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MUSCULAÇÃO – AULA 1 Prof. Carlos Eduardo Brasil Neves, D.Sc. TREINAMENTO DE FORÇA = MUSCULAÇÃO = TREINAMENTO COM PESOS = TREINAMENTO CONTRA RESISTÊNCIA (FLECK e KRAEMER, 1999). Principal objetivo: Força Muscular. 2. Conceituação e divisão da musculação 2.1. Conceituação: - Levantamento com pesos; - Treinamento com pesos; - Halterofilismo; - Etc.; - Conceitos errôneos e preconceitos; - Popularidade. • “...conjunto de meios que visa o desenvolvimento e/ou a manutenção de qualidades físicas relacionadas as estruturas músculo-articulares, podendo também reabilitá- las, bem como desenvolver a capacidade orgânica.” (BITENCOURT,1986) 2.2. Divisão: - Competição; - Profilático; - Terapêutico; - Recreativo e estético; - Preparação física. • Doenças cardiovasculares • Lombalgia • Osteoporose • Obesidade e controle de peso Prevenção e tratamento de doenças crônicas Feigenbaum, M S & Pollock, M L (1999). Prescripton of resistance training for health and disease. Med Sci Sports Exerc, 31 (1): 38-45. Pollock et al., AHA (2000). Science Advisory: Resistance exercise in individuals with and without cardiovascular disease – benefits, rationale, safety and prescription. Circulation, 101: 828-833. Treinamento Contra-Resistência • Sarcopenia • Diabetes mellitus • Lesões ortopédicas • Quedas e funções físicas (envelhecimento) 0 10 20 30 40 50 15 25 35 45 55 65 75 85 Idade (anos) M a s s a M u s c u la r (k g ) Influência da idade sobre a massa muscular Homen s Mulheres 25 year old man 65 year old man Janssen et al., J Appl Physiol 89:81-88, 2000 5 10 15 20 25 40 50 60 70 80 90 5 10 15 20 40 50 60 70 80 90 Idade (anos) M a s s a M u s c u la r (k g ) Membros inf. Membros sup. HOMENS Idade (anos M a s s a M u s c u la r (k g ) MULHERES Membros inf. Membros sup. Janssen et al., J Appl Physiol 89:81-88, 2000 Influência da idade sobre a distribuição da massa muscular Sarcopenia: um fenômeno universal John Turner, idade 67 John Turner, idade 79 Estética????? Estética??? Qualidade de Vida???? Futuro????????? Formas de manifestação da força muscular – Tipos de T.F. TREINAMENTO DINÂMICO TREINAMENTO ISOMÉTRICO TREINAMENTO ISOCINÉTICO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO TREINAMENTO EXCÊNTRICO TREINAMENTO DINÂMICO • RESISTÊNCIA INVARIÁVEL • RESISTÊNCIA VARIÁVEL A força exercida pelo músculo não é constante. Varia com a vantagem mecânica da articulação e com o comprimento do músculo a cada ponto do movimento. Força Dinâmica. Alterações na Composição Corporal: Secção transversa do músculo (hipertrofia muscular) e Gordura Corporal. TREINAMENTO ISOMÉTRICO - Força, principalmente nos ângulos articulares nos quais o treinamento é realizado. - Especificidade no ângulo articular. Transferência no da força: 20º p/ mais ou menos. - Secção transversa do músculo (hipertrofia muscular). - Evitar manobra de Valsalva Pressão Arterial TREINAMENTO ISOCINÉTICO - Velocidade angular constante. - Potencializa de força em todos os ângulos articulares. - Treinamentos entre 180 a 240º/s promovem de força numa grande extensão de velocidade. - Dores musculares mínimas. TREINAMENTO ISOCINÉTICO TREINAMENTO EXCÊNTRICO (ou Resistência Negativa) - Força ação excêntrica > Força ação concêntrica componentes elásticos. - Não resulta em maiores ganhos de força muscular isométrica, excêntrica e concêntrica do que o treinamento dinâmico normal. - Carga ótima para treinamento excêntrico: 120% de 1RM. - Maior dor pós-exercício. Etapas da elaboração de programas de treinamento de musculação (força) • Avaliação funcional: – Anamnese – Risco para DAC – Limitações ortopédicas – Passado histórico – Características pessoais – Disponibilidade de treino • Avaliação Física – Composição corporal – RML – Postura – Cond. cardiorespiratório • Definição dos Objetivos: – Melhora do Condicionamento – Prevenção de lesões – Manutenção • Seleção Parâmetros de Carga: – Séries, repetições, intervalo, frequência semanal, velocidade de execução, etc. • Integração Outras Modalidades: – Treinamento Aeróbio – Treinamento Flexibilidade Tipos de Força • Força Máxima - Maior força possível de ser gerada em determinado padrão de movimento • Força Relativa – Força máxima dividida pela massa corporal • Força Explosiva (Potência) – Maior força possível de ser gerada em determinado intervalo de tempo • Força Explosiva Reativa – Capacidade de gerar força rapidamente em movimento que usa o Ciclo do Alongamento-Encurtamento (CAE) • Resistência de Força – Capacidade de gerar uma determinada força por longo período de tempo G G G G American Collegue of Sports Medicine (2002). Position Stand: Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults. Med Sci Sports Exerc. 34 (2): 364-380 Características e ganhos de força (4 semanas à 2 anos) @ Destreinados - Nunca praticaram treinamento contra-resistência ou que não estejam praticando já à alguns anos - Ganhos de força ± 40% @ Treinados ou intermediários - Pratiquem pelo menos 6 meses de treinamento efetivo - Ganhos de força ± 20% para “moderamente treinados” e 16% para “treinados” @ Avançados - Com anos de experiência em treinamento contra-resistência - Ganhos de força ± 10% @ Elite - Altamente treinados e que participem de competições - Ganhos de força ± 2% Fatores que afetam a produção da força e potência Estruturais – relacionados com a fibra muscular propriamente dita: Área da seção transversal (AST) Tipo de fibra (I vs. II) Comprimento da fibra (relação comprimento-tensão) Disponibilidade de substratos energéticos Neurais – relacionados com a ativação das fibras pelo sistema nervoso Número de unidades motoras recrutadas Freqüência de estimulação Sincronização das unidades motoras Coordenação intermuscular Mecanismos inibitórios Pré-estiramento – potencialização através do estiramento rápido Área da Seção Transversal A força muscular apresenta uma alta relação com a área de seção transversal do músculo. Quanto maior for a AST maior será a força produzida pelo indivíduo. Ikay & Fukunaga, 1968 Sale, DG 1988. Neural adaptation to resistance training. Med Sci Sports Exerc. 20:S135 – S145. Área da Seção Transversal O treinamento de força muscular aumenta a AST aumentando a capacidade do indivíduo em produzir força. O aumento na AST pode ser causado por: Hipertrofia das fibras - cientificamente demonstrado por inúmeros estudos de treinamento com uma grande variedade de estratégias metodológicas. Hiperplasia das fibras - cientificamente demonstrado em aves e mamíferos mas não em seres humanos. Aumento do tecido conjuntivo que envolve as fibras musculares – sugestão a partir dos achados de estudo transversal. Ikay & Fukunaga, 1968 Phillips et al., 1997 Am J Physiol Elevação na Taxa de Síntese Protéica após Estímulo de Força Mecanismo da Hipertrofia Aumento do tamanho e do número das miofibrilas Goldspink, 1992 in Strength and Power in Sport Goldspink, 1992 in Strength andPower in Sport Aumento do número de filamentos de actina e miosina como resultado do treinamento de força Aumento da obliquidade dos filamentos devido ao crescimento das miofibrilas. A obliquidade da tração exercida sobre a Banda Z faz com que esta se rompa. Duas novas miofibrilas são formadas. Hipertrofia - Considerações Existe uma grande variação entre os indivíduos no que se refere à hipertrofia muscular – McDougal et al. (1986) encontraram um aumento médio na AST de 26% após treinamento de força, entretanto os valores máximo e mínimo foram de 49% e 3%, respectivamente. As fibras musculares do tipo II parecem ter uma maior resposta ao treinamento de força (hipertrofia seletiva das fibras tipo II) – fatores relacionados coma estrutura molecular, bem como a menor utilização de tais fibras nas atividades diárias são possíveis explicações de tal fenômeno. Ikay & Fukunaga, 1968 Hipertrofia – Considerações (Cont.) Parece existir um limite para o processo de hipertrofia – estudos com indivíduos altamente treinados em força acompanhados por períodos que variaram de 6 a 24 meses não encontraram aumento na AST (Alway et al., 1992; Hakkinen et al., 1987;1988) Quando um indivíduo treinado em força interrompe o treinamento, observamos uma queda gradual da AST. Entretanto quando o mesmo retorna ao treinamento a resposta parece ser mais acelerada (Staron et al. 1991) – alguns chamam tal fenômeno de memória muscular. Ikay & Fukunaga, 1968 • Tipo de célula que não se diferenciou no período embrionário • Importantes no processo de adição de núcleos durante o crescimento da fibra • Regeneração das fibras lesionadas com o treinamento • Fusão com a fibra para manter a relação núcleo/citoplasma Hipertrofia e Células Satélite Produção de Força e Tipo de Fibra Cometti, G. Los Métodos Modernos de Musculacíon (1998) pg. 50 A fibra do tipo II produz um pouco mais de força por AST que a do tipo I Em relação à potência, tal diferença é mais pronunciada devido à maior velocidade de encurtamento da fibra tipo II Indivíduos com maior percentual de fibras tipo II geram mais potência Tipo de Fibra e Modalidade Esportiva Noakes, TD (2002) Lore of Running Modificações nos Tipos de Fibra Grande influência genética na distribuição Conversão possível dentro dos subtipos Qualquer protocolo de treinamento de força transforma a fibra tipo IIb em IIa Conversão no tipo eletroestimulação inervação cruzada treinamento Komi et al., 1977 Acta Physiol Scand Relação Comprimento-Tensão A tensão produzida pela fibra muscular depende do seu comprimento Comprimento ótimo depende da disposição das proteínas contráteis no sarcômero O músculo monitora o número de sarcômeros pelo comprimento da fibra É possível mudar a ênfase de determinado exercício encurtando previamente um de seus agonistas Substratos Energéticos A disponibilidade de substratos energéticos influencia significativamente a capacidade de produção de força. A influência é maior na capacidade de resistir a uma carga elevada (no máximo de repetições com 80% de 1RM) do que na capacidade de realizar força máxima (1 RM). Os principais substratos energéticos para a atividade de força são o glicogênio muscular e a fosfocreatina (PC) e a sua participação percentual vai depender do protocolo de treinamento empregado (tempo do estímulo vs. tempo da recuperação). O treinamento de força a longo prazo é capaz de elevar significativamente a reserva muscular de glicogênio e PC (MacDougal et al., 1977 ). Substratos Energéticos Dietas que diminuem a ingestão de carboidratos diminuem significativamente o número de repetições realizadas com a mesma carga (Leveritt et al., 1999). É fundamental que os indivíduos envolvidos em programas de treinamento de força, tenham uma ingestão adequada de carboidratos para garantir a “qualidade” do treinamento. A suplementação de carboidratos e de creatina em indivíduos com uma ingestão normal aumenta o número de repetições realizadas com a mesma carga (Warber et al., 2002; Haff et al., 1999). A necessidade real de suplementação deve ser avaliada por um nutricionista em conjunto com os objetivos dos alunos e/ou atletas. Produção da Força - Fatores Neurais Diversos estudos demonstraram que o aumento experimentado na força devido ao treinamento era muito maior que o aumento verificado na AST. O treinamento em tais estudos durava em média de 8 a 12 semamas. O treinamento de um dos braços levava a ganhos significativos de força no braço não treinado (treinamento contralateral ou efeito cruzado). Esses achados sugeriram que fatores relacionado à ativação das fibras musculares pelo sistema nervoso melhoravam com o treinamento de força – Adaptação Neural. A adaptação neural parece ser a grande responsável pelo rápido ganho de força conseguido na fase inicial do treinamento Adaptações neurais • Aumento na taxa de disparo • Recrutamento de UM com altos limiares de excitabilidade • Aumento na co-contração dos antagonistas • Aumento da dimensão da junção neuro- muscular – Aumento do volume de neurotransmissores – Aumento do número de receptores sinápticos • Aumento no sincronismo das UM (coordenação intramuscular) Ativação Muscular A ativação muscular se refere ao número de unidades motoras recrutadas bem como à sua frequência de estimulação. Quanto maior o número de unidades motoras recrutadas maior a força produzida Quanto maior a frequência de estimulação maior a força produzida Diversos estudos encontraram um aumento do traçado eletromiográfico em resposta a um período de treinamento de força. Um maior traçado eletromiográfico pode indicar um maior recrutamento de unidades motoras bem como uma maior frequência de estimulação. Recrutamento das Unidades Motoras • As UM são recrutadas conforme o tamanho do motoneurônio – princípio do tamanho • I IIa IIb • Cargas leves recrutam apenas as unidades motoras que contém fibras tipo I • Movimentos balísticos “podem” inverter o princípio do tamanho Recrutamento de UM - Treinamento Pessoas destreinadas não são capazes de recrutar as unidades motoras de alto limiar de excitabilidade. Com o treinamento os indivíduos vão se tornando capazes de recrutar as unidades motoras de alto limiar aumentando a capacidade de produção de força. Frequência de estimulação e produção de força Com o aumento da frequência de estimulação a força muscular aumenta até atingir um máximo com 50 a 60 hz de frequência Maiores frequências não elevam a força máxima mas fazem com que esta seja atingida mais rapidamente O treinamento de força aumenta a frequência de estimulação Sincronização das UM Se refere à ação simultânea de diferentes UM em determinado movimento. Atletas de força apresentam uma maior sincronização das UM do que destreinados. Além disso um programa de treinamento de força aumenta a taxa de sincronização das UM (Milner-Brown, 1973). Não se sabe ao certo o papel da sincronização na produção da força muscular já que a força máxima pode ser atingida com estimulação sincrônica ou assincrônica. A sincronização das UM pode aumetar a taxa de desenvolvimento da força (força explosiva) Coordenação Intermuscular Se refere à interação entre os diferentes grupamentos musculares responsáveispela execução de determinado movimento. Para o desempenho da força o objetivo é encontrar a melhor coordenação dos diferentes grupamentos musculares que leve à maior produção de força em determinda direção (movimento desejado). A coordenação intermuscular é a responsável pelo que se chama especificidade dos ganhos em força – maiores aumentos na força acontecem nas condições em que esta foi treinada. Tal especificidade compreende: • Mecânica do movimento • Tipo de ação muscular • Velocidade do movimento Mecanismos Inibitórios Limite para a produção de força por mecanismo de proteção articular mediado pelo OTG – estrutura responsável por perceber a magnitude da tensão aplicada no tendão. Quando tensões muito elevadas ocorrem os OTGs, através de ação reflexa promovem uma inibição da ativação dos agonistas e uma maior ativação dos antagonistas diminuindo a força produzida. Foi sugerido que a hipnose pode parcialmente retirar os mecanismo inibitórios contribuindo com a produção da força. O treinamento da força pode, progressivamente, diminuir a ação do mecanismo inibitório possibilitando a produção de maiores valores de força muscular. Interação entre a hipertrofia e a adaptação neural nos ganhos de força Deschenes & Kraemer (2002) Am. J. Phys. Med. Rehabil. Pré-estiramento – Ciclo do Alongamento-Encurtamento (CAE) • É a capacidade da contração excêntrica (alongamento) em aumentar o poder da contração concêntrica (encurtamento) • O CAE ocorre na maior parte dos movimentos humanos. • Para a realização de uma mesma tarefa se tem um menor trabalho muscular fazendo com que se melhore a eficiência mecânica – menor gasto de energia. Pré-estiramento – Ciclo do Alongamento-Encurtamento (CAE) • Duas são as possíveis explicações para a melhor eficiência dos movimentos com pré-estiramento • Reflexo miotático – o estiramento rápido leva a uma ação reflexa de recrutamento de UM com o intuito de prevenir uma possível lesão. • Potêncial elástico – Os tendões e as pontes cruzadas podem ser estiradas, absorver energia e auxiliar na produção da força muscular. • É importante ressaltar que só o estirmanto rápido pode levar à potencialização da força pelo CAE
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