetou com sucesso uma vacina contra a cólera aviária e desenvolveu uma vacina anti-rábica também bem sucedida na inoculação de uma criança mordida por um cão raivoso. Tantos triunfos práticos resultaram na busca pelos mecanismos de proteção imunológica. Células do Sistema Imunológico Os leucócitos, ou glóbulos brancos são células nucleadas produzidas na medula óssea e encontradas no sangue, com formato esférico, tamanho e volume superiores às hemácias. Essas células são produzidas na medula óssea, sendo sua quantidade intensificada em resposta a processos infecciosos, desempenhando função imunitária contra agentes patológicos que se instalam no organismo. Ambos os sistemas (inato e adaptativo) dependem da atividade dos leucócitos. São dividos em: Linfócitos - medeiam uma resposta imune adaptativa são responsáveis por reconhecer e eliminar os agentes patogênicos, proporcionando a imunidade duradoura, a qual pode ocorrer após a exposição a uma doença ou vacinação. A grande maioria dos linfócitos encontra-se em estado inativo, e possuirão atividade quando houver algum tipo de interação com um estímulo antigênico, necessário para a ativação e proliferação linfocitária. Existem dois tipos principais de linfócitos: linfócitos B (ou células B) e linfócitos T (ou células T). Além destes temos as células Natural Killer(NK). •Os linfócitos B se originam de uma célula-mãe na medula óssea e amadurecem até se tornarem células especialistas na produção de anticorpos. Quando essas células são ativadas por antígenos (corpos estranhos), elas se proliferam e se diferenciam em plasmócitos, que são células produtoras de anticorpos. Por vezes, algumas células não se diferenciam em plasmócitos, originando a célula B da memória imunitária. Essas células reagem quando o corpo se expõe novamente ao mesmo antígeno. É o que acontece quando pegamos uma doença: podemos ter contato novamente com o antígeno que ela não se manifestará mais, como acontece com a catapora e o sarampo; •Os linfócitos T ajudam a defender o organismo de vírus, fungos e algumas bactérias. Formam-se quando as células-mães migram da medula óssea para o timo e são responsáveis pela produção de anticorpos sanguíneos e imunidade celular. É no timo que os linfócitos T aprendem a diferenciar células do organismo de corpos estranhos, mas nem sempre essa educação é eficiente, pois às vezes uma desordem no reconhecimento do próprio organismo leva ao ataque e destruição de determinadas células ou substâncias do próprio organismo, desencadeando as doenças autoimunes, como o diabetes tipo 1 e a esclerose múltipla. O linfócito T matador, também conhecido como CD8, é especialista em reconhecer e destruir células do organismo que estejam alteradas, impedindo-as de se multiplicar. Ocorre com as células que estão infectadas por vírus. Esses linfócitos também atacam células que sejam estranhas ao organismo da pessoa, sendo um dos principais vilões no transplante de órgãos; •As células NK têm como seu principal alvo as células tumorais e alguns tipos de micróbios. São células maiores do que os linfócitos B e T que iniciam o combate assim que formadas na medula óssea, não necessitando de maturação, como os linfócitos B e T. Essas células destroem as células infectadas, induzindo-as à apoptose (morte celular programada) antes que o vírus tenha chance de se replicar. Neutrófilos - possuem a capacidade de ingerir e digerir vários microorganismos e partículas antigênicas. São sempre os primeiros a chegar nas áreas de inflamação. O que os difereciam dos macrófagos é a sua presença na corrente sanguínea até que uma inflamação seja detectada no tecido, no qual migrarão por diapedese de acordo com a necessidade. Possuem um núcleo formado por dois a cinco lóbulos, sendo mais comuns três. O citoplasma dos neutrófilos apresenta granulações: os grânulos específicos (muito finos) e os grânulos azurófilos (maiores e mais eletro-densos). Mastócitos - a sua principal função é armazenar potentes mediadores químicos da inflamação, como a histamina, heparina, ECF-A (fator quimiotáxico dos eosinófilos), SRS-A, serotonina e fatores quimiotáxicos dos neutrófilos. Esta célula não tem significado no sangue, sendo uma célula própria do tecido conjuntivo. Ela participa de reações alérgicas (de hipersensibilidade), na qual chama os leucócitos até o local e cria uma vasodilatação. É a principal célula responsável pelo choque anafilático. Monócitos - responsáveis também pela defesa do organismo e são os leucócitos, com maiores dimensões. Quando ocorrem processos inflamatórios estas células diferenciam-se em macrófagos que invadem os tecidos afetados, sendo então ativamente fagocitários. Seu núcleo possui uma forma semelhante a um rim. Sistema Imunológico Este sistema trabalha de maneira harmoniosa para manter a homeostase (equilíbrio) do organismo desencadeando respostas imunológica. Este sistema é responsável pelo controle das infecções e tumores ( células alteradas), mas também é capaz de determinar doenças auto-imunes e alergias. Ele é composto por: •Orgãos linfóides primários (medula óssea e timo) e secundários (tonsilas, linfonodos, apêndice, placas de Peyer no intestino delgado e baço); •Células; •Moléculas - anticorpos (produzidos por linfócitos B e plasmócitos). Resposta Imunológica Inata O sistema imunológico representa a principal barreira do hospedeiro contra as infecções, e tem a capacidade de realizar uma resposta rápida e efetiva contra os patógenos invasores. Além disso, pode elaborar um outro tipo de resposta igualmente eficaz, porém mais lenta e duradoura. Estes dois tipos de respostas são efetuadas pelos sistemas imune inato e adaptativo, respectivamente. As células do sistema imune inato estão imediatamente disponíveis para o combate contrauma ampla variedade de patógenos, sem exigir prévia exposição aos mesmos, e atuam do mesmo modo em todos os indivíduos normais.Como componentes da imunidade inata podemos citar: •Barreiras físicas: a pele funciona como uma espécie de escudo protetor contra os invasores, sejam estes maléficos ou não. O sistema respiratório também ajuda na manutenção dos antígenos distantes. Seus mecanismos de defesa incluem a apreensão de pequenas partículas nos pêlos e mucosas nasais e a remoção de elementos via tosse e espirros. A pele e as membranas que fazem parte do sistema respiratório e digestivo também contém macrófagos e anticorpos; •Barreiras bioquímicas: fluidos como a saliva, o suor e as lágrimas contêm enzimas como a lisozima. Os ácidos estomacais eliminam grande parte dos microorganismos ingeridos junto com a comida e a água. O pH e a temperatura corporais podem apresentar condições de vida desfavoráveis para alguns microorganismos invasores. Além destas barreiras, o sistema inato possui as seguintes células: macrófagos e granulócitos, este último é dividido em neutrófilos, eosinófilos e basófilos. Receptores PRRs – são receptores localizados na membrana das células do sistema imunológico responsáveis pelo reconhecimento de patógenos, indução da resposta inata e ativação do sistema complemento. A sigla PRRs significa receptores de reconhecimento de padrão moleculares. PAMPs – são ligantes presentes nos patógenos que permitem a sua identificação. Estes ligantes não estão presentes em células do organismo, o que torna fácil a sua identificação pelas células de defesa. Invariáveis entre microorganismos de uma dada classe. Receptor do tipo Toll - são uma família de proteínas transmembrânicas de tipo I que formam uma parte do sistema imunológico inato. Nos vertebrados também possibilitam a adaptação do sistema imune. Descoberto inicialmente da mosca-da- fruta (Drosophila melanogaster), são os responsáveis do reconhecimento de várias vias de padrões de reconhecimento de patógenos e são expressados por um amplo espectro de agentes infecciosos. Imunidade Adquirida Os leucócitos do sistema imunológico adquirido apresentam a chamada expansão clonal, que significa que ele (leucócito) se auto-clona. Isso ocorre devido à especificidade dos PRRs expressados por eles, logo cada linfócito apresenta um único tipo de receptor. Daí a necessidade, em presença do patógeno específico, um aumento significativo daquele linfócito. Isso não ocorre na imunidade inata, pois todas as células de defesa apresentam todos os receptores. Alarminas São moléculas secretadas pelas células que morrem ou por células de defesa. Ela equivale a uma espécie de PAMP para o organismo ser alertado sobre alterações no tecido. Podem induzir um processo inflamatório local, e até mesmo, sistêmico. As alarminas são chamadas de DAMPs. Células Sentinelas São as células presentes no tecido conjuntivo. Elas detectam PAMPs e alarminas, respondendo rapidamente a estes estímulos. Como exemplos destas células podemos citar os macrófagos, células dendríticas e mastócitos. Processo de morte celular através da células NK Células NK (natural killer) são parte do sistema imune inato. Como as células T citotóxicas, células NK destroem células infectadas por virus induzindo-as a sofrer apoptose. Células NK monitoram o nível de proteínas MHC (major histocompatibility complex) classe I, que são expressadas na superfície da maioria das células de vertebrados. A presença destas proteínas em níveis altos inibe a atividade citolítica das células NK. As células NK seletivamente matam células que estão expressando estas proteínas em nível baixo, o que ocorre tanto em células infectadas por virus como em células tumorais. Sistema Complemento Composto de aproximadamente 20 proteínas (fatores do complemento). Este sistema é hoje conhecido por contribuir para as defesas do hospedeiro também de outras maneiras. O complemento pode opsonizar (fixar opsoninas ou fragmentos do complemento na superfície bacteriana) bactéria para uma melhor fagocitose; pode recrutar e ativar várias células incluindo células polimorfonucleares (PMNs) e macrófagos; pode participar na regulação de respostas de anticorpos e pode auxiliar na eliminação de complexos imunológicos e células apoptóticas.
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