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Daniel Paulo Tembe O Contributo Pedagógico da Música no Ensino de Geografia: Caso da 9ª Classe Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em História Universidade Pedagógica Gaza 2016 ii Daniel Paulo Tembe O Contributo Pedagógico da Música no Ensino de Geografia: Caso da 9ª Classe Monografia Científica a ser apresentada ao Departamento de Geografia, Delegação de Gaza, para a obtenção do grau académico de Licenciatura em Ensino de Geografia. Supervisora: Msc. Maria Verónica Francisco Mapatse Co-supervisor: dr. Américo Mahumane Universidade Pedagógica Gaza 2016 Índice Indice de Tabelas …………………………………………………………………………...….iv Lista de Siglas e Abreviaturas ..................................................................................................... v Declaração .................................................................................................................................. vi Dedicatória ................................................................................................................................ vii Agradecimentos ........................................................................................................................ viii Resumo……….……………………………………………………………………………….vii Epigrafe ....................................................................................................................................... x 0.0 Introdução............................................................................................................................ 11 1.0 CAPÍTULO I: CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJECTO DO ESTUDO .......................... 12 1.1 Delimitação do objecto do estudo ....................................................................................... 13 1.2 Problematização .................................................................................................................. 13 1.3 Hipóteses ............................................................................................................................. 14 1.4 Justificativa.......................................................................................................................... 14 1.5 Objectivos............................................................................................................................ 16 1.6 Metodologia de pesquisa ..................................................................................................... 16 2.0 CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA ................................................................. 18 2.1 Os Recursos didácticos específicos para o ensino de geografia .......................................... 19 2.1.1 Enquadramento da música no conjunto de recursos didácticos. ...................................... 23 2.2 A música como recurso didáctico para o ensino de geografia ............................................ 24 2.2.1 Práticas musicais nas aulas de Geografia ......................................................................... 29 2.3 Procedimento da utilização da música na sala de aula de geografia. .................................. 31 2.3.1 Principais actividades de aprendizagem através da música ............................................. 34 2.3.2 Impacto da música no Processo de ensino-aprendizagem de geografia ........................... 36 2.3.3 Enquadramento da música como recurso do ensino no PCESG ...................................... 40 2.3.4 Actividades co-curriculares .............................................................................................. 41 3.0 CAPITULO III: SUBSÍDIOS PARA UTILIZAÇÃO DA MÚSICA NA SALA D E AULA DE GEOGRAFIA ...................................................................................................... 45 3.1 O papel da música no ensino de geografia e a sua aplicação nas aulas de geografia ......... 45 3.2 Subsídios da leccionação das aulas, na 9ª classe usando a música. .................................... 47 3.3 Proposta da planificação de aula no contexto da utilização da música como recurso didáctico. ................................................................................................................................... 51 3.4 As perspectivas da utilização da música no ensino de geografia em Moçambique ............ 52 4.0 Conclusão ............................................................................................................................ 57 5.0 Revisão bibliográfica........................................................................................................... 58 iv Índice de tabelas Tabela 1: A percentagem dos conteúdos que o ser humano têm capacidade de reter e ou aprender……...…………20 Tabela 1: da classificação dos recursos de ensino na óptica de Pilett:……….............................................................24 v Lista de Siglas DTS – Doenças de Transmissão Sexual ESG – Ensino Secundário Geral INDE – Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação MINEDH – Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano MP3 – MPG layer 3, um formato de compressão de áudio digital que minimiza perda de qualidade em musicas ou outros arquivos produzidos no dispositivo próprio. OTEO´s – Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias PCESG – Plano Curricular do Ensino Secundário Geral PEA – Processo de Ensino e Aprendizagem PPG – Práticas Pedagógica de Geografia TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação TV – Televisão UP – Universidade Pedagógica vi Declaração Declaro que esta pesquisa é resultado da minha investigação pessoal e de orientações da minha supervisora, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda, que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico. Xai-Xai, Outubro de 2016 ........................................................... Daniel Paulo Tembe vii Dedicatória Dedico este trabalho às minhas irmãs, meus tios. viii Agradecimentos Agradeço em primeiro lugar a Deus que me protegeu durante a minha formação e a UP, por me ter concedido a formação. E vai o meu agradecimento à todos os meus docentes desde o primeiro ano (2012) até ao quarto ano (2015), pela gentileza que tiveram de me conduzir num bom caminho condignamente; Aos meus supervisores em particular Mcs. Maria Verónica Francisco Mapatse, e co-supervisor dr. Américo Mahumane por terem aceitado a orientação desta investigação. E pelo incentivo, orientações e sugestões, fundamentais para a realização deste estudo, o meu sincero agradecimento. Por ter proporcionado um enriquecimento pessoal decisivo na construção do pensamento deste estudo, o meu sincero agradecimento. Agradeço toda minha família Tembe, Macaringue, que me acolheram durante os quatro anos de formação; Ao meu amigo Adelino Nhampule, que me encorajou e mostrou me o caminho da academia durante a minha formação, o meu obrigado. Aos meus amigos do curso (Victor, Orlando Bandamela, Admira, Èlcia Paunde, Alda...) e em particular ao grupo (Arestides, Dércio, Fátima e Osvaldo); que conviveram comigo e partilharamos momentos de alegria, felicidade e aflição. Vai também o meu agradecimento à todos aqueles que directa ou indirectamente e moral ou materialmente contribuíram para o sucesso da minha formação e do presente trabalho. Muito obrigado ix Resumo Este trabalho têm como objectivo contribuir com a música como recurso didáctico importante no processo de ensino-aprendizagem em particular de geografia, no sentido de incentivar os professores na sua utilização, e estimular a atenção dos alunos de modo a deixá-los motivados durante as aulas de geografia partindo da interpretação das melodias das músicas que abordam conteúdos geográficos, desse modo cabe ao professor a escolha da letra e a devida adequação ao conteúdo a abordar-se. Neste âmbito, foi feita a recolha e discussão de dados através das revisões bibliográficas e documentais das quais nos permitiram discutir termos básicos do tema. Através das mesmas foi possível compreender o que está sendo feito, e o que devia ser feito nas aulas de geografia. A pesquisa contempla ainda noções de música como recurso didáctico de geografia, neste contexto o enquadramento da música no plano curricular, algumas práticas musicais; os procedimentos da utilização da música na sala de aula; principais actividades de aprendizagem através da música; os impactos e as perspectivas da utilização da música no ensino de geografia em Moçambique. Os resultados da pesquisa indicam que há necessidade de implementação da música no conjunto dos recursos didácticos para a sua utilização nas aulas, pois a sua utilização concede bons resultados nos alunos. Palavras - chave: Música, recursos didácticos, ensino de geografia, aprendizagem. x Epigrafe A música é linguagem da arte. SILVA (2014:12) 11 0.0 Introdução Esta monografia debruça-se sobre o Contributo Pedagógico da Música no Ensino de Geografia, cujo objectivo fundamental é de munir ou equipar os professores da cadeira pela ferramenta tida como pertinente no âmbito da motivação porque é, sem dúvidas, a chave indispensável para a melhor compreensão dos conteúdos. E, como é sabido, a música é efectivamente, um rico instrumento que pode fazer a diferença nas instituições de ensino, pois ela desperta o indivíduo para um mundo prazeroso e satisfatório para a mente e para o corpo que facilita a aprendizagem e também, a socialização do mesmo. Incutir nos professores de geografia, o espírito de usar a música nas suas aulas como um elemento incontornável para obter resultados satisfatórios e abandonar completamente a ideia de olhá-la sempre como poluidora no meio ambiente. É importante sublinhar que, o presente trabalho obedece a seguinte estrutura: Capitulo I, da contextualização onde apresentamos o tema, os objectivos pretendidos e as metodologias usados para o alcance dos objectivos pré-estabelecidos. Capitulo II, da revisão da literatura, onde, naturalmente, discutimos os conceitos gerais que facilitam a compreensão do tema em estudo, neste contexto, temos: os recursos didácticos específicos de geografia; a música como recurso didáctico em ensino de geografia; o procedimento da utilização da música na sala de aula, pois o nosso maior desafio é integrar a música como um recurso didáctico no PEA. Capitulo III e último que contempla: contribuição da música como recurso didáctico no ensino de geografia, o seu papel e a sua aplicação nas aulas de geografia. Porem, trazemos de igual modo, alguns subsídios da leccionação das aulas de geografia em particular da primeira unidade (população), da 9ª classe, na qual propomos um plano de aula no contexto da utilização da música como recurso didáctico. E, finalmente, a conclusão acompanhada pelas referencias bibliográficas. Em fim, sublinhar que, para a produção do presente trabalho recorremos a pesquisa bibliográfica e documental respectivamente. 12 CAPÍTULO I CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJECTO DO ESTUDO 13 1.0 Contextualização do objecto do estudo Neste capítulo, pretende-se fazer a contextualização do estudo sobre a música como recurso didáctico cujo objectivo fundamental é enquadrá-la no âmbito do processo do ensino e aprendizagem de geografia. 1.1 Delimitação do objecto do estudo O objecto do estudo do presente trabalho é a Música no ensino de geografia, cujo tema é o “contributo pedagógico da música no ensino de geografia no período de 2012-2015”. A escolha da 9ª classe é pelo facto de ser a segunda classe no primeiro ciclo de ensino secundário geral (ESG), onde o aluno já tem noção dos conteúdos de geografia da 8ª classe, não só, pelo facto de esta apresentar maior parte dos conteúdos pertencentes á geografia económica ou humana, os quais coincidem com as actividades sociais da comunidade. O objecto do estudo enquadra - se no contexto da área das metodologias em ensino de geografia, mais particularmente como recurso didáctico, uma das linhas de pesquisa do curso de Licenciatura em Ensino de Geografia da Universidade Pedagógica (UP). 1.2 Problematização Durante a assistência de aulas de geografia da 9ª classe, no âmbito das práticas pedagógicas, verificou-se que na maioria das aulas o professor apresentava-se sem recursos didácticos que podiam facilitar a compreensão dos conteúdos pelos alunos, excepto algumas aulas, que os alunos foram recomendados para irem complementar no mapa, porém, estes mapas, ainda precisam da dissipação do professor para melhor compreensão dos conteúdos. Isto coloca em causa o facto de a cadeira de geografia apresentar menor disponibilidade dos recursos didácticos, comparativamente com outras disciplinas, sublinhando apenas o mapa que é usado para aproximar o aluno a realidade. Mas, em volta disso, verificou-se que os alunos em maior parte deles portavam telefones na sala de aulas e gostavam de escutar as músicas, visto que em alguns momentos eles deixavam telefones tocar em plena aula, e o professor sempre mandava sair, assim, perdendo uma parte da aula. Entretanto, isso despertou-nos muita atenção em perceber que a música podia participar como recurso didáctico no ensino de geografia. Contudo, no sentido de sobrelevar o aproveitamento pedagógico por parte dos alunos, pretendemos trazer a 14 música para estimular o aluno, de forma a sentir-se motivado durante as aulas de geografia. Em vez de escutar a música como divertimento, passando a escutá-la como área de conhecimento. É visto que os alunos já usam em TICs, mas com uma inclinação específica, que é a participação musical, na dança em maior escala e não no ensino. Logo o uso correcto da música pode dar bons resultados na sala de aulas, ajudando tanto na concentração do aluno assim como na criação do lazer antes, durante e depois da realização de alguma actividade escolar. Perante este cenário surge o seguinte problema de pesquisa: Até que ponto a música contribui para estimular atenção dos alunos no processo de ensino e aprendizagem de geografia. 1.3 Hipóteses Cada indivíduo, ou uma comunidade no seu conjunto, gosta de música, a qual possui carácter racional, subjectivo e emocional, que certamente poderá auxiliar no PEA. E Sendo assim, surge a seguinte provável resposta ao problema de pesquisa sobre o contributo da música no ensino de Geografia. É provável que a falta do uso da música como recurso didáctico contribua para o fraco empenho dos alunos; É provável que o uso da música como recurso didáctico estimule a atenção na aprendizagem dos alunos. 1.4 Justificativa Os programas de ensino de Geografia comportam um conjunto de conteúdos, que pode necessitar de uma sistematização durante a sua planificação e leccionação nas aulas para facilitar a compreensão dos mesmos por parte dos alunos. A escolha do tema, primeiro é pelo facto de ter constatado durante as assistências das aulas, no âmbito das Práticas Pedagógica em Geografia (PPG), pois os alunos portavam telefones, tablets entre outros aparelhos sonoros na sala de aula, então nesse cenário lembrei-me de que o meu professor de inglês do ESG costumava mandar-nos trazer letras da música inglesa a nossa 15 escolha para apresentar na sala no sentido de desenvolver capacidades da leitura e de saber escrever, por isso suscitou a necessidade de integrar a música como recurso didáctico no ensino de geografia, com vista a motivar ou estimular atenção do aluno e tornar perfeito o seu empenho. Aliado também a ideia de PILETT ao afirmar que, “deve ser tarefa do professor procurar entender o seu aluno”, então sem desviar o gosto do aluno, neste caso, a tarefa do professor não é a de transmitir conhecimentos para serem memorizados, mas de estimular e incentivar o aluno a fazer experiências que o levem a aprender. Segundo: sendo um formando da UP e tendo passado por muitas didácticas de geografia, mais do que isso, sendo músico e gostando da careira, isso realmente permite uma análise profunda deste meio didáctico no ensino de geografia. Terceiro: o facto de tratar-se de um tema previamente já planificado no programa curricular. Portanto, esta pesquisa surge da necessidade e preocupação de contribuir com a música no ensino de Geografia, cujo objectivo, é basicamente incentivar aos professores na sua utilização. Da mesma maneira que o professor de geografia aborda os conteúdos usando os mapas, será possível abordar os mesmos usando a música para facilitar a compreensão, criando o gosto pela matéria. Portanto, ao ensinar usando a música na escola, não pretendemos necessariamente ensinar a tocar um instrumento específico, mas sim, apresentá-lo como área do conhecimento e usar conteúdos que ajudem na formação do educando. Não obstante envolvendo professores e alunos respectivamente, visando buscar melhores soluções na leccionação das aulas de geografia, pela participação, cooperação, socialização, e assim, destruíndo as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. Desta forma, vai perceber-se que a música quando bem trabalhada, desenvolve o raciocínio, criatividade, aptidões e outros dons, por isso, deve aproveitar-se esta tão rica actividade educacional dentro das salas de aula. 16 1.5 Objectivos Neste subcapítulo são apresentados os objectivos que norteiam a pesquisa, onde destacamos: Objectivo Geral Contribuir com a Música como recurso didáctico para elevar o processo de ensino- aprendizagem de geografia. Objectivos Específicos Identificar os principais recursos didácticos usados no ensino de geografia; Explicar a contribuição pedagógica da música no PEA de Geografia na 9ª classe; Caracterizar o procedimento da utilização da música como recurso didáctico na sala de aula. 1.6 Metodologia de pesquisa Segundo Aragão et all (2010:17) “A metodologia é parte fundamental para o desenvolvimento do trabalho académico e visa esclarecer os caminhos que foram percorridos para se chegar aos objectivos propostos”. Para a elaboração deste trabalho de pesquisa e o cumprimento dos objectivos, foram usados vários métodos: Quanto a forma de abordagem É uma pesquisa qualitativa onde segundo Silva, (2001:20) “O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva”. Este método permitiu a recolha e a análise dos dados indutivamente. Isto é, as informações obtidas não foram quantificadas. Método de abordagem: indutivo – “sendo indução um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”. (PRODANOV & FREITAS, 2013: 28), sendo assim, a pesquisa partiu de constatações particulares e inferiu-se para uma verdade geral. a) Quanto ao procedimento técnico para recolha de dados Como o estudo é qualitativo, a pesquisa teve como método de procedimento a bibliografia e documental. Foram utilizados como procedimentos técnicos: 17 __ Pesquisa bibliográfica como: consistiu na fundamentação dos aspectos com mais substâncias relacionadas com os propósitos do tema proposto em pesquisa através de obras literárias que abordam sobre conteúdos relacionados com o tema em estudo, incluindo artigos, teses, dissertações e electronicamente como: a internet. Os critérios de selecção dos artigos foram, por conseguinte, referentes aos temas relacionados à música, a importância da música e o ensino, principais recursos didácticos específicos em geografia, suas classificações. Por isso recorreu-se as obras principais como: Silva, 2014; Correia (2009); Ferreira, E. 2010; Ferreira, M. 2012; Moreira, 2014; Ferreira 2007. Nas metodologias: Aragão et all 2010 e Lakartos 2009. __ Pesquisa documental, usada para analisar o programa do ensino da 9ª classe, particularmente, no que diz respeito aos objectivos, as competências, para estudar o plano curricular do ensino secundário geral, observar os recursos didácticos recomendados para classe. Assim como, alguns conceitos da música, ou outros artigos que sustentam o tema, os quais foram encontrados nas revistas, jornais e outros artigos. E assim pode-se recorrer a INDE/MINED 2010, INDE/MINED (2007). b) Método do procedimento para análise e interpretação dos dados __ Método Comparativo – é usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado ou entre os existentes e os do passado, quando entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. lakatos (2009). Este método foi usado para fazer comparação da música como recurso auditivo no ensino em relação aos recursos visuais usados nas aulas de geografia. Estas metodologias permitiram construir o capítulo I, que aborda sobre a contextualização do objecto do estudo, e ajudaram na construção do capítulo II que versa sobre a revisão da literatura que veremos a seguir. 18 CAPITULO II REVISÃO DA LITERATURA 19 2.0 Revisão da literatura Neste capítulo pretendemos fazer a revisão da literatura sobre os recursos didácticos específicos, (2.1); a música como recurso didáctico (2.2) para além de fazer uma abordagem profunda assentada no procedimento da utilização dela, a música (2.3), tudo no que toca ao ensino de geografia na sala de aula. 2.1 Os Recursos didácticos específicos para o ensino de geografia Neste subcapítulo pretende-se identificar os recursos didácticos específicos para ensino de geografia, e trazer a sua classificação, como há-de debruçar-se sobre o Enquadramento da música no conjunto de recursos didácticos (2.1.1). Como apresenta INDE/MINED (2010), a “Geografia é por excelência uma disciplina que permite a ligação entre teoria e a prática, tendo como objecto de estudo a superfície terrestre onde ocorrem vários fenómenos físico-naturais e humanos”. Entretanto, na abordagem dos temas apresentados no programa de Geografia, recomendam-se a utilização sistemática de mapas, atlas, globo e outros materiais didácticos, de modo a quetodos os aspectos estudados sejam localizados. Recomenda-se também, o contacto permanente com os docentes de outras disciplinas e a promoção da prática da interdisciplinaridade. Nessa ordem de ideias, para que haja educação é pertinente que se observe uma convergência entre o ensino e aprendizagem e uma estratégia metodológica como facilitador do processo. Daí que Karling, citado por FEREIRA (2007:16), define ensinar da seguinte maneira: Ensinar é procurar descobrir interesses, gostos, necessidades e problemas do aluno; escolher conteúdo, técnicas e estratégias; prover materiais adequados e criar ambiente favorável para o estudo. Então, defendendo a definição deste conceito, este autor diz que ensinar é: Criar condições favoráveis para a aprendizagem do aluno (psicológicas, didácticas e materiais); Seleccionar experiências, propor actividades, mostrar as pistas, o caminho e os meios que o aluno poderá usar para alcançar os objectivos preestabelecidos; Facilitar e não forçar a aprendizagem; Estimular e orientar a aprendizagem. Neste sentido, o professor deve ser mediador do processo ensino-aprendizagem do aluno, utilizando tecnologias e estratégias inovadoras adequadas para que o ensino tenha a sua eficácia e a razão de ser. Ainda na visão do mesmo autor acima referenciado define aprender como: Desenvolver melhor essa capacidade com mais facilidade ou seja: é adquirir novas experiências; compreender as coisas que se vêem, ouvem, sentem e fazem. Quem aprende deve saber reflectir 20 sobre o assunto; deve ser capaz de explicar a outras pessoas o que aprendeu; saber usar o que aprendeu na vida prática; ser capaz de solucionar os problemas relacionados com o que estudou; transferir o aprendido para outras situações; ser capaz de generalizar; adquirir novas experiências e tirar proveito daquilo que viu e observou. (FERREIRA, 2007:17) A partir destas duas definições feitas por autores referenciados, percebe-se que o ensino não deve ser separado da aprendizagem. Isto significa que, se há ensino deve haver aprendizagem. Neste sentido, em relação ao ensino-aprendizagem Ferreira (2007:19) diz que “é o conjunto de acções em que se articulam as actividades de transmissão e de aquisição de informações e de conhecimentos. A eficácia do ensino-aprendizagem é medida pela quantidade e qualidade dos conhecimentos transmitidos e adquiridos”. Neste caso, ser professor não pode limitar-se apenas em transmitir o saber, é também, facilitar e orientar a aprendizagem, despertando o interesse e apoiar os alunos na interacção entre os problemas, os conhecimentos e as experiências. Para Fiscarelli, (2008) citado por BRANDÃO & MELLO (s/d:6) define Recursos Didácticos - como o conjunto de materiais que, são utilizados para fins pedagógicos, e que buscam uma melhor mediação de conhecimento de conteúdos com os alunos, podendo ser todo tipo de objecto material (giz, livro didáctico, maquete, globo terrestre, entre outros) ou imaterial (tonalidade da voz e expressões corporais); os recursos didácticos modernos são formados por componentes electrónicos e computacionais. Piletti, (2004:151), embora usando a “expressão recursos de ensino”, considera-os como sendo: “Componentes do ambiente de aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno. Esses componentes podem ser o professor, os alunos, os mapas, os objectos físicos, as fotografias, as fitas gravadas, as gravuras os filmes, computadores, etc.” A Classificação dos recursos de ensino segundo PILETT Recursos visuais – projecções, cartazes, gravuras. Recursos auditivos – rádio, gravações. Recursos audiovisuais – cinema, televisão. Tabela 1: da classificação dos recursos de ensino na óptica de Pilett: Humanos Professor e alunos (colegas de outras classe); Pessoal escolar (director e outros profissionais); Comunidade (pais, profissionais, autoridades, etc). 21 Materiais Do ambiente Natural (água, pedra, folha etc); Escolar (quadro, giz, cartazes, etc); Da comunidade Bibliotecas, industrias, lojas, repartições públicas, etc. Fonte: Autor, 2016 Na opinião de Karling (1991: 245), os recursos de ensino são recursos humanos e materiais que o professor utiliza para auxiliar e facilitar a aprendizagem. São também chamados de recursos didácticos, meios auxiliares, meios didácticos, materiais didácticos, recursos audiovisuais, multimeios ou material institucional. Prefere-se, porém, “recursos de ensino”, por ser mais abrangente. Entretanto, vistas e analisadas todas as definições sobre o conceito de “Meio ou Recurso de Ensino”, constatou-se haver um uniformitarismo no que diz respeito ao ponto fulcral, pois os autores são apologistas em afirmar tratar-se de material pedagógico que tem como finalidade facilitar o professor a atingir os objectivos traçados; havendo um aditivo por parte de outros que focalizam a utilização de recursos digitais, sendo o computador e a informática Ainda segundo Karling (1991), classifica os recursos didácticos em: Recursos visuais; Recursos auditivos; Recursos audiovisuais; Recursos múltiplos. Desta forma, os meios de ensino são os recursos materiais portadores de informação que, utilizados por professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem, sob determinadas condições previamente traçada, facilitam a comunicação docente e o aprendizado, seja pela apresentação ou representação de aspectos da realidade concernentes ao currículo, seja pela mediação de sistemas simbólicos que permitiriam uma relação crítico-activa dos alunos com o meio físico e o espaço sócio cultural. Por fim, um ensino de qualidade onde os alunos possam ver, ouvir e relacionar com o que já sabem e com a realidade. Hoje mais do que nunca os alunos já não querem aceitar aquele professor que vai e começa a ditar matéria. O aluno pode escrever o que o professor está a ditar mas muitas vezes não compreende qual é a mensagem que o professor quer passar porque a matéria não desperta curiosidade. Pensamos que seria bom que os professores utilizassem para as suas aulas, para além dos manuais escolares, quadro e giz, um recurso diferente. Ferreira (2007) 22 Portanto, o professor pode optar por uma música que deve conter a essência dos conteúdos da matéria ou disciplina que pretende leccionar. Para outros autores como Santos (2009), citados por Ferreira, (2012:30) colocam a seguinte argumentação: “Entende-se que a música associada a imagens é considerada um recurso didáctico valioso, sendo um potencial que pode reduzir o suposto medo de aprender, devido às metodologias didácticas indiferentes às capacidades dos educandos”. Ele associa a música a imagens fotográficas para que os alunos compreendam melhor os conceitos geográficos e as aulas se tornam mais agradáveis, trazendo, por conseguinte a consciencialização quanto aos problemas ambientais e a valorização da canção popular. “A história de um país, de um povo, cultura, lutas, guerras e conquistas também podem ser trabalhadas pelas imagens e pelo som”. Ainda na mesma perspectiva, estes autores acrescentam que: Além das fotografias, mapas, gráficos e vídeos, a música na ciência geográfica pode ser abordada com sucesso para os temas em relação ao espaço; hidrografia; relevo; clima; conflitos mundiais; transportes, etc. A utilização da música pode trocar uma palestra na sala de aula por uma manifestação em ambiente público, substituindo uma exposição teórica por músicas que alertam e transmitem mensagens, incentivando o indivíduo a pensar e agir. (FERREIRA, 2012:32) Actualmente, encontramos o outro factor importante que são as novas tecnologias que devem ser aproveitadaspara fins didácticos, pois são uns recursos que dispomos na actualidade. As escolas podem fazer uso disso de maneira metodológica fazendo com que o aluno desperte interesse em usá-las a seu favor, de maneira individual ou colectiva. Em algumas escolas já possuem salas de informática com uma disciplina chamada TICs, o que é positivo. As pesquisas mostram que pela evolução dos recursos através dos tempos, Silva & Pessoa (2009: 7) consideram a aplicação dos recursos em quatro gerações: a) Primeira geração: explicação no quadro, mapas. b) Segunda geração: manuais, livros, textos impressos. c) Terceira geração: gravações, fotografias, filmes, fixos, rádio, televisão. d) Quarta geração: laboratórios linguísticos, instrução programada, emprego de computadores. Essa classificação exemplifica claramente, como os recursos foram utilizados ao longo dos tempos. Nesta situação, inicialmente, houve a utilização da máquina no processo de educação; seguidamente, a máquina sendo utilizada na reprodução de textos como substituição da nota e do 23 ouvido; na terceira geração observamos a utilização de aparelhos mais complexos que proporcionam experiências mais concretas; e na quarta geração a comunicação já é estabelecida entre o homem e a máquina. O estudo sobre a classificação dos recursos evidencia a variedade de opções que os educadores podem utilizar em sua prática docente. Por isso pode-se considerar, que os recursos didácticos para vários autores são meios para obter um ensino mais efectivo, e com fins educacionais ou como veículos de comunicação; foi necessário que o professor utilizasse uma metodologia adequada que contemplasse a diversidade de recursos. 2.1.1 Enquadramento da música no conjunto de recursos didácticos. Quanto ao enquadramento do tema em estudo, em todos os recursos classificados por diferentes autores, enquadra-se nos recursos auditivos e quanto a evolução dos recursos com o tempo na classificação feita por Silva e Pessoa (2009), enquadra-se na terceira geração que é das gravações, fotografias, filmes, fixos, rádio, televisão. Entretanto, hoje estamos num mundo dominado pela música, e o educador precisa usá-la para despertar o interesse do aluno. De acordo com Moreira (2014:46), fala do início do século XX, que aparecem os métodos activos de Decroly, Montessori, Dalton e Pakhurst, formando a nova escola. Onde diz que “esses pensadores trataram a música como um dos principais recursos didácticos para o sistema educacional, reconhecendo o ritmo como um elemento activo da música, favorecendo as actividades de expressão e criação”. Portanto, quando falamos na natureza do conhecimento de música, estamos antes de tudo, pressupondo a existência de um conhecimento proveniente da experiência musical, isto porque a educação pela música proporciona uma educação profunda e total, onde esta incluso a motivação, elaboração conjunta, entre outros. Ainda no âmbito do enquadramento Silva & Pessoa (2009:16) apresentam a caracterização dos recursos auditivos da seguinte forma: Elementos ou Códigos Auditivos Códigos digitais orais: “a linguagem oral, específica da espécie humana; é o meio mais directo e comum, pois apresenta dimensões mais vastas que a escrita, uma vez que ela pode ser enriquecida com gestos, expressões fisionómicas, ênfase até mesmo em pausas silenciosas”. Códigos Analógicos: “Compreendem as formas não-verbais de comunicação, como a música e os efeitos sonoros, no que se referem ao seu aspecto auditivo. A música é uma forma sonora 24 bastante comum. Apresenta forte dose de persuasão emocional, podendo ser usada para criar uma atmosfera favorável ou associada a certos objectos, fatos ou situações”. Veículos ou materiais: “Incluímos nesta coluna o rádio, os discos e a fita magnética que transportam os elementos ou códigos auditivos”. Depois da caracterização feita anteriormente, o mesmo autor e Pilett (2004:156) chegaram a afirmar que numa pesquisa realizada nos Estados Unidos, foi demonstrado que nós: Tabela 1: A percentagem dos conteúdos que o ser humano têm capacidade de reter e ou aprender. Aprendemos Retemos 1% Através do gosto 10% Do que lemos 1,5% Através do tacto 30% Do que vemos 3,5% Através do olfacto 50% Do que escutamos 11% Através da audição 70% Do que ouvimos e logo discutimos 83% Através da visão 90% Do que ouvimos e logo realizamos Fonte: dados fornecidos por Pillet, 2004 Entretanto, a utilização da música no processo de ensino e aprendizagem, vai se enquadrar em maior escala no penúltimo item identificado por 11% através da audição e 70% do que consegue reter, mas também enquadra-se na última fase que é da visão com 83%. Dai que há necessidade de se fazer um casamento entre as duas fases. Onde o aluno partirá da audição, onde vai escutar (as melodias das músicas) e logo discutir, depois ver e realizar, participando assim na melhoria da qualidade do PEA em geografia. 2.2 A música como recurso didáctico para o ensino de geografia Neste subcapítulo, vamos apresentar a música como recurso didáctico para o ensino de geografia (2.2), assim como as suas práticas musicais nas aulas de Geografia (2.2.1). O professor para facilitar, acelerar e intensificar a aprendizagem e ou criar um ambiente favorável para aprendizagem na sala de aula e tornar as suas aulas mais prazerosas, deve abraçar a utilização dos recursos didácticos que a disciplina recomenda. Porém, o professor não deve ficar agarrado nesses recursos didácticos pré-estabelecido no programa. Por esta razão, o professor de Geografia reconhecendo seu papel de mediador no processo de ensino e 25 aprendizagem, deve procurar meios que promovam tal processo de modo eficiente, sendo os recursos didácticos um caminho a ser considerado. De acordo com Ferreira (2012:18), Dentro da interdisciplinaridade, como é recomendado nos programas de ensino, podemos reconhecer a importância das diferentes disciplinas dentro de cada especificidade. A música é uma dessas disciplinas que mesmo não sendo do currículo da geografia pode ser utilizada como recurso na aula de geografia, por conter implicitamente os conceitos geográficos. “A presença desses conceitos geográficos nas letras das músicas abre possibilidades para o exercício da interdisciplinaridade, pois pode abranger conteúdos relacionados com o lugar, natureza, espaço e até mesmo comportamentos relativos a sociedades ou culturas diferentes”. Assim, o professor poderá usar a parte textual da música para relacionar com a ciência geográfica e usar como complemento na sua aula, quebrando a rotina e despertar no aluno a capacidade de argumentação e crítica, esse aluno não se comportará como um sujeito passivo, mas activo dentro do processo de ensino/aprendizagem. Os Projectos que visam à interdisciplinaridade são de suma importância, pois despertam nos alunos a criatividade e possibilidade de colocar lado a lado os conhecimentos artísticos do quotidiano e os conhecimentos adquiridos na escola despertando a reflexão dos mesmos em relação aos aspectos geográficos do espaço urbano onde eles vivem e desenvolvem suas relações, o que a geografia cultural leva em consideração para uma análise em relação aos comportamentos humanos em sociedade. Como foi afirmado por (FERREIRA 2012:18). A música possui vários significados no quotidiano das pessoas e se for utilizada de forma adequada pode ser um agente facilitador em diversas situações que envolvam o raciocínio e aaprendizagem. SOARES (2003) afirma que, vários músicos como (Mozart, Beethoveen, Jean Guillou, etc), Num sentido geral definem a Música como sendo a combinação de ritmo, harmonia e melodia, de maneira agradável ao ouvido. Segundo Nobre (2008:2), define a Música: como sendo “a arte de combinar os sons simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção, dentro do tempo. É a arte de manifestar os diversos afectos de nossa alma mediante o som”. Para Romanelli (2009), citado por Silva (2014:12) a música [...] “é uma linguagem comum a todos os seres humanos e assume diversos papéis na sociedade, como função de prazer estético, expressão musical, diversão, socialização e comunicação”. Na escola, 26 [...] “a música é linguagem da arte, [...] é uma possibilidade de estratégia de ensino, ou seja, uma ferramenta para auxiliar a aprendizagem de outras disciplinas”. Dessa forma não se deve usa-la separadamente, e sim de forma contextualizada com o conteúdo estudado. Mas para Silva (2014:40) define música como sendo um instrumento que trás consigo muitos temas transversais, que cabe ao professor saber escolher junto com os alunos, as que tragam em suas letras temas a ser trabalhados em sala de aulas e que faça relação com o conteúdo estudado. Mais ainda segundo o mesmo autor, música é uma ferramenta pedagógica que resgata a subjectividade e a afectividade dentro da sala de aulas, e a mesma abre novas possibilidades no processo de ensino aprendizagem. A partir destas definições feitas chegamos a perceber que a utilização da música na sala de aula desenvolve a capacidade de participação, de socialização, de raciocínio, de criatividade, entre outras aptidões que pode vir a destruir as barreiras que enfraquecem o empenho do educando durante as aulas. Segundo Gardner (1996), citado por MOREIRA (2014) admite que a inteligência musical está relacionada à capacidade de organizar sons de maneira criativa e da discriminação dos elementos constituintes da música. A música é composta basicamente por: Som: Vibrações sonoras regulares de corpos elásticos que se repetem com a mesma velocidade como as do pêndulo de um relógio. Sendo que as vibrações irregulares, são denominadas ruídos. O que se chama de melodia é a sucessão rítmica e bem ordenada de sons, já a harmonia é a combinação simultânea e harmoniosa de sons, enquanto o ritmo é a combinação dos valores no discurso musical, regulados pela maior ou menor duração. A melodia estimula a afectividade, a ordem ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui activamente para a afirmação, ou para a restauração da ordem mental do homem. Aliando a visão dos autores acima referenciados, e partindo do pressuposto de que ensinar é procurar descobrir interesses, gostos, necessidades e problemas do aluno; escolher conteúdo, técnicas e estratégias; prover materiais adequados e criar ambiente favorável para o estudo, e aprender sendo, o desenvolvimento melhor dessas capacidades e com mais facilidade ou seja, adquirir novas experiências; compreender as coisas que se vêem, ouvem, sentem e fazem. 27 A música como afirma Silva (2014), vai contribuir como estratégia ou técnica que deverá ser usada pelo professor nas suas aulas para estimular atenção dos aluno e criar gosto pela disciplina, visto que o mundo actual coloca nos sobre meio de tecnologia e com facilidade de acesso, isso porque, a informação ou o conteúdo pode ser encontrado em qualquer lugar, que pode ser: nas revistas, nos jornais, nos livros, nas fitas sonoras no vídeo, nos computadores, nas bibliotecas, etc. Ainda chega ao aluno através das conversas com os pais (mais velhos), com os colegas, com os vizinhos, pela rádio e pela TV. Neste sentido a escola tem por função desenvolver o gosto pelo estudo e ajudar o aluno a organizar e aproveitar esses conteúdos e não passá-los ou simplesmente transmití-los. Então assim estaria a concorrer para uma aprendizagem significativa, que é: Aquela aprendizagem em que o aluno tem gosto de estudar, que ele compreende e que provoca alguma reacção nele. Aquela aprendizagem em que o aluno liga as experiências anteriores com as ideias em que está aprendendo. A aprendizagem que parte de pressuposto que o aluno já possui alguns pré requisitos para aprender. Segundo como afirma Ferreira (2007). Segundo Karling, citado FERREIRA (2007:18) A grande vantagem da aprendizagem significativa é aquela feita por via de descoberta. É nesta, que o aluno mostra que quer aprender, ele precisa aprender e passa a gostar de aprender. Ainda segundo este autor, na aprendizagem por descoberta é o próprio aluno quem elabora o seu conhecimento. Passa a ter um conhecimento elaborado, estruturado pela compreensão, pelo raciocínio, e não conhecimento mecânico. A aprendizagem significativa provoca alguma reacção no aluno, pois tem importância para ele. Pode provocar euforia, curiosidades, preocupação, ansiedade e levá-lo a fazer muitas experiências. Segundo Silva (2014), “o uso da música como recurso didáctico utilizado pelo professor nas aulas de Geografia justifica se pela necessidade dos conteúdos ministrados serem contextualizados e relacionados à vivência dos alunos, valorizando seus conhecimentos prévios, pois se partirmos da hipótese de que a melhor forma de motivação está presente no quotidiano de nossos alunos, um exemplo disto é a utilização da música como instrumento de ensino e aprendizagem”. Assim, a música é um excelente recurso pedagógico para enriquecer a aula já que ela pode proporcionar a capacidade de sensibilizar e despertar um maior interesse dos educandos. 28 Ainda o mesmo autor afirma que, “Com certeza a música pode ser utilizada de forma lúdica e interactiva, e em diversos géneros musicais. Portanto, cabe ao professor saber desenvolver sua prática pedagógica actividades que leve o aluno a ter um bom desempenho em sala de aula, principalmente nas aulas de geografia”. Aliar essa facilidade de assimilação encontrada nos mais diversos géneros musicais às propostas metodológicas e curriculares da Geografia pode gerar bons resultados. Pois a música é algo atractivo e fascinante e despertará a atenção e o interesse do aluno. Com a música, é possível ainda despertar e desenvolver nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de questões próprias à disciplina alvo, Ferreira (2010). Com isso percebe-se a importância da utilização da música junto à disciplina de Geografia. Dai que, Vlach et all, (2005:73), Citado por FUINI et all (2013:207) afirmam que a música, com suas letras e ritmos, aparece como uma das possíveis linguagens que podem ser utilizadas para propiciar a aprendizagem significativa e crítica de conceitos geográficos, mobilizando mais seguro, devido a orientação prévia do professor, o aluno expõe suas impressões de forma oral. Actualmente, contamos com a disponibilidade de recursos electrónicos por parte dos jovens como os aparelhos de MP3 e outros até mais modernos, o que facilita para que eles possam utilizar a música como recurso didáctico e ao mesmo tempo uma forma de entretenimento e lazer, já que temos na educação actual a liberdade para fazermos o uso da interdisciplinaridade e o uso desses recursos. Como foi afirmado por (FERREIRA, 2012:26). A geografia do passado não nos dava essa liberdade, pois era utilizada pelo estado principalmente para fins de interesse geopolítico e isso restringia o conhecimento, a capacidade crítica do aluno e do professor. Na actualidade com a abertura na política educacional, é possível a busca por recursos e conhecimentos novos, dando a liberdade à relação entre a geografia comqualquer campo da ciência. Conforme Santos e Brumes (2008) citado por FERREIRA, (2012) “a ideia é mostrar que ao explorar um recurso como a música que apresenta texto, som e contexto, pode-se fazer a articulação com os conceitos de lugar, região, território e uma enormidade de conteúdos geográficos”. O uso de novas metodologias no ensino é uma forma de despertar interesse do aluno pelas aulas e que neste caso em estudo é a geografia. É possível promover a 29 interacção na sala de aula com os alunos e até mesmo diminuir a distância entre o professor e eles. De acordo com Dhome (2009: 57), citado por FERREIRA (2012) afirma que: (...) o uso da música como um meio de expressão, como um elemento que propicia momentos lúdicos, proporciona o desenvolvimento individual e o convívio em grupo. (...) Não resta dúvida que este contacto é uma forma de despertar e poderá ser um instrumento para identificar o gosto pela música, incentivando o seu estudo e aprimoramento, mas também é verdade que este uso da arte musical leva a experiências outras, como a sociabilização, desinibição, criatividade, descoberta e formação da auto-estima (...). (FERREIRA, 2012:27). Na perspectiva de Pereira, (2012) afirmam que, […] “a educação da geografia através da música proporciona a vivência da linguagem musical como um dos meios de representação do saber construído pela interacção intelectual e afectiva do homem com o meio ambiente, pois a interacção natureza-sociedade faz parte do quotidiano de todos os seres humanos do planeta”. De acordo com este autor, a música pode ser um complemento auxiliar das actividades desenvolvidas para a interacção com os alunos nos trabalhos de ensinar em aprender geografia. O professor não precisa conhecer nem compartilhar as preferências dos géneros musicais de seus alunos, mas pode propor que eles façam um levantamento das músicas que tratam do tema em estudo. 2.2.1 Práticas musicais nas aulas de Geografia Percebe-se que houve uma grande transformação no contexto social na actualidade e em decorrência disso o papel do educador também mudou. Desse modo é preciso mudar o perfil do professor de Geografia, buscando assim uma formação de cidadão crítico e construtor. Segundo Silva (2014:43), A introdução de novas técnicas didáctico-pedagógicas é fundamental para que ocorra uma mudança na prática de ensino, superando o método do ensino “bancário”, ensino esse ressaltado por FREIRE (1994), no qual o professor apenas repassa os conteúdos e os alunos apenas reproduzem o que lhes foi repassado, sendo a educação caracterizada como um instrumento de opressão (humilhação). Dessa forma, verifica se a necessidade da utilização de letras de músicas na complementação metodológica dos conteúdos abordados nas aulas de Geografia, partindo das series iniciais até o ensino médio onde a música passa a ser um instrumento alternativo na prática de ensino- aprendizagem. Para isso, o educador deve procurar adequar-se às novas mudanças no processo 30 de ensino-aprendizagem e às inovações tecnológicas, de modo a tornar suas aulas mais dinâmicas e propiciar uma maior interacção entre o alunado. Portanto, é fundamental à renovação do ensino de geografia, através de novas práticas pedagógicas que possibilitem aos alunos interesse pelas aulas. De acordo com Pinheiro et al (2004: 104): citado por SILVA (2014:42) Para romper esse estigma, alguns professores buscam várias maneiras de renovar e inovar o ensino. Nas transformações por que passa a escola, com vista à reformulação dos métodos educacionais, os materiais didácticos são de fundamental importância no trabalho do professor. Eles constituem se em instrumentos que possibilitam planejar boas situações didácticas, buscando promover a ampliação dos conhecimentos dos alunos, permitindo-lhes desenvolver conceitos, problematizar questões e articular conteúdos. Para isso, o professor deverá criar situações concretas de aprendizagem. Para Silva (2014), É importante lembrar que essas práticas não podem ser priorizadas apenas pela metodologia de aprendizagem. Pois a mesma deve ser vista como forma de possibilitar a comunicação e a informação que compõem as alternativas didácticas. Os professores precisam utilizar dos meios que lhe são oferecidos para enriquecer suas aulas e estimular seus alunos, de modo a tornar o processo de ensino-aprendizagem, interactivo e eficaz. Nesse contexto faz-se referencia a música, onde a mesma pode ser utilizada na problematização do quotidiano e na formação do cidadão de forma mais lúdica e interactiva. Muitos autores como Fernandes (1993), Oliveira et al, (2002) citado por SILVA (2014) analisam a música e a imagem no ensino de Geografia baseado em três paradigmas curriculares, que possibilitam a compreensão dos fundamentos teóricos que norteiam a reflexão a cerca da comunicação verbal e visual, participação e reflexão. O autor deixa explicita em sua obra a preocupação da selecção do material audiovisual a ser trabalhado em sala de aula, lembrando a importância do conteúdo das músicas escolhidas e a relação com o quotidiano dos alunos. Os paradigmas que o autor se refere são: Técnico-linear - suas principais características são: a presença marcante do livro didáctico, orientação pedagógica a partir do planejamento presente no próprio livro, o tipo de avaliação, baseado na utilização de questionários com o controle central do professor; 31 Circular consensual - suas principais características são: o professor leva em conta as características e necessidades dos alunos e os recursos presentes na escola, a avaliação metodológica e selecção de conteúdos pautam-se nas condições de existência dos alunos. Ou seja, baseia-se na experiência de vida dos alunos, o professor apenas auxilia o processo, mas não interfere na realidade; Dinâmico dialógico – Suas principais características: o professor tem clareza de que a escola é o espaço privilegiado para o debate e construção de conhecimentos, a pesquisa é uma atitude constante neste paradigma, a problematização dos conteúdos são sistematizados ou relacionados a realidade local. Os conteúdos, metodologias e avaliações, são entendidos como processos e planejados de forma que o todo e as partes estejam em constante relação. Diante disso, a prática pedagógica com viés sócio construtivista considera o estudante como sujeito do processo de construção do conhecimento. Portanto, nesse processo existe uma relação activa dos sujeitos com o meio externo (objectos de estudo), de maneira que, os conteúdos escolares, que são os objectos, despertem nos sujeitos o interesse, a curiosidade e o desejo de desvendar. Esta visão é completada pela percepção da Bréscia (2003) citado por SILVA (2014) ao defender que ao utilizar a música desenvolve-se o processo de construção do conhecimento, que desperta e desenvolve não somente o gosto musical, como ainda favorece o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, da socialização e afectividade, também contribuindo para uma efectiva consciência corporal e de movimentação. 2.3 Procedimento da utilização da música na sala de aula de geografia. Neste item aparece como o mais longo, vamos trazer a explicação da utilização da música na sala de aula de geografia, no que diz respeito: As principais actividades de aprendizagem através da música (2.3.1); O impacto da música no processo de ensino e aprendizagem de geografia (2.3.2); e o enquadramento da música como recurso de ensino no plano curricular do ESG (2.3.3) 32 Segundo Ferreira, (2012:19) “A músicae a geografia podem ser inter-relacionadas através da interdisciplinaridade. Ela pode proporcionar ou facilitar, no ser humano, o desenvolvimento do campo auditivo através da melodia, o campo comunicativo pela expressão de ideias, o raciocínio, contextualização, percepção, concentração, criatividade e aproximação da realidade de cada educando”. Ela é um produto cultural e histórico-geográfico, pois através da mesma podemos compreender os conceitos contidos na geografia tais como: natureza, urbano, rural, etc. A modernidade nos obriga a usar novas metodologias para que através delas compreendamos a realidade. Temos a música como uma opção metodológica, pois através dela, num papel interdisciplinar podemos entender a geografia e com isso inserir o aluno nesse processo de construção do saber. Como um instrumento de massificação de ideias e de difusão de valores, a música faz com que o indivíduo desenvolva a capacidade para entender o seu quotidiano através da contextualização, análise e expressão de ideias vindas ocasionarem até mudança de atitudes. Esse recurso sendo associado à didáctica poderá servir de motivação para os alunos na aula de geografia, sendo ele visual, auditivo, textual, ou outro, somando a uma disciplina totalmente diferente que é a geografia, conforme afirma DE Paula, (2004) citado por FERREIRA, (2012:19). A mesma autora afirma que no meio social, a educação é a ferramenta de difusão da cultura onde são observados alguns aspectos importantes como: “o modo de vida dos grupos de alguns grupos que por meio de manifestações”, exprimem as suas características e uma dessas manifestações é pela música, que por sua vez é muito forte e significativa. O professor na sala de aula pode se valer da inter-relação música/geografia trazendo aos alunos, que na maioria das vezes são de classes sociais diferentes, a compreensão dos conceitos geográficos. Em conformidade com Ferreira, (2012:20), ao afirmar que na aula de geografia, é possível que o professor faça associação com alguns aspectos musicais, pois como já citamos, através da interdisciplinaridade faz-se a inter-relação de dois assuntos sendo cada um de uma determinada disciplina. Podemos utilizar a apreciação de músicas, de forma crítica e não apenas como forma de laser ou entretenimento; a contextualização da música, considerando-a como um produto cultural dentro da historicidade geográfica; a composição e interpretação de músicas que tenham o conteúdo relacionado com os conceitos geográficos. É dai que, a autora chega a afirmar que a música pode trazer ao indivíduo a percepção de um determinado lugar, mesmo não estando 33 fisicamente lá, isto é, através de uma condição psicológica podemos vivenciar determinada situação ou paisagem. Felizmente, podemos constatar que em algumas colecções didácticas de geografia, já se valoriza a linguagem musical como um suporte para o educador, o que pode favorecer o aprendizado do aluno tendo em vista a relação que a música tem com a geografia e vice-versa. De acordo com Santos e Brumes (2008), citado por FERREIRA, (2012) a música na sala de aula invoca outros aspectos que fogem às práticas pedagógicas tradicionais, tais como o lúdico, a alegria e o prazer, verificando por fim, que o uso da música nas aulas de geografia pode trazer ao aluno uma postura mais crítica, que culmina com a formação plena do cidadão. 34 2.3.1 Principais actividades de aprendizagem através da música Segundo Moreira (2014:44), A música, como qualquer outra arte, acompanha historicamente o desenvolvimento da humanidade. Antes mesmo do descobrimento do fogo, o ser humano já se comunicava por meio de sinais e sons rítmicos. Bréscia (2003), citado por MOREIRA (2014) afirma que a música está presente em quase todas as manifestações sociais e pessoais do indivíduo desde os tempos mais antigos. Contudo, com o decorrer do tempo e com a modificação no espaço geográfico o homem tornou-se civilizado descobrindo a linguagem e a escrita, mas, apesar disso, a música faz parte de seu contexto histórico na modernidade e na contemporaneidade. Assim como qualquer outro vestígio histórico, a música não pode ser utilizado como “prova” de uma verdade absoluta. Como linguagem, ela tem sido considerada uma fonte para o conhecimento académico, tal qual historiadores como CONTIER (1985) e TINHORÃO (1998) apontam. Essa linguagem transforma-se em recurso didáctico na medida em que é chamada para responder perguntas adequadas aos objectivos propostos, um deles mais centralmente que é o de promover o desenvolvimento dos conteúdos programáticos a partir do processo de transformação de conceitos espontâneos em conceitos científicos. Para Soares (2008) citado por Moreira (2014) diz que a “utilização da música como recurso didáctico foi uma constante (...) considerávamos inovadora a análise de letras de música, e satisfatória a utilização do método ‘ouvir e interpretar’”. Tais considerações nos permitem acreditar que a música pode facilitar a compreensão do aluno, pois estabelece empatia entre autor/compositor e o mesmo. A empatia é um conceito que ocorre quando todos os sujeitos – compositores e alunos – se identificam com o contexto histórico, passando a pensar historicamente, ou seja, se colocando no lugar do outro. Segundo a mesma autora afirma que: A empatia está associada à simpatia, à projecção de sentimentos ou, mesmo, à identificação com outros personagens (...). Se empatia for entendida como uma disposição para ter em conta os pontos de vista de grupos que, de um modo diferente de nós, acreditaram, valorizaram e sentiram determinados processos ou eventos, então, podê-la-emos também enquadrar, como alguns pretendem, nas actividades cognitivas. (MOREIRA, 2014) Assim, é possível levantar a hipótese de que o aluno, nas situações em que a música é utilizada como recurso didáctico, se identifica com o assunto, podendo transformar seus conceitos espontâneos em conceitos científicos. Assim, a música no contexto da educação vem ao longo de 35 sua história, atendendo a vários propósitos, como formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos antes do lanche, escovar os dentes, a memorização de conteúdos, números, letras etc., traduzidos em canções. Para Bréscia (2003) citado por MOREIRA (2014) “[...] o aprendizado de música, além de favorecer o desenvolvimento afectivo da criança, amplia a actividade cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar socialmente o indivíduo”. A mesma autora moreira (2014:49) afirma que, é necessário que os professores se reconheçam como sujeitos mediadores de cultura dentro do processo educativo e que levem em conta a importância do aprendizado das artes no desenvolvimento e formação das crianças como indivíduos produtores e reprodutores de cultura. Só assim poderão procurar e reconhecer que a música é um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem e, portanto deve ser possibilitado e incentivado o seu uso em sala de aula. Enquanto Ducorneau (1984), citado por mesma autora, diz que o primeiro passo para que a criança aprenda a escutar bem consiste em permitir que ela faça experiências sonoras com as qualidades do som como o timbre (qualidade do som que permite reconhecer sua origem), a altura (propriedade que permite o som ser mais grave ou mais agudo) e a intensidade (associada àquilo que nós comummente chamamos de volume). A diferença entre um som forte e um som fraco), depois disso, estará em posição de escuta. Não se pode deixar de ressaltar aqui a diferença entre “escutar” e “ouvir” uma música. Segundo Jeandot (1997), “paraouvir, necessitamos de um aparelho auditivo, em funcionamento, capaz de captar impressões de sons e ruídos. Já a escuta envolve interesse, motivação atenção. É uma atitude mais activa que ouvir, pois seleccionamos, no mundo sonoro, aquilo que nos interessa. A escuta envolve também a acção de entender e compreender, ou seja, possibilita tomar consciência daquilo que se captou através dos ouvidos”. Assim, Snyders (1992) citado por MOREIRA (2014) comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. Mas ela pode parecer aos alunos como um remédio amargo que eles precisam engolir para assegurar, num futuro bastante indeterminado, uma felicidade bastante incerta. A música pode contribuir para tornar esse ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a 36 dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente”. Moreira (2014:46) afirma que, as actividades musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, mas, contacto, vivência e compreensão da linguagem musical. Por isso, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. E de acordo com Gainza (1988) citado por mesma autora, as actividades musicais na escola podem ter objectivos profiláticos, nos seguintes aspectos: Físico: oferecendo actividades capazes de promover o alívio de tensões convenientes à instabilidade emocional e fadiga; Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do estímulo musical e sonoro; Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da ordem, harmonia, organização e compreensão. Dai que muitos autores chegam a destacar a música como sendo o elemento facilitador para a compreensão e aprendizagem do ser humano. 2.3.2 Impacto da música no Processo de ensino-aprendizagem de geografia Hoje em dia os meios de comunicação chegam a nossa casa com uma enorme facilidade, causando grande impacto tanto no nosso dia-a-dia quanto na nossa vida escolar. Isso é natural, pois vivemos em mundo globalizado, e quando associamos o ensino a essas novas Tecnologias o ensino de geografia torna as aulas muito mais proveitosas, proporcionando uma aproximação entre o assunto abordado e a realidade dos alunos, resultando num aprendizado satisfatório. E por isso que é importante se trabalhar a música em sala de aula, pois a mesma vai servir de elo entre professor/aluno e conteúdo. Segundo Correia citado por FERREIRA (2012:30), a acção da música na mente humana “está ligada directamente ao tálamo, e é nesta área do cérebro, que é accionado o córtex, responsável pelas manifestações de intelecto, pensamento e raciocínio do indivíduo”. As acções do indivíduo são manifestadas através de atitudes ligadas ao racional e emocional sendo que nenhuma se dissocia da outra, pois as duas partes se inter-relacionam e se completam através das acções, como foi citado anteriormente. Através da emoção e a razão o ser humano evidencia um 37 factor muito importante também que é a “cultura”, sendo que ela é manifestada pelas acções humanas como afirma correia (2009). Segundo ele “nota-se que o ser humano tem na emoção e na razão seus principais condutos às suas apreensões e manifestações: cognitivas, espirituais, objectivas, subjectivas, estéticas, morais, políticas e outras”. (CORREIA 2009). Quanto ao “espaço” que é a categoria principal da geografia, o seu objecto de estudo, é percebido tanto pelo aspecto racional como emocional, ocorrendo principalmente através das manifestações culturais onde podemos incluir a música fazendo parte dessa manifestação sendo um factor relevante. De acordo com Correia (2009:66), O ensino de geografia por meio da música, favorece maneiras de representar o saber elaborado pela ligação racional e emocional dos indivíduos e dos grupos humanos ao meio ambiente, oferecendo interacção natureza-sociedade em seu quotidiano. Enquanto para Moreira (2014:55) A música é reconhecida como um recurso didáctico na medida em que é chamada para responder perguntas adequadas aos objectivos propostos, um deles é o de promover o desenvolvimento dos conteúdos programáticos a partir do processo de transformação de conceitos espontâneos em conceitos científicos. A principal vantagem que se verifica quando se utiliza a música no ensino de uma determinada disciplina é a abertura. Poderíamos dizer assim, que seria um segundo caminho comunicativo não verbal, pois a música desperta e desenvolve nos alunos sensibilidades mais aguçadas na observação de questões próprias da disciplina alvo. O mesmo autor afirma que: “O educador poderá trabalhar a música na comunicação, expressão, facilitando a aprendizagem, tornando o ensino mais agradável, facilitando a fixação dos assuntos de uma forma agradável (...) trabalhar a música nas áreas da educação: na comunicação, expressão, facilitará a aprendizagem de forma mais agradável.” (MOREIRA, 2014:56), Na obra de Freire (1997:25), citado por MOREIRA (2014:50) “não há docência sem discência, pois quem forma se forma e reforma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”. Dessa forma entende-se que o aluno precisa do professor e o professor precisa do aluno, pois o aprendizado não depende só do aluno. Utilizando a música de maneira sensata pode-se oferecer um conhecimento ao educando através do ensino lúdico na linguagem musical. De acordo com Moreira et all (2014:43), A aprendizagem, juntamente com a música, pode ter uma influência na formação dos indivíduos que é apenas secundada pelo amor dos pais. 38 Assim, o uso da música na aprendizagem, também valoriza o trabalho em equipa, pois, para que uma orquestra tenha sucesso, todos os seus elementos têm que trabalhar em conjunto harmoniosamente com um único objectivo, o desempenho, e têm que se comprometer a aprender a música, participar em ensaios, e praticar música em conjunto. Por isso, sua importância também em sala de aula. É por isso que Silva (2014: 14) afirma que “é preciso haver uma interacção entre professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem e o uso da música em Geografia”, e também a perspectiva de Hoss (1977) citado por mesma autora: ao afirmar que “[...] requer colaboração da inteligência, do raciocínio, da vontade, da memória, mais a contribuição de cada indivíduo ao processo educativo”. Através da proposta musical, é possível desenvolver actividades escolares diferenciadas que expresse e influencie o ensino- aprendizagem. A análise das letras de canções populares que tratam de temas científicos quando utilizada em sala de aula como um recurso didáctico não parece ser um factor limitante para auxiliar no processo ensino-aprendizagem, ao contrário, é uma estratégia que motiva os jovens e que pode ser utilizado de forma interdisciplinar, como foi abordado por Massarani (2006) citado por SILVA, (2014). Isso é notável, pois se sabe que a música permite ao aluno uma maior concentração e interesse, dentre outras atribuições, pois as aulas tradicionais como o quadro e giz distanciam o educando da sala de aula. Segundo Pinheiro et all, 2004:104) citado por SILVA, (2014:16) Uma das vantagens de se utilizar a música na Geografia se afirma na pluralidade de assuntos abordados por esta ciência. Violência, guerras, conflitos raciais, fome, falta de infra-estrutura nas cidades,belezas naturais, como também degradação ao meio ambiente, fazem parte dos temas abordados por muitos compositores [...]. Ainda o mesmo autor em suas colocações afirma que: A educação da Geografia através da música proporciona a vivência da linguagem musical como um dos meios de representação do saber construído pela interacção intelectual e afectiva do homem com o meio ambiente, pois a interacção natureza sociedade faz parte do quotidiano de todos os seres humanos do planeta. Sendo assim, cabe ao professor procurar trabalhar letras de músicas que estejam relacionadas com a temática estudada, e buscando sempre uma correlação com a temática proposta e o quotidiano dos alunos. 39 A linguagem musical é considerada uma fonte para transformar o acto de aprender em prazer, alegria e motivação tanto para o professor quanto para o aluno. Daí que Silva (2014:17) ressalta a importância do uso da música como uma ferramenta didáctica na prática pedagógica e suas contribuições no processo de ensino aprendizagem e como um elemento que propicia momentos lúdicos de motivação e prazer entre professores e alunos. Aliando também ao pensamento da Vilaça (2006), ao afirmar que, os seres humanos são musicais por natureza, amam cantar e ouvir canções. Sendo assim, a música pode ser utilizada para motivar as pessoas em quase todas as áreas de estudo. A educação por meio do lúdico facilita a aprendizagem do aluno. Enquanto se escuta a música o aluno pode recriar conceitos quotidianos, compreendendo a realidade, contribuindo assim para um bom desenvolvimento de sua identidade e autonomia. Acerca da necessidade de inserir a música nas aulas de geografia, Menezes et al. (2007:9) citado por SILVA (2014:24), salienta que: “O que se propõe não é o abandono da literatura ou do estudo dos textos clássicos, mas apenas a construção de uma ponte entre aluno e professor, dando ao estudante instrumentos para a realização da leitura como necessidade e prazer da vida”. Dessa forma fará com que o aluno tenha mais interesse pelas aulas, pois, as crianças são atraídas pela música com mais facilidade do que com textos nos livros didácticos. Segundo Silva (2014:14), quando se trabalha com a música em sala de aula é importante observar se a mesma está inserida em um contexto social voltado para a realidade do aluno e mostrando através desse recurso uma forma diferenciada e prazerosa de estudar geografia. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (2006) citado por SILVA (2014) são necessários para reforçar a herança estética e artística dos alunos de acordo com seu meio ambiente, e desenvolvam competências em múltiplos sistemas de percepção, avaliação e prática da arte. Essa arte também pode ser expressa nas músicas através de suas melodias. A utilização da música como recurso didáctico tem como finalidade aproximar os alunos da realidade e dos temas que serão exibidos pelo professor, em relação a isso ressalta Kaercher (1998:19) citado por SILVA (2014:40) esclarecendo que, O Objectivo aqui não é simplesmente trabalhar com música em sala de aula. É chamar a atenção que as músicas ouvidas quotidianamente por nós e nossos alunos trazem a questão social/espacial em suas letras e que podemos começar alguns assuntos novos com esse “chamariz”. Desperta mais a atenção do que iniciarmos nossa fala, ainda que bem- 40 intencionada e de cunho progressista, com aulas expositivas abstractas e distantes do mundo do aluno [...] o Objectivo não é (só) tornar a aula mais “legal” [...] mas sim, a partir das letras, questionar o que o aluno já sabe a fim de superar visões de mundo conformistas, conservadoras ou ligadas somente ao senso comum. 2.3.3 Enquadramento da música como recurso do ensino no PCESG Segundo INDE/MINED (2007:90) O novo currículo do ESG assenta numa concepção de aprendizagens inovadoras, baseadas em metodologias activas, centradas no aluno. Para o efeito, requer-se um professor habilitado a orientar processos de ensino-aprendizagem individual e grupal através de metodologias de trabalho independente, de natureza construtivista que suscitem uma interacção dinâmica entre professor aluno, aluno-aluno e aluno- comunidade, desenvolvendo neles a competência de "aprender a aprender". Assim sendo, a partir da percepção da SILVA (2014:40) na definição da música como sendo um instrumento que trás consigo muitos temas transversais, no quarto capítulo (inovações no ESG), do plano curricular do ensino secundário geral, aborda alguns temas transversais, onde engloba a música e dança, cinema, escultura, literatura, fotografias, etc…, como actividades co-curriculares a serem seguidas para leccionação desses temas transversais. INDE/MINED (2007:34), identificou os seguintes temas transversais, seleccionados pela sua pertinência e abrangência e a sua integração no currículo visando desenvolver um conjunto de competências que permitem ao aluno reflectir, problematizar, intervir e transformar a realidade. Cultura de paz, direitos humanos e democracia; a citar: Género e equidade; Saúde reprodutiva (ITS, HIV/SIDA); Saúde e Nutrição; Prevenção e combate ao álcool, tabaco e outras drogas; Ambiente e uso sustentável dos recursos naturais; Desastres naturais (cheia, seca, ciclone, sismo). Segurança rodoviária; Preservação do património cultural; Identidade cultural e moçambicanidade. 41 A abordagem destes temas, pressupõe um trabalho de planificação conjunta entre os professores na sala de aula e nas actividades co-curriculares. O tratamento dos temas acima referidos mobiliza toda a comunidade escolar, instituições ou organizações ligadas aos temas acima indicados e a comunidade em geral a comprometer-se colectivamente na formação dos jovens. A leccionação destes temas exige ainda que se faça uma reflexão conjunta dos conteúdos a serem leccionados em cada um dos temas e as respectivas estratégias. Estas deverão privilegiar a discussão, a possibilidade de confrontar, argumentar e propor mudanças. INDE/MINED (2010), afirma que o estudo dos conteúdos referentes a cada um dos temas não se esgota no ambiente de sala de aula, devendo ser extensivo a outros espaços menos formais tais como os círculos de interesse, encontros juvenis, clubes, entre outros agrupamentos. Actividades co-curriculares Segundo INDE/MINED (2007:35) Estas actividades deverão ser desenvolvidas fora do tempo lectivo, isto é, no período oposto às aulas ou aos sábados, devendo, para o efeito, ser parte integrante do programa da escola. Os círculos de interesse são um complemento prático do processo de ensino-aprendizagem onde os alunos desenvolvem uma actividade de acordo com a sua preferência ou vocação, estabelecendo uma ligação entre as disciplinas e as actividades das comunidades. Os planos curriculares afirmam que, o documento sobre Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias (OTEO´s) estabelece um conjunto de círculos de interesse e actividades a desenvolver, no domínio da preservação do património cultural, nomeadamente: fotografia e cinema, Artesanato, Artes Plásticas, Literatura, Escultura, Música e Dança. As OTEO´s referem-se ainda à possibilidade de se organizar círculos de interesse nos domínios de filatelia, culinária; costura e bordados, colecção de minerais e de conchas e jogos diversos (ciclismo, atletismo, futebol, etc). Assim, os alunos deverão ser encorajados a aderir aos círculos de interesse, a desenhar os seus projectos que, uma vez concluídos, a Direcção Pedagógica de cada escola deverá submetê-los à comunidade escolar e ao conselho de escola, para a discussão e análise da sua pertinência. Destes projectos deverão
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