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GESTÃO DE PROJETOS DE MUDANÇA AULA 6 Profª Erika Gisele Lotz 2 CONVERSA INICIAL Olá! Para iniciar as nossas reflexões, aí vão algumas perguntas: como saber o que especificamente precisa ser modificado? Como levantar as razões ou os motivos para realizar determinada mudança de modo a mobilizar comportamentos para que ela ocorra? Se a organização entende que há uma necessidade real de mudança, como construir as fases deste processo? E como identificar soluções que sejam proativas e abram espaço para avanços em detrimento daquelas que apenas ofereçam reforço ao problema? Interessante, não? Esses são os temas que esperam por você nesta aula. Desejando-lhe boas reflexões e insights, dou as boas-vindas! CONTEXTUALIZANDO Mudanças, sobretudo as planejadas – em qualquer atividade humana –, requerem atenção e cuidado. Perceba que, apesar de absolutamente necessárias, quando ocorrem, podem trazer desconforto, insegurança e sofrimento. Se mergulharmos em busca da raiz desse sofrimento, na maior parte dos casos, lá estará ela: a resistência! O mais curioso é que as resistências originadas no indivíduo podem se espalhar como vírus por toda a equipe, arrastando a todos para a zona do medo. O medo tem um papel importante, ele cumpre uma função evolutiva de identificar o perigo (real ou imaginário) e afastá-lo de você, de modo a preservar sua integridade. O medo, dessa forma, pode paralisar. E quando essa paralisia ocorre em função apenas de situações imaginárias, que jamais acontecerão? Já parou para pensar? É exatamente aí que os fantasmas fazem a festa! Fantasmas? Sim, fantasmas! São os pensamentos que antecipam cenários temidos que sequer acontecerão! São “tragédias” que ocorrem apenas na mente, assim como aqueles monstros que as crianças veem (ou pensam que veem) embaixo da cama e atrás do armário, fazendo o sangue gelar nas veias, suar frio e o coração bater tão aceleradamente que parece querer sair pela boca. O lado bom da situação é descobrir que esses monstros vivem apenas em nossa mente, e que, quando acesa a luz, eles vão embora! Pense numa maravilha de descoberta! Deixando os fantasmas do armário em paz, a relação com a nossa aula de hoje é que a armadilha consiste em permitir que esse medo de cenários que jamais acontecerão sequestre o indivíduo e o grupo da 3 realidade, do aqui e agora, e inibam a ação de modo a evitar o cenário temido. Convenhamos, a ausência de movimento em um período de mudanças aceleradas não é lá muito conveniente. Por outro lado, por que isso ocorre? Por que o medo da mudança? As coisas como estão podem até não estarem boas, mas ao menos já sabemos como agir. O script é conhecido. Quando ele muda, somos assolados por uma enxurrada de pensamentos: Darei conta? Meus conhecimentos e habilidades são suficientes? Se não forem, perderei meu espaço e minha credibilidade como profissional! E assim por diante! E dá-lhe fantasmas! Vamos pensar em um outro pequeno exemplo: imagine que, ao chegar em seu trabalho, várias atividades que você fazia mudaram parcialmente ou totalmente. Queira ou não, isso ameaça sua zona de conforto e, em outras palavras, ameaça sua rotina, pois você já estava acostumado com o trabalho. Assim, estimado companheiro de jornada, entender os temas apresentados nesse capítulo contribuirá não só para questionar a resistência pessoal frente as mudanças, como também para que você possa seguir com confiança rumo aos benefícios que as mudanças podem proporcionar. Saiba mais Você sabia que existe uma metodologia fantástica para a gestão de projetos? Conheça o PMBOK, compilado pela expertise do PMI – Project Management Institute. Leia o artigo intitulado Guia PMBOK, método da gestão de projetos, disponível em <http://www.portal- administracao.com/2014/01/entendendo-o-guia-pmbok.html> e depois, se desejar, conheça o documento na íntegra, disponível em <http://www.jcoltro.com.br/project2000/pmbok.pdf>, ou acesse <http://baixadorlivre.blogspot.com.br/2014/08/guia-pmbok-5-edicao-em- portugues-2013.html>, para fazer o download do documento. TEMA 1 – O QUE MUDAR? O DIAGNÓSTICO Uma sociedade, um país, uma organização pública ou privada e cada um de nós, seja na vida pessoal ou profissional, carrega a noção geral de o que mudar, observando como as coisas parecem não funcionar mais da forma como funcionavam. Vejamos a história aqui particularizada em nossos avós, pais e em nós mesmos. Muitas coisas que funcionavam e eram boas na época de nossos 4 avós hoje não fazem o menor sentido para nós (sequer conseguimos saber o que é a “coisa”)! Isso não significa que eles estavam errados. Era a forma como as coisas funcionavam na época deles. O mesmo ocorria com nossos pais. De modo particular, você e eu sentimos que se insistirmos em fazer as mesmas coisas que fazíamos há alguns anos e da mesma forma, não Olá! Eu sou um telefone! Sou um superstar! Quanta tecnologia! É sério isso? No futuro teremos uma filha. Ela vai fazer um curso de datilografia! 5 conseguiremos resultados iguais. E pior: possivelmente conseguiremos resultados piores em relação aos que conseguíamos no passado. O que isso tudo quer dizer? Essa breve introdução é um convite para refletir sobre o quão fundamental é as coisas mudarem. E assim também ocorre com as organizações. Observe as imagens abaixo e perceba a diferença de linhas de montagem em cada ano. Figura 1 – Linha de montagem automotiva em 1913 Fonte: <http://blog.reloadtech.com.br/wp- content/uploads/2016/04/1_1927_rouge_linha_dez_1927_mcities-768x543.jpg>. Figura 2 – Linha de montagem automotiva contemporânea Fonte: <http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2013/05/saiba-o-que-estuda- robotica-e-suas-aplicacoes-na-producao-industrial.html>. Mas o que mudar? As mudanças fazem parte do cotidiano, e o que deve ser mudado são atividades e processos que já não atendem às necessidades 6 propostas. O que se pode observar, portanto, é que um problema sempre traz consigo um real convite à mudança, de modo a transformá-lo. Daí a importância da forma de olhar para a situação. [...] em parte somos o fruto de “nós mesmos”, ou seja, fomos responsáveis por uma fração daquilo que somos hoje, posto que nossa mente participou ativamente da elaboração de muitas das convicções que nos governam. Assim, para querermos mudar de fato, temos de ter mudado nossos pontos de vista acerca de determinada forma de ser ou de agir. (Gikovate, 2014, p. 49). O que é possível mudar a partir destes significados? De forma simples, essa resposta é: tudo aquilo que apresenta ou pode vir a apresentar problemas. Um diagnóstico detalhado pode nos mostrar onde estão os problemas e reconhecer a importância de solucioná-los. Aceitar a existência de problemas e reconhecer a importância em mudar é o primeiro passo rumo à mudança planejada. Esta fase somente será possível com um bom diagnóstico nos processos da organização, que indicará quais são os problemas e qual a prioridade para a solução. De acordo com Lacombe (2004, p. 110), o diagnóstico é “a etapa do processo decisório em que se definem os problemas e as oportunidades e as causas que lhe deram origem”. É o estudo dos sintomas, para que, por intermédio deles, possamos descobrir as causas que lhes deram origem. Humm... Diagnóstico é a identificação dos problemas a partir dos sintomas! Entendi! 7 Muito comum essa fala, não é mesmo?Esta cena caracteriza um dos comportamentos na solução de problemas em que apenas se “fala” e não se age de acordo com uma metodologia de diagnóstico eficiente. Quer um exemplo? A pessoa está com uma dor de cabeça danada e, seguindo uma tendência natural, toma um analgésico; a dor volta em algum tempo, então ela toma outro, de modo que este processo se repete ininterruptamente. A pessoa teima em tomar analgésico sem parar e não entende a dor de cabeça como um sintoma. Em um primeiro momento, o analgésico é o que se toma para debelar a dor e trazer um conforto, mas como essa dor é apenas um sintoma (com raras exceções), o correto para a solução definitiva do problema é buscar a causa da dor de cabeça. Uma das causas para esse exemplo pode ser uma infecção qualquer, cujo sintoma é a dor de cabeça, mas, enquanto a pessoa não identificar e atuar sobre a causa, continuará tomando analgésicos. Com isso, a causa (infecção) tende a piorar a cada hora, podendo ocasionar um problema mais sério. Sintoma: revela a existência de uma doença ou problema. Causa: agente que produz o efeito; motivo; razão; origem; princípio. Efeito: consequência; resultado de uma causa. (Kury, 2002). Qual é o seu problema?!? Eu já falei mais de dez vezes que este problema não deve acontecer e não adianta, será que vou ter que falar mais de vinte ou trinta vezes? 8 E como é isso no mundo organizacional? Para ilustrar, vamos visitar a cena com a seguinte situação: uma organização verificou que um dos problemas que lá existem é o elevado custo de produção (efeito), como se fosse a dor de cabeça citada anteriormente. Somente um diagnóstico no sistema de produção pode nos dizer qual a causa do elevado custo. Nesse exemplo, poderíamos diagnosticá-la como as constantes quebras de máquinas que obrigam os funcionários a pararem por horas a produção. Neste caso, a causa do problema é a falta de manutenção preventiva nas máquinas, ou máquinas em final de vida útil, que devem ser substituídas. O efeito do problema é o elevado custo de produção. Isso significa que, enquanto o problema das máquinas (causa) não for resolvido, as reclamações a respeito do elevado custo de produção continuarão a acontecer. E a organização continuará a ver o dinheiro indo embora desnecessariamente! Também vale destacar a importância de compreender que, sempre que perguntarmos o que mudar, existirão algumas questões a serem observadas. Os tipos de mudanças são motivados por reação ou proação. O que mudamos por reação? Reação é quando o problema aparece e começamos a solucioná-lo. Note que, neste caso, somos literalmente “empurrados” a solucionar o problema que já apareceu e que traz seus efeitos negativos para a organização. Podemos entender, com isso, que a mudança por reação se dá devido a um desconforto que já está ocorrendo (resultados indesejados), levando-nos a iniciar um processo de mudança. Então quer dizer que o ponto é a correlação existente quando ocorre um PROBLEMA (o que notamos) e o EFEITO? Isso mesmo! E mais! O que realmente resolverá o PROBLEMA (efeito) é um bom trabalho de DIAGNÓSTICO para determinarmos uma ou mais CAUSAS que estão gerando este PROBLEMA. Se em cima delas trabalharmos, solucionaremos o PROBLEMA. 9 O que mudamos por proação? Proação é quando, antecipadamente, o grupo gestor e/ou estratégico da organização consegue prever alguns problemas que acontecerão em um futuro próximo ou mais longo e se preparam em seus processos para que, na chegada desses problemas, já estejam claros os mecanismos de imediata solução. Na mudança de características proativas (proação), o desconforto ainda não está ocorrendo, mas no processo de diagnóstico, percebe-se que é hora de agir antes que ele ocorra. Naturalmente, é importante compreender que, nas organizações, os problemas aparecem e são solucionados como reação, sendo também possível adotar, em diversos aspectos, a gestão proativa, aquela na qual já se está preparado para enfrentar os desafios. Portanto, é sempre válido ter em mente um diagnóstico eficiente que identifique os problemas (seja por reação ou por proação), que observe e analise suas características, podendo facilmente evidenciar as verdadeiras causas para facilitar e dar efetividade na sua solução. Texto de leitura obrigatória Leia Como fazer um diagnóstico organizacional e alinhar seus objetivos estratégicos. Disponível em: <https://www.ohub.com.br/ideias/como-fazer-um- diagnostico-organizacional-e-alinhar-seus-desafios- estrategicos/#.WRHcifnyuUk>. Saiba mais Para entender como a pesquisa de clima é uma poderosa ferramenta de diagnóstico, que permite agir tanto de modo reativo, quando a insatisfação já se instalou, quanto de modo proativo, de modo a elevar o patamar de satisfação dos colaboradores, leia o texto Como fazer um diagnóstico de uma empresa? Disponível em: <http://www.portalodia.com/blogs/carreira/como-fazer-um- diagnostico-de-uma-empresa--6831.html>. Curiosidades A tomada de decisão proativa perpassa pelo perfil comportamental proativo. Assista ao vídeo De bem com sua carreira – atitude reativa e proativa. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_kkLYbMp6Ys> 10 Respire fundo e assista também ao interessante vídeo O mundo é dos proativos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=W9eQXGkDLCY> TEMA 2 – POR QUE MUDAR? AVALIAÇÃO DE GANHOS E PERDAS Por que mudar? Talvez essa seja uma pergunta bastante comum. Mas não se engane, por trás de uma resposta simples, existe uma energia mobilizadora poderosa, que fará toda a diferença no vigor e na potência colocada no processo, na obstinação frente aos desafios do desconhecido e no foco em relação ao objetivo. Ter um objetivo em foco no processo de mudança é não apenas saudável, mas necessário. Qual o propósito de mudar as coisas simplesmente por mudar, não é mesmo? Muitas vezes, a força mobilizadora para a mudança reside na insatisfação – demonstrada nos resultados experimentados e vividos, seja pelo indivíduo, pelos grupos ou pelas organizações – nos processos, pessoas, tecnologia e política. Toda mudança tem como ponto de partida uma rigorosa autocrítica e uma avaliação sincera de como somos, dos malefícios que causamos a nós mesmos e/ou a terceiros e de como seríamos mais felizes se nos livrássemos de alguns dos nossos comportamentos. Como todo processo de mudança é difícil e trabalhoso, em geral ele só se concretiza quando a pessoa se conscientiza de que computa grandes perdas por ser do jeito que é. (Gikovate, 2014, p. 49) Nem sempre é fácil notar a necessidade de mudança antes que problemas sejam notados. Por isso, é, de certa forma natural, que a maioria das mudanças nas organizações apareça de forma a reagir aos problemas que acontecem, de modo que a outra parte se destine a mudanças de forma proativa (antes que os problemas sejam notados nos resultados da organização), antecipando, assim, a ocorrência de problemas nos resultados da organização. Existem duas perguntas interessantes que podem contribuir para liberar a energia, o vigor e a potência para a mudança. São elas: 11 No processo de mudanças, ter os ganhos (olhar para o resultado desejado) como fatores motivacionais é fundamental para mobilizar a energia para a ação. As breves reflexões promovidas por essas duas simples perguntas contribuem para a visualização de possibilidades futuras. Com isso, oportunizam indivíduos, grupos e organizações a fazerem escolhas desejadas parachegar, ou não, lá. Quando o cenário que se desenha prevê algo que não é do agrado, ele já está enviando a mensagem com os motivos pelos quais é importante mudar. A avaliação de ganhos e perdas contribui para que a organização desenhe cenários futuros e avalie o reflexo das mudanças ou da ausência delas em diversos aspectos. E esse exercício é fundamental para despertar e fortalecer o desejo de mudança. Por meio da avaliação de ganhos e perdas, é possível identificar os possíveis benefícios ao escolher adotar a mudança e também identificar as possíveis perdas ao negligenciá-la. (Gramms; Lotz, 2017). Vale destacar também que, para todo ponto, existe um contraponto que não pode nos apanhar de surpresa! Por isso, é importante olhar também para as situações que orbitam em torno da mudança e podem explicitar outros desafios a serem ultrapassados. Um exemplo é o processo de mudanças que a alta gestão tenha a clareza do porquê mudar, mas os subordinados, não. Portanto, seria natural esperar que a resposta à mudança fosse resistência e desmotivação, já que os colaboradores seriam retirados da zona de conforto. Daí a importância da estratégia para lidar Fique de olho! deolho !ilizador as 1. O que ganhamos em empreender a mudança? 2. O que podemos perder caso optemos por manter as coisas como estão? 12 com tal situação, de modo a sensibilizar e conduzir o processo de mudanças. Pois de que adianta solucionar um problema e criar outro? Ou outros? A mudança é um processo sistêmico que envolve diversas áreas, setores e pessoas e, por isso, é fundamental avaliar sempre ganhos e perdas, pontos e contrapontos, efeitos de determinadas ações de modo já antever os resultados e adotar estratégias que minimizem, reduzam ou eliminem eventuais forças restritivas da mudança (Esta lembrado? Conversamos sobre isso no capítulo 1). Acredite, existem maneiras para minimizar ou eliminar as forças restritivas. Quer um exemplo? Uma organização que opta por mudar processos convoca os envolvidos (todos, e não só o gestor da área) e expõe os motivos da mudança e a necessidade da compreensão de todos, mostrando os resultados esperados com a sua participação. A comunicação e o treinamento nos novos processos atuarão de modo a enfraquecer as resistências e a fortalecer a importância da mudança. Lembre-se, a pergunta por que mudar? não é só do grupo gestor que visualiza resultados cenários e resultados indesejados. É também de quem está no campo operacional. Conhecer tais respostas certamente será uma colaboração importantíssima para o sucesso da mudança. E tem mais! Você sabia que processo de aceitação da mudança e a efetiva resposta à questão “por que mudar?” virá de forma contundente na apresentação dos novos resultados obtidos com as mudanças? A partir dos Ah! Agora entendi por que no 5ws e 2 Hs da outra aula você insistiu tanto na importância de deixar bem esclarecido “o porquê mudar?”. Se as pessoas conhecem os propósitos, fica muito mais fácil que se comprometam com eles! 13 resultados positivos a que a mudança se propôs, será – com fatos e dados – o mecanismo com que melhor se pode contar. Texto de leitura obrigatória Leia o artigo “A importância das mudanças organizacionais”. Disponível em: <http://www.rh.com.br/Portal/Mudanca/Artigo/4340/a- importancia-das-mudancas-organizacionais.html>. Saiba mais Leia o artigo intitulado “Secretário como agente de inovação”. Disponível em: <http://www.supersecretariaexecutiva.com.br/secretariado/secretario-como- agente-de-inovacao>. Curiosidades Conheça a ferramenta de ganhos e perdas na tomada de decisão, acesse: <http://www.flaviolettieri.com.br/swot.aspx> TEMA 3 – FASES DO PROJETO DE MUDANÇA Você já parou para pensar na diferença entre método e ferramenta? Método é sequência lógica para obtermos determinados resultados, metas ou objetivos. Ferramenta é o recurso utilizado no método. Compreender essa diferença auxiliará a trilhar com clareza a jornada pelas fases da mudança. Eu sei por quê! Não adianta utilizar equipamentos e tecnologia da informação de última geração, que são apenas ferramentas, se estes não forem escolhidos com base em uma metodologia apropriada. 14 Exatamente! Vamos olhar para um exemplo prático. Dois supermercados operam com sistema de controle de estoques antigo e que já apresenta problemas. Ora faltam alguns itens de produtos, ora sobram. Um terceiro supermercado opera por meio de um sistema moderno e que atende perfeitamente os níveis de estoque necessários. Por este fato, os clientes estão lhe dando preferência, visto que não faltam produtos e, assim, evitam a possibilidade de retornar mais tarde para completar suas compras. Isso tem feito com este terceiro mercado ganhe clientes dos outros dois. Os dois supermercados que possuem sistemas antigos resolvem atualizar seus sistemas de controle de estoques com o objetivo de manter a competitividade. Ambos contratam novos sistemas, mas uma diferença na implantação nos dois supermercados nos dará uma ideia da importância do método. O primeiro a mudar apenas contrata um novo sistema e, por algum motivo, não treina os colaboradores do setor, passando a ter problemas mais sérios em relação ao sistema antigo. Continuam faltando produtos, compras são feitas em quantidades maiores ou menores que as necessárias. O segundo a mudar contrata, da mesma forma, um novo sistema, mas toma o cuidado de, antes da sua implantação, manter o antigo até que todos os funcionários sejam treinados e se tenha certeza de que podem operar o novo sistema com conhecimento pleno. Mesmo assim, a implantação do novo sistema acontece de maneira gradual, avaliando a capacidade dos funcionários com o treinamento que lhes foi aplicado. Rapidamente, este supermercado está no nível daquele que estava levando parte de seus clientes e em condições iguais de concorrência nesta área. Certamente, os fornecedores de sistemas de controle de estoque alertam para a relevância do treinamento, alguns já o incluem no pacote. Contudo, o exemplo auxilia a compreender a relevância da correta observação das fases a serem percorridas no processo de mudanças. O primeiro supermercado, que não treinou os funcionários, continuará a ter problemas até que realize esse procedimento. Por isso, é preciso olhar para métodos e ferramentas! Os dois são importantes, mas se a mudança não for desenvolvida obedecendo as FASES de acordo com o MÉTODO correto, o resultado será pior que o antigo sistema. 15 O que isso significa? Que o método, e não a utilização e aplicação das ferramentas, é o responsável por resolver as situações que a organização deseja mudar. Ambos são absolutamente relevantes, cada qual com seu papel, a ser desempenhado na hora certa. Mas como saber a hora certa? Para nos auxiliar na condução dessa pergunta, vamos caminhar pela Metodologia de Análise e Solução de Problemas – Masp. Você já ouviu falar sobre o assunto quando aprendeu sobre o PDCA na aula sobre a caixa de Ferramentas. Observe o quadro a seguir pela perspectiva da metodologia Masp. Quadro 1 – Método de análise e solução de problemas (Masp) P 1 Identificação Qual efeito indesejado (problema) queremos resolver? 2 Observação Quais são as possíveis causas geradoras desse efeito indesejado? Que hipóteses podemos levantar? 3 Análise Qual a causa raiz? Qual ou quais fatores são determinantes para fazer com que o problema ocorra? 4 Plano de ação O que vamos fazer? Comovamos fazer? Quando vamos fazer? Quem será responsável por? Quanto vai custar? D 5 Ação Aplicar o que foi planejado. C 6 Verificação Observar se o problema persiste. Caso sim, voltar à fase 2 da observação. Caso a mudança tenha ocorrido, seguir para a fase da padronização. A 7 Padronização Assegurar que o novo método ou comportamento vire rotina. 8 Conclusão Levantar os aprendizados. Fonte: Elaborado com base em Campos (2013). A fase da identificação do problema tem por foco notar o efeito indesejado. No caso ilustrado, após a implantação do novo sistema de controle de estoques, o supermercado notou que os resultados de controle de estoques não melhoraram e o problema, inclusive, aumentou. Em um primeiro momento, poderíamos sentenciar que o novo sistema foi uma escolha errada para o problema de controle de estoques. É importante ter em mente que nem sempre é tão fácil verificar a verdadeira causa do problema. Por este fato, é fundamental considerar o efeito indesejado e partir em busca da ou das causas deste efeito ou problema. Na fase da observação, o que ocorre é a atenção e o levantando todas as possibilidades de onde pode(m) estar a(s) causa(s) fundamental(is) de um controle de estoques ineficiente, mesmo após a compra e a implantação de um sistema novo. O que fazer? O levantamento da situação do sistema, do processo que está sendo desenvolvendo, das pessoas responsáveis pela sua compra, 16 implantação e operação do sistema. Enfim, observar e anotar tudo o que pode ter alguma influência no funcionamento desastroso do novo sistema. A fase da análise tem por objetivo encontrar uma ou mais causas fundamentais que geraram determinada situação. Tal etapa só pode ser dada por completa ou encerrada quando, de fato, for descoberta a causa raiz geradora do problema. Descoberta a causa fundamental, passa-se à etapa da elaboração do plano de ação. Estabelecer um cronograma de treinamento dos operadores do novo sistema. Está lembrado dos 5 ws e 2 Hs? Então, é a ferramenta a ser utilizada nesta etapa da metodologia! Após devidamente planejado, é hora de agir efetivamente e colocar o plano em ação. Espera-se, com isso, resolver definitivamente o problema levantado, pois a falta de treinamento foi a causa fundamental encontrada e, nesta fase, resolvida. Após o treinamento, os gestores da área de estoques manterão as avaliações necessárias para verificar se o problema foi definitivamente resolvido. É a fase da verificação. A probabilidade, neste caso, é a solução do problema. Se o problema não tiver sido resolvido, retorna-se à fase dois. Se o problema foi resolvido, dá-se início à fase de padronização. A fase da padronização é a etapa responsável por assegurar que o novo método de fazer, ou comportamento, se torne rotina ou hábito. Esta padronização será o novo manual de operações do sistema, o novo processo, e oferecerá a oportunidade de obter resultados de acordo com o que foi projetado. (Lembre-se da etapa do descongelamento, mudança e congelamento. Aqui dá- se início à etapa do recongelamento.) É importante notar que, no processo de mudança, a etapa da conclusão não é sinônimo de final, acabou, the game is over! Significa que chegou o momento de levantar aprendizados e, de tempos em tempos, recapitular todo o processo. O ideal é ter uma periodicidade explícita para cada processo, de modo a possibilitar melhorias ainda mais audaciosas no futuro. E também para garantir que outros processos sejam implantados dentro da metodologia correta, aplicando, de forma eficaz, as ferramentas, que são os recursos utilizados no método. Texto de leitura obrigatória Leia Masp – Método de Análise e Solução de Problemas. 17 Disponível em: <http://academiaplatonica.com.br/2011/gestao/masp-metodo- de-analise-e-solucao-de-problemas/> Vídeos Neste tema, conversamos sobre a diferença entre métodos e ferramentas. Que tal conhecer uma ferramenta muito interessante para trabalhar priorização de solução de problemas? Conheça a Matriz Gravidade, Urgência e Tendência – GUT. Acesse o vídeo <https://www.youtube.com/watch?v=U6CXzySXgf8> e <https://www.youtube.com/watch?v=oaFvsnI8QFk> para saber mais. Assista ao vídeo “Empreendedorismo e qualidade sobre o MASP”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GYG-WyMsKOA> TEMA 4 – AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DO PROJETO DE MUDANÇA Você sabia que avaliação consiste na reflexão crítica sobre a prática na direção de identificar avanços, resistências e possibilidades? A avaliação também contribui para a tomada de decisão sobre estratégias para superar os obstáculos e atingir os resultados desejados, enfatiza Vasconcellos (1995). Avaliações são aplicadas tanto em processos tangíveis (produtivos das fábricas) quanto em intangíveis (produtivos das fábricas). A avaliação é uma ferramenta para verificar se tudo ocorreu de acordo com o que se esperava do processo. O monitoramento é o acompanhamento efetuado ao longo de diversas etapas do processo. Ele tem por objetivo identificar o que precisa ser corrigido antes do final do processo. O monitoramento permite ajustar e corrigir a rota sem que seja necessário chegar ao destino e depois dizer: “Nossa! Não era aqui que Entendi! A avaliação ocorre ao final de cada ciclo do processo, de modo a olhar para o resultado obtido. Por exemplo, ao final dessa disciplina, nós faremos uma avaliação. Mas você sabia que as avaliações também ocorrem no transcorrer dos processos e são denominadas de monitoramento? 18 queríamos estar!” Em outras palavras, o monitoramento permite identificar pontos de atenção que, caso não sejam observados, comprometem todo o resultado final. A empresa Alfa, após pesquisa de clima e avaliação de desempenho, constatou significativa queda na produtividade e elevação da insatisfação dos colaboradores em relação à organização. O resultado da pesquisa de clima, bastante preocupante, apontou para desaprovação do estilo de gestão, que, segundo os colaboradores, era amadora e desqualificada. Foi então que a diretoria da Alfa solicitou ao departamento de gestão de pessoas que fosse providenciado um ciclo de coaching aos gerentes. Por um período de seis meses, os gerentes todos da organização tiveram a oportunidade de desenvolver as competências comportamentais. O departamento de gestão de pessoas monitorava, junto à equipe de coaching, presença e participação dos gerentes. No ano seguinte, a empresa rodou novamente a avaliação de desempenho e da pesquisa de clima. O resultado foi bastante diferente. Tanto a avaliação e desempenho quanto o a pesquisa de clima em relação à satisfação dos colaboradores foi sensivelmente elevada. Ao final do processo, o departamento de gestão de pessoas solicitou a cada gerente que realizasse uma avaliação das sessões de coaching, no sentido de relatar os avanços e competências que julgavam ter desenvolvido. Note como o caso apresentado ilustra o papel das avaliações (de desempenho e pesquisa de clima) e também do monitoramento realizado pelo constante contato do departamento de gestão de pessoas tanto com a equipe de coaches quanto com a equipe de gerentes. Caso houvesse alguma insatisfação por parte dos gestores com a equipe de coaches, o departamento de gestão de pessoas poderia agir, conversando com o profissional, e ou até mesmo solicitando a substituição do coach para aquele gerente. Por outro lado, ao monitorar a frequência e o desenvolvimento de cada gerente, a equipe de gestão de pessoas poderia ter identificado a necessidade de conectar o gerenteao comprometimento com o processo de desenvolvimento de competências. Por fim, ao constatar a retomada da escala ascendente de produtividade, a elevação na satisfação dos colaboradores em relação ao ambiente da empresa, e a forma pela qual passaram a ser tratados pelos gestores, a empresa Alfa pode ter evidências de que havia atingido os resultados pretendidos. Os processos de avaliação e monitoramento são essenciais para os resultados das mudanças, ou seja, para saber se os objetivos foram atingidos ou não, dado que todo o processo de mudança é vivo e dinâmico. Portanto, a avaliação e o monitoramento permitem: a. redirecionar as mudanças, caso o monitoramento evidencie a necessidade de alterações e ajustes antes da linha de chegada; b. aprimorar processos, mesmo quando os objetivos forem atingidos, de modo a trabalhar com a melhoria contínua; 19 c. redesenhar estratégias, tanto ao final quanto durante o processo, caso isso se mostre necessário. Será que a avaliação e monitoramento têm a ver com processos de controle? Certamente! Cada processo de avaliação possui instrumentos e ferramentas de medida que permitem o controle! O controle, por sua vez, permite comparar resultados previstos e resultados alcançados de modo a verificar se o desempenho se dá conforme os padrões previstos, identificando os pontos que requeiram correção. O controle é um processo que guia a atividade exercida ao objetivo, ou seja, ao resultado previamente determinado. Texto de leitura obrigatória “A importância dos instrumentos de controle interno para a gestão empresarial”. Disponível em: <http://moodle.fgv.br/cursos/centro_rec/docs/importancia_instrumentos_control e_interno.pdf>. Saiba Mais Conheça as “8 ferramentas de controle de performance”. Leia mais em: <https://endeavor.org.br/ferramentas-controle-performance/>. Vídeo Muitos gestores de RH e de pessoas entendem que os indivíduos que resistem às mudanças são todos iguais. Trata-se de um engano sério, que reduz as possibilidades de envolver pessoas que resistem porque desconhecem a estratégia ou que resistem porque não se julgam preparados para a tarefa. Essas situações podem ser mudadas. Aprenda a reconhecer quem resiste às mudanças assistindo ao interessante vídeo, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=WMZG3WjRxXs>. TEMA 5 – A TOMADA DE DECISÃO E ESTRATÉGIAS PROATIVAS PARA SOLUÇÕES A jornada pela implementação das mudanças é dinâmica e complexa, pois envolve muitos atores que, ao entrarem em contato uns com os outros, produzem interações e resultados. Tais ações podem, sim, eliminar muitos 20 problemas, mas também criar outros. Por isso, a jornada pela mudança nos convida a olhar para as formas e opções de tratar problemas e tomar decisões. A caminhada pelo tema de tomada de decisão e desenvolvimento de estratégias proativas para soluções de problemas reserva paradas. A primeira é para conhecer as habilidades que alicerçam a tratativa, a leitura e interpretação do problema e a metodologia, ou seja, o conjunto de passos para tomar a decisão. O processo decisório tem por objetivo solucionar algum problema, a exemplo da correção de uma anomalia, ou pensar em melhorias a serem implementadas. As ações para promoção do novo pensar inserem-se e articulam-se com o planejamento empresarial, com o objetivo de se submeterem aos mesmos procedimentos de cobrança e avaliação dos resultados. Elas devem integrar os planos de trabalho da Organização, o que tornará muito claro para todos os colaboradores que seus superiores tomarão conhecimento dos resultados ou da falta deles. Sem dúvidas que esta estratégia tem particular importância nos estágios iniciais do estabelecimento do processo – os instantes de fragilidade. (Stadler, 2005, p. 65) Portanto, os processos de decisões são ações tomadas com vistas a resolver problemas ou ultrapassar desafios. As decisões podem ser programadas e não programadas, ou seja, reativas e ou proativas. A empresa Alfa tem elevado índice de rotatividade de pessoal, o que compromete a criação e o fortalecimento de uma identidade cultural da organização e comprometimento do pessoal com os resultados. Ao investigar a causa, a empresa se depara com o processo seletivo adotado, que não prima pela busca em compatibilizar o perfil e as competências técnicas do candidato com os requisitos da vaga. Foi então que o departamento de gestão de pessoas empreendeu uma verdadeira cruzada, fazendo a descrição e análise de cargos e mapeando competências requeridas para o pleno desempenho das funções de cada cargo. Observe que o caso acima relatado remete a uma decisão reativa. Por quê? Note que o problema já ocorreu. E, com ele todos os efeitos da alta rotatividade, como desempenho insatisfatório com reflexos na qualidade de produtos ou serviços, consequente insatisfação de clientes e dos próprios funcionários da organização, isso sem contar no montante que a empresa teve que despender com as verbas rescisórias e treinamentos de integração entre outros. Apenas depois de ter experimentado toda essa sorte de dissabores é que foi tomada a decisão de mudar o processo seletivo, cujo primeiro passo foi conhecer tanto as demandas dos cargos quanto as características requeridas do profissional para o desempenho das funções. 21 A empresa Ômega atua fortemente na gestão da porta de entrada da organização. Acredita que quando o processo de recrutamento e seleção é realizado de modo eficaz, isenta a empresa de diversos contratempos e abre as portas para colaboradores, cujo perfil e valores se ajustem aos da empresa. Para tanto, adota um programa de revisão sistemática de habilidades e competências dos cargos. Mesmo quando solicitada a contratação, existe um sistema de checagem destas habilidades e competências para verificar, junto aos setores que solicitam a contratação, se realmente valem as mesmas habilidades ou se há que considerar outras (e até desconsiderar algumas, que no passado eram importantes e hoje já não fazem sentido). Observe que a empresa Ômega se antecipa, de modo a evitar que a situação indesejada possa vir a se instalar e, para tal, adota um programa de checagem de competências, de modo a atualizá-las. Portanto, as decisões proativas são aquelas tomadas para evitar que problemas ocorram ou para antecipar o preparo de pessoas e processos para inovações que estão por ocorrer. Note que, quando uma decisão tomada é apoiada pelo conjunto de habilidades técnicas, admirativas, psicossociais e políticas, existe uma maior probabilidade de essa decisão ser eficaz, concorda? Para conhecer maiores detalhes sobre cada uma dessas habilidades, leia atentamente o quadro a seguir. Dona Julia! A senhora sabe me dizer quais habilidades eu preciso ter para “mandar bem” nas decisões proativas? Certamente! Para tomar decisões proativas é fundamental desenvolver as habilidades técnicas, administrativas, psicossociais e políticas! 22 Quadro 2 – Habilidades para a tomada de decisão proativa Habilidades Características Exemplo Técnicas Conhecimento, métodos e habilidades necessários dentro do campo da especialidade. Intimamente relacionadas aos processos para os quais se toma a decisão. Domínio de rotinas de folha de pagamento. Domínio de rotinas de secretariado executivo. Domínio de pacote office. Domínio de idioma estrangeiro. Administrativas Habilidade de compreender e lidar de forma sistêmica com a complexidade da organização para alcançar resultados almejadoscom criatividade, raciocínio abstrato e entendimento de contexto. Planejar. Organizar. Liderar. Controlar. Avaliar. Definir estratégias. Psicossociais Habilidade no trato com as próprias emoções e no relacionamento com as pessoas. Capacidade de entender, comunicar, liderar, entre outros. Habilidade fortemente alicerçada na inteligência emocional. Relacionamento com colegas e gestores. Gestão de conflitos. Interpretação de textos e contextos. Políticas Habilidade de entender contextos e cenários não apenas do ambiente interno, mas sobretudo do ambiente externo à organização e o modo como este pode impactar e gerar efeitos em relação às decisões tomadas. Negociação. Tomada de decisões em condições de ambiguidade. Fonte: Elaborado com base em apostila de pós-graduação (Stadler, H.). Tais habilidades, quando presentes no modelo mental, permitem considerar tecnicamente o problema, conectar e lidar com pessoas e inserir a tomada de decisão tento em vista o processo de gestão, tudo isso à luz da leitura de cenários econômicos, políticos e sociais. Quadro 3 – Fluxo de decisões estratégicas proativas Passos Características Levantamento de dados Como vamos levantar e coletar dados? Onde vamos coletar os dados? Como? Quando? Qual instrumento? Questionário? Entrevistas? Observações? Tratamento dos dados É a tabulação dos dados. Informações São os dados tratados. Alternativas Quais possibilidades temos? O que mais é possível fazer? Decisão Dentre as possibilidades levantadas, qual é a mais adequada tendo em vista o problema? Tendo em vista as prioridades, qual é alternativa que, se adotada, pode produzir maior efeito? Recursos Quais recursos serão mobilizados? Qual o custo ou investimento? Qual o impacto desse investimento no orçamento da organização? Resultados O resultado para o qual a decisão foi tomada foi obtido? Avaliação e controle O que será avaliado periodicamente? Como faremos esse monitoramento? Como vamos avaliar o processo? A mudança desejada de fato ocorreu? O que é preciso fazer a partir de agora para que possamos ter consolidados os resultados da mudança? Fonte: Elaborado com base em Oliveira (2004) 23 Observe que as habilidades técnicas, administrativas, psicossociais e políticas se fazem presentes nas etapas do fluxo do processo decisório. Com isso, podemos concluir que a tomada de decisão e as estratégias proativas para soluções passam pelo entendimento a respeito das habilidades fundamentais e da metodologia a ser seguida. Aqui, é representada pelo fluxo de decisões, com o intuito de obter resultados que tanto a organização como os participantes internos e externos esperam de quem toma decisões. Texto de leitura obrigatória Leia Processo decisório: a tomada de decisão, e aprofunde seus conhecimentos nos conceitos relativos ao tema. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/QjxDDqGcS5r3d HL_2013-5-3-12-8-34.pdf>. Vídeos Você conhece uma ferramenta denominada Árvore de decisão? Assista ao vídeo, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dJxHpfZx__U>, e descubra. Assista também ao vídeo “Processo decisório”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mZih2J-hXbg>. TROCANDO IDEIAS No mundo dos negócios, as empresas têm vivido desafios – e colhido frutos – semelhantes. Muitas almejam o sucesso, mas não conseguem. Afinal, é preciso mais do que querer. É essencial ousar para estar à frente. As empresas proativas são hoje as que estão no alto do pódio da liderança de seus mercados. Elas são as mais admiradas pelas suas performances de sucesso. Essas empresas – que não se contentam apenas em responder aos movimentos da concorrência, aos pedidos dos clientes e às mudanças do mercado –, são denominadas proativas. Elas têm como prioridade visualizar o futuro e, principalmente, tornar-se cada vez mais competitivas nesses tempos de incertezas. (Araújo; Gava, 2012) Leia o texto “Empresas proativas: como antecipar as mudanças no mercado (e superar as amarras da reatividade)”, de Leonardo Araújo e Rogério Gava (2012). Ele servirá para que você reflita sobre as estratégias que contribuirão com a execução desta atividade. Agora pense: Quais mudanças proativas você gostaria de empreender na sua vida pessoal ou profissional? E no trabalho, o que é possível fazer de modo 24 a antecipar problemas ou gerar inovações? Quais são as opções? E o que mais pode ser feito em prol deste objetivo que você ainda não considerou? Qual a sua contribuição para a mudança proativa na organização / bairro/ família a que você pertence? Comente com seus colegas de curso e mantenha-se aberto a ideias e propostas. Acredite, elas podem gerar poderosos insights. NA PRÁTICA Você é gestor em uma empresa com 50 funcionários, dois quais 35 trabalham no varejo, como vendedores, supervisores e gerentes de loja. Existe elevado índice de rotatividade. De uns tempos para cá, as reclamações dos clientes aumentaram. O clima está tenso e, para agravar a situação, dois vendedores discutiram na frente de um grupo de clientes. A situação está assumindo proporção desagradável, a ponto de os clientes postarem a insatisfação com o atendimento nas redes sociais, maculando de sobremaneira a imagem que a empresa levou mais de vinte anos para consolidar junto ao mercado. FINALIZANDO Gerenciar o projeto de mudança significa atuar sobre o planejamento, a organização, a direção e o controle. Portanto, para gerenciar o projeto de mudança, é fundamental que se tenham esclarecidas duas perguntas fundamentais: o que mudar e por que mudar? Por isso a relevância do diagnóstico em definir o que mudar. Embora a mudança faça parte da vida em todas as esferas, e na organização não é diferente, ainda assim o agente de mudanças se depara com certas resistências a elas. Daí a contribuição da análise de ganhos e perdas, no sentido de promover reflexões sobre: O que ganhamos com as mudanças? O que perdemos no curto, médio e longo prazo se não mudarmos? Você aprendeu também que existem mudanças reativas, aquelas nas quais o problema já ocorreu, e as mudanças proativas, aquelas que se antecipam às situações, impedindo que o problema se instale ou de modo a trabalhar em inovações. Aprendeu a distinguir ferramentas de método. Por exemplo, ao trilhar os passos do Método de Análise e Soluções de Problema 25 (Masp), você pode utilizar diversas ferramentas, tais como 5 Ws e 2 Hs, Matriz GUT e Árvore de decisão. Finalmente, você pode refletir sobre o relevante papel das habilidades técnicas, administrativas, psicossociais e políticas para a tomada de decisão eficaz. Foi um prazer e uma honra acompanhá-lo nessa jornada pela disciplina de Gestão de Projetos de Mudança. Desejo que sua vida profissional seja fonte inesgotável de alegrias e realizações! Lembre-se de ter comportamento proativo! Boa sorte e um grande abraço! Até a próxima! 26 REFERÊNCIAS ARAÚJO, L.; GAVA; R. Empresas proativas: como antecipar as mudanças no mercado (e superar as amarras da reatividade). FDC Executive, Nova Lima, MG, 2012. Disponível em: <http://acervo.ci.fdc.org.br/AcervoDigital/FDC%20Executive/FDCexecutive05a %20-%20corrigido.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2017. CAMPOS, V. F. Gerenciamento da rotina do trabalho do dia a dia. 9 ed. Nova Lima, MG: Falconi Editora, 2013. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: na administração das organizações. Edição Compacta. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. GIKOVATE, F. Mudar: caminhospara a transformação verdadeira. 12. ed. São Paulo: MG Editores, 2014. KURY. A. G. Minidicionário de língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2002. LACOMBE, F. Dicionário de administração. São Paulo: Saraiva, 2004. OLIVEIRA, D. P. R. de. Sistemas de informações gerenciais: estratégicas, táticas, operacionais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2004. SIMON, H. A. A capacidade de decisão e liderança. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1970. STADLER, H. Estratégias para a qualidade: o momento humano e o momento tecnológico. Curitiba: Juruá, 2005. 27 RESPOSTAS Protocolo de Resolução da situação proposta O professor deve indicar ao aluno a sequência de passos para resolver a situação: 1. Leia atentamente as considerações apresentadas na aula sobre decisões proativas e decisões proativas; revisite as considerações acerca de avaliação e monitoramento e sobre o fluxo de decisões estratégicas. 2. Identifique a natureza do problema. 3. Oriente a resolução do problema. 4. Faça uma reflexão a respeito de possíveis ações a serem tomadas para evitar que tal situação venha a ocorrem novamente. Resolução do Caso Trata-se de uma solução reativa, dado que o problema já está instalado. O importante, agora, é que você levante todos os fatores causadores do problema. Atuar reativamente implicará em agir sobre treinamentos comportamentais e de qualidade de atendimento ao cliente. Contudo, tal situação é também um convite a agir proativamente, no sentido de verificar como está sendo realizado o recrutamento e a seleção dos funcionários. Outro aspecto a ser adotado é a avaliação de desempenho e o monitoramento constante, por meio de feedbacks informais que o gerente de loja e os supervisores podem oferecer aos vendedores frequentemente.
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