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Resumo de Processo Penal 1

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Resumo de Processo Penal 1
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS: 
SISTEMA INQUISITÓRIO
A origem da nomenclatura do sistema inquisitivo vem da inquisição (Santa Inquisição – Tribunal Eclesiástico), que possuía como finalidade a investigação e punição dos hereges, pelos membros do clero.
No sistema inquisitivo é o juiz quem detém a reunião das funções de acusar, julgar e defender o investigado – que se restringe à mero objeto do processo. A idéia fundante deste sistema é: o julgador é o gestor das provas, i.e., o juiz é quem produz e conduz as provas.
O sistema inquisidor possui as seguintes características: a) reunião das funções: o juiz julga, acusa e defende; b) não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos; c) o processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”; d) inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; e) a confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas); e f) existência de presunção de culpa? O réu é culpado até que se prove o contrário.
O juiz, gestor da prova, busca a prova para confirmar o que pensa (subjetivismo) sobre o fato (idéia pré-concebida), onde as provas colhidas são utilizadas apenas para comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme sua convicção sobre o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu, obtida mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras palavras, o julgador – representante de Deus na Terra – produz provas para confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não (máxima de Maquiavel) – para obter a condenação do objeto da relação processual.
Em um breve parêntese, pode-se notar que a delação premiada surge nesta época da inquisição, diante da confissão dos fiéis perante a autoridade eclesiástica (padre, bispo, etc.). Deste modo, o clero detinha poder sobre a comunidade, sabendo tudo que se passava no local, diante das confissões e delações dos fiéis.
Também, é neste período que as provas são tarifadas/valoradas. O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito maiores, por exemplo, ao de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a expressão rainha das provas).
A crítica feita a este sistema processual, difundida por Juan Montero Aroca, é de que há contradição terminológica entre sistema processual inquisitivo e processo, alegando que processo pressupõe a aplicação das garantias processuais. Tal crítica é rebatida diante do conceito de processo, que se restringe ao instrumento para concretização do direito material.
SISTEMA ACUSATÓRIO
Diversamente do sistema inquisitório, sua antítese é o sistema processual acusatório, que possui como princípio unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa/instituição diversa do julgador. Há, pois, nítida separação entre as funções de acusar, julgar e defender, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Destarte, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas e nem defende o réu.
Os prováveis precursores desse sistema processual são: a) Magna Carta; b) Petition of Rights; c) Bill of Rights; d) secularização; e) iluminismo.
Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características: a) as partes são as gestoras das provas; b) há separação das funções de acusar, julgar e defender; c) o processo é público, salvo exceções determinadas por lei; d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; e) consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo; f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); g) as provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos.
Para diferenciar o sistema acusatório do sistema inquisitório, observe-se o quadro abaixo:
	Características/sistemas
	Sistema inquisitório
	Sistema acusatório
	Princípio unificador
	O juiz é o gestor das provas.
	As partes é que são gestoras das provas.
	Funções acusar, defender e julgar
	Reunidas nas mãos do juiz.
	Separadas.
	Atos do processo
	Sigilosos.
	A regra é a publicidade dos atos do processo, salvo exceções legais.
	Réu
	Objeto da investigação.
	Sujeito de direitos.
	Garantias
	Não há contraditório, ampla defesa ou devido processo legal.
	Todas as garantias constitucionais inerentes ao julgamento.
	Provas
	Taxativas, onde a confissão é a rainha das provas.
	Livre convencimento do juiz e devidamente motivadas.
	Presunção
	De culpabilidade, podendo utilizar-se de torturas e meios cruéis para obter a confissão.
	De não culpabilidade ou de inocência.
	Julgador
	É parcial.
	É imparcial, eqüidistantes das partes.
Ainda, com relação às provas, no sistema acusatório puro, não é possível a realização/determinação de provas pelo juiz, de ofício, sob pena de fazer às vezes das partes (neste sentido, Luiz Flávio Gomes, Mirabete, Tourinho Filho, Scarance, etc.), embora haja entendimento diverso (Paulo Rangel, Norberto Avena etc.). A corrente contrária fundamenta-se no princípio da verdade real, no entanto, esse princípio, como parte do sistema acusatório, e diante de sua interpretação teleológica e sistemática, não permite – por si só – que o juiz produza provas ou recorra de ofício, v.g., sem determinação pelas partes (p. ex Lei de Falências, Lei de Economia Popular, Lei do Crime Organizado, Lei de Interceptação Telefônica, demais dispositivos do CPP).
Contudo, em um sistema acusatório não puro (ou aparência acusatória), como adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro, é possível a realização de provas – ex officio – pelo julgador. Todavia, nosso Código de Processo Penal (e não o processo penal que não está adstrito ao CPP) ainda resguarda resquícios de um sistema processual penal misto, conforme veremos a seguir.
SISTEMA MISTO
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. Tem origem no Código Napoleônico (1808).
A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido pelo juiz, colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece as características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas.
A segunda fase é a judicial, ou processual propriamente dita. Aqui, existe a figura do acusador (MP, particular), diverso do julgador (somente o juiz). Trata-se de uma falsa segunda fase, posto que, embora haja as demais características de um sistema acusatório, o princípio unificador (idéia fundante) ainda reside no juiz como gestor da prova.
Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Tornaghi, Mougenot), aduzindo sua dupla fase: a) a fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual; b) fase judicial, com características acusatórias, iniciada após o recebimento da denúncia ou queixa. A crítica a esta corrente cinge-se ao caráter administrativo (extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, p. ex.).
CONCLUSÃO
A guisa de uma conclusão, pode-se afirmar que o sistema processual penal é definido a partir de uma idéia fundante (premissa ou princípio unificador), em que todas as demais características e normas devem ser interpretadas de acordo com essa ideia. Conhecida essa premissa, é possível distinguir o que sistema está se tratando.
Importante frisar que os sistemas processuais são intimamente interligados com o modelo político de Estado. Vale dizer que quanto mais o Estado aproxime ao autoritarismo (ditadura, monarquia), mais reduzidos ficam as garantias do réu, e mais se aproxima ao sistema inquisitório. O contrário também é verdadeiro: quanto maiso Estado se aproxime à democracia e ao Direito, maiores ficam as concessões de garantias e, por conseguinte, mais se aproxima ao modelo acusatório puro. Por fim, vale ressaltar que não existem sistemas puros.
Princípios informadores do Processo Penal
Princípio da Dignidade da Pessoa humana: O princípio da dignidade da pessoa humana serve como princípio reitor de muitos outros. O legislador constituinte concedeu um status normativo ao princípio da dignidade da pessoa humana, entendendo-o como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito – art. 1º, III, CRFB. Como você pode observar, a dignidade da pessoa humana é o pilar que sustenta nosso ordenamento jurídico e dela derivam os demais princípios.
Princípio da Legalidade: Desde a Revolução Francesa, o princípio da legalidade teve papel crucial na progressiva humanização do Direito Penal ao restringir o poder do Estado com o propósito de assegurar os direitos fundamentais. Está ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana e duas são suas expressões fundamentais: o devido processo legal e a reserva legal.
Processo legal :O objetivo deste princípio é determinar que apenas mediante uma sequência de procedimentos formais previamente positivados em lei, o cidadão poderá ter um direito subjetivo restringido como forma de sanção por haver incorrido em ato ilícito.
Reserva legal: Na norma infraconstitucional temos o art. 1º, CP que impõe que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Na esfera criminal, o princípio da reserva legal está ligado a outros institutos do Direito, tais como o conceito de crime, a anterioridade, a proporcionalidade, limitando a esfera de atuação estatal para evitar arbitrariedades.
Princípio da proporcionalidade: 
a proporcionalidade é uma “garantia especial”, pois exige que “toda intervenção na esfera dos direitos fundamentais ‘se dê por necessidade, de forma adequada e na justa medida’. O princípio da proporcionalidade complementa o princípio da reserva legal e reafirma o Estado de Direito”. O princípio da proporcionalidade apresenta três subprincípios que lhe são consectários:
ADEQUAÇÃO OU IDONEIDADE: Só permite o ataque ao direito individual, se o meio utilizado contribuir para o resultadi almejado.
INTERVENÇÃO MÍNIMA: Não basta uma adequação do meio ao fim. Além de ser o mais idô- neo deve causar a menor restrição possível.
PROPORCIONALIDADE EM SENTIDO ESTRITO: A necessidade de comparar na situação concreta entre os valores em conflito, qual irá prevalecer.
Princípio do contraditório: A CRFB consagra em seu art. 5º, LV, o princípio do contraditório. Esta previsão consta art. 8º, 1, do Pacto de San Jose da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, determinando que “toda pessoa tem o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela”. No processo penal é necessário que a informação e a possibilidade de reação permitam um contraditório pleno e efetivo. Pelo princípio do contraditório podemos entender que os atos processuais se desenvolvem de maneira bilateral, para possibilitar a cada parte se manifestar acerca dos atos da outra parte. Por este motivo, é imperioso que haja a publicidade dos atos processuais.
Princípio da Ampla Defesa: O direito de defesa vem expresso no art. 5º, LV, CF, juntamente com o contraditório. Quando a Constituição assegura a ampla defesa, entende-se que, para observância desse comando, deve a proteção derivada da cláusula constitucional abranger o direito à defesa técnica e o direito de autodefesa.
A defesa técnica: A defesa técnica é indisponível e necessária: o acusado, até mesmo o revel, deve estar amparado por um profissional habilitado (advogado ou defensor público). A defesa técnica tem previsão nos artigos. 261, 263, 265 do CPP, bem como no art. 5º, LXXIV da Constituição. Caso o processo se desenvolva sem defensor, será nulo – art. 564, III, c, CPP. Trata-se, de acordo com o enunciado da Súmula 523, STF, de nulidade absoluta.
INDECLINÁVEL: O acusado não pode renunciar à defesa técnica.
PLENA: Deve estar assegurada em todo o trâmite processual.
EFETIVA: Não é suficiente a aparência de defesa.
A autodefesa Além da defesa técnica, decorre da ampla defesa a garantia da autodefesa, que é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos fundamentais do processo, como, por exemplo, no interrogatório. A autodefesa embora não possa ser desprezada pelo juiz, é renunciável, não podendo o acusado ser obrigado a comparecer para o interrogatório ou para a realização de atos processuais, em decorrência do direito ao silêncio e ao princípio do nemo tenetur se detegere.
Princípio da Publicidade: A autodefesa Além da defesa técnica, decorre da ampla defesa a garantia da autodefesa, que é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos fundamentais do processo, como, por exemplo, no interrogatório. A autodefesa embora não possa ser desprezada pelo juiz, é renunciável, não podendo o acusado ser obrigado a comparecer para o interrogatório ou para a realização de atos processuais, em decorrência do direito ao silêncio e ao princípio do nemo tenetur se detegere, como vimos anteriormente.
Princípio do juiz natural: O Estado na persecução penal deve assegurar às partes, para julgar a causa, a escolha de um juiz previamente designado pela lei de acordo com as normas constitucionais. Surge, então, a previsão inscrita no artigo 5.º, inciso LIII, da Constituição Federal, que dispõe que “ninguém será sentenciado senão pelo juiz competente”. Juiz natural é, portanto, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de competência estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de garantias que lhe assegurem absoluta independência e imparcialidade, evitando, assim, que haja juízos ou tribunais de exceção como ocorre no sistema inquisitorial.
Princípio da identidade física do juiz: De acordo com o art. 399, § 2º, CPP, instituído pela 11.719/08, o juiz que presidir a instrução criminal, deve, em regra, ser o juiz prolator da sentença. Entretanto, diante das exceções previstas no art 132, CPC/73, sem correspondência no CPC em vigor, acabou sendo bastante mitigado.
Princípio da imparcialidade do juiz: O juiz situa-se entre as partes e acima delas (caráter substitutivo). O juiz imparcial é pressuposto para uma relação processual válida. Para assegurar essa imparcialidade, a Constituição Federal estipula garantias (artigo 95), prescreve vedações (artigo 95, parágrafo único) e proíbe juízos e tribunais de exceção (artigo 5.º, inciso XXXVII). Em determinados casos, a própria lei presume a parcialidade do juiz e impõe as causas de Impedimento e de suspeição.
Princípio do Promotor natural: ninguém será processado nem sentenciado senão por autoridade competente" (art. 5º, LIII, da CF)
Princípio da presunção de inocência: Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (artigo 5.º, LVII, da Constituição Federal). A presunção de inocência (artigo 5°, LVII) tem como decorrência natural a conjugação dos princípios constitucionais da ampla defesa (artigo 5°, LV) com o direito humano fundamental que permite ao acusado de se manter calado (artigo 5°, LXIII). Tem por objetivo primordial garantir que o ônus da prova cabe a acusação e não a defesa. As pessoas nascem inocentes, sendo este seu estado natural, razão pela qual, para quebrar tal regra, torna-se indispensável que o Estado-acusador evidencie, com provas suficientes, ao Estado-juiz a culpa do réu.
Deve ser observada sob três aspectos:
PROVA: Deve ser valorada em favor do acusado; quando houver dúvida, interpretação do favor rei ou também denominada de in dubio pro reo, conforme informa o art. 386, VI do CPP.
INSTRUÇÃO PROCESSUAL: Inverte-se o ônus da prova, ou seja, o réu não precisa provar que é inocente, mas sim a acusação precisa fazer prova de que ele é culpado.CURSO DO PROCESSO: Excepcionalidade e a necessariedade das medidas cautelares de prisão.
Princípio da não obrigatoriedade de produzir provas contra si mesmo – Nemo tenetur se detegere: O princípio apresenta-se como uma garantia ao acusado, permitindo que este não seja obrigado a produzir prova contra si mesmo, assegurado o direito de permanecer em silêncio e de decidir se quer colaborar ou não com a investigação criminal ou com a instrução processual, estando consagrado em inúmeras constituições e tratados internacionais.
Princípio do in dubio pro reo: Por este princípio, deve-se privilegiar a garantia de liberdade em detrimento da pretensão punitiva do Estado. Apenas diante da certeza quanto à responsabilização penal do acusado pelo fato que lhe é imputado é que poderá haver condena- ção. O artigo 386, VII do Código de Processo Penal, traz implícito esse princípio.
Princípio as Persuasão racional ou livre convencimento motivado: No princípio da persuasão racional ou livre convencimento motivado, o juiz decide com base nos elementos existentes nos autos, mas sua apreciação não depende de critérios legais preestabelecidos. A avaliação ocorre segundo parâmetros críticos e racionais. Esta liberdade não se confunde com arbitrariedade, pois o convencimento do juiz não é livre, pois está adstrito ao conjunto probatório submetido ao crivo do contraditório e deve ser motivado. Exceção: os jurados, no Júri, não precisam fundamentar suas decisões, pois para eles vigora o princípio da íntima convicção.
Princípio do duplo grau de jurisdição: Consiste na possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau. Não é tratado de forma expressa na Constituição Federal. O duplo grau de jurisdição decorre da própria estrutura atribuída ao Poder Judiciário pela Carta Magna, previstos nos artigos 102, II e III. e 105, II e III da Constituição Federal Há casos em que não há duplo grau de jurisdição, como, por exemplo, nas hipóteses de competência originária do Supremo Tribunal Federal (artigo 102, inciso I, da Constituição Federal).
Princípio da verdade real: O Processo Penal à luz da Constituição não busca a verdade real. Não é um jogo do vale tudo para se chegar à verdade real que, na verdade, é um mito, ranço do sistema inquisitivo. A dignidade da pessoa humana apresenta-se como primeiro limite imposto à busca da verdade real, pois não se admitem os meios de prova que atentem contra a dignidade da pessoa humana, daí decorre o art. 5º, LVI que prescreve que são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos. Por sua vez, o art. 98, I, CF traz a previsão da transação penal nos crimes de menor potencial ofensivo, havendo uma renúncia a qualquer forma absoluta de verdade, pois não há investigação da verdade. Desse modo, a Constituição optou por um processo democrático, adotando o sistema acusatório, com respeito às garantias processuais dentre as quais a dignidade da pessoa humana e a imparcialidade do juiz. Assim, nada que viole essas garantias pode ser admissível, portanto, o que se busca é apurar aa circunstâncias em que o fato ocorreu e não a verdade real.
Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas: A Condição de validade das provas é o respeito ao devido processo e às garantias individuais. Por isso, o art. 5º, LVI, CF e o art. 157, CPP vedam a utilização das provas obtidas e forma ilícita. Doutrinariamente, é estabelecida uma distinção entre prova ilícita e prova ilegítima.
PROVAS ILÍCITAS: São aquelas que violam disposições de direito material ou princípios constitucionais penais. Ex.: confissão mediante tortura e interceptação telefônica sem autoriza- ção judicial.
PROVAS ILEGÍTIMAS: São as provas que violam normas processuais e princípios constitucionais da mesma espécie. Ex.: documento exibido em plenário do júri com desobediência ao disposto no artigo 479 caput do CPP, não podendo esta prova ser aceita por ofensa à norma processual e portanto, ilegítima.
Atenção : Não apenas as provas ilícitas são inaceitáveis, mas todas as provas que dela derivarem – provas ilícitas por derivação – de acordo com a “Teoria dos frutos da árvore envenenada” (Theory of the fruits of poisonous tree) originária do Direito norte-americano.
EXEMPLO: Agentes policiais descobrem através de uma escuta telefônica sem ordem judicial a localização de uma “boca de fumo”. Dirigem-se ao local e apreendem drogas, armas e material de endolação. Apesar do tipo penal previsto no art. 33 da Lei de Drogas ser considerado crime permanente, configurando o estado de flagrante, o material apreendido não servirá como prova, pois trata-se de prova ilícita por derivação, pois só se chegou até ele através da escuta clandestina (prova ilícita).
Entretanto, a teoria dos frutos da árvore envenenada não é absoluta, como você pode observar no disposto no art. 157, § 1º, in fine. Não evidenciado o nexo de causalidade entre a prova obtida de forma ilícita e outras provas obtidas de forma independente, o sistema de contaminação não se efetiva. A prova absolutamente independente (independent source limitation) é uma teoria coexistente à teoria dos frutos da árvore envenenada que preconiza que não havendo vínculo entre as provas , não podemos falar em reflexos irradiando contaminação às provas que não derivaram da ilícita. Na descoberta inevitável (inetivable discorery limitation), apesar de existir um vínculo entre a prova ilícita e as outras provas, estas poderão ser admitidas, partindo-se do pressuposto de que, hipoteticamente, se poderia chegar até a prova de forma lícita. O §2º do art. 157 diz: Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. O legislador chamou de prova independente o que, na verdade, é a descoberta inevitável
ATENÇÃO: Majoritariamente, tem-se de admitido a prova obtida de forma ilícita, com base no princípio da proporcionalidade, quando esta prova for a única capaz de demonstrar a inocência do acusado. Távora e Alencar (2013, p. ) destacam que: O conflito entre bens jurídicos tutelados pelo ordenamento leva o intérprete a dar prevalência àquele bem de maior relevância. Nesta linha, se de um lado está o jus puniendi estatal e a legalidade na produção probatória, e o do outro o status libertatis do réu, que objetiva demonstrar a inocência, este último bem deve prevalecer, sendo a prova utilizada, mesmo que ilícita, em seu benefício. Você deve entender, que como as teorias da fonte independente e da descoberta inevitável flexibilizam a teoria dos frutos da árvore envenenada, o magistrado deve agir com muita cautela ao aferir a interdependência entre as provas obtidas de forma ilícita e as demais.
A investigação criminal
 É a investigação preliminar (gênero) do qual é espécie o inquérito policial, cujo objetivo é formar o lastro probatório mínimo para a deflagração válida da fase seguinte da persecução penal, qual seja: ação penal.
 A investigação criminal não é realizada apenas através do inquérito policial. Há outras formas de investigação, como a realizada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), a executada pelas autoridades militares, pelo Ministério Público etc.
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL
OFICIALIDADE: É sempre realizado num órgão oficial. Se o crime for da competência da Justiça Estadual, ele será conduzido pela Polícia Civil. Se o crime for da competência da Justiça Federal, pela Polícia Federal.
AUTORITARIEDADE: É sempre presidido por uma autoridade policial. Delegado de polícia ou Delegado federal.
OFICIOSIDADE: Havendo crime de ação penal pública incondicionada a autoridade policial deve atuar de ofício, instaurando o IP e apurando prontamente os fatos (art. 5º, I CPP), dispensando qualquer autorização para agir. Nos de ação penal
pública condicionada à representação e nos de ação privada, a autoridade depende da permissão da vítima (art.5º, §§ 4º e 5º da CF).
INDISPONIBILIDADE: Uma veziniciado o inquérito, não pode a autoridade policial dele dispor, devendo levá-lo até o fim, não podendo arquivá-lo por vedação expressa (art. 17 do CPP).
DISPENSABILIDADE: O inquérito não é imprescindível para a propositura da ação penal. Neste sentido: artigos 12, 27, 39, § 5º, e 46,§ 1º, do CPP.
INQUISITIVO: As atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade e não há espaço para o exercício do contraditório ou ampla defesa, razão pela qual, em regra, todas as provas colhidas na fase do inquérito devem ser reproduzidas em juízo, para que o juiz possa valorá-las no momento da sentença.
ESCRITO: Por exigência legal (art. 9º do CPP), os atos orais serão reduzidos a termo.
SIGILOSO: Não comporta publicidade como no processo (art. 20 do CPP). O sigilo não se estende ao juiz, ministério público e à defesa do acusado, conforme art. 7º, XIII a XV e §1º do Estatuto da OAB e Súmula Vinculante 14.
Encerramento do Inquérito
Findas as diligências, a autoridade deve fazer um minucioso e objetivo relatório, sem juízo de valor, para que através deste o MP possa formar sua opinio delicti. O art. 10, § 1º, CPP estabelece que o inquérito será encaminhado ao juízo
competente.
• Prazos para o encerramento do Inquérito
PRAZOS PREVISTOS NO CPP -ART 10: Indiciado solto – O prazo é de 30 dias
 Indiciado preso - O prazo é de 10 dias,contados a partir do dia seguinte à data da efetivação da prisão. 
O art. 10, § 3º, CPP admite a prorrogação por igual período.
ALGUNS PRAZOS ESPECIAIS: Crimes contra a economia popular – prazo de 10 dias, estando o indiciado preso ou não – art. 10, § 1º, Lei 1.521/51.
Lei de drogas – 30 dias para o réu preso e 90 dias para o solto , podendo haver duplicação pelo juiz mediante pedido justificado
– art. 51, Lei 11.343/06.
A Lei Orgânica da Justiça Federal estabelece o prazo de 15 dias para o réu preso – Lei 5.010/66, art. 66.
99 Da baixa para diligências
Ao receber o inquérito Policial concluído, se o Ministério Público entender
que há necessidade de diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia,
pode requerer a devolução do inquérito à delegacia para que estas sejam realizadas,
conforme dispõe o art. 16, CPP.
• Arquivamento e desarquivamento do inquérito
É ato do juiz, que determinará o arquivamento de forma motivada somente se houver pedido, neste sentido, do
Ministério Público que é o titular da ação penal pública (art. 129, I, CF).A autoridade policial, verificando a ausência de justa causa, deverá/poderá deixar de instaurar o IP, mas uma vez já o tendo instaurado, não poderá arquivá-lo, conforme disposto no art. 17, CPP, devendo remeter os autos ao MP para que este decida (Princípio da Indisponibilidade/Obrigatoriedade). 
*Natureza jurídica Trata-se de um ato administrativo complexo, pois o arquivamento depende de forma sucessiva da manifestação de vontade do membro do Ministério Público
e depois do juiz. (RANGEL, 2003, p. 183). Por outro lado, para Eugênio Pacelli (2012, p.66), trata-se de um ato judicial, pois a decisão “gera direito subjetivo ao investigado, em face da Administração Pública, na medida em que a reabertura da investigação está condicionada ou subordinada à existência de determinado fato e/ou situação concreta (art.18, CPP). (grifos do autor)
Havendo discordância quanto ao pedido de arquivamento, o juiz deve remeter os autos ao Procurador Geral, nos termos do art. 28, CPP. Ocorrendo esta hipótese, o Procurador Geral poderá: a) pessoalmente, oferece a denúncia; b) indicar outro órgão do MP para oferecer a denúncia; c) insistir no pedido de arquivamento e, neste caso, o juiz fica obrigado a arquivar os autos do inquérito policial.
*Arquivamento implícito do inquérito
Majoritariamente, tanto o entendimento jurisprudencial quanto doutrinário
é de que não há arquivamento implícito em nosso ordenamento jurídico, já que
não há previsão legal para tanto e o art. 28 do CPP exige que o pedido de arquivamento
de inquérito seja expresso e fundamentado.
Por outro giro, alguns doutrinadores entendem que se deve buscar um mecanismo
para estabilizar a situação do indiciado, razão pela qual vislumbram três
espécies de ocorrência de arquivamento implícito:
SUBJETIVO: Ocorre quando duas pessoas são indiciadas; uma delas é denunciada e o MP se omite com relação a outra; o juiz recebe a denúncia e também se omite com relação a outra.
OBJETIVO: Ocorre quando alguém é indiciado por dois crimes; o MP oferece a denúncia com relação a um dos crimes e se omite com relação ao outro; o juiz recebe a denúncia com relação a um dos crimes e também se omite com relação ao outro.
DE TIPO DERIVADO: Ocorre quando alguém é indiciado por um tipo derivado (ex.: homicídio qualificado); o MP oferece a denúncia com relação ao tipo simples (ex.: homicídio simples), omitindo-se com relação à qualificadora; o juiz recebe a denúncia e também se omite quanto à qualificadora.
A SÚMULA 524 SFT: Embora se refira a ação penal, determina que “Arquivado o Inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”, o que nos leva a entender que não há arquivamento explícito.
A decisão de arquivamento do inquérito faz coisa julgada? A questão é controvertida. Em regra, a decisão de arquivamento faz coisa julgada formal, pois nem existe processo. Assim surgindo novas provas, o inquérito poderá ser reaberto. No entanto, há entendimento no sentido de que, se a decisão revolve o mérito, ela alcança o status de coisa julgada material, quando o fundamento da decisão for com base na atipicidade da conduta ou na extinção da punibilidade.
Teoria Geral da Ação Penal
Características: De acordo com Capez (2014, p. 162) possui como características ser um direito autônomo, abstrato, subjetivo e púbico. Autônomo porque não se confunde com o direito material a ser tutelado; abstrato, pois “independe do resultado final do processo”; subjetivo, “pois o titular pode exigir do Estado-Juiz uma prestação jurisdicional” e público, “pois a atividade jurisdicional que se invoca é de natureza pública”.
Condições da ação penal: Em geral, a doutrina considera como condições da ação a legitimidade, o interesse de agir e a possibilidade jurídica do pedido. É muito comum tentar trazer para o processo penal os conceitos utilizados no processo civil, mas nem sempre essa transposição é adequada.
a) Legitimidade: A pertinência subjetiva é necessária para o exercício da ação. A legitimidade ativa, no processo penal, está ligada à titularidade para a propositura da ação penal (Ministério Público – na ação penal de iniciativa pública ou querelante – na ação penal de iniciativa privada). Já a legitimidade passiva é decorrente da autoria do fato supostamente delituoso, ou seja, figura no polo passivo o acusado/réu contra quem é exercida a pretensão punitiva.
b) Interesse de agir: Na concepção civilista, o interesse de agir se pauta no binômio utilidade/ necessidade, que torna-se difícil de ser aplicado no processo penal, já que este é marcado pelo princípio da necessidade que impõe que para se chegar a pena o processo é “o caminho necessário e imprescindível, até porque o Direito Penal somente se realiza no processo”. (LOPES JR., 2016, p. 192). Para o autor, o interesse de agir, no processo penal, se configura na prática de um fato aparentemente criminoso (fumus commissi delicti), resultando na necessidade do processo para o exercício do ius puniendi do Estado.
c) Possibilidade Jurídica do pedido: Quanto a esta condição, tanto Eugênio Pacelli quanto Aury Lopes Jr. fazem uma crítica em se adotar a concepção civilista no processo penal. O pedido, na ação penal, é sempre de condenação. Assim, a possibilidade jurídica do pedido é, na realidade, a possibilidade de punibilidade concreta, ou seja, é a possibilidade de se poder aplicar a pena caso a decisão seja de condenação. Assim, “presente a causa de extinção de punibilidade, como a prescrição, a decadência, a renúncia [...], a denúncia ou queixa deveráser rejeitada ou o réu absolvido sumariamente, conforme o momento em que seja reconhecida”. (LOPES JR., 2016, p. 196)
d) Justa causa: É a existência de indícios mínimos de autoria e materialidade, ou seja, é o suporte probatório mínimo, sem o qual ninguém pode ser processado criminalmente.
Condições especiais da ação penal
Em determinadas situações, além das condições gerais que acabamos de estudar, a própria legislação processual exige outras condições para que se possa exercer do direito de ação:
• Representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça nas (nas ações públicas condicionadas)
• Entrada do agente no território nacional para atender ao disposto no art. 7º, do Código Penal;
• Autorização do Legislativo para a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-presidente da república; Ministros de Estado pela prática de crimes comuns – art. 51, I, CF;
• Trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou ocultamento de impedimento – art. 236, parágrafo único do CP
Ação penal de iniciativa pública:
TITULARIDADE: Pela regra do art. 129, I, da CF, será do Ministério Público, com exclusividade, seja ela condicionada ou incondicionada.
EXCEÇÃO: A Constituição em seu art. 5º, LIX e o CPP no artigo. 29 trazem a previsão de que, caso o MP não ofereça denúncia no prazo legal, é admitida a ação penal privada subsidiária da pública, proposta pelo ofendido ou por seu representante legal.
Princípios que regem a ação penal pública
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE: O MP não pode recusar-se a dar início à ação penal, caso identificada sua hipótese de atuação (materialidade delitiva e indícios de autoria).
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE: Tem previsão no art. 42 do CPP. Ajuizada a ação penal, não poderá mais dela desistir o MP.
PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE: A persecução penal é promovida por órgãos oficiais/públicos.
PRINCÍPIO DA OFICIOSIDADE: O MP deve agir de ofício, independentemente de provocação, salvo quando a ação penal pública for condicionada à representação ou requisição do ministro da justiça (art. 100, §1º, CP e art. 24, CPP).
PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE: “ [...]. O princípio da indivisibilidade, próprio da ação penal de iniciativa privada, não se aplica à ação penal pública”. (Ac. de 18.3.2008 no HC nº 581, rel. Min. Cezar Peluso; no mesmo sentido o Ac. nº 490, de 14.9.2004, rel. Min. Francisco Peçanha Martins.)
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA: A ação penal, quer seja pública ou privada, deve ser
proposta a quem se imputa a prática do delito.
PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA DA AÇÃO PENAL: A ação penal é suficiente/tramita por si só, salvo em relação às matérias que versem sobre o estado de pessoas, indicando a prejudicialidade (art. 92 doCPP).
A ação penal de iniciativa pública subdivide-se em incondicionada ou condicionada.
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: É aquela em que não há nenhuma condição especial
para o seu ajuizamento.
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA: É aquela cujo exercício exige uma condição especial
que pode ser tanto a representação quanto a requisição do Ministro da Justiça. 
Ação penal pública condicionada à representação
O MP somente poderá dar início à ação se a vontade da vítima ou de seu representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação de livre vontade, chamada de representação. A representação possui natureza jurídica eminentemente processual, mas aplica-se a ela as regras de direito material intertemporal. O não exercício da representação legal acarreta a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, IV, CP.
• Titular do direito da representação
A titularidade do direito de representação é do ofendido ou de seu representante legal, caso seja menor ou incapaz. Pode o direito de representação também ser exercido por procurador com poderes especiais (art. 39, caput, CPP).
• Prazo para o exercício do direito de representação
O art. 38 do CPP estabelece que “Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contando do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia”. Trata-se de prazo decadencial que não se suspende, nem se prorroga, como já vimos anteriormente.
Observações:
• O prazo não contará para o menor, nem para o mentalmente incapaz, enquanto não cessar a incapacidade; pois não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. Assim, o prazo fluirá apenas para o representante
legal, caso saiba quem é o autor da infração.
• Com o advento do Código Civil de 2002, os artigos arts. 34 e 50, parágrafo único, CPP, estão tacitamente revogados, pois o menor completando a maioridade é legitimado exclusivo, cessando a legitimidade do representante legal, não ocorrendo mais a legitimidade concorrente, mas o enunciado da Súmula 594, STF continua válido.
Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça
A requisição é um ato político praticado pelo Ministro da Justiça, requisitando a instauração da ação nas seguintes hipóteses:
a) crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (art.7º, §3º, “b”, CP);
b) crimes contra a honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro(Art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP);
c) crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República(Art. 141, I, c/c art. 145, parágrafo único, CP).
• Prazo para oferecimento da requisição
Diferentemente da ação penal pública condicionada à representação, na omissão do CPP, pode o Ministro da Justiça oferecer a requisição a qualquer tempo, desde que não esteja prescrito o delito.
• Eficácia objetiva da representação e da requisição
Feita a representação ou a requisição contra apenas um suspeito, esta se estenderá aos demais, autorizando o MP a propor a ação em face de todos.
• Da retração da representação e da requisição
Aquele que representou pode se retratar até o oferecimento da denúncia; porém, a partir do momento que esta foi oferecida não cabe mais a retratação, conforme previsto no art. 25,CPP.
Quanto à requisição, por falta de previsão legal não é possível a retratação. Na Ação Penal nos casos da Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340/2006), após o julgamento da ADIn nº. 4424, proposta pelo PGR, e julgada (pelo STF) em
fevereiro de 2012 (10x1), em que foi dada interpretação conforme a CF ao art. 16 da referida lei, não se permite mais a retratação da vítima em audiência, pois em relação à lesão corporal de qualquer natureza, a ação será pública incondicionada, não sendo necessária a representação.
Ação penal privada
Legitimidade: A legitimidade para a propositura da ação é do ofendido (vítima) ou de seu representante legal.
• Prazo para ajuizamento da queixa-crime O prazo, como já visto quando do estudo da representação, é decadencial de 6 meses a partir do conhecimento da autoria do fato, de acordo com o art. 38, CPP.
Exceções à regra do art. 38, CPP:
• No crime do art. 236 do CP (induzimento a erro essencial e ocultação a impedimento), o prazo de 06 meses conta a partir do momento em que houve o trânsito em julgado da sentença cível que anulou o casamento;
• Nos crimes de ação privada contra a propriedade imaterial que deixarem vestígios, sempre que for requerida a prova pericial: 30 dias contados a partir da ciência da parte sobre a homologação do laudo pericial (art. 529, caput, CPP). Haverá 06 meses para requerer a busca e apreensão dos objetos que constituem o corpo do delito abrindo-se, após, prazo de 30 dias para a apresentação da queixa crime.
Em caso de morte, ou declaração de ausência, o direito de queixa, ou de prosseguir com a acusação, passará para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31, CPP).
Princípios que regem a Ação Penal Privada
PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA: O ofendido tem a faculdade de propor a ação penal, podendofazê-lo ou não.
PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE: Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não com a ação é do ofendido. É decorrência do princípio da oportunidade. A parte poderá dispor do conteúdo do processo até o momento do trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou perempção (arts. 51 e 60, CPP).
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: Está previsto no art. 48, CPP. Significa que o ofendido pode escolher entre propor ou não a ação penal, porém não pode optar dentre os ofensores que irá processar.
A ação penal de iniciativa privada subdivide-se em exclusivamente privada, privada personalíssima e privada subsidiária da pública.
• Ação penal exclusivamente privada ou propriamente privada
– Pode ser exercida pela vítima ou por seu representante legal.
– Admite a possibilidade de sucessão em caso de morte ou ausência da vítima – art. 30 c/c art. 31, CPP.
– O sucessor tem o prazo de 60 dias para prosseguir com a ação, sob pena de perempção – art. 60, II, CPP.
• Ação penal privada personalíssima
– A titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido; não há exercício da ação pelo representante legal, nem há sucessão por morte ou ausência, pois trata-se de um direito personalíssimo e intransmissível.Assim, falecendo o ofendido, aguarda-se até a extinção da punibilidade.
– Há apenas uma hipótese em nosso ordenamento jurídico, que é aquela prevista no art. 236 CP (induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento).
• Ação penal privada subsidiária da pública
Pode ser proposta nos crimes de ação penal pública, quando o MP perder quedar-se inerte, ou seja, não oferecer a denúncia, nem requerer o arquivamento, nem baixar os autos do IP para novas diligências. Tem sua previsão legal no art. 5º, LIX, CF e no art. 29, CPP.
Passaremos agora ao estudo dos institutos que geram a extinção da punibilidade na ação penal privada:
Renúncia – arts. 49 e 50, CPP: Em decorrência do princípio da oportunidade, o ofendido pode renunciar ao seu direito de queixa. A renúncia é um ato unilateral que ocorre antes do oferecimento da queixa, podendo ser tática ou expressa. Por conta do princípio da indivisibilidade da ação privada, se houver mais de um suspeito, a renúncia a um se estenderá aos demais, pois apesar do ofendido. poder renunciar ao seu direito de queixa, não pode escolher dentre seus ofensores aqueles que quer processar- art. 48, CPP.
Perdão – arts. 51 a 60, CPP: O perdão é decorrente do princípio da disponibilidade da ação privada. Trata-se de um ato bilateral, significando que aquele que está sendo perdoado deve manifestar o seu aceite, que ocorre após o oferecimento da queixa e pode ser, também, expresso ou tácito. Da mesma forma que a renúncia, havendo mais de um acusado o perdão será estendido aos demais, mas só gerará efeitos para aqueles que o aceitarem.
Perempção - A perempção é uma punição de natureza processual imposta ao querelante quando este se abstém da prática de um ato que deveria realizar, dentro das situações descritas no art. 60 e incisos, CPP.
	DECADÊNCIA
 Atinge diretamente o direito de ação
	PRESCRIÇÃO
Atinge diretamente o direito de punir ou executar punição já imposta.
	PEREMPÇÃO
Atinge o direito de prosseguir na ação.
	Só ocorre nos crimes de
ação penal privada e nos crimes
de ação penal pública
condicionada à representação
do ofendido (6 meses).
	Pode ocorrer tanto nas
ações penais públicas (condicionadas
ou não) quanto
nas ações penais privadas
(não importando a espécie).
	Só ocorre nos crimes
de ação penal
privada (exclusiva ou
personalíssima).
	Sempre ocorre antes da
ação penal.
	Pode ocorrer a qualquer
momento, inclusive após
o trânsito em julgado da
sentença.
	Só ocorre após início
da ação penal.
Tanto a renúncia, quanto o perdão e a perempção são causas extintivas da punibilidade do agente, previstas no art. 107, incisos IV e V do Código Penal.
• A denúncia, a queixa e o aditamento
A denúncia é a peça acusatória inaugural da ação penal pública incondicionada e condicionada – art. 24, CPP, enquanto a queixa-crime é a peça exordial da ação penal de iniciativa privada.
• Requisitos da denúncia e da queixa – art. 41, CPP
a) Descrição do fato em todas as suas circunstâncias: A descrição deve ser precisa, não se admitindo a imputação vaga e imprecisa. Havendo concurso de agentes, a denúncia deve especificar a conduta de cada um dos coautores e partícipes.
b) Qualificação do acusado ou fornecimento de dados que possibilitem
sua identificação: Qualificar é apontar o conjunto de qualidades pelas quais se possa identificar o denunciado.
c) Classificação jurídica do fato: A correta classificação do fato imputado não é requisito essencial da denúncia, pois não vincula o juiz, que poderá dar àquele definição jurídica diversa (emendatio libelli).
d) Rol de testemunhas: O arrolamento de testemunhas é facultativo. Entretanto, o momento adequado é o da propositura da ação – art. 41, CPP, sob pena de preclusão.
e) Pedido de condenação: Na ação penal pública não precisa ser expresso, bastando que esteja implícito na peça, enquanto na ação penal privada deve ser expresso sob pena de perempção – art. 60, inciso III, CPP.
f ) O endereçamento da petição: O endereçamento equivocado não impede o recebimento da denúncia, tratando-se de mera irregularidade sanável com a remessa dos autos ao juízo competente.
g) O nome, o cargo e a posição funcional do denunciante
h) A assinatura: A falta de assinatura não invalida a peça, se não houver dúvidas quanto à sua autenticidade.
• Prazo para a denúncia – art. 46, CPP
Em regra, o Ministério Púbico tem o prazo de 15 dias, se o indiciado estiver solto ou afiançado, e de 05 dias, se estiver preso, contado da data em que o MP receber os autos do inquérito policial. O excesso de prazo provoca, em se tratando de indiciado preso acarreta o relaxamento de prisão, além de possibilitar o exercício da ação penal privada subsidiária, por parte do ofendido, estando o indiciado preso ou solto.
• Aditamento da denúncia e da queixa pelo Ministério Público
No que tange à ação penal de iniciativa pública, não há nenhuma controvérsia quanto ao aditamento da denúncia pelo MP, já que o órgão ministerial é o titular do direito de ação. O aditamento pode ser de caráter objetivo, quando surgem novos fatos durante a instrução ou subjetivo, quando se toma conhecimento de que havia outro ou outros autores.
Quanto à ação penal de iniciativa privada, o aditamento por parte do MP não é um tema pacífico. Há quem entenda que seria possível o aditamento por força do art. 48, CPP.
Você deve entender, como já visto anteriormente, que a intervenção do MP se faz necessária por tratar-se de uma ação penal pública de iniciativa privada, em que o órgão ministerial intervém na qualidade de custus legis e não como acusador. Majoritariamente, entretanto, tem-se se entendido que não cabe ao MP aditar a queixa nas ações penais exclusivamente privadas. O MP não pode acrescentar fatos novos à queixa, nem tão pouco incluir novos réus.
Se o querelante tinha conhecimento de que mais de um autor praticou o fato e ofereceu queixa apenas em face de um, ocorreu a renúncia tácita. Se tomou conhecimento de co-autor durante a instrução deve o próprio querelante aditar a queixa e caso não o faça configura o perdão tácito. Nessas hipóteses, o MP manifestando-se na qualidade de fiscal da lei deve requerer a extinção da punibilidade dos agentes.

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