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RESUMO SAVIGNY - JULIANA K.

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FRIEDRICH KARL VON SAVIGNY – METODOLOGIA JURÍDICA
PREFÁCIO
	Hermenêutica é tida como técnica de interpretação. Conduz à concretização prática do Direito. 
	Savigny dizia que a lei, antes de ser criação arbitrária do legislador (fruto de sua razão), deveria refletir desenvolvimento histórico do povo, porque a lei deve se adaptar às novas condições da vida social. 
	Por volta de 1814, para Savigny, interpretar era determinar o sentido expresso da norma (preocupava-se com o significado literal da lei). Funda quatro técnicas de interpretação: gramatical, lógica, sistemática e histórica. Vinte e cinco anos depois, Savigny passou a afirmar que a função da hermenêutica jurídica era puramente histórica. 
INTRODUÇÃO
	O êxito dos trabalhos eruditos não depende somente do talento, ou da aplicação, mas também existe um terceiro fator: o método, a direção da força.
	A história da literatura é um modo auxiliar para se atingir o ideal de uma ciência. Se considerarmos a carreira científica de um jurista, conheceremos seu método e provavelmente um método possível. Se compararmos este com a ciência, poderemos também julgar o método dele. A história da literatura sempre nos leva a um método e a seu julgamento.
	Também podemos e devemos pensar nas escolas e períodos de cada ciência. Assim, extrai-se um método geral de todos os eruditos de certa época. Esses períodos devem ser elaborados do ponto de vista da literatura; por meio da comparação, pode-se estabelecer o caráter dos métodos atuais. A história da literatura é a história do método. 
	A metodologia jurídica compreende três partes: 
Metodologia absoluta
Metodologia do estudo literário da jurisprudência
Metodologia do estudo acadêmico
---PRIMEIRA PARTE---
APRESENTAÇÃO DAS NORMAS DE ELABORAÇÃO ABSOLUTA DA CIÊNCIA DO DIREITO
	Podemos pensar o Estado como legislador, como ser que age. O objetivo da ciência jurídica é apresentar historicamente as funções legislativas de um Estado. 
	A legislação real é dupla, porque tanto estabelece os direitos que o Estado quer garantir para os particulares, quanto se refere às disposições que ele estabelece para proteger as leis (direito penal). 
	Existem então duas partes principais da jurisprudência: a ciência do direito privado e a ciência do direito penal. Assim, a função legislativa também é dupla: legislação de direito privado e legislação de direito penal. Mas as normas da elaboração legislativa devem ser deduzidas daquilo que é comum ás duas: princípios fundamentais. São eles:
A ciência legislativa é histórica: necessidade do Estado de que exista algo que limite o domínio da arbitrariedade de uns contra os outros. Melhor que um terceiro seria que existisse algo totalmente objetivo, independente e afastado de quaisquer convicções individuais: a lei. A lei deveria ser completamente objetiva, tão perfeita que quem a aplicasse não precisa colocar nada de si mesmo. Denomina-se saber histórico todo o saber de algo objetivamente dado. A ciência legislativa deve ter caráter:
Histórico, no próprio sentido.
Filológico, a existência livre e a independência do individuo com respeito à vontade de outros devem ser defendidas necessariamente em todo o Estado. Assim, existe a seguinte alternativa: ou se designa um árbitro para resolver os litígios entre os indivíduos, ou existe algo totalmente exterior, que não depende de arbitrariedade: a lei. Uma vez que a lei foi estabelecida para excluir toda a arbitrariedade, a única tarefa do juiz é uma interpretação puramente lógica. 
A ciência legislativa é filosófica: se a ciência legislativa objetiva ter verdadeiro mérito, sua coerência mínima deve ter unidade – deve ter um conteúdo geral (tarefa geral da ciência do direito) e a legislação deve ter um conteúdo não sujeito ao acaso. A jurisprudência é uma ciência filosófica, pois na filosofia deve-se indicar todo o conteúdo da tarefa geral mediante uma completa dedução. 
A ciência legislativa é histórica e filosófica: o caráter perfeito da jurisprudência reside na relação entre os dois princípios anteriores. O particular (particular na elaboração filosófica) deve ser considerado como um todo na elaboração sistemática e, novamente, deve ser possível decompor em seus elementos o aspecto sistemático da jurisprudência. 
	O tratamento da jurisprudência deve conter em si a condição de uma elaboração interpretativa e filosófica. Exegese e sistema devem ser elaborados em separado, e não juntos e depois separados, senão a elaboração fracassará. Toda a apresentação que segue tem o objetivo de demonstrar:
Como deve ser realizada uma elaboração puramente exegética da jurisprudência. 
Como deve ser realizada uma elaboração sistemática da mesma
Como a relação entre ambas resulta espontaneamente. 
	A legislação deve ser concebida em um determinado período. Isso nos conduz a histórica do direito, que se relaciona com a história dos estados e dos povos, já que a legislação é uma ação do Estado. O sistema deve ser concebido como em progresso constante, e estar relacionado com o todo (história interior do direito), mas não deve elaborar somente questões isoladas do direito. 
	Há de se pensar em uma metodologia completa e absoluta:
Parte filológica: como é possível uma interpretação da jurisprudência?
Parte histórica: a história
Parte sistemático-filosófica: o sistema. 
ELABORAÇÃO FILOLÓGICA DA JURISPRUDÊNCIA
CONCEITO E TAREFA DA INTERPRETAÇÃO
Como é possível uma interpretação? Ela deve poder ser elaborada histórica e sistematicamente. 
	Deixamos de lado a divisão da interpretação em authentica, doctrinalis e usualis. A primeira parte do poder legislativo e as outras duas dos estudiosos. Entretanto, só é possível falar de uma interpretação doctrinalis.
	Na interpretação sempre está pressuposto algo diretamente dado: um texto. A crítica diplomática é o descobrimento desse algo dado. Ela deve preceder toda interpretação, e é essencial quando se deve pesquisar o texto em diversas fontes. A critica diplomática concede o grau de autenticidade daquilo que é dado, e só partir daí se pode partir para a interpretação. 
	Toda lei deve expressar um pensamento de maneira tal que seja válido como norma. Quem interpretar uma lei deve analisar o pensamento contido na lei - deve pesquisar o conteúdo da lei. Interpretação como reconstrução do conteúdo da lei: o intérprete deve se colocar no ponto de vista do legislador e produzir artificialmente seu pensamento. Composição tripla da interpretação:
Parte lógica: apresenta o conteúdo da lei em sua origem, geneticamente.
Parte gramatical: condição necessária da lógica.
Parte histórica: a lei é dada em um momento determinado para um povo determinado. É preciso conhecer as condições históricas para captar o pensamento da lei. 
	A interpretação é reconstrução do pensamento expresso na lei, enquanto seja possível conhecê-lo na lei (dependendo da vontade do legislador). 
	A tarefa suprema da interpretação é a crítica superior, ou seja, a restituição de sentido a um texto corrompido. Aquilo que é dado pode ser dado indiretamente e, portanto, pode ser corrompido. Esse dado deve ser restabelecido pela crítica superior. Ela deve conter os mesmos elementos de toda interpretação, lógicos, gramaticais e históricos. Nesse caso o intérprete deve também fazer surgir de modo artificial o conteúdo da lei, mas supondo que as partes extraviadas do texto original devam ser encontradas. Existem duas possibilidades: 
Que o próprio texto faça com que a crítica seja necessária (quando, por exemplo, existem diferentes maneiras de leitura). A crítica deve responder a uma pergunta. 
Que a necessidade da crítica seja percebida através de sua interpretação. Deve-se formular a pergunta e procurar a resposta. 
	Toda crítica deve trabalhar com a certeza. Mesmo que não seja possível ter certeza, essa ideia deve nortear a tarefa. Toda certeza obtida através da crítica resulta do fato de que o conceito é tomado de um todo orgânico. Semprehá, entretanto, certa insegurança na aplicação dessa crítica. Assim, para se atingir a segurança completa, deve ser esclarecido como se originaram as deformações no texto, por erros de transcrição ou outras causas, tomando como referência o texto dado como correto. 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA A INTERPRETAÇÃO EM GERAL
Toda interpretação deve ser individual e universal ao mesmo tempo. 
Individual: todo texto de uma lei deve expressar uma parte do todo, de forma que essa parte não esteja contida em nenhuma outra parte. Quanto mais individual for, e quanto menos particularizar o texto em geral, mais rica será sua contribuição à totalidade da legislação. O intérprete deve descobrir o particular de cada texto, que só pode ser extraído do mesmo. O melhor meio é a prática. Um meio auxiliar importante é descobrir a singularidade de expressões técnicas. A interpretação deve ser individual como parte de um todo, pois quanto mais individual, mais rica é sua contribuição para a interpretação (conforme P2 2010).
Universal: a legislação apenas expressa um todo. A interpretação do particular deve ser tal que, para poder compreender o particular, este deve moldar-se ao todo. Como cada parte não é facilmente compreendida sem o todo, ela deve ser concebida em relação com o todo. Podemos conceber dois casos: 
Quando a lei particular era parte do todo maior. Exemplos: direito Justiniano, Instituições, Pandectas e em grande parte do Código. 
Quando ela não era parte do todo maior (como, por exemplo, a modificação de um único ponto). Instituições, Código e Novelas (elas devem ser fontes exclusivas). 
Deve ficar exposta a linha histórica a qual pertence à lei. Anteriormente, o que era correto nesse caso? O que foi mudado no direito anterior?
Resta reunir em um todo os dois princípios: o da individualidade e o da universalidade. Toda interpretação tentará oferecer um resultado para o sistema. Deve, então, ter um objetivo prático, porque deve estar direcionada a aclarar um princípio dentro do sistema. 
HISTÓRIA DA INTERPRETAÇÃO
A história da interpretação inicia-se nos séculos XII e XIII.
GLOSADORES: começou em Bologna. Interpretava-se, sem ajuda alguma, o direito justiniano, como foi transferido e existia. Faltava aos glosadores o conhecimento histórico.
COMENTADORES: séculos XIV e XV. Eram piores que os glosadores. Prendiam-se a detalhes, não tinham sistematicidade.
HUMANISTAS FRANCESES: séculos XV e XVI. Descobriu-se a literatura clássica, e elaborou-se a jurisprudência de forma científica pela primeira vez. Tinham tudo o que faltava aos glosadores, mas tratavam a literatura clássica com demasiada diligência. Uma interpretação verdadeira e pura não existia, não se pensava em considerar a jurisprudência como um sistema. Descuidaram do sistema, pois não elaboraram o que tinham como um todo. 
HOLANDESES: finais do século XVII e século XVIII. Na Holanda surgiu a filologia, como uma modalidade de conhecimento a parte. Apesar dos juristas holandeses possuírem grande erudição, limitavam-se apenas aos detalhes. 
ESCOLA ALEMÃ: esteve sempre pouco preocupada com a interpretação, exceto em Leipzig. Imitava muito os holandeses, mas se perdeu em minúcias. Toda maneira de tratamento desses juristas está apoiada em um erro, e eles só mostram sua erudição clássica. 
Nenhuma interpretação fundamental foi dominante em nenhuma escola. 
ELABORAÇÃO HISTÓRICA DA JURISPRUDÊNCIA
	Muitos aspectos da jurisprudência não podem ser compreendidos sem certo conhecimento histórico prévio. Não se trata de utilizar a história para saber algo a respeito da jurisprudência, mas sim de pesquisar à medida que esta deve ter caráter histórico. Toda legislação é, mais ou menos, resultado de sua história anterior. 
	Essa elaboração histórica depende, em primeiro lugar, de uma vinculação histórica e, em segundo lugar, de uma separação histórica. 
VINCULAÇÃO HISTÓRICA: A maneira mais simples de se vincular historicamente é pesquisar como uma questão foi respondida de distintos modos em diversas épocas da legislação. Isso, entretanto, leva a resultados limitados. O sistema deve ser tomado em sua totalidade e ser considerado progressivo, como historia do sistema da jurisprudência na sua totalidade. É através da pesquisa das fontes que é provida a matéria para a elaboração histórica. Desde o século XVI é muito o que se tem feito na história da jurisprudência, mas quase todos se limitaram a elaboração da história como um meio e como um conhecimento prévio da jurisprudência, sem que se contestasse o objetivo dado. Só a História do Direito, de Hugo, constitui boa amostra para ver o próprio sistema como historicamente progressivo. 
SEPARAÇÃO HISTÓRICA: o que está separado na coisa mesma deve ser separado. A jurisprudência deve ser tratada com separação completa de suas fontes. A maior parte dos juristas, porém, discorda desta norma: uma parte, inconscientemente, na exposição prática, e outra se declara expressamente contra a separação. 
Erro dos Penalistas: considera-se que o legislador romano e o legislador alemão são uma só pessoa. Acredita-se que o alemão começou do ponto em que o romano parou. Assim é impossível toda pesquisa profunda.
Erro dos Civilistas: eles não negam a necessidade do estudo histórico, mas, segundo eles, o estudo histórico deve consistir apenas em uma preparação. 
A JURISPRUDÊNCIA COMO CIÊNCIA AUXILIAR PARA OUTRAS CIÊNCIAS
POLÍTICA: eis a vinculação da jurisprudência com a política: as máximas políticas são pesquisadas como fundamentação da lei, mas a jurisprudência sempre permanece como objetivo central. Também se pode conceber a jurisprudência para exercer uma crítica da política, comparando a legislação com seu resultado, emitindo um juízo sobre as máximas políticas. 
HISTÓRIA: a legislação pode ser considerada parte da história. 
ELABORAÇÃO SISTEMÁTICA DA JURISPRUDÊNCIA
CRÍTICA DOS INTENTOS REALIZADOS ATÉ O PRESENTE
	
	Todos os desvios do sistema a respeito da norma pura podem ser reduzidos a duas classes principais: ou ficam por baixo do sistema, ou se elevam acima do sistema. 
Intentos que ficam por baixo do verdadeiro sistema: são aqueles que possuem a multiplicidade que se deve uniformizar em um sistema, mas não consegue sua unificação. 
Intentos que se elevam acima do sistema: aqueles que tentam conseguir mais ou menos uma unidade, mas carecem de diversidade. São aqueles que não trabalham fielmente, geralmente os juristas filósofos, porque se deixam orientar pela arbitrariedade (uma espécie de revolução contra a legislação).
	O conteúdo do sistema é a legislação, isto é, os princípios do Direito. Necessitamos do meio lógico da forma (da condição lógica do conhecimento de todo o conteúdo da legislação) para conhecer esses princípios, em parte de forma particular, em parte na sua conexão. 
	Tudo o que é formal tem por objetivo desenvolver a determinação dos princípios particulares do direito – geralmente isto é denominado de definições e distinções -, ordenar a vinculação de vários princípios particulares e sua conexão. Isto é habitualmente denominado de verdadeiro sistema. 
PRIMEIRO CASO
DESENVOLVIMENTO DOS CONCEITOS
	Deve ser conhecido um princípio particular do Direito. Os conceitos contidos no Direito devem ser desenvolvidos, dando definições e fazendo distinções. Trata-se de percorrer o mesmo caminho das leis (fidelidade genética) demonstrando especialmente os contrastes. Daí resulta:
Nenhum conceito deve ser tratado sem que esteja referido a um princípio de direito. Cada um deles deve ter uma realidade jurídica. 
O sistema está determinado pelos conceitos. A conceitos falsos seguem interpretações falsas. 
SEGUNDO CASO
ORDENAMENTO DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO
	Trata-se da apresentação da vinculação interna dos princípios do direito, que deve ser completamente fiel. Eis ao que se refere:
A relação dos direitos particulares entre si determina o que se deve separar e o que se deve unir.
Em cada parteespecial do sistema se deve estabelecer a relação entre a norma e a exceção, a qual é mencionada na lei, e a ela serve de fundamento.
DA INTERPRETATIO EXTENSIVA E RESTRITIVA
	Até o momento falamos de como um erro pode ser introduzido no sistema através de uma operação lógica geral, que era necessária, mas foi realizada de modo errôneo. Existe outra maneira de se infiltrar um erro no sistema: a de uma operação formal acidental, quando o sistema deve ser completado pela mera forma ou quando é muito amplo e algo deve ser retirado dele. Essa é a teoria da interpretação extensiva e restritiva. 
	Considera-se a regra expressa da lei como conclusão final, a razão da lei como premissa por meio da qual se modifica a conclusão final, de modo que esta deva ser mais ampla (interpretatio extensiva) ou menos ampla (interpretatio restrictiva). 
	Essa operação não é uma verdadeira interpretação. Seria uma interpretação material, que consiste que, por meio do juiz, algo de fora é adicionado à expressão da lei. 
	O que é correto para o caso em que a legislação permanece em silêncio? Nenhum caso determinado é compreendido na legislação; pelo contrário, cada caso deve ser compreendido por uma norma superior. Quando isso não for possível, há uma distinção a ser feita entre direito civil e direito penal:
Direito Civil: o jurista deve descobrir artificialmente a regra. Em parte diante de uma conclusão de uma norma geral, e em parte procurando uma regra especial na legislação que se refira a um caso semelhante. É o procedimento por analogia.
Direito Penal: uma ação é um delito desde que a legislação a declare punível. Se a lei fica em silêncio diante de uma ação, não é possível falar em punibilidade. A ação não será delito, e portanto não pode existir determinação por analogia. 
APLICAÇÃO DESTA CRÍTICA GERAL DA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E RESTRITIVA À CRÍTICA DE ESCRITOS PENAIS PARTICULARES
Condenamos o aperfeiçoamento da jurisprudência pela sua forma (o aperfeiçoamento formal das leis). Não se elaboram fontes particulares por si mesmas, extraindo delas o resultado. Pelo contrário, misturam-se essas fontes: leis positivas e direito natural. 
INFLUÊNCIA DA FILOSOFIA NA JURISPRUDÊNCIA
	Todo sistema nos leva à filosofia. A apresentação de um sistema meramente histórico conduz a uma unidade, a um ideal no qual se fundamenta. E isto é filosofia. 
	A filosofia sempre teve influência sobre a forma do sistema. Existem duas classes de elaboradores de direito natural: juristas e filósofos. Sua intenção é a mesma, mas diferem na exposição: os direitos naturais jurídicos estabelecem as verdades jurídicas de forma abstrata, esperando encontrá-las pela filosofia; o direito natural filosófico deveria ser considerado fonte dos direitos positivos. 
	A opinião corrente a respeito do estudo do direito natural é que ele deveria preceder (como conhecimento prévio) o estudo da jurisprudência positiva. Entretanto, ver a filosofia apenas como conhecimento prévio a uma ciência história seria degradá-la. O estudo prévio da filosofia, porém, não é absolutamente essencial para o jurista. Quem não tiver inclinação para a filosofia, é melhor que a deixe. O seu estudo requer a vida toda, e não tão só metade de um ano. 
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---SEGUNDA PARTE---
	METODOLOGIA DO ESTUDO LITERÁRIO DA JURISPRUDÊNCIA
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES A RESPEITO DA LEITURA CRÍTICA E HISTÓRICA
	Como é possível aplicar o estudo dos livros jurídicos ao estudo geral da jurisprudência? Existem as seguintes regras: ler criticamente e ler historicamente.
Ler criticamente. Ler é aumentar os próprios pensamentos sobre uma matéria. Ler criticamente é ler de modo que seja possível formular um juízo sobre o que foi lido. Julgar uma obra é saber como ela corresponde ao seu ideal. Deve-se saber qual é a missão e o que o autor fez para resolver o problema. Deve-se ler obras mestras, ler o melhor, o excelente, e ter prática para julgá-lo. 
Ler historicamente. É possível estudar sem leitura, estudando direto nas fontes. Mas se a leitura for deita, deve ser historicamente, ou seja, em conexão com o todo. Deve-se ler tudo, no mínimo conhecer todas as obras. Só de posse de um panorama geral de todo o campo da literatura é que se pode estudar um determinado autor, e só assim será possível uma leitura crítica. 
Essas duas regras estão em perfeita relação. Lendo criticamente, pensa-se o livro como parte de um todo ideal. Lendo historicamente, entende-se o livro como parte de um todo real. O estudo metodológico deve estar relacionado com a elaboração histórica da literatura. 
APLICAÇÃO DAS REGRAS INDICADAS EM PARTES ESPECIAIS DO ESTUDO JURÍDICO
	Devem-se revisar o mais rapidamente possível os dados e notícias sobre literatura. Toda a história literária da jurisprudência está dividida em duas partes: história da elaboração científica e conhecimento de livros.
Elaboração da ciência. Duas regras são decisivas:
Entre cada período científico e seu anterior, sempre existe uma relação. Este ponto foi muito descuidado na jurisprudência, pois se consideraram novos períodos sem vinculação alguma com os anteriores. Tudo o que existia anteriormente permaneceu. Só começou uma nova classe de acontecimentos que se adicionou ao todo. Nunca se deve supor uma revolução absoluta. 
Em cada período se tenta descobrir o ponto de vista predominante no momento de elaboração das ciências. O que era dito como ideal? O que cada um fez para resolver o problema? Quase nada foi feito pela história da literatura. A maioria das obras são livros e catálogos de eruditos. 
Conhecimento de livros. Seria desejável:
Repertório geral de todos os escritos jurídicos.
Catálogo razoável de livros jurídicos, especialmente para principiantes. Um índice sistemático de todos os escritos úteis, com uma breve crítica, ou seja, notas sobre modo e grau de utilidade. 
INDICAÇÃO DETALHADA DE UMA BIBLIOTECA JURÍDICA
	Deve seguir a mesma trilha que a metodologia absoluta segue. Primeiro trata de interpretação, depois de elaboração histórica e depois de sistema. 
*Longa indicação de obras para direito civil e direito penal*
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---TERCEIRA PARTE---
METODOLOGIA DO ESTUDO ACADÊMICO DO JURÍDICO
	Na Idade Média, a comunicação científica e a comunicação acadêmica eram uma e a mesma coisa. Desde a invenção da imprensa, isso mudou muito. Quase tudo que pode ser ouvido nas universidades pode ser lido nos livros. As universidades perderam seu prestígio natural.
	Afirmou-se que as universidades agora são supérfluas, mas pode-se dizer o contrário: perdendo aquele monopólio, ganharam terreno próprio. 
	A verdadeira prova que atingiu o ensino acadêmico é a seguinte: todas as ciências se encontram vinculadas. Se o ensino for liberal, essa vinculação deve ser reconhecida. Também deve surgir o contraste da ciência em questão com as outras ciências. Todo estudo liberal conduz a uma cultura literária profunda.
	O verdadeiro objetivo da universidade é o de nos introduzir no estudo científico, de forma tal que nenhuma parte deste seja estranha para nós ou, pelo menos, que estejamos em condições de aprender o que falta de modo mais fácil e profundo. 
	No estudo acadêmico da jurisprudência, o objetivo da universidade deveria ser conduzir até tudo aquilo pertencente à jurisprudência. A respeito do estudo absoluto, é necessário que para nós nada resulte estranho em exegese, história e sistema, ou seja, que o estudioso saiba ou ao menos possa encontrar onde poderá aprender o restante. 
PLANO DO CURSO JURÍDICO ACADÊMICO
	No primeiro curso deveria ser dada uma introdução às fontes, de modo que nada fique estranho. Deveria ser oferecida a história do direito e, dentro dela, a pesquisa das fontes.
	Ao segundo curso pertence o conhecimento do resultado das fontes: o sistema. Deve ser apresentado como algo que se deve descobrir. Também é necessária vinculação com exegese, para que o sistema surgisse evidente em todos os momentos da interpretação. 
O ESTUDO DAJURISPRUDÊNCIA SEGUNDO O ESTADO ATUAL DAS UNIVERSIDADES
	As nossas universidades não têm esse ordenamento, embora tendam no sentido desse objetivo. Mas os meios para atingi-lo não são bem escolhidos, porque as aulas não oferecem nada além do que um livro bem escrito poderia oferecer. Evidentemente espera-se mais proveito de uma palestra acadêmica que de um livro. 
	O que toda comunicação, todo livro ou palestra podem conter de melhor é o método de pesquisa. Ele pode ser encontrado em cada forma de comunicação. Dos livros, ele deve ser extraído pelo leitor e descoberto mediante processo artificial, possível, mas difícil. Em uma palestra acadêmica o método de pesquisa é obtido diretamente. 
OS MEIOS AUXILIARES (PARA TIRAR PROVEITO DAS PALESTRAS)
Estudo das Fontes: é o que deve acontecer antes da dissertação, revisando rapidamente as fontes e tomando notas. Pode-se assim obter uma visão do método do professor e extrair o melhor de sua dissertação. Somente através de interpretação própria pode-se construir uma opinião pessoal para julgar as inúmeras opiniões alheias.
Utilização imediata das dissertações acadêmicas: devemos tomá-las criticamente, não se tratando de controlar a verdade das sentenças particulares, mas de obter a visão do todo. Os pontos de vista pessoais do professor devem ser apenas meios fáceis para nos comunicarmos. 
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