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Imputabilidade e Concurso de Agentes no Crime Militar

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Do crime: imputabilidade 
e concurso de agentes
Alexandre Reis de Carvalho
Do crime
A partir do Título II do CPM (art. 29 a 47) encontram-se as normas gerais 
formadoras do conceito teórico para o crime militar, o qual pode se valer 
daquele preconizado pela Teoria da Tipicidade formulada por Ernest Beling, 
no sentido de ser uma conduta humana típica, ou seja, em conformidade 
com o modelo (tipo) estabelecido na lei penal militar, contrária ao direito e 
culpável.
O fato (ou conduta) típico, portanto, consubstancia-se em 04 (quatro) 
partes: conduta (comportamento humano positivo ou negativo), adequação a 
um tipo legal, resultado (arts. 30 a 32) e nexo de causalidade (art. 29 do CPM).
Consoante à teoria final da ação, adotada pela Parte geral do Código Penal 
comum, é na conduta que se insere o elemento subjetivo do injusto (dolo) 
ou, nos crimes culposos, o elemento normativo do tipo. Contudo, deve-se 
ressaltar que o CPM (promulgado em 1969) foi moldado na teoria causal da 
ação, como se verifica da rubrica “culpabilidade” aposta à margem do artigo 
33, que contempla o dolo e a culpa stricto sensu como elementos integrantes 
da culpabilidade.
Segundo Romeiro1, “embora o CPM não houvesse sido formulado segun-
do os ditames da teoria finalista da ação, entendemos, por outro lado, que 
não a repele, no conjunto de seus dispositivos, como um aprumo doutrinário 
tão em moda em nosso país.”
Já a antijuridicidade, segundo elemento do conceito analítico do crime, 
reflete o antagonismo do fato típico com os objetivos da lei penal militar na 
tutela e preservação dos bens jurídicos. São excludentes da antijuridicidade, 
no Direito Penal Militar as hipóteses previstas nos incisos I a IV do artigo 42 
(estado de necessidade justificante, legítima defesa, estrito cumprimento do 
1 Op. cit., p. 108-109.
25Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
26
Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
dever legal e exercício regular do direito) e, ainda, a causa de exclusão (justi-
ficante) do comandante (art. 42, parágrafo único, do CPM), também denomi-
nada de excludente inominada.
Por sua vez, a culpabilidade (juízo de reprovabilidade, ou seja, reprovação 
jurídica formulado ao autor do injusto penal) é composta pela imputabilida-
de (art. 48 a 52 do CPM), potencial consciência da ilicitude (artigos 35 a 37) e 
exigibilidade de conduta diversa (arts. 38 e 40).
Entre outras particularidades, note-se que o CPM adotou o erro de fato (art. 
36) e erro de direito (art. 35), além do estado de necessidade excludente da 
culpabilidade (art. 39), diferentemente do previsto na lei penal comum.
Feitas essas considerações iniciais, passaremos a analisar os institutos e 
elementos peculiares ao crime militar, recomendando a utilização dos Ma-
nuais e Tratados de Direito Penal para a complementação dos estudos refe-
rentes aos institutos comuns ao CPM e CPB.
Relação de causalidade (art. 29) – Algumas vezes, determinado evento 
criminoso não resulta exclusivamente da ação ou omissão do agente, haven-
do outras forças concorrentes denominadas de concausa, isto é, uma outra 
causa preexistente, concomitante ou superveniente, como, por exemplo, 
quando no crime de homicídio haja concorrido para o resultado morte as 
condições pessoalíssimas da vítima (hemofilia ou outra doença) ou a falta de 
tratamento adequado.
A fim de resolver esse problema, conhecido como relação de causalidade, 
várias teorias foram excogitadas, adotando o CPM, nas pegadas do CPB, a 
teoria da conditio da sine qua non ou da equivalência dos antecedentes cau-
sais, segundo a qual não se distingue entre causa e condição, pois tudo que 
concorre para o resultado é causa.
A fim de evitar o regresso ad infinitum, deve-se aferir se o autor da ação ou 
omissão investigada como causa do resultado agiu com dolo ou culpa, pois 
do contrário, se considerada somente a causalidade objetiva, não escaparia 
à responsabilização penal nem mesmo o fabricante e o vendedor da arma de 
fogo utilizada num roubo, latrocínio ou homicídio.
A relevância da omissão como causa (art. 29, §2.º), quando o omitente 
podia e devia agir para evitar o resultado, possui redação e aplicação idên-
tica ao CP.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
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Quanto ao crime consumado e tentado (art. 30), a única diferença reside na 
previsão legal da aplicação facultativa da pena do crime consumado ao crime 
tentado, no caso de excepcional gravidade deste (art. 30, parágrafo único). O 
STM vem confirmando a aplicabilidade dessa faculdade nos crimes de homi-
cídio tentado e latrocínio sem o resultado morte. De igual sorte, o STF tem 
considerado constitucional a aplicação do mencionado dispositivo legal.
Quanto à conduta (crime doloso ou culposo), vale relembrar que tais 
conceitos encontram-se previstos no artigo 33, sob a rubrica “culpabilidade”, 
com semelhante redação e idêntica aplicabilidade ao direito penal comum.
Do erro
Erro é o falso conhecimento ou percepção da realidade, quer dos fenô-
menos físicos propriamente ditos (erro de fato), quer do conhecimento ou 
interpretação da lei (erro de proibição). A ignorância, que é a ausência do 
conhecimento, é equiparada ao erro para efeitos penais.
Grande diferença existente entre o CPM e o CPB reside na teoria do erro. 
Enquanto a reforma de 1984 da Parte Geral do CPB, que inspirada na teoria fi-
nalista da ação, transferiu a incidência do erro, do fato e do direito para o tipo 
(erro de tipo) e para a ilicitude do fato (erro de proibição), o CPM manteve a 
tradição romanística2 de distinguir entre o erro de fato e erro de direito.
Erro de direito (art. 35) – “A pena pode ser atenuada ou substituída por 
outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que 
atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de 
interpretação da lei, se escusáveis.”
Note que o desconhecimento da lei não exime de responsabilidade penal 
o agente (error juris nocet), consoante disposto no mencionado artigo 35 do 
CPM e previsto expressamente no artigo 21, primeira parte, do CPB.
Portanto, para que a pena possa ser reduzida ou substituída por outra 
menos grave, a falta de conhecimento da lei ou erro em sua interpretação 
deve ser escusável, ou seja, o erro revela-se inevitável (invencível) quando o 
agente não poderia superá-lo mesmo empregando a atenção ou a cautela 
que lhe eram exigidos.
2 ROMEIRO. Op.cit., p. 
114-116.
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28
Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
Segundo Alexandre Saraiva3, a consequência mais justa e coerente na hipó-
tese de erro invencível (escusável) é a total isenção da pena, uma vez que seu 
pressuposto lógico e fundamental (a culpabilidade) fica privado de um de seus 
elementos constitutivos (o potencial conhecimento da ilicitude do fato).
Também merece atenção a ressalva feita pelo legislador penal de que 
o erro de direito não pode beneficiar o agente nos casos de crimes contra o 
dever militar. Tal exceção tem merecido críticas quanto à institucionalização 
da responsabilidade objetiva no Direito Penal Militar.
Erro de fato (art. 36) – “É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, 
por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o 
constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima.”
Ensina Assis4 que o dolo é natural, livre e consciente, portanto o erro de 
fato deve excluir o dolo do agente porque engana o agente, encobrindo os 
motivos ou circunstâncias que tornam o fato criminoso.
Porém, para excluir o dolo e ser isento de pena, ou seja, isento da culpa-
bilidade,na dicção da norma penal militar, o erro há de ser invencível (ple-
namente escusável), e aqui andou melhor o legislador castrense, quando 
previu no §1.º que, em sendo o erro culposo (evitável), o fato é punível a título 
de culpa.
Assim, para o erro de fato pode-se aplicar a seguinte fórmula: “quando o 
erro [de fato] é invencível (plenamente escusável, na dicção da norma) exclui 
o dolo e a culpa; quando, por sua vez, o erro for vencível (inescusável ou ‘cul-
poso’), exclui somente o dolo, remanescendo a culpa (art. 36, §1.º).” 5
Por derradeiro, o §2.º do mencionado art. 36 trata do erro provocado 
por terceiro, que pode ser doloso (ou preordenado) ou culposo, devendo o 
agente provocador responder pelo resultado a título de dolo ou culpa, res-
pectivamente; enquanto o agente imediato (induzido ao erro) é isento de 
pena, salvo se procede com leviana credibilidade.
Erro sobre a pessoa (art. 37) – “Quando o agente, por erro de percepção 
ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa 
em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela 
que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições 
ou qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para a configuração, quali-
ficação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena.”
3 Op. cit., p. 73-74.
4 ASSIS, Jorge César. Op. 
cit., p. 95.
5 SARAIVA, Alexandre 
José de Barros Leal. Op. 
cit., p. 74-75.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
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Nos artigos 35 e 36, o CPM tratou dos erros essenciais do crime, isto é, 
aqueles que recaem sobre elementos ou circunstâncias do tipo penal militar, 
sem as quais o delito inexistiria.
O artigo 37 trata do erro sobre circunstâncias acidentais (acessórias) ou 
mesmo estranha ao modelo legal, não impedindo, contudo, a adequação 
típica da conduta, a exemplo do que ocorre na aberratio ictus, no error in 
personae e na aberratio criminis.
Na aberratio ictus (desvio de golpe), o agente erra na execução ou ocorre 
um imprevisto e, em razão disso, atinge pessoa diversa da pretendida.
No error in personae, igualmente, outra pessoa é atingida, porém o erro 
ocorre na representação (ou percepção), isto é, o agente toma um indivíduo 
por outro.
Assim, é o feliz exemplo apresentado por Alexandre Saraiva6: se um sol-
dado sentinela resolve matar o tenente oficial de dia e por erro acidental, 
quer na execução (aberratio ictus), v.g., erra os tiros, quer na representação 
(aberratio personae), v.g., toma um oficial por outro de aparência semelhante, 
e acaba atingindo e matando outro tenente que sequer estava de serviço, 
o agente será processado e julgado pelo crime previsto no artigo 158, §3.º 
(violência contra militar de serviço, qualificado pelo resultado morte).
A aberratio criminis (ou aberratio delicti) ocorre quando o agente erra ob-
jetivamente na execução do crime, ou ocorre um acidente qualquer na fase 
executória, fazendo com que seja atingido bem jurídico de natureza diferen-
te do pretendido. Como exemplo, um militar insatisfeito pretende danificar 
a fachada e as vidraças do prédio do comando de sua Organização Militar 
e, na primeira tentativa, acaba errando a edificação e acertando um colega 
de caserna que se encontrava saindo do prédio. Na hipótese, o agente res-
ponde por este resultado (diverso do pretendido) por culpa, desde que haja 
previsão legal (modalidade culposa) para tanto.
Em qualquer das situações apresentadas (aberratio ictus, error in personae 
e aberratio criminis) pode acontecer que uma única conduta produza uma 
duplicidade de resultados, ou seja, ser atingida a pessoa (no caso da aberratio 
ictus ou error in personae) ou o bem jurídico visado (no caso da aberratio cri-
minis), além do bem jurídico ou da pessoa que foram efetivamente alcanças 
pelo erro. Para tais hipóteses, o CPM contemplou (art. 37, §2.º) a aplicação do 
artigo 79, que preconiza a unificação das penas no concurso desses crimes.
6 Idem, p. 76-77.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
Excludente de antijuridicidade (justificantes)
Diz-se que uma ação é antijurídica quando contradiz uma norma jurídica 
(formal) e, em decorrência dessa contradição, lesiona ou põe em perigo os 
bens tutelados pela norma (material). Portanto, o traço característico e es-
sencial da conduta criminosa é sua relação de contrariedade com o ordena-
mento jurídico, ao que se denomina antijuridicidade ou ilicitude.
Assim, são causas excludentes da ilicitude: o estado de necessidade 
(justificante), a legítima defesa, o exercício regular de direito e o estrito 
cumprimento do dever legal, além da causa de justificação do Comandan-
te – causa de exclusão peculiar ao Direito Penal Militar que será estudada 
detalhadamente.
As causas de justificação contidas no contidas no artigo 42 possuem re-
dação e aplicação idêntica à lei penal comum, exceção feita ao estado de 
necessidade. Ocorre que o CPM adotou a teoria diferenciadora do estado de 
necessidade (teoria originária do direito alemão), distinguindo-o em estado 
de necessidade justificante (excludente da antijuridicidade – art. 43) e em 
estado de necessidade exculpante (excludente da culpabilidade – art. 39), 
promovendo, para tanto, verdadeiro balanço dos bens e interesses em con-
flito, ou seja, a ponderação entre o bem preservado e o sacrificado.
Portanto, quando os bens e interesses necessariamente sacrificados são 
inferiores aos protegidos (preservados), o estado de necessidade é justifican-
te (antijuridicidade); quando superiores ou iguais aos protegidos, o estado 
de necessidade é exculpante (culpabilidade).
Por exemplo, quando um militar comete o crime de deserção (art. 187) 
e produz prova de que a ausência deu-se para amparar seus genitores que 
foram acometidos de grave enfermidade, o julgador poderá reconhecer, nessa 
hipótese, a ocorrência do estado de necessidade (alheio) excludente da cul-
pabilidade, uma vez que, para o Direito Penal Militar o serviço militar é bem 
jurídico de hierarquia superior à vida (art. 205) e a integridade física (art. 209).
Outra importante diferença apresenta-se na causa de justificação do co-
mandante, prevista no parágrafo único do artigo 42: 
Art. 42. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de 
guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios 
violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou 
evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
31
A juíza auditora Telma Angélica7 defende a possibilidade de o comandan-
te fazer uso da violência física, inclusive ceifando a vida de seus subordina-
dos, a fim de manter a ordem ou para salvar a unidade ou vidas, inclusive em 
tempo de paz.
Na revolução constitucionalista de 1932, a região do vale do Paraíba foi 
considerada zona de guerra. Um oficial8 comandante na linha de fogo matou 
um soldado porque o mesmo tinha se recusado a enfrentar o perigo e, com 
tal conduta, estava desencorajando os demais soldados. O referido oficial foi 
absolvido em 1.º e 2.º grau com fundamento na excludente de ilicitude do 
comandante (art. 21, §6.º, do então Código Penal da Armada).
Interessante peculiaridade decorre da execução da pena de morte (art. 
5.º, XLVII, letra “a”, da CRFB), em tempo de guerra, em que os militares de-
signados para integrar o pelotão de fuzilamento estarão agindo no estrito 
cumprimento do dever legal.
Excludente de culpabilidade (exculpantes)Coação irresistível e obediência hierárquica (art. 38):
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: 
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria 
vontade;
[...] 
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. 
[...]
1.º Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. 
2.º Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou 
há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.
A coação irresistível e a obediência hierárquica também são causas de exclu-
são da culpabilidade representadas na exigibilidade de conduta diversa, uma vez 
que ao agente nada mais resta do que cumprir o que lhe está sendo imposto.
Em relação à coação irresistível repousa a diferença de que o artigo 40 
impede a exclusão da culpabilidade nos casos em que há violação do dever 
militar, salvo se a coação for física ou material. Tal dispositivo tem merecido 
questionamentos e críticas, embora ainda vigente.
Quanto à obediência hierárquica cabe distinguir que no direito penal mi-
litar não se faz um juízo de legalidade da ordem (art. 22 do CPB – ordem, não 
manifestamente ilegal), mas tão somente da natureza criminosa desta (art., 
38, §2.º, primeira parte, do CPM – se a ordem do superior tem por objeto a prá-
tica de ato manifestamente criminoso).
7 FIGUEIREDO, Telma An-
gélica. Excludentes de 
ilicitude no Direito Penal 
Militar. São Paulo: Lúmen 
Júris, 2005.
8 PORTO, Mario André da 
Silva. Direito Penal Mili-
tar. Rio de Janeiro: Fun-
dação Trompowski, 2008, 
pp. 64-65.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
Romeiro9 esclarece que a possibilidade de apreciação da natureza crimi-
nosa da ordem no Direito Penal Militar, ainda que mais restrita que no Direito 
Penal comum, decorre da adoção de um sistema intermediário ou sincrético 
entre as teorias conhecidas em direito penal militar, como: a) teoria das “baio-
netas inteligentes”, segundo a qual o militar deve desobedecer (não obede-
cer) as ordens não objetivamente legítimas; e b) teoria da “baioneta cega”, 
em que não há possibilidade de recusa de obediência a ordem superior.
A expressão “ato manifestamente criminoso”, usada no mencionado artigo 
38, §2.º, do CPM, deve ser entendida, de forma objetiva, como aquela ordem 
cujo objeto seja de instantâneo e induvidoso conhecimento quanto à crimi-
nosidade do ato ordenado, não se exigindo maiores reflexões do subordi-
nado. Por outro lado, a recusa de obediência a ordem superior configura o 
delito previsto no art. 163 do CPM.
Estado de necessidade como excludente de culpabilidade (art. 39):
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a 
quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e 
atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda 
quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível 
conduta diversa.
Estado de necessidade é uma situação de perigo atual a interesses pro-
tegidos pelo direito, em que o agente, para salvar um bem próprio ou de 
terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem. Daí, 
afirmar-se que o estado de necessidade exculpante revela-se como exclu-
dente da culpabilidade decorrente da inexigibilidade de conduta diversa.
Particularidade do Direito Penal Militar é adoção da teoria diferenciadora 
do estado de necessidade (originária do direito alemão), consoante já co-
mentado nas excludentes da antijuridicidade. Portanto, se o bem jurídico sa-
crificado for de valor igual ou superior ao bem protegido, ocorrerá o estado 
de necessidade excludente da culpabilidade.
Elementos não constitutivos do crime
Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime: 
I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente; 
II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a 
de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa a agressão.
9 Op. cit., p. 124-125.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
33
Romeiro10 ensina que figurando a disciplina e hierarquia como bens jurí-
dicos tutelados, em especial, no Título II da Parte Especial – Dos crimes contra 
a autoridade ou disciplina militar, os quais são todos dolosos ou preterdolo-
sos, havendo, portanto, a necessidade de consciência por parte de o agente 
estar infringindo tais bens jurídicos. Inexistindo tal cognição, impõe-se a des-
caracterização desses crimes.
Assim, se um soldado pratica violência, de que resulta lesão corporal, 
contra superior, desconhecendo essa qualidade, por estar ele, por exemplo, 
à paisana (trajes civis), não comete o crime previsto no artigo 157, §3.º (vio-
lência contra superior), mas somente o do artigo 209 (lesão corporal leve).
Se, embora sabendo tratar-se de um superior, reage o militar à agressão 
deste, se o fizer nos limites da legítima defesa, nenhum crime comete; se, 
entretanto, exceder-se e provocar lesões corporais, o agente responderá 
por estas, na modalidade dolosa (art. 209) ou culposa (art. 210), conforme as 
circunstâncias.
Imputabilidade
A imputabilidade penal é o somatório de condições pessoais do agente 
que o tornam capaz de entender o caráter ilícito de um determinado fato 
e comportar-se adequadamente diante desse entendimento, o que propor-
ciona ao Estado aplicar-lhe a sanção penal. Em síntese, a imputabilidade é a 
capacidade de entender e querer (autodeterminar-se).
Adotou o CPM, nos moldes do CPB, o chamado sistema biopsicológico ou 
misto, que sincretiza os sistemas biológicos e psicológicos. O primeiro leva 
em consideração unicamente a saúde mental do agente, isto é, se o agente 
é ou não doente mental ou possui, ou não, um desenvolvimento mental 
incompleto (v.g., no caso dos menores de 18 anos e os silvícolas inadapta-
dos) ou retardado (v.g., os idiotas, imbecis, débeis mentais). O segundo leva 
em consideração exclusivamente a capacidade que o agente possui para 
apreciar o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com esse 
entendimento.
Reconhecida a inimputabilidade do agente, o juiz deve absolvê-lo e apli-
car-lhe medida de segurança. Essa espécie de absolvição é conhecida como 
absolvição imprópria (art. 439, letra “d”, in fine, e §2.º, letra “c”, do CPPM).
10 Op. cit., pp. 143-145.
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34
Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
De acordo com o parágrafo único do artigo 48, podem ocorrer situações 
em que o agente, em face de perturbação da saúde mental ou desenvolvi-
mento mental retardado, apresente considerável diminuição na capacida-
de de entender o caráter ilícito do fato ou a de autodeterminação, não fica 
excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do 
disposto no artigo 113, que trata da aplicação da medida de segurança. Em 
tais casos o agente é considerado semi-imputável (fronteiriço) e duas solu-
ções se apresentam:
o agente é condenado e se lhe aplica uma pena atenuada, diante da �
culpabilidade diminuída;
o agente condenado, que necessite de especial tratamento curativo, �
tem a pena privativa de liberdade substituída pela medida de segu-
rança (art. 113).
O legislador penal militar adotou, portanto, o critério vicariante que veda 
a aplicação simultânea ou concorrente de pena e medida de segurança, tal 
qual é permitido no sistema do duplo binário.
Embriaguez (art. 49) – “A embriaguez é a intoxicação aguda e transitória 
resultanteda ingestão do álcool ou de substância análoga, como éter, morfi-
na e outras drogas sintéticas ou naturais.”
O Direito Penal Militar, igualmente à legislação penal comum, isenta de 
pena tão somente a embriaguez completa e decorrente de caso fortuito ou 
de força maior, também chamada de embriaguez involuntária. Para os casos 
em que a embriaguez involuntária apenas diminui, ainda que consideravel-
mente, a capacidade de entender o caráter ilícito ou de autodeterminar-se 
de acordo com esse entendimento, a aplicação de decreto condenatório se 
impõe, porém de forma reduzida (art. 49, parágrafo único).
Para os casos de embriaguez voluntária (dolosa ou culposa) e preordena-
da (embriaguez com motivação à prática de crime) o agente responde pelo 
delito, haja vista a ação livre na causa (actio libera in causa), com a agravante 
genérica prevista no art. 70, II, letra “c”, e parágrafo único, do CPM.
A embriaguez patológica ou crônica equipara-se à doença mental, en-
sejando o reconhecimento da imputabilidade ou semi-imputabilidade do 
agente, nos termos do artigo 48.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
35
Menoridade (arts. 50 a 52) – De acordo com os mencionados dispositi-
vos legais, o CPM pretendeu reconhecer, em alguns casos, a responsabilida-
de penal do menor de 18 (dezoito) anos e maior de 16 (dezesseis), normas 
que não foram recepcionadas pela Constituição Federal (art. 228), restando 
como letra morta.
Desse modo, somente o maior de 18 (dezoito) anos pode ser considerado 
imputável para a lei penal militar.
Do concurso de agentes
“Art. 53 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas 
penas a este cominada”. Com tal assertiva, o CPM filiou-se, assim como o CP, 
à teoria monística ou unitária, pela qual o crime é sempre único e indivisível, 
tanto no caso de unidade de autoria, quanto no de concurso de agentes.
Contudo, as atenuações à teoria monista são facilmente percebidas, senão 
vejamos: a) no artigo 53, §1.º, há uma ressalva no sentido de que a punibili-
dade de qualquer agente é independente da dos outros, determinando-se 
de acordo com sua própria culpabilidade; e b) no §3.º do artigo 53 foi previs-
ta a atenuação da punição em relação ao agente cuja participação no crime 
tiver sido de menor importância.
Figura particular ao Direito Penal Militar é a previsão do cabeça (art. 53, 
§§4.º e 5.º) – “4.º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, repu-
tam-se cabeças os que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.” e 
“5.º. Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são 
estes considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função 
de oficial.”
O “cabeça” tem a pena majorada nos crimes previstos nos artigos 142 
(tentativa contra a soberania do Brasil), 149 (motim), 182 (amotinamento de 
presos) e 368 (motim em tempo de guerra).
O agente que, de modo geral, promove ou organiza a cooperação no 
crime ou dirige a atividade dos demais agentes; coage outrem à execução 
material do crime; instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à 
sua autoridade, ou não punível em virtude de condição ou qualidade pesso-
al; ou executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de re-
compensa, tem a pena agravada (art. 53, §2.º), de forma semelhante ao CP.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
Casos de impunibilidade (art. 54) – “O ajuste, a determinação ou insti-
gação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis se o crime 
não chega, pelo menos, a ser tentado.”
Saraiva11 assevera que essa previsão comunga com a noção geral de que 
não bastam as exteriorizações do animus deliquendi, é necessário, ao menos, 
que se exponha o bem jurídico protegido a uma situação periclitante, embora 
alguns atos preparatórios sejam punidos por expressa previsão legal, diante 
de uma antecipação do legislador em resposta a um perigo iminente.
Dicas de estudo
A partir da redação contida no art � igo 33 do Código Penal Militar, que 
trata da culpabilidade (dolo e culpa), analisar qual a teoria da ação ado-
tada pelo legislador do Decreto-Lei 1001/69.
Identificar quais são as excludentes da antijuridicidade e da culpabili- �
dade previstas exclusivamente ou de modo particular no Código Penal 
Militar.
Distinguir as “teorias do erro” adotadas no Código Penal Militar das con- �
tidas no Código Penal comum. Como sugestão, realizar a leitura do 
Capítulo IX, da obra Curso de Direito Penal, editora Saraiva, de Jorge 
Alberto Romeiro.
Pesquisar na jurisprudência do Superior Tribunal Militar as decisões �
que admitem a participação de agente civil em crime propriamente 
militar praticado em concurso de agentes com militar da ativa.
Compreender o conceito de “cabeça” e identificar os tipos penais que �
preveem expressamente essa figura peculiar do Direito Penal Militar.
Identificar as hipóteses incidência dos � elementos não constitutivos do 
crime, previstas no artigo 47 do CPM.
Referências
ABREU, Jorge Luiz Nogueira de. Direito Administrativo Militar. São Paulo: 
Método, 2010.
11 Op. cit., p. 113.
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Do crime: imputabilidade e concurso de agentes
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