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Prevenção e Controle de incêndios florestais - módulo 4 - SOARES

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Prévia do material em texto

Prevenção 
e Controle de 
incêndios 
florestais 
MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS 
FLORESTAIS 
TUTOR: RONALDO VIANA SOARES 
MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
ABEAS - Associação Brasileira de Educação Agricola Superior 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO AGRICOLA SUPERIOR SCS - Ed. 
Ceará - 59 andar - Salas 507/09 - Tel.: (061) 225-5928 - 70.303 - Brasília - DF 
CRONOGRAMA 
CURSO 
Prevenção e controle de incêndios florestais 
TUTOR: Dr. Ronaldo Vianna Soares 
INICIO:04/03/85 TÉRMINO: 06/08/85 
TOTAL DE HORAS DO CURSO: 200 HORAS 
MODULO INTRODUTÓRIO: 
PERÍODO: 04/03 a 28/03/85 
DURAÇÃO: 35 HORAS 
MODULO 1 - PROPAGAÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS 
PERIODO: 01/04 a 26/04/85 
DURAÇÃO: 40 HORAS 
MÓDULO 2 ~ COMPORTAMENTO AO FOGO 
PERIODO: 29/04 a 10/05/85 
DURAÇÃO: 20 HORAS 
MÓDULO 3 - EFEITOS DO FOGO SOBRE O ECOSSISTEMA 
PERÍODO: 13/05 a 31/05/85 
DURAÇÃO: 30 HORAS • 
MODULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 
PERIODO: 03/06 a 05/07/85 
DURAÇÃO: 60 HORAS 
MÓDULO 5 - COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS 
PERIODO: 08/07 a 24/07/85 
DURAÇÃO: 25 HORAS 
ENCONTRO NACIONAL 
PERÍODO: 05 e 06/08/85 
LOCAL: SÃO PAULO 
Prof. Ronaldo Pereira de Sousa 
Coordenador Metodológico 
Prof. José Ferreira da Silva 
Coordenador 
 
PREVENÇÃO E CONTROLE DE 
I N C Ê N D I O S FLORESTAIS CURSO DE 
E S P E C I A L I Z A Ç Ã O POR TUTORIA À 
D I S T Â N C I A 
| MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 
PRÉ - TESTE 
Indique, com um F ou com um V, se as afirmativas a seguir são fal_ 
sas ou verdadeiras: 
1. 0 conceito de que todos os incêndios florestais são prejudiciais ao 
ambiente esta correto. ( ) 
2. 0 fogo ê usado em alguns países, dentro das florestas, como uma 
ferramenta auxiliar no manejo florestal. ( ) 
3. 0 fogo pode ser usado para reduzir o material combustível, tanto 
no interior como fora das florestas. ( ) 
4. 0 fogo ê bastante usado para preparar o terreno para plantio. ( ) 
5. 0 fogo ê usado no controle de espécies indesejáveis, como as coní-
feras, por exemplo. ( ) 
6. 0 fogo não pode ser usado para melhorar o habitat da fauna devido 
a mortalidade que causa ã mesma. ( ) 
7. 0 fogo, sob certas circunstâncias, pode ser usado no controle de 
parasitas e doenças florestais. ( ) 
8. No cerrado, o fogo é usado para favorecer o florescimento de algu-
mas espécies. ( ) 
9. Existem técnicas de queima que permitem controlar a velocidade de 
um fogo controlado. ( ) 
10. A queima contra o vento consome mais combustível e por isto apre 
senta maior intensidade que a queima em faixas a favor do vento 
( ) 
11. A queima central ou em anel é a que forma a coluna de convecção me 
nos intensa. ( ) 
12. Fazer queimadas durante o dia polui mais o ar do que durante a noi-
te. ( ) 
13. Índices de perigo de incêndio são números que indicam se vai ocor-
rer incêndio naquele dia ou não. ( ) 
14. Os índices de perigo de incêndio usados no Brasil são calculados 
apenas através de dados meteorológicos. ( ) 
15. A maneira mais eficiente, a curto prazo, para prevenir a ocorrên-
cia de incêndios é a educação da população. ( ) 
16. Segundo o código florestal, no Brasil ê proibido o uso do fogo nas 
florestas e demais formas de vegetação, a não ser que se obtenha 
uma permissão do poder publico. ( ) 
 
17. A construção de aceiros é uma técnica valiosa para evitar a ocor-
rência de incêndios. ( ) 
18. As cortinas de segurança são usadas para forçar o fogo a se 
propa-gar superficialmente. ( ) 
19. A construção de açudes apresenta varias vantagens na prevenção de 
incêndios florestais. ( ) 
20. Para se elaborar um plano de prevenção de incêndios ê preciso sa-
ber, dentre outras coisas, as principais regiões de ocorrência,as 
causas e a duração da estação de incêndios. ( ) 
•PREVENÇÃO E CONTROLE DE INCÊNDIOS 
FLORESTAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO 
POR TUTORIA À D I S T Â N C I A 
MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 
ÍNDICE 
Pagina 
OBJETIVOS 
10. QUEIMAS CONTROLADAS 94 
10.1. Possíveis Usos do Fogo Controlado 96 
10.1.1. Redução do Material Combustível 96 
10.1.2. Preparo do Terreno 97 
10.1.3. Controle de Espécies Indesejáveis 98 
10.1.4. Melhoria do Habitat para a Fauna Silvestre 98 
10.1.5. Controle de Parasitas e Doenças 99 
10.1.6. Outros Usos do Fogo 99 
10.2. Técnicas de Queima 100 
10.2.1. Queima Contra o Vento 100 
10.2.2. Queima em Faixas a Favor do Vento 101 
10.2.3. Queima de Flanco 101 
10.2.4. Queima em "V" 101 
10.2.5. Queima em Manchas 102 
10.2.6. Queima Central ou em Anel 102 
10.3. ão trolada Aplicaç da Queima Con 104
10.3.1. Estação do Ano 104 
10.3.2. Hora do Dia 105 
10.3.3. Intervalo entre as Queimas ' 105 
10.4. Plano de Queima 105 
11. ÍNDICES DE PERIGO DE INCÊNDIO 107 
11.1. Principais índices de Perigo de Incêndio 108 
11.1.1. índice de Angstron 108 
11.1.2. índice Logaritmico de Telicyn 108 
11.1.3. índice de Nesterov 109 
11.1.4. Formula de Monte Alegre 110 
11.2. Utilidades dos índices de Perigo de Incêndio 
11.2.1. Conhecimento do Grau de Perigo 111 
11.2.2. Planejamento do Controle de Incêndios 111 
11.2.3. Permissão para Queimas Controladas 112 
11.2.4. Estabelecimento de Zonas de Perigo 112 
11.2.5. Previsão do Comportamento do Fogo 112 
11.2.6. Advertência Pública do Grau de Perigo 112 
Pagina 
12. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 113 
12.1. Prevenção das Fontes de Fogo 113 
12.1.1. Educação da População 114 
12.1.2. Regulamentação do Uso da Floresta 115 
12.1.3. Aplicação da Legislação 115 
12.2. Prevenção da Propagação do Fogo 116 
12.2.1. Construção e Manutenção de Aceiros 117 
12.2.2. Redução do Material Combustível 117 
12.2.3. Cortinas de Segurança 118 
12.2.4. Construção de Açudes 118 
12.3. Planos de Prevenção 118 
12.3.1. Regiões de Ocorrência 118 
12.3.2. Causas dos Incêndios 119 
12.3.3. Duração do Período de Ocorrência 120 
12.3.4. Classes de Materiais Combustíveis 121 
12.3.5. Zonas Prioritárias 121 
BIBLIOGRAFIA 122 
PREVENÇÃO E CONTROLE BE 
INCÊNDIOS FLORESTAIS CURSO DE 
ESPECIALIZAÇÃO PO TUTORIA À 
D I S T Â N C I A 
MODULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 
OBJETIVOS 
Após a leitura deste módulo 
o aluno deverá ser capaz de: 
1. Diferenciar uma queima contro-
lada de um incêndio florestal. 
2. Enumerar os possíveis usos do 
fogo controlado. 
3. Relacionar os benefícios que 
se pode obter com o fogo con-
trolado no manejo das flores-
tas. 
4. Conhecer e descrever as 
princi-pais técnicas de queima 
contro lada. 
5. Elaborar planos de queima con-
trolada . 
 6. Definir índices de perigo de 
incêndio e relacionar suas 
principais utilidades. 
7. Calcular os índices de peri-
go de incêndio através dos 
métodos de Angstron, Telicyn, 
Nesterov e FMA. 
8. Descrever as principais téc-
nicas de prevenção das fon-
tes de fogo. 
9. Descrever as principais téc-
nicas de prevenção da propa-
gação do fogo. 
10. Elaborar planos de preven-
ção de incêndios. 
PREVENÇÃO E CONTROLE BE INCÊNDIOS 
FLORESTAIS CURSO DE 
E S P E C I A L I Z A Ç Ã O POR TUTORIA À 
D I S T Â N C I A 
MÓDULO 4 - PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 
10. QUEIMAS CONTROLADAS 
Conhecendo-se os inúmeros 
exemplos de danos produzidos pe-
los incêndios ao ecossistema, pa-
rece uma contradição falar sobre 
o uso do fogo em áreas florestais. 
No entanto, é preciso analisar o 
problema sob outro ponto de vista. 
Uma analogia com a medicina talvez 
ajude a entender a questão Nas 
mãos de um médico experiente, um 
remédio forte e perigoso pode ser 
usado com sucesso, muitasvezes 
salvando vidas seriamente a-
meaçadas. Usado equivocadamente,o 
mesmo remédio pode ser um veneno 
mortal. Ninguém pode sustentar, no 
entanto, que porque o remédio é 
perigoso quando usado equivoca-
damente ele não deva ser usado em 
nenhuma circunstância. Além dis-
to, nenhum médico consciente vai 
generalizar os tratamentos de 
seus pacientes. Cada paciente a-
presenta problemas e necessidades 
individuais, com diferentes aspe£ 
tos clínicos e, conseqüentemente, 
diagnose e tratamentos distintos. 
A mesma coisa ocorre com o fogo . 
E um forte e perigoso "remédio'1 , 
com várias evidências de que pode 
ser extremamente daninho. Entre 
tanto, com um correto diagnostico 
e hábil aplicação, ele pode ser 
uma boa alternativa em certas si-
tuações . 
O fogo, principalmente a 
queima de madeira, tem estado in-
timamente ligado a espécie humana 
desde os primórdios da civiliza-
ção. Os antropólogos consideram a 
descoberta e o uso do fogo como 
um dos fatores básicos que permi- 
tiram ao homem viver e prosperar 
nas zonas temperadas. 0 homem 
conseguiu, graças ao fogo,an 
tecipar em alguns milhares de 
anos a ocupação daquelas regiões, 
evitando adaptações evolucionã-
rias que ele certamente necessi-
taria, a fim de sobreviver aos 
frios invernos. 0 homem desco-
briu que com o fogo ele poderia 
modificar o ambiente para satis-
fazer suas necessidades. A par-
tir daí, o fogo continuou a de-
sempenhar papéis importantes em 
todas as culturas pôsteriores. Os 
antigos filósofos gregos, por e 
xemplo, consideravam o fogo, em 
conjunto com o ar, a terra e a 
água como um dos quatro elemen 
tos básicos da natureza. 0 fogo, 
principalmente sob forma de com-
bustão em ambientes fechados, co 
mo nas caldeiras de geração dê" 
vapor e nos motores de combustão 
interna, tem estado ligado a 
diversos avanços tecnológicos, 
através de toda a história da 
hu-manidade. Mas tem também, por 
ou tro lado, causado grandes 
catástrofes . 
Segundo Ahlgren e Ahlgren 
(1960), antes da colonização do 
país, os raios eram provavelmente 
a principal causa de incêndios 
nos EUA, embora o costume indíge_ 
na de colocar fogo em áreas de 
campo e florestas também tenha 
sido muito importante. Os ín-
dios usavam o fogo para melho_ 
rar as condições de visibilidade 
e caminhamento nas florestas, pa 
ra conduzir e encurralar a caça, 
 
 
 
 para limpar a terra e obter melho 
res pastagens e colheitas, para 
aumentar a produção de frutos sil-
vestres, para comunicação e para 
eliminar moscas e mosquitos. 
As condições entretanto, de 
acordo com Dodge (1972), mudaram 
drasticamente com a chegada dos 
colonizadores. Extensas áreas fio 
restais foram cortadas a fim de 
produzir madeira para construção 
de novas cidades, para escoras de 
minas e para combustível. A expio 
ração dessas florestas deixou, so-
bre o solo, grandes quantidades 
de resíduos, como ponteiro de ar-
vores, galhos e folhagem. A redu-
ção da cobertura formada pelas co 
pas das arvores permitiu maior 
insolação e secagem do material 
combustível depositado nos pisos 
das florestas. A remoção de gran-
de numero de arvores aumentou a 
velocidade do vento no interior 
da floresta, contribuindo também 
para a secagem do combustível. 0 
resultado dessas condições adver 
sas foi uma série de incêndios 
devastadores ocorridos ao longo 
dos anos seguintes. 
0 mesmo problema é relatado 
por Vines (1975), na Austrália. 
Segundo o autor, as praticas pro 
tecionistas e o aumento da explo-
ração promovidos pelos colonizado-
res europeus parecem ter alterado 
o equilíbrio original entre com-
bustível e microclima, criando 
concentrações anormalmente altas 
de resíduos em muitas das flores-
tas secas da Austrália. 0 resulta 
do também foi a ocorrência de 
grandes incêndios florestais. 
Komarek (1971) acredita 
que o conceito de que todos os in 
cêndios são daninhos foi desenvol_ 
vido em um ambiente especial, as 
florestas latifoliadas da Europa, 
e daí extrapolado literalmente pa-
ra todas as partes do mundo. Com 
o passar do tempo, porém, alguns 
pesquisadores começaram a duvidar 
da validade da política de total 
exclusão do fogo em qualquer cir-
cunstância. Em ecossistemas onde 
o fogo desempenha papel importan-
te, quanto mais eficiente a polí-
tica de exclusão do fogo, maior 
é o potencial de danos pelos in 
cêndios, devido ao aumento da 
quantidade de material combustí-
vel . Além disto, em alguns lo-
cais, espécies florestais impor-
tantes, que necessitam do fogo 
ou outro distúrbio qualquer para 
se regenerar, começaram a ceder 
lugar a outras comunidades de me 
nor valor comercial. 
Em 1849 apareceu, nos EUA, 
a primeira referência escrita so 
bre a importância do fogo na su-
cessão de uma espécie florestal -
o Pinus palustris. Segundo Lang-don 
(1971), ainda em 1888, Ellen 
Long sugeriu que talvez o Pinus 
palustris necessitasse de fogo 
para se regenerar - uma 'idéia 
ab-surda para a maioria dos 
pesqui-sadores da época. Riebold 
(1971) relata que Harper, um 
botânico , propôs, em 1911, o 
uso do fogo para controle de 
espécies folho-sas do sub-bosque 
das florestas de coníferas. E 
finalmente Chapman, um 
pesquisador florestal,co-meçou, a 
partir de 1909, através" de 
vários artigos, a pregação da 
necessidade do uso de fogo con-
trolado na regeneração e manejo 
do Pinus palustris e outras espé-cies 
do sudeste americano. 
Entretanto, apenas em 1943 
o chefe do Serviço Florestal dos 
EUA aprovou uma política de quei_ 
mas controladas em povoamentos 
de Pinus palustris e Pinus 
e l l i o t t i i e autorizou a instala 
ção de pesquisas visando a 
utili-zação do fogo também em 
Pinus taeda. O reconhecimento de 
que o fogo desempenha importante 
papel em certos ecossistemas 
levou tam bém o Serviço de 
Parques Nacionais dos EUA, a 
partir de 1960, a adotar uma 
nova política com relação ao 
fogo, que estabelece o seguinte: 
i) deixar que alguns incêndios 
naturais queimem livre_ mente, 
desde que não ofereçam riscos a 
vida humana ou às propriedades ; 
ii) reconhecer a quei-ma 
controlada como um instrumento 
necessário ao manejo florestal; 
iii) continuar prevenindo e 
combatendo os incêndios nos va-
les e próximo a áreas desenvolvi- 
 
 
 
das. 
Segundo Vines (1975), a to 
tal exclusao do fogo nas flores-
tas da Austrália é impossível de 
se alcançar e indesejável 
ecologi-camente. Por este motivo 
foi iniciado um programa de 
queima controlada no país com a 
finalidade de reduzir o risco de 
incêndios incontrolados e 
restaurar as condições ecológicas 
necessárias pa_ ra a 
sobrevivência da floresta e da 
fauna. 
Atualmente, existem progra-
mas regulares de queimas controla-
das em áreas florestais em vários 
países do mundo. Nos EUA, queima-
se, sob forma de fogo controlado, 
cerca de 1.800.000 ha por ano. Na 
Austrália o fogo controlado é 
aplicado a aproximadamente 820.000 
ha por ano. No Canadá também se 
usa o fogo controlado em larga 
escala, sendo inclusive obrigató-
ria a queima de resíduos flores-
tais em áreas de corte raso no 
distrito florestal de Vancouver . 
Em Honduras, Nicarágua e Guatema-
la o fogo tem sido usado e reco-
mendado para favorecer a regenera 
ção das espécies de Pinus exis-
tentes naqueles países. 
■10.1. POSSÍVEIS USOS DO FOGO CON 
TROLADO 
O fogo controlado pode ser 
um instrumento útil para se alcan-
çar diversos objetivos no manejo 
florestal. No entanto, o fogo 
somente deve ser usado após um 
diagnostico cuidadoso que indi_ 
que ser ele mais seguro, barato, 
eficiente e prático do que outros 
tratamentos. Os problemas 
geralmen-te corrigidos pelo fogo 
controlado em áreas florestais 
incluem: grande acumulação de 
combustível, áreas inadequadas 
para alimenta-ção da fauna, 
invasão de espécies indesejáveis e 
condições ina-propriadaspara a 
regeneração natural ou 
artificial. 
10.1.1. Redução do Material Com 
bustível 
Os combustíveis são parte 
integrante da floresta. Folhas 
ou acículas caídas, arbustos ,gra. 
míncas, resíduos de exploração e 
mesmo as próprias árvores podem 
produzir acumulação de combustí-
vel altamente perigosas caso o-
corra um incêndio. Considerando 
que o material combustível cons-
titui um dos lados do triângulo 
do fogo, ele deve merecer uma 
atenção especial por parte do 
técnico florestal, principalmen-
te porque o material combustível 
é um dos componentes do fogo 
que o homem tem mais condições 
de controlar. 
Os pesquisadores que traba-
lham no campo da proteção flores-
tal reconhecem que o problema do 
acúmulo de material combustível 
na floresta existe e é bastante 
sério. Brown (1947) afirma que 
a quantidade de combustível e 
sua continuidade são reconhecida, 
mente fundamentais na determina-
ção do potencial de danos pelos 
incêndios. Quando ocorre um in-
cêndio nessas condições, ele cau 
sa problemas mais sérios porque 
existe grande quantidade de com-
bustível para gerar mais calor 
e aumentar a intensidade de da-
nos. Grandes incêndios, com for-
ças altamente destruidoras, se 
propagando por milhares de hecta. 
res, podem então ocorrer durante 
condições críticas de tempo , 
como baixa umidade relativa e al_ 
ta velocidade do vento. 
A completa remoção do mate_ 
rial combustível, entretanto 
,,não é possível nem desejável. 
Em cer_ tos casos, é possível 
remover a maior parte do 
combustível acumu-lado através de 
meios químicos ou mecânicos, para 
utilização de resíduos como fonte 
de energia , ou por outras 
práticas de manejo. Na maioria 
das vezes, porém, esses 
tratamentos têm sido inade-
quados, inviáveis ou extremamen-
te caros. Tentativas, de se 
encon- 
 
 
 trar decompositores químicos ou 
biológicos não têm tido sucesso . 
Trituração mecânica ou esmagamen-
to e incorporação com equipamento 
pesado são praticas muito caras . 
Alem disso, a utilização de proces-
sos mecânicos não elimina o mate; 
rial combustível, apenas muda sua 
forma e arranjo, embora o risco de 
incêndio realmente diminua. 
A queima-controlada parece 
ser, no momento, a melhor solu-
ção para o problema do acumulo de 
combustível. De acordo com Cooper 
(1972), a queima-controlada, 
prescrita e aplicada cientifi-
camente, tem demonstrado, através 
dos tempos, ser a melhor manei-ra 
de manter o material combustível 
a níveis toleráveis. Mobley et 
alii (1973) afirmam que o fogo 
controlado é o mais pratico méto-
do de manejo a se usar quando con 
centrações perigosas de combustí-
veis se acumulam sob povoamentos 
equianos. 
Em locais onde a probabili-
dade de destruição da floresta pe-
los incêndios é alta, a queima-
controlada para redução do -risco 
geralmente é a melhor solução. A 
queima controlada para redução 
do material combustível não é re-
comendada apenas para o interior dos 
povoamentos florestais. Ela é 
também a maneira mais eficiente e 
econômica para reduzir o combus-
tível em áreas de campo nos limi-
tes das florestas, evitando que 
incêndios vindos de fora atinjam 
os povoamentos. A queima controla 
da é ainda indicada para redução 
do material combustível após a ex-
ploração florestal, em margens de 
estradas de ferro e outras áreas 
de alto risco de incêndios. 
Quando se usa a queima con-
trolada para reduzir a quantidade 
de material combustível, não é ne-
cessário cobrir cem por cento da 
área. 0 objetivo principal é que-
brar a continuidade do material 
combustível e reduções em 75 a 
80% da área geralmente solucionam 
o problema. 
A quantidade de material 
combustível consumida pelo fogo 
varia de acordo com a prescrição 
feita pelo técnico florestal. Ge 
Talmente, os limites de consumo" 
estão entre 50 a 90% do material 
menor que 7,0 cm de diâmetro. 
Beaufait, Hardy e Fischer infor-
mam que as queimas de resíduos 
de exploração no noroeste dos 
EUA geralmente consomem em média 
80% do material. Soares (1979), em 
queimas controladas no interior 
de talhões de Pinus ooarpa e Pinus 
caribaea hondurensis com 7 anos e meio 
de idade, na região de 
Sacramento, MG, obteve reduções 
de 90 e 91%, respectiva, mente, do 
material combustível e xistente. 
As quantidades de mate-rial 
combustível antes da queima eram 
8,5 e 7,9 t/ha, respecti-vãmente. 
10.1.2. Preparo do Terreno 
O fogo é o mais pratico e 
econômico de todos os meios co-
nhecidos para preparar o terreno 
para plantio, tanto de espécies 
agrícolas como florestais . A 
literatura sobre o assunto mos-
tra que a queima controlada tem 
sido usada, com sucesso, para es-
sa finalidade nos EUA, Canada 
Austrália e vários outros países. 
A maioria dos técnicos fio 
restais sabe que o plantio é mais 
fácil em áreas queimadas do que 
nas não-queimadas. Vyse e Muraro 
(1973) concluíram que a produti-
vidade de plantio foi significa-
tivamente aumentada na província 
de Columbia Britânica, Canadá, a-
través da eficiente queima dos" 
restos vegetais. Eles acrescentam 
que os ganhos em produtivida-de 
diminuem nas áreas com menor 
quantidade de resíduos ou onde o 
consumo de material é menor. 
Segundo Wade (1969), em 
áreas de corte raso no sudeste 
dos EUA, a queima controlada cus-
ta em média menos de um décimo do 
total de outros tratamentos no 
preparo do terreno para plantio. 
Além disso, prossegue o autor, a 
queima controlada é talvez uma 
das poucas alternativas 
 
 
 
 aceitáveis em terrenos montanho-
sos, onde a erosão e um problema 
a ser levado em consideração. 
Na regeneração natural, a 
queima controlada é também um 5ti 
mo meio de preparar a área para 
receber as sementes, ou mesmo fa-
vorecer sua abundante germinação, 
como ocorre com a bracatinga (Mi-
mosa scabrella) , importante espe-cie 
florestal do sul do Brasil. As" 
chances de uma boa germinação de 
sementes de algumas coníferas, a-
lém do desenvolvimento das planti-
nhas, são também consideravelmen-
te aumentadas após uma queima -con 
trolada, com a conseqüente exposi-
ção do solo. Pesquisas com Pinus 
taeda no sudeste dos EUA, relatadas 
por McNab e Ach (1967), mostraram 
que em áreas não-queimadas se 
necessita o dobro de sementes do 
que se necessitaria em áreas 
queimadas para se obter o mesmo 
número de mudas. 
10.1.3. Controle de Espécies Inde 
sejãveis 
A queima controlada pode 
ser usada para controlar espécies 
indesejáveis, desde que estas 
sejam mais sensíveis ao fogo do 
que aquelas que se quer preser-
var. Em associações de coníferas 
e folhosas o fogo ira sempre favo 
recer as coníferas, por serem elas 
mais resistentes ao fogo. Em po-
voamentos de Eucalyptus, após as 
árvores atingirem certo porte, o 
fogo controlado de baixa intensi-
dade pode ser usado para evitar a 
competição de espécies indeseja-
veis do sub-bosque, pois a maio-
ria dos eucaliptos são mais 
resis-tentes ao fogo do que 
outras folhosas. Ao se usar o fogo 
deve-:se sempre observar os 
períodos ou es-tãgios de 
desenvolvimento das espécies que 
se quer preservar pa-ra evitar 
danos também a elas.Mes-mo 
espécies resistentes como Pinus 
palustris , Pinus e l l i o t t i i ,Pi-nus caribaea e 
Pinus taeda, são altamente 
susceptíveis a danos pe-Io fogo 
nos primeiros anos de vi- 
da. 
■ 
10.1.4. Melhoria do Habitat para 
a Fauna Silvestre 
A queima controlada é um 
importante instrumento para me-
lhorar o habitat para a fauna 
silvestre, sendo usada extensiva 
mente por florestais e biólogos-
ligados a esse campo nos EUA. As 
queimas são pequenas e não se 
propagam rapidamente, para evi-
tar mortalidade entre os ani-
mais. 0 habitat é sensivelmente 
melhorado, especialmente para 
grandes mamíferos e pássaros, de 
vido a redução do acumulo da se-
rapilheirae a criação de condi-
ções favoráveis ã regeneração de 
espécies que servem de alimento 
a fauna. 
Segundo Cooper (1971), no 
sudeste dos EUA, as plantas her-
bãceas comestíveis para a fauna, 
são geralmente dez vezes mais 
abundantes em áreas queimadas do 
que nas não-queimadas. As legumi-
nosas, um dos mais importantes 
gêneros na alimentação da fauna, 
são de modo geral cinco vezes 
mais abundantes após o fogo do 
que antes. Em áreas de maciços 
florestais, especialmente mono-
culturas que não oferecem alimen-
tação para a fauna, é conveniente 
criar aberturas para aumentar a 
quantidade de espécies forra-
geiras. Esta prática, seguida por 
uma queima controlada, ainda de 
acordo com Cooper (1971), aumen-
ta a produção de sementes em cer-
ca de 300% e a abundância de 
plantas em aproximadamente 1001. 
Este aumento, acompanhado da fa-
cilidade de acesso devido a redu-
ção da serapilheira, torna aque-
las aberturas particularmente a-
traentes para as espécies selva-
gens herbívoras. 
Embora exemplos de mortali-
dade sejam às vezes citados, mes-
mo em queimas controladas, os 
benefícios gerais resultantes da 
melhoria do habitat, aumento 
 
 
 
 da produtividade do sítio e estí 
mulo ao crescimento geralmente su 
peram os eventuais danos diretos" 
causados pelo fogo. No entanto, a 
queima controlada não deve ser u-
sada durante a estação de procria 
ção da fauna, a primavera. 
Um bom exemplo do uso de 
queima controlada na melhoria do 
habitat e conseqüente restauração 
da vida silvestre em uma área de-
gradada é relatado por Czuhai e 
Cushwa (1968). Segundo eles, o Re 
fúgio Nacional de Vida Silvestre 
de Piedmont , sudeste dos EUA, foi 
estabelecido para demonstrar que 
a população faunística poderia 
ser restabelecida, nesta ou em 
áreas similares, através da prote-
ção e manejo adequado. A maioria 
da área havia sido abandonada de-
pois que praticas agrícolas 
inade-quadas haviam provocado 
severa e-rosão , reduzido a 
fertilidade do solo e eliminado os 
animais selva, gens de maior 
valor, como veados e perus. Após 
27 anos de manejo da 
 área e proteção da fauna,as 
populações de veados e perus re-
tornaram aos níveis anteriores e 
milhares de codornas , perdizes,le-
bres, esquilos, pombas e outras 
espécies retornaram e permanece 
ram no refugio. Ainda segundo os 
autores, a queima controlada pe-
riódica foi um dos fatores decisi-
vos na restauração da vida silves 
tre naquela área. 
10.1.5. Controle de Parasitas e 
Doenças 
A crença popular sobre os 
efeitos sanitários e purificadores 
do fogo vem desde a antiguida. de. 
Na agricultura, o fogo é fre-
qüentemente usado para combater 
certas pragas , destruir sementes 
de ervas daninhas, combater doen 
cas e eliminar resíduos de colhei 
tas. Em silvicultura, o uso do fo 
go no controle de parasitas e do-
enças é ainda um assunto polêmico, 
devido ã falta de estudos neste 
campo. 
Insetos e fungos são compo 
nentes vitais da dinâmica dos e~ 
cossistemas florestais. A ação 
destes agentes pode ser relacio-
nada com o aumento da quantidade 
de material combustível e, por 
conseguinte a maior probabilida-
de de ocorrência de incêndios de 
vido a sua atividade. Algumas ãr 
vores feridas pelo fogo, por ou-
tro lado, atacadas por insetos e 
fungos, podem morrer, novamente 
acumulando material combustível 
e completando um ciclo vicioso . 
Isto é o que ocorre, por exem-
plo, no ecossistema do Pinus 
coutorta nos EUA. 
Em áreas florestais, a 
queima- controlada as vezes é usa-
da para controlar certos coleop-
teros. French e Keirle (1969) in 
formam que em plantações de Pinus 
radiata na Austrália, cara-beídeos 
e scarabeídeos foram reduzidos 
imediatamente apôs o fogo, embora 
fossem dos primeiros insetos a 
recolonizar a área. 0 fogo tem 
sido usado também para controlar 
o Oucideres impluviata, um 
coleoptero que ataca plantações 
de acácia negra no sul do 
Brasil. 
0 maior sucesso já compro-
vado do uso do fogo em controle 
de doenças é o combate a "mancha 
marron", que inibe o crescimento 
do Pinus palustris. No sul do 
Brasil, fungos causadores de 
importantes doenças em espécies 
florestais, como o Armilla-ria mellea 
e o Dothistroma pini, talvez pudessem 
ser combatidos a. través de 
queimas controladas. 
10.1.6. Outros Usos do Fogo 
A queima controlada ainda 
pode ser usada para se atingir 
outros objetivos no manejo flo-
restal. 0 fogo tem sido um- ele-
mento importante na^produçao de 
forragem mais palatãvel e nutri-
tiva para o gado, tanto em pasta 
gens abertas como associadas a 
povoamentos florestais. Queimas 
 
 
 
 criteriosa e oportunamente pres-
critas podem melhorar tanto a 
quantidade quanto a qualidade da 
forragem para o gado. Hilmon e 
Hughes (197S) relatam que a produ 
ção de forragem, no sul dos EUA7 
foi duas vezes maior nas parcelas 
queimadas quando comparadas com 
as não-queimadas e que os con 
teúdos de cálcio, fósforo e pro~ 
teínas foram mais altos na for-
ragem primaveril das áreas queima 
das . 
0 fogo controlado pode ser 
usado também para favorecer a re-
generação de flores, como aconte-
ce por exemplo no cerrado, melho-
rando neste caso as condições es-
téticas da área, além de viabili-
zar uma atividade econômica 
regio-nal que é a comercialização 
des-sas flores. Pode ainda ser 
usado para facilitar o acesso no 
interior das florestas, tanto para 
me-lhorar as condições de 
exploração como para permitir o 
livre deslocamento do publico. 
Afinal, o a-cesso, assim como a 
aparência estética são 
importantes em áreas de florestas 
públicas de recreação . 
Finalmente, é interessante 
apresentar uma estatística sobre 
a proporção de uso da queima con-
trolada entre as diversas ativida, 
des acima descritas. No sudeste 
dos EUA, onde a arte e a ciência 
do fogo controlado são mais desen 
volvidas do que em qualquer ou-
tra parte do mundo, os princi-
pais usos da queima controlada são 
os seguinte, em ordem de im-
portância: i) redução de mate-
rial combustível, 40% do total da 
área queimada; ii) preparo de ter 
reno, 24% da área queimada; iii) 
controle de espécies indesejáveis, 
141 da área queimada; iv) melhoria 
do habitat para a fauna sil-
vestre, 131 da área; v) outros u-
sos, 9% da área queimada. 
10.2. TÉCNICAS DE QUEIMA 
Varias técnicas ou métodos 
de queima foram desenvolvidos com 
a finalidade de se alcançar os 
objetivos propostos sob diferen-
tes condições tempo, topografia e 
material combustível. Os obje-
tivos da queima, a quantidade e 
tipo de combustível e os fatores 
climáticos devem estar estreita-
mente correlacionados com a téc-
nica adequada de queima para se 
evitar eventuais danos aos recur-
sos florestais. 
10.2.1. Queima Contra o Vento 
Consiste em se colocar li 
nhas de fogo ao longo de aceiroi 
naturais ou artificiais e permi-
tir que ele se propague apenas 
contra o vento (Figura 16-A). Em 
terrenos planos ou levemente on-
dulados o fogo é colocado em li 
nhas perpendiculares à direção 
do vento; em terrenos com maior 
inclinação, o fogo deve ser for 
cado a se propagar montanha abaT 
xo. Aceiros adicionais são nece^ 
sãrios para cada linha de fogo 
colocada. 
Esta é talvez a mais sim-
ples e segura técnica de queimai-
controlada, desde que exista ven 
to constante. Ela produz o míni-
mo de crestamento e pode ser 
usada em grandes concentrações 
de combustível. Além de mais se-
gura, é menos poluidora e desen-
volve temperaturas menores que 
todas as outras técnicas. É, ne-
cessariamente, a técnica que de-
ve ser usada na primeira redução 
de combustível no interior de po-
voamentos florestais. 
Algumas desvantagens da 
queima contra o vento são: o tem 
po consumido na operação e a né- 
 
 
 
 cessidade de se construírem acei-
ros dentroda área, geralmente a 
intervalos de 50 a 200 m de dis-
tância. E necessário também a e-
xistência de ventos constantes 
com velocidade entre 6 a 16 km/h 
ao nível do solo, para dissipar a 
fumaça e evitar que o ar quente 
suba até as copas das arvores. A-
lêm disto é mais caro que os de-
mais e, depois de construídos os 
aceiros internos, inflexível, por 
somente permitir a queima a uma 
determinada direção do vento. 
10.2.2. Queima em Faixas a Favor 
do Vento 
Consiste em se colocar uma 
linha ou uma série de linhas . de 
fogo, de maneira tal que nenhuma 
linha possa desenvolver alta in-
tensidade antes de encontrar ou-
tra linha de fogo ou um aceiro(Fi-
gura 16-B). A distância entre li-
nhas de fogo depende das condi-
ções locais mas geralmente varia 
de 20 a 60 m. Compensações devido 
a mudanças de direção do vento 
podem ser feitas alterando-se o 
ângulo da faixa de fogo com a li-
nha básica. Do mesmo modo, ajus 
tes para quantidade e arranjo do 
material combustível podem ser 
feitos alterando-se a distância 
entre as linhas de fogo. 
Este método é relativamente 
rápido, flexível e geralmente de 
custo moderado. Pode ser usado pa 
ra reduções periódicas de combus-
tível no interior de plantações , 
desde que a primeira redução te-
nha sido feita através da técnica 
contra o vento. 
As principais desvantagens 
da queima em faixas a favor do 
vento são: a necessidade de aces-
so ao interior da área e o aumen-
to de intensidade no encontro das 
linhas de fogo, tornando maior a 
possibilidade de crestamento das 
copas. 
10.2.3. Queima de Flanco 
Neste método o fogo é colo 
cado simultaneamente ao longo de" 
linhas paralelas ao vento e se 
propaga perpendicularmente na di 
reçao do mesmo (Figura 16-C). As" 
linhas devem ser mantidas em com 
primentos iguais e espaçadas ã 
intervalos uniformes. A propaga-
ção lateral, ou de flanco, do 
fogo geralmente dobra a velocida. 
de em relação a queima contra õ 
vento e, consequentemente, 
aumen-ta a taxa de calor 
liberada. 
Este método é útil em pe-
quenas áreas ou para facilitar a 
queima de grandes áreas em tempo 
relativamente curto. E também 
útil para segurar lateralmente o 
fogo quando se usa outros méto-
dos . 
A queima de flanco apresen 
ta algumas desvantagens e requer 
muita habilidade para se al-
cançar bons resultados. Necessi-
ta pessoal experimentado e per-
feita coordenação de tempo e es-
paço. Ha forte tendência de tur-
bulência no encontro lateral das 
chamas, aumentando o perigo de 
crestamento. Mudança de direção 
do vento pode produzir indesejá-
vel fogo a favor do vento. 
10.2.4. Queima em "V" 
Esta técnica foi desenvol-
vida para uso em áreas acidenta-
das, partindo-se sempre do topo 
para a base das montanhas. As li-
nhas de fogo devem ser iniciadas, 
simultaneamente, de um único pon 
to, no local mais alto e prosse-
guirem montanha abaixo, de forma 
radial (Figura 16-D). Basica-
mente, esta técnica envolve o 
mesmo conceito da queima de flan-
co, exceto que as linhas de fogo 
são radiais ao invés de parale-
las. Apresenta, por isto mesmo , 
as mesmas vantagens e desvanta. 
 
 
 
 
gens que aquela técnica 
10.2.5. Queima em Manchas 
Consiste em se acender uma 
série de pontos ou círculos de fo 
go, os quais queimam em todas as 
direções mas vão se encontrando 
antes que se tornem muito grandes 
e se propaguem violentamente 
(Figura 16-E). Os círculos de fo-
go devem ser colocados de 40 a 
100 m de distância um do outro. 
Uma equipe eficiente pode 
queimar grandes áreas em curto es 
paço de tempo usando este método. 
Ele pode ser usado com ventos 
moderados e variáveis, em diferen 
tes concentrações de combustível. 
É barato porque não necessita a-
ceiros intermediários. 
A desvantagem do método é 
que ele pode criar manchas quen-
tes se a distância entre os pon-
tos for malcalculada e portanto 
requer considerável experiência . 
Necessita também de acesso ao in-
terior da área. 
10.2.6. Queima Central ou em Anel 
Neste método, vários pontos 
de fogo, em forma mais ou menos 
circulares, são acesos no centro 
da área. A propagação destes 
pon-tos de fogo vai se acelerar a 
mé-dida que a liberação de calor 
au menta, formando uma ativa 
colu~ na de convecção. Em áreas 
maiores de 4,0 ha, uma segunda 
série de pontos de fogo 
(formando um anel em volta da 
primeira) é iniciada, entre 15 e 
30 m do limite externo da área 
(Figura 16-F). Devido a forte 
coluna de con vecção criada na 
região central7 o fogo não se 
propaga com muita intensidade na 
direção dos limites externos da 
área. Isto facilita o trabalho 
do pessoal ao re dor da área e 
reduz a possibili~ dade do fogo 
ultrapassar os limi-tes da mesma. 
No entanto, é pre~ ciso cuidado 
pois a violenta coluna de 
convecção pode lançar fa gulhas 
a grandes distâncias, po~ dendo 
originar focos de incêndios fora 
da área queimada. 
Este método e usado onde 
se necessita alta intensidade de 
fogo, como por exemplo elimina 
ção de resíduos de exploração pa 
ra preparo de terreno para 
plantio ou queimas para melho-
rar o habitat da fauna silvestre 
em pequenas aberturas ou 
clareiras na floresta. 
 
 
 
FIGURA 16 - Técnicas de queima controlada: A - contra o vento; B - em faixas a 
favor do vento; C - de flanco; D - em "V"; E - em manchas; F - central ou em anel. 
 
 
 
 10.3. APLICAÇÃO DA QUEIMA CONTRO 
LADA 
Determinar se ha realmente 
necessidade de se usar o fogo no 
manejo da floresta é o primeiro 
passo para a aplicação da queima 
controlada. Esta determinação deve 
se basear numa clara e precisa 
avaliação dos propósitos e objeti 
vos da queima, bem como um balan" 
co entre os benefícios e os even-
tuais danos da mesma. Deve-se sem 
pre considerar que os efeitos do 
fogo sobre qualquer área não são 
nunca totalmente daninhos nem to-
talmente benéficos. Conseqüentemen 
te, ao se usar a queima controla-
da, o objetivo real é maximizar os 
benefícios líquidos do fogo so bre 
a área considerada. 
Quando se aplica a queima-
controlada em ãreas florestais, é 
importante estabelecer a estação 
do ano mais favorável, a melhor 
hora do dia e o correto intervalo 
entre as queimas. 
10.3.1. Estação do Ano 
Decidir sobre a melhor es 
tação do ano para se fazer a queT 
ma controlada as vezes não ê fá-
cil. A decisão depende de vários 
fatores, tais como objetivo da 
queima, tipo de vegetação, época 
de maior perigo de incêndio, quan 
tidade de combustível, hábitos da 
fauna silvestre local e condi- 
ções climáticas. 
^Normalmente, as melhores 
estações para se queimar são o 
outono e o inverno, apesar de as 
vezes , ^dependendo dos objetivos, 
ser viável utilizar o fogo em ou 
tras épocas do ano. Em locais on 
de as estações são bem-diferen-- 
ciadas, as queimas no outono e 
inverno oferecem menor risco,por 
que os tecidos dormentes podem 
suportar exposições mais longas 
a altas temperaturas sem sofre 
rem danos. ~ 
Se o objetivo da queima re 
quer intensidades mais altas, co" 
mo por exemplo preparo de terre-
no ou eliminação de espécies in-
desejáveis, talvez o verão seja 
a estação mais indicada, devido 
a temperatura do ar ser mais al-
ta. Queimas durante a primavera, 
entretanto, quase nunca são reco 
mendãveis, devido ã intensa ati" 
vidade vegetativa das árvores e, 
principalmente, pelos danos po-
tenciais a fauna. 
Brender e Cooper (1968)com 
pararam as queimas de verão corn 
as queimas de inverno na redução 
do material combustível em povoa 
mentos de Pinus taeda, no sudes^ te 
dos EUA. Os resultados indica 
ram que o consumo do material dê 
positado no piso da floresta (sê 
rapilheira) foi maior no verão 
do que no inverno, mas a intensi 
dade^do fogo foi mais dependente 
da técnica de queima utilizada 
do que da estação do ano. (Tabe-
la 27). 
TABELA 27 - Dados do comportamento do fogo em queimas controladas con 
tra e a favor do vento, no verão e no inverno, em povoamentos de PT 
nus taeda. 
 
 
Tipo de Queima 
V e l o c i d a d e de 
Propagação 
Consumo de Combustível por 
h e c t a r e 
Intensidade do 
fogo 
 ( m / s ) ( t o n ) (%) (kcal/m.s.) 
Inverno ( c o n t r a o 
vento ) 
 0 , 0 0 7 5 , 5 0 38 17,0 
Verão ( c o n t r a o 
vento ) 
 0 , 0 0 6 6 , 2 5 
■ 46 16,5 
Inverno (a favor 
do vento) Verão (a 
favor do vento) 
0 , 0 4 4 
0 , 0 5 0 
 6 , 0 0 
7 , 2 5 
40 
53 
 1 16,4 
154,3 
 
 
 
 Outro fator a considerar 
quando se determina a melhor esta 
ção para se queimar é que as ãrv-
res eventualmente danificadas pe-
Io fogo na primavera ou no verão 
estarão sujeitas ao ataque de in-
setos antes de terem tempo de se 
recuperar. Por outro lado, as ar-
vores danificadas no outono ou in 
verno terão mais tempo para se re-
cuperarem, ate a chegada da esta-
ção de maior proliferação dos in-
setos . 
10.3.2. Hora do Dia 
A determinação da melhor ho-
ra do dia para iniciar uma queima 
e geralmente feita com base na 
necessidade de controle do fogo , 
objetivos da queima e aspectos de 
dispersão da fumaça, exatamente 
nessa ordem de prioridade.Queimas 
bem-sucedidas tanto podem ser fei-
tas durante o dia como a 
noite,em-bora o período diurno 
seja geralmente mais favorável. 
Apesar de que por razões 
administrativas e econômicas e 
ainda por possibilitar melhor dis-
persão da fumaça, o período diurno 
seja preferido, existem circuns-
tâncias que requerem queimas no-
turnas. A primeira redução de ma-
terial combustível no interior de 
uma plantação jovem é um exemplo 
da necessidade de queima noturna. 
Devido as condições climáticas , 
temperatura mais baixa e umidade 
mais alta, a intensidade do fogo e 
menor e consequentemente o risco 
de danos ãs arvores é sensivel-
mente reduzido. 
10.3.3. Intervalo entre as Quei-
mas 
Provavelmente o mais impor-
tante uso da queima controlada se 
ja a redução do material combusti-
vel, a fim de evitar riscos de da-
nos maiores caso ocorra um incên-. 
dio incontrolado. Por este motivo, 
os estudos para se determinar o 
melhor intervalo entre as quei-
mas são geralmente orientados 
no-sentido de se estabelecer os 
intervalos entre acumulações 
críti cas de combustível. 
Queimas a intervalos muito 
curtos, anuais, por exemplo, po-
dem contribuir para a gradativa 
degradação do solo. Por outro la 
do, intervalos muito grandes pe? 
mitem o acúmulo de perigosas 
quantidades de combustível, 
aumentando o potencial de danos 
ao povoamento caso ocorra um in 
cêndio. Mobley et alii (1973) a-
firmam que nos povoamentos de 
Pinus sp do sudeste dos EUA, in-
tervalos de 3 anos são os mais 
adequados, pois não prejudicam o 
solo e mantém a quantidade de ma 
terial combustível em níveis se-
guros . 
10.4. PLANO DE QUEIMA 
A queima controlada e um 
trabalho altamente técnico, que 
exige conhecimentos do comporta-
mento do fogo, seus efeitos so-
bre o ambiente e técnicas de com 
bate. Por este motivo, a elabora-
ção de um plano escrito e deta-
lhado e recomendável para cada 
queima. Os principais pontos a-
bordados em um plano de queima-
controlada são: 
i) Descrição e localização 
da área a ser queimada - o plano 
deve começar pela descrição da 
área, incluindo tipo de vegeta-
ção, topografia, tipo e 
quantida-de de combustível e 
quantidade de hectares a serem 
queimados. É conveniente também 
apresentar um mapa detalhado da 
área, mostrando seus limites, 
aceiros, estradas e outros 
detalhes importantes . 
ii) Objetivos da queima 
e muito importante incluir no 
plano os objetivos a serem atin-
gidos e as razões para se usar o 
 
 
 
 
fogo. Deve-se indicar o que se es 
pera que o fogo faça na área, is-
to é, se ele vai eliminar algumas 
espécies ou se vai consumir 
material combustível e que 
quanti-dade deverá ser consumida. 
E im-portante também apresentar 
um resumo dos aspectos de 
comportamento do fogo esperados, 
ou seja, a intensidade e a altura 
máxima de crestamento permitidas. 
Estas informações são essenciais 
para a avaliação da queima. 
iii) Condições climáticas 
ideais - Com base no comportamen-
to do fogo esperado, deve-se esta 
belecer os limites dos fatores 
climáticos, principalmente tempe-
ratura do ar, velocidade e dire-
ção do vento, umidade relativa é 
índice de perigo do fogo, sob os 
quais a queima pode ser feita sem 
riscos de danos ao ambiente. 
iv) Técnica de queima - o 
método de queima a ser usado de-
pende da quantidade de combustí-
vel e da intensidade de fogo dese-
jada. Quando a quantidade de com 
bustível e grande, queimas menos 
intensas podem ser feitas sob con 
dições de umidade mais alta e uti-
lizando-se técnicas que não 
permi-tam a rápida propagação do 
fogo, como a queima contra o 
vento por 
exemplo. 
v) Vigilância, controle e 
rescaldo - um plano bem-elabora-
do deve incluir todos os deta-
lhes necessários para a perfeita 
segurança da queima. Pessoal e 
equipamento necessários para a 
realização da queima devem ser 
devidamente dimensionados e in-
cluídos no plano. 0 esquema de 
vigilância, durante todo o trans 
correr da queima é também muito 
importante, para evitar que o 
fo-go atinja áreas adjacentes ou 
es-cape ao controle. Finalmente 
depois de queimada toda a área, 
e necessário fazer o rescaldo, 
eli-minando-se todos os 
vestígios de fogo remanescentes. 
vi) Avaliação da queima 
deve-se deixar um espaço no pla-
no de queima para a futura ava-
liação da mesma. Na avaliação de-
ve-se registrar a data e hora da 
queima, os aspectos do compor-
tamento do fogo observados, isto 
e, velocidade de propagação, in-
tensidade, altura de crestamento 
e também a quantidade de combus-
tível consumida. 0 registro das 
condições climáticas, comporta-
mento do fogo e efeitos sobre o 
ambiente são essenciais para se 
determinar a eficiência da quei-
ma . 
 
 
 
 
11. ÍNDICES DE PER GO DE INCÊNDIO 
 índices de perigo de incên. 
dio são números que refletem, an-
tecipadamente, a probabilidade de 
ocorrer um incêndio, assim como a 
facilidade do mesmo so propagar, 
com base nas condições atmosféri-
cas do dia ou de uma seqüência de 
dias. 
No passado, a tendência dos 
técnicos florestais em dedicar 
maior atenção as atividades de su 
pressão do fogo, analisando e pro 
curando aperfeiçoar os métodos de 
combate então disponíveis. A ten-
dência moderna, no entanto, é de-
dicar mais atenção as fases de 
prevenção e prê-supressão, pois é 
muito mais vantajoso, sob todos os 
aspectos, evitar um incêndio ou 
mesmo atacã-lo imediatamente a-pos 
seu início, do que combatê-lo após 
estabelecido e em franca pro-
págação. 
De acordo com a filosofia de 
dedicar maior atenção ã preven-
ção, começaram a ser desenvolvidos 
os índices de perigo de incên-dio, 
os quais têm sido continuamente 
aperfeiçoados. Segundo Williams 
(1967), ate 1920 não se ha via 
pensado seriamente, no Canada, no 
uso sistemático de dados meteo-
roíógicos para desenvolver estima-
tivas do grau de perigo de incên-
dio. Desde essa época, porem, ta-
belas de perigo de incêndio come-
çaram a ser construídas, para to-
das as partes do país, através de 
inter-relações existentes entre 
clima, umidade do combustível e 
comportamento do fogo. 
Segundo Countryman (1966) , 
nos EUA, desde o início do século, 
pesquisadores trabalhando no campo 
da proteção floresta, haviam 
percebido as variações do compor-
tamento do fogo com as diferenças 
de clima, combustível e topogra-
fia. Geralmente, eles faziam ava-
liações qualitativas dessas dife-
renças. Finalmente, em 1933, Gis-
borne pela primeiravez estrutu- 
rou um índice de perigo de incên-
dio, ao elaborar uma escala do 
grau de perigo de incêndio. A es 
cala de Gisborne, baseada em di-
versos componentes do clima, era 
composta por sete classes de pe-
rigo . Seguindo o mesmo princípio, 
isto é, usar variáveis ou compo-
nentes do clima, numerosos outros 
sistemas de predição do grau de 
perigo de incêndio foram 
desenvolvidos, em diversos países 
do mundo. Os Serviços Flores tais 
do Canadá e dos EUA, por e-
xemplo, desenvolveram em 1970 e 
1972, respectivamente, índices 
nacionais, para padronizar os 
sistemas de avaliação do grau de 
perigo em cada país. 
No Brasil, até 1963 não se 
tinha notícia de nenhuma tabela 
ou equação de previsão do perigo 
de incêndios. Ao final daquele 
ano, devido ao grande incêndio 
ocorrido no Estado do Paraná, a 
Divisão de Estudos e Pesquisas 
Meteorológicas do Serviço de Me-
teorologia do Ministério da Agri-
cultura, divulgou duas equa-
ções para estimativa do grau de 
perigo de incêndios, considerados 
os mais viáveis as condições 
climáticas e estruturais do país, 
os índices de Angstron e de 
Nesterov. Em 1972, Soares 
(1972), utilizando dados da re-
gião central do Estado do Para-
ná, desenvolveu o primeiro índice 
de perigo de incêndio do país, a 
Formula de Monte Alegre. 
A estrutura dos índices de 
perigo de incêndio é fundamental-
mente baseada na variação de cer-
tos fatores meteorológicos. Ra-
ciocinando-se em termos de uma 
determinada área florestal, pode-
se distinguir dois tipos de fato-
res determinantes do grau de pe-
rigo de incêndio: os de caráter 
permanente (material combustível, 
tipo de floresta e topografia) e 
os variáveis (condições climãti- 
 
 
 
 cas) . Os fatores de caráter perma-
nente não são apropriados para a 
determinação do grau de perigo de 
ocorrência de incêndios pois, a 
curto prazo, não variam. Sempre 
ha, por exemplo, possibilidade de 
se produzir um incêndio em uma 
floresta levando-se em considera-
ção apenas os fatores de caráter 
permanente. Eles são üteis em ín-
dices mais complexos, que estimam 
a velocidade de propagação e o 
potencial de danos dos incêndios. 
Os fatores variáveis por sua vez 
apresentam uma base solida para a 
determinação apenas do grau de 
perigo de ocorrência. 
Os índices de perigo de in-
cêndio podem, empiricamente, ser 
divididos em dois grupos, índices 
de ocorrência e índices de propa-
gação. Os primeiros estimam espe-
cialmente a probabilidade de 
ocor-rência de um incêndio, isto 
é, se existem condições 
favoráveis ou não para o início 
da combustão. Os do segundo 
grupo, através da incorporação da 
velocidade do vento e alguns 
fatores de caráter perma-nente, 
alem das condições de combustão 
oferecem também uma previ-são do 
comportamento do fogo, isto é, 
das condições de propagação do 
mesmo. Todos os índices atualmente 
utilizados no país pertencem ao 
primeiro grupo. 
0 conhecimento dos índices 
de perigo de incêndio é funda-
mental dentro de um plano de pre-
venção e combate aos incêndios 
florestais, por permitir a previ-
são das condições de perigo, pos-
sibilitando desta maneira a adoção 
de medidas preventivas em bases 
mais eficientes e econômicas. 0 
planejamento do setor de prevenção 
deve ser ajustado as mudanças do 
grau de perigo, a cada dia, a fim 
de cumprir com os- objetivos de 
controle dos incêndios den tro de 
limites razoáveis de custos. A 
concentração de muitos recursos no 
controle dos incêndios torna-se 
excessivamente cara e, por outro 
lado, a limitação de re cursos a 
níveis muito baixos pode ser muito 
perigosa. 
11.1. PRINCIPAIS ÍNDICES DE PERI-
GO DE INCÊNDIO 
Os principais índices de 
perigo de incêndio usados por 
organizações de prevenção e com-
bate a incêndios florestais no 
país são apresentados a seguir. 
11.1. índice de Angstron 
Desenvolvido na Suécia, es 
te índice baseia-se fundamental-
mente na temperatura e umidade re 
lativa do ar, ambos medidos dia-
riamente as 13 horas. A equação 
do índice é a seguinte: 
B.= 0,05 11 - 0,1 (T - 27) 
sendo: 
B ■ índice de Angstron 
H = umidade relativa do ar em 
% T = temperatura do ar em 
C. 
Sempre que o valor de "B" 
for menor do que 2,5 haverá ris-
co de incêndio, isto é, as 
,condi-ções atmosféricas do dia 
estarão favoráveis a ocorrência 
de incên-dios. 
11.2. índice Logarítmico de Te- 
licyn 
Desenvolvido na URSS, este 
índice tem como variáveis as tem 
peraturas do ar e do ponto de or 
valho, ambas medidas as 13 ho-
ras. O índice é acumulativo, is-
to é, seu valor aumenta gradati-
vamente, como realmente acontece 
com as condições de risco de in-
cêndio, até que a ocorrência de 
uma chuva o reduza a zero, reco-
meçando novo ciclo de cálculos . 
Sua equação é a seguinte: 
I = E log(T - PO) 
sendo: 
I = índice de Telicyn T = 
temperatura do ar em C PO = 
temperatura do ponto de or-valho 
em C log= logarítmo na base 10. 
 
 
 
 Restrição do índice: sempre 
que ocorrer uma precipitação igual 
ou superior a 2,5 mm, abandonar a 
somatória e recomeçar o calculo no 
dia seguinte, ou quando a chuva 
cessar. No(s) dia(s) de chuva, 
o índice é igual a zero. 
Como o índice é acumulati-
vo, a interpretação do grau de pe 
rigo é feita através de uma esca-
Ia (Tabela 28) . 
TABELA 28 - Escala de perigo do .índice logarítmico de Telicyn. 
VALOR DE I GRAU DE PERIGO 
=< 2 
2,1 a 3,5 
3,6 a 5,0 
> 5 
Nenhum 
Pequeno 
Médio 
Alto 
 11.1.3. índice de Nesterov 
Desenvolvido na URSS e aper-
feiçoado na Polônia, este índice 
tem como variáveis a temperatura 
e o déficit de saturação do ar, 
ambos medidos diariamente as 13 
horas. 0 índice de Nesterov, que 
também é acumulativo, tem a se-
guinte equação básica: 
G = E(d.T) 
sendo, 
G = índice de Nesterov 
d = déficit de saturação do 
ar 
em milibares T = 
temperatura do ar em C. 
0 déficit de saturação do 
ar, por sua vez, é igual ã dife- 
rença entre a pressão máxima de 
vapor d'água e a pressão real de 
vapor d'água, podendo ser calcu-
lado através da expressão: 
 
sendo , 
d = déficit de saturação do ar 
em milibares E = pressão 
máxima de vapor 
d'água em milibares H = 
umidade relativa do ar em 
t. 
No índice de Nesterov, a 
continuidade da somatória é limi. 
tada pela ocorrência de precipi-
tação, através de uma série de 
restrições (Tabela 29). 
 
 
 
TABELA 29 - Restrições a somatória do índice de Nesterov, de acordo com 
a quantidade de chuva do dia. .................... 
 
CHUVA DO DIA 
(mm) 
 ........ MODIFICAÇÃO NO CALCULO 
=< 2,0 Nenhuma 
2,1 a 5,0 Abater 25% do valor de G calculado na 
véspera e somar (d.t) do dia. 
5,1 a 8,0 Abater 50% no valor de G calculado na 
 véspera e somar (d.t) do dia. 
8,1 a 10,0 Abandonar a somatória anterior e reco 
 meçar novo cálculo, isto é, G= (d.t) 
 do dia. 
> 10,0 Interromper o cálculo (G = 0) , recome- 
 çando a somatória no dia seguinte 
 ou quando a chuva cessar. 
A interpretação do grau de 
risco estimado pelo Índice é fei- 
ta através de uma escala de peri-
go (Tabela 30). 
TABELA 30 - Escala de perigo do índice de Nesterov 
Valor de G Grau de Perigo 
 
Vi! 
300 
301 a 500 
501 a 1000 
1001 a 4000 
> 4000 
Nenhum risco 
Risco pequeno 
Risco médio 
Grande risco 
Altíssimo risco 
 
11.1.4. Fórmula de Monte Alegre 
Desenvolvido através de da. 
dos da região central do Estado 
do Paraná, este índice, também a-
cumulativo, tem como única variá-
vel a umidade relativa do ar, me-
dida as 13 horas. A sua equa-
ção básica é a seguinte: 
sendo, 
FMA = Formula de Monte Alegre 
H = umidade relativa do ar 
em % . 
Sendo acumulativo, o índi-
ce esta sujeito as restrições de 
precipitação, como mostra a Tabe-
la 31 .TABELA 31 - Restrições à somatória da FMA, de acordo com a precipita 
ção do dia . .'■ ......... 
 
CHUVA DO DIA 
(mm) 
MODIFICAÇÃO NO CÁLCULO 
=< 2,4 Nenhuma 
2,5 a 4,9 Abater 30% na FMA calculada na véspera e so mar 
(100/H) do dia.
5,0 a 9,9 Abater 60% na FMA calculada na véspera e so 
mar (100/H) do dia. 
10,0 a 12,9 Abater 80% na FMA calculada na véspera e so mar (100/H) do dia. 
> 12,9 Interromper o cálculo (FMA= 0) e recomeçar 
 a somatória no dia seguinte. 
A interpretação do grau de 
perigo estimado pela FMA é também 
feita através de uma escala (Ta-
bela 32) . 
TABELA 32 - Escala de perigo da Formula de Monte Alegre 
VALOR DA FMA GRAU DE PERIGO 
 
=< 1,0 
1,1 a 3,0 
3,1 a 8,0 
8,1 a 20 ,0 
> 20,0 
Nulo 
Pequeno Me 
d io Alto 
Muito alto 
 11.2. UTILIDADES DOS ÍNDICES DE 
PERIGO DE INCÊNDIO 
to do grau de perigo a que esta 
sujeita a área florestal. 
 Dentre as diversas utilida-
des e aplicações dos índices de 
perigo de incêndio pode-se desta-
car : 
11.2.1. Conhecimento do Grau de 
Perigo 
Ao estimar a probabilidade 
de ocorrência de incêndios, desde 
que exista uma £agulha para ini-
ciar a combustão, os índices per-
mitem, diariamente, um conhecimen 
11.2.2, Planejamento do Controle 
de Incêndios 
As medidas preventivas ou 
mesmo de prê-supressão, devem ser 
intensificadas a medida que os 
valores dos índices aumentam. 
Por outro lado, quando o índice 
indica não haver perigo de 
incêndio ou quando ele é 
pequeno, as medidas de 
prevenção e prontidão para 
eventuais combates podem ser 
atenuadas, conseguindo-se as 
 
 
 
 sim uma grande economia no setor 
de proteção, pois tanto o pessoal 
como alguns equipamentos usa dos 
neste setor podem ser designa" dos 
para outros trabalhos. 
mo o Paraná por exemplo, deve-se 
esperar diferenças significati-
vas entre o grau de perigo das 
suas diversas regiões. 
 
11.2.3.Permissão para Queimas 
Controladas 
Segundo o Código Florestal, 
as queimas controladas somente po 
dem ser feitas mediante autoriza" 
ção do poder publico. 0 índice de 
perigo de incêndio deve ser um dos 
fatores fundamentais a se levar em 
consideração para a conces-são de 
permissão para queima. Quan do o 
perigo e alto ou muito alto7 não 
se deve permitir queimas pois o 
risco do fogo escapar e se trans 
formar em incêndios incontrolados 
é muito grande. 
11.2.5. Previsão do Comportamen-
to do Fogo 
Os índices que estimam tam 
bém a propagação e o potencial 
de danos, fornecem uma boa idéia 
do comportamento do fogo, caso 
ocorra um incêndio. Mesmo os ín-
dices de ocorrência, embora mais 
limitados, podem também dar uma 
indicação do que se deve esperar 
em termos de comportamento do 
fogo, que será certamente 
distin-to se o incêndio ocorrer 
em um dia de perigo médio ou 
muito alto, por exemplo. 
 
11.2.4. Estabelecimento de Zonas 
de Perigo 
0 acompanhamento dos valo-
res dos índices de perigo de in 
cêndio durante certo tempo, em 
grandes regiões, permite 
estabele-cer as zonas 
potencialmente mais perigosas ou 
mais propícias ã o-corrência de 
incêndios. Considerando que o 
limite de validade e segurança 
dos índices é aproximadamente 40 
km de raio em torno da estação 
meteorológica que fornecem os 
dados, em um Estado, co- 
11.2.6. Advertência Pública do 
Grau de Perigo 
A divulgação dos valores 
dos índices, através dos meios 
de comunicação disponíveis, é im 
portante para que as pessoas que 
trabalham na floresta ou a usam 
como recreação, tenham conheci-
mento do grau de perigo de incên 
dio. Este conhecimento acompanha 
do de outros esclarecimentos,aju 
da a formar na população uma 
maior conscientização para os 
problemas que os incêndios podem 
causar as florestas. 
 
 
 
12. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS FLORESTAIS 
A proteção das florestas 
contra o fogo começa com a preven 
ção. A melhor maneira de combater" 
um incêndio e evitar que ele ocor 
ra. E considerando que a grande-
maioria dos incêndios florestais 
são provenientes de causas huma-, 
nas, elas são, em sua maior par-
te, teoricamente evitáveis. 
A prevenção de incêndios 
florestais envolve dois níveis de 
atividades. Primeiro, a prevenção 
dos incêndios causados pelo ho-
mem, procurando através da educa-
ção da população, legislação espe 
cífica e medidas coercitivas, 
evi-tar que o fogo ocorra. 
Segundo usando técnicas para 
controlar principalmente o 
material combustível , impedir ou 
dificultar a propagação daqueles 
incêndios que não foi possível 
evitar. 
12.1. PREVENÇÃO DAS FONTES DE FO-
GO 
Cada incêndio causado pelo 
homem em uma área florestal prote-
gida deve ser considerada como e-
vidência de que alguma coisa saiu 
errada. Geralmente, o incêndio é 
o resultado de uma combinação cri 
tica de circunstâncias que pode-
riam ser evitadas ou impedidas de 
acontecer. Estas circunstâncias 
podem ser codificadas, a fim de 
permitir um diagnostico lógico e 
uma prescrição eficiente para ca-
da caso. Por exemplo: 
Um incêndio de fumante =um fuman-
te + cigarro + fósforo + descuido 
Se qualquer um dos quatro 
elementos do incêndio causado pe-
lo fumante for eliminado, não ha-
verá fogo. Deste modo, existem 
quatro maneiras de se prevenir um 
incêndio deste tipo: i) Banir o 
fumante de áreas sujeitas a ocor 
rência de incêndios (fechamento 
completo da área) , induzi-lo a 
não fumar em determinadas áreas 
(proibição de fumar) ou proibi-
lo de jogar material aceso em lo 
cais com combustível perigoso 
(não fumar enquanto estiver se 
deslocando pela área) ; ii) Limi-
tar o uso de cigarro em determi-
nadas áreas que não oferecem ris 
co, sem proibir totalmente o ato" 
de fumar; iii) Aumentar a segu-
rança do agente de ignição, proi. 
bindo por exemplo o uso de fõsfo 
ros e permitindo apenas isquei-
ros; iv) Finalmente, educar ou 
motivar o fumante para ser cuida 
doso e tomar as precauções 
neces-sarias a fim de evitar o 
incêndio . 
Certamente, dessas quatro 
alternativas, a primeira é a mais 
direta e positiva para um certo 
período de tempo e determinada a-
rea, mas não ha condições de es-
tendê-la a grandes áreas, alem de 
ser uma medida de caráter tem 
porãrio. A quarta alternativa 
educação do fumante, leva muito 
mais tempo para ser efetivada mas 
apresenta um caráter mais 
permanente em termos de prevenção 
. 
Este tipo de analise pode 
ser aplicada a todos os incên-
dios onde as combinações críti-
cas que causam o fogo são conhe-
cidas. Um incêndio causado por 
incendiãrio, por exemplo, é a 
soma de uma pessoa, um motivo 
para queimai material para pro 
vocar a ignição. Neste caso, as 
principais alternativas de pre-
venção seriam retirar a pessoa 
da área ou eliminar o seu motivo 
para queimar. 
A prevenção de incêndios 
de causa humana, que pode ser 
alcançada através da educação da 
população, da regulamentação do 
 
 
 
 uso da floresta e da aplicação da 
legislação pertinente, ainda apre-
senta um grande potencial para" 
aperfeiçoamento. 
12.1.1. Educação da População 
As pessoas se constituem no 
primeiro problema da prevenção de 
incêndios. Se todos que usam ou 
transitam por áreas florestais ti-
vessem plena consciência do 
poten-cial de destruição dos 
incêndios, fossem bem-informados 
sobre como evitar que eles 
ocorram e suficientemente 
motivados para procederem 
corretamente, apenas um número 
reduzido de incêndios ocorreria 
anualmente. 
Por este motivos, a educa 
ção da população deve ser a pri-
meira iniciativa na prevenção de 
incêndios. Seu objetivo principal 
é formar uma conscientização na 
população, com relação ã 
importân-cia das florestas e os 
danos que a elas podem causar os 
incêndios florestais. 
0 grande obstáculo para se 
alcançar essas metas é a dificul-
dade deatingir todas as classes 
de pessoas responsáveis por ocor-
rências de incêndios através de 
uma comunicação simples e objeti-
va, mostrando como e por que evi-
tar o fogo nas florestas. 
Os principais meios de comu 
nicação visando a educação da po-
pulação são livros, revistas, fo-
lhetos, rádio, televisão, filmes, 
painéis, palestras e contatos 
pessoais. Todos esses meios são 
eficientes quando usados hábil e 
adequadamente, considerando a 
época oportuna, o local adequado 
e a pessoa correta. Mas todos, ou 
quase todos eles, são necessá-
rios, pois nenhum meio, isolada-
mente, poderá alcançar todas as 
classes de pessoas e também por-
que a reação dos indivíduos varia 
bastante em relação a apelos 
públicos, instruções e restrições 
Ryan , Gladen e Folkman 
(1978) relatam um experimento con 
duzido na Califórnia, EUA, visan- 
do conscientizar crianças de es 
cola de primeiro grau para o pro" 
blema de incêndios florestais. E 
quipes de quatro a oito pessoas" 
conduziram o programa visitando 
as salas de aula e apresentando 
sessões divididas em três partes, 
cada uma com cerca de 10 minutos 
de duração: trabalhos em gru-pos, 
apresentação de diapositi-" vos e 
visita do urso smokey. As crianças 
foram submetidas a tes-tes antes 
e depois de participarem do 
programa e suas respostas 
comparadas com as de crianças 
não-submetidas ao programa. As 
crianças submetidas ao programa 
obtiveram muito melhor performan 
ce nos testes sobre princípios de 
prevenção de incêndios do que as 
que não participaram do pro-
grama. 
Bernardi (1973) testou a e-
ficiência de três anúncios dê" 60 
segundos sôbre prevenção de 
incêndios em emissoras de televi-
são nos Estados da Califórnia é 
Oregon, EUA. Os filmes diferiam 
apenas de narrador: o urso smokey 
em um, rapaz jovem em outro e um 
guarda florestal no terceiro. A 
pesquisa demonstrou que o filme 
narrado pelo rapaz foi mais 
eficiente na conscientização da 
população amostrada, com relação 
a prevenção de incêndios. 0 autor 
concluiu ainda que os filmes 
foram mais eficientes quando 
mostrados em salas de aula do que 
quando exibidos para o públi-co de 
televisão em geral . 
Os painéis colocados nas 
margens de estradas são também 
muito úteis na educação da popu-
lação. Folkman (1973) demonstrou, 
através de pesquisa realizada na 
Califórnia, EUA, que as mensa. 
gens dos painéis mantém sua efi-
ciência por pelo menos seis anos. 
Cinco diferentes mensagens foram 
colocadas ao longo de estradas 
florestais da região e, seis anos 
depois, as mensagens foram 
aumentadas para dez, os painéis 
redesenhados e apresentados com 
novas cores. Cerca de 97 % dos mo 
toristas entrevistados se lem-
braram dos novos painéis e cerca 
 
 
 
 de 70% disseram se lembrar também 
dos antigos. 
De todos os métodos de edu-
cação da população, o contato pes-
soai e individual parece ser õ 
mais eficiente. A principal vanta-
gem do contato pessoal é permitir 
um nível de troca de idéias que 
não é possível através de outros 
meios de comunicação. Este é um 
método altamente seletivo e que 
pode, eficientemente, preencher 
os espaços ou falhas deixados 
pelos outros métodos. 
priamente dita por seu caráter 
mais localizado e pelo seu obje-
tivo principal que é reduzir o 
risco de incêndio em áreas espe-
cíficas. Um exemplo concreto de 
regulamentação do uso da flores-
ta é citado por Brown e Davis 
(1973): nos Estados de Oregon e 
Washington, EUA, a operação de 
exploração florestal é suspensa 
toda vez que a umidade relativa 
do ar, nas áreas florestais, cai 
para menos de 30%. 
 
12.1.2. Regulamentação do Uso da 
Floresta 
A regulamentação do uso , 
principalmente das florestas de 
lazer, como os parques nacionais, 
estaduais e municipais, é muito 
importante na prevenção dos incên 
dios causados pelas pessoas que 
os utilizam. 
A regulamentação esta rela-
cionada, por um lado com a educa-
ção da população e, por outro, a 
aplicação da legislação. Isto por-
que inicialmente é necessário uma 
campanha de esclarecimento no sen 
tido de explicar as razões das 
restrições no uso da floresta. Em 
segundo lugar, não se deve transi-
gir na aplicação da regulamenta-
ção . 
A forma mais drástica de re 
gulamentação seria fechar a flo-
resta, ou os setores mais suscetí-
veis aos incêndios, a visitação 
publica, em épocas críticas. Ou 
trás medidas que poderiam ser 
ado-tadas são a proibição ou 
restrição de fumar em 
determinadas á-reas em épocas de 
grande perigo ;o uso obrigatório 
de ferramentas como pás, machados 
e foices por par-te de pessoas que 
acampam na floresta; a proibição 
de pesca em certas áreas durante 
a estação de incêndios e outras 
medidas de caráter local ou 
regional que con tribuam para a 
redução do risco de incêndio. 
A regulamentação do uso da 
floresta difere da legislação pro- 
12.1.3. Aplicação da Legislação 
Existe sempre uma minoria 
de pessoas negligentes, descuida 
das e refratãrias a qualquer le-
gislação, que agem sempre em 
seus interesses pessoais. Para 
estas pessoas, a aplicação rigo-
rosa da legislação é a medida 
mais eficiente na prevenção dos 
incêndios. 
0 cumprimento rigoroso do 
Código Florestal Brasileiro, que 
tem quatro artigos que tratam 
diretamente do problema do fogo 
em florestas , seria uma medida 
extremamente útil na prevenção 
de incêndios no país. 
0 Artigo 11°, do referido 
Código, diz que "o emprego de 
produtos florestais ou hulha como 
combustível obriga o uso de 
dispositivos que impeçam a difu-
são de fagulhas suscetíveis de 
provocar incêndios nas flores-tas 
e demais formas de vegetação"" 
0 Artigo 25? estabelece que 
"em caso de incêndio rural, que 
não se possa extinguir com os re 
cursos ordinários, compete não 
so ao funcionário florestal, como 
a qualquer outra autoridade 
publica, requisitar os meios ma-
teriais e convocar os homens em 
condições de prestar auxílio". 
0 Artigo 26? diz, entre 
outras coisas, que "fazer fogo, 
por qualquer modo, em florestas 
e demais formas de vegetação, sem 
tomar as precauções adequadas;fa 
bricar, vender, transportar ou 
soltar balões que possam provo- 
 
 
 
 car incêndios nas florestas e de-
mais formas de vegetação; e 
empre-gar, como combustível, 
produtos" florestais ou hulha sem 
uso de dispositivos que impeçam a 
difu-são de fagulhas suscetíveis 
de provocar incêndios florestais 
, constituem contravenções 
penais. puníveis com três meses a 
um ano de prisão simples ou multa 
de um a cem salários mínimos, ou 
ambas as penas cumulativamente." 
Finalmente, o Artigo 27? 
diz que "é proibido o uso de fogo 
nas florestas e demais formas de 
vegetação".. Entretanto, como o fo- 
go é um instrumento essencial em 
práticas agrícolas e florestais, 
o parágrafo único deste Artigo 
faz a seguinte ressalva: "se pecu- 
liaridades locais ou regionais 
justificam o emprego do fogo em 
práticas agro-florestais ou flo 
restais, a permissão será estabe 
lecida em ato de poder publico , 
circunscrevendo as áreas e estabe- 
lecendo normas de precaução." Se 
apenas este Artigo fosse rigorosa- 
mente observado, os incêndios fio 
restais no Brasil seriam 
sensivel- 
mente reduzidos. 
A aplicação da legislação, 
principalmente nos casos de pro-
cesso judicial, nem sempre e fá-
cil. Em primeiro lugar, é neces-
sário descobrir a causa do incên 
dio. Em seguida, deve-se estabe-
lecer a identidade da pessoa res 
ponsável pelo fogo. Finalmente 7 
é necessário provar legalmente o 
envolvimento da pessoa no incên-
dio . 
Folkman (1973) relata um 
programa experimental de preven-
ção de incêndios no município de 
Butte, Califórnia, EUA, onde a 
aplicação da legislação foi um 
dos pontos principais, a fim de 
alertar o publico a respeito da 
seriedade do problema do fogo.Durante os quatro anos de observa 
ção, vários foram os casos dê" 
condenação de pessoas responsá-
veis por incêndios (Tabela 33) e 
houve uma sensível redução no nu 
mero de incêndios de causas huma-
nas nos anos de 1969 e 1970. 
TABELA 33 - Resultados do programa de aplicação da legislação de pre 
venção contra incêndios florestais no município de Butte 
Califórnia, EUA. 
 
ATIVIDADE 1967 1968 1969 1970 
Número de investigações 325 269 340 346 
Ofensas menores 17 35 12 1 3 
Ofensas grave s 1 1 1 0
Condenações menores 15 33 9 13 
Condenações graves 1 1 1 0 
Ainda segundo Folkman (1973) , 
durante o transcurso da pesquisa, 
o fato do município estar sendo 
usado como área experimental foi 
mantido em segredo para evitar 
que o efeito de tal conhecimento 
pudesse influir no comportamento 
do público. 
12.2. PREVENÇÃO DA PROPAGAÇÃO DO 
FOGO 
A redução do risco de pro-
pagação dos incêndios que não 
puderam ser evitados é outra im-
portante parte da prevenção de 
incêndios florestais. 
 
 
 
 Mesmo os mais eficientes pro 
gramas de prevenção não conseguem-
evitar totalmente o início de in-
cêndios em áreas florestais. Por 
este motivo, é essencial estabele 
cer sistemas que evitem ou difi--. 
cultem a propagação dos incêndios, 
principalmente através do controle 
da quantidade, arranjo, conti-
nuidade e inflamabilidade, ou po-
tencial de queima, do material com 
bustível. 
A redução do risco de propa-
gação dos incêndios em áreas flo-
restais pode ser conseguida atra. 
vês da implantação das seguintes 
técnicas preventivas: 
12.1. Construção e Manutenção de 
Aceiros 
Aceiros são técnicas preven-
tivas destinadas a quebrar a con-
tinuidade do material combustível. 
Constituem-se basicamente de fai-
xa- livres de vegetação, onde o 
solo mineral é exposto, distribuí-
das através da área florestal, de 
acordo com as necessidades de pro-
teção. 
A largura dos aceiros depen-
de das condições locais, mas não 
deve ser inferior a 5 m e, em lo-
cais de extremo perigo, podem che-
gar a 50 m. Em uma área florestal, 
onde deve existir uma rede de 
aceiros, a largura de cada um de-
les varia de acordo com sua impor 
tância estratégica. Neste caso, 
existem aceiros principais, mais 
largos, e secundários, mais es-
treitos . 
Os aceiros, por si so, não 
são capazes de deter os incêndios 
, ou pelo menos a maioria deles, 
principalmente quando o fogo 
começa mais distante e chega até 
eles já com certa intensidade. No 
entanto, mesmo em incêndios de al-
ta intensidade, os aceiros são 
ex-tremamente úteis como meios de 
acesso e pontos de apoio para as 
turmas de combate. 
A manutenção dos aceiros é 
outro ponto fundamental na 
preven-ção da propagação do fogo. 
De na- 
da adianta construir uma rede de 
aceiros se estes não são mantidos 
limpos e operacionãveis, pelo 
menos durante a época de maior 
perigo de incêndios. Geralmente, 
uma limpeza anual é suficiente 
para manter os aceiros em condi-
ções satisfatórias. 
12.2.2. Redução do Material Com-
bustível 
Esta é, sem dúvida, a téc-
nica preventiva mais eficiente 
para evitar a propagação dos in-
cêndios. No entanto, sua aplica-
ção prática é bastante difícil , 
principalmente considerando-se 
que todo material lenhoso exis-
tente na floresta é combustível. 
Sendo a intensidade dos 
incêndios diretamente proporcio-
nal â quantidade de material com 
bustível disponível existente , 
quanto menos material houver pa-
ra queimar, mais fácil será o 
combate ao fogo e menores os da-
nos a floresta. 
A redução do material com 
bustível em uma floresta pode 
ser feita através de métodos qui 
micos, mecânicos ou por queima 
controlada. Destes, o mais 
econo-mico e eficiente, se bem 
que o mais arriscado, é a queima 
controlada, que pode ser feita 
no interior da floresta, desde 
que a espécie seja resistente ao 
fogo. A redução do material 
combus-tível através do fogo 
pode também ser feita na 
periferia da floresta, formando 
aceiros tempo-rãrios que impedem 
ou dificultam a penetração, na 
floresta, de incêndios vindos de 
fora. A quei-ma da vegetação 
seca ãs margens de estradas de 
ferro ou de rodagem, geralmente 
locais bastante suscetíveis a 
ocorrência de incêndios, é 
também um meio eficiente de 
redução de material combustível 
. 
 
 
 
 
12.2.3. Cortinas de Segurança 
As cortinas de segurança são 
técnicas que, basicamente, alte-
ram a inflamabilidade do mate-
rial combustível. Quando existem 
grandes-extensões reflorestadas 
com espécies altamente combus-
tíveis, sujeitas a incêndios de 
copa, o estabelecimento de fai-
xas de espécies menos inflamãveis, 
folhosas por exemplo, para redu-
zir a propagação de possíveis in-
cêndios, facilitando o combate 
aos mesmos. 
12.2.4. Construção de Açudes 
São vários os benefícios 
que um conjunto de pequenos açu-
des, formados através de simples 
barragens de terra ao longo de 
pe-quenos cursos d'água, pode 
trazer a uma propriedade 
florestal. 
Sob o aspecto da prevenção 
de incêndios, esses açudes, além 
de se constituírem em locais de 
fácil captação de água para comba-
ter o fogo, influem beneficamente 
no microclima local, através do 
aumento da superfície de evapora-
ção e, consequentemente, da umida-
de relativa do ar. Além do aspec-
to protecionista, os açudes são 
úteis para a recreação e a psicul-
tura. 
12.3. PLANOS DE PREVENÇÃO 
Para maior eficiência da 
prevenção dos incêndios flores-
tais, planos regionais ou locais, 
especificando as técnicas mais 
adequadas e viáveis, podem ser 
estabelecidas. Os planos de pre-
venção, basicamente, organizam o 
trabalho de proteção contra in-
cêndios em uma área florestal.Pa 
ra isto, não é necessário elabo-
rar planos complicados ou sofis-
ticados, pois quanto mais simples 
e objetivos, mais operacionais e 
eficientes eles se tornam. 
Para se elaborar um plano 
de prevenção de incêndios são ne-
cessãrias algumas informações e 
estatísticas sobre ocorrências 
anteriores de fogo e aspectos ge-
rais da área, no sentido de se 
estabelecer com mais eficiência 
os métodos e objetivos da 
preven-ção. Estas informações 
são, basi-camente, as seguintes: 
12.3.1. Regiões de Ocorrência 
Os incêndios não se distri-
buem uniformemente através das 
áreas florestais. Existem locais 
onde a ocorrência de incêndios é 
mais freqüente, como por exemplo 
próximo a vilas ou acampamentos, 
margens de rodovias, margens de 
estradas de ferro, proximidades 
de áreas agrícolas e margens de 
rios e lagos (Figura 17). Por 
outro lado, existem locais den-
tro de uma região florestal onde 
nunca, ou raramente, ocorrem in-
cêndios . 
 
 
 
 
FIGURA 17 - Mapa das zonas de maior risco de ocorrência de incêndios 
em uma área florestal. 
 
A elaboração de um mapa de 
risco, através da marcação dos 
pontos onde ocorreram os incên 
dios, possibilita a visualização 
das áreas de maior incidência de 
incêndios e ajuda na designação 
de medidas preventivas especiais 
para as áreas de maior risco. 
12.3.2. Causas dos Incêndios 
Para se fazer um trabalho 
objetivo de prevenção de incên-
dios em uma área é necessário co-
nhecer as principais causas ou 
grupos de causas desses incên-
dios. 0 agrupamento usado no Bra-
sil engloba oito grupos de cau-
sas, a saber: raios, queimas para 
limpeza, operações florestais, 
fogos campestres, fumantes, in-
cendiãrios, estradas de ferro e 
diversos. 
As causas dos incêndios va 
riam de região para região,prin-
cipalmente em países de grande 
extensão territorial. Para se ter 
estatísticas confiáveis é ne-
cessário investigar com afinco as 
causas dos incêndios e manter um 
arquivo ordenado dos dados ao 
longo dos anos. Um exemplo de es 
tatística de causas de incêndios 
em uma determinada região

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