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Tg VIII

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No texto podemos perceber o incômodo do gerente com o modo de escrita, a falta de conhecimento gramatical, do funcionário, tanto que levou a questão para o presidente para que ele tomasse uma providência, provavelmente esperando que ele demitisse o homem, ou o fizesse aprender o padrão culto da língua portuguesa. Nesse trecho, podemos perceber o julgamento/preconceito do gerente para com Nirso devido apenas à sua escrita, sem observar o seu sucesso de vendas. Pode-se perceber duas opiniões opostas sobre o talento com a escrita do personagem Nirso: enquanto que o gerente de vendas se preocupou mais com a imagem da empresa que com o lucro que o funcionário estava levando a eles, o presidente fez exatamente o contrário e estimulou todos a fazerem como ele (Nirso), se preocupando mais em vender do que em escrever a norma culta.
O preconceito linguístico nada mais é do que um preconceito social que distingue e separa classes sociais, estigmatizando ou prestigiando falantes da língua portuguesa brasileira. O preconceito linguístico pode desestruturar uma pessoa socialmente pois o simples ato de ironizar o erro de uma pessoa acaba cercando com o medo do erro, o que pode acabar prejudicando o seu desempenho.
O preconceito social, no que se refere às classes sociais, em geral é exercido sobre as pessoas que sofrem mais na sociedade, como os pobres, analfabetos, aqueles que não têm acesso à escolarização. Por não terem a oportunidade de entrarem numa escola ou de nela permanecerem, muitos acabam sendo acusadas de falar e escrever errado e de deteriorar a língua portuguesa.
Entretanto, vale lembrar que todas as variações linguísticas são aceitas e devem ser consideradas um valor cultural e não um problema. Sobre esse assunto, o escritor Marcos Bagno afirma em sua obra "Preconceito Linguístico: o que é, como se faz" (2007):
“É um verdadeiro acinte aos direitos humanos, por exemplo, o modo como a fala nordestina é retratada nas novelas de televisão, principalmente da Rede Globo. Todo personagem de origem nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e do espectador. No plano linguístico, atores não nordestinos expressam-se num arremedo de língua que não é falada em lugar nenhum do Brasil, muito menos no Nordeste. Costumo dizer que aquela deve ser a língua do Nordeste de Marte! Mas nós sabemos muito bem que essa atitude representa uma forma de marginalização e exclusão. (...) Se o Nordeste é “atrasado”, “pobre”, “subdesenvolvido” ou (na melhor das hipóteses) “pitoresco”, então, “naturalmente”, as pessoas que lá nasceram e a língua que elas falam também devem ser consideradas assim... Ora, faça-me o favor, Rede Globo!”
Quando fazemos uma real analise sobre o assunto vemos que há uma transferência do que a sociedade acusa a pessoa de ser para a língua. Então se uma pessoa é pobre, a língua dela é pobre. Se uma pessoa vive numa região atrasada sua língua vai ser atrasada.
Outra consequência é que a norma culta, tida como norma padrão, que deveria ajudar na formação de uma sociedade compacta, em termos linguísticos, e consciente da importância da língua, no entanto no Brasil isso se tornou um problema, pois esta norma que deveria unir acaba excluindo. Apesar disso a gramatica deve fazer parte do material didático da escola, pois ela deve servir como um meio de orientação, e não como uma detentora de todas as “verdades”.
Os PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, assim como os de temas transversais, reconhecem a existência de variantes linguísticas, que devem ser respeitadas, pois não há um modo certo ou um modo errado de falar. Encontramos nos PCN (1997, p.31-32): 
“A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber adequar o registro às diferentes situações comunicativas. (...) A questão não é de correção da forma, mas de sua adequação às circunstâncias de uso, ou seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir o efeito pretendido”.
Concluo então que o preconceito sofrido por Nirso é um ato falho e a consideração do presidente foi acertada, pois mais vale o modo de trabalho do que a maneira como se escreva já que não á erros e sim variantes.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico - o que é, como se faz. São Paulo: Ed.Loyola 48 e 49 ed.2007
CARBONI e MAESTRI, Linguagem, Escritura e luta de classes. Revista Espaço Acadêmico n°48 maio/2005 disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/048/48carboni_maestri.htm
PCN - Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa (1997). Brasília: MEC/SEF

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