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3 4 5 LÍNGUA PORTUGUESA PROFª. JOSÉ CARLOS FLAUZINO FONEMA A unidade básica da comunicação é a palavra que, por sua vez, pode ser dividida em unidades menores, como as sílabas e os sons. Observe as palavras: bola – mola Elas apresentam sons aproximados. No entanto, seus significados são diferentes. Cada uma delas apresenta quatro sons diferentes: ―bê‖, ―o‖, ―lê‖, ―a‖; ―mê‖, ―o‖, ―lê‖, ―a‖. As unidades sonoras que constituem uma palavra são chamadas de fonemas e simbolizadas entre barras inclinadas: /b/ /o/ /l/ /a/. Funções do fonema Como já constatado, as palavras ―bola‖ e ―mola‖ apresentam sons aproximados, mas significados diferentes. Isso ocorre por causa da oposição existente entre o fonema ―bê‖ e o fonema ―mê‖. Dessa forma, podemos afirmar que um fonema em oposição a outro estabelece distinção entre palavras e que sozinho ou acompanhado de outros fonemas, constitui palavras. Na escrita, os fonemas são representados por letras. Classificação das vogais Leia este poema: ―Não digas nada! Nem mesmo a verdade Há tanta suavidade em nada se dizer E tudo se entender - Tudo metade De sentir e de ver... Não digas nada Deixa esquecer Talvez que amanhã Em outra paisagem Digas que foi vã Toda essa viagem Até onde quis Ser quem me agrada... Mas ali fui feliz Não digas nada.‖ (Não digas nada. Fernando Pessoa) Nas palavras ali e fui do poema, a vogal i representa fonemas diferentes. Em ali, a vogal /i/ é pronunciada forte; já na palavra fui, a vogal i é pronunciada fraca. Isso ocorre porque em ali temos duas vogais (a e i) e em fui, temos uma vogal e uma semivogal (u e y). As semivogais não constituem sílabas. Assim: Vogal é o fonema produzido por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Na língua portuguesa, a vogal é a base da sílaba. Os fonemas vocálicos podem ser orais ou nasais. São orais quando o ar sai exclusivamente pela boca, e nasais, quando o ar sai simultaneamente pela boca e pelo nariz. Quadro de vogais nasais Vogal nasal Grafema com til Dígrafos /ã/ Irmã, cãibra, mãe, mão. Ambos, âmbito, antes, ânfora. /ẽ/ Empuxo, êmbolo, ensino, ênclise. /ĩ/ Impróprio, ímpio, interno, índio. /õ/ Compõe, anões. Ombro, cômputo, ontem, cônsul. /ũ/ Umbigo, plúmbeo, unção, anúncio. Quadro de vogais orais Vogal oral Grafema Exemplo /a/ a Aberto /é/ e Era /ê/ e Espaço /i/ i Idade /ó/ o Obra /ô/ o Ostra /u/ u Uva As vogais ainda se classificam quanto ao timbre (abertas ou fechadas) e quanto à intensidade (átonas ou tônicas). Semivogal é o fonema produzido como vogal, mas pronunciado fraco e por isso não constitui sílaba. A semivogal sempre acompanha uma vogal. Na língua portuguesa, as semivogais i e u são representadas pelos símbolos /y/ e /w/ (iode e vau) respectivamente. Além desse três, há outros encontros vocálicos importantes: O agrupamento de uma semivogal entre duas vogais. São os grupos aia, eia, oia, uia, aie, eie, oie, uie, aio, eio, oio, uio, uiu, em qualquer lugar da palavra - começo, meio ou fim. Eis alguns exemplos de palavras: praia, ideia, joia, imbuia, arreio, arroio, balaio, feio, tuiuiú. Foneticamente, ocorre duplo ditongo ou tritongo + ditongo, conforme o número de semivogais. 6 Representa-se o som de i com duplo Y: ay- ya, ey- ya, representando o "y-y" um fonema apenas, e não dois como parece. A pronúncia do i é contínua em ambas as sílabas, sem o silêncio que caracteriza a mudança de sílaba. A palavra vaia, então, tem quatro letras (v - a - i - a) e quatro fonemas (/v/ /a/ /y/ /a/), sendo que o "y" pertence às duas sílabas, não havendo, no entanto, silêncio entre as duas no momento de pronunciar a palavra. Foneticamente, há, então, dois ditongos: ay e ya. Já em sequóia, há um tritongo (woy) e um ditongo (ya). Na separação silábica, o i ficará na sílaba anterior: prai-a, mei- a, joi-o, mai-o, fei-o, im-bui-a, tui-ui-ú. O mesmo ocorre com a semivogal W: aua, aue, aui... Pi-au-í = Representação fonética: Pi-aw-wi. Com o "w" ocorre o mesmo que ocorreu com o "y", ou seja, representa um fonema apenas e pertence a ambas as sílabas, não havendo o silêncio entre elas no momento de pronunciar a palavra. Ocorrem, também, na Língua Portuguesa, encontros vocálicos que ora são pronunciados como ditongo, ora como hiato. São eles: Sinérese = São os agrupamentos ae, ao, ea, eo, ia, ie, io, oa, oe, ua, ue, uo. Ca-e-ta-no, Cae-ta-no; ge-a-da, gea-da; Na-tá-li-a, Na-tá-lia; du- e-lo, due-lo. Diérese = São os agrupamentos ai, au, ei, eu, iu, oi, ui. re-in-te-grar, rein-te-grar; re-u-nir, reu-nir; di-u-tur-no, diu-tur-no. Obs.: Há palavras que, mesmo contendo esses agrupamentos não sofrem sinérese nem diérese. Há de ter bom senso, no momento de se separarem as sílabas. Nas palavras rua, tia, magoa, por exemplo, é claro que só há hiato. Letras Fonemas Representação gráfica Representação fonética E - i /y/ (som de i) boi pães boy pãys O - u /w/ (som de u) cão touro kãw towro m* /y/ e /w/ cantam sentem kãtãw sẽtẽy n* /y/ Hífen ifẽy * São semivogais apenas nos encontros am, em e en, em final de palavra. Consoantes são fonemas que apresentam, durante a produção, a cavidade bucal totalmente ou parcialmente fechada, constituindo, assim, num ponto qualquer, um obstáculo à corrente expiratória. Papel das cavidades orais e nasal Orais Nasais Oclusivas Construtivas Fricativas Laterais Vibrante Papel das cor- das vocais Surda Sonora Surda Sonora Sonora Simples Múltiplas Sonoras Bilabiais /p/ /b/ /m/ Labiodentais /f/ /v/ Linguodentais /t/ /d/ /n/ Alveolares /s/ /z/ /l/ /r/ Palatais /x/ /j/ /lh/ /nh/ Velares /k/ /g/ /rr/ 7 DÍGRAFOS Leia o seguinte trecho: Os robozinhos para montar da série Bionicles, da Lego, acabam de ser eleitos O Brinquedo do Ano por uma associação de lojistas ingleses especializados em produtos para crianças. Dotados de máscaras intercambiáveis, eles lutam entre si dirigidos por controle remoto. Você pode escolher tanto guerreiros, como monstregos em forma de caranguejo e escorpião. (Superinteressante. Março de 2002) Observe a correspondência entre sons e letras das palavras grifadas: Robozinhos – 10 letras e 9 fonemas Escolher – 8 letras e 7 fonemas Guerreiro – 9 letras e 7 fonemas O número de letras não coincide com o número de fonemas. Nesse caso, temos quatro dígrafos. Dígrafo é um grupo de duas letras que representam um único fonema. Podem ser: Vocálicos: am e na – campo, caranguejo em e en – emprego, então im e in – assim e inteiro om e on – ombro e ontem um e un – comum e presunto ou consonantais: lh (som lhê) – galho nh (som nhê) – banho ch (som chê) – chuva qu (som quê) – querer gu (som guê) – guerra, guitarra rr (som rê) – barro ss, sc, xc, sç (som sê) – passo, crescer, cresça, exceto Encontro consonantal é o encontro de duas consoantesem uma palavra. No entanto, é possível perceber o som distinto de cada uma delas. O encontro consonantal pode ocorrer numa mesma sílaba ou em sílabas diferentes. Ex.: primavera, prato, cravo, psicologia, afta Dífonos é uma única letra representada por dois fonemas. Táxi /ks/ Encontros vocálicos é o encontro de fonemas vocálicos – vogais ou semivogais – em uma mesma sílaba ou em sílabas diferentes. Há três tipos de encontros vocálicos: ditongo, tritongo e hiato. Ditongo – é o encontro de uma vogal e uma semivogal numa mesma sílaba. De acordo com a posição da vogal na sílaba, pode ser crescente ou decrescente. Crescente – SV + V Ex.: quase Decrescente – V + SV Ex.: noite Tritongo – é o encontro de uma semivogal, uma vogal e outra semivogal numa mesma sílaba. Ex.: Paraguai Hiato – é o encontro de duas vogais. Como na língua portuguesa há somente uma vogal numa sílaba, as vogais do hiato formam sílabas distintas. Ex.: lua, rainha SEPARAÇÃO SILÁBICA Sílaba - conjunto de sons que pode ser emitido numa só expiração. Pode ser aberta ou fechada se terminada por vogal ou consoante, respectivamente. Na estrutura da sílaba existe, necessariamente, uma vogal, à qual se juntam, ou não, semivogais e/ou consoantes. Assim, não há sílaba sem vogal e esse é o único fonema que, sozinho, forma sílaba. A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a palavra lentamente, de forma melódica. Toda consoante precedida de vogal forma sílaba com a vogal seguinte. Merece a lembrança de que m e n podem ser índices de nasalização da vogal anterior, acompanhando-a na sílaba. (ja-ne-la, su-bu-ma-no, é-ti- co, tran-sa-ma-zô-ni-ca; mas bom-ba, sen-ti-do) Consoante inicial não seguida de vogal fica na sílaba seguinte (pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co). Se a consoante não seguida de vogal estiver dentro do vocábulo, ela fica na sílaba precedente (ap-to, rit-mo). Os ditongos e tritongos não se separam, porém no hiato cada vogal está numa sílaba diferente. Os dígrafos do h e do u também são inseparáveis, os demais devem ser separados. (cha-ve, ne-nhum, a-qui-lo,se-gue) Em geral, os grupos consonantais onde a segunda letra é l ou r não se separam. (bra-ço, a-tle-ta) Em sufixos terminados por consoante + palavra iniciada por vogal, há união dessa consoante final com a vogal, não se considerando a integridade do elemento mórfico (bi-sa-vô ≠ bis-ne-to, tran-sa-cio-nal ≠ trans-pa-ren-te). As letras duplas e os encontros consonantais pronunciados disjuntamente devem ser separados. (oc-cip-tal, ca-a-tin-ga, ad-vo-ga-do, dig-no, sub-li-nhar, ab-ro-gar, ab-rup-to) Na translineação, devem-se evitar separações que resultem no fim de uma linha ou no início da outra vogais isoladas ou termos grosseiros. (i//dei//a, cus//toso, puta//tivo, fede//ral) Dependendo da quantidade de sílabas, as palavras podem ser classificadas em: monossílaba (mono = um), dissílaba (di = dois), trissílaba (tri = três) e polissílaba (poli = vários / + de quatro 8 UM NOVO JEITO DE ESCREVER Acordo vem para unificar a ortografia oficial dos países de língua portuguesa e aproximar nações POR MARIANA SGARIONI ―A adopção de uma única ortografia entre países de língua portuguesa pode ser óptima.‖ Se este texto fosse escrito em Portugal, a frase anterior estaria corretíssima. Já no Brasil, a letra p (nas palavras adopção e óptima) está sobrando e parece um erro de digitação – apesar de todos sabermos que se trata do mesmo idioma. Do ponto de vista da ortografia, existem diferenças bastante relevantes na língua portuguesa. E não apenas entre os dois países. Nas outras seis nações que falam e escrevem o português (Angola, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor- Leste) ocorre o mesmo. Para acabar com essas diferenças, foi criado, em 1990, um acordo ortográfico – que deve vigorar no Brasil a partir do ano que vem (saiba mais sobre os próximos passos da implementação do acordo no quadro da página 7). ―A existência de duas grafias oficiais acarreta problemas na redação de documentos em tratados internacionais e na publicação de obras de interesse público‖, defendia o filólogo Antônio Houaiss, o principal responsável pelo processo de unificação aqui no Brasil. Originalmente, o combinado era que todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) deveriam ratificar o acordo para que ele tivesse valor. Em 2004, porém, os chefes de Estado da CPLP decidiram que bastava a aprovação de três nações para a reforma ortográfica entrar em vigor. O Brasil, no entanto, definiu que mudaria o jeito de escrever somente se Portugal também o fizesse (e o ―sim‖ de Lisboa às novas normas só veio no ano passado). É importante ressaltar que a pronúncia, o vocabulário e a sintaxe permanecem exatamente como estão. A novidade é a unificação da grafia de algumas palavras. LÍNGUA INTERNACIONAL Daqui para a frente, a língua portuguesa (comum aos países lusófonos) tem tudo para ganhar espaço – até mesmo em fóruns internacionais –, pois o intercâmbio de informações e textos ficará mais fácil. Unificar a grafia também visa aproximar as oito nações da CPLP, reduzir custos de produção e adaptação de livros e facilitar a difusão bibliográfica de novas tecnologias, bem como simplificar algumas regras (que suscitam dúvidas até entre especialistas). Do ponto de vista prático, ganha força o idioma falado no Brasil. Isso porque os portugueses terão de promover mais mudanças na escrita do que nós, adaptando várias palavras à grafia brasileira. Por exemplo, acção passa a ser ação. E cai também o h inicial de herva e húmido (confira as alterações a partir da página 8). O português é a única língua com dois cânones oficiais ortográficos, um europeu e outro brasileiro, e isso não só dificulta nossa vida lá fora como também a dos estrangeiros que querem aprendê-lo. ―Inscreve-se, finalmente, a língua portuguesa no rol daquelas que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, na difusão e na ilustração da língua da lusofonia‖, afirma Cícero Sandroni, presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). Além da unificação da grafia, o acordo propõe simplificar o idioma, no mesmo espírito do que ocorreu na década de 1910, quando uma reforma semelhante alterou o modo de escrever palavras como pharmacia e christallino (para farmácia e cristalino, sem o ph, o ch e o ll). Na época, porém, as mudanças foram encabeçadas por Portugal, que não consultou o Brasil e acabou aprofundando algumas diferenças ortográficas. O acordo prevê simplificações (como o fim do trema), mas tem inúmeros pontos obscuros, que só serão esclarecidos com o lançamento de gramáticas atualizadas e um novo Vocabulário Ortográfico oficial (tarefa a cargo da Academia Brasileira de Letras). O professor Pasquale Cipro Neto é um dos que se manifestaram contra o documento. ―Ele não se limita a uniformizar a grafia: estabelece outras alterações no sistema ortográfico, várias delas para pior.‖ Tempo de adaptação Aqui no Brasil, a última grande reforma do idioma foi realizada em 1971, a fim de aproximar mais nosso jeito de escrever do de Portugal. Desde então foi abolido o acento diferencial em alguns vocábulos, bem como o acento grave ou circunflexo nas palavras derivadas de outras acentuadas – mais de dois terços dos acentos que causavam divergências foram suprimidos. Nessa mesma época os substantivos acôrdo e govêrno viraram acordo e governo (perderam o circunflexo que os diferenciava das formas verbais eu acordo e eu governo,que eram e continuam sendo pronunciadas de forma diferente). Outras palavras, como somente, propriamente, rapidamente, cortesmente, sozinho, cafezinho e cafezal, também deixaram de ser acentuadas. Naquela ocasião, muitas pessoas estranharam a alteração (sem falar que diversos materiais impressos, como livros, levaram um bom tempo até ter novas edições com o jeito certo de escrever). Até hoje, aliás, ainda há quem escreva êle, com o circunflexo extinto no início dos anos 1970. In: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/Esp_021/aberto/novo-jeito- escrever-306810.shtml Ortoepia e prosódia Observe o trecho da música de Luís Gonzaga: “Óia pru céu, meu amor, Vê como ele tá lindo Óia pra’quele balão muticor Qui lá no céu vai subindo” A linguagem usada por Luís Gonzaga não segue a norma padrão estabelecida pela gramática tradicional. A variedade da língua usada pelo autor da música não pode ser considerada errada, vez que é plena-mente aceitável na linguagem coloquial popular. Não obstante, a norma culta determina para cada palavra, uma pronúncia mais adequada. A parte da gramática que estuda a adequação 9 da pronúncia nas palavras e nas frases é a ortofonia, que se divide em ortoepia (ou ortoépia) e prosódia. Ortoepia é a parte da ortofonia que estuda a pronúncia correta dos fonemas. Algumas palavras que apresentam dúvidas na pronúncia: Advogado Cataclismo Meritíssimo Aforismo Digladiar Meteorologia Aterrissagem Disenteria Mortadela Adivinhar Empecilho Prazeroso Babadouro Engajamento Privilégio Bebedouro Estourar Proprietário Bandeja Estupro Prostração Barganha Fratricídio Reivindicar Beneficência, Beneficente Frustração Roubar Cabeçalho Lagarto Salsicha Cabeleireiro Manteigueira Tireoide Caranguejo Mendigar Umbigo Pronúncia correta Pronúncia que deve ser evitada Absoluto abissoluto Ignorância iguinorância Beneficente beneficiente Disenteria desinteria Meteorologia metereologia Dignitário dignatário Bebedouro bebedor Umbigo imbigo Seja Seje Pneu peneu Frear Freiar Advogado Adevogado Cabeleireiro cabelereiro, cabeleleiro Prosódia é a parte da ortofonia que estuda a posição correta da sílaba predominante (tônica) nas palavras. Algumas palavras que apresentam dúvidas quanto à predominância silábica: Oxítonas Paroxítonas Proparoxítonas Cateter Âmbar Bígamo Ruim Boêmia Êxodo Hangar Rubrica Lêvedo Ureter Ibero Ínterim Condor Fluido Réquiem Recém Pudico Bígamo Mister Gratuito Ímprobo Sutil Juniores Zéfiro Nobel Índex Quadrúmano Refém Celtibero Ômega ACENTUAÇÃO GRÁFICA Observe o comercial de um carro publicado na revista Veja, em 27/09/00: ―No mínimo, você deixa seu carro novinho. No máximo, você ganha um carro zerinho." Apenas algumas palavras estão acentuadas, o que indica a sílaba tônica da palavra. Isso não quer dizer que as que não apresentam acento gráfico não tenham sílaba tônica. Assim sendo, Sílaba tônica é a sílaba proferida com uma intensidade maior do que as outras, numa palavra. Possui o acento tônico (ou de intensidade/prosódico). Uma palavra com mais de duas sílabas sempre terá acento tônico, mas poderá não ter acento gráfico. Ex.: mínimo, deixa, você, zerinho, máximo, novinho. Quanto à posição do acento tônico nas palavras com mais de duas sílabas, as palavras podem ser: Oxítonas – quando a sílaba tônica é a última. Ex.: bambu, ruim, baú. Paroxítonas – quando a sílaba tônica é a penúltima. Ex.: ônix, safira, avaro. Proparoxítona – quando a sílaba tônica é a antepenúltima. Ex.: lêvedo, álibi, âmago. MONOSSÍLABOS Os monossílabos podem ser: Átonos – quando se apoiam em outras palavras. São emitidos fracamente, como se fossem sílabas átonas. Quando estão isolados, são palavras sem sentido. Ex.: artigos, pronomes oblíquos, preposições junções de preposições e artigos, conjunções, pronome relativo que. Tônicos – são autônomos e emitidos fortemente como se fossem uma sílaba tônica. Os monossílabos tônicos terminados em a(s), e(s) e o(s) recebem acento gráfico (agudo ou circunflexo). Nessa regra incluem-se as formas verbais, tais como pô-lo, dê-me. REGRAS DE ACENTUAÇÃO Oxítonas São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em -a, -e, -o, seguidas ou não de -s. Ainda são acentuadas aquelas que terminam em -em, -ens e as formas verbais, tais como fazê-lo, amá-lo. 10 Paroxítonas São acentuadas as paroxítonas terminadas em: -i, –is _ júri -u, -us – vírus -l – útil -n – hífen, éden -r – néctar -x – tórax -ã, -ãs, -ão, -ãos – órgão, ímã -ps – bíceps ditongo – história Obs.: Não são acentuadas as paroxítonas terminadas em -ens, como nuvens, itens, hifens. Atenção para o que mudou! Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tónico/tônico oral fechado em hiato com a terminação -em da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem deem (conj.), descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redêem (conj.), releem, reveem, tresleem, veem. Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/tonica fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc. Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado com acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis e pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, tónus e tônus,Vénus e Vênus. Proparoxítona São acentuadas todas as palavras proparoxítonas. Ex.: cáfila, cédula, máquina, lógica. Fique atento à mudança! Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é, respectivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua: académico / acadêmico, anatómico / anatômico, cénico / cênico, cómodo / cômodo, fenómeno / fenômeno, género / gênero, topónimo / topônimo; Amazónia / Amazônia, António / Antônio, blasfémia / blasfêmia, fémea / fêmea, gémeo / gêmeo, génio / gênio, ténue / tênue. Ditongos abertos As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, éu ou ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis; céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de correr), herói(s), remói (de remoer), sóis. Fique atento à mudança! Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, hoia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina. Hiatos Quando o i e o u tônico, sozinhos ou seguidos de - s, forem o segundo elemento de um hiato, receberão acento. Ex.: saída, baú, saúva, egoísta. Obs.: Não recebem acentoos hiatos seguidos de l, m, n, r, z que não introduzem sílabas, e nem os seguidos de nh na sílaba seguinte. Ex. 1: ainda, ruim, paul. Ex. 2: rainha, tainha, bainha. ACENTUAÇÃO GRÁFICA DE ALGUNS VERBOS Os verbos ter e vir na 3 ª pessoa do singular do presente do indicativo não recebem acento. No entanto, na 3 ª pessoa do plural do presente do indicativo, esses verbos recebem acento circunflexo. Ex.:ele tem – eles têm ele vem – eles vêm Não obstante, os verbos derivados de ter e vir recebem acento agudo na 3 ª pessoa do singular do presente do indicativo e acento circunflexo na 3 ª pessoa do plural do presente do indicativo. Ex.: ele detém – eles detêm ele provém – eles provêm TREMA O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hubneriano, de Hubner, mulleriano,de Muller, etc. 11 ● Acento dos grupos gue/gui Fique atento à mudança! Os verbos aguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tónica/tônica grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas seguidas de e e i: arguis, argui, argúem. O verbos do tipo de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins, seguem a mesma orientação. ● Acento diferencial Fique atento à mudança! Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s);etc. Anotações ORTOGRAFIA Na língua portuguesa não há correspondência precisa entre letra e fonema, vez que várias letras podem representar um único fonema. De fato, não existe uma ―fórmula pronta‖ que resulte numa orientação única para facilitar a aprendizagem da correta grafia de língua portuguesa. No entanto, existem algumas regras que auxiliam na aquisição desse conhecimento. LETRAS G E J ► Emprega-se j: nas palavras de origem árabe, africana ou indígena. Ex.: acarajé, jibóia, pajé, alforje nos verbos terminados em -jar ou -jear: Ex.: sujar, granjear nas palavras derivadas de outras que já possuem j: Ex.: nojo – nojento; cereja – cerejeira ► Emprega-se g: palavras terminadas em -agem, -igem, -ugem: Ex.: garagem, vertigem, ferrugem Exceções.: pajem, labujem, lajem palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, - úgio: Ex.: plágio, colégio, prodígio, relógio, refúgio. palavras derivadas de outras que já possuam g: Ex.: selvagem – selvageria Obs.: O substantivo viagem escreve-se com g. LETRAS S E Z ► Emprega-se s: palavras derivadas de outras que já possuam s: Ex.: vaso – vasilhame; preso – presídio na conjugação dos verbos pôr, querer e seus derivados: Ex.: pusesse, quisera após ditongo aberto: Ex.: pausa, aplauso, pouso palavras formadas pelos sufixos -esa, -isa, -oso: Ex.: formoso, poetisa, baronesa palavras formadas com o sufixo -isar, quando a palavra primitiva for grafada com s: Ex.: pesquisa – pesquisar; análise – analisar 12 nomes relacionados com verbos cujos radicais terminam em: ND- compreender – compreensão RG- imergir – imersão Rt- converter – conversão CORR- percorrer – percurso PEL- impelir- impulso SENT- consentir- consenso ► Emprega-se z: palavras derivadas de outras que já possuam z: Ex.: raiz – enraizar palavras formadas com o sufixo -izar, quando a palavra primitiva não for grafada com s: Ex.: real – realizar palavras formadas pelos sufixos -ez e -eza, formador de substantivos abstratos: Ex.: real – realeza; belo – beleza; timidez LETRAS X E CH ► Emprega-se x: geralmente após ditongo: Ex.: trouxa, peixe, caixa após a sílaba me-: Ex.: mexerico, mexicano Exceção: mecha (substantivo) após a sílaba en-: Ex.: enxame, enxerido, enxoval Exceção: encher e seus derivados, encharcar e seus derivados, enchumaçar e seus derivados e enchova. palavras de origem africana ou indígena: Ex.: orixá, xavante, abacaxi ► Emprega-se ch: em determinadas palavras por razões etimológicas: Ex.: chuchu, archote, flecha, chumbo, pechincha. LETRAS SS E Ç ► Emprega-se ç: palavras derivadas de outras que já possuam ç e em palavras de origem indígena árabe e africana: Ex.: embaçado, açaí, miçanga, caçula. geralmente após ditongo: Ex.: beiço, louça, traição na conjugação de verbos terminados em -ecer e - escer: cresço, desço. Escreveremos com -ção as palavras derivadas de vocábulos terminados em -to, -tor, -tivo e os substantivos formados pela posposição do -ção ao tema de um verbo (Tema é o que sobra, quando se retira a desinência de infinitivo - r - do verbo). Portanto deve-se procurar a origem da palavra terminada em -ção. Por exemplo: Donde provém a palavra conjunção? Resposta: provém de conjunto. Por isso, escrevemo-la com ç. Exemplos: erudito = erudição exceto = exceção setor = seção intuitivo = intuição redator = redação ereto = ereção educar - r + ção = educação exportar - r + ção = exportação repartir –r + ção = repartição ► Emprega-se ss: substantivos derivados de verbos terminados em - eder e -edir. Ex.: ceder – cessão; agredir – agressão Nomes relacionados com verbos com radicais terminados em: GRED- regredir- regresso CED- interceder- intercessão MET- intrometer- intromissão PRIM- oprimir- opressão Escrevem-se com S ou SS: Substantivos derivados de verbos terminados em: -TER – converter- conversão -TIR- demitir- demissão -DER- compreender- compreensão -DIR- progredir- progressão -MIR- reprimir- repressão Exceção: reter- retenção, abster- abstenção. Cuidado com a escrita de E e I. A simples troca de E e I modifica completamente o sentido de muitas palavras. Observe: Área (superfície) Ária (melodia) Arrear (pôr arreios) Arriar (abaixar) Delatar (denunciar) Dilatar (distender) Emergir (vir à tona) Imergir (afundar) Emigrar (sair do país) Imigrar (entrar no país) Eminente (de condição elevada) Iminente (prestes a acontecer) Peão (que anda a pé) Pião (espécie de brinquedo) Recreação (diversão) Recriação (criar novamente) Venoso (relativo a veias) Vinoso (que produz vinho) ALMEIDA, N. T. Gramática da língua portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2003. p.26 13 DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS 1º) A letra minúscula inicial é usada: a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes. b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera. c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães, Menino de engenho,Árvore e Tambor ou Árvore e Tambor. d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano. e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste). f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena). g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas). 2º) A letra maiúscula inicial é usada: a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote. b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria. c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/ Netuno. d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social. e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos. f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo). g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático. h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O, Sr., V. Exª. i) Opcionalmente, em palavras usadas reveren- cialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha). Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica. geológica, bibliológica, botânica, zoológica etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente. GRAFIA CERTA DE CERTAS PALAVRAS AFIM / A FIM DE Afim – semelhança; parentesco; afinidade. São duas pessoas afins. A fim de – com o propósito de; com o objetivo de; com a finalidade de. Estou a fim de passar no vestibular. DIA-A-DIA/ DIA A DIA Dia-a-dia – substantivo. O dia-a-dia é que preocupa. Dia a dia _ locução adverbial= dia por dia. Fazemos tarefas dia a dia. AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A Ao encontro de (= aproximação) As minhas ideias vão ao encontro das suas. De encontro a (= posição contrária) As minhas ideias, infelizmente, vão de encontro às suas. PORQUÊ/ PORQUE/ POR QUÊ/ POR QUE Porquê – substantivo = equivalente a ―o motivo‖; ―a causa‖. Sei o porquê do choro. Porque _ conjunção= a oração equivale a ―por esta razão‖ Faltei porque estava doente. Por quê – no fim do período ou seguido de pausa. Você faltou por quê? Se não entendeste por quê, a obrigação era perguntar. Por que a) Nas interrogativas diretas. Por que faltaste à aula ontem? b) Nas interrogativas indiretas. Perguntaram por que faltaste à aula ontem. c) Quando igual a ― motivo pelo qual‖; razão. Bem sabes por que não compareci. d) Quando igual a ―por qual‖. Bem sabes por que motivo não compareci. SE NÃO/ SENÃO Se não Conjunção + advérbio = caso não. Se não pagas, não entras. Pronome + advérbio. Se não = não se. O que se não deve dizer. 14 Senão 1. substantivo = defeito. Ela não tem um senão de que possa falar. 2. mas também. Não só me ajudou, senão defendeu-me. 3. palavra de exclusão = exceto A quem, senão a meu pai, devo recorrer? 4. depois de palavra negativa ou como segundo elemento dos pares aditivos não ou senão, não só... senão (também). Não me amoles senão eu grito. Ninguém te viu, senão todos já saberiam. Não só me ajudou, senão também me hospedou. 5. Caso contrário Estude, senão não passará no concurso. A PAR/ AO PAR A par – bem informado , ciente. Estava a par do fato. Ao par – usado para indicar relação de equivalência ou igualdade entre valores financeiros. As moedas dos dois países têm o câmbio praticamente ao par. DO HÍFEN EM COMPOSTOS, LOCUÇÕES E ENCADEAMENTOS VOCABULARES 1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arce-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide- mor, amorperfeito, guarda-noturno, mato- grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, cifro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva. Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc. 2º) Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos, iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes. Obs.: Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné- Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso. 3º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão- verde; benção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo- inâcio, bem-me-quer (nome de planta que também se dá à margarida e ao malmequer); andorinhagrande, cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-d'água, lesma-de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro). 4º) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bemestar, bem- humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal- humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf malfalante), bem- mandado (cf. malmandado). bem-nascido (cf. malnascido) , bem-soante (cf. malsoante), bem- visto (cf. malvisto). Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeitor, benquerença, etc. 5º) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além- Atlântico, além-mar, além-fronteiras; aquém-fiar,aquém-Pireneus; recém-casado, recém-nascido; sem-cerimônia, sem-número, sem-vergonha. 6º) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da- velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar; b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho; c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja; d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de 15 menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois de amanhã, em cima, por isso; e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a; f) Conjuncionais: afim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que. 7º) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade-Igualdade- Fraternidade, a ponte Rio Niterói, o percurso Lisboa- Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique, e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/ topônimos (tipo: Austria-Hungria, Alsácia- Lorena, Angola-Brasil, Tóquio- Rio de Janeiro, etc.). DO HÍFEN NAS FORMAÇÕES POR PREFIXAÇÃO, RECOMPOSIÇÃO E SUFIXAÇÃO 1º) Nas formações com prefixos (como, por exemplo: ante-, anti-, circum-, co-, contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-, supra-, ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autónomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como: aero-, agro-, arqui-, auto-, hio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto, pseudo, retro-, semi-, tele-, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos: a) Nas formações em que o segundo elemento começa por h: anti -higiénico/anti-higiênico, circum- hospitalar, co-herdeiro, contra -harmónico/contra- harmônico, extra-humano, pré-história, sub- hepático, super-homem, ultrahiperbólico; arqui- hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história, neo- helénico/neo-helênico, pan-helenismo, semi- hospitalar. Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, desumidificar, inábil, inumano, etc. b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra- axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto- observação, eletro-ótica, micro-onda, semi- interno. Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc. c) Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea a): circum-escolar, circum-murado, circum- navegação; pan-africano, pan-mágico, pan- negritude. d) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados com elementos iniciados por r: hiper-requintado, inter-resistente, super- revista. e) Nas formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou cessamento),sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira, ex- presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei; sota- piloto, soto-mestre, vicepresidente, vice-reitor, vizo-rei. f) Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-, pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte): pós- graduação, pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); préescolar, pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover). 2º) Não se emprega, pois, o hífen: a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se, prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como hiorritmo, hiossatélite. eletrossiderurgia, microssistema, micror- radiografia. b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico, plurianual. 3º) Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim. 16 Formas variantes Abdômen ou abdome Arrebitar ou rebitar Assobiar ou assoviar Assoprar ou soprar Bêbado ou bêbedo Catorze ou quatorze Cociente ou quociente Infarto ou enfarte Lajem ou laje Percentagem ou porcentagem Loiro ou louro Empanturrar ou empaturrar Maquiagem ou maquilagem Debulhar ou desbulhar Flecha ou frecha Hem? Ou hein? Hidrelétrica ou hidroelétrica Cãibra ou câimbra Hemorroida ou hemorroide Tesoura ou tesoira Aluguel ou aluguer Azaleia ou azálea Assoalho ou soalho Biscoito ou biscouto Amídala ou amigdala Cãibra ou câimbra Aritmética ou arimética Chipanzé ou chimpanzé Arrebentar ou rebentar Cumular ou acumular Aluguel ou aluguer Imundície ou imundícia Degelar ou desgelar Dependurar ou pendurar Entoação ou entonação Estralar ou estalar Flauta ou frauta Fleuma ou legma Geringonça ou gerigonça Maribondo ou marimbondo Mobiliar ou mobilhar Nenê ou neném Parêntese ou parêntesis Projétil ou projétil Radioatividade ou radiatividade Rastro ou rasto Réptil ou reptil Surrupiar ou surripiar Toicinho ou toucinho Trilhão ou trilião Voleibol ou volibol Tramela ou taramela ALMEIDA, N. T. Gramática da língua portuguesa para concursos, vestibulares, ENEM, colégios técnicos e militares. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 27 Ortografia oficial Emprego da letra Z (fonema Z) ● Substantivos abstratos derivados de adjetivos: Pobre – Pobre__a Belo – Bele__a Altivo – Altive__ Ácido – acide__ ● Aumentativos e diminutivos: Copá__io Papel__inho Homen__arrão Animai__inhos Coraçõe__inhos ● Verbos terminados em ZER e ZIR: Fa__er Tra__er Di__zer Apra__er Adu__ir Fran__ir Condu__ir Produ__ir Exceto: Co___er Tran__ir (repassar, assombrar, penetrar) ● Sufixo IZAR (em nomes sem S): Finali__ar Reali__ar Centrali__ar Ideali__ar Morali__ar Cuidado: catequese = catequizar síntese = sintetizar hipnose = hipnotizar ● Desinência TRIZ (formadora de feminino); Embaixatri__ Imperatri__ Atri__Emprego da letra S (fonema /z/): ● Adjetivos que indicam origem: Burguê__ Francê__ Inglê__ Camponê__ ● Desinências de feminino ESA/ ISA: Barone__a Marque__a Japone__a Poeti__a Sacerdoti__a Profeti__a 17 ● Em todas as formas do verbo PÔR e QUERER: Pu__ Qui__ Pu__emos Qui__emos Pu__era Qui__era Pu__este Qui__este ● Adjetivos terminados em OSO (A): Aquo__o (a) Melo__o (a) Jeito__o (a) Gosto__o (a) Sebo__o (a) Vaido__o (a) ● Depois de ditongos: Cau__a Coi__a Lou__a Náu__ea Aplau__o Clau__ura Sou__a Neu__a Empregos das letras S e SS (fonemas /z/ e /s/) Substantivos derivados de verbos terminados em: ● ENDER Defender – Defe__a Empreender – Empre__a Surpreender – Surpre__a Despender – Despe__a Compreender – Compreen__ão Repreender – Repreen__ão ● ERGIR Imergir – Imer__ão Submergir – Submer__ão ● ERTER Inverter – Inver__ão Perverter – Perver__ão ● PELIR Repelir – Repul__a Compelir – Compul__ão ● CORRER Discorrer – Discur__o Percorrer- Percur__o ● CEDER Ceder- Ce___ão Conceder – Conce__ão ● GREDIR Agredir – Agre__ão Regredir – Regre__o ● PRIMIR Exprimir – Expre___ão Comprimir – Compre___ão ● TIR Permitir – Permi___ão Discutir – Discu___ão Emprego da letra X (fonema /x/) ● Depois de ditongo: Cai__a Quei__o Amei__a Bai__o Pai__ão Exceção: Recau___utar Depois das sílabas iniciais: ● Me Me__ilão Exceto: Me___a, Me___oação ● La La___ante ● Li Li__a Li__o ● Lu Lu__o Lu__úria ● Gra Gra__a Gra__eiro Engra __ate ● Bru Bru___a 18 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS Observe os trechos abaixo: ―Descubra a química que existe entre a medicina e você.‖ (Superinteressante, maio/2004) ―Os mecanismos do olfato e de seus efeitos no cérebro envolvem intrincadíssimos sistemas que, para serem decifrados, requerem perícia em diversas áreas: química, física, biologia molecular, fisiologia, neurociência ...‖ (Superinteressante, maio/2004) Em comum nos dois excertos é a palavra química. No entanto, tal palavra é empregada em sentidos diferentes, por estarem em contextos diferentes. ● Campo semântico Denomina-se de campo semântico o conjunto de empregos/usos de uma palavra num determinado contexto, ou seja, são as diversas acepções que uma mesma palavra assume dentro de situações diferentes. No primeiro trecho, a palavra química assume o significado de ―entendimento‖, ―boa interação‖; já no segundo, significa ―ciência‖. ● Polissemia ―É a capacidade que uma palavra tem de assumir diferentes significações ou sentidos.‖ HIPÔNIMOS E HIPERÔNIMOS Hiperonímia é a palavra que possui um sentido genérico, em relação a outras de sentido mais restrito, específico. Ex.: fruta é hiperônimo de laranja, banana, maçã. Hiponímia é a palavra que possui um sentido mais restrito, específico quando relacionada a outras de sentido mais geral. Ex.: homem, mulher e criança são hipônimos de ―ser humano‖ SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS Sinonímia é a relação existente entre palavras que possuem significados semelhantes. Ex.:―A legalização da ‗morte piedosa‘ na Holanda faz o mundo inteiro se perguntar: nós temos o direito de escolher como e quando nossa vida vai acabar?‖ (morte piedosa = eutanásia) (Superinteressante, março/2001) Antonímia é relação existente entre palavras que possuem significados opostos, contrários. Ex.: ―Goiana morta em desastre aéreo está viva.‖ (Veja, 11.10.2000) Obs.: Não existem sinônimos perfeitos. HOMÔNIMOS, HOMOGRÁFOS, HOMÓFONOS E PARÔNIMOS Homonímia é a relação existente entre palavras que possuem significado diferente, mas grafia e pronúncia iguais. Ex.: nós (pronome) – nós (plural de nó) mato(bosque)–mato (verbo) livre (solto) – livre(verbo livrar) rio (verbo rir) – rio (curso de água natural) amo (verbo amar) – amo (servo) canto (ângulo) – canto (verbo cantar) fui (verbo ser) – fui (verbo ir) Homografia é a relação existente entre palavras que possuem grafia igual, mas significado e pronúncia diferentes. Ex.: O governo brasileiro tenta vencer a inflação. Eu governo com responsabilidade meus assuntos. Homofonia é a relação existente entre palavras que possuem pronúncia igual, mas grafia e significado diferentes. Ex.: O prisioneiro estava triste em sua cela. A sela estava sobre o cavalo. Acender (atear fogo) Ascender (subir) Bucho (estômago de animais) Buxo (arbusto) Caçar (perseguir animais) Cassar (anular) Cela (compartimento) Sela ( arreio) Censo (recenseamento) Senso (juízo, raciocínio) Cerração (nevoeiro denso) Serração (ato de serrar) Cidra (fruto) Sidra (vinho de maçã) Concertar (harmonizar) Consertar (reparar) Insipiente (ignorante) Incipiente (principiante) Laço (nó) Lasso (cansado ou frouxo) Paço (palácio) Passo (andar) Seção/secção (parte, divisão) Cessão (ato de ceder, doar) Sessão (reunião) Tacha ( pequeno prego) Taxa (imposto) Paronímia é a relação existente entre palavras semelhantes na pronúncia e na grafia, mas com significado diferentes. Ex.: Muito se lutou contra o tráfico negreiro. Hoje, pela manhã, o tráfego estava um horror. 19 recrear (divertir, alegrar) recriar (criar novamente) sortir (abastecer) surtir (produzir efeito) tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal) vadear (atravessar a vau) vadiar (andar ociosamente) vultoso (volumoso) vultuoso (atacado de congestão na face) imergir (afundar) emergir (vir à tona) inflação (alta dos preços) infração (violação) infligir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar) Mandado (ordem judicial) mandato (procuração) ratificar (confirmar) retificar (corrigir) emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país) Eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer) esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado) estada (permanência de pessoas) estadia (permanência de veículos) fusível (o que funde) fuzil (arma) absolver (perdoar, inocentar) absorver (sorver, aspirar) arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair) Cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem cortês) comprimento (extensão) cumprimento (saudação) Descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência) descriminar (tirar a culpa, inocentar) discriminar (distinguir) Despensa (onde se guardam mantimentos) dispensa (ato de dispensar) MORFOLOGIA DEFINIÇÃO Em linguística, morfologia é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. A peculiaridade da morfologia é estudar as palavras olhando para elas isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou período. A morfologia está agrupada em dez classes, denominadas classes de palavras ou classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição. ● Palavras denotativas Série de palavras que se assemelham ao advérbio. A NGB considera-as apenas como palavras denotativas, não pertencendo a nenhuma das 10 classes gramaticais. Classificam-se em função da ideia que expressam: Adição - ainda,além disso etc. (Comeu tudo e ainda queria mais) Afastamento - embora (Foi embora daqui) Afetividade - ainda bem, felizmente, infelizmente (Ainda bem que passei de ano) Aproximação - quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de etc. (É quase 1h a pé) Designação - eis (Eis nosso carro novo) Exclusão - apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas etc. (Todos saíram, menos ela / Não me descontou sequer um real) Explicação - isto é, por exemplo, a saber etc. (Li vários livros, a saber, os clássicos) Inclusão - até, ainda, além disso, também, inclusive etc. (Eu também vou / Falta tudo, até água) Limitação - só, somente, unicamente, apenas etc. (Apenas um me respondeu / Só ele veio à festa) Realce - é que, cá, lá, não, mas, é porque etc. (E você lá sabe essa questão?) Retificação - aliás, isto é, ou melhor, ou antes etc. (Somos três, ou melhor, quatro) Situação - então, mas, se, agora, afinal etc. (Afinal, quem perguntaria a ele?) ● PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS Processos de formação de palavras ● Raiz - morfema lexical originário, irredutível, geralmente monossilábico, que contém o núcleo significativo comum às palavras cognatas ou de mesma família. Por sofrerem muitas alterações e serem de difícil delimitação, as análises trabalham basicamente com os radicais. ● Radical - morfema lexical que se opõe aos outros de derivação e flexão numa palavra (galo, galinha, galináceo). Alguns vocábulos são constituídos apenas por radical (lápis, mar, hoje). Na prática, pode-se fazer distinção entre diversos níveis de radicais, sendo o radical primário a raiz (desregularizar - desregulariz > regulariz > regul> reg - são 4 níveis de radicais ditos primário, secundário ...) 20 ● Vogal temática - vogal que, em alguns casos, agrega-se ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, indicam a conjugação verbal (1ª -a, 2ª -e, 3ª -i), e são átonas (-a, -e, -o) nos nomes. ● Tema - união de radical mais vogal temática. Nos nomes, o tema é mais evidente em derivados de verbos (caça-dor / ferve-nte). ● Formas atemáticas - terminadas em cons. ou vog. tônica (mar, café), constituem-se apenas de radical. ● Desinências - apoiam-se ao radical para marcar as flexões gramaticais. Podem ser nominais ou verbais: Nominais - indicam flexões de gênero e número dos nomes (gat-a e gato-s) Verbais - indicam tempo e modo (modo temporais) ou pessoa e número (número-pessoais) dos verbos. ● Afixos - morfemas derivacionais (gramaticais) agregados ao radical para formar palavras novas. Prefixo - antes do radical (infeliz) Sufixo - depois do radical (felizmente) ● Vogal e consoante de ligação - elementos mórficos insignificativos que surgem para facilitar ou até possibilitar a pronúncia de determinadas construções (silv-í-cola, pe-z-inho, pobre-t-ão, gas-eificar, rat-i- cida, rod-o-via)· ● Alomorfes - são as variações que os morfemas sofrem (amaria - amaríeis; feliz - felicidade). Cegalla divide os elementos estruturais: raiz/ radical / tema (elementos básicos e significativos) + afixos / desinências / VT (elementos modificadores da signficação dos primeiros) + vogal e consoante de ligação (elementos de ligação, eufônicos, não são morfemas) Nomes terminados por r, z, s (oxítonas) ou l apresentam vogal temática só no plural (anima-i-s) Grau não é flexão, por que os elementos que o caracterizam não são desinências. Os sufixos usados na construção de graus podem sofrer flexões (menin-inh-a-s) ● Morfemas Unidades mínimas de significação, integrantes da palavra, que não admitem subdivisão em unidades significativas menores. Quanto à significação, podem ser: ● morfemas lexicais (lexemas ou semantemas) de significação externa, série aberta. ● morfemas gramaticais (gramemas ou formantes) de significação interna, relacionados ao universo linguístico, série fechada. ● Resumo esquemático: VOGAIS TEMÁTICAS Conj. VT VT alom. Exemplos 1ª. A- E / O falei, falou (pret. perf. Ind.) 2ª. E- I /temia (pret. imp.. Ind.), temido (Part.) 3ª. I- E partes, parte, partem (pres. Ind.) Observações 1ª pessoa do singular do presente do Indicativo e todo o presente do Subjuntivo têm VT = ø ● o elemento o da 1ª pessoa do singular do presente do Indicativo é DNP ● os elementos e e a do presente do subjuntivo são DMT DMT INDICATIVO Tempo DMT DMT alom. Exemplos Pres. - - amo, amas Pretérito perfeito- - amei, amaste Imp. (1ª. conj.) VA VE (vós) amava, amáveis Imp (2ª e 3ª conj.) A E (vós) temia, temíeis +-que-perf RA (át.) RE (vós) amara, amaríeis Futuro Pres. RA(tôn.) RE (eu, nós, vós) amará, amarei Futuro Prét. RIA RIE (vós) amaria, amaríeis DMT SUBJUNTIVO Tempo DMT DMT alom. Exemplos Pres. (1ª conj.) E - ame, ames Pres. (2ª conj.) A - tema, parta Imp. SSE - amasse, partisse Futuro R - amar, amares 21 DNP GERAL Pessoa DNP DNP alom. Exemplos 1ª sing. O / ø I / U sei, vou, sou 2ª sing. S ES amares, andares 3ª sing. Ø - ama, temeria 1ª pl. MOS -amássemos, tememo s 2ª pl. IS DES amais, amardes 3ª pl. M EM, nasalidade + O amarem, amarão ● DNP PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO Pessoa DNP DNP alom. Exemplos 1ª. sing. I ø amei, temi, fiz, pus 2ª. sing. STE - amaste, temeste 3ª. sing. U ø amou, temeu, fez, pôs 1ª. pl. MOS - amamos, tememos 2ª. pl. STES - amastes, temestes 3ª. pl. RAM - amaram, temeram FORMAS NOMINAIS DMT DMT alom. Exemplos Infinitivo R - amar, temer, partir Gerúndio NDO - amando, vendendo Particípio DO TO, STO, SO, etc. amado, feito, visto Observações ● DNP para pretérito perfeito do Indicativo é cumulativa (indica também modo e tempo) ● DNP alomórfica no pretérito perfeito é marcada pela sua ausência na 1ª e 3ª pessoas do singular (fiz, fez, pus, pôs, disse, trouxe) SIGNIFICADO DAS PALAVRAS ATRAVÉS DOS ELEMENTOS MÓRFICOS Pode-se identificar o significado de algumas palavras através de seus elementos estruturadores. Assim, o conhecimento de palavras cognatas auxilia não só na delimitação dos elementos mórficos, mas também na descoberta do significado de um vocábulo desconhecido. Aqui seguem algumas palavras com seus elementos formadores e sua significação. Entretanto, a quantidade de prefixos, sufixos e radicais é grande e seus significados também múltiplos, merecendo um estudo mais aprofundado. ● Prefixos: Ambi duplicidade: ambíguo, ambidestro bene/bem muito bom: beneficente, benfeitor Cis do lado de cá, aquém: Cisplatino De de cima para baixo: decrescer, declive Justa ao lado: justaposição Ob em frente: obstáculo Per movimento através, perfurar: percorrer Pro para frente, em lugar de: progresso, pronome, prólogo Sesqui um e meio: sesquicentenário vice/vis no lugar de, inferior a: vice-presidente, visconde Anfi em torno, duplicidade: anfiteatro, anfíbio arqui/arc/arque/arce superioridade: arcebispo, arcanjo, arqueduque Cata de cima para baixo: catálogo Dis dificuldade, mau estado, disenteria, dispnéia Endo/end interior, movimento, para dentro, envenoso, endovenoso Epi superior, posterioridade epiderme, epitáfio, epílogo eu/ev bem, bom: eufonia, evangelho, EUFEMISMO Hipó inferior, escassez: hipocrisia, hipodérmico sin/sim/si simultaneidade, companhia sinfonia, sílaba ● Sufixos: Por sua natureza formadora, podem ser nominais, verbais e adverbiais. ● Nominais (substantivose adjetivos): agente, profissão - vendedor, inspetor, padeiro, manobrista, bibliotecário ação ou resultado de ação - martelada, aprendizagem, matança, casamento, formatura qualidade, estado - maldade, patriotismo, surdez, delicadeza, loucura doença, inflamação - cefaléia, anemia, apendicite, tuberculose lugar - oratório, bebedouro, principado, orfanato, padaria ciência, técnica, doutrina - geografia, estética, cristianismo feito de, parece com - argênteo, ósseo, aquilino coleção, aglomeração - cafezal, arvoredo, cabeleira aumentativo - bocarra, cabeçorra, casarão, homenzarrão diminutivo - riacho, viela, camarim, portinhola, homúnculo 22 ● Verbais: verbos frequentativos (que se repete) - espicaçar, pestanejar verbos diminutivos (ação diminutiva) - petiscar, chuviscar, pinicar verbos incoativos (início de ação ou passagem para novo estado ou qualidade) - amanhecer, florescer verbos causativos (ação que deve ser praticada ou dar certa qualidade a uma coisa) - canalizar, debilitar, esquentar ● Adverbiais: -mente - felizmente, bondosamente RADICAIS: O significado de alguns radicais. ● 1º elemento: acrópole, acrofobia - alto agricultura - campo anemômetro - vento apicultura - abelha asterisco, asteroide - estrela cacofonia - mau caligrafia - belo eneágono - nove equivalência - igual filologia, filarmônica - amigo fisionomia, fisiologia - natureza fotofobia, fotosfera - fogo/luz heterossexual, heterogêneo - outro isósceles - igual locomotiva - lugar megalomaníaco - grande misantropo - ódio mitologia - fábula necropsia - morto onomatopéia - nome ornitologia - ave oxítono - agudo/penetrante pan-americano - todos patologia - sentimento/doença peleografia - antigo pirotecnia - fogo pisciforme - peixe plutocracia - riqueza pneumático - ar/sopro quiromancia - mão retângulo - reto tipografia - figura/marca 2º elemento: anagrama - escrita/letra antropofagia - ato de comer astronomia - lei/regra autônomo, metrônomo - que regula barítono, monótono - tensão/tom bibliofilia - amizade cartomancia - adivinhação centrífugo - que foge ou faz fugir demagogo - que conduz/leva democracia - poder diálogo, psicólogo - palavra/estudo frutífero - que produz ou faz helicóptero - asa heterodoxo - que opina heterogêneo - que gera lobotomia - corte/divisão microscópio - examinar/ver monarca - que comanda neurastenia - debilidade nevralgia - dor ovíparo - que produz xenofobia, hidrofobia - ódio/temor 3.3. Processos de formação de palavras As palavras estão em constante processo de evolução, tornando a língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Alguns vocábulos caem em desuso (arcaísmos), outros nascem (neologismos) e muitos mudam de significado com o passar do tempo. Em Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das palavras, pode-se chegar à seguinte divisão: ● Palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor) ● Palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha) ● Palavras simples - só possuem um radical (couve, flor) ● Palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-flor, aguardente) Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conhecimento dos seguintes processos de formação: ● Composição - junção de radicais. São dois tipos de composição, em função de ter havido ou não alteração fonética. ● Justaposição - sem alteração fonética (girassol, sexta- feira) ● aglutinação - alteração fonética, com perda de elementos (planalto, pernalta). Gera perda da delimitação vocabular e a existência de um único acento fônico ● Derivação - palavra primitiva (1 radical) acrescida, geralmente, de afixos. São cinco tipos de derivação. ● Prefixal - acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in- feliz, des-leal) ● Sufixal - acréscimo de sufixo à palavra primitiva (feliz- mente, leal-dade) 23 ● Parassintética ou parassíntese - acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo, ao mesmo tempo, à palavra primitiva (en+surdo+ecer / a+benção+ado / en+forca+ar). Por esse processo se forma essencialmente verbos, de base substantiva ou adjetiva; mas há parassintéticos de outras classes (subterrâneo, desnaturado) Observação: Se com a retirada do prefixo ou do sufixo não existir aquela palavra na língua, houve parassíntese (infeliz existe e felizmente existe, logo houve prefixação e sufixação em infelizmente; Ensurde não existe e surdecer também não existe, logo ensurdecer foi formada por parassíntese); o regressiva ou deverbal - redução da palavra primitiva (frangão > frango gajão > gajo, rosmaninho > rosmano, sarampão > sarampo, delegado >delega, flagrante > flagra, comunista>comuna). Cria substantivos, que denotam ação, derivados de verbos, daí ser chamado também derivação deverbal (amparo, choro, voo, corte, destaque, conserva, fala, pesca, visita, denúncia etc.). Observação: Para determinar se a palavra primitiva é o verbo ou o substantivo cognato, usa-se o seguinte critério: substantivo denotando ação constitui-se em palavra derivada do verbo, mas se o substantivo denotar objeto ou substância será primitivo (ajudar > ajuda, estudar > estudo ≠ planta > plantar, âncora > ancorar) o imprópria ou conversão - alteração da classe gramatical da palavra primitiva ("o jantar" - de verbo para substantivo, "é um judas" - de substantivo próprio a comum, damasco por Damasco) ● Hibridismo - são palavras compostas, ou derivadas, constituídas por elementos originários de línguas diferentes (automóvel e monóculo- gr e lat / sociologia, bígamo, bicicleta - lat e gr / alcalóide, alcoômetro - ár. e gr. / caiporismo - tupi e gr. / bananal - afric e lat. / sambódromo - afric e gr / burocracia - fran e gr) ● Onomatopéia - reprodução imitativa de sons (pingue- pingue, zunzum, miau, zinzizular) ● Abreviação vocabular - redução da palavra até o limite de sua compreensão (metrô, moto, pneu, extra) ● Siglonimização - formação de siglas, utilizando as letras iniciais de uma sequência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de siglas, formam-se outras palavras também (aidético, petista, uergiano) ESTUDO DO ARTIGO É a palavra variável que tem por finalidade individualizar, isto é, indicar a coisa, essa individualização ou indicação pode ser feita de duas maneiras; ou de maneira precisa, definida, ou de maneira imprecisa, indefinida. A própria conceituação de artigo leva-nos aos dois subgrupos. Definidos: o, a, os, as. Indefinidos: um, uma, uns, umas. Do ponto de vista sintático, o artigo é um termo que funciona sempre como adjunto adnominal. O artigo pode ser confundido com: Pronome oblíquo. Pronome demonstrativo. Preposição. Numeral. COISA LINDA, ATENÇÃO! 1 - Artigo contra pronome oblíquo. Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as atuam como complemento de verbo, logo acompanham um verbo, e não um substantivo. O livro é este aqui, eu o trouxe agora. 2 - Artigo contra demonstrativo. Os pronomes demonstrativos o, a, os, as aparecem em alguns casos: antes de pronome relativo que, antes da preposição de e quando substitui um termo ou uma frase inteira ( somente o demonstrativo o atua nesse terceiro caso, vindo normalmente acompanhados dos verbos ser ou fazer). Tais pronomes podem ser substituídos por aquele, aquela, aquilo, isso, isto. A verdade é que uma turma só é boa de seus componentes também o (isso = bons) forem. - João, eu soube que você brigou com a sua namorada. - José Carlos,eu não o fiz ( perceba que, nessa frase, o pronome o refere-se ao ato de brigar com a namorada, podendo ser substituído, inclusive, pela palavra isso – Eu não fiz isso. Mas que melhor metafísica que a ( aquelas) delas. São poucos os que mandam e muitos os que obedecem. 3 - Artigo contra preposição. A preposição vem indicando locução adjetiva. Barco a vela. ● LOCUÇÃO ADVERBIAL Ali as coisas eram ditas a meia voz ● LOCUÇÃO PREPOSITIVA A despeito de. Ligando verbos e nomes a seus complementos. Isto é útil a todos. Ligando verbo a verbo. Votei a correr. 24 Quando é invariável. Iremos a Manaus. Quando inicia oração. Sou favorável a que se tome isso 4 - Artigo contra numeral. O numeral um ou uma indica quantidade correspondente à unidade e admite o acompanhamento das palavras só, somente ou apenas. José Carlos flauzino gastou um litro de álcool para sair. (só, somente, apenas um litro). Quantas flores você ganhou? ____ ganhei, uma! COISA LINDA, CUIDADO! Em "José Carlos Flauzino entrou na livraria para comprar um livro de psicologia." temos de entender tal vocábulo como artigo indefinido. Mas é possível colocar só, somente, apenas antes de um. Sempre observe o contexto. 5 - Artigo contra pronome indefinido. Os pronomes indefinidos um, uma, uns, umas não vem acompanhando um substantivo, vem substituindo-o. Normalmente, na mesma frase, aparece o pronome outro. Uns chegam, outros saem. COISA LINDA, MUITO CUIDADO! Existem alguns casos em que o artigo vem antes de: 1 - Advérbio seguido de adjetivo. Ele é o mais divertido do programa. 2 - Antes de numeral. (substituindo substantivo) Tio, tia e filha bebiam. Os três eram engraçados. 3 - Antes de pronome de tratamento. (mesmo). José Carlos Flauzino passou na prova. O mesmo não aconteceu com o Paulo. 4 - Antes de pronomes possessivos. ( substituindo substantivo). Não direi nada a teu tio, porém ao meu. 5 - Antes de pronome de tratamento. ( senhor, senhora, senhorita) A senhora é muito bonita. 6 - Antes de pronome interrogativo.( que) O que você quer com ela? 7 - Antes de pronome indefinido. ( outro, demais). Não fale nada à outra colega. 8 - Antes de pronome relativo ( na locução o ( a) qual). As mulheres as quais fumam... 9 - Antes de conjunção comparativa. José Carlos flauzino é mais inteligente do que o Arthur. COISA LINDA! Que o artigo individualiza, isto é, indica, aponta um objeto, é coisa fora de questão; consideremos a expressão minha filha. A omissão do artigo, nesse caso, deixa entrever a existência de outros filhos; se, acrescentando à expressão o artigo a, dissermos a minha filha, já outro sentido ela adquire, pois o artigo virá indicar, individualizar a coisa expressa, denotando a existência de uma única filha ou de uma filha toda especial, mais querida. Usa-se, obrigatoriamente, o artigo definido: 1. Após o pronome indefinido todo, no sentido de totalidade, inteiro. O jovem leu todo o livro. (o livro inteiro) Se o pronome indefinido todo tiver o sentido de qualquer, faz-se a omissão do artigo: Todo homem tem suas paixões. (qualquer). 2. No plural, empregam-se sempre os artigos os ou as após todos, todas, especialmente quando seguidos de numerais e substantivos: Todas as mulheres do bairro frequentam a feira. 3. Após o numeral ambos e antes do substantivo a que se refere: O professor puniu ambos os alunos. 4 Antes de nomes de estado, países, continentes, rios, serras e de outros nomes próprios geográficos: O Rio de Janeiro é lindo. 5. Sempre que desejar designar criações literárias; O Grande Sertão: Veredas. Se o artigo pertencer ao título da obra, não de admite combinação com preposição. Li isto em Os Sertões. 25 6. Quando não de deseja repetir substantivo já mencionado. Neste caso, o artigo deve substituí-lo sempre que necessário. Usou a blusa amarela e a azul muitas vezes. Se houver omissão do artigo, a frase assume um outro sentido: neste exemplo, tem-se a impressão de que a blusa tem duas cores. Usou a blusa amarela e azul muitas vezes. É facultativo o emprego do artigo definido antes de pronomes possessivos, Venderam o meu livro por engano. NÃO SE DEVE USAR O ARTIGO. 1. Após o pronome relativo cujo: Aquele é o menino cujo pai o passou no concurso. (errado) 2. Antes de pronome de tratamento. A vossa excelência chegará hoje. (errado) 3. Antes do pronome outro. Uns chegaram, os outros chegaram cedo. (errado) Se o pronome outro estiver determinado, usa-se o artigo: Os outros convidados chegarão mais tarde. (certo). COISA LINDA, ATENÇÃO! Diante de nome de pessoa, só se usa artigo para indicar afetividade, familiaridade, intimidade. O José Carlos Flauzino é muito legal. Anotações ESTUDO DOS SUBSTANTIVOS SUBSTANTIVO O substantivo é a palavra que nomeia tudo o que tem substância tudo o que existe, tudo o que imaginamos existir. É bom dizer que não é só o verbo que indica ação ou fenômeno da natureza, não é só o adjetivo que indica estado ou qualidade. O substantivo pode indicar ação (vingança), estado (doença), condição (pobreza), qualidade (fidelidade), sentimento (amor), acontecimento (sonho), concepção/ doutrina (fé). O substantivo é uma palavra que varia em gênero, número e grau, normalmente. Do ponto de vista sintático. 1 sujeito 2 objeto direto 3 objeto indireto 4 predicativo do sujeito 5 predicativo do objeto 6 complemento nominal 7 agente da passiva 8 adjunto adnominal 9 adjunto adverbial 10 aposto 11 vocativo COISA LINDA, ATENÇÃO! Concretos e abstratos. Grupo 1: o dos que designam seres que têm existência independente, ou que o pensamento apresenta como tal. Pouco importa que tais seres sejam reais ou não, matérias ou espirituais. São os substantivos concretos. 1 pessoas: José Carlos Flauzino. 2 animais: águia 3 vegetais: árvore. 4 objetos: livro. 5 lugares: Rio de Janeiro 6 entidades: alma, fada. 7 mineiras: água, mercúrio 8 fenômenos: chuva, vento, nevoeiro 9 instituições: parlamento, tribunal 10 concepções: círculo, algarismo, símbolo. 26 Grupo 2: o dos que designam seres de qualidade, ações ou estados. Chamam-se substantivos abstratos. 1 qualidade: tristeza. 2 ações: adoração, casamento, encontro. 3 estados: morte, vida, sonho, cegueira. Muitos substantivos podem ser variavelmente abstratos, ou concretos, conforme o sentido em que se empregam. Deste modo, redação, por exemplo, é nome abstrato, quando significa "o ato de redigir", numa frase como está: A redação das leis requer clareza. Com sentido, porém, "de trabalho escolar escrito", já passa a nome concreto. Na redação deste aluno, assinalei a lápis vermelho, vários erros. Próprio e comum. Próprio: é aquele que designa um ser entre outros da sua espécie. Topônimo: nome de lugar. Antropônimo: nome de pessoa. Comum: é aquele que designam todos os seres da mesma da mesma espécie. Simples e composto. Simples: palavra que possui um só radical. Composto: formado por mais de um radical. Primitivo e derivado. Primitivo: podem dar origem a outras palavras. Derivado: aquele que se origina de outra palavra. Coletivo. São aqueles que, embora no singular, designam um conjunto
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