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Aula 10 - Psicologia Penitenciária – Justiça Retributiva / Restaurativa A Psicologia Penitenciária quando o condenado está sujeito ao cumprimento de pena em regime fechado. Cabe ao Psicólogo: Avaliação psicológica do recluso; Estudos e pesquisas sobre os processos de ressocialização; Intervenções junto ao recluso e ao egresso no que pese os objetivos de Ressocialização em relação ao sistema penitenciário; Trabalho com os agentes de segurança (estresse, violência etc.), Estudos sobre penas alternativas (prestação de serviço à comunidade etc.) Trabalho junto aos parentes dos reclusos (aconselhamento). Justiça da Infância e da Juventude: avaliação psicológica nos casos de violência contra criança e adolescente; Medidas socioeducativas governamentais e a prevenção possível. O Estatuto da Criança e Adolescente descreve: Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentaria, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da juventude. Art. 151. Compete à equipe interprofissional, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção, entre outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária. Medida Preventiva – Necessita de programas efetivos para a reabilitação de adolescentes, com atividades que desenvolva o censo de responsabilidade, e resgate da autoestima, pois manter menores presos e ociosos, sem nenhum programa de ressocialização, só resulta em revolta, rebeliões e mortes. O menor aos 16 anos ainda não possui amadurecimento cognitivo, levando-se em conta que os menores de periferia têm deficiências em sua formação devido à vida precária, alimentação inadequada, ou longos anos de privação total, seu desenvolvimento é lento para a percepção de oportunidades e capacidade de aprendizado, suas ações são motivadas pelo impulso e imediatismos, pela fome e pela sobrevivência, agem de forma agressiva para terem acesso ao que a mídia massifica nas cabeças de toda a população, principalmente dos jovens pobres e excluídos. Sem programas sociais governamentais sérios de ajuda aos jovens será difícil e cada vez mais distante de se reverter este quadro. Nos 54 países que reduziram a maioridade penal não se registrou redução da violência. A Espanha e a Alemanha voltaram atrás na decisão de criminalizar menores de 18 anos. Hoje, 70% dos países estabelecem 18 anos como idade penal mínima. ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI (art. 112/101) Segundo o Estatuto, o adolescente que comete ato infracional só pode ser apreendido em duas hipóteses: em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada do Juiz da Infância e Juventude. Dessa maneira, mesmo na verificação do ato infracional o adolescente apreendido será destinado a medidas socioeducativas (art. 112), também pode e deve ser alvo de medidas protetivas (art. 101), que promova a efetiva ressocialização e a garantia de todos os direitos e responsabilidades dispostos nas leis tutelar (ECA) e constitucional (Constituição Federal de 1988) . Com base na Doutrina de Proteção Integral, NÃO há mais possibilidade de falar-se em punição, e sim em educação. Como um dos promotores deste processo educativo, o psicólogo deve empreender uma intervenção que tenha alcance maior, do que apenas a elaboração de um laudo técnico. ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI A assistência deve caminhar para um encontro verdadeiro, um contato mais humano, com o compromisso de colaborar com o crescimento pessoal e social daquele ser humano em desenvolvimento. A tarefa que se coloca então, para a equipe profissional é do adolescente dar início ao processo, que terá segmento na execução administrativa de medidas socioeducativas. Atender às demandas do menor enquanto pessoa que quer e precisa ser ouvida, e permitir investigar as mudanças que foram capazes de empreender durante a reabilitação, nas relações pessoais, com a família, os amigos. Permite, ainda, conhecer suas relações com as figuras parentais e demais integrantes do núcleo familiar, e sua capacidade de estabelecer e manter vínculos afetivos, com isto, inicia-se sua promoção social. Dia das mães! http://www.degase.rj.gov.br Embora o Direito garanta ao adolescente em conflito com a lei proteção e ressocialização é frequente a notícia de violência contra adolescentes que são submetidos à medida de internação (um grave problema). A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição de pessoa em desenvolvimento (ou deveria ser assim). Programas de Reabilitação que Funcionam Para uma boa parte dos menores que integram o Complexo Febem-Tatuapé refletir sobre os atos cometidos é uma atividade essencial no processo de reintegração à sociedade. Vítimas de preconceitos, eles sabem que precisam provar para todos que mudaram e necessitam de uma nova oportunidade. O curso de Oficina de Artes Gráficas, os menores contam com 100 horas de aprendizado e adquirem capacitação em impressão gráfica. (FORMATURA) Mais de 1,3 mil detentos do sistema prisional de SC participam do Enem. Na Grande Florianópolis, 217 presos fizeram prova. Aplicação da prova no Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí Mais de 1,3 mil detentos de Santa Catarina concluíram a prova do ENEM- PPL (Pessoas Privadas de Liberdade), para os detentos reclusos e que não apresentam distúrbios psiquiátricos. A informação é do Departamento de Administração Prisional-Deap O exame foi realizado em 31 unidades prisionais catarinenses cadastradas. O exame pode garantir o acesso à Educação Superior por meio do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), no Sistema Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec) e ainda ao Programa Universidade para Todos (Prouni) na forma de bolsa de estudos em instituição superior. "O acesso à educação, além de proporcionar a elevação da escolaridade é o compromisso de mais uma ação humanizada da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania", declarou Juliana Campos, coordenadora do Enem-PPL em Santa Catarina. De acordo com a Assessoria do Governo, o estado vem batendo recordes no número de inscrições a cada ano. Em 2011: 240 inscritos Em 2012: 687 inscritos Em 2013: 1.048 inscritos Em 2014: 1.771 inscritos Em 2015: 2383 inscritos Em 2016: 3.718 inscritos A previsão para o Enem-PPL em 2017 é de 4.953 novos inscritos. INCLUSÃO SOCIAL DE MENORES INFRATORES O Projeto Social Tênis Solidário traz uma novidade em 2014. A iniciativa que tem como foco ensinar o esporte a crianças carentes da Zona Norte do Rio de Janeiro agora trabalha também com menores infratores do Novo Degase: Departamento Geral de Ações Socioeducativas localizado na Ilha do Governador. O objetivo é usar a atividade como forma de inclusão social destes jovens, além de descobrir novos talentos. Inaugurado em 2001, em Pilares, em uma antiga quadra de futsal adaptada ao tênis, o projeto foi idealizado pelo bacharel em Educação Física Artur Ricardo, que oferece aulas gratuitas a cerca de 50 estudantes com idades de 7 a 17 anos, desde que estejam matriculados regularmente em escolas públicas de comunidades próximas. A iniciativa contempla 40 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. As aulas de tênis são ministradas na Escola João Luiz Alves, Degase da Ilha do Governador. O projeto é mantido por meio de doações de empresas, pessoasfísicas e pelo próprio idealizador. O grupo de coral do Complexo de Franco da Rocha da Febem vai realizar uma apresentação inédita nas dependências do prédio do Departamento de Execuções da Infância e da Juventude de São Paulo (DEIJ), no bairro do Brás. Coral como medidas socioeducativas Esporte - Projeto VivaVolei - Febe Se não houver um projeto lei efetivo, que defina e implemente um modelo padrão de reeducação, que possa ser replicado nos demais estados, dentro das penitenciárias brasileiras, esta proposta será apenas, mais uma tentativa isolada, de solução de um problema que se arrasta a anos. Com as medidas apresentadas atuando em todos os estados, estaríamos de fato cumprindo com um real papel de ajuda humanitária, embora saibamos, que a realidade é outra, e amontoar pessoas confinadas em um espaço mínimo apenas para puni-la com mais violência, já está mais do que provado não ser o melhor caminho. PERÍCIA PSICOLÓGICA O exame pericial psicológico é uma espécie de avaliação psicológica com a finalidade de elucidar fatos do interesse de autoridade judiciária, policial, administrativa ou, eventualmente, particular. Conceitua-se perícia como o conjunto de procedimentos técnicos que tenha como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça; e perito, o técnico incumbido pela autoridade de esclarecer fato da causa, auxiliando, assim, na formação de convencimento do juiz. Do exposto, depreendem-se as seguintes observações: a perícia é um meio de prova, e o perito um auxiliar do juízo. Como meio de prova, devera ser objeto de intensa apuração pelas partes, necessitando apresentar uma clara descrição dos principais achados, a discussão destes e o porquê das conclusões. Por exemplo: a maneira como foi praticado o crime precisa ser bem similar à maneira de ser do autor do crime e às fantasias que tinha para com a vítima. Howard J. Zehr – Criminologista, considerado um pioneiro do conceito moderno de justiça restaurativa. Ele afirma que atual modelo de justiça previsto no ordenamento jurídico Brasileiro define que o Estado tem o dever e poder de punir aquele que viola as leis, retribuindo com a aplicação da justiça retributiva. Nesse sentido, segundo Zehr, (2008, p. 170), “o crime é uma violação contra o Estado, definida pela desobediência à lei, e pela culpa”. A justiça determina a culpa e inflige dor no contexto de uma disputa entre ofensor e Estado, regida por regras sistemáticas. O Estado tem a função de punir aquele que infringe as regras em sociedade, focaliza em apenas retribuir o mal cometido com a aplicação da pena, esquecendo-se da figura mais importante a “vitima”. Em funcionamento há cerca de 10 anos no Brasil, a prática da Justiça Restaurativa tem se expandido pelo país, conhecida como uma técnica de solução de conflitos que prima pela criatividade e sensibilidade na escuta das vítimas e dos ofensores. O Programa Justiça Restaurativa é utilizado em crimes de pequeno e médio potencial ofensivo, além dos casos de violência doméstica, sem a necessidade de prosseguir com processos judiciais. Justiça Restaurativa - Teoria e Prática - Série da Reflexão à Ação - Howard Zehr R$ 26,90 O crime causa danos morais, materiais e emocionais e a justiça restaurativa pode ser a melhor opção para reparar os danos e restaurar nas relações sociais, sendo uma nova justiça que visa resgatar a convivência de forma pacifica no ambiente afetado pelo crime, cujo objetivo central é a restauração entre vitima, ofensor e comunidade. Entretanto, os critérios da Justiça Retributiva ou tradicional, foram mantidas, com a inserção da justiça brasileira no regime disciplinar diferenciado (RDD) para criminosos de maior periculosidade, e um aumento significativo de unidade prisionais, especialmente em São Paulo, local de maior população carcerária do País. Na Justiça Restaurativa a questão central, ao invés de versar sobre culpados, é sobre quem foi prejudicado pela infração, valoriza a autonomia dos sujeitos e o diálogo entre eles, criando espaços protegidos para a autoexpressão e o protagonismo de cada um dos envolvidos e interessados. => Transgressor => vítima, familiares, comunidades. Partindo daí, fortalece e motiva as pessoas para restaurar a conduta dos relacionamentos sociais rompidas pela infração. Enfatiza a reparação das consequências, e maior compromisso da responsabilização do infrator, no seu projeto de se ajustar socialmente em seus comportamentos futuros. A justiça restaurativa foi introduzida no Brasil através do projeto “Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de Justiça Brasileiro”. O programa incialmente aborda a justiça retributiva, para podermos assim tentar chegar ao conceito de justiça restaurativa e seus objetivos, e princípios norteadores conforme as diretrizes da ONU, depois elaborar um quadro comparativo com as principais diferenças entre os dois modelos de justiça, a compatibilidade e a aplicação da nova justiça no Brasil e as práticas restaurativas já aplicadas em alguns Estados do Brasil, demonstrando a compatibilidade da justiça restaurativa com o sistema jurídico brasileiro. A Justiça Restaurativa, por meio de um facilitador designado pelo Judiciário, promove o encontro do acusado com a vítima na busca de solução para o impasse. Com a reparação do dano, extingue-se a punição do delito. A Justiça Restaurativa busca a construção de uma solução dialogada voltada para resolução dos conflitos e promover a paz social, a dignidade pensando no futuro. => Para a Justiça Retributiva importa a pergunta: Você fez isso, agora será punido. => Para a Justiça Restaurativa a pergunta é: Você fez isso, e agora o que pode fazer para consertar o que fez? Pichadores tiveram limpar vários locais do RJ, reparando o dano cometido. Caso Real Há um caso que ocorreu em uma zona rural do Distrito Federal, que era relativamente simples: dois vizinhos brigavam em relação aos limites de terras, ajuizaram um processo que foi resolvido na vara cível, e confirmado no tribunal, mas depois continuaram a brigar pelos limites das águas de uma mina. Aquele conflito resultou na morte de alguns animais de uma das chácaras, feita supostamente por um dos vizinhos, além de ameaças. O caso foi encaminhado para a Justiça Restaurativa. A solução foi muito interessante. A Equipe de Mediação, chamou a Agência Nacional de Águas (ANA) e a ONG ambiental WWF, para participar da negociação, que trouxe como sugestão um programa chamado de apadrinhamento de minas. Então aqueles dois confrontantes terminaram fazendo um acordo de proteção pela mina e ficaram plenamente satisfeitos com a solução. Tratava-se de um conflito que já estava na Justiça há mais de dez anos e que, embora com a solução já transitada em julgado, as coisas estavam se encaminhando para um desfecho trágico. Conclusão: a Justiça tradicional resolveu apenas uma parte do problema, o jurídico, mas as demais questões em aberto continuaram se acumulando, até que foi feito esse acordo criativo pelo Programa Justiça Restaurativa do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios). Dependência Química A questão da dependência química é um fator relevante no trato com as pessoas presas no cotidiano: “A maioria da população carcerária sofre de dependência química” Alguns psicólogos gostariam de realizar atendimentos em grupos referentes ao álcool e as drogas, porém aponta, em alguns casos, a dificuldade em possuir espaço físico adequado para a realização desta atividade. Os profissionais enfatizaram que estrutura física é inadequadapara o atendimento em grupo. Outro aspecto a ser considerado é a dificuldade que os profissionais identificam no trabalho com os agentes penitenciários. Foi relatado este desafio como consenso com relação à: Falta de capacitação e humanização dos Agentes Penitenciários, que apresentam formação repressora policial; Desrespeito dos agentes penitenciários em relação aos reeducandos e aos demais profissionais (psicólogos) Grande resistência inicial dos agentes, em relação à introdução do trabalho do psicólogo e da assistente social no sistema prisional. Dependência Química - É um dos transtornos mentais mais comuns, acometendo as mais diversas faixas etárias, porém, mais comumente iniciado na adolescência em diante. A adolescência é uma etapa do desenvolvimento que suscita grandes preocupações quanto ao consumo de drogas, principalmente por conta da vulnerabilidade a todo tipo de influência e frustrações. As causas da dependência aparentemente são múltiplas, desde genéticas, culturais, até vivenciais, o tratamento é dificílimo e o prejuízo na vida pessoal do dependente é incalculável. A droga é a porta para a loucura. Uso de maconha e crack entre meninos de rua em 4 capitais Capitais 1987 2016.1 São Paulo 43,7% 73,8% Rio de Janeiro 20,0% 59,3% Brasília 21,9% 52,3% Porto Alegre 29,3% 21,3% Com base nos estudos revisados fica claro que a Psicologia Jurídica é uma área em ascensão no Brasil, pois abre caminhos para uma nova possibilidade de atuação e prática do profissional de Psicologia. A articulação entre ciência psicológica e Direito surge a fim de atender demandas sociais no que concerne a inserção desse profissional nas Organizações de Justiça, visando auxiliar nos setores jurídicos, na tomada de decisões. Vítimas da violência e abandono => Enquanto houver descaso dos nossos governantes, mais crianças e adolescentes pobres e excluídas serão vencidas pelas drogas, principalmente o crack, que sequela, não se recupera e mata. =>Livro: Abandono Afetivo de Charles Bicca. Sem dúvida é o início de um trágico fim, poucos são resilientes, e são raros os casos de quem consegue estruturar suas vidas sem nenhuma sequela. *************
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