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Page 1 of 8 ADM 01135 - Engenharia Econômica e Avaliações Prof. Tiago Pascoal Filomena, Ph.D. Aula 11 – Depreciação e Imposto de Renda 1. Depreciação Um ativo, com o uso e o desgaste, tem seu valor diminuído. Com o tempo, o valor do imobilizado vai decrescendo e, para viabilizar sua reposição, torna-se necessário acumular uma reserva, que permitirá no fim de certo tempo a aquisição de um novo ativo. Essa reserva é denominada depreciação, e o tempo necessário para repor o ativo é chamado vida útil. Logo, a depreciação não é uma quantia gasta, mas um ‘fundo de reserva’ que deverá permitir à empresa realizar investimentos de reposição do seu ativo fixo. 1.1. Conceitos de Depreciação 1.1.1. Depreciação Física Interpretada como sendo a perda de valor pelo desgaste do bem. No caso de uma máquina ou equipamento, por exemplo, o desgaste será devido não somente à sua utilização normal, mas também à ação do tempo e das intempéries 1.1.2. Depreciação Econômica Interpretada como sendo o declínio sofrido na capacidade que o bem apresenta em gerar receitas. Se, ao longo do tempo, diminui o valor da produção de um ativo, este experimentará uma correspondente redução no seu valor intrínseco. O declínio no valor líquido de produção decorre da exaustão física do ativo, da obsolescência do ativo e do próprio produto. As constantes inovações tecnológicas, e mesmo as mudanças no Page 2 of 8 gosto dos consumidores, podem fazer que um bem se torne de utilização antieconômica, ou obsoleto. 1.1.3. Depreciação Contábil Corresponde a uma estimativa da perda de valor sofrida pelo bem, com finalidade de efetuar um registro contábil. Visando fazer face à perda de valor sofrido pelo bem é que surgiu a depreciação contábil: periodicamente seria efetuada uma apropriação de recursos, num montante que traduzisse a perda de valor experimentada pelo bem durante o período considerado, procurando-se constituir uma reserva, a qual é chamada de fundo de depreciação, de tal modo que fosse possível a aquisição de um novo bem quando o atual estivesse considerado como de utilização antieconômica. Na prática, fora as limitações impostas pela legislação do Imposto de Renda, o que se faz é estimar o prazo ao longo do qual se supõe que o bem terá uma utilização econômica, prazo esse que é chamado de vida útil, reservando-se, no final de períodos pré-determinados (geralmente o ano), quantias, cujos valores são determinados através de diferentes métodos, e que acumulam uma soma suficiente para a recomposição do bem no fim de sua vida útil. Obviamente, junto com a depreciação econômica é considerada a depreciação contábil já que esta tem impacto no imposto de renda. 1.2 Conceito de Vida Útil 1.2.1. Contabilidade Corresponde, em anos, ao tempo que em geral a legislação estabelece para a sua depreciação fiscal. Ex: Máquina comprada por R$ 100.000, depreciada a 10% a.a., significa que sua vida útil pela contabilidade é de 10 anos! Page 3 of 8 1.2.2. Caráter Técnico A vida útil é estabelecida em função do desgaste físico e técnico da máquina = É A VIDA ÚTIL QUE INTERESSA AOS ENGENHEIROS! Ex: Máquina comprada por R$ 100.000, tem sua vida útil estimada em 5 anos pelo corpo técnico da empresa que prevê o surgimento de uma nova tecnologia no mercado! 1.2.3 Econômico Corresponde a um retorno de capital, e a vida útil econômica ao tempo de utilização do ativo de forma econômica ao tempo deve levar em conta os riscos do investimento, e depende das diretrizes estabelecidas pela direção da empresa. E é normalmente a depreciação econômica que deve ser utilizada para estudos de rentabilidade de ativos e análise de investimentos. A limitação das taxas de depreciação em níveis baixos (vida útil longa) provoca a descapitalização da empresa, numa economia inflacionária. Nesse sentido, a substituição do conceito de vida útil física pelo de vida útil econômica produz a reposição geradora de progresso, permitindo a substituição periódica dos ativos e um grau maior de aproveitamento tecnológico. 1.3. Métodos para Cálculo da Depreciação Existem diversos métodos para calcular a depreciação anual de um ativo. Entre estes métodos cabe mencionar-se os seguintes: • Método Linear • Método da Soma dos Dígitos • Método da Soma Inversa dos Dígitos • Método por Produção • Método Exponencial Neste material será discutida somente a depreciação linear. Page 4 of 8 1.3.1. Depreciação Linear É o método utilizado pela contabilidade fiscal. Consiste de um valor de depreciação constante para toda a vida útil do ativo, idêntico de ano para ano, obtido a partir da divisão do valor do ativo pela vida útil. Em conseqüência da inflação, tanto o valor do ativo como os valores acumulados da reserva, constituintes do fundo de depreciação, deverão ser avaliados pelos índices fornecidos pelo governo. Para calcular o valor da depreciação deve-se dividir o valor de compra do ativo pela sua vida útil estimada, ou multiplicar o valor de compra pela taxa de depreciação do ativo: P (ANOS) Valor Contábil DEPRECIAÇÃO RESERVA ACUM. 0 100.000 - 0,00 1 90.000 10.000 10.000 2 80.000 10.000 20.000 3 70.000 10.000 30.000 4 60.000 10.000 40.000 5 50.000 10.000 50.000 6 40.000 10.000 60.000 7 30.000 10.000 70.000 8 20.000 10.000 80.000 9 10.000 10.000 90.000 10 0,00 10.000 100.000 P = valor de aquisição do ativo Page 5 of 8 2. Imposto de Renda O imposto de renda incide sobre o lucro das corporações. O impostos que incidem sobre a lucro das corporações no Brasil são “em geral” o Imposto de Renda (IR) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Obviamente as faixas de cobrança variam, mas um exemplo ilustrativo seria IR = 15% e CSLL = 9%. Neste documento, consideraremos IR como sinônimo para qualquer imposto que incida sobre o lucro. Lucro antes do IR (LAIR) = Receitas (R) – Custos (C) - Depreciação Imposto a pagar (IP) = LAIR * Alíquota IR Lucro depois do Imposto de Renda (Lucro Líquido ou LL) = LAIR – IP = (R – C - D) * (1- IR) Fluxo de Caixa Operacional ANTES do IR = LAIR + Depreciação Fluxo de Caixa Operacional DEPOIS do IR = LL + Depreciação 3. Fluxo de Caixa ANTES e DEPOIS do Imposto de Renda O que interessa em engenharia econômica é o fluxo de caixa depois do IR. Exemplo: Suponha-se um investimento de $10.000,00 sem valor residual e com uma vida útil estimada de 5 anos. Tem-se, então: DC = 10.000 / 5 = 2000 Supondo-se ainda uma receita líquida anual de $3.000,00 antes dos impostos e uma taxa de I.R. de 50%, os fluxos de caixa depois dos impostos podem ser calculados como mostra o quadro a seguir: Page 6 of 8 Ano F.C.A.I. Depreciação Lucro Tributável IR (50%) F.C.D.I. 0 -10000 -10000 1 3000 -2000 (3000 – 2000) = 1000 (0,5* 1000) = 500 (3000 – 500) = 2500 2 3000 -2000 1000 500 2500 3 3000 -2000 1000 500 2500 4 3000 -2000 1000 500 2500 5 3000 -2000 1000 500 2500 F.C.A.I = fluxo de caixa antes do imposto de renda F.C.D.I = fluxo de caixa depois do imposto de renda Antes do IR: VPL (10%) = $ 1.372,36 TIR = 15,24% Depois do IR: VPL (10%) = $ -523,03 TIR = 7,93% PERCEBE-SE QUE, SEM A CONSIDERAÇÃO DO IMPACTO DO IMPOSTO DE RENDA E DA DEPRECIAÇÃONO FC, A ANÁLISE DO PROJETO PODE FICAR DISTORCIDA, PREJUDICANDO AS ESCOLHAS DA EMPRESA!! 3.1 Ganho e Perda de Capital Considere que em determinado momento da vida útil do ativo ele é vendido por um valor VM (valor de mercado). Ganho de Capital = Valor de Mercado > Valor Contábil Perda de Capital = Valor de Mercado < Valor Contábil Page 7 of 8 O Valor Contábil é o Saldo do Ativo que ainda não foi depreciado. Ou seja: P = valor de aquisição do ativo Exemplo: um ativo possui um valor contábil de R$ 5000 e é vendido por R$ 8000 (valor de mercado). Considerando IR de 40%, qual o valor que o a empresa pagará de IR e qual o valor líquido da venda depois do IR? Ganho de Capital = 8000 – 5000 = R$ 3000 Taxa = 3000 * 0,4 = R$ 1200 Valor Líquido = 8000 – 1200 = R$ 6800 Exemplo: um ativo possui um valor contábil de R$ 10.000 e é vendido por R$ 6000 (valor de mercado). Considerando IR de 40%, qual o valor que o a empresa pagará de IR e qual o valor líquido da venda depois do IR? Ganho de Capital (Perda) = 6000 – 10000 - -R$ 4000 Taxa (Crédito) = (-4000) 0,4 = -R$ 1600 Valor Líquido da Venda = 6000 – (-1600) = R$ 7600 Obviamente, estamos considerando que a empresa como um todo possui lucro. Portanto, ela deixa de pagar parte do imposto. Exercício: (Casarotto e Kopittke, 2008): Uma empresa fará um investimento em um equipamento. O investimento será de R$ 10.000 com depreciação contábil de R$ 1000 por ano. O lucro anual antes da depreciação e imposto de renda é de R$ 3000 por ano durante 5 anos. No final do quinto ano o equipamento será vendido por R$ 4000. Calcule o VPL com uma TMA de 10%, antes de depois do IR. O IR é de 35%. Page 8 of 8 (A) (B) (C) (D) = (B) + (B) (E) (F) (G) = (B) - (E) (H)= (C)–(F) (I) = (G) + (H) (J) = 0,35 * (I) (K) = (D) - (J) Ano Invest e Lucro Venda Equip. F.C.A.I. Depre. Saldo Contábil Renda Tributável sem Venda Renda Tributável da Venda Renda Tributável Total IR a Pagar F.C.D.I. 0 -10000 -10000 Não vai nada Não vai nada Não vai nada Não vai nada -10000 1 3000 3000 1000 9000 2000 2000 700 2300 2 3000 3000 1000 8000 2000 2000 700 2300 3 3000 3000 1000 7000 2000 2000 700 2300 4 3000 3000 1000 6000 2000 2000 700 2300 5 3000 4000 7000 1000 5000 2000 -1000 1000 350 6650 VPL antes do IR [( ) ] ( ) ( ) VPL depois do IR [( ) ] ( ) ( ) Veja que o VPL depois do IR é praticamente 1/3 do VPL antes do IR. Referências: Blank, L. e Tarquin, A. Engenharia Econômica. Hirschfeld H., Engenharia econômica, Ed. Atlas. Ehrlich P.J., Engenharia econômica, Ed. Atlas. Motta e Calôba. Análise de Investimentos. Ed. Atlas. Notas de Aula Prof. Francisco Klieman. Notas de Aula Prof. Fausto (PRO 2303). Zot. Matemática Financeira. Securato. Cálculo financeiro das tesourarias. Casarotto e Kopittke. Análise de Investimentos. Ed. Atlas.
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