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MECANISMOS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS AULA 1 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja muito bem-vindo à nossa primeira aula da disciplina de Mecanismos de Instituições Financeiras. Fique bem à vontade para estudarmos juntos. Mantenha sua mente relaxada e aberta aos novos conhecimentos. Esta Rota, tem como objetivo geral demonstrar os conceitos fundamentais que englobam a atividade econômica e os aspectos sobre a intermediação financeira. Por isso, iniciaremos abordando os fundamentos sobre a atividade financeira. Na sequência, faremos uma análise sobre a moeda e sua utilização. Além disso, aprenderemos a respeito de intermediação financeira e seus objetivos, assim como sobre as políticas do governo relacionadas ao tema. Para finalizarmos esta aula, estudaremos a respeito do mercado financeiro – o qual é de extrema importância para a sociedade e para as empresas. Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar interessantes durante as aulas, pois podemos criar associações e, consequentemente, gerar novas ideias. Desejamos a você um ótimo estudo! CONTEXTUALIZANDO Nos últimos anos, com as mudanças ocorrendo cada vez mais rápido, a complexidade dos negócios e operações do mercado financeiro aumentou devido à globalização, fusões, redução de custos, aumento da competitividade e clientes mais exigentes. Isso fez com que o profissional da área financeira também evoluísse. Você já trabalhou com o mercado financeiro e de capitais? Você pode achar que não, mas com certeza sim, pois tratamos diariamente com bancos, financiamentos e empréstimos. Quando pegamos recursos financeiros emprestado ou quando aplicamos dinheiro na poupança, estamos utilizando e participando diretamente do mercado financeiro. No cenário corporativo, isso não é diferente. Com a globalização, a competição acirrada entre as empresas e a redução das margens de lucro, utilizar o mercado financeiro a seu favor tornou-se uma atividade obrigatória. Por isso, o conhecimento sobre o mercado financeiro e de capitais pode auxiliar os gestores das empresas a tomarem decisões com base em informações e 3 visando o objetivo traçado pela organização. E por que estudar sobre isso? Conhecer como funciona o mercado financeiro e de capitais pode ser a diferença competitiva entre uma empresa e seu concorrente, pois isso pode dar acesso ao capital ou melhor: acesso à rentabilidade por meio de investimentos. Portanto, podemos aumentar o resultado da empresa acessando um capital mais “barato” e maximizando a rentabilidade dos recursos financeiros. Atualmente, o tema é de grande importância para as empresas, pois está diretamente relacionado com a competitividade e, consequentemente, com a perenidade das organizações. Por isso, a própria Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) possui uma categoria sobre o mercado de capitais em seu site <http://www.anbima.com.br/pt_br/informar/relatorios/mercado-de- capitais/boletim-de-mercado-de-capitais/boletim-de-mercado-de-capitais.htm>. PESQUISE Chegou a hora de pesquisar. Lembre-se de que conhecimento nunca é demais. Vamos buscar como funciona a atividade econômica e o mercado financeiro? E ainda, como surgiram os primeiros bancos? E também, por que será que o tema possui tanta relevância dentro das organizações? TEMA 1 – A ATIVIDADE ECONÔMICA Primeiramente, vamos compreender o que é a atividade econômica. A atividade econômica deriva das relações materiais entre os indivíduos, principalmente aquelas efetuadas dentro dos mercados. Todos nós estamos inseridos nessas relações, pois temos desejos materiais maiores do que os recursos disponíveis. Em outras palavras, nossos desejos materiais podem não ter um limite definido, porém, produzir bens e serviços oferece diversas limitações. Portanto, essa relação entre o desejo, produção, escassez e necessidade de escolha reside na causa da atividade econômica. Pensando ainda nessa relação, podemos considerar a existência de diversos agentes que, justamente, realizam o desejo ou produção dos bens e serviços, criando a conexão entre oferta e demanda. Segundo Tebchirani (2008), os agentes dos sistemas econômicos possuem uma função importante na relação entre oferta e demanda, e estão 4 divididos nos seguintes grupos: famílias, empresas, governos e setor externo. O mesmo autor ainda descreve que podemos considerar as famílias como sendo o potencial de recursos para a realização de atividades produtivas; as empresas produzem com o intuito de suprir a demanda das famílias; o governo utiliza as famílias como fornecedoras de empregados e consome um percentual da produção das empresas com o finalidade de disponibilizar bens e serviços à sociedade; e o setor externo se refere aos agentes de um país realizando transações econômicas com agentes de outros países. Além dos agentes, é importante ressaltar a existência de uma relação inversa entre a demanda de um produto e o seu preço. Existem vários fatores que podem influenciar na demanda de bens, sendo alguns deles: nível de informação do consumidor, o preço, a expectativa de preços futuros e a disponibilidade de capital. É também importante conhecermos sobre os bens e serviços e suas classificações. Portanto, segundo Pereira (2013, p. 20), os bens e serviços podem ser classificados como: De capital: são usados para fabricar outros bens e que não se degradam inteiramente no processo produtivo. Como exemplo temos máquinas, equipamentos e ferramentas. De consumo: de acordo com sua durabilidade são divididos em bens de consumo duráveis (eletrodomésticos e automóveis) e não duráveis (alimentação e roupas). São bens que atendem às necessidades das pessoas. Intermediários: recebem transformações novas com o intuito de se tornarem bens de consumo de capital, como a soja e o minério de ferro. Além disso, existem outros conceitos utilizados que são importantes para nosso conhecimento. Pensando na atualidade, existem três setores principais de atividade econômica: Setor primário: esse segmento consiste, principalmente, na extração de recursos naturais. Além disso, a produção agrícola, a pecuária e pesca também são consideradas atividades desse setor. Seu produto é utilizado como matéria prima para um produto industrializado. Exemplos de bens: soja, carvão, ferro, arroz e madeira. 5 Setor secundário: baseia-se na manufatura de bens primários (advindos do setor primário), gerando produtos industrializados que serão absorvidos pelo setor terciário. Exemplos de bens: veículos e alimentos industrializados. Setor terciário: esse setor é representado pelo fornecimento de serviços e comercialização de mercadorias para as pessoas físicas e jurídicas, ou seja, engloba as atividades de comércio e de prestação de serviço. Temos como exemplos: assessoria jurídica, serviços de saúde, telemarketing, turismo e a venda de mercadorias. Compreendeu a classificação? Bom, agora teremos conceitos parecidos e devemos evitar a confusão. Podemos classificar as instituições como: primeiro setor, representado pelo governo; segundo setor, associado às empresas que buscam o lucro; terceiro setor, baseado nas organizações não governamentais (as ONGs). Além dessas classificações, dentro da atividade econômica existem alguns fatores que são fundamentais para sua realização e que formam a relação trabalho, terra e capital. Conforme Pereira (2013, p. 22), o trabalho é constituído dos indivíduos disponíveis para trabalhar, que são a mão de obra dentro do sistema econômico. Já a terra, se refere aos recursos naturais disponíveis,e o capital pode ser considerado as riquezas acumuladas pela sociedade, sendo que com elas é possível se preparar para a realização das atividades produtivas. Pensando em um país, é importante realizar o acompanhamento de sua economia, inclusive sendo essas informações de grande valia para as pessoas físicas e jurídicas também. Por isso, esse acompanhamento pode ser realizado, por exemplo, por meio da renda gerada e da quantidade de criação de empregos. Uma das principais informações da atividade econômica em um país é o Produto Interno Bruto (PIB). Ele representa o somatório do valor de mercado da produção dos bens e serviços finais produzidos dentro do país em um período pelos residentes e não residentes. Para resumir nosso aprendizado neste tema, temos que a atividade econômica precisa dos agentes que acabam gerando demanda e produção dos bens e serviços, com as famílias determinando o consumo e as empresas a produção. Mesmo assim, todos os agentes podem ser, paralelamente, consumidores ou ofertadores de bens e serviço. Isso acaba gerando a 6 movimentação de recursos financeiros e riquezas entre os agentes da atividade econômica, formando um fluxo circular. Para a realização desse fluxo, é necessária uma ferramenta ou meio que possibilite e facilite essa transferência. Atualmente a moeda realiza essa papel. #ficaadica Como acompanhar a atividade econômica do país: O IBGE fornece em seu site todas as informações relativas ao PIB e economia, com o foco no que foi realizado (no que aconteceu). Acesse: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/defaultcnt.shtm>. TEMA 2 – MOEDA Quando falamos em moeda, o que vem à sua mente? Moedas de metal? Ou quem sabe, dinheiro? Quer saber, de forma simples, como surgiram os bancos? Vamos lá! Como vimos, para a realização do fluxo entre ofertadores e consumidores, é necessário algo que facilite o processo. Por isso, segundo Pereira (2013, p. 22), “A moeda pode ser definida como um conjunto de ativos financeiros de uma economia que os agentes utilizam em suas transações”. O viver em sociedade associado ao desejo do ser humano resulta em trocas. Os indivíduos que desejavam um produto ou serviço e que possuíam sobras de outro, necessitavam de um possível meio de receber aquilo que desejavam. Pensando na história da humanidade, a forma mais simples e primitiva de comércio era baseada em trocas. Essa prática era chamada de escambo e foi muito utilizada pela humanidade. Por exemplo, se alguém precisava de 20 litros de leite, para obtê-los, forneceria 1 Kg de mel. Claro que, por ser primitivo, com a evolução da sociedade e o aumento do número de trocas, o escambo gerava diversos desafios. Analisando de forma simples, percebe-se que havia o risco de não haver o mútuo interesse em realizar a negociação, pois conforme o exemplo anterior, o vendedor de leite pode não precisar de mel, mas sim de arroz. Além disso, a armazenagem de alguns produtos poderia não ser possível. Ademais, a dificuldade em precificar a troca, ou seja, quantos gramas de mel equivaleriam a 1 litro de leite? Imagine a tabela de trocas que o leiteiro deveria ter: 1 litro de leite = 100 gramas de mel = 2 quilogramas de soja = 1/2 galinha... 7 Note que o fracionamento também é considerado um desafio no escambo, pois muitos produtos não podem ser fracionados sem alterar seu valor. A necessidade de realização da permuta de produção excedente cresceu vertiginosamente e dificultou ainda mais as operações na sociedade. Podemos até citar a Roma Antiga, que em um período utilizou o sal como meio de troca comum – o que inclusive isso gerou o termo “salário”. Quando existe um produto como meio de troca comum, este é chamado de moeda-mercadoria. Seguindo a evolução da sociedade, a atração pelos metais preciosos aumentou e sua aceitação era comum. Com isso, os metais preciosos se transformaram em meio de troca comum. A partir daí, surgiram as primeiras moedas, as quais eram peças de metal que possuíam peso e valores definidos. Além disso, estas eram, de certa forma, certificadas com selos de quem realizou a emissão da moeda. Vale ressaltar aqui que o valor da moeda estava associado ao material com que ela foi cunhada. A moeda cunhada também solucionava diversos problemas encontrados na utilização do escambo, inclusive sua armazenagem. Diante desta facilidade de armazenagem, tivemos o surgimento das casas especializadas em armazenar a reserva de valor, e cobrando por isso. Elas geravam recibos dos valores depositados com a finalidade de retirada futura do recurso. Com o passar do tempo, esses recibos se tornaram meios para a aquisição de bens e serviços, gerando assim o papel-moeda. Refletindo de forma prática, os recibos eram partes de papel, que intrinsicamente não valiam muito (pois não eram feitos de metal precioso), porém, nos recibos existia uma assinatura de alguma organização que garantia ao seu detentor a posse de uma quantidade de ouro ou outro metal precioso, conforme o conceito chamado de lastro-ouro ou padrão-ouro. Isso gerava o valor do recibo, mas também dependia da credibilidade do emissor. Com essa organização, as casas que armazenavam moedas e metais iniciaram a disponibilização de empréstimos de dinheiro, cobrando juros, dando assim origem aos bancos. 8 Ademais, para garantir a credibilidade do emissor da moeda, os governos se transformaram e assumiram o papel de emissores exclusivos, por meio do conceito de banco central. Observe que aquele padrão-ouro (do qual falamos anteriormente), atualmente não é mais utilizado, e que a moeda utilizada por nós continua a não possuir valor intrínseco. Mesmo assim, com a evolução da moeda e percebendo que esta não está mais lastreada em ouro, surgiram novos tipos de moeda, como os cartões de débito e crédito, o vale refeição, o vale transporte e até mesmo as moedas virtuais, como o bitcoin. A evolução da moeda e da economia é incrível. Existem outros conceitos relacionados à moeda. De acordo com Pereira (2013, p. 29), há três razões essenciais que fazem com que as pessoas utilizem a moeda: 1. A necessidade de realização de transações bancárias visando ao atendimento das demandas cotidianas, pois as pessoas precisam manter saldo em caixa e realizar depósitos à vista, necessitando ter dinheiro disponível na conta bancária; 2. Ter liquidez, que em outras palavras significa que as pessoas necessitam ter a moeda para realizar transações; 3. Para realizar especulação, pois como a moeda possibilita a reserva de valor, pode ser utilizada para acúmulo ou especulação. Devemos entender que a moeda sofre os efeitos da inflação ou mesmo da deflação. Explicando de forma simplificada, a inflação reduz o poder de compra da moeda, ou seja, significa que hoje com R$ 50,00 posso comprar 50 pães, mas daqui a 6 meses com os mesmos R$ 50,00 comprarei apenas 40 pães. Como sabemos, o Banco Central (Bacen) possui a responsabilidade de emissão monetária. Normalmente, ele pode agir visando dois objetivos. O primeiro seria financiar o déficit público, ou seja, ele emite moeda para que o governo pague suas dívidas (banco central fiscal ou orçamentariamente dominado). Todavia, isso gera uma consequência, e qual seria? Com o aumento 9 da oferta de moeda, ou seja, mais dinheiro circulando, a inflação pode crescer. O segundo objetivo seria visar a estabilidade da economia, buscando assegurar as metas da inflação (banco central independente). Percebe quanta evolução? Quando você utilizar um app, um caixa eletrônico ou seu cartão de crédito, lembre-se que foi um longo caminho para chegarmos até aqui. #ficaadicaPara saber mais sobre bitcoins acesse: <https://www.bitcoinbrasil.com.br/o- que-e-bitcoin>. TEMA 3 – INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA Agora que já conhecemos sobre a atividade econômica e a moeda, que tal pensarmos na intermediação financeira? Dentro da sociedade, o recurso dos poupadores pode ser aplicado em algo produtivo. Quando isso ocorre, chamamos de investir, ou seja, aumentar a capacidade produtiva com o uso dos valores poupados tanto próprios quanto de terceiros. Sendo assim, temos a fundação da intermediação financeira, baseada em poupadores e investidores. Então, de maneira simples, a intermediação financeira é receber o recurso dos poupadores e remunerá-lo, ou emprestar esse recurso a alguém, recebendo uma remuneração maior, para que deseja consumir ou ampliar a capacidade produtiva. Figura 1: Intermediação financeira Note que todos nós utilizamos esses intermediários. Quem são eles? Os bancos. Na figura anterior, temos duas transações distintas: uma de captação de recurso por meio do intermediário e outra de empréstimo de recurso também 10 do ponto de vista do intermediário. Cada uma das transações possui remunerações diferentes. Claro que quando o banco realiza um empréstimo utilizando o recurso de um poupador, ele cobrará uma taxa de juros maior do que pagará ao poupador. Por exemplo, de forma simples, se um poupador aplica seu dinheiro no banco, o banco oferece pagar 1% a.m. de juros. Até aqui tudo bem. O banco pega o dinheiro do poupador e o empresta para outra pessoa, entretanto, cobrando uma taxa de juros de 3% ao mês. Com isso, essa diferença entre as taxas de juros (de captação e de empréstimo), que seria de 2% é a remuneração do banco por intermediar tal operação financeira. A nomenclatura utilizada para denominar essa remuneração é o spread bancário. Inserido nessa remuneração, normalmente, estão considerados os custos administrativos, de tributos, assim como um prêmio de risco de inadimplência. Percebam que na intermediação financeira os conceitos da matemática financeira são fundamentais, principalmente o de juros compostos. Vale notar também que para ser um poupador é necessário evitar gastar recursos hoje para que se receba mais amanhã. Por exemplo, você prefere receber R$ 1000,00 hoje ou R$ 1100,00 daqui a um mês? Isso está baseado na ideia de que o dinheiro possui valor no tempo, pois R$ 100,00 hoje não valerão o mesmo que R$ 100,00 daqui a um ano devido à uma taxa de juros, que pode ser considerada um fator de correção. Além disso, devemos considerar também a inflação, que consiste no aumento geral dos preços. A título de conhecimento, é interessante saber que, normalmente, o governo define um regime de metas para a inflação. “E quem deve buscar manter a inflação na meta?” É atribuição do Bacen controlar a taxa de inflação seguindo um nível tratado entre os órgãos governamentais para o desenvolvimento do planejamento econômico existente. Compreendeu a intermediação financeira? Vamos agora tratar das duas formas de intermediação: direta e indireta. A forma direta ocorre quando a instituição financeira une os poupadores e investidores em um contato direto, realizando apenas um serviço. Logo, os poupadores e investidores negociarão suas taxas e condições. Já a forma indireta é a mais comum em nosso cotidiano. Ela acontece quando um poupador aplica recursos em um Certificado de Depósito Bancário (CDB) de um banco, desconhecendo quem utilizará aquele recurso, não existindo um contato direto entre o poupador e tomador. 11 Voltando a mencionar o spread dos bancos, é relevante sabermos da existência de um item adicional dentro da composição do spread bancário: é o empréstimo compulsório exigido pelo Bacen. Isso faz com que quanto maior seja o percentual compulsório maior será o spread. E o contrário também é válido: caso o percentual compulsório seja menor, o spread tende a ser reduzido. Além disso, normalmente, os bancos fazem parte do sistema bancário e se comunicam entre si frequentemente, realizando trocas de seus excessos e falta de dinheiro por meio do mercado interbancário. Isso quer dizer que os bancos fazem operações entre si. Um banco empresta dinheiro para outro banco por meio do mercado interbancário. Pense que, se um banco sofre com muitos saques em determinado período, outro banco deve receber muitos depósitos, pois o dinheiro circula e, boa parte, acaba em outras contas bancárias. Portanto, aquele que recebeu os depósitos poderá emprestar para o que teve saques. A taxa de juros praticada no mercado interbancário é a taxa interbancária, que de certo modo, é utilizada como referência para as taxas de juros da economia. Por exemplo, em algumas aplicações bancárias, a remuneração será de 95% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), ou seja, a taxa de juros será baseada na taxa interbancária. Notem que o Banco Central possui influência na intermediação econômica, e por isso, em nosso próximo tema veremos as políticas governamentais no que tange à economia. Outro fato relevante é que a intermediação financeira cria um mercado. Esse mercado é conhecido como o mercado financeiro, último tema de nossa aula. #ficaadica Para saber mais sobre os depósitos compulsórios, leia: <https://www.bcb.gov.br/htms/novaPaginaSPB/compulsorios.asp>. TEMA 4 – POLÍTICAS DO GOVERNO As políticas governamentais da área econômica, conforme Pereira (2013, p. 33), são diretrizes responsáveis que buscam a evolução da economia, sendo 12 a função da autoridade pública essencial para gerir o controle monetário, fiscal, de câmbio e de geração de renda. O governo pode influenciar diretamente na economia de diferentes formas; por exemplo, reduzindo o dinheiro em circulação, ou aumentando a taxa de juros. Isso causa um impacto na economia e em nós, pois nosso acesso ao dinheiro fica mais difícil e custoso. E por que o governo interfere na economia? Normalmente para manter a sociedade estabilizada e para incentivar o crescimento econômico, pois, comumente, isso gera empregos, riquezas e melhor qualidade de vida para a população, inclusive reduzindo problemas sociais. Para isso, o governo realiza diversas políticas. Basicamente, a política monetária realiza o controle da oferta de dinheiro na economia. Ela possui o intuito de criar diretrizes relacionadas ao controle e gestão da circulação da moeda e do crédito, com o intuito de atender as necessidades da economia do país. A política monetária possui uma ampla abrangência e influencia diversos tópicos essenciais como o equilíbrio e expansão econômica, geração de emprego e metas de inflação. Ela pode ser categorizada em restritiva e expansiva. A política monetária restritiva representa a atuação do governo em um conjunto de medidas com o intuito de controlar a liquidez do sistema econômico, de forma a diminuir o crescimento da liquidez (quantidade de moeda) e aumentar o custo dos empréstimos. O governo pode fazer isso de diversas maneiras: Recolhimento compulsório: o Bacen realiza a custódia de uma parcela dos depósitos recebidos das pessoas pelas instituições financeiras. Isso reduz a liquidez da economia. Assistência financeira de liquidez: normalmente o Bacen empresta recursos financeiros aos bancos comerciais. Caso nesses empréstimos o prazo seja reduzido e a taxa de juros elevada, a taxa de juros aplicada na economia terá um aumento, também resultando na redução da liquidez. Venda de títulos públicos: nessa operação, o Bacen retira moeda da economia, pois essa é substituída pelos títulos, resultando na diminuição da liquidez. 13 A política monetária expansiva, porsua vez, é retratada por diretrizes que visam a aumentar a quantidade de moeda em circulação e reduzir o custo dos empréstimos, com a redução da taxa de juros. Isso fará, comumente, com que o consumo e os investimentos aumentem. Seguindo a lógica inversa da política restritiva, o governo utiliza dos seguintes recursos para atuar: Diminuição do recolhimento compulsório; Assistência financeira de liquidez: aumento de prazos e redução da taxa de juros; Compra de títulos públicos. Lembra-se da taxa de juros interbancária? Ela é considerada a taxa de juros básica da economia, e o Bacen pode interferir nessa taxa interbancária por meio de sua mesa de operações no sistema interbancário. O Bacen, por meio do Comitê de Política Monetária do Banco Central (o COPOM) estabelece a taxa de juros básica da economia aproximadamente a cada 40 dias. Esta taxa também é chamada de taxa SELIC, e ela define a taxa interbancária, que será referência para que o Bacen realize a compra e venda de dinheiro no mercado interbancário. O Bacen possui muita força, e por isso, quando ele deseja fomentar a demanda da economia, ele reduz a taxa do mercado interbancário, basicamente aumentando o dinheiro disponível nesse mercado ou nos bancos, realizando a compra de títulos públicos que estavam em posse dos bancos. Ou ainda, reduzindo o percentual compulsório, que é exigido no sistema bancário. O oposto também pode ocorrer, caso o Bacen deseje desestimular a demanda na economia. É muito comum o Banco Central utilizar essas ferramentas para controlar a inflação, pois o aumento da demanda na economia poder aumentar a inflação, assim como o desestímulo econômico pode retrair a inflação. Seguindo adiante com as políticas do governo, temos a política fiscal, que se refere às ações e medidas governamentais com o intuito de corrigir seus níveis de gastos e a carga tributária, influenciando a economia, isto é, fazendo a gestão e alinhamento das receitas (oriundas dos tributos) e dos gastos governamentais a fim de atuar na atividade econômica. Ela é utilizada para 14 reduzir as tendências de depressão (recessão acentuada) ou inflação. O governo necessita de recursos para pagar suas contas, e quanto maior o governo e seus serviços, maiores são seus gastos. Por isso, o governo cobra impostos para "bancar" toda esta estrutura. Para analisarmos a arrecadação do governo, podemos relacioná-la ao PIB, entendendo que do PIB temos um percentual que foi "utilizado" para tributos do governo, pois de tudo o que se produz no país, uma parte vai para o governo, para que então, retorne à sociedade na forma de serviços e investimentos públicos. A política fiscal pode também ser classificada como restritiva e expansiva, seguindo a mesma lógica da política monetária. A política fiscal restritiva é colocada em prática quando existe uma demanda maior que a capacidade produtiva da economia, no chamado "hiato inflacionário". Isso consequentemente levará ao aumento da inflação, pois o mercado não consegue atender a todos reduzindo os estoques. Para isso, as seguintes medidas são implantadas: Redução dos gastos públicos; Aumento da carga tributária sobre os bens de consumo, realizando um desestímulo nesses gastos; Incentivando o aumento das importações, reduzindo barreiras e tarifas. Por outro lado, o governo utiliza a política fiscal expansiva quando existe uma demanda menor do que a produção de pleno emprego. De maneira similar, isso é chamado de "hiato deflacionário", pois existe grande quantidade de estoques, gerando a redução no quadro de colaboradores e de estoques. Por isso, para conter esse cenário de desemprego, o governo aplicaria as seguintes ações: Elevação dos gastos públicos; Redução da carga tributária, como estímulo para o consumo e investimentos; Aumento das tarifas e barreiras para as importações, "protegendo" a produção nacional. O governo tem muitas formas de influenciar a economia. Além dessas duas políticas (monetária e fiscal), o governo ainda adota a política cambial, entre outras. 15 A política cambial pode ser considerada o conjunto de medidas e orientações visando ao equilíbrio econômico por meio da alteração das taxas de câmbio e controle das operações de câmbio. A taxa de câmbio se refere ao valor de moedas estrangeiras mensurada na moeda nacional. Por exemplo, um dólar é equivalente, agora em março/2017, a aproximadamente R$ 3,15. Conforme definição do Banco Central (2016) temos que a política cambial "É o conjunto de ações governamentais diretamente relacionadas ao comportamento do mercado de câmbio, inclusive no que se refere à estabilidade relativa das taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos. Agora que compreendemos, resumidamente, o cenário econômico, vamos conhecer o mercado financeiro inserido nesse contexto. #ficaadica Para saber quais as taxas em vigência: Taxa DI: <https://www.cetip.com.br/>; Taxa SELIC: <http://www.bcb.gov.br/Pec/Copom/Port/taxaSelic.asp>; Poupança: <http://www4.bcb.gov.br/pec/poupanca/poupanca.asp>. TEMA 5 – O MERCADO FINANCEIRO Aprendemos anteriormente, de forma sucinta, sobre os aspectos da atividade econômica e o que está relacionado a ela, inclusive as políticas governamentais. Agora, verificaremos o mercado financeiro. Como você deve saber, quando falamos em mercado, não é necessário a existência de um lugar específico. Ele pode ser virtual, como no caso da internet. Um mercado pode ser considerado como um processo em que existam pessoas querendo vender um produto ou serviço e pessoas que queiram comprar o que é oferecido. Trazendo esse conceito para a realidade financeira, temos que o mercado financeiro comercializa ativos financeiros, realizando a operação de intermediação financeira. Normalmente, quem compõe o mercado financeiro são poupadores (emprestadores) e tomadores de empréstimos. A remuneração pelo empréstimo 16 é conhecida como juros. Esse mercado permite a compra e venda de câmbio, valores mobiliários, mercadorias e outros ativos, mas grosso modo, é um mercado em que o dinheiro é comercializado. Com base na abrangência do mercado financeiro, há uma classificação, normalmente de uso didático. Figura 2: Classificações do mercado financeiro Mercado de crédito: é utilizado para atender necessidades de tomada e concessão de crédito de curto e médio prazo. Nele existem duas partes: a credora e a devedora. Normalmente a parte devedora são empresas que necessitam de capital de giro ou ativos permanentes, ou então são pessoas financiando seu consumo. É o mercado que acessamos quando precisamos financiar um carro, um imóvel ou ainda nossos gastos com o crédito rotativo do cartão de crédito. No mercado de crédito podemos apresentar como exemplo diversos produtos: cheque especial, empréstimo pessoal, leasing, hot money, desconto de recebíveis, operações de compror e vendor. Mercado monetário: é utilizado para negociações de curtíssimo e curto prazo, tendo como intuito o controle da liquidez dos meios de pagamento da economia. Há diversas ferramentas que o Bacen utiliza para isso. Podemos considerar que suas operações envolvem títulos do Tesouro Nacional, certificados de depósito interbancários, entre outros produtos. Mercado Financeiro Mercado Cambial Mercado de Crédito Mercado Monetário Mercado de Capitais 17 Mercado de câmbio: é o mercado que realiza operações de câmbio, ou seja, compra e venda de moedas estrangeiras. Nesse mercado, o Bacen também pode atuar comprando e vendendo moeda a fim de controlar ataxa de câmbio, por meio de oferta e demanda. Mercado de capitais: é o mercado que realiza operações de valores mobiliários (debêntures, ações e outros), gerando liquidez aos títulos emitidos por empresas, permitindo o processo de capitalização destas. Seu intuito é de criar um fluxo de capital das poupanças da sociedade direcionado para a indústria, comércio e demais atividades econômicas. Realiza operações de médio, longo e prazo indeterminado. Normalmente, possuem um ambiente de comercialização chamado de bolsa de valores. Alguns autores ainda citam outras classificações do mercado financeiro, mas podemos considerar as quatro mencionadas anteriormente como as principais. Compreende a abrangência e complexidade do mercado financeiro? É importante conhecê-lo, pois como gestor financeiro você deve acessá-lo sempre que necessário, tanto para realizar investimentos quanto para captar recursos, que são fundamentais para garantir a expansão e perenidade das empresas. Lembrando que nós, como gestores financeiros, devemos buscar o acesso ao capital de menor custo, pois isso poderá gerar um aumento de resultado da organização. Verificaremos que esse grupo de instrumentos e instituições atreladas ao mercado financeiro formam o sistema financeiro, tema de nossa próxima aula. TROCANDO IDEIAS A área econômica e financeira demanda muita leitura e informação. Por isso, na condição de gestores financeiros recomendamos a leitura diária de veículos de comunicação sobre economia e finanças, assim como o cadastro em blogs de seu gosto para receber atualizações do meio econômico. Outro fator importante, é o relatório Focus do Bacen, disponibilizado semanalmente por essa instituição. Nele constam projeções da inflação, taxa de juros e PIB, fatores que são fundamentais para a análise econômica. É possível acessá-lo em: <https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp>. Lembre-se de que para se gerir qualquer empresa é necessário tomar decisões e realizar o planejamento com base em informações. 18 SÍNTESE Como vimos, para se ter a atividade econômica de forma ativa, é necessária a atuação dos agentes econômicos: famílias, empresas, governo e setor externo. Para facilitar a troca e movimentação de recursos, a sociedade criou a moeda, que evoluiu de diversas formas. Dentro dos grupos de agentes existirão os poupadores e os tomadores de empréstimos, necessitando então da intermediação financeira para unir essas duas “pontas”. Logo, para controlar essas operações financeiras e influenciar diretamente sobre a economia, o governo se utiliza de diversas políticas (monetária, fiscal e cambial) para estabelecer seus interesses de controle da inflação e equilíbrio econômico. Com isso, o mercado financeiro, que comercializa ativos financeiros, além de receber influência governamental, pode ser classificado em quatro tipos: mercado cambial, mercado monetário, mercado de crédito e mercado de capitais. REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br>. Acesso em 23: mar. 2017. KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. PEREIRA, C. L. Mercado de capitais. Curitiba: InterSaberes, 2013. TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia micro e macro. Curitiba: Ibpex, 2008. MECANISMOS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS AULA 2 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Olá! Estamos entrando em nossa segunda rota de conhecimento. Fique bem à vontade, se estique e relaxe para que o aprendizado seja ainda melhor! Na rota anterior, vimos nossas bases conceituais, desde a atividade econômica até o mercado financeiro. Agora, seguiremos em frente. Esta rota será fundamental para compreendermos as próximas e, por isso, pedimos uma atenção especial a ela. Abordaremos diversos assuntos, todos relacionados com o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Iniciaremos com o estudo de sua estrutura. Depois, conheceremos os órgãos normativos desse sistema. Além disso, analisaremos tanto as entidades supervisoras, quanto os operadores inseridos no SFN. Para finalizar, conversaremos sobre a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é uma entidade supervisora desse sistema. Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar interessantes nas aulas, pois podemos criar associações e, consequentemente, gerar novas ideias – e isso é ótimo! Desejamos a você um excelente estudo! CONTEXTUALIZANDO Imagine se você pudesse controlar todo o sistema financeiro de um país. Seria necessário criar diversos órgãos tanto para normatizar e regular quanto para supervisionar, fiscalizar e operar tal sistema, inclusive para cada segmento de mercado. É com essa estrutura que o governo consegue realizar todas essas atividades e é por meio dela que o governo consegue influenciar a economia para atender seus interesses e objetivos. Portanto, conhecer como funciona o sistema e as instituições que fazem parte dele significa entender quem dita as regras do “jogo” econômico e financeiro. PESQUISE Conhecimento nunca é demais: vamos pesquisar sobre como o sistema financeiro brasileiro está estruturado. Será que a previdência complementar e os seguros se encaixam dentro desse sistema? Em caso positivo, todos eles devem 3 seguir as regras impostas pelos órgãos normativos. Por isso, é importante conhecermos todos os elementos do sistema financeiro nacional. TEMA 1 – ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Agora que já conhecemos um pouco mais a economia e o mercado financeiro, o que seria o Sistema Financeiro Nacional (SFN)? Segundo Kerr (2011), o SFN “é composto pelo conjunto de instituições e instrumentos financeiros que atuam no mercado com intuito de intermediar as transações entre os agentes econômicos superavitários e agentes econômicos deficitários.” Portanto, o SFN é formado de instituições responsáveis pela captação de recursos financeiros, distribuição e circulação de valores, assim como pela regulação desse processo. Simples assim. Para o bom funcionamento do mercado financeiro é necessária uma estrutura segura e confiável. Podemos considerar então que a função principal do SFN é estruturar o mercado financeiro. Conforme vocês imaginam, para atender o sistema, existem inúmeras instituições, e conheceremos cada uma delas nesta aula. De acordo com Pereira (2013, p. 59), o SFN é um dos segmentos mais regulamentados do mundo, pois é função do governo aumentar o volume de informação disponível aos participantes, garantindo assim que o sistema funcione de maneira adequada, melhorando o controle tanto sobre a oferta quanto sobre a demanda da moeda. O SFN possui uma estrutura organizada em órgão normativos, entidades supervisoras e operadores, conforme estrutura a seguir: 4 Quadro 1: Sistema Financeiro Nacional (SFN) Fonte: Baseado no site do Banco Central do Brasil. O Quadro 1 demonstra a estrutura do SFN hierarquicamente organizada da esquerda para a direita. Há três níveis de estruturas: órgãos normativos, entidades supervisoras e os operadores. Analisando também de forma vertical, temos três grandes blocos, um que se refere às atividades de intermediação financeira normatizado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), outro referente aos seguros privados e, por fim, o bloco que trata da previdência complementar. É importante saber que quando mencionamos sobre poupança, não nos referimos à caderneta de poupança, em que colocamos o dinheiro no banco rendendo X% ao mês. Poupança significa a disponibilidade de recursos que provêm da parcela não consumida da renda.Qualquer pessoa física ou jurídica que tenha uma poupança ou uma disponibilidade financeira pode efetuar um investimento, e pode fazer isso por meio dos operadores do mercado financeiro. 5 Em outras palavras: imagine que você é um poupador e que gostaria que seu dinheiro gerasse uma renda. Você pode recorrer a uma instituição financeira, pois ela aplicaria seu dinheiro com o compromisso de remunerá-lo de acordo com uma taxa ou índice. Claro que quem acabará arcando com essa remuneração será aquele que precisará do dinheiro emprestado pelo banco. Esse banco faz parte da categoria dos operadores do SFN, e ele é supervisionado pelo Banco Central, que por sua vez segue as normas do CMN. Ademais, podemos classificar o SFN em dois segmentos: normativo e operador. O segmento normativo é formado pelos órgãos normativos e entidades supervisoras, pois atuam normatizando e fiscalizando o sistema financeiro. Por sua vez, o operador é formado pelos operadores que realizam a intermediação financeira no SFN. TEMA 2 – ÓRGÃOS NORMATIVOS DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Agora que já conhecemos a estrutura do SFN, trataremos dos órgãos normativos do SFN. Primeiro, vamos definir o que é um órgão normativo. Normalmente, órgão normativo, como o próprio nome faz referência, é aquele que regula (cria normas) e controla o sistema ou subsistema. Há três órgãos normativos no SFN: Conselho Monetário Nacional (CMN), Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Vamos detalhar cada um dos conselhos. Conselho Monetário Nacional (CMN) Foi instituído pela Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Ele é considerado o maior poder deliberativo do SFN e possui a função de criar diretrizes e normas para que o este funcione de forma adequada. A abrangência das funções do CMN engloba a política monetária, fiscal, de crédito, entre outras, com o objetivo de gerar o progresso econômico e social do país. Além disso, ele deve criar a regulamentação das operações de crédito das instituições financeiras e da moeda, assim como do mercado de capitais. Fazem parte também de suas atribuições estabelecer as políticas de poupança e investimento, supervisionar suas reservas de câmbio e ouro, assim como o Bacen e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo Kerr (2011, p. 15), dentro de suas competências ainda encontramos a de regular as condições de 6 criação, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras. O ministro da fazenda é o presidente do CMN, que ainda é composto pelo ministro do planejamento, desenvolvimento e gestão e também pelo presidente do Bacen. Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) Foi criado pelo Decreto-Lei n° 73, de 21 de novembro de 1966. Este órgão tem como objetivo fixar as diretrizes e normas da política do segmento relacionado aos seguros privados, contratos de capitalização e previdência complementar aberta. Vamos entender cada um desses pontos. O mercado de seguros privados se refere aos serviços de proteção contra riscos. Os contratos de capitalização dizem respeito aos negócios em que o contratante deposita dinheiro para no futuro receber o que aplicou mais os juros e, ainda, concorrer a prêmios. Por fim, a previdência complementar aberta é uma forma de plano de aposentadoria, pensão ou poupança, sendo que ela funciona de forma diferente do regime geral de previdência. O presidente do CNSP é o ministro da fazenda. Além dele, fazem parte do conselho os representantes do Ministério da Justiça, do Ministério da Previdência Social, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, assim como pelo superintendente da Superintendência de Seguros Privados. Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) Instituição criada pelo Decreto n° 7.123, de 3 de março de 2010. Sua atribuição é de regulação do regime de previdência complementar gerido pelas entidades fechadas de previdência complementar. Esse conselho é destinado a regular a previdência fechada, que é direcionada apenas para funcionários de organizações. Ela está inserida no segmento dos fundos de pensão, que atua com planos de aposentadoria, pensão ou poupança para servidores públicos, colaboradores de empresas e integrantes de associações ou entidades de classe. O presidente do CNPC é o ministro da previdência social. Além dele, o conselho é formado por representantes da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar, da Casa Civil da Presidência da República, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, do Ministério da Fazenda, das entidades fechadas de previdência complementar, dentre outros. 7 #ficaadica Para saber mais sobre os conselhos: CMN: <https://www.bcb.gov.br/?CMN> CNSP: <http://www.fazenda.gov.br/institucional/conselho-nacional-de- seguros-privados> CNPC:<http://www.previdencia.gov.br/a-previdencia/orgaos- colegiados/conselho-nacional-de-previdencia-complementar-cnpc/>. TEMA 3 – ENTIDADES SUPERVISORAS Agora que aprendemos sobre os órgãos normativos, vamos avançar para as entidades supervisoras. O objetivo das entidades supervisoras é trabalhar para que os integrantes do sistema financeiro e os cidadãos cumpram as regras que foram estabelecidas pelos órgãos normativos. Visualizando a estrutura do SFN, verificamos a existência de quarto entidades supervisoras: Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (Susep) e Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Diante dessas entidades, percebemos que para supervisionar os mercados de moeda, crédito, capitais e câmbio existem duas entidades distintas. Por isso, vamos saber mais sobre todas elas. Banco Central do Brasil (Bacen) Criado pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Pode ser considerado o principal executor das orientações do CMN. Além disso, possui como responsabilidade garantir o poder de compra da moeda. Como objetivos, podemos citar: Administrar a liquidez da economia; Gerenciar as reservas internacionais em nível adequado; Fomentar a formação de poupança; Buscar a estabilidade e realizar a melhoria contínua do sistema financeiro. 8 Conforme a Lei 4.595, as atribuições do Bacen são: Emitir papel-moeda e moeda metálica; Executar os serviços do meio circulante; Receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias; Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais; Exercer o controle de crédito; Exercer a fiscalização das instituições financeiras; Autorizar o funcionamento das instituições financeiras; Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras; Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; Controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país. Diante de todas esses objetivos e atribuições, percebemos o quão importante é o Banco Central para a economia. Comissão de Valores Mobiliários (CVM) A CVM foi criada pela Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e possui como objetivos a fiscalização e normatização, além de disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários do país. A CVM é uma autarquia em regime especial, com personalidade jurídica e patrimônio próprio,vinculada ao Ministério da Fazenda e com autoridade administrativa independente. Conforme a Lei citada anteriormente, a CVM tem como objetivo: Fomentar a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários; Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais; 9 Assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados de bolsa e de balcão; Proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra: Emissões irregulares de valores mobiliários; Atos ilegais de administradores e acionistas das companhias abertas ou de administradores de carteira de valores mobiliários; O uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários. Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no mercado; Assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários negociados e as companhias que os tenham emitido; Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores mobiliários; Assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. Além disso, a CVM, elabora informativos, estudos e pesquisas nos quais analisa elementos necessários para o estabelecimento de políticas e medidas visando a promoção do desenvolvimento do mercado. Ademais, ela poderá examinar registros contábeis, livros e documentos de pessoas físicas e jurídicas sujeitas à sua fiscalização, e até intimá-las a prestar declarações sob pena de multa, assim como requisitar informações de órgãos públicos, apurando infrações e aplicando penalidades. A CVM é, portanto, uma entidade com muito poder. Por isso, quando atuamos no mercado de capitais, devemos seguir as regras determinadas, senão teremos problemas. Como os seguros privados e a previdência complementar não são o foco do nosso estudo, as atribuições das superintendências relacionadas não serão descritas. Superintendência de Seguros Privados Esta superintendência foi criada pelo Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. É o órgão que tem por responsabilidade o controle e 10 fiscalização dos mercados de seguro, capitalização e previdência privada aberta. Além disso, também é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. Superintendência Nacional de Previdência Complementar Foi instituída pela Lei nº 12.154/2009, com o objetivo de fiscalizar e supervisionar todas as entidades fechadas de previdência complementar, assim como de efetuar políticas para o regime de previdência complementar. É uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Previdência Social. Você deve estar espantando com a quantidade de entidades, e realmente são muitas. Porém, são essas entidades que determinam todo o funcionamento do mercado financeiro e de capitais e inclusive as punições aos infratores. Por exemplo, para uma empresa listada na Bolsa de Valores que comete irregularidades, não cumprindo as regras da CVM e do CMN, a CVM pode determinar punições, como multas. Por isso, sempre esteja atento às normas e regulamentações que regem o segmento de mercado no qual trabalha. #ficaadica A CVM disponibiliza diversas informações das companhias de capital aberto, entre outras: <http://sistemas.cvm.gov.br/?CiaDoc>. TEMA 4 – OPERADORES Agora que já estudamos as entidades supervisoras, avançaremos para os operadores do SFN. Os operadores são compostos pelas instituições que atendem diretamente o público, tendo o papel de intermediário financeiro. São fiscalizados pelas entidades supervisoras e normatizados pelos órgãos normativos. Nosso enfoque será nas entidades que compõem o segmento de moeda, de crédito, de capitais e de câmbio; todavia, é interessante conhecermos os operadores relacionados aos mercados de seguros privados e de previdência complementar. Como operadores regulados pelo CNSP e sob a supervisão da Susep, temos três categorias de instituições: seguradoras e resseguradores, entidades abertas de previdência e sociedades de capitalização. Como operadores do segmento de previdência complementar, podemos citar as entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão). 11 Vamos detalhar os operadores que atuam nos mercados de moeda, de capitais, de câmbio e de crédito. Nesse caso, temos duas categorias de operadores: aqueles que são supervisionados pela CVM e os que são supervisionados pelo Bacen. Considerando o mercado de capitais supervisionado pela CVM, existem dois tipos de operadores: a bolsa de valores e a bolsa de mercadorias e futuros. Bolsa de valores Conforme a Resolução do CMN nº 2.690, de 2000, a bolsa é composta por sociedades anônimas ou associações civis, com o intuito de manter um local ou sistema adequado ao encontro de seus membros e à comercialização de títulos e valores mobiliários entre eles, sendo em mercado livre e aberto, organizado e fiscalizado pela CVM. Além disso, a bolsa de valores possui autonomia financeira, patrimonial e administrativa. No Brasil, a BM&FBovespa atua mediante a supervisão da CVM. Ela também fornece diversas informações interessantes em seu site, inclusive apresenta a cotação e gráficos das ações das empresas listadas: (<http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/index.htm>). Bolsa de mercadorias e futuros Constituída por associações privadas civis que possuem como objetivo realizar o registro, a compensação e a liquidação física e financeira das operações de derivativos realizadas em um sistema eletrônico ou pregão. Também possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, sendo supervisionadas pela CVM. Trataremos mais detalhadamente sobre a bolsa de valores e assuntos relacionados a ela nas próximas aulas. Corretoras São instituições financeiras credenciadas pelo Bacen, pela CVM e pela Bolsa. Possuem um papel importante para o usuário do SFN. São empresas credenciadas para negociar valores mobiliários em pregão. Elas também podem ser caracterizadas como intermediárias especializadas na execução de ordens e operações por conta própria e determinadas por seus clientes. Ademais, as corretoras prestam serviços como: Assessorar a abertura de capital e emissão de debêntures das empresas; 12 Intermediar operações de câmbio e renda fixa; Assessorar na seleção de investimentos. Ademais, as corretoras contribuem para um fundo de garantia mantido pelas bolsas de valores, que visa a garantir a seus usuários uma eventual reposição de títulos e valores negociados em pregão, assim como atender a outros casos que constam na legislação. Normalmente, as corretoras cobram taxas e percentuais mais atraentes que os bancos. Agora, com relação aos operadores bancos supervisionados pelo Bacen, existem diversas categorias, sendo banco múltiplo, comercial, de câmbio, de desenvolvimento e de investimento. Trataremos aqui de alguns bancos e outros operadores: Bancos múltiplos Foram estabelecidos pela Resolução do CMN nº 2.099, de 1994. São instituições financeiras públicas ou privadas e devem ser constituídos com, pelo menos, duas carteiras, sendo uma delas de banco de investimento ou comercial. Bancos comerciais Foram estabelecidos pela Resolução do CMN nº 2.099, de 1994. Eles são instituições financeiras públicas ou privadas com a finalidadeprincipal de disponibilizar recursos para o financiamento de curto e médio prazo dos setores de comércio, serviço, indústria e também à população. Ademais, como atividade exercida, eles realizam a captação de depósitos à vista ou a prazo. Cooperativas de crédito Instituições financeiras compostas por uma associação de indivíduos que desejam prestar serviços financeiros de forma a atender exclusivamente seus associados. Em uma cooperativa, os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários (clientes) da cooperativa, contribuindo com a sua gestão. Esse é um ponto interessante da cooperativa: quando você abre uma conta em um banco, você não ganha ações daquele banco, ou seja, você não é dono do banco. Já nas cooperativas, quando você abre uma conta, você também se torna associado e dono. 13 Bancos de investimento Instituídos pela Resolução do CMN nº 2.624, de 1999, são instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, de gerenciamento de recursos de terceiros, assim como de financiamento de capital fixo e de giro. Bancos de desenvolvimento Instituídos pela Resolução do CMN nº 394, de 1976, são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais. Possuem como objetivo disponibilizar adequadamente recursos necessário para o financiamento, de médio e longo prazo, de projetos que tenham como intuito a promoção do desenvolvimento econômico e social do estado. Bancos de câmbio Determinados pela Resolução do CMN nº 3.426, de 2006, eles são instituições financeiras autorizadas a negociar tanto operações de câmbio e operações de crédito vinculada às de câmbio, quanto financiamentos, operações de importação e exportação e adiantamentos sobre contratos de câmbio. Ou seja, eles são autorizados a realizar operações que envolvam moedas estrangeiras. Caixa Econômica Federal Criada em 1861, está regulada pelo Decreto-lei nº 759, de 12 de agosto de 1969. É uma empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda. Assim como um banco múltiplo ou comercial, ela realiza operações de depósitos à vista e com cadernetas de poupança, priorizando a concessão de empréstimos e financiamentos para as áreas de saúde, assistência social, educação, trabalho, entre outras. É importante ressaltar que existem inúmeros operadores supervisionados pelo Bacen, mas que não são instituições bancárias. Como exemplo, podemos citar: agências de fomento; associação de poupança e empréstimo; companhia hipotecária; sociedade de crédito, financiamento e investimento; sociedade de crédito imobiliário; sociedade de arrendamento mercantil e sociedade de crédito ao microempreendedor. 14 As administradoras de consórcios e corretoras são instituições que também estão sob supervisão do Bacen. Notem que conforme a definição, todos nós temos acesso aos serviços financeiros por meio dos operadores. Então, se por acaso você tiver problemas com a bolsa de valores, saiba que ela é supervisionada e disciplinada pela CVM e, por isso, é possível protocolar reclamações no próprio site da CVM. Com isso, concluímos esta apresentação das organizações que compõem o SFN e seu funcionamento. É bastante informação, correto? Mas lembre-se que quando necessitar de informações sobre o SFN, o próprio Bacen disponibiliza em seu site. TEMA 5 – SISTEMAS E CÂMARAS DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA Após conhecermos um pouco mais sobre o SFN, abordaremos um assunto menos conhecido, mas essencial para o mercado de capitais: os sistemas e câmaras de liquidação e custódia. Primeiramente, acreditamos ser importante compreendermos sobre liquidação e custódia. A liquidação pode ser considerada como o pagamento e/ou a extinção de uma dívida (obrigação). Já a custódia possui o significado de guarda e proteção. Logo, percebemos que a função dos sistemas e câmaras que abordaremos é a de pagamento e guarda de algum ativo. Portanto, segundo Pereira (2013, p. 69), o sistema de liquidação e custódia objetiva a organização da transferência e liquidação dos títulos públicos e privados negociados no mercado financeiro. Para entender o papel dessas organizações, imagine que você adquiriu ações de uma empresa listada na bolsa de valores. Você recebe essas ações e guarda em seu cofre? Não. E se você comprar ouro no banco, você recebe o metal e o guarda em um cofre? Também não. Hoje, você paga pelo serviço de custódia, ou seja, pela guarda e proteção das suas ações e do ouro. Além disso, quem garante que o registro da ação está em seu nome? O sistema de liquidação e custódia. Atualmente, você acessando o sistema verificará quantas ações possui e de quais empresas. Se quiser vender as ações, a operação 15 também será realizada via sistema. Felizmente estamos bem avançados quanto a isso: os sistemas facilitaram e tornaram os processos muito mais rápidos e eficientes. A seguir veremos quais são os principais sistemas do mercado financeiro. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) O SELIC é o depositário central dos títulos que formam a dívida pública federal interna, e que são emitidos pelo Tesouro Nacional, realizando o processamento, emissão, resgate, pagamento e a custódia destes títulos. Por isso, quando você compra títulos públicos federais, o SELIC entra em cena para realizar o processamento e as outras atividades derivadas da compra. Podemos citar que os títulos mais importantes custodiados pelo SELIC são: Tesouro IPCA+ (NTNB), Tesouro Prefixado (LTN) e o Tesouro Selic (LFT). Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) A Cetip é a integradora do mercado financeiro, sendo uma empresa de capital aberto que disponibiliza serviços de registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos, principalmente títulos e valores mobiliários de renda fixa. Vale lembrar que ela realiza o processamento daquelas transferências bancárias que fazemos no dia a dia – o TED e o DOC – e ainda registra os CDBs (Certificado de Depósito Bancário) e títulos de renda fixa, além de muitos outros serviços. Quando você aplica recursos em um CDB ou LCI, por exemplo, é interessante saber que, para garantir que a corretora ou banco registrou em seu nome os títulos que você adquiriu, quem poderá fornecer essa informação é a Cetip. Inclusive existe um site que permite uma consulta quanto aos registros vinculados ao CPF ou CNPJ: <https://www.cetipmeusinvestimentos.com.br/marketing>. Diferente do SELIC, os títulos, privados de renda fixa custodiados na Cetip são: as debêntures (títulos emitidos por empresas), CDBs (títulos emitidos por bancos), LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio, emitidos por bancos), Letras Hipotecárias e outros. Notem que existem inúmeros produtos no mercado financeiro e que muitas vezes não temos conhecimento. Claro que o gestor financeiro deve conhecer boa parte deles para que possa realizar investimentos (lado esquerdo do balanço patrimonial, ativo, bens e direitos) e 16 captar recursos (lado direito do balanço patrimonial, passivo, obrigações) de forma a aumentar o resultado e garantir a perenidade da organização. Câmara de Ações ou Antiga Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) É a responsável pela liquidação das operações no mercado de ações, assim como a compensação, liquidação, custódia e controle de risco para mercados à vista, a termo e de opções, sobre os quais conversaremos nas próximas aulas. Por isso, trabalha em função da BM&FBovespa. Ela realiza a custódia das ações das empresas S/A de capitalaberto, debêntures, certificados de privatização, cotas dos fundos imobiliários e outros. Por isso, quando você compra ações de uma empresa, quem realizará a custódia dessas ações será a Câmara de Ações, e será nela que você deverá consultar se a corretora ou banco realizou a compra das ações solicitadas. Pensando em compensação, liquidação e resgate de títulos e ações, é importante conhecermos uma forma utilizada pelo mercado que determina o período da liquidação: o termo D+0, D+1, D+2 e assim por diante. Essa sigla representa em quanto tempo o dinheiro estará disponível. Por exemplo, em D+0, significa que a partir da minha solicitação de resgate, o recurso estará disponível no mesmo dia. Já o D+2, significa que o dinheiro será disponibilizado apenas dois dias após minha solicitação. Conhecemos nesta aula muitas entidades e nomenclaturas: sim, o sistema financeiro é complexo e organizado. Mas não se preocupe, esses conceitos são bases para as próximas aulas e nelas estudaremos sobre informações e processos que estão ou podem estar mais próximos do nosso cotidiano. Mesmo assim, observe que o mercado financeiro oferece muitos produtos para as duas “pontas”: tanto para quem precisa de capital, quanto para os poupadores. Pensando no âmbito corporativo, isso contribui com o desenvolvimento das empresas, pois uma empresa que precisa investir, mas não possui recursos, pode buscar capital no mercado financeiro. Por outro lado, uma empresa que possui caixa e não tem planos de investir esse capital em sua própria operação, pode investir neste mesmo mercado financeiro. Como sabemos, o dinheiro possui valor no tempo, e mantê-lo parado na conta corrente 17 ou no caixa significa deixar de ganhar receitas financeiras. Ele deve ser aplicado – ao menos no mercado financeiro. Diante do que aprendemos, podemos imaginar o tamanho desse mercado colossal e do montante movimentado diariamente. Por isso, é necessário que o SFN seja muito organizado e estruturado, e forneça segurança e eficiência para contribuir com o desenvolvimento econômico do país. #ficaadica Hoje o Tesouro Nacional possui um app para que qualquer pessoa cadastrada possa comprar e vender títulos públicos federais. Para saber mais, acesse <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto#menu>. TROCANDO IDEIAS Caro aluno, não hesite em buscar o conhecimento. Aproveite os buscadores de conteúdo e a internet, que nos permite o acesso aos mais diversos conhecimentos de forma rápida e eficiente. Além disso, a própria internet fornece sistemas gratuitos para acompanhamento dinâmico de informações e que realizam análises automáticas. Se ficou com alguma dúvida ou querendo saber mais de um determinado assunto, vá buscar esse conhecimento. Quando necessitar conhecer as normas e funcionamento de alguma instituição do SFN, busque a legislação vigente. O próprio site do Banco Central do Brasil possui inúmeras informações. Portanto, quando algum banco ou instituição oferecer algum produto do mercado financeiro que você não conheça, busque a informação, ainda mais que de tempos em tempos surgem novos produtos e serviços. É importante que você, gestor financeiro, saiba melhor do que ninguém em quais produtos investir o seu dinheiro ou o dinheiro da empresa sob sua gestão, pois você conhece a fundo os objetivos pessoais e empresariais. Muitos gestores acabam pagando e terceirizando essa atividade tão importante. Por essa razão, vá em busca do conhecimento para que você não dependa de terceiros para investir, ou mesmo para realizar a captação de recursos. 18 SÍNTESE Como vimos nesta Rota, o Sistema Financeiro Nacional é uma estrutura complexa formada por diversas instituições e que possui como objetivo organizar e controlar todo o mercado financeiro. Dentre as instituições que formam o SFN, temos os órgãos normativos, que criam as normas e diretrizes para o sistema funcionar. Abaixo deles, estão as entidades supervisoras, que têm como finalidade realizar a supervisão e o controle dos operadores, e verificar se estão seguindo as normas determinadas pelos órgãos normativos. Por fim, na estrutura do SFN, temos os operadores, que são as instituições que realizam o atendimento do público em geral, para que tenham acesso ao mercado financeiro. Como operadores, temos as instituições mais populares, que são os bancos, a bolsa de valores, as seguradoras, entre outros. Como último assunto de nossa aula e que está diretamente ligado ao mercado financeiro, vimos a atuação dos Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia, que, de modo sucinto, realizam o registro, compensação, liquidação e custódia de títulos e outros ativos. REFERÊNCIAS BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 24 mar. 2017. KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. PEREIRA, C. L. Mercado de capitais. Curitiba: Intersaberes, 2013. MECANISMOS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS AULA 3 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à nossa terceira rota de aprendizagem. Vamos iniciar mais um assunto: “financiamento de empresas e o mercado acionário”. Sabemos que as empresas precisam de capital para investir ou mesmo para fazer suas operações “girar”. Por isso, nesta rota veremos os aspectos que envolvem do financiamento de empresas até sua captação de recursos no mercado de capitais, por meio de debêntures e ações. Além disso, esses produtos podem ser formas de investimento, tanto para empresas quanto para pessoas físicas compradoras. Iniciaremos pelo detalhamento sobre o mercado de capitais, para assim conversarmos sobre o financiamento de empresas. Depois disso, abordaremos as debêntures e ações de empresas. Para finalizar a rota, discutiremos sobre o mercado primário e mercado secundário. Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar interessantes durante a aula, pois podemos criar associações e, consequentemente, gerar novas ideias. Desejamos a você um ótimo estudo! CONTEXTUALIZANDO Sabemos que diariamente o mercado de capitais movimenta bilhões de reais no Brasil. Com o aumento da complexidade das operações de capitais devido à globalização e à maior competição nos mercados, o maior desafio se encontra em proporcionar o acesso às informações e a comercialização dos produtos, de forma rápida e eficiente. Porém, isso não é tarefa fácil. E quais seriam esses principais produtos do mercado de capitais? As debêntures e as ações de empresas. Caso uma empresa necessite de capital para realizar sua expansão e investir em suas operações, estes dois produtos possibilitam essa captação de capital. O primeiro por meio de títulos de dívida, e o outro por meio da venda do capital da empresa. Por outro lado, uma pessoa física ou jurídica poderá adquirir essas ações e debêntures como forma de investimento, visando tanto à valorização das ações e o recebimento de dividendos, como à remuneração de juros das debêntures. Diante disso, é interessante que o gestor financeiro conheça todos os produtos existentes no 3 mercado financeiro, tanto de captação de recursos como de investimento, para selecionar o mais adequado à sua realidade e aos seus objetivos, favorecendo assim sua estratégia e a melhora no resultado da organização. Pesquise Vamos buscar entender sobre como as empresas realizam seu financiamento: quais são os produtos mais acessados? E as empresas S.A. de capital aberto: como elas realizam a captação de recursos no mercado de capitais? Podemos também buscar o porquêde usar o mercado de capitais em ambos os lados: captador ou investidor. Isso nos fará compreender um pouco mais sobre esse mercado e seus produtos. TEMA 1 – FINANCIAMENTO DE EMPRESAS Imagine que você é o gestor financeiro de uma empresa, e está sendo indagado pelo presidente sobre se seria possível captar 10 milhões de reais para o desenvolvimento de um novo projeto. Você teria a obrigação de levantar as opções que a empresa possui para tal captação, assim como suas consequências, custo, prazos e exigibilidades. Percebeu a responsabilidade? Esse tipo de necessidade de captação é muito comum nas empresas, pois elas precisam investir constantemente, tanto em busca de expansão quanto para manter suas operações em funcionamento e capital de giro. O gestor financeiro possui dois tipos de recursos para captar: capital próprio ou capital de terceiros. Para captar capital próprio, ele terá que convencer e provar para os sócios da empresa quanto à necessidade desse capital e, ainda dependerá do fato de se estes sócios possuem capital disponível. Quanto ao capital de terceiros, o gestor financeiro pode buscar no mercado financeiro, tanto de crédito quanto de capitais. Podemos pensar que o capital de terceiros é pior, pois a empresa ficará endividada, mas nem sempre é assim, pois os proprietários dividem o risco da empresa com terceiros. E lembre-se, a empresa sempre estará endividada, tendo como credores os sócios e terceiros, ou você acha que os sócios não querem ser remunerados por meio de juros e de outras formas? Você, como gestor financeiro, deve compreender que as decisões de investimento devem estar associadas às decisões de financiamento e levantar possibilidades de captação é fundamental para obter o capital mais próximo dos 4 termos desejados, resultando assim em uma melhor gestão financeira e, consequentemente, em melhores resultados. Pensando em financiamento com capital de terceiros, o mercado de crédito oferece muitos produtos, como operações de compror, vendor, linhas de capital de giro, linhas subsidiadas pelo BNDES, financiamentos para exportação e importação, entre muitos outros produtos. Por outro lado, o mercado de capitais possibilita a captação de recursos por meio da emissão de títulos de dívida e a venda de ações da organização, resultando assim na diminuição da participação do capital da empresa dos acionistas. Normalmente, essas formas são acessíveis e utilizadas por empresas de grande porte. No entanto, já existem meios para que organizações menores consigam captar recursos com base no mercado de capitais. Claro que o gestor deve levar em conta os aspectos que envolvem o custo do capital (juros, impostos e taxas), prazos e formas de pagamento, garantias e, em alguns casos, o sistema de amortização. Existem também outros terceiros que podem facilitar ou até mesmo auxiliar no financiamento de empresas: o governo e fornecedores. Vamos imaginar que você, como gestor financeiro de uma nova operação, necessita levantar capital de acordo com a seguinte estrutura: Capital de giro............................. R$ 900.000,00 Obras e máquinas.................... R$ 2.000.000,00 Pesquisa e desenvolvimento....... R$ 700.000,00 Marketing..................................... R$ 900.000,00 Analisaremos o capital de giro. Essa rubrica é necessária, principalmente, para cobrir o ciclo financeiro, ou seja, se vendemos nossos produtos em até 90 dias para o cliente pagar e pagamos o fornecedor em 60 dias, temos 30 dias de necessidade de capital de giro. Caso você consiga financiar esse capital de giro a um custo de 2,5% de juros a.m., vale a pena analisar com seus fornecedores se consegue negociar um prazo maior, tal como 90 dias, e inclusive, podemos oferecer pagar um valor de 1% a mais. Resumindo a ideia, se os fornecedores oferecem prazos para pagamento, significa que eles estão “emprestando” capital para sua operação, e quanto melhor for a negociação, menos capital de giro será necessário. 5 Com relação ao governo, devemos analisar a possibilidade de utilização de benefícios fiscais, e inclusive de linhas de capital não reembolsáveis. Isso poderia reduzir drasticamente a necessidade de capital na rubrica pesquisa e desenvolvimento. Em resumo, há uma certa complexidade para financiar os investimentos e operações das empresas, visto que existem diversas formas e produtos para realizar isso. O mercado oferece soluções de curto, médio e longo prazo que podem saciar as necessidades das organizações. Todavia, note que o gestor financeiro deve conhecer exatamente o montante de capital que necessita para seu projeto, pois a falta de capital pode fazer com que o projeto não se desenvolva e a sobra de capital financiado pode gerar uma redução nos resultados devido à despesa financeira, gerando assim uma menor rentabilidade para os sócios e/ou acionistas. TEMA 2 – O MERCADO DE CAPITAIS Mais uma vez nosso tema é mercado financeiro – mais especificamente, mercado de capitais. Imagine que você ou sua empresa estão com dinheiro em caixa "sobrando", ou seja, sem destinação; por isso, você pensa em investir no mercado de capitais. Logicamente, antes de realizar o investimento, é necessário conhecer o mercado, seus produtos e como as regras funcionam. Em alguns países a cultura de aplicar no mercado de capitais é bem difundida, inclusive entre pessoas físicas, como ocorre nos Estados Unidos. Nos últimos anos, com o crescente acesso à informação, o Brasil tem visto aumentar a procura pela compra de ações pela população em geral. Por outro lado, empresas que necessitam de capital para expandir suas operações. Podem, por exemplo, verificar a possibilidade de entrada no mercado de capitais para captar recursos financeiros. O mercado de capitais é o mercado no qual se comercializam valores mobiliários, como ações, debêntures, commercial papers, derivativos, opções de compra de valores mobiliários, quotas de fundos imobiliários, entre outros produtos, que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico. Pode ser definido, conforme BM&FBovespa (2010, p.7), como “um sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de 6 proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar o processo de capitalização”. Esse mercado é constituído pelas corretoras, bolsas, agentes de liquidação e custódia de títulos e outras instituições financeiras autorizadas. Segundo Pereira (2013, p. 82), os títulos de valores mobiliários são caracterizados por alterarem de nominação de um investidor para o outro, sendo considerados então como ativos móveis. O autor também menciona que o desenvolvimento do mercado de capitais foi impulsionado pela redução no custo de captação de recursos, visto que o mercado de crédito oferecia custos mais altos em relação ao mercado de capitais; inclusive, em alguns casos o credor se transforma em acionista da empresa. Ademais, o mercado de crédito permitiu a ascensão do mercado de capitais quando não atendeu às necessidades das empresas no que se refere a condições em termos de custos, prazos e outras exigências. Sendo assim, este mercado incentiva o crescimento da poupança, pois quanto maior o nível de poupança, maior será a disponibilidade para investir. Por isso, tanto pessoas físicas quanto jurídicas são consideradas como fontes do financiamento dos investimentos de uma nação. Com os investimentos, desenvolve-se o crescimento econômico, assim como se propicia o aumento de renda, gerando uma espécie de ciclo. Portanto, quanto mais as empresas crescem, mais recursos
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