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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA - CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA PRÁTICA 01. ENSAIO DE TAMIZAÇÃO Thalles Mercês Carreiro - 83020 Professor: José Antônio Lafetá Relatório referente à primeira aula prática, apresentado ao professor e coordenador como parte das exigências da disciplina de ENQ 272 – Laboratório de Engenharia Química I. VIÇOSA MINAS GERAIS – BRASIL SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 3 2. REVISÃO TEÓRICA 4 3. OBJETIVOS 7 4. MATERIAIS E MÉTODOS 7 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 7 6. CONCLUSÃO 12 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12 3 1. INTRODUÇÃO Na indústria em geral há a necessidade de se trabalhar com substâncias granuladas. Por exemplo, na indústria alimentícia há a mecanização do processo de separação de grãos e farináceos e na indústria metalúrgica o minério de ferro é extraído como um pó da natureza. Surge então a importância de se conhecer mais sobre as partículas em questão, uma vez que estas possuem características físicas que podem ser de interesse para otimizar uma gama de processos. Exemplo disso é um material sólido que precisa ser particulado (através de processos que envolvam aplicação de força, compressão ou abrasão) e posteriormente classificado quanto à sua nova distribuição granulométrica. A classificação granulométrica é a separação de partículas de acordo com seus respectivos diâmetros. A análise granulométrica consiste em uma sequência de procedimentos de ensaio normatizados que visam determinar a distribuição granulométrica de determinada amostra. (USP, 2016) A separação das partículas em um ensaio de tamisação é realizada através de peneiras, cujo objetivo é reter partículas que tenham um diâmetro maior que a abertura da tela. Através de uma sequência de peneiras, pode-se classificar com maior precisão a distribuição dos tamanhos das partículas em questão. Com os resultados do ensaio de tamisação, pode-se realizar cálculos que permitem modelar a distribuição do tamanho das partículas. Os mais comuns são: Modelo de Gates- Gaudin- Schuhmann (GGS), Modelo de Rosin- Rannlet- Bennet (RRB) e Modelo Sigmóide. Além disso, o diâmetro médio de Sauter também pode ser determinado por este ensaio. 4 2. REVISÃO TEÓRICA A separação e classificação das partículas de uma amostra para posterior modelagem matemática é uma prática amplamente utilizada na indústria. Este conjunto de estudos parte de um ensaio relativamente simples, que consiste em uma sequência de peneiras em agitação e posterior pesagem das mesmas. A tamisação ou peneiramento é um método de separação que leva em consideração a diferença de tamanho entre as partículas. Essa técnica consiste na separação das partículas em duas ou mais porções por meio de uma superfície (tela da peneira) com um determinado tamanho de abertura. Um conceito técnico muito importante é o Mesh, definido como o número de aberturas por polegada linear, contadas a partir do centro de uma linha qualquer da malha, até uma distância de uma polegada. Ou seja, quanto maior o Mesh de uma peneira, menor será o diâmetro das partículas irão atravessá-la. A área aberta é a porcentagem da razão entre o total de aberturas dividido pela área total da peneira; em outras palavras é a área total subtraída da área que os fios da peneira ocupam. Finalmente a distribuição de tamanho das partículas ou distribuição granulométrica é a porcentagem relativa em massa, dos grãos retidos em cada peneira em relação à massa total da amostra. É, portanto, um dos principais parâmetros na operação de tamisação (GOMIDE, 1980). A determinação das faixas de tamanho das partículas é feita por meio de uma série de aberturas de peneiras que mantém entre si uma relação constante. A primeira escala granulométrica foi proposta por Rittinger, Alemanha, e obedeceu à seguinte equação: Onde é a abertura de ordem n, o é a abertura de referência ( =1 mm) e r a razão de escala (r = = 1,414). Posteriormente, a U.S. Tyler Company alterou a escala de Rittinger, tomando como abertura de referência ( ) = 74 µm. Esta escala tornou-se de uso geral em todo o mundo. Uma segunda escala foi sugerida por Richards, Estados Unidos, que seguiu a mesma equação de Rittinger, porém, adotando como razão de escala r = = 1,19. Esta escala foi tomada como padrão pelo Governo Americano. As peneiras podem ser feitas de fios trançados, metal (latão, cobre), tecido, plásticos, placas perfuradas, dentre outros, dependendo do tipo de uso. As figuras 1e 2 ilustram, respectivamente, uma peneira em funcionamento e diversas tamis de diferentes aberturas. 5 Figura 1 - Peneira em execução. Figura 2 - Peneiras laboratoriais de aberturas diversas. As peneiras são padronizadas para encaixarem umas nas outras, formando uma coluna de peneiração. Na base encaixa-se uma peneira "cega", denominada "panela", destinada a receber as partículas menores que atravessaram toda a coluna sem serem retidos em nenhuma das peneiras. A amostra é colocada na peneira de menor Mesh (com aberturas maiores) e várias outras peneiras são colocadas abaixo desta. A coluna é colocada num agitador por 15 a 20 minutos, tempo suficiente para que haja a separação da amostra pelas tamis. É esperado que o comportamento da amostra seja o mais próximo do que mostra a Figura 3, o que indica que a escolha das peneiras foi feita de modo adequado a se caracterizar a amostra. 6 Figura 3 - Curvas teóricas de frequência, cumulativa e o histograma para a distribuição de tamanho de partículas. A massa de cada uma das peneiras é convertida em frações mássicas correspondentes a um diâmetro médio entre as aberturas inferior da peneira e inferior da peneira acima. Já a fração mássica acumulada relaciona a quantidade de sólidos que atravessou a peneira com a quantidade de amostra inicial. As equações 1 e 2 traduzem matematicamente estes enunciados. Equação 1 Equação 2 De posse dos dados de distribuição granulométrica, se testam modelos matemáticos que se ajustem às características da amostra. Os mais utilizados são Modelo de Gates- Gaudin- Schuhmann (GGS) (Equação 3), Modelo de Rosin- Rannlet- Bennet (RRB) (Equação 4) e Modelo Sigmóide (Equação 5). Equação 3 Equação 4 Equação 5 Onde m e D’ são parâmetros obtidos a partir da linearização de cada modelo. 7 O diâmetro médio de Sauter pode ser obtido através da Equação 6. 3. OBJETIVOS Determinar a distribuição de tamanho de partículas de um produto comercial e calcular o diâmetro médio de partículas. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1.Materiais - Balança digital; - Conjunto de 6 peneiras; - Agitador de peneiras; - 150 g de farinha comercial; - Cronômetro. 4.2 Metodologia Foram selecionadas 6 peneiras, com mesh variando de 14 a 400. Cada peneirafoi pesada e acoplada no agitador em ordem crescente (de cima para baixo) de mesh. Uma porção de 150 gramas de farinha comercial foi pesada e adicionada ao sistema de peneiras. O sistema foi agitado por um intervalo de 15 minutos. Cada peneira foi recolhida e pesada novamente, com as partículas retidas. As pesagens foram registradas em papel. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após as pesagens, com o uso das Equações 1 e 2, pode-se construir as Tabelas 1 e 2. 8 Tabela 1 - Dados experimentais de pesagem das peneiras Tabela 2 - Frações mássicas individuais e acumuladas Com os valores da Tabela 2 foi possível plotar os gráficos de distribuição de frequência e de tamanho de partícula, conforme as Figuras 4 e 5, respectivamente. 9 Figura 3 - Distribuição de frequência Figura 5 - Distribuição do tamanho de partículas Utilizando-se as Equações 3, 4 e 5, respectivamente, pode-se construir as Tabelas 3, 4 e 5, que relacionam os parâmetros obtidos a partir da aplicação de cada um dos modelos matemáticos disponíveis. Tabela 3 - Parâmetros do modelo GGS 10 Tabela 4 - Parâmetros do modelo RRB Tabela 5 - Parâmetros do modelo Sigmóide As Figuras 6, 7 e 8 mostram a linearização dos dados obtidos nas Tabelas 3, 4 e 5. Figura 6 - Linearização do modelo GGS. 11 Figura 7 - Linearização do modelo RRB. Figura 8 - Linearização do modelo Sigmóide. Através da Equação 6, pode-se calcular o diâmetro médio de Sauter. O valor encontrado foi 389,37 μm. Os valores de R² encontrados revelam que o modelo que melhor se ajusta a distribuição de partículas é o modelo Sigmóide. No entanto, seu valor foi prejudicado por um ponto destoante dos outros (o segundo ponto). Se esse ponto fosse excluído, uma acurácia maior teria sido alcançada nas modelagens. - Qual a importância da distribuição de partículas nos processos industriais? O conhecimento do tamanho e da distribuição do tamanho de partículas (DTP) é um fundamental para inúmeras operações na produção como secagem, filtração, cristalização, moagem e outros processos envolvendo sistemas de materiais particulados. Em determinadas 12 industrias, o uso da DTP é muito importante, uma vez que o tamanho das partículas influencia diretamente a composição do produtos, afetando os processos de fabricação. Em sistemas de polimerização de suspensão, a distribuição de tamanho de partícula influencia a aplicação e a qualidade do produto final. Além disso, o conhecimento da DTP é utilizada para se projetar equipamentos como ciclones e hidrociclones. - A distribuição granulométrica obedeceu a uma curva normal? A distribuição granulométrica da farinha está representada pela figura 3. Os pontos finais se aproximam de uma distribuição normal, mas o mesmo não é observado para o segundo ponto, o que indica que a pesagem neste ponto foi feita incorretamente. Se obedecidos os cuidados para a pesagem e com o uso de mais peneiras de valores intermediários de Mesh, os pontos obtidos se aproximariam muito melhor de uma curva normal. 6. CONCLUSÃO Com a realização da prática foi possível observar o funcionamento de um peneirador e modelar matematicamente funções que predizem o comportamento de uma determinada amostra. A partir destes dados, concluiu-se que para esta amostra de Farinha de trigo, o modelo Sigmoide é o mais recomendado, por apresentar o maior valor de correlação linear (R² =0,9254). Pode-se observar que um dado destoante prejudicou os resultados e possivelmente influenciou nos valores obtidos para os modelos matemáticos. Em um estudo posterior, seria interessante a adição de mais peneiras e mais atenção para a pesagem das mesmas, a fim de evitar o mesmo erro. Também foi possível calcular o diâmetro médio de Sauter das partículas, que foi de 389,37 μm. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS USP. Operações Unitárias Experimental I - PENEIRAMENTO. Universidade de São Paulo. 2016. Disponível em: < http://sistemas.eel.usp.br/docentes/arquivos/8151869/ LOQ4016/Aula_3_peneiramento.pdf>. Acesso em 04/12/2016. CAIRES, F.C. Operações Unitárias Apostila 2º Módulo. Centro Universitário Padre Anchieta, Curso técnico em Química, 2009. 42 p. FOUST, S. A.; WENZEL, A.; CLUMP, W. C.; MAUS, L.; ANDERSEM, B.L. Princípios das Operações Unitárias 2. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos, 1982. 684 p GOMIDE, R. Operações Unitárias: separações mecânicas. v.3, São Paulo: edição do autor, 1980.