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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE CERQUEIRA CÉSAR/SP
TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL – ESTATUTO DO IDOSO
AÇÃO DE CONHECIMENTO CONDENATÓRIA PARA PERCEPÇÃO DE BENEFICIO ASSISTENCIAL AO IDOSO – LOAS - COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA.
ISAURA ________________________, brasileira, amasiada, portadora do RG nº _______________ e do CPF nº ___________________, residente e domiciliada na Rua ____________________________________________________________, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, “caput”, art. 203, inciso V, da Constituição Federal, art. 20 da Lei nº 8.742/93, art. 273 e seguintes, art. 275 e seguintes, todos do Código de Processo Civil, bem como nas demais disposições aplicáveis à espécie, promover a presente AÇÃO DE CONHECIMENTO CONDENATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, em face de INSS – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, Agência da Previdência Social em Avaré/SP, sito a Rua Rua Piauí 1495, Centro, Cep 18701-050, o que faz pelos motivos de fato e de direito a seguir elencados:
I – DOS FATOS
A autora conta atualmente com 61 (sessenta e um) anos de idade (nascimento em 29/03/1952, doc. 03), ou seja, idosa nos termos do artigo 1º da Lei n. 10.741/03, e conseguia seu sustento recolhendo recicláveis nas ruas da cidade de Águas de Santa Bárbara/SP.
Como seu companheiro, também idoso, está desempregado, não têm atualmente nenhuma renda, sobrevivendo através da caridade de pessoas da comunidade e da filha, que construiu sua habitação nos fundos da casa da Requerente (trata-se de conjunto habitacional), mas também está desempregada.
Apenas o genro da Requerente está empregado na colheita de laranja em empresa agrícola da região. Em outras palavras: é com o salário do genro (trabalho temporário/sazonal), que atualmente sobrevive a Requerente e seu companheiro, o genro e a filha com o neto, ainda criança.
Dessa forma, não se faz necessário qualquer esforço para demonstrar que a família da Requerente atualmente sobrevive em situação de extrema necessidade. A Requerente quase toda a vida trabalhou no campo e não tem estudo ou profissão.
Não bastasse isso, a Requerente agora está impedida de desenvolver qualquer atividade por conta de sua saúde fragilizada. Para poder se alimentar, vagava pelas ruas da cidade para “catar latinhas” e outros recicláveis que encontrasse. Nas festividades do carnaval e da festa do peão, ficava até amanhecer o dia recolhendo latas de alumínio na rua, mas agora, tendo em vista seu claudicante estado de saúde, não tem mais forças para passar as noites exposta a todo tipo de situação, o que é inapropriado para uma senhora idosa e doente.
Note, Excelência, que a Requerente percebia renda mensal inferior a R$ 100,00 (cem reais) com o recolhimento e a venda de recicláveis, o que dava pelo menos para comprar alimentos, como arroz e pão, para si e seu marido, mas agora quase não tem o que comer, sobrevivendo apenas da caridade das pessoas da comunidade. 
Tudo isso porque a idade chegou e a Requerente possui graves problemas de saúde, como nódulo nos seios, no útero, problemas oftalmológicos, renais, circulatórios, lombares, dentre outros (doc. 12 e seguintes), além de fazer uso de vários medicamentos que, ao menos isso, é fornecido a contento pelo Município.
Com muitas dores nas pernas, o que a impede de ficar por muito tempo em pé, o médico da Requerente receitou fisioterapia, que também foi providenciada pela prefeitura (docs. 9a e 9b), de modo que é patente o delicado estado de saúde em que se encontra a Requerente, que não tem mais forças para o trabalho braçal.
Aliás, a Requerente vive com sua família em casa humilde entregue pelo CDHU, programa habitacional estatal para moradias urbanas a famílias de baixa renda. Só que se não há dinheiro nem para comprar alimentos, imagine então para honrar as parcelas do plano habitacional, que estão atrasadas, podendo ocorrer a execução da dívida e até a perda da casa. (doc 6a, 6b, 10a e 10b).
Por esses motivos, a Requerente pensou inicialmente na possibilidade de se pleitear uma aposentadoria com base em sua atividade rural, mas verificou-se a inexistência do direito face ao não preenchimento dos requisitos legais, como aquisição do direito em período logo anterior ao trabalho no campo. Ainda jovem a Requerente passou alguns anos em São Paulo, onde trabalhou como doméstica.
Resta, portanto, o benefício do LOAS, objeto da presente lide, mas optou-se pelo pedido judicial ao invés de primeiro trilhar os caminhos do pedido administrativo, pois injustamente o INSS aplica a lei menos favorável ao idoso ao entender que só há direito para aqueles idosos que têm mais de 65 (sessenta e cinco) anos de idade, o que não é o caso da Requerente. 
Como obviamente o pedido será indeferido pelo motivo acima, não havia tempo razoável para que a requerente exaurisse o trâmite administrativo. Quem tem fome não pode esperar.
Note-se que a Requerente tem direito ao benefício por ser notadamente hipossuficiente, é deficiente física (mal tem forças para se manter em pé, basta olhar para a Requerente para perceber ser pessoa bastante doente), e é idosa, por ter mais de 60 anos.
Note-se que há duas leis regulamentando o direito ao benefício (LOAS, Lei n. 8.742/1993 e o Estatuto do Idoso, Lei n. 10.741/2003). O primeiro de 1993 previa a idade de 65 anos, enquanto que o Estatuto, de 2003, reconheceu a pessoa como idosa a partir dos 60 anos, o que não é observado pelo INSS.
Oras, se o Estatuto do Idoso define que idoso é aquele que tem mais de 60 anos, por que o benefício de prestação continuada do LOAS só começa para idosos com mais de 65 anos? Quando a lei do amparo social foi criada em 1993, sequer existia o Estatuto do Idoso, esse gerado somente 10 anos depois. 
Embora uma lei seja mais velha que a outra, não faz muito sentido elas coexistirem hoje, cada uma dizendo uma coisa, devendo o conceito de idoso ser nivelado a partir dos 60 anos para efeito de BPC e o benefício concedido à Requerente.
O fato é que simplesmente não é possível aguardar mais três anos e meio até que a Requerente ultrapasse a barreira etária de 65 anos imposta pelo INSS, pois não tem meios para seu sustento e suas necessidades mais básicas, estando em extremo estado de necessidade, conforme simples análise da documentação acostada à inicial.
Assim, a medida é de urgência, pois a Requerente e sua família têm vivido de caridade, sem meios para se manterem com um mínimo de dignidade, e conforme a jurisprudência adiante demonstrada, os pedidos se amoldam perfeitamente à legislação no que tange ao beneficio continuado LOAS, devendo este ser concedido pelo uso do poder de cautela previsto no artigo 461 do Código de Processo Civil.
II – DA TUTELA ANTECIPADA – “URGENTE” - EMINENTE RISCO DE VIDA
		
Conforme demonstrado, a tutela é de urgência, ante as imensas dificuldades que a Requerente experimenta. Assim, requer-se, desde já, com fundamento no artigo 273, caput do Código de Processo Civil a tutela antecipada para que seja implantado imediatamente o benefício, visto que há provas inequívocas apresentadas e plena verossimilhança de suas alegações, além da extrema necessidade de perceber deste beneficio, para suprir suas necessidades básicas.
Preceitua o mesmo dispositivo supra mencionado, que o Juízo poderá, a requerimento da parte, antecipar total ou parcialmente os efeitos da tutela pretendida na peça vestibular, desde que haja prova inequívoca e que o Magistrado se convença da verossimilhança da alegação.
Nesse diapasão, necessária a demonstração dos outros requisitos que ensejam o deferimento da tutela antecipada, o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, conforme adiante segue.
A doutrina do saudoso Prof. Humberto Theodoro Junior, ao fazer sucintos apontamentos a respeito do primeiro requisito declinado no parágrafo anterior, que na presente ação é aplicada subsidiariamente, preceitua que:
 “(...) para a providencia cautelar bastaque a existência do direito apareça verossímil (...) segundo um cálculo de probabilidade possa prever que a providencia principal declarará o direito em sentido favorável àquele que a solicita (...)”.
				A verossimilhança existe plenamente demonstrada na presente! 
Continua o jurista e entende que o segundo dos requisitos acima delineados pode ocorrer quando evidenciado que:
 “(...) haja fundado receio de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as circunstancias de fato favoráveis à própria tutela. E isto pode ocorrer quando haja o risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração ou de qualquer mutação das pessoas, bens ou provas necessárias para a perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo principal (...)”.
				O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação também existe, já que a Requerente esta passando fome e necessita do benefício para manutenção de suas necessidades básicas e até da sua própria VIDA!
Ora, o “fumus boni iuris” reside no fato de estar a Requerente incapaz de prover sua própria subsistência, nem tê-la provida por sua família, sendo verdadeiro ato abusivo e ilegal praticado pelo Requerido em afrontar o mandamento constitucional e infraconstitucional, atuando contra a lei, em detrimento do principio da dignidade da pessoa humana, pois ignora a lei mais benéfica para aqueles idosos com menos de 65 (sessenta e cinco) anos.
No tocante ao “periculum in mora”, este decorre do fato de ser a Requerente pessoa deficiente física e hipossuficiente e de sua exposição ao iminente risco de morte em razão de não dispor de quantia financeira para sobreviver dignamente. O PERIGO TAMBÉM RESIDE NO FATO DE QUE NÃO POSSUI CONDIÇÕES FINANCEIRAS NEM PARA ADQUIRIR ALIMENTOS OU TRATAR DE SUA SAÚDE, PONDO EM RISCO SUA PRÓPRIA VIDA, sem falar no risco de se perder a casa em iminente execução da CDHU, situação que somente poderá ser resolvida com o recebimento do beneficio assistencial ora requerido, sendo que nosso mandamento constitucional garante a todos, o direito a vida!
Com o objetivo de justificar o deferimento da tutela antecipada, a precisa lição de Luiz Guilherme Marinoni é bastante elucidativa, senão vejamos:
 “(...) O procedimento ordinário é injusto às partes mais pobres, que não podem esperar, sem dano grave, a realização dos seus direitos. Todos sabem que os mais fracos ou pobres aceitam transacionar sobre seus direitos em virtude de lentidão da Justiça, abrindo mão da parcela do direito que provavelmente seria realizado, mas depois de muito tempo. A demora do processo, na verdade, sempre lesou o principio da igualdade (...)”.
Argumentações tecidas, com fulcro no artigo 273, “caput”, inciso I, do Código de Processo Civil, e com base no princípio da dignidade da pessoa humana disposto no artigo 1º., III da Constituição Republicana requer a concessão de tutela antecipada parcial a fim de que o réu seja compelido a conceder o beneficio assistência (LOAS) a ser confirmada definitivamente quando da prolação da sentença de procedência.
Na remota hipótese do Juízo não estar convencido das assertivas, o que apenas é alegado a titulo de argumentação, a Requerente submeter-se-á a audiência de justificação eventualmente designada pelo Juízo, bem como se sujeitará também ao estudo social e exame pericial a fim de demonstrar a sua situação financeira e o seu estado de saúde, o que ora requer-se COM EXTREMA URGÊNCIA, já que está acometida de grave doença e falta de condições financeiras poderá acabar lhe tirando a VIDA, consoante os argumentos e documentos apresentados no decorrer da presente. 
III - DO DIREITO.
Conforme restará demonstrado e em conformidade com os documentos acostados a presente, a Requerente cumpre os requisitos necessários para o recebimento do benefício assistencial, senão vejamos.
			 Constituição Federal tem por fundamentos a promoção do bem estar de todos sem qualquer forma de discriminação, além disso, garante o estabelecimento da dignidade humana, em seu art. 1º, III. No mesmo sentido, seu art. 196 dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido através de políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
Ademais, estatui o artigo 203 da Constituição Federal de 1988:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice.
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Cumprindo o mandamento constitucional, no ano de 1.993 foi sancionada a Lei Orgânica da Assistência Social, a qual deu os requisitos ao benefício de prestação continuada, nos seguintes termos:
Art. 20.  O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. 
§ 1º  Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. 
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.  gn.
Nesses termos, para idosos e deficientes físicos, como é o caso da Requerente, os requisitos necessários à concessão do benefício assistencial de um salário mínimo são a comprovação de que não têm condições de prover a própria subsistência, nem de tê-la provida por sua família. 
Ora Excelência, a Requerente preenche todos os requisitos necessários, conforme documentos que acompanham a presente.
Em sucinta e brilhante lição, preceitua o Douto Prof. Alexandre de Moraes que:
“(...) A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente de contribuição, pois não apresenta natureza de seguro social, sendo realizada com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195 (...)”
Com efeito, aplica-se no caso em comento o fundamento constitucional da dignidade da pessoa humana, vez que sem o pagamento do benefício, está a Requerente e sua família sem condições basilares de sobrevivência. Nesta linha de raciocínio, transcreve-se o disposto no inciso III, do artigo 1º, da Constituição Federal:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana
 Aplicado fundamento possui verdadeira "cláusula geral de tutela e promoção da pessoa humana"; a dignidade é o "valor máximo" de nosso ordenamento jurídico, devendo informar todas as relações jurídicas e estando sob seu comando a legislação infraconstitucional, como bem oriente salienta Gustavo Tepedino (in "A Tutela da Personalidade no Ordenamento Civil - Constitucional Brasileiro", in "Temas de Direito Civil". Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 47 e 48).
Entretanto, o réu feriu de morte o princípio da dignidade da pessoa humana previsto em nossa Carta Magna, pois analisa a lei de uma forma fria e literal, conforme a sua conveniência, não se levando em conta as graves doenças que está acometida a Requerente, num total desacerto com lei máxima do país.
Ainda no que pertine ao principio da dignidade da pessoa humana, novamente é de salutar importância o ensinamento do emérito Alexandre de Moraes:
“Adignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável pela própria vida e traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo vulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas intimações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sem menosprezar a necessária estima que merecem toadas as pessoas enquanto seres humanos”.
Tendo em vista tais circunstancias, a parte Autora tem direito ao benefício assistencial, ficando comprovada a incapacidade de prover a própria subsistência. Carência que não pode ser suprida totalmente por sua família, restando caracterizado, pois, o estado de miserabilidade, sendo medida de direito o deferimento do beneficio assistência LOAS.
Diante dos fatos narrados, tornando-se insustentável a situação de miserabilidade que a família se encontra, não restou alternativa senão recorrer ao judiciário, na finalidade de buscar a aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana no sentido de haver concessão do beneficio assistencial, deve ser implantado de imediato, posto que a Requerente necessita urgentemente de amparo estatal.
III.01 - DO CRITÉRIO ETÁRIO - ESTATUTO DO IDOSO (LEI N. 10.741/2003) E A LOAS (LEI N. 8.742/1993) À LUZ DOS ARTIGOS 5º, “CAPUT” E 203, INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Quando confrontadas as leis n. 8.742/93 e n. 10.741/03, observa-se total contrariedade em relação à idade que se uma pessoa pode ser considerada idosa, pois a LOAS prescreve ser a pessoa idosa a pcartir dos 65 (sessenta e cinco) anos, assim como ocorre em alguns dos artigos do Estatuto do Idoso. 
Isso tudo porque a própria lei n. 10.741/03, logo no artigo 1°, assim estabelece:
“É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”
E quando verificamos se tratar do benefício assistencial previsto no inciso V, do artigo 203, da Constituição Federal, que estabelece como beneficiário o idoso, sem qualquer menção à idade mínima, concluímos que apenas a classificação como idoso bastaria para que ocorresse a concessão, claro sem ser esquecida a comprovação de estado de necessidade.
Só que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que administra o referido benefício, que, aliás, é assegurado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ainda aplica o disposto no artigo 20 da lei 8.742/1993, que assim prescreve:
“O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”
Ocorre que com esta fixação de uma idade mínima para a obtenção do benefício assistencial, restou patente o desigual tratamento promovido aos idosos cuja faixa etária vai dos 60 (sessenta) anos aos 64 (sessenta e quatro) anos, o que além de ser inconstitucional, está em confronto com o artigo 1º, lei 10.741/03, que define pessoa idosa aquela que tem 60 anos ou mais, pois acaba por criar duas categorias distintas de pessoa idosa.
Note-se que a Constituição Federal ao fixar o objetivo da assistência social e a garantia do benefício assistencial ao idoso, deixou para lei infraconstitucional a definição da pessoa idosa, de modo que tendo a lei 10.741/03 fixado a faixa etária de 60 (sessenta) anos para que uma pessoa seja considerada idosa, há que presumir uma adaptação de todos os dispositivos legais que até então fixassem faixa etária diversa para situações de proteção à pessoa do idoso, o que não ocorreu quando trata do benefício assistencial que equivocadamente aplica o dispositivo da lei de 1993.
Oras, se o benefício assistencial tem por objeto a proteção ao idoso, não é possível explicar a exclusão daqueles que se encontram na faixa etária compreendida entre os 60 (sessenta) e os 64 (sessenta e quatro) anos. Isso por que um idoso que não dispõe de meios de garantir a própria subsistência aos 65 (sessenta e cinco) anos, não estaria em condições mercadológicas melhor aos 64 (sessenta e quatro) anos, ofendendo o princípio da igualdade ou isonomia.
E é justamente esse princípio que prevê a igualdade de aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Por meio deste, são vedadas as diferenciações arbitrárias e absurdas não justificáveis pelos valores da Constituição Federal, pois tem por finalidade limitar a atuação do legislador, do intérprete ou autoridade pública e do particular.
Assim, essa exclusão de uma considerável faixa etária fere a proteção constitucional garantida ao idoso, e exemplifica a grande ausência de raciocínio por parte dos representantes do Poder Legislativo e do Poder Executivo quando da elaboração e execução de leis e outros dispositivos legais, pois aplicam a lei que é mais favorável aos seus interesses e não aos interesses daqueles que a lei visa proteger.
Essa é a conclusão quando se analisa a antinomia que se apresenta quando da elaboração do Estatuto do Idoso, seu artigo 34° (critério etário de 65 anos) ao confrontá-lo com seus artigos 1º e 3°, nota-se a completa ausência de vontade de modificação de abrangência de um benefício assistencial, de maneira que seu próprio conteúdo já representa uma antinomia jurídica. 
Já há, inclusive, algumas decisões que pipocam em outras unidades federativas concluindo pela inconstitucionalidade dos artigos da Lei Orgânica da Assistência Social e do Estatuto do Idoso que prevêem o benefício apenas para aqueles que já ultrapassaram a barreira dos 65 (sessenta e cinco anos), pois se o próprio Estatuto do Idoso prevê em seu artigo 1º a idade de 60 (sessenta) anos, essa é, obrigatoriamente, a idade para a implantação do benefício. (docs. 4a e 4b).
Tanto o é que tramita no Senado Federal um projeto de lei (PL n. 279/2012) para garantir ao idoso a partir dos 60 (sessenta) anos, que preencha os requisitos de miserabilidade, o benefício de prestação continuada objeto da presente ação, já que essa é a idade mínima para definição de “idoso” adotada pela OMS. (docs. 5).
A Jurisprudência também já se movimenta para corrigir a injusta exclusão que tratamos. A 2ª Vara do Juizado Federal de Criciúma/SC determinou ao INSS o pagamento do benefício assistencial a uma pessoa de 62 (sessenta e dois) anos de idade, ou seja, três a menos do que estava previsto no LOAS. (docs. 4a e 4b).
Para a Magistrada, “como o Estatuto do Idoso estabelece que as pessoas com mais de 60 anos já são consideradas idosas, a idade para receber o BCP deveria ser a mesma”.
Veja a sabedoria transmitida no seguinte trecho da decisão:
...“não tendo a Constituição Federal limitado a idade do idoso para fins de amparo social, a lei não poderia fazê-lo, porque isso implica total afronta ao princípio da igualdade”...
A ideia primeira para fins de prequestionamento é a de se demonstrar que o confronto aparente denota que o objetivo constitucional de tutela ao idoso foi desvirtuado, como já o era quando do advento da lei 8.742/1993, e que, com a lei 10.741/2003 se tornou um erro ainda mais arraigado.
Assim, restam prequestionadas as leis n. 8.742/93 e n. 10.741/03, para fins de acesso às instancias superiores, caso não seja aplicado o princípio constitucional da isonomia, de modo que o critério etário, para fins de percepção do LOAS previsto no art. 203,V, da C.F., deve ser obrigatoriamente 60 (sessenta) anos, sendo a imediata implantação do benefício objeto da presente ação à Requerente medida que se impõe.
III.02 - DA OBRIGAÇÃO DE FAZER DO RÉU.
O direito da parte autora tem fundamento legal e o réu tem obrigação legal de fazer, ou seja, reconhecido o direito do autor, deverá fazer a implantação imediata do seu beneficio nos termos da Lei 8.742/1993, da Lei 9.720/1996, desde a data da citação.
Na hipótese de,espontaneamente, o réu não cumprir a sua obrigação de fazer, vindo a ser obrigado a fazê-lo por decisão judicial, deverá incidir na penalidade do § 3º, do artigo 461, do Código de Processo Civil, aplicando-lhe multa diária até o efetivo cumprimento, além de outras cominações legais pertinentes.
III.03 - DA DESNECESSIDADE DE PRÉVIO PEDIDO ADMINSTRATIVO AO INSS.
Há muita controvérsia sobre a necessidade ou não de prévio pedido administrativo em face do INSS antes do pedido de tutela jurisdicional para a concessão de benefício. 
A dispensa é aceita naqueles casos em que há resistência notória da autarquia à tese jurídica reconhecida pelo Judiciário, ou seja, como no caso do autos em que a pessoa passa a ser idoso aos 60 (sessenta anos) e não aos 65 (sessenta e cinco) anos, de modo que seria inútil impor ao segurado a exigência de prévio pedido administrativo, quando o próprio INSS adota posicionamento contrário ao embasamento jurídico do pleito. 
“RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIOS. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PRÉVIO. DESNECESSIDADE. O prévio requerimento administrativo na esfera administrativa não pode ser considerado como condição para propositura da ação de natureza previdenciária. Ademais, é pacífico neste Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que é desnecessário o requerimento administrativo prévio à propositura de ação que vise à concessão de benefício previdenciário. Recurso conhecido e desprovido”. (STJ, 5ª Turma, REsp nº 602.483/PR, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, DJU 29.11.2004) 
“RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PRÉVIO. DESNECESSIDADE.1. ‘É firme o entendimento neste Superior Tribunal de Justiça no sentido de ser desnecessário o prévio requerimento administrativo à propositura de ação que visa à percepção de benefício previdenciário’. (RESp nº 230.499/CE, da minha relatoria, in DJ 1º/8/2000). 2. Recurso improvido”. (STJ, 6ª Turma, REsp nº 543.117/PR, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJU 02.08.2004)
Assim, como a autarquia equivocadamente só aceita pagar o benefício para aqueles idosos com mais de 65 (sessenta e cinco) anos, considerando-se ainda o extremo estado de necessidade da Requerente, resta possível o ajuizamento da presente ação sem que a Requerente tenha que trilhar todo o demorado caminho administrativo que obviamente será indeferido em razão da sua idade.
IV – DOS REQUERIMENTOS
	Requer a citação do INSS, na pessoa de seu representante legal, sob as penas da revelia e confissão, para querendo responda a presente a Ação.
V – DAS PROVAS
Provará o alegado, por todos os meios lícitos em direito admitidos, em especial pelo depoimento pessoal do representante legal do réu, juntada de novos documentos, expedição de ofícios, prova pericial, depoimento de testemunhas, cujo rol será ofertado oportunamente, juntada de laudos médicos comprobatórios da incapacidade da Requerente, EM ESPECIAL PELA PERÍCIA MÉDICA, além da PROVA DE ESTUDO SOCIAL, com o fito de comprovar as precárias condições de saúde e de vida do autor e sua família, o que desde já, ficam expressamente requeridas, l, e todos outros meios que possam demonstrar o direito da Requerente.
VI - DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer a Vossa Excelência:
 A) Que seja deferido o pleito referente à TUTELA ANTECIPADA PARCIAL “inaudita altera pars”, compelindo o réu ao estabelecimento imediato do beneficio assistencial LOAS, nos termos acima propostos, oficiando-se o requerido a abrir uma conta bancária em favor da Requerente;
B) Caso o benefício não seja implantado de imediato, requer a concessão da tutela antecipada a partir da juntada do laudo pericial aos autos, com a implantação imediata do benefício assistencial à parte Autora, nos moldes requeridos;
C) Requer seja reconhecido o direito da Requerente ao benefício pleiteado, haja vista ser notadamente deficiente física;
D) Na remotíssima hipótese de não acolhimento do pleiteado acima, apenas a título de argumentação, requer então seja reconhecido o direito da Requerente ao benefício por ser idosa com mais de 60 anos, nos termos do Estatuto do Idoso;
E) Requer, no caso acima, que Vossa Excelência se manifeste sobre a questão do critério etário ventilado no tópico III.01, com o fito de se prequestionar os artigos que tratam da idade para concessão do benefício nas leis n. 8.742/93 (LOAS) e n. 10.741/03 (Estatuto do Idoso), traçando um paralelo com os artigos da Constituição Federal artigo 1º, inciso III (Dignidade da Pessoa Humana), artigo 5º “caput” (P. Isonomia), e artigo 203, inciso V (beneficio aos idosos), para fins de acesso às instancias superiores, caso seja necessária a análise da aplicação correta do critério etário para o direito ao benefício.
F) Que a ação seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE para CONDENAR a autarquia ré a implantar definitivamente o benefício de LOAS à Requerente confirmando-se a tutela antecipada, além de ser condenada ao pagamento dos benefícios atrasados desde a data da citação até a data da efetiva implantação do benefício, além do pagamento de custas processuais, honorários advocatícios e demais consectários legais a serem arbitrados por Vossa Excelência.
				
VII – DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS
Declara este procurador, nos termos do item 4.2, do provimento nº 19 de 24/04/1995 da Corregedoria Geral, segundo nova redação dada pelo Provimento da Corregedoria Geral nº 34 de 05/09/2003, a autenticidade dos documentos juntados aos autos que não estão autenticados.
VIII - DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Requer, ainda, os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei 1060/50, por ser a parte Autora pessoa pobre no sentido jurídico do termo, não podendo arcar com o ônus processual sem prejuízo de sua subsistência, conforme fotos de sua moradia (docs. 6a e 6b), e declaração (doc. 7).
IX – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à presente o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para efeitos fiscais. 
Termos em que,
Pede deferimento
Águas de Santa Bárbara, em 09 de outubro de 2013.
EDUARDO ORLANDINI
OAB/SP

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