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Resumão de competência

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jusbrasil.com.br
10 de Outubro de 2016
Resumão de competência
Conceito
O Estado tomou para si a função de dizer o direito em todo o seu
território. Para tanto, criou dentro da alçada do Poder Judiciário, uma
grande organização, composta por diversos órgãos jurisdicionais
(STF, STJ, STM, STE, TRF etc.), repartindo a jurisdição entre eles,
embora se deva ressaltar que a “jurisdição”, enquanto poder-dever
do Estado é una, sendo que a mencionada repartição é apenas para
fins de divisão do trabalho.
Deste modo, competência nada mais é do que a fixação das
atribuições de cada um dos órgãos jurisdicionais, isto é, a
demarcação dos limites dentro dos quais podem eles exercer a
jurisdição. Neste sentido, “juiz competente” é aquele que, segundo
limites fixados pela Lei, tem o poder para decidir certo e determinado
litígio (art. 86, CPC).
Fontes
Considerando-se os inúmeros processos que podem ser instaurados
durante a atividade jurisdicional no País, costuma-se organizar essa
atividade estatal pela divisão de atribuições para apreciar
determinadas causas entre seus órgãos. Essa distribuição é feita pela
Constituição Federal, pelos diplomas processuais civil e penal e pelas
leis de organização judiciária, além da distribuição interna da
competência nos tribunais, feita pelos seus regimentos internos. A
Constituição brasileira já distribui a competência em todo o Poder
Judiciário federal (STF, STJ e Justiças Federais: Justiça Militar,
Eleitoral, Trabalhista e Federal Comum). A Justiça estadual é,
portanto, residual.
Momento que demarca a fixação de
competência; exceções à regra da
Perpetuatio Jurisdictionis
Segundo dispõe o art. 87 do CPC, a competência, em regra, é
determinada no momento em que a ação é proposta – com a sua
distribuição (art. 263 c/c art. 251 do CPC) ou com o despacho inicial,
sendo irrelevantes as modificações do estado de fato (ex. Mudança de
domicílio do réu) ou de direito (ex. Ampliação do teto da competência
do órgão em razão do valor da causa) ocorridas posteriormente
(perpetuatio jurisdictionis), salvo se suprimirem o órgão judiciário
cuja competência já estava determinada inicialmente - por exemplo,
a extinção de uma vara cível; ou quando as modificações ocorridas
alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia -
porque são espécies de competência absoluta, fixadas em função do
interesse público, razão pela qual outras modalidades de
competência absoluta devem estar abrangidas.
Por exemplo, suponha-se a hipótese de vir a ser modificada, na lei de
organização judiciária, a competência de uma das Varas Cíveis da
capital, que deixou de ter atribuições para conhecer de ações que
envolvam direitos reais. O juiz dessa vara perderá a competência
sobre todas as causas dessa espécie, já em curso naquela Vara,
embora se trate de competência ditada pela matéria.
Principais critérios de fixação da
competência
Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de
competência são o da soberania nacional, o da hierarquia e
atribuições dos órgãos jurisdicionais (critério funcional), o da
natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no litígio
(critério objetivo), e os dos limites territoriais que cada órgão judicial
exerce a atividade jurisdicional (critério territorial).
Regras de competência internacional
A jurisdição é fruto da soberania do Estado e, por conseqüência
natural, deve ser exercida dentro do seu território. Entretanto, a
necessidade de convivência entre os Estados, independentes e
soberanos, fez nascer regras que levam um Estado a acatar, dentro de
certos limites estabelecidos em tratados internacionais, as decisões
proferidas por juízes de outros Estados. Diante dessa realidade, o
legislador nacional definiu casos em que a “competência é exclusiva”
do Poder Judiciário brasileiro (art. 89, CPC), e casos em que a
“competência é concorrente”, sendo que a decisão proferida no
estrangeiro pode vir a gerar efeitos dentro do nosso território, após
ser homologada pelo STJ (arts. 88, 89 e 483, CPC).
Logo, elas se dividiram em:
- Absoluta/exclusiva: Art. 89, CPC. Algumas matérias para ter
validade/eficácia no território tem que serem julgadas no Brasil.
Trata de imóveis situados no Brasil ou de proceder inventário ou
partilha de bens situados no Brasil.
“Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda
que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do
território nacional.”
Concorrente/cumulativa: Art. 88, CPC. A sentença estrangeira para ter
validade ou eficácia tem que ser homologada pelo STJ. Trata de casos
em que: O réu é domiciliado no Brasil, ou a obrigação deve ser
cumprida no Brasil, ou Ação de fato/ato praticado no Brasil.
“Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado
no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no nº I, reputa-se
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver
agência, filial ou sucursal.”.
Litispendência
Duas demandas com os mesmos elementos (partes, pedido e causa de
pedir). Extingue o segundo.
Segundo o art. 90, CPC, ação extrangeira não induz litispendência.
Não há litispendência internacional. Vale a que for homologada
primeiro.
“Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas.”
Critérios para determinar a competência:
- Territorial: Circunscrição geográfica. É o critério de foro.
Encontrado no CPC.
- Material: É o objeto litigioso, o objeto que estar sendo discutido.
Exemplo: causa de família, ou de trânsito, etc. Encontrado nas LOJ’s
dos estados federativos.
- Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de
competência, é um dos motivos da obrigatoriedade do valor da causa
na inicial. Encontra-se nas LOJ’s.
- Funcional ou hierárquico: Gerará a competência originária. Em
razão da função ou hierarquia move-se a causa no tribunal, por
exemplo. Encontra-se na Constituição Federal para a competência do
STJ e STF e para os Tribunais de Justiça encontra-se nas LOJ’s.
As competências territoriais e em relação ao valor da causa são de
competência relativa e as competências material e funcional são de
competência absoluta.
A competência relativa pode ser modificada pela vontade das
partes, a competência absoluta não pode.
Se o juízo incompetente julgar e for competência absoluta é
invalido o julgamento, competência absoluta não preclui, pois é
matéria de ordem pública.
Alguns conceitos importantes:
- Prescrição é a perda do direito de ir ao judiciário, por causa da
inércia.
- Decadência é a perda do direito material.
- Perempção é quando o autor deu causa à três sentenças por
abandono. O autor tinha que praticar um ato por até 30 dias e não o
fez.
- Preclusão é a perda do direito de praticar um ato processual.
Preclusão pode ser:
- Temporal: tem haver com o prazo.
- Consumativa: Já praticou o ato. As Exceções são: A modificação da
petição inicial sem autorização do réu até o saneamento (art. 264,
CPC) e o aditamento após a citação do réu (art. 294, CPC).
“Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a
causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas
partes, salvo as substituições permitidas por lei.
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em
nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo.”
“Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo
à sua contaas custas acrescidas em razão dessa iniciativa.”.
- Lógica: Não pode praticar o ato pois já praticou um ato
incompatível.
- Pro-Judicato: Para o julgador, não pode julgar duas vezes a mesma
matéria.
A competência relativa preclui, há a prorrogação se não for argüida
no prazo. Deve ser alegada na Exceção de competência e a absoluta
em preliminar de contestação, essa porém pode ser dada de ofício. Na
relativa há uma possibilidade de declaração de incompetência de
ofício que é nos casos de foro de eleição nos contratos de adesão.
A competência relativa é de ordem privada.
Se o réu alegar incompetência após a preeliminar de contestação, o
réu vai pagar as custas do processo em razão da demora, MESMO
QUE GANHE A CAUSA.
Critérios objetivos
Competência em razão da pessoa (partes); a fixação da competência
tendo em conta as partes envolvidas (ratione personae) pode ensejar
a determinação da competência originaria dos tribunais, para ações
em que a Fazenda Pública for parte etc;
Competência em razão da matéria (ratione materiae) - causa de pedir;
considera-se, ao fixar a competência, a natureza da relação jurídica
controvertida, definida pelo fato jurídico que lhe dá ensejo, por
exemplo: para conhecer de uma ação de separação, será competente
um dos juizes das Varas da Família e Sucessões, quando os houver na
Comarca;
Competência em razão do valor da causa (pedido); muito menos
usado, serve para delimitar, entre outras hipóteses, competência de
varas distritais, ou, quando houver organizado, dos Tribunais de
Alçada.
Critério Territorial
Os órgãos jurisdicionais exercem jurisdição nos limites das suas
circunscrições territoriais, estabelecidas na Constituição federal e/ou
Estadual e nas Leis. Destarte, os juizes estaduais são competentes
para dizer o direito nas suas Comarcas, e os juizes federais, por sua
vez, nos limites da sua Seção Judiciária. Já os Tribunais Estaduais são
competentes para exercer a jurisdição dentro do seu estado, os
Tribunais Regionais Federais, nos limites da sua região. O STF e o STJ
podem dizer o direito em todo o território nacional.
Sob o ângulo da parte, a competência territorial é em princípio
determinada pelo domicilio do réu, para as ações fundadas em
direito pessoal e as ações fundadas em direito real sobre bens móveis.
(art. 94, CPC). Se o réu tiver domicílios múltiplos, poderá ser
demandado em qualquer deles (§ 1º); se incerto ou desconhecido,
será demandado no local em que for encontrado, ou no foro de
domicílio do autor (§ 2º), facultando-se ao autor ajuizar a ação no
foro de seu domicílio, se o réu não residir no Brasil e se o próprio
autor também não tiver residência no País (§ 3º). Será ainda no foro
de domicílio de qualquer dos réus no caso de litisconsórcio passivo (§
4º).
Além dessas regras, existem outras, seja no CPC, seja em leis
extravagantes, que estabelecem regras específicas para certas ações,
por exemplo: I – ação de inventário, competente o foro do ultimo
domicilio do autor da herança (art. 96, CPC; art. 1.785, CC/02); II –
ação declaratória de ausência, competente o foro do ultimo domicílio
do ausente (art. 97, CPC); III – ação de separação, divórcio, conversão
de separação em divórcio e anulação de casamento, competente o foro
do domicílio da mulher (art. 100, I, CPC); IV – ação de alimentos,
competente o foro do domicílio do alimentado, isto é, aquele que
pede os alimentos (art. 100, IICPC); V – ação de cobrança, competente
o foro do lugar onde a obrigação deveria ter sido satisfeita (art. 100,
IV, d, CPC); VI – ação de despejo, competente o foro da situação do
imóvel (art. 58, II, Lei nº 8.245/91); VII – ação de responsabilidade do
fornecedor de produtos e serviços, competente o foro domicílio do
autor (art. 101, Lei nº 8.078/90-CDC); VIII – ação de adoção,
competente o foro do domicílio dos pais ou responsáveis (art. 146, Lei
nº 8.069/90 ECA); IX – ações movidas no Juizado Especial Cível,
competente o foro do domicílio do autor (art. 4º, Lei nº 9.099/95 JEC).
Critério Funcional
Enquanto nos outros critérios busca-se estabelecer o juiz competente
para conhecer de determinada causa, no critério funcional reparte-se
a atividade jurisdicional entre órgãos que devam atuar dentro do
mesmo processo.
Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver
necessidade de determinados atos se realizarem perante órgãos
diversos; é o caso da carta precatória para citação ou intimação e
oitiva de testemunha que esteja domiciliada em comarca diversa
daquela em que tramita o processo, para a realização de penhora de
bem situado em comarca diversa.
Essa competência é alterada também de acordo com o grau de
jurisdição. Normalmente se desloca a competência para um órgão de
segundo grau, um tribunal, para reapreciar processo decidido em
primeira instancia por meio de recurso.
Classificação de Competência
A competência classifica-se em:
Competência do foro (territorial) e competência do juízo
Foro é o local onde o juiz exerce as suas funções; é a unidade
territorial a qual se exerce o poder jurisdicional. No mesmo local,
segundo as leis de organização judiciária podem funcionar vários
juizes com atribuições iguais ou diversas.
De tal modo, para uma mesma causa, constata-se primeiro qual o
foro competente, para depois averiguar o juízo, que em primeiro grau
de jurisdição, corresponde às varas, o cartório, a unidade
administrativa.
Nas Justiças dos Estados o foro de cada juiz de primeiro grau é o que
se chama comarca; na Justiça Federal é a subseção judiciária. O foro
do Tribunal de Justiça de um estado é todo o Estado; o dos Tribunais
Regionais Federais é a sua região, definida em lei (art. 107, par. Único,
CF); o do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e
de todos os demais tribunais superiores é todo o território nacional
(CF, art. 92, parágrafo único). Portanto, competência de foro, é
sinônimo de competência territorial, e Juízo de órgão judiciário. A
competência do juízo é matéria pertinente às leis de organização
judiciária; já a de foro é regulada pelo CPC.
Competência originária e derivada:
A competência originária é atribuída ao órgão jurisdicional
diretamente, para conhecer da causa em primeiro lugar; pode ser
atribuída tanto ao juízo monocrático, o que é a regra, como ao
tribunal, em algumas situações, como por exemplo, ação rescisória e
mandado de segurança contra ato judicial. Enquanto que a
competência derivada ou recursal é atribuída ao órgão jurisdicional
destinado a rever a decisão já proferida; normalmente, atribui-se a
competência derivada ao tribunal, mas há casos em que o próprio
magistrado de primeira instancia possui competência recursal, por
exemplo, nos casos dos embargos infringentes de alçada, cabíveis na
forma do art. 34 da lei de Execução Fiscal, que serão julgados pelo
mesmo juízo prolator da sentença.
Incompetência relativa x Incompetência
absoluta
As regras de competência submetem-se a regimes jurídicos diversos,
conforme se trate de regra fixada para atender somente ao interesse
público, denominada de regra de incompetência absoluta, e para
atender predominantemente ao interesse particular, a regra de
incompetência relativa.
A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à
extinção o processo, mesmo tratando-se de incompetência absoluta,
salvo nas excepcionais hipóteses do inciso III do art. 51 da Lei
n.9.099/95 (juizados Especiais Cíveis), da incompetência internacional
(arts. 88-89 do CPC) e do § 1º do art. 21 do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal.
A incompetência quando absoluta pode ser alegada a qualquer
tempo, por qualquer das partes, em sede de preliminar à contestação,
e, quando relativa, mediante exceção. Se absoluta, o juiz poderá
reconhecê-la de ofício (CPC, art. 113), independentemente da alegação
da parte, remetem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos
os atosdecisórios já praticados, e, se relativa (CPC, art. 112), somente
se acolher a exceção de incompetência, remeterá o juiz o processo
para o juízo competente para apreciar a questão, que terá duas
opções: reconhecer sua competência ou divergir, declarando-se
igualmente incompetente, suscitando o conflito de competência (CPC,
art. 115, II), e não se anulam os atos decisórios já praticados.
Na incompetência absoluta, responderá integralmente pelas custas, a
parte que deixar de alegar na primeira oportunidade em que lhe
couber falar nos autos responderá integralmente pelas custas, na
relativa, o juiz não pode reconhecê-la de ofício (Sumula 33 do STJ).
Modificação de Competência
Legal: Conexão continência, imperativo constituicional e o juízo
universal.
Conexão: Art. 103, CPC. Quando houver duas ações com mesmo
pedido e causa de pedir.
“Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for
comum o objeto ou a causa de pedir.”
Continência: Art. 104, CPC. As mesmas partes e mesma causa de
pedir e o pedido de um tem que ser maior que o do outro.
“Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que
há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de
uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.”
Imperativo Constitucional: Art. 109, CF. Toda vez que a União
intervir no processo a competência é da justiça federal.
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
- as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;”
Juízo universal: É a “vis atractiva”, a vara se torna competente para
julgar todas as causas, como acontece no caso da Falência, que a
vara que julga a falência vira um polo de atração dos demais
processos da empresa falida.
Voluntária: Divide-se em:
Expressa: É o foro de eleição. É a circurnscrição geográfica
escolhida pelas partes. Escolhe apenas o território, não pode
escolher a vara e nem o juíz.
Tácita: Tinha incompetência relativa e essa não fora alegada pelo
réu acarretando assim a prorrogação.
Na conexão e na continência pode haver união dos processos, e
quando há um conflito de competência art. 115, CPC) o Tribunal de
Justiça decide.
“Art. 115. Há conflito de competência:
I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes;
II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes;
III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da
reunião ou separação de processos.”
Mais detalhes da conexão e a continência
A regra geral é a da perpetuatio jurisdictionis (CPC, art. 87), que veda
a alteração de competência no curso da ação, sendo ela fixada no
momento da propositura.
Não obstante a regra geral, o CPC, permite a modificação da
competência após a propositura da ação nos casos de “conexão” ou
“continência” (art. 102, CPC). Assim, segundo o art. 103 do CPC,
reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o
objeto, ou seja, o pedido, por exemplo, nas ações entre as mesmas
partes pedindo revisão do valor da pensão alimentícia, e a causa de
pedir, isto é, o fato jurídico que dá arrimo ao pedido, como nas ações
com fundamento no mesmo contrato ou no mesmo fato, um acidente,
por exemplo. A continência, que é uma espécie de conexão, segundo
o art. 104 do CPC dá-se entre duas ou mais ações sempre que há
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma,
por ser mais amplo, abrange o das outras, como por exemplo nas
ações entre as mesmas pessoas, relativas a um contrato de mútuo,
sendo que em uma delas cobra-se uma prestação; na outra, cobra-se
todo o valor do mútuo.
Prevenção
Prevenção é um critério de confirmação e manutenção da
competência do juiz que conheceu a causa em primeiro lugar,
perpetuando a sua jurisdição e excluindo possíveis competências
concorrentes de outros juízos.
Por se tratar de matéria de ordem pública, não se sujeita à preclusão,
podendo ser alegada a qualquer tempo. Sendo juízes de mesma
competência territorial, considerar-se-á prevento o que despachou
em primeiro lugar (CPC, arts. 106 e 263), e sendo de competência
territorial diversa (comarcas distintas), considerar-se-á prevento o
juiz do processo que realizou a citação em primeiro lugar (CPC, art.
219).
Entretanto, essa reunião só será possível se não ocorrer hipótese de
competência absoluta dos órgãos julgadores e se as ações ainda
estiverem pendentes de julgamento, tramitando no mesmo grau de
jurisdição.
Em suma:
Vai unir no juízo prevento, o que decide o juízo prevento é a citação
válida, conforme o art. 219 do CPC.
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz
litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por
juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a
prescrição.
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura
da ação.
§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias
subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada
pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo
de 90 (noventa) dias.
§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos
parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a
prescrição.
§ 5oO juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo
anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.”
O art. 106 do CPC traz uma exceção a regra da citação válida, que é
quando as ações conexas encontram-se na mesma competência
territorial (mesma comarca), no caso em tela a competência será de
quem primeiro despachou.
“Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que
têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele
que despachou em primeiro lugar.”
Em resumo, mesma comarca: quem despachou primeiro; e comarca
diferentes: primeira citação válida.
Observação importante:
A incompetência relativa não pode ser declarada de oficio pelo juiz
(compete ao réu levantar a questão, através de peça em separado,
chamada exceção de incompetência), salvo, segundo o parágrafo único
do art. 112 do CPC, acrescentado pela Lei nº 11.280, de fevereiro de
2006, nos casos que envolvam litígios que tenham arrimo em
contratos de adesão, vez que neste caso é licito ao juiz ex officio
reconhecer a nulidade da cláusula de eleição de foro e declinar de
sua competência para o juízo de domicilio do réu.
Conflito de competência
A questão da competência ou incompetência também pode ser
levantada por um outro procedimento próprio, denominado conflito
de competência, regulado nos arts. 115 a 124 do CPC. O conflito pode
ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo
juiz (art. 116), e é decido pelo tribunal que designa qual juiz é o
competente para decidir o conflito, pronunciando-se sobre a validade
dos atos praticados pelo incompetente (art. 122).
Instaura-se mediante petição dirigida ao presidente do tribunal,
instruída com os documentos que comprovem o conflito, ouvindo o
relator, com a distribuição, os juízes em conflito. Sobrestará o
processo, caso o conflito seja positivo; se o conflito for negativo, o
sobrestamento não será necessário, pois não haverá juízo praticando
atos processuais. Deverá ainda o relator designar um juiz para
solucionar as questões urgentes.
Assim, há conflito de competência quando dois ou mais juízes se
declaram competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito
negativo) e também no caso de controvérsia sobre reunião ou
separação de processos (CPC, art. 115, I, II e III).
O conflito entre autoridade judiciária e autoridade administrativa, ou
só entre autoridadesadministrativas, chama-se conflito de
atribuições e não conflito de competência.
Disponível em: http://sabrinadourado1302.jusbrasil.com.br/artigos/121935862/resumao-de-
competencia

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