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Curso de Direito Civil I
Parte geral
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Direito
Função social do direito é estabilizar expectativas (Luhmann).
Para facilitar a organização e manejo das normas:
Direito público – normas que autorizam estado (legalidade estrita)
Adm. / tributário / penal / const./ processual
Direito privado – normas que proíbem particulares (legalidade ampla)
Civil / comercial / empresarial
Nosso foco é o direito privado – direito civil- Principal ramo do direito privado.
Direito civil = conjunto de normas (regras e princípios) que regulam as relações jurídicas entre as pessoas, sejam naturais ou jurídicas, q1ue geralmente estão em situação de equilíbrio de condições. 
Código civil = diploma jurídico que agrupa de forma sistemática normas aplicáveis às relações jurídicas de ordem privada.
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Codificação
1º código civil foi promulgado em 1916.
Começou no século XVIII e XIX preocupação com segurança jurídica.
Na época clássica o direito natural = direito comum (divino). 
direito positivo = direito especial ou particular de determinada civilização. direito natural prevalecia (não era superior) sobre positivo sempre que ocorressem conflitos. 
Já na Idade Média (V a XV) - relação entre as duas espécies de direito se inverteu, tornando-se assim o direito natural superior ao direito positivo, porque o natural era uma norma fulcrada na vontade de Deus. 
O estado moderno busca uma certeza nas relações sociais tal como a natureza possui sua “certeza”. A tese da estatalidade do Direito, defendida fundamentalmente pelo positivismo jurídico, faz com que o sujeito, se volte inteiramente para as normas emanadas por um órgão competente que figura dentro dos limites do Estado moderno, isto é, somente serão consideradas normas jurídicas aquelas que forem produzidas por uma fonte credenciada pelo ordenamento jurídico estatal.
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norberto Bobbio (Positivismo Jurídico, 2006, p. 26), 
“por obra do positivismo jurídico ocorre a redução de todo o direito a direito positivo, e o direito natural é excluído da categoria do direito: o direito positivo é direito, o direito natural não é direito. (…) O positivismo jurídico é aquela doutrina segundo a qual não existe outro direito senão o positivo”.
Codificação se iniciou no direito romano e Em 1804 Napoleão Bonaparte outorgou o código civil dos franceses.
Brasil – o pais se tornou independente em 1822 (07/09) e continuou seguindo as ordenações Filipinas e a legislação portuguesa.
 (Ceará, 4 de outubro de 1859 — Rio de Janeiro, 26 de julho de 1944) foi um jurista, legislador, filósofo e historiador brasileiro.
 Clóvis beviláqua ficou encarregado de elaborar CC no Brasil
 que foi aprovado na câmara em 1916.
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Miguel Reale - encarregado de revisar o código civil que começou a tramitar em 1983 e que em razão da nova constituição ficou parado. O projeto sofreu alterações para adaptar À CF/88 e foi sancionado em 2002 que se manteve conservador e não revolucionário.
(6 de novembro de 1910 — sp, 14 de abril de 2006 SP) foi um jurista, filósofo, professor universitário e poeta)
o cc é a lei que mais convive com o cidadão, uma vez que regula contratos, família, personalidade, capacidade... é dividido em:
1 - parte geral: art. 1º até art. 232.
2 – parte especial: art. 233 até art. 2046.
Princípios inerentes ao CC:
Sociabilidade – valores coletivos sobre os valores individuais (dignidade da pessoa humana)
Eticidade – boa-fé objetiva (pacta sunt servanda)
Operabilidade – regras devem ser aplicadas de modo simples e efetivo.
Neoconstitucionalismo e a CF/88.
CF/88 supera o positivismo e se fundamenta na teoria neoconstitucionalista.
Neoconstitucionalismo trata-se de um movimento teórico de revalorização do direito constitucional, de uma nova abordagem do papel da constituição no sistema juridico, movimento este que surgiu a partir da segunda metade do século XX.
O neoconstitucionalismo visa refundar o direito constitucional com base em novas premissas como a difusão e o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais e a força normativa da constituição, objetivando a transformação de um estado legal em estado constitucional.
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CF/88
É cidadã, muito preocupada com o indivíduo. Núcleo dignidade da pessoa humana.
dignidade da pessoa humana - vários conceitos e inúmeros significados, que alcançam incontáveis consequências.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
possui dois prismas: 
Objetivo - envolve a garantia de um mínimo existencial ao ser humano, atendendo as suas necessidades vitais básicas, como reconhecido pelo art. 7.º, IV, da Constituição, ao cuidar do salário mínimo (moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte, previdência social). Inexiste dignidade se a pessoa humana não dispuser de condições básicas de vivência. 
Subjetivo - cuida-se do sentimento de respeitabilidade e autoestima, inerentes ao ser humano, desde o nascimento, quando passa a desenvolver sua personalidade, entrelaçando-se em comunidade e merecendo consideração, mormente do Estado.
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Dignidade da pessoa humana
Dignidade da pessoa humana É um valor moral e espiritual inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado desse preceito, e tal constitui o princípio máximo do estado democrático de direito. Está elencado no rol de direitos fundamentais da Constituição Brasileira de 1988.
Agora o código civil passa a ser limitado aos princípios constitucionais. A constitucionalização do direito civil, também chamada de direito civil constitucional, nada mais é do que a imposição de uma leitura dos institutos de direito civil conforme a Constituição Federal. A norma não deixa de ser de direito privado, mas direito privado interpretado conforme a Constituição Exemplos:
1. Concessão de alimentos nas uniões homoafetivas é o artigo 1.694, CC, interpretado à luz da dignidade da pessoa humana e da isonomia constitucional.
2. Teoria dos contratos o contrato não pode ser um instrumento de abuso econômico, um instrumento de opressão. Assim, a teoria do contrato foi reconstruída com o objetivo de, sem aniquilar a autonomia da vontade (Teoria Liberal dos contratos), condicioná-la a parâmetros constitucionais, a exemplo da função social do contrato, da boa-fé objetiva e da doutrina da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
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Lei de Introdução às normas de direito Brasileiro - LIndb (12.376, de 2010)
Antes de estudar o CC/02 vamos estudar a LINDB.
consiste em um diploma que disciplina a aplicação das leis em geral. Decreto–lei nº 4.657/42
Sua função é reger as normas, indicando como interpretá-las ou aplicá-las, determinando-lhe a vigência e a eficácia. É Estatuto de Direito Internacional Privado, é norma cogente brasileira, por determinação legislativa da soberania nacional, aplicáveis a todas as leis.
Validade da norma: significa sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra. O descumprimento das regras de validade importará ao reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma estabelecida, considerando-a não pertinente ao sistema. A validade pode ser:
a) Formal: observância das normas referentes a seu processo de criação.
b) Material: se houve observância da matéria passível de normatização por parte das entidades federativas.
Vigência: refere-se ao período de validade da norma, ou seja, ao lapso temporal que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em que é revogada ou que se esgota o prazo prescrito para sua duração (leis temporárias).
Eficácia: qualidade da norma que se refere à possibilidade de produção concreta de efeitos. 
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A eficácia pode ser:
a) Social: produção concreta de efeitos, porque presentes as condições fáticas exigíveis para seu cumprimento.
b) Técnica: produção de efeitos, porque presentes as condições técnico normativas exigíveis para sua aplicação.
A eficácia, no sentido técnico, tem a ver com a aplicabilidade das normas no sentido de uma aptidão mais ou menos extensa para produzir efeitos. Para aferir o grau da eficácia, no sentido técnico, é preciso verificar quais as funções da eficácia no plano de realização normativa (funções eficaciais):
a) Função de bloqueio: é o caso das normas que visam a impedir ou cercear a ocorrência de comportamentos contrários a seu preceito. Ex.: normas punitivas e proibitivas.
b) Função de programa: é o caso de normas que visam à realização de um objetivo do legislador. Observam um interesse público relevante.
c) Função de resguardo: é o caso de normas que visam a assegurar uma conduta desejada. Ex.: direito autorais.
- Vigor (força da norma): diz respeito à força vinculante da norma, à impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império. É possível a norma ser válida, mas ainda não vigente (caso da vacatio legis).
Em resumo
Vigência: existência jurídica.
 validade: constitucionalidade (observância da norma superior de referencia - CF)
Eficácia: produzir efeitos jurídicos na sociedade (ligado à efetividade). A eficácia da norma depende do reconhecimento, aceitação ou adesão (Sergio cavalieri)
 revogação é o fenômeno pelo qual uma lei perde a sua vigência. Esse fenômeno deve ocorrer haja vista o dinamismo da vida social e a complexidade das relações, se fazendo necessárias inúmeras adaptações da Ordem Jurídica. 
Uma lei perde sua vigência em algumas situações específicas, quais sejam: revogação por outra lei, desuso e decurso de tempo. 
Direito Brasileiro veda a repristinação, ou seja, proíbe que uma lei que perdeu a sua vigência em virtude de outra, retorne a produzir seus efeitos se a lei que a havia revogado, por qualquer motivo, perder a sua vigência. Em outras palavras, uma vez revogada, uma lei não mais poderá recuperar a sua vigência.
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Aplicação de normas jurídicas
Quando determinado fato individual se enquadrar perfeitamente no conceito abstrato da norma, estará o aplicador realizando o que se convencionou chamar de subsunção do fato à norma, o que impõe uma adequada interpretação do conteúdo normativo. Nem sempre é possível encontrar uma norma aplicável ao caso concreto, devendo o juiz valer-se das fontes do Direito para, nos casos de lacunas da lei, realizar a integração normativa.
A finalidade da interpretação normativa é:
a) revelar o sentido da norma;
b) fixar o seu alcance.
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Formas de interpretação
a) Literal (gramatical): exame de cada termo utilizado na norma, isolada ou sistematicamente, de acordo com as regras do vernáculo.
b) Lógico: utilização de raciocínios lógicos para a análise metódica da norma em toda a sua extensão, desvendando seu sentido e alcance.
c) Sistemático: análise da norma a partir do ordenamento jurídico de que é parte, relacionando-se com todas as outras com o mesmo objeto, direta ou indiretamente.
d) Histórico: análise da norma a partindo da premissa dos seus antecedentes históricos, verificando-se as circunstâncias fáticas e jurídicas que lhe antecederam, bem como o próprio processo legislativo correspondente.
e) Finalístico (teleológico): análise da norma tomando como parâmetro a sua finalidade, adaptando-a às novas exigências sociais.
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Outra forma de classificação de interpretação:
- quanto à origem: pode ser - doutrinária, jurisprudencial, autêntica (realizada pelo próprio legislador por meio de lei interpretativa).
- quanto aos resultados: declarativa (declara o alcance da norma); extensiva (estende o alcance da norma); restritiva (restringe o alcance da norma) e ab-rogante (reconhece que o preceito interpretado é inaplicável). Nenhum desses métodos se impõe necessariamente sobre o outro. 
Dispõe o art. 5º, LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Quando inexiste lei a aplicar diretamente ao caso, deve o juiz se valer das outras fontes do Direito para encontrar a regar que efetivamente deve disciplinar a relação jurídica submetida à sua apreciação (Art. 4º, LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito). A essas fontes somam-se a doutrina, a jurisprudência e a equidade.
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Para que uma lei seja aplicada, em regra, é necessário que esteja vigente. A publicação da lei no D. O. enseja a presunção de que todos a conheçam (Art. 3º, LINDB: Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece).
Art. 1º, LINDB: Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
§ 1º. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
Para que a lei vigore de imediato ou dilate o prazo é preciso que conste expressamente em sua redação.
A vacatio legis é o período em que a lei, embora publicada, aguarda a data de início de seu vigor, em função de três hipóteses:
I – ter sido fixada uma data posterior para o momento de início de seus feitos;
II – deva entrar em vigor 45 dias após publicada, em face de omissão de norma explícita;
III – estar pendente de regulamento, explícita ou implicitamente (normas de eficácia limitada).
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Se uma lei for republicada, os direito adquiridos com a redação anterior são respeitados, produzindo a disposição corrigida os mesmos efeitos de uma lei nova, levando-se em consideração a boa-fé do agente
(art. 1º, LINDB - §3º: Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova).
Em um ordenamento jurídico, as normas podem perder a sua vigência, deixando de pertencer ao sistema, fato que é denominado revogação.
Dispõe o art. 2º, da LINDB:
Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência (repristinação).
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A revogação pode ser:
- quanto à forma:
a) Expressa: quando a nova norma enuncia a revogação dos dispositivos anteriores.
b) Tácita: quando a nova norma disciplina a matéria de forma diferenciada da regra original, tornando
ilógica a sua manutenção.
- quanto à abrangência:
a) Total: ab-rogação;
b) Parcial: derrogação.
Regras reguladoras da revogação:
1) Lex superior: a norma que dispõe forma e materialmente, sobre a edição de outras normas prevalece sobre estas.
2) Lex posterior: se normas do mesmo escalão estiverem em conflito, deve prevalecer a mais recente.
3) Lex specialis: a norma especial revoga a geral no que esta dispõe especificamente.
Conflito de normas no tempo (Direito Intertemporal)
Art. 6º, LINDB: A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.
As leis civis não têm retroatividade,
uma vez que esbarram no ato jurídico perfeito, no direito adquirido e na coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF). Nem mesmo o Estado pode retroagir os efeitos de uma nova lei para atingir situações definitivamente constituídas.
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Aplicação espacial de normas
A norma deve ser aplicada dentro dos limites territoriais do Estado que a editou (Soberania) – Princípio da territorialidade.
No entanto, a extraterritorialidade é a admissão de aplicabilidade, no território nacional, de leis de outro Estado, segundo princípios e convenções internacionais. Assim, a lei nacional deve ser aplicada ordinariamente a todas as relações travadas em seu âmbito espacial de incidência, embora, no caso de interferirem estrangeiros sobre relações jurídicas constituídas no território nacional ou de nacionais terem bens ou negócios jurídicos em território estrangeiro, possam surgir exemplos de extraterritorialidade ou de aplicação extraterritorial do Direito.
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Conflito de normas no espaço 
a) Sobre o começo e fim da personalidade, nome, capacidade e direito de família, aplica-se a lei do país de domicílio da pessoa (art. 7º).
b) Sobre a qualificação e regulação das relações concernentes a bens, deve ser aplica a lei do país onde estiverem situados (art. 8º).
c) Sobre obrigações, deve ser aplicada a lei do país onde foram constituídas, reputando-se constituída no lugar em que residir o proponente (art. 9º, §2º).
d) Sobre sucessão por morte (real ou presumida), deve ser aplicada a lei do país de domicílio do de cujus, ressalvando-se que, quanto à capacidade para suceder, aplica-se a lei do domicílio do herdeiro ou legatário. Se a sucessão incidir sobre bens do estrangeiro situados no Brasil, aplica-se a lei brasileira em favor do cônjuge brasileiro e dos filhos do casal, sempre que não lhes for mais favorável a lei do domicílio do falecido (art. 10 §§1º e 2º).
e) Sobre empresas estrangeiras no Brasil, devem elas obedecer à lei do Estado em que se constituíram(art. 11, caput). Para aplicação do Direito estrangeiro no Brasil, deve o juiz exigir de quem o invoca prova do seu texto e vigência, no forma do art. 14, LINDB e art. 376, CPC.
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Art. 376.  A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar. (CPC)
Art. 14.  Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.
Art. 13, LINDB: A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação, sendo que somente ela poderá conhecer ações relativas a imóveis situados no Brasil (art. 12, §1º = art. 8º).
Compete ao Superior Tribunal de Justiça, não mais ao Supremo Tribunal Federal, a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do exequatur às cartas rogatórias (art. 105, I, i, CF) – redação dada pela emenda constitucional 45/2004.
Exequatur. É um termo jurídico que se pode definir como uma autorização para que uma sentença estrangeira ou um pedido formulado por autoridade estrangeira por carta rogatória sejam cumpridos no Brasil.
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Na aplicação da lei estrangeira, deve o juiz se limitar ao seu conteúdo isoladamente, não sendo possível considerar qualquer remissão feita a outras leis (art. 16).
Ao casamento realizado no Brasil será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidade de celebração. Vale lembrar que o § 6º, do artigo 7º, foi modificado pela Lei 12.036/09, visando adequar a sua redação à Constituição Federal, ficou assim redigido:
 “§ 6ºO divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.”
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Art. 15.  Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.  
Art. 16.  Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17.  As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
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Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.      
§ 1º  As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.       
§ 2o  É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.  
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Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. 
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei.
A extraterritorialidade da lei pode ser limitada, pois atos, sentenças e leis de países estrangeiros não serão aceitos no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17).
Fonte: Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro, Editora Saraiva.
Queiroz, Mônica. Direito Civil 2ª edição, editora dplácido. 
Cavalieri, Sérgio. Programa de sociologia jurídica.
Direito Civil Introdução
 A função principal do Direito Civil é regulamentar a convivência dos cidadãos, disciplinando as relações e seu patrimônio. Aliás, daí surge os três elementos que compõem este fundamental ramo do Direito:
 pessoas, bens e fatos jurídicos. 
O que é o direito? O direito e a forma pela qual o Estado organiza a vida em sociedade. O legislador transforma fatos da vida em normas jurídicas mediante sanção. O direito adjetiva os fatos da vida para que sejam jurídicos. O estado deve respeitar a liberdade individual mas tem que garantir o direito a vida digna e feliz. Direito civil cria uma espaço de autonomia para que a pessoa
faça suas escolhas privadas.
Primeiro acontece o fato, depois o direito surge Direito público e direito privado.
Direito Público: Diz respeito ás coisas do Estado, este representa a lei, funciona como ente governante. Direito que tutela as escolhas da vida privada.
Direito Privado: É pertinente ao interesse individual, ou seja, de cada um. Não existe intervenção direta do Estado, existe apenas livre incentivo, pois o Estado não consegue interferir diretamente nos valores e objetivos individuais. 
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Conteúdo do Código civil – visão de código
O Código Civil tem por fim regular “os direitos e obrigações de ordem privada concernentes às pessoas, aos bens e às relações”. 
São 2.046 artigos tratando de situações da vida comum.
O CC é dividido em: 
I – Parte Geral – relações abstratas e genéricas; 
3 LIVROS (1) das pessoas - SUJEITO, 2) dos bens - OBJETO E 3) fatos jurídicos - RELAÇÕES JURÍDICAS)
II – Parte Especial – 5 GRANDES LIVROS
1) Direito das Obrigações (arts. 233 a 965); 
2) Direito de Empresa (arts. 966 a 1.195); 
3) Direito das Coisas (arts. 1.196 a 1.510); 
4) Direito de Família (arts. 1.511 a 1.783); 
5) Direito das Sucessões (arts. 1.784 a 2.027).
LIVRO COMPLEMENTAR DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS (MIGRAÇÃO DO VELHO PARA O NOVO CÓDIGO) 
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Direito subjetivo
Quando enxergamos um contrato enxergamos um sujeito manifestando vontade para alcançar um objeto e quando manifesta vontade e essa é recebida, surge uma relação jurídica.
Direito subjetivo é a facultas agente = faculdade de agir.
Pessoa natural existe antes do direito. O código civil regulamenta primeiro a pessoa natural.
Depois a Pessoa jurídica que é uma criação do direito, depende da manifestação de vontade da pessoa natural para existir.
Em seguida do Domicílio (lugar onde o sujeito pratica atos da vida civil)
Bens (móveis, imóveis, fungíveis, infungíveis, divisível, indivisível... (art. 79 ao art. 103)
Fatos jurídicos = elo entre sujeitos manifestação de vontade, negócio jurídico, ato jurídico em sentido estrito, ato ilícito, lesão a direito de terceiros enseja pretensões, prazos, prescrição e decadência e provas.
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Da Pessoa natural 
O Livro I, da Parte Geral do CC trata das Pessoas que podem ser divididas em: 
*Direito civil tutela as escolhas da vida privada de acordo com sua vontade (autonomia), contudo, por vezes o direito (estado) estabelece limites para que a vontade do particular se concretize e alcance interesse próprio. Ao manifestar a vontade o sujeito exerce a denominada autonomia privada criando normas que irão regulamentar a sua vida. Porém o exercício dessa autonomia deverá respeitar os limites previamente estabelecidos pelo estado sob pena de sanção. Ex. contrato de compra e venda de imóveis (deve seguir uma forma própria), impedimentos matrimoniais (ex. ascendente e descendente). 
O direito civil deve ser estudado sempre avaliando qual tipo de intervenção do estado, se forte ou branda, como nulidade (forte) e anulabilidade (brando).
Pessoa Natural (pessoa física) - ser humano sem exigir qualquer ADJETIVO dotado de personalidade. logo pessoa é um sujeito de uma relação jurídica que pode manifestar vontade na busca de satisfação de interesse próprio (ex. casamento ou união estável escolha privada); 
Pessoa Jurídica – conj. de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade jurídica própria por uma ficção legal. 
Nós vamos iniciar nossos estudos pela a análise dos institutos sobre pessoas naturais que é sem dúvida o destinatário final da norma. 
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Da Personalidade Jurídica da pessoa natural
a) Conceito: Art. 1º do CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil” 
PESSOA: é o ser dotado de personalidade.
Então o que é a personalidade? Personalidade é um vocábulo que possui dois sentidos técnicos previsto no capítulo 1 e 2 do cc/02 da personalidade e da capacidade; e direitos da personalidade.
1- Personalidade jurídica ou civil - É a aptidão genérica e abstrata para que o sujeito seja titular de direito e deveres na ordem civil, ou seja, é o atributo necessário para ser sujeito de direito. (caráter patrimonial, depende da relação com outrem)
2- Direitos da personalidade – são atributos inerentes à própria condição de ser humano, que o sujeito carrega independente da relação jurídica que tem com outrem (nome, vida, imagem, privacidade dentre outros) (caráter existencial, independe de relação com outrem)
Análise histórica no cc/16 só havia o regulamento da personalidade jurídica, os direitos da personalidade surge no cc/02. 
b) Aquisição da personalidade jurídica: 
Pelo que consta no art. 2º do CC: “A personalidade da pessoa natural começa com o nascimento com vida mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”. 
Ou seja, a personalidade da pessoa se inicia no momento da fecundação de óvulo mais espermatozoide (embrião) natural. Reprodução assistida também é considerado desde que tenha sido implantado o embrião.
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c) nascituro
1º) o que vem a ser o nascituro? 
Nascituro é o embrião em formação, é aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu. Se ele nascer com vida surgem efeitos (adquire personalidade jurídica) e para aquele que nasce sem vida e que é chamado de natimorto que também produzirá efeitos (adquire direitos da personalidade nome, imagem, sepultura) mas ainda não tem personalidade jurídica.
Vigência do código de 1916 Ao prever o tratamento do nascituro, surge-se uma dúvida: seria o nascituro uma pessoa, teria ele personalidade? 
Existem 3 teorias que procuram justificar a situação do nascituro: 
1 - Teoria natalista – prevalecia entre os autores modernos do Direito Civil exigindo para a personalidade o nascimento com vida. Assim, sendo, o nascituro não teria direitos, mas mera expectativa de direitos. (Silvo Salvo Venosa, Silvo Rodrigues, Caio Mário da Silva Pereira). Esse era o entendimento que prevalecia no código de 1916 e que atende a personalidade jurídica/civil.
2 -Teoria da personalidade condicional – é aquela pela qual a personalidade civil começa com o nascimento com vida, mas o direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição suspensiva( elemento que vai subordinar a eficácia do evento a um acontecimento futuro e incerto), ou seja, são direitos eventuais. (Serpa Lopes, Washington de Barros, Clóvis Beviláqua) 
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3 - Teoria concepcionista – é aquela que sustenta que o nascituro é pessoa humana, tendo direitos resguardados pela lei. (Pontes de Miranda, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona, Maria Helena Diniz). Essa teoria se coaduna com os direitos de personalidade inseridos no cc/02.
Nascituro é dotado desde a concepção dos direitos de personalidade (vida, imagem, nome, ) mas não tem personalidade jurídica.
Natimorto não tem direito a personalidade jurídica porque nasceu sem vida, mas tem direitos de personalidade. 
OBS: Cabe ressaltar que alguns desses direitos são estendidos ao natimorto, conforme o Enunciado n.1 do Conselho de Justiça Federal e do STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil que prevê: “ art.2º a proteção que o Código defere ao nascituro alcança também o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura. 
Brasil adota a teoria concepcionalista que sustenta que nascituro é pessoa humana desde a concepção, tendo direitos resguardados por lei. Tem direitos personalíssimos (nome, vida, proteção pre-natal, DNA... Pode receber doação, herança, legado)
Tutela jurídica do nascituro
O Direito Civil Brasileiro não concebe o nascituro como pessoa, embora proteja seus direitos desde a concepção. nascituro (antes do nascimento o nascituro não é considerado pessoa).
nascido considerado pessoa, resulta da clássica concepção civilista que compreende ser a personalidade e, por consequência, a capacidade (de direito) transmitida com o nascimento.
 A esse entendimento não se coaduna com o contexto social, político e jurídico da sociedade contemporânea, com o Estado Democrático de Direito que elegeu a dignidade
da pessoa humana como um de seus fundamentos (artigo 1º. III da CF/88) e com o texto constitucional que estabelece a igualdade perante a lei (artigo 5o.) e a família como a base da sociedade (artigos 226 e 227 da CF/88). 
a partir do texto constitucional, a tutela jurídica do nascituro deve ser equiparada a da pessoa nascida, eis que a Carta Magna determina que: 
a) todos são iguais perante a lei (igualdade formal); 
b) a família é a base da sociedade;
 c) a dignidade da pessoa é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito; 
d) o processo de desenvolvimento da pessoa é um ato continuo, assim, desde a concepção o ordenamento jurídico deve tutelar, a família e a sociedade prover meios para garantir a esta nova vida proteção integral e plenas condições de desenvolvimento;
 d) desde a concepção a tutela jurídica do nascituro, no que tange aos direitos da personalidade – não patrimoniais, deve ser equiparada a das pessoas (nascidas) visando a eficácia dos direitos fundamentais e dos direitos da personalidade, pois se trata de pessoa, ainda que se lhe considere pessoa em desenvolvimento ou pessoa humana embrionária.
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Personalidade e capacidade
Personalidade jurídica ou civil – aptidão genérica para ser titular de direitos e obrigações.
Direito da personalidade – atributos inerentes à condição de ser humano (nome, vida, sepultamento...)
Segundo a teoria concepcionalista: a personalidade se adquire desde a concepção, tendo os direitos resguardados por lei.
Capacidade – a partir da personalidade jurídica toda pessoa é capaz de direitos e obrigações, ou seja, tem possibilidade de praticar atos com efeito jurídico.
Logo personalidade e capacidade estão relacionados. Mas não se confundem.
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CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO. 
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações. 
O que é capacidade? Diz respeito à capacidade de direito, mas não fala sobre exercer o direito.
É elemento da personalidade (medida jurídica da personalidade), podendo ser classificada em: 
Capacidade de Direito ou de gozo – é aquela comum a toda pessoa humana, para adquirir direitos e contrair deveres e que só se perde com a morte (art. 1º do CC); ex. criança que recebe doação mas que ainda não tem capacidade para exercer seu direito.
Todo ser humano tem capacidade de direito, sendo condição personalidade jurídica. 
Capacidade de fato ou de exercício – capacidade de direito + capacidade de exercício desse direito. é a aptidão para se praticar atos da vida civil (adquire-se com a maioridade - 18 anos – artigo 5º CC.) 
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Nem toda pessoa tem capacidade de fato, em razão de restrições psicológicas e orgânicas. 
Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena. 
Capacidade de Direito + Capacidade de Fato = Capacidade Civil Plena 
OBS: NÃO SE PODE CONFUNDIR CAPACIDADE COM LEGITIMAÇÃO E LEGITIMIDADE. 
I) LEGITIMAÇÃO: É condição especial para celebrar determinado ato ou negócio jurídico. 
Exemplo: art. 1.647 (outorga conjugal para venda de imóvel – uxória – da mulher, ou marital – do marido); 
Art. 496, CC (anulabilidade de venda de ascendente a descendente se não houver autorização dos demais descendentes e cônjuge). 
II) LEGITIMIDADE: É condição da ação (processo civil) que uma capacidade específica, para ser parte em processo. 
 Entretanto, muitas vezes, contudo, as palavras legitimidade e legitimação são utilizadas como sinônimo, o que não acarreta maiores prejuízos. O próprio Pablo Stolze as coloca como sinônimo. 
Enfim, nem toda pessoa capaz tem legitimação para prática de determinado ato. 
INCAPACIDADE 
INCAPACIDADE ABSOLUTA (art. 3º, I, II, III do CC). 
Inicialmente o que significa a incapacidade? É a falta de aptidão para praticar pessoalmente atos da vida civil (falta da capacidade de fato ou de exercício). 
OBS: A INCAPACIDADE JURÍDICA NÃO É EXCLUDENTE ABSOLUTA DE RESPONSABILIZAÇÃO PATRIMONIAL, CONFORME ARTIDO 928 DO CC “ o incapaz responde pelos prejuízos que causar se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes! 
I) Os menores de dezesseis anos (menores impúberes). 
Nessa previsão é levado em conta o critério etário, entendendo o legislador que, devido a idade a pessoa ainda não atingiu o discernimento para distinguir o que pode ou não pode fazer. Com isso, esses menores devem ser representados por seus pais, ou na falta deles por tutores nomeados. 
OBS: Conforme o Enunciado n. 138 do CJF/STJ, eventualmente, o ato do absolutamente incapaz pode gerar efeitos: “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do artigo 3º, I, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais eles concernentes, desde que demonstrem discernimento suficientes para tanto. 
Exemplo: ações de Adoção, ação de guarda do filho. 
O CC determina que em ação de adoção da pessoa com idade superior a 12 anos, esta deverá manifestar concordância, conforme previsto no artigo 1.621. 
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Alterações: Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei 13.146/15, que entrou em vigor no dia 2 de janeiro de 2016, modificou dispositivos do Código Civil que tratavam da capacidade civil. Seus artigos 114 e 123, inciso II revogaram os incisos do artigo 3º do CC e alteraram seu caput, como também modificaram os incisos II e III do artigo 4º do CC. Objetivo é a inclusão.
Agora, apenas as pessoas menores de 16 anos são absolutamente incapazes, sendo considerados relativamente incapazes as pessoas entre 16 e 18 anos, os pródigos, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Conflito: o artigo 3º do Código Civil, agora com a nova redação, estabelece como absolutamente incapazes os menores de 16 anos, nada esclarecendo sobre aquelas pessoas maiores de 18 e que, por doença ou qualquer distúrbio, não possuem discernimento necessário para a prática dos atos civis. Foram excluídas daquele rol, as pessoas com enfermidade ou deficiência mental.
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Lei 13.146/15 - Art. 84.  A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§1º quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida a curatela.
a pessoa com deficiência que tenha qualquer dificuldade prática na condução de sua vida civil, poderá optar pela curatela, diante de incapacidade relativa, ou pelo procedimento de tomada de decisão apoiada. pessoas com deficiência mental severa continuam sujeitas à interdição quando relativamente incapazes. 
A alteração legislativa, que excluiu a expressão "deficiência mental" do texto do artigo 4º, CC, não veda a interdição quando o deficiente não possa, por causa transitória ou permanente, manifestar sua vontade. 
A manutenção da legitimidade ativa do Ministério Público para ajuizar a interdição nos casos de "deficiência mental ou intelectual", nos termos do artigo 1.769, Código Civil, apenas explicita a manutenção dessa possibilidade de interdição de deficientes que não consigam expressar sua vontade.
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Teoria concepcionista adotada no ordenamento brasileiro Personalidade jurídica (direitos e deveres) desde a concepção. No mesmo sentido segue o CC/02: 
Art. 542 cc/02 – receber doação (donatário)
Art. 1609, paragrafo único, reconhecimento de paternidade
Art. 1779 – nomeação de curador
Art. 1798 – legitimidade de herdar
Lei 8069/90 ECA  - art. 8 - direito do nascituro nascer saudável
Código penal – art. 124 – criminaliza o aborto (crime contra pessoa)
Lei 11804/08 – alimentos gravídicos (da concepção ao parto)
STF – aborto do anencéfalo comprovada falta de viabilidade potencial de vida humana há que se preservar integridade física e psíquica da gestante.
STJ – reparação de dano moral ao nascituro, acidente do trabalho indenização para nascituro por morte do genitor.
STJ – direito dos pais receber DPVAT morte do feto em acidente de transito
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Cessação da incapacidade
Capacidade de direito (aptidão para
adquirir direitos e deveres, toda pessoa tem) capacidade de fato (aptidão para praticar sozinho os atos da vida civil)
Quando falo de incapacidade estou me referindo a ausência de capacidade de fato que poderá ser suprida por representação ou assistência dependendo do grau de incapacidade.
Capacidade x legitimação x legitimidade
Capacidade para praticar atos da vida civil ( maior 18 anos) legitimação (autorização para praticar determinado ato) legitimidade (processual)
Ex. pai que vende imóvel para o filho mais velho: tem capacidade de fato (+18 anos), legitimação (apesar de dono do imóvel não tem legitimação para vender sem anuência do cônjuge e dos demais herdeiros) legitimidade esta atrelado a questões de ordem processual art. 12, paragrafo único cc/02:
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação (queria falar de legitimidade pq trata de proteção do direito da personalidade perdas e danos em processo) para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Incapacidade esta relacionada a incapacidade de fato e é exceção.
A cessação da incapacidade pode ocorrer com base em três fundamentos distintos:
Enquanto a personalidade jurídica esta atrelada a aptidão para ser titular de direitos e deveres a capacidade esta atrelada a possibilidade de praticar esses atos (direitos e deveres) com efeito jurídico.
1) fim da causa que deu origem à incapacidade civil (por exemplo, uma pessoa interditada judicialmente obtém provimento judicial readquirindo a capacidade civil);
2) pela maioridade que, sendo um critério cronológico e biológico, sempre ocorrerá aos 18 anos completos. Não existe maioridade civil aos 16 anos. Nesse sentido, o art. 5o, caput, CC, prevê que a menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
3) pela emancipação que permite a uma pessoa com idade inferior a 18 anos e, portanto, incapaz, tornar-se capaz sob o ponto de vista jurídico. Ou seja, a pessoa é menor de idade (não atingiu a maioridade), mas o Direito a considera capaz. Observe, ainda, que é muito fácil concluir isso pela análise do parágrafo único do 5º, CC/2002:
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Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento (idade núbil 16 anos, salvo caso de gravidez) ;
III - pelo exercício de emprego público efetivo; não exige 16 anos
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; não exige 16 anos
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
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Em suma, o que cessa para o menor nas hipóteses mencionadas é a incapacidade ele não se torna maior.
Sendo assim, a maioridade é apenas uma das causas que fazem cessar a incapacidade. Por ela, aos 18 anos e apenas com essa idade, cessa a menoridade.
Então, gravem essas distinções técnicas:
Aproveitemos a oportunidade para aprendermos que, o menor de 16
anos que, pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, tenha economia própria continuará menor, mas terá cessada a incapacidade e poderá exercer pessoalmente os atos da vida civil.
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Exigem idade mínima de 16 nos para a cessação da incapacidade
Não exigem idade mínima de 16 anos para a cessação daincapacidade
1) A causa referente aoestabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor tenha economia própria;
2) A causa referente àconcessão dos pais, ou de um deles na falta do outro ou por sentença do juiz, ouvido o tutor;
3) em relação ao casamentoexige-se idade mínima de 16 anos, mas admite-se, excepcionalmente o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil citada para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso degravidez.
1) o exercício de empregopúblico efetivo;
2) a colação de grau em cursode ensino superior;
 
 
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Polêmica: Decisão proferida no processo em que o candidato pleiteava assumir o cargo público com o fundamento de que, mesmo sendo menor de 18 anos, sendo emancipado ter-lhe-ia cessado a menoridade:
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR – RECURSO DE APELAÇÃO CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NA CARREIRA DE AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE ITAPORANGA EDITAL QUE EXIGE IDADE MÍNIMA DE 18 (DEZOITO) ANOS IMPETRANTE APROVADA NO CONCURSO REQUER A GARANTIA DO SEU DIREITO À VAGA, EM RAZÃO DE SUA EMANCIPAÇÃO INADMISSIBILIDADE MAIORIDADE CIVIL E EMANCIPAÇÃO SÃO INSTITUTOS DISTINTOS RECURSO IMPROVIDO.
Menor de idade emancipado que passa em concurso tem o direito de ocupar cargo público. A definição é da 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça em 2015, que garantiu a uma candidata menor de idade assumir cargo público de auxiliar de biblioteca. O colegiado levou em consideração a emancipação prévia da jovem pelos seus pais, o que acarreta o preenchimento dos requisitos exigidos pelo edital do concurso.
Emancipação
É um ato jurídico que concede a uma pessoa que não tenha atingido a maioridade, a capacidade para a prática dos atos da vida civil, sem a tutela dos pais.
1 - Emancipação Voluntária/ negocial
Os pais podem emancipar o menor entre 16 e 18 anos.
Emancipação significa o ato de tornar livre ou independente.
Logo, a emancipação voluntária é a que decorre da concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro. De modo que a anuência (elemento volitivo) é requisito fundamental para realizar o ato da emancipação do filho, isto é, não poderá haver discordância de vontade parental.
Caso um dos pais não concordar com a emancipação, o Juiz poderá autorizá-la se a recusa não tiver uma justificativa válida. Esse ato é chamado de suprimento judicial.
Todo o procedimento é feito em cartório, através de uma escritura pública, não havendo necessidade de homologação judicial para tanto. A lei estabelece um único requisito fundamental, o menor emancipado deverá ter 16 anos completos.
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2 - Emancipação Judicial
Na emancipação judicial, cessará a incapacidade do menor, que tenha no mínimo 16 anos completos, a pedido de seu tutor, quando os pais forem ausentes, ou ainda, se estiverem destituídos do poder familiar.
Essa hipótese também poderá ocorrer se houver divergência entre os pais (um quer emancipar e o outro não), o caso deverá ser levado ao Poder Judiciário para ser julgado.
Após a sentença, o juiz irá comunicar o oficial do cartório para proceder o registro.
Enunciado 397 da jornada de direito civil - Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita a desconstituição por vício de vontade.
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3 - Emancipação Legal
A emancipação legal se dá de forma automática, quando as situações previstas na lei são alcançadas. São 4 as formas de emancipação legal:
I) Pelo casamento
Toda pessoa poderá contrair casamento a partir dos 16 anos, desde que autorizadas pelos pais ou tutores. A partir do momento em que o pai autoriza seu filho menor a se casar, tacitamente está autorizando a sua emancipação, para que tenha capacidade plena para iniciar uma nova família. Ilógico seria o contrário, permanecendo o vínculo parental mesmo após o matrimônio.
Importante destacar que essa regra, por objetiva previsão legal, só se aplica ao casamento, isto é, não se aplica à união estável. Contudo, união estável tem efeitos do casamento (merece revisão). Divorcio e viuvez continua os efeitos. gravidez não tem idade mínima 
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento
de pena criminal ou em caso de gravidez.
II) Pelo exercício de emprego público efetivo
Muito embora essa previsão ainda esteja contemplada em nosso Código Civil, é muito raro a lei permitir o provimento de emprego público efetivo, já que para a maioria deles, ter 18 anos completos é requisito.
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III) Pela colação de grau em curso de ensino superior
Com a extensão do ensino fundamental e médio no sistema educacional brasileiro, torna-se muito difícil que o sujeito cole grau antes de completar a maioridade civil natural. No entanto, por haver estrita previsão legal, essa hipótese também é aceita para o caso de um superdotado vir a colar grau antes dos 18 anos, tornando-se emancipado.
IV) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Neste caso, adquire a emancipação o menor de 16 anos que se estabelecer como comerciante ou que tenha relação empregatícia nos moldes da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), desde que, para esses dois casos, o indivíduo tenha  economia própria, ou seja, que possa prover meios financeiros para se sustentar, não dependendo dos pais ou do seu tutor.
Súmula 683 STF
O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Resp. 146259/2015 Rs
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. AUXILIAR DE BIBLIOTECA. IDADE MÍNIMA. EMANCIPAÇÃO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DA EXIGÊNCIA LEGAL PARA EXERCÍCIO DA ATRIBUIÇÃO DO CARGO. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 683/STF. 1. A Teoria do Fato Consumado tem sido rechaçada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça em casos como o dos autos, em que a participação do candidato no certame seletivo se dá de forma precária, em virtude de decisão judicial. 2. O Supremo Tribunal Federal consolidou sua jurisprudência quanto à constitucionalidade dos limites etários, na súmula 683, segundo a qual: "O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido". 3. A exigência de idade mínima para o ingresso em cargo público mediante concurso orienta-se no sentido de que o requisito etário deve ser aferido no momento da posse, e não no da inscrição para o provimento do cargo, por ser tal exigência relativa à atuação da função. Súmula 266/STJ. 4. O requisito de idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela natureza das atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, principalmente porque a impetrante possuía dezessete anos e dez meses na data da sua posse, encontrava-se emancipada havia quatro meses e a atividade para qual foi nomeada é plenamente compatível com sua idade, conforme entendeu o Tribunal de origem. 5. Recurso Especial não provido.
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Efeitos da emancipação
Voluntária e judicial devem ser comprovadas por registro público.
Legal não há exigência de registro, comprova por meio de certidão de casamento, diploma de conclusão curso superior, carteira de trabalho...
Após emancipado o sujeito esta apto a praticar todos os aos da vida civil sem necessidade de representação ou assistência.
Contudo não são todos os atos que pode praticar:
Carteira motorista – legislação própria ctb
Gravidez 14 anos não pode votar – código eleitoral
Enunciado 530 – A emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente.
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Absolutamente incapaz para os atos da vida civil: (NULO)
Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.  
 
Relativamente capazes para os atos Da VIDA CIVIL: (ANULáVEL)
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:    
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;      
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;           
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.            
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Silvícola SÃO os índios que vivem na selva, ou seja, que não foram integrados a civilização, esta expressão não é mais utilizada.
 Lei 6.001/73, conhecida como Estatuto do Índio. Atualmente, o índio não é considerado absolutamente ou relativamente incapaz, como no Código Civil de 1916. Conforme o art. 4º, parágrafo único do Novo Código Civil, as normas indígenas deverão ser tratadas por legislações específicas, e não pela lei civil.
É importante dizer que, se o índio optar por viver na sociedade, como qualquer outra pessoa, deverá fazer um requerimento, via judicial, que conte com a participação do Ministério Público. Salienta-se que o índio terá de comprovar que: possui 21 anos ou idade superior, que é apto a exercer atividades úteis à comunhão nacional, e que conhece a língua portuguesa, e os usos e costumes da região. 
Atributos da personalidade - Nome civil
Lei 6.015/73 lei que trata do registro público + cc/02 art. 16 a 19.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Etimologicamente, o termo “pseudônimo” se originou a partir do grego pseudṓnumos, que significa “aquele que usa ou dá nomes falsos”.
Nem sempre o pseudônimo é totalmente diferente do nome original, pode ser apenas uma mudança de letra ou outra, ou porque o nome de batismo é muito diferente ou difícil de compreender. 
Artistas de televisão, teatro, cinema e músicas adotam pseudônimos que consideram impactantes ou que possam fazer mais sucesso.
O pseudônimo é tutelado pela lei quando adquire a mesma importância do nome oficial.
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Nome 
É direito de personalidade formado por prenome (livre) e sobrenome (apelido de família)
Prenome é escolhido pelos pais, contudo o cartório de registro civil poderá recusar nomes que exponham ao ridículo art. 56, §1º da lei 6.015/73:
Art. 56. [...]
Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz competente.
Prenome é imutável, salvo motivo justo e que não cause prejuízos a 3º, art. 59, § único: 
Art. 59. O prenome será imutável.
Parágrafo único. Quando, entretanto, for evidente o erro gráfico do prenome, admite-se a retificação, bem como a sua mudança mediante sentença do Juiz, a requerimento do interessado, no caso do parágrafo único do artigo 56, se o oficial não o houver impugnado.
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Como mudar o nome
AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE ASSENTO DE NASCIMENTO.
1) Imotivada – 1º anos após a maioridade civil, extrajudicial, não precisa motivar, não pode prejudicar apelido de família e não causar prejuízo a 3º.
Após esse prazo deve ser 2)judicial e motivada.
Art. 57. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa.
2.1) obrigatória – sobrenome nos casos de adoção e investigação de paternidade. 
2.2) Facultativa – proteção de vítima e testemunha
 Art. 58. Qualquer alteração posterior de nome só por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do Juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a
alteração pela imprensa.
Posso alterar o nome em razão de casamento, divórcio, união estável, n0me vexatório, exclusão nome paterno por abandono...
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Nome social
 Decreto 8.727, de 28 de abril de 2016, que dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal, autárquica e fundacional. Em minas temos o decreto nº47.148/2017
A inclusão será realizada de imediato e o nome social passará a constar no CPF, acompanhado do nome civil.  
O nome social constará dos documentos “Comprovante de Inscrição” e “Comprovante de Situação Cadastral” no CPF.
Art. 1o  Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se:
I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente reconhecida; e
II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento.
Art. 2o  Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.
Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais.
Art. 3o  Os registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverão conter o campo “nome social” em destaque, acompanhado do nome civil, que será utilizado apenas para fins administrativos internos.        
Art. 4o  Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa travesti ou transexual, se requerido expressamente pelo interessado, acompanhado do nome civil.
Art. 5o  O órgão ou a entidade da administração pública federal direta, autárquica e fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa travesti ou transexual, acompanhado do nome social, apenas quando estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à salvaguarda de direitos de terceiros.
Art. 6o  A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer tempo, a inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
Art. 7o  Este Decreto entra em vigor:
I - um ano após a data de sua publicação, quanto ao art. 3o; e
II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos.
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Estado civil
Conjunto de qualidades que indicam o modo de ser, a situação e a posição do individuo na sociedade. O estado civil possui 3 aferições:
1) politica – quem é o individuo em relação ao país que se encontra (estrangeiro, nacional - nato ou naturalizado, apátrida.
2) familiar – quem é o individuo em relação ao parentesco (pai, filho) e ao casamento (casado, divorciado, solteiro)
3) individual – quem é o indivíduo no aspecto sexo (feminino ou masculino) sanidade (sã ou insana) idade (maior ou menor de 18 anos).
Qualquer ação tendente a atingir o estado da pessoa natural chamamos de ação de estado (ação de aquisição de nacionalidade, ação de investigação de paternidade, ação de divórcio, ação de redesignação sexual) 
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domicílio
É fator de localização do individuo (segurança jurídica) exige 2 requisitos:
1) objetivo ou material – a residência 2) subjetivo ou psíquico – a intenção de permanecer (animus manendi)
Pessoa natural pode ter mais de um domicílio que chamamos de domicílio plurímo, ou seja, tem diversas residências, onde, alternadamente, viva. Por exemplo qdo eta ligado a situações profissionais, cada um deles será um domicílio para as realações que corresponderem. Os ciganos, caixeiros viajantes, artistas de circo e andarilhos – residência habitual, onde forem encontradas é o que chamamos de domicílio aparente ou ocasional.
Espécies de domicílios: 
voluntário: escolha livre para o maior e capaz, pode ser alterado livremente basta intenção art. 74 cc/02
Necessário ou legal: imposto pela lei para determinadas pessoas. Art. 76 cc/02
Eleição ou contratual ou voluntário especial: estabelecido em contrato escrito determina onde serão cumpridos direitos e deveres decorrentes da convenção. Art. 78 cc/02
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Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
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§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
O fim da personalidade civil: efeitos jurídicos da morte
Extingue a personalidade civil com a morte.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Mesmo a morte colocando fim a personalidade jurídica, mantém-se os direitos da personalidade após o óbito (imagem, nome, obra científica e literária.
Efeitos civis:
1)Direito sucessório - Abertura de sucessão (transmissão imediata do patrimônio aos herdeiros – art. 1.784
cc/02)
2) Direito de família - Fim ao casamento e à união estável, extingue o poder familiar (art. 1.635 cc/02)prestação de alimentos recíproca entre ascendentes e descendentes (art. 1.697 cc/02)
3) Direito contratual - Extingue contratos personalíssimos e direito de preferencia (art. 520 cc/02)
4) Direitos reais – falecimento do usufrutuário extinguirá o usufruto quando vitalício.
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Espécies de morte: real, civil ou fictícia e presumida
1- Morte real: cessação total das atividades vitais do corpo humano, comprovado por atestado de óbito (registro)
2 – morte civil ou fictícia: uma pessoa viva é considerada como se estivesse morta. Não é mais reconhecida pelo cc/02 mas já foi no caso dos escravos, razões políticas e religiosas. Hoje o que se mantém esta no âmbito das sucessões nos casos de deserdação e indignidade (arts. 1.961 e 1.814 cc/02) nessas situações, o sujeito ainda vivo é tratado como se fosse morto.
Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
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3 – morte presumida: quando não há um corpo não há certeza da morte mas a sua probabilidade.  o assento de óbito no Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN) é feito à vista de atestado médico. Excepcionalmente, se não houver médico, o assento de óbito será lavrado com atestado de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. (art. 77,caput, da Lei nº. 6.015/73). Porém há casos em que o cadáver não é encontrado e tampouco há testemunha da morte. É por isso que o ordenamento jurídico admite a morte presumida e a justificação do óbito, institutos de comprovação da morte perante o RCPN.
Conforme os arts 6º e 7º cc/02, a morte presumida pode ser estabelecida: (1) com decretação da ausência (art. 6º) ou (2) sem decretação da ausência (art. 7º).
A morte presumida com decretação da ausência (desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens ou se deixou representante ou procurador e ele não possa ou queira representá-la- artigos 22 e 23 do Código Civil) se dá quando a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Neste caso, a morte é reconhecida depois de uma sucessão de atos (declaração da ausência e curadoria dos bens, abertura da sucessão provisória e abertura da sucessão definitiva). Somente depois da abertura da sucessão definitiva é que se pode considerar a possiblidade de prática do ato registral que dá publicidade à morte presumida. Há necessidade de declaração judicial. Ler arts. 22 a 39 cc/02.
A morte presumida sem decretação da ausência será declarada por sentença: I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável da morte. Um exemplo de morte presumida sem decretação de ausência é o óbito do Amarildo Dias de Souza, ajudante de pedreiro, desaparecido, em 2013, na Rocinha- Rio de Janeiro/RJ, morte presumida reconhecida pela Justiça considerando que ele estava em perigo de vida. O óbito deverá ser anotado, com as remissões reciprocas, nos assentos de casamento e nascimento.
Ausência: caracterização, procedimento e efeitos jurídicos
O instituto visa administrar bens do ausente tendo em vista a possibilidade de retorno, bem como ao interesse da sociedade dar destinação aos bens deixados pelo ausente. Fins patrimoniais, salvo abertura de ausência para fins previdenciários ainda que a pessoa não tenha bens. Arts. 22 e 23 cc/02 hipóteses de ausência: 	
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
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O instituto da ausência se torna também importante numa realidade onde aumenta o número de desaparecidos, vítimas da violência e dos grandes centros urbanos. 
O cc/02 foi mais técnico que o anterior, mencionando expressamente que “o juiz declarará a ausência e nomear-lhe á curador”. No Código de 1916, a ausência era disciplinada ao lado de outros institutos de proteção de incapazes, como a tutela e a curatela no livro de família. A ausência deixa de ser prevista como incapacidade, passando a matéria a ser tratada na Parte Geral.
Gagliano e Filho (2010, p.172) bem definiram a ausência como “antes de tudo, um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar qualquer notícia”, prevalecendo desde a legislação o interesse em proteger o patrimônio do ausente, através de um curador, visando, inclusive, a possibilidade daquele retornar, estabelecendo meios de evitar a ruína e procedimentos certos em caso do efetivo retorno, tal como medidas para a máxima preservação dos bens, seja em qualquer fase até a transmissão definitiva destes.
Visando a não permitir que este patrimônio fique sem titular, o legislador traçou o procedimento de transmissão desses bens (em virtude da ausência) nos arts. 22 a 39 CC/02), previsto ainda pelos arts. 744 e 745 do cpc/15.
Sucessão provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente; II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir
a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
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arrecadação de bens dos ausentes (arts. 744 e 745)
Uma vez constatado o desaparecimento, o juiz declarará a ausência e nomeará curador mediante requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público (NCPC, art. 744).
A Lei processual se incumbe de regular a forma de arrecadação dos bens deixados pelo ausente em seu domicílio. A lógica é semelhante à da herança jacente, porém o que se prepara aqui não é a entrega dos bens ao Poder Público, e sim uma sucessão provisória. Uma vez feita a arrecadação, o juiz determinará a publicação de editais na internet, por um ano, reproduzida de dois em dois meses, com o anúncio da arrecadação e a convocação do ausente para entrar na posse de seus bens (NCPC, art. 745).
Somente depois de transcorrido o prazo do edital é que os interessados poderão requerer a abertura da sucessão provisória. Para tanto, devem pedir a citação pessoal dos herdeiros presentes e do curador e, por editais, a dos ausentes para requererem habilitação, aplicando-se aí as regras dos arts. 689 a 692 do NCPC.
Tomadas essas providências e passados dez anos da abertura da sucessão provisória ou cinco anos das últimas notícias tidas do ausente com oitenta anos de idade, a Lei civil autoriza a conversão desta em definitiva.
Reaparecendo o ausente (ou algum de seus descendentes ou ascendentes) poderá ele requerer ao juiz a entrega dos bens arrecadados em ação própria, para a qual serão citados os sucessores provisórios ou definitivos, o Ministério Público e o representante da Fazenda Pública (NCPC, art. 746, § 4º).
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Sucessão definitiva cc/02
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
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No cc/02, a intenção do legislador foi conceder direitos sobre os bens do ausente, proporcionalmente à expectativa de retorno, e, portanto, de sobrevivência daquele que desapareceu.
Inicia-se a primeira fase pela curadoria dos bens do ausente, com a petição inicial de qualquer interessado ou do Ministério Público, narrando os fatos ensejadores da declaração da ausência. Em seguida, posteriormente a um ano de arrecadação dos bens do ausente, dá-se a abertura da sucessão provisória, que apenas poderá ser requerida pelos interessados, e na falta destes, pelo Ministério Público. A sucessão provisória perdurará por dez anos, que depois de passados sem que o ausente apareça, são requisito indispensável para se abrir a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Interessados: o cônjuge não separado judicialmente, os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários, os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte e os credores de obrigações vencidas e não pagas.
No Novo Código, a declaração de ausência com a abertura da sucessão definitiva, é causa de dissolução do vínculo conjugal. Se o ausente deixar filhos menores e o outro cônjuge houver falecido ou não tenha direito ao poder familiar, se procederá com esses filhos como se fossem órfãos de pai e mãe.
Comoriência: caracterização e efeitos jurídicos
Presunção de morte simultânea entre herdeiros entre si ou entre pessoas que tenham, entre si, alguma relação jurídica de transmissão de direitos ex. seguro.
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Não existe possibilidade de se transmitir a herança a mortos, haja vista que com a morte não existe mais pessoa natural. Com efeito, somente as pessoas podem titularizar direitos e, tendo perdido a personalidade com a morte, impossível receber a propriedade desse acervo patrimonial deixado pelo “de cujus”.
No caso da comoriência, como não se consegue identificar quem faleceu primeiro, sendo os indivíduos considerados simultaneamente mortos, não cabe direito sucessório entre comorientes, vale dizer, comorientes não são herdeiros entre si. Ensina Maria Berenice Dias:
“Não havendo a possibilidade de saber quem é herdeiro de quem, a lei presume que as mortes foram concomitantes. Desaparece o vinculo sucessório entre ambos. Com isso, um não herda do outro e os bens de cada um passam aos seus respectivos herdeiros.”
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Efeitos da Comoriência - representação
Comoriência: se pai e filho morreram num acidente de avião, sem se conseguir, aplicando-se todas as técnicas da medicina legal, identificar qual dos mortos faleceu primeiro, serão considerados simultaneamente mortos, sem que um tenha direito a sucessão do outro. Imaginemos que o filho também tivesse deixado um descendente, esse descendente não poderia

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