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CRIME DE DANO


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CRIME DE DANO
A maioria dos crimes ou delitos possui uma característica em comum, ou seja, o fato de significarem dano à vítima. A expressão pressupõe uma perda ou diminuição de um bem jurídico, ainda que momentaneamente. São exemplos de crimes de dano: homicídio, lesões corporais, peculato, roubo, estupro etc.
SUJEITOS 
ATIVO E PASSIVO
Qualquer pessoa pode praticar o delito, com exceção do proprietário do bem. Em relação à coisa comum, no entanto, faz sentido incluí-lo como sujeito ativo. Por analogia benigna, ainda assim, é possível que escape o condômino do campo de incidência da norma (CP, art. 156, § 2º – coisa comum fungível cujo valor não excede a cota a que tem direito o agente).
Sujeito passivo é o proprietário; por extensão, o possuidor do bem danificado.
ELEMENTO OBJETIVO
A coisa, móvel ou imóvel, pública ou particular, é tutelada em sua materialidade física. E a destruição, inutilização ou deterioração constitui o resultado de uma conduta livre, entrelaçada pelo vínculo de causalidade.
Destruir é aniquilar, destroçar, estraçalhar. Em sua radicalidade, atinge o bem na sua própria essência, como na hipótese de quem mata um cão de guarda ou reduz a cinzas um quadro de Martinho de Haro.
Inutilizar, como indica o vocábulo, é atingir a coisa em sua utilidade objetiva. Inutiliza um automóvel quem lhe retira o motor, mesmo sem destruí-lo; quem arranca, aleatoriamente, muitas páginas de uma obra literária; quem emudece, por lesão, a um pássaro canoro várias vezes premiado.
CONSUMAÇÃO
O evento jurídico-normativo, no dano, é o prejuízo inerente ao resultado material da conduta. É esse resultado material que, vinculado à conduta, serve de parâmetro ou referência para o momento consumativo: destruição; inutilização; deterioração.
TENTATIVA
Delito material, a implicar, como se viu, nexo causal objetivo entre conduta e resultado, enquadra-se o dano entre aqueles que admitem a tentativa. Assim, a partir do elemento subjetivo, não há dificuldade em se reconhecer essa figura na hipótese de um arremesso de instrumento contundente que, idôneo para danificar o lustre de cristal, por um triz não o alcança; ou na tocha de fogo que atinge o piso de pedra de um compartimento de casa isolada e desabitada, sem propagar-se ao tapete, cortinas e sofá.
DANO QUALIFICADO: VIOLÊNCIA À PESSOA OU GRAVE AMEAÇA.
Trata-se da mesma violência ou grave ameaça mencionadas no crime de roubo. No caso, a grave ameaça é incorporada ao dano qualificado. Este absorve o delito do art. 147 (ameaça), tal como ocorre com as vias de fato (LCP, art. 21), incluídas no conceito de violência. A lesão corporal, contudo, além da incorporação, mantém sua autonomia, a indicar que as penas se somam, como se houvesse concurso material de crimes. Portanto, pouco importa se o dano e a lesão corporal se prendem a uma só conduta ou decorrem de condutas distintas.
Estelionato
Tratava-se, portanto, de uma espécie de delito subsidiário, de definição genérica.O Código Penal tipifica o delito de estelionato por meio da seguinte redação constante de seu art. 171, caput, in verbis:
“Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:”
Sujeitos do Crime
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo na modalidade exposta no caput. Nas modalidade previstas no § 2º, é preciso ser pessoa envolvida em algum negócio ou o dono, ou legítimo possuidor, de determinada coisa.
Elementos Objetivos do Tipo
Há varias formas de cometimento de estelionato. Obter vantagem indevida induzindo ou mantendo alguém em erro. Significa conseguir um benefício ou um lucro ilícito em razão do engano provocado na vítima. Esta colabora com o agente sem perceber que está se despojando de seus pertences. Induzir quer dizer incutir ou persuadir e manter significa fazer permanecer ou conservar. Os métodos para colocar alguém em erro são artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. Para que haja estelionato, é necessário que haja fraude, erro e duplo resultado.
Consumação e Tentativa
O estelionato é delito material, ou seja, aquele cujo tipo descreve o comportamento e menciona o resultado, exigindo a sua produção. Deste modo, para que haja o crime de estelionato, é necessário que o sujeito obtenha vantagem ilícita em prejuízo da vítima. Há necessidade da afirmação do binômio vantagem ilícita e prejuízo alheio para a consumação.
Estelionato privilegiado.
Não obstante a posição geográfica do § 1º, é pacífico que privilégio é tanto aplicável à figura típica fundamental (caput), como nas hipóteses do § 2º.
O agente deve ser primário, ou que já tenha decorrido cinco anos após o cumprimento (ou extinção) da pena de crime anterior           (art. 64 CP); o valor do prejuízo deve ser aferido no momento da consumação do crime, e não na ocasião da sentença condenatória; e, os Tribunais têm se utilizado de um critério objetivo, concluindo que até um salário mínimo deve ser considerado como pequeno valor.
RECEPTAÇÃO
Trata-se de crime autônomo, não se podendo falar em autoria ou participação quando o agente pratica a conduta após a consumação do delito antecedente.
Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.¨
Receptação Própria
A receptação própria e formada pela aplicação dos verbos adquirir (obter, comprar), receber (aceitar em pagamento ou simplesmente aceitar), transportar (levar de um lugar a outro), conduzir (tornar-se condutor, guiar), ocultar (encobrir ou disfarçar), tendo por objeto material coisa produto de crime. Nesse caso tanto faz o autor praticar uma ou mais condutas, que responderá por um único crime, como por exemplo: aquele que adquire e transporta coisa produto de delito comete uma receptação.
Receptação Imprópria
Já na receptação imprópria, é formada pela associação da conduta de influir (inspirar ou insuflar) alguém de boa-fé a adquirir (obter ou comprar), receber (aceitar em pagamento ou simplesmente aceitar) ou ocultar (encobrir, disfarçar) produto de crime. Assim se o agente praticar condutas dos dois tipos (própria e imprópria) estará o agente cometendo dois delitos. É importante salientar que se o sujeito que foi coautor ou partícipe do delito antecedente (roubo ou furto, por exemplo), por meio do qual obteve a coisa, não responde por receptação, mas somente pelo que anteriormente cometeu.
Receptação Culposa
Permanece punível, a título de culpa, as condutas de quem “adquire” ou “recebe” coisa que deve “presumir-se obtida por meio criminoso”. Aqui o legislador, ao contrário do que normalmente art. 18 do Código Penal, descreve o tipo penal culposo, revelando a imprudência pela desproporção entre o preço cobrado e o preço de mercado da res, bem como pela pessoa do vendedor, e, ainda, pela natureza incompatível com a forma de negociação da coisa. Apenas a aquisição e o recebimento são incriminados a título de culpa. 
Perdão judicial.
O perdão judicial somente é aplicável à receptação culposa, e pressupõe necessariamente que o agente seja primário, e que as circunstâncias do crime indiquem que ele não se revestiu de gravidade, como na aquisição de um bem de pequeno valor, por exemplo.
Dispõe a súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça que a “a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.