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COAGULAÇÃO SANGUÍNEA E FÁRMACOS ANTICOAGULANTES, FIBRINOLÍTICOS E ANTIPLAQUETÁRIOS


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• A hemostasia é a cessação da perda de sangue a partir de um vaso lesado. 
• As plaquetas aderem as macromoléculas nas regiões subendoteliais, devido as pontes 
de von Willebrand, onde são ativadas. Estas liberam substâncias que ativam outras 
plaquetas próximas, recrutando-as para o local da lesão, que se agregam para formar o 
tampão hemostático primário. 
• Além de iniciar a adesão e ativação plaquetária, a lesão na parede do vaso também 
expõe o fator tecidual (FT), que inicia o sistema de coagulação. 
• As plaquetas aderidas liberam mediadores químicos que são sinalizadores que se ligam 
aos receptores da membrana externa das plaquetas em repouso circulantes vizinhas. 
Esses receptores funcionam como sensores e as plaquetas previamente dormentes se 
tornam ativadas. Esse processo fornece uma superfície na qual os fatores de 
coagulação se reunem e levam a explosão de trombina (fator IIa). 
• A trombina converte o fibrinogênio a fibrina, que reforça o agregado plaquetário e o 
prende na parede do vaso, além de amplificar a ativação e a agregação planetária. 
• A medida que a ferida se cicatriza, a plaqueta se agrega, e os coágulos de fibrina são 
degradados. A via de remoção do coágulo, denomina-se fibrinólise. 
• A coagulação envolve reações com ativação de zimogênios. Em cada etapa, uma dessa 
proteína precursora (zimogênio) é convertida em uma protease ativa (proteólise). Os 
componentes em cada estágio incluem uma protease do estágio anterior, um zimogênio, 
um cofator proteico não enzimático, cálcio e uma superfície organizadora, 
proporcionada por uma superfície fosfolipídica ou pelas plaquetas ativadas. 
• O fator tecidual exposto aos locais da lesão da parede do vaso inicia a conagulação 
através da via extrínsecas. A pequena quantidade de fator VIIa circulante no plasma se 
liga ao FT, promovendo a ativação do fator X, o qual então converte a protrombina (II) 
em trombina (IIa). 
• A trombina promove a maior ativação de plaquetas via receptores de trombina e a 
formação de fibras insolúveis de fibrina por clivagem do fibrinogênio (último passo da 
cascata enzimática). 
• A fibrina, por sua vez, reforça o agregado plaquetário. 
Gabriela Reis Viol !
HEMOSTASIA
• O sistema fibrinolítico dissolve a fibrina intravascular por meio da ação da plasmina. 
• Os ativadores de plasminogênio (tecidual e urocinase) são liberados das células 
endoteliais por vários estímulos e convertem o plasminogênio em plasmina. 
• O sistema fibrinolítico é regulado de modo que os tombos desnecessários de fibrina 
sejam removidos, enquanto a fibrina é preservada nas feridas para manter a 
hemostasia. 
• Quando os tombos obstruem a maioria das artérias e veias, são administradas doses 
terapêuticas de ativadores de plasminogênio para degradar a fibrina e restaurar o fluxo 
sanguíneo. Em altas doses, eles promovem podem desencadear uma hemorragia. 
• Em circunstâncias normais, ocorre um delicado equilíbrio entre a coagulação e 
fibrinólise, para impedir tanto a trombose quanto hemorragias. 
 
• É uma condição patológica resultante da inadequada ativação dos mecanismos 
hemostáticos: forma-se um trombo dentro do vaso mesmo na ausência de um 
sangramento. 
• Existem 3 fatores (tríade de Virchow): 
- Lesão endotelial: quando uma placa de ateroma se rompe ou sofre erosão. 
- Estase sanguínea. 
- Hipercoagulabilidade: causada também pelo uso de AC orais. 
• O trombo pode ainda soltar-se do locarem que está aderido e flutuar pela circulação, 
formando êmbolo capaz de causar IAM, TVP, EP e AVC. 
OBSERVAÇÃO: O coágulo é uma trama difusa de fibrina na qual eritrócitos e leucócitos 
são aprisionados e o trombo é uma trama difusa de fibrina com predominância de 
plaquetas agregadas. 
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FIBRINÓLISE
TROMBOSE
• O endotélio vascular pode mudar focalmente de uma estrutura não trombogênica para 
uma trombogênica em resposta a diferentes necessidades. Normalmente, ele serve 
como uma estrutura não trombogênica pela presença de heparan sulfato (cofator da 
antitrombina, desempenhando um papel na prevenção da atividade planetária 
intravascular). E também tem um papel ativo na hemostasia, por meio da síntese e do 
armazenamento de componentes hemostáticos, como: fator de von Willebrand (adesão 
plaquetária), fator tecidual (coagulação) e inibidor da atividade de plasminogênio 
(estabilização do coágulo). 
HEPARINA 
• A heparina é um anticoagulante utilizado via parenteral e interfere agudamente na 
formação de trombas. 
• É uma macromolécula complexada com histamina e mastócitos, para uso comercial é 
extraída da mucosa intestinal suína. 
• A heparina não fracionada é administrada via IV, não possui atividade intrínseca, pois 
se liga a antitrombina III que inibe os fatores de coagulação. 
• É necessário monitoramento laboratorial por tempo de tromboplastina ativada, que 
avalia os efeitos inibitórios do fármaco na trombina e fatores Xa, XIa e XIIa. 
• Usada para tratamento de TVP, embolia pulmonar, tratamento de angina instável ou 
IAM. 
• Um dos seus efeitos adversos é o risco de sangramento (quanto maior a dose, maior o 
risco), além disso: trombocitopenia. 
• Quando usada durante a gravidez, deve ser interrompida 24 horas antes do parto. 
• A heparina de baixo peso molecular são fragmentos de heparina, administrada via 
subcutânea, faz a inibição do fator Xa e possui menor afinidade pelas proteínas 
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ANTICOAGULANTES
plasmáticas, aumentando sua biodisponibilidade, além de possui a meia vida mais 
longa. 
- Nadroparina (Flaxparina ®). 
- Enoxaparina (Clexane ®). 
• São tão seguras e eficazes quanto a heparina não fracionada, tem sido cada vez mais 
utilizada por não precisar do monitoramento. 
• Possui eliminação via renal, por isso é contra-indicada em pacientes com insuficiência 
renal. 
• Além disso, apresenta um menor risco de trombocitopenia. 
• Porém possui ação parcial em relação ao antídoto (sulfato de protamina). 
• Fondaparinux (Arixtra ®) é um pentassacarídeo sintético que realiza a inibição seletiva 
do fator Xa. 
• Não há antídoto eficaz. 
CUMARÍNICOS 
MECANISMO DE AÇÃO 
• São antagonistas da vitamina K. 
• Os fatores de coagulação precisam da vitamina K como um cofator para sua síntese 
pelo fígado. 
• O efeito da Varfarina leva vários dias, em razão do tempo necessário para ocorrer a 
degradação dos fatores de coagulação carboxilados pré-formados. 
• Polimorfismos genéticos dão aos pacientes maior ou menor sensibilidade aos fármacos. 
FÁRMACOS 
• Varfarina (Marevan ®). 
• Fenprocumon. 
• Acenocumaron. 
USO TERAPÊUTICO 
• Tratamento de manutenção do IAM, como profilaxia de um novo infarto. 
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• Prevenção do tromboembolismo venoso e outras doenças cardiovasculares (fibrilacao 
atrial, próteses alvares metálicas, cardioversão elétrica ou farmacológica, cardiomiopatia 
dilatada. 
• O uso terapêutico da Varfarina requer um equilibrio cuidadoso entre administrar muito 
pouco, deixando a coagulação sem verificação e em nível adequado ou em altas doses, 
provocando hemorragia. 
EFEITOS ADVERSOS 
• A varfarina não deve ser utilizada na gravidez. 
• Podem ocorrer graves efeitos quando há diminuição de captação de vitamina K ou 
redução do metabolismo do fármaco. 
• A suplementação de vitamina K pode ser necessária. 
• Distúrbios do TGI. 
• Dermatite urticariforme. 
• Alopécia. 
• Púrpura. 
CONTRA INDICAÇÕES 
• Dicrasias sanguíneas. 
• Aneurisma ou hemorragia cerebral. 
• HAS não controlada. 
• Ulcerações do TGI. 
• Cirurgias/traumas recentes. 
• Alcoolismo crônico. 
• Insuficiência hepática. 
ETEXILATO DEDABIGATRANA 
 PRADOXA ® 
• Bloqueia reversivelmente o local ativo da trombina. 
• Não necessita de monotonamente. 
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• Alternativa promissora para anticoagulação a longo prazo. 
• Usado na prevenção de tromboembolismo venoso após cirurgia ortopédica, prevenção 
de AVC decorrente de fibrilação atrial. 
• FATORES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE ANTICOAGULANTE: 
- Insuficiência renal. 
- Insuficiência hepática: há menor síntese dos fatores de coagulação, o que significa que 
irá potencializar os anticoagulantes orais. 
- Estados hipermetabólicos (febre e tireotoxicose): há maior degradação dos fatores de 
coagulação e, por isso, o efeitos dos anticoagulantes orais é potencializado. 
- Dieta rica em vitamina K: deve-se utilizar maiores doses de anticoagulantes, já que os 
efeitos ficam reduzidos. 
- Interações farmacológicas: alguns fármacos potencializam os efeitos dos 
anticoagulantes ou inibem o metabolismo hepático dos medicamentos. 
MECANISMO DE AÇÃO 
• Atuam na conversa de plasminogênio em plasmina, que hidrólise a fibrina e 
consequentemente o trombo. 
• A dissolução do coágulo e reperfusão ocorrem com maior frequência quando o 
tratamento é iniciado logo após a formação do trombo, pois ele se torna mais resistente 
a lise a medida que envelhece. 
• Um número maior de trombos pode ocorrer enquanto o outro se dissolve, para evitar 
essa situação utiliza-se antiplaquetários ou anticoagulantes. 
FÁRMACOS 
• Estreptoquinase: proteína extraída de culturas de estreptococos que ativa não só o 
plasminogênio ligado ao trombo, mas também o plasminogênio circulante. Apesar de 
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TROMBOLÍTICOS 
reduzir a taxa de mortalidade e possuir um menor custo, sua eficácia é inferior a dos 
trombolíticos fibrinoespecíficos. 
• Tenecteplase. 
• Alteplase. 
USOS TERAPÊUTICOS 
• Indicado para tratamento emergencial de IAM com supra de ST, pois promovem a 
degradação do trombo responsável pela oclusão da coronária, permitindo a reperfusão 
coronariana. 
• AVC trombótico. 
• Trombose arterial. 
• Tromboembolismo pulmonar. 
EFEITOS ADVERSOS 
• Hemorragias (AVC hemorrágico e sangramentos do TGI) 
• Hipotensão arterial. 
• Alergia. 
CONTRA INDICAÇÕES ABSOLUTAS 
• AVC hemorrágico prévio ou outros eventos cerebrais < 1 ano. 
• Neoplasia intracraniana. 
• Sangramento interno ativo. 
• Suspeita de dissecação de aorta. 
CONTRA INDICAÇÕES RELATIVAS 
• HAS não controlada. 
• Patologias cerebrais. 
• Uso de anticoagulantes. 
• Trauma recente < 2-4 semanas. 
• RCP prolongada e traumática. 
• Gravidez. 
• Úlcera péptica. 
• História de HAS grave. 
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• As plaquetas proporcionam o tampão hemostático inicial nos locais de lesão vascular. 
Elas participam também em tromboses patológicas, que levam ao IAM, AVE e a 
tromboses vasculares periféricas. 
• Estes fármacos atuam por meio de mecanismos distintos, porém seus efeitos são 
aditivos ou até mesmo sinérgicos, quando utilizados em combinação. 
 
 ASPIRINA 
 
MECANISMO DE AÇÃO 
• O ácido acetilsalicíclico é classificado como um anti-inflamatório não esteroidal (AINE). 
• É um fármaco de grande importância clínica por seu potencial cardiovascular, dado a 
sua capacidade de causar uma inibição prolongada e irreversível da COX-1 plaquetária 
e, assim, da produção de tromboxano A2 (TXA2), que é um agonista plaquetário. 
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ANTIPLAQUETÁRIOS 
• Como as plaquetas não sintetizam novas proteínas, a ação do AAS sobre a COX-1 é 
permanente, persistindo durante toda a vida da plaqueta. 
• Assim, o uso de doses repetidas de um AAS provoca efeito cumulativo sobre a função 
planetária, desempenhando uma função anti-agregante plaquetário e evitando formação 
de trombas. 
• O ácido araquidônico é uma substância das plaquetas proveniente de fosfolipídeos de 
membrana. Uma de suas vias de metabolismo inclui a da COX-1, que pode oxigená-lo e 
levar a formação de prostaglandinas e TXA2 (indutor lábil da agregação plaquetária) 
USOS TERAPÊUTICOS 
• Síndrome coronariana aguda (angina instável e IAM). 
• Insuficiência vascular cerebral. 
• Insuficiência vascular periférica. 
• Após cirurgia de revascularização do miocárdio. 
• Após angioplastia de coronária e/ou colocação de stent. 
• Fibrilação atrial. 
OBSERVAÇÃO: no tratamento emergencial do IAM, é utilizado para evitar maior 
agregação plaquetária no trombo, e, portanto, o agravamento do quadro isquêmico. No 
tratamento de manutenção do IAM, é utilizado para evitar a agregação plaquetária em 
placas de ateroma que possam vir a se desestruturar. 
EFEITOS ADVERSOS 
• Dor abdominal, náuseas, diarreia, úlceras gástricas, hemorragias. 
• Alergia. 
INIBIDORES DA ADP 
• Antagonistas do receptor de adenosina - P2Y12 - Tienopiridinas 
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MECANISMO DE AÇÃO 
• Inibição irreversível dos receptores P2Y12, que inibe a agregação plaquetária induzida 
por ADP. 
FÁRMACOS 
• Dipiradamol. 
• Clopidogrel (Plavix ®): aditivo ao efeito do AAS, utilizado também no tratamento 
emergencial do IAM. 
• Prosugrel. 
• Ticlopidina. 
• Ticagrelor. 
EFEITOS ADVERSOS 
• Neutropenia. 
• Diarreia, náuseas, vômitos. 
• Erupções cutâneas (rash). 
• Dispepsia. 
 INIBIDORES DA GLICOPROTEÍNA IIB/IIIA 
• São anticorpos monoclonais humanizados de elevado custo. 
• Essa glicoproteína é ativada pelos agonistas (trombina, colágeno, FvW, TXA2) 
plaquetários e induz a agregação. 
MECANISMO DE AÇÃO 
• Inibem os receptores da glicoproteínas IIB/IIIA e, assim, todas as vias de ativação de 
plaquetas. 
FÁRMACOS 
• Abciximabe. 
• Eptifibatida. 
• Tirofibana. 
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USO TERAPÊUTICO 
• Uso extensivo na angioplastia com ou sem implantação de stent. 
• Uso associado ao AAS e heparina para previnir reestenose e IAM recorrente. 
EFEITOS ADVERSOS 
• Hemorragia. 
• Trombocitopenia. 
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