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Resumo sobre contratos em especie - Direito civil

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CONTRATOS EM ESPÉCIE 
 
 I – DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA (arts 481 a 532 CC) 
 
1. Definição 
 Contrato pelo qual uma pessoa se obriga a transferir a propriedade de um certo 
objeto a outra, mediante recebimento de soma em dinheiro, denominada preço. 
 
2. Partes 
 Vendedor e comprador 
 
3. Efeitos 
 
 Transmissão da propriedade do objeto do comprador para o vendedor 
 Quando ocorre a transmissão da propriedade? 
 Varia de acordo com o sistema jurídico 
 Direito romano mancipatio – figurativamente se pesava numa balança com 
pesos em bronze a quantia a ser paga perante testemunhas ou cessio in iure 
modo de transferência pelo abandono do objeto pelo proprietário ao adquirente 
diante do magistrado 
 E ainda traditio manus (tradição manual) 
 Direito Francês aboliu este sistema a transferência se da no ato da celebração do 
contrato 
 Sistema germânico mantém tradição romana. A compra e venda não é meio de 
transmissão de propriedade, esta se da realmente com a tradição 
 Direito brasileiro mantém tradição romana com alterações germânicas 
 
 
A transmissão de propriedade se dá com a tradição manual quando se tratar de móveis e pela 
transcrição no registro imobiliário quando for imóveis 
 
 
 A tradição deve ocorrer no lugar em que a coisa se achava a época da venda, 
salvo estipulação em contrario 
 Duas fases distintas: celebração e execução ainda que simultâneas 
 
4. Caracteres jurídicos 
 
 TIPICO ARTS 481 A 532 
 PURO – NÃO É COMBINAÇAO 
 CONSENSUAL OU FORMA 
 ONEROSOS 
 BILATERAIS 
 PRE ESTIMADO OU ALEATORIO 
 EXECUÇAO IMEDIATA OU FUTURA 
 INDIVIDUAL 
 NEGOCIAVEL OU DE ADESAO 
 IMPESSOAL 
 
5. Elementos 
 
 Objeto, preço e consentimento – res, pretium, consensus 
 Objeto bem suscetível de alienação no comércio, passível de ser vendido e 
adquirido 
 Preço – caracteriza a compra e venda diferenciando-a da troca, em principio em 
dinheiro, mas admissível dação em pagamento –substituição por outra coisa. 
 Preço – deve ser sério. Ex: se vendido por 1 real será doação e não venda-
simulação art. 167-nulidade 
 Consentimento - livre 
 
6. Requisitos subjetivos 
 
 Sujeitos capazes 
 Capacidade negocial – 
 Ascendente não pode vende a descendente sem que os outros 
descendentes e cônjuge expressamente o consintam- vicio leve dois anos 
–art. 496 CC 
 Pessoa casada com vênia conjugal exceto separação e participação final 
dos aquestos se assim prever o pacto antenupcial art. 1656 CC-defeito 
leve 
 Tutores, curadores, testamenteiro, administradores em geral –defeito 
grave 
 Mandatários não podem comprar bens de cuja administração guarda ou 
alienação tenham sido encarregados-defeito grave 
 Condômino não pode vender sua parte de coisa indivisível se outro 
condômino a quiser pelo mesmo preço-leve 
 
 
Se forem vários terá preferência aquele com benfeitorias de maior valor ou o dono do maior 
quinhão, se todos iguais o que primeiro depositou o preço, deve agir em 180 dias s e ano lhe 
foi dada preferência – art. 504 CC 
 
 
7. Requisitos objetivos 
 Art. 104 CC 
 
Art. 482 CC A compra e venda, quando pura, considerar-se-á 
obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no 
preço. 
 
Art. 483 CC A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. 
Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo 
se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório 
 
8.Vendas especiais 
 
 Venda por amostras 
Art. 484 Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, 
entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas 
correspondem. 
 
Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver 
contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no 
contrato. 
 
 A compra e venda de imóveis poderá se dar ad mensuram e ad corpus 
 Ad corpus –como corpo individualizado sendo a metragem secundaria – ex 
vendo Fazenda Santa Maria-menção enunciativa a metragem 
 Ad mensuram – quando as dimensões do imóvel forem essenciais- se não 
conferirem exatamente pode pedir complementação por ação ex empto ou ex 
vendito ou abatimento do preço ou resolução 
 O juiz dada as circunstâncias ira decidir de que tipo se trata 
 Segundo Fiúza, nada dizendo o contrato se presume ad corpus se a diferença 
entre o estipulado em contrato e as medidas reais for de no máximo 1/20 – art. 
500 CC 
 
9.Requisitos formais 
 Consensual, exceto se imóvel de valor superior a mais 30 salários mínimos 
Artigo 108-Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à 
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, 
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta 
vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
 
 
 
 10. Obrigações do vendedor 
 Cuidar da coisa como sua ate a tradição correndo por sua conta 
 Garantir os vícios da evicção e redibitórios 
 Art 502 CC- débitos relativos a coisa móvel ou imóvel ate a tradição correm por 
conta do vendedor 
 E demais assumidas no contrato 
 
11. Obrigações do comprador 
 
 Pagar o preço 
 Receber a coisa no tempo e local determinados 
 
12. Cláusulas especiais 
 
 Não são comuns, mas podem ocorrer de forma extraordinária, devendo sempre 
ser pactuada por expresso 
 
A- Retrovenda 
 
 Cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de readquirir a coisa do 
comprador restituindo-lhe o preço mais despesas 
 Só é válida, segundo o Código Civil se o objeto do contrato for imóvel 
 Prazo de validade de 3 anos, sob pena de se considerar não escrito o tempo que 
ultrapassá-lo 
 Se o comprador se recusar a revender o vendedor poderá depositar a quantia 
judicialmente 
 O vendedor poderá ceder seu direito de retrato a terceiros e transmiti-lo via 
hereditária a herdeiros e legatários 
 
 
 Se o comprador dispuser da coisa alienando-a ou transmitindo-a a terceiros 
poderá o vendedor agir contra esses desde que a cláusula esteja averbada junto a 
matrícula do imóvel 
 
B-Venda a contento 
 
 Contrato subordinado à condição de ficar desfeito se a coisa objeto do contrato 
não for do agrado do comprador 
 Deve ser sempre expressa para ter validade 
 A venda só se reputa celebrado se o comprador aprovar a coisa, isto não impede 
que a coisa seja entregue de imediato 
 O comprador que recebe a coisa será considerado comodatário – empréstimo 
gratuito de coisas infungíveis- ate que se manifeste aceitando-a ou não 
 Prazo para que se manifeste deve ser fixado no contrato, em sua falta poderá 
intimar o comprador judicialmente ou não para que exerça seu direito em prazo 
determinado pelo vendedor 
 Vencido o prazo o comprador será constituído em mora, respondendo pelos 
danos que sofrer a coisa. 
 CDC – em todo contrato celebrado fora do estabelecimento comercial o 
comprador terá o prazo de 7 dias contados do recebimento para se arrepender e 
restituir o produto recebendo seu dinheiro de volta. 
 
C – Venda sujeita a prova 
 
 Modalidade da venda sujeita a contento 
 Contrato se reputa celebrado depois que o comprador comprovar que a coisa tem 
as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja adequada para a finalidade a que 
destina 
 É mais restrita que a venda a contento a rejeição só será possível se a coisa não 
possuir as qualidades asseguradas pelo vendedor ou não for finalidade para que 
se destina 
 Na venda a contento basta que o produto não seja de seu agrado 
 Aplica-se as mesmas disposições da venda a contento.D- Preempção ou preferência 
 
 Cláusula pelo qual o comprador se compromete a oferecer a coisa ao vendedor 
se algum dia resolver vendê-la 
 Deve ser pactuada por expresso e o vendedor só terá direito se pagar o preço 
exigido pelo comprador 
 Prazo imóvel – 60 dias 
 Móvel - 3 dias 
 Findo o prazo estará livre o vendedor 
 Partes podem fixar prazo maior não superior a 180 dias para móvel e 2 anos para 
imóvel 
 
E – Reserva de domínio 
 
 Cláusula que garante ao vendedor a propriedade da coisa móvel já entregue ao 
comprador até o pagamento total do preço 
 Apesar de já entregue a coisa o vendedor continua seu dono, comum nas vendas 
a prazo 
 Só para móveis 
 Para que possa agir contra terceiros adquirentes deve ser o contrato registrado no 
domicílio do comprador – no cartório de títulos e documentos 
 Ex: Bruno comprou TV de Paulo com cláusula de reserva de domínio: o objeto 
deverá ser individualizado a fim de que não se confunda com outros congêneres 
se houver dúvida e o bem for vendido a dúvida beneficiará o novo comprador 
 Entregue a coisa responde o comprador por todos os danos que sofrer exceção 
ao res perit domino 
 Não paga a dívida poderá o vendedor executar a cls exigindo a restituição da coisa e 
restituindo o comprador as parcelas já pagas descontados os prejuízos advindos do 
inadimplemento alem da deterioração da coisa 
 Pode ser que não haja nada a substituir e mais que tenha que ser paga indenização 
 Para tal precisará o vendedor constituir o comprador em mora interpelando-o 
judicialmente ou protestando o título 
 O vendedor poderá em vez de resolver o contrato executar o contrato para exigir as 
prestações não pagas 
 
F- Venda sobre documentos 
 
 O contrato é executado mediante a entrega de documentos que representam a 
coisa, ou seja, tradição simbólica da coisa 
 
II - DA DOAÇÃO (Arts. 538 a 564 CC) 
 
1.Conceito 
 
 Contrato pelo qual uma pessoa por liberalidade de seu patrimônio bens ou 
vantagens a outra que os aceita. 
 
2. Partes: doador e donatário 
 
3.Caracteres jurídicos 
 
 TIPICO Arts. 538 a 564 
 PURO – NÃO É COMBINAÇAO 
 CONSENSUAL OU FORMAL 
 GRATUITO 
 UNILATERAL OU BILATERAL ( se for doação com encargo) 
 PRÉ-ESTIMADO OU ALEATÓRIO 
 EXECUÇÃO IMEDIATA OU FUTURA 
 INDIVIDUAL 
 PERSONALÍSSIMO 
 
4. Elementos: 
 
a-Consentimento 
b- Animus donandi –liberalidade 
 
5. Espécies de doação 
 
a-pura e simples ou típica 
 
 é aquela na qual não há restrição ou encargo imposto pelo doador, nem 
subordina sua eficácia a nenhuma condição. É a liberalidade plena. 
 
b- onerosa, modal, com encargo 
 
 impõe incumbência ou dever ao donatário 
 o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito ao contrario da 
condição 
 pode ser imposto em benefício do doador, de terceiro ou de interesse geral 
 seu cumprimento em caso de mora pode ser exigido judicialmente 
 Doação com reserva de usufruto é pura e simples 
 tem legitimidade para exigir o cumprimento o doador e o terceiro, ou o 
Ministério Público se for de interesse geral e o doador faleceu – art. 553 CC 
 
c- remuneratória - 
 
 em retribuição de serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo 
donatário 
 
6. Tipos de doação 
 
a-Doação conjuntiva: 
 
 Feita a mais de uma pessoa- entende-se distribuída aos beneficiários por igual 
551- pode determinar direito de acrescer ao que venha a sobreviver 
 Se os donatários forem marido e mulher a regra é o direito de acrescer – 551 
parágrafo único 
 
b-Doação inoficiosa: 
 
 É a que excede o limite que no momento da liberalidade poderia dispor em 
testamento- ação declaratória de nulidade da parte inoficiosa- ação de redução 
 
c-Doação com cláusula de retorno ou reversão: 
 
 art.-547 
 Permite o retorno dos bens ao doador se este sobreviver ao donatário –não é 
possível a reversão em favor de terceiro 
 
d- Doação feita em contemplação de casamento futuro – propter nupcias 
 
 
Artigo 546 
A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, 
quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, 
de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só 
ficará sem efeito se o casamento não se realizar. 
 
e – Doação ao concubino 
 
Artigo 550 
A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou 
por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade 
conjugal. 
 
f- Doação a entidade futura 
Artigo 554 
A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída 
regularmente. 
 
g- Doação universal 
Artigo 548 
É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a 
subsistência do doador. 
 
h-Doação feita por doador já insolvente ou por ela reduzido a insolvência 
 
 Configura-se fraude contra credores- ação pauliana 
 Não é necessário provar consilium fraudis 
 Art. 158 CC 
 Regra de proteção a credores 
 
7.Revogaçao da doação 
 
 
 Art. 555 CC 
 
a-por descumprimento do encargo 
 
 Desde que feita a prova em juízo pelo doador 
 Seria melhor falar em resolução/rescisão 
 É necessário que o donatário tenha incorrido em mora (art. 562 CC) o que 
poderá ocorrer pelo seu vencimento 
 Não havendo termo começa da interpelação judicial ou extrajudicial (art.397, 
parágrafo único, CC) 
 Ação revocatória de doação 
 Força maior afasta a mora 
 
B- por ingratidão do donatário 
 
 Somente se for pura 
 Obrigação moral ser grato ao benfeitor 
 Rol dos arts. 557 e 558 CC é taxativo 
 É de ordem pública – irrenunciável antecipadamente 
 
III- DA TROCA, ESCAMBO, CÂMBIO OU PERMUTA (ART. 533) 
 
 Contrato pelo qual uma das partes se obriga a transferir a outra a propriedade de 
um bem mediante o recebimento de outro bem que não seja dinheiro 
 Aplicam-se as disposições da compra e venda 
 Aplicam-se no que couber as cláusulas especiais 
 Salvo disposição em contrário cada um dos contratantes pegará metade das 
despesas 
 Conterá defeito leve a troca entre ascendentes e descendentes sem o 
consentimento expresso dos outros e do cônjuge 
 
IV - DO CONTRATO ESTIMATÓRIO OU VENDA POR CONSIGNAÇÃO 
(ARTS. 534 a 537) 
 
1.Conceito 
 
 Contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra coisa móvel para vender ficando 
esta com a opção de pagar o preço ou restituir a coisa dentro do prazo 
combinado 
 
2.Partes 
 
Consignante – o que entrega 
Consignatário - o que recebe 
 
3.Caracteres jurídicos 
 
 Típico – 534 a 537 
 Misto - depósito e compra e venda 
 Oneroso – mas poderá ser gratuito se o comodotário apenas por benevolência 
aceitar a coisa sem se comprometer a fazer algo 
 Bilateral 
 Alelatório – não se sabe se ocorrera a venda 
 Individual 
 Negociável 
 Impessoal 
 
3.Requisitos subjetivos 
 
 Capacidade geral, além de ser dono da coisa 
 
4.Prazo 
 
 temporário em geral, se indeterminado poderá haver resilição unilateral 
 
5.Obrigações do consignatário 
 
 Conservar a coisa como se fosse sua 
 Indenizar o consignante sempre que a restituição tiver se tornado impossível, 
ainda que por fato não lhe imputável – responsabilidade objetiva 
 Consignatário não tem direito a reembolso de despesas com conservação da 
coisa 
 No caso de gastos extraordinários só terá reembolso e retenção pelas 
benfeitorias úteis e necessárias, pelas voluptuárias só se autorizadas poderá terreembolso sem direito de retenção 
 
5.Obrigações do consignante 
 
 Entregar a coisa e esperar prazo para que seja vendida 
 Não poderá dela dispor antes da restituição 
 
VI. DO EMPRÉSTIMO: 
 
Comporta duas espécies: comodato e mútuo 
 
A- Comodato (arts. 579 a 585) 
 
1. Conceito 
 
 é o empréstimo gratuito de bens infungíveis. É o empréstimo de uso. O 
comodatário utiliza o bem do comodante e depois o restitui. 
 Bens fungíveis- aqueles que podem ser substituídos por outro da mesma espécie, 
qualidade e quantidade. Ex: alimentos 
 Bens infungíveis – são bens que não podem ser substituídos por outro da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. Ex; touro reprodutor, antiguidade de família 
etc. 
 Os bens infungíveis o são por sua própria natureza como os exemplos anteriores 
ou ainda por convenção das partes. Ou seja, são naturalmente fungíveis mas as 
partes o consideram infungíveis. Ex: dvds alugados, deve restituir aquele 
exemplar, não bastante a substituição por outro. Pode-se convencionar assim a 
princípio sobre quaisquer bens, embora seja bastante incomum e improvável 
para determinados bens. 
2.Partes 
 comodante- que empresta a coisa 
 comodatário- que toma emprestado 
 
3.Características/Caracteres jurídicos: 
 
 Típico: arts.579 a 585 
 Puro: 
 Real: só se considera celebrado após a entrega do bem traditio rei.antes da 
entrega efetiva da coisa o contrato não existe contrato (alguns insistem em 
considera-lo consensual) de comodato, mas sim promessa de comodato.Como 
contrato gratuito, a promessa de comodato não é exigível, como a doação. Para 
ser exigível deve ser com encargo e o comodatário deve tê-lo cumprido. 
 Gratuito: à prestação do comodante não se contrapõe uma prestação do 
comodatário. Se houvesse contraprestação seria locação. O contrato pode gerar, 
porém, algumas pequenas obrigações em relação ao comodatário, como cuidar 
da coisa, alimentar animais, encher o tanque, cuidar do jardim (encargo), mas 
não tornam o contrato oneroso. 
 Unilateral: gera obrigações apenas para o comodatário 
 Pré-estimado: o contrato não está subordinado à sorte futura, todos os direitos e 
obrigações são previamente conhecidos. 
 De execução futura ou imediata: é celebrado em um momento e executado 
sucessivamente ou não 
 Individual: só obriga as partes contratantes 
 Negociável: pelo menos em tese são possíveis concessões recíprocas. 
 Intuitu personae: alguns dizem que é impessoal, outros que é intermediário 
(Caio Mario). É, contudo, baseado na confiança, relação pessoal. No direito 
francês é personalíssimo. 
4. Requisitos subjetivos: Capacidade genérica com duas observações: 
 
1. tutores, curadores e administradores de bens alheios não podem dá-los em comodato 
sem autorização do dono ou do juiz no caso de incapacidade. 
2. Não é necessário que o comodante seja proprietário da coisa, podendo ser mero 
possuidor. É empréstimo de uso, não opera a transferência da propriedade. Deve, 
porém, pedir autorização ao proprietário, no silêncio do contrato. 
 
5. Requisito objetivo: A coisa comodada deve ser infungível, pode ser móvel ou 
imóvel. A coisa infungível pode ser naturalmente ou por convenção, devendo, neste 
caso, ser restituída a mesma coisa in integrum, ainda que tal coisa seja naturalmente 
fungível ( no caso por exemplo de mercadorias são infungíveis por convenção). 
 
O comodatário recebe as coisas no estado em que se encontram, não tendo o comodante 
a obrigação de repará-las ou pô-las em estado de servir. Não é como o locador que tem 
o dever de entrega, manutenção e garantia. 
 
6.Requisitos formais: é contrato real, exige a traditio rei 
 
Prazo: É temporário por essência, se fosse perpétuo seria doação. Pode ser por prazo 
determinado ou indeterminado. 
 
 Se for determinado o prazo, deverá ser respeitado, salvo se o comodante 
demonstrar em juízo a necessidade urgente e imprevista de reaver a coisa. Neste 
caso deve pagar multa contratual se for o caso, caso contrário, indeniza 
prejuízos. 
 
 Se for por prazo indeterminado comporta resilição unilateral, ou 
especificamente, denúncia vazia. Ou seja, o comodante pode retomar a coisa 
quando quiser, respeitando um prazo razoável para utilização da coisa. 
 
8.Obrigações do comodante: 
 
Em princípio não tem, dado o caráter gratuito e unilateral do comodato. Podem, porém, 
surgir obrigações em duas hipóteses: 
 
1. Reembolsar as benfeitorias necessárias e úteis, podendo o comodatário exercer o 
direito de retenção. 
2. Indenizar o comodatário de prejuízos decorrentes de vício oculto da coisa que tenha 
dolosamente escondido. Ex: carro. Não é redibição!!! 
 
9.Obrigações do comodatário: 
 
1. O comodatário deve conservar a coisa como se fosse sua, não se escusando pelo 
desleixo como as próprias coisas. Se em situação de emergência o comodatário der 
preferência às suas coisas a coisa comodatada responde objetivamente pelos danos 
causados. 
2. Indenizar o comodante pelos danos, se houver concorrido com culpa. 
3. O comodatário não tem direito a reembolso de despesas com a conservação normal 
da coisa. No caso de gastos extraordinários, aplica-se a regra geral das benfeitorias 
nas obrigações de restituir coisa certa. 
4. Restituir a coisa comodada no prazo ajustado, ou não havendo prazo, quando lhe for 
requisitada, respeitado o prazo razoável para que dela se utilize. Uma vez 
constituído em mora o comodatário estará sujeito ao pagamento de aluguéis, ainda 
que exorbitantes, pois sua natureza jurídica é de pena não de contraprestação. 
(Orlando Gomes quase que isoladamente opinião diversa) 
5. Se for mais de um comodatário, serão solidariamente responsáveis. 
 
B-MÚTUO ( arts.586 a 592) 
 
1.Conceito 
 Mutuo é o empréstimo gratuito ou oneroso de bens fungíveis. É o contrato pelo 
qual uma das partes empresta a outra fungível ficando esta obrigada a restituir-
lhe coisa da mesma espécie qualidade e quantidade. 
 Art. 586 
 Há transferência do domínio da coisa emprestada ao mutuário, que se torna 
proprietário e consequentemente responde pelos riscos da coisa desde a tradição 
 Art. 587 
 De fato, há impossibilidade da restituição na sua individualidade, é contrato 
translativo, segundo Orlando Gomes. 
 É empréstimo para consumo, pois o mutuário devolverá outra da mesma espécie, 
em geral as coisa fungíveis se consumem pelo uso ( art. 85) 
 
2.Quadro distintivo: mútuo e comodato 
 
 Mutuo Comodato 
Coisas fungíveis Coisas infungíveis 
Gratuito ou oneroso Gratuito 
Translatício de domínio Translatício de posse direta 
Empréstimo de consumo Empréstimo de uso 
Permite a alienação da coisa emprestada Não permite a alienação 
 
3.Partes: 
 mutuante- o que empresta a coisa 
 mutuário- o que toma emprestado 
 
4.Características/Caracteres juridicos: 
 
 Típico: arts.586 a 592 
 Puro: 
 Real: só se considera celebrado após a entrega do bem traditio rei. Antes da 
entrega efetiva da coisa o contrato não existe contrato (alguns insistem em 
considerá-lo consensual sendo inútil essa distinção, para eles a tradição seria 
apenas o primeiro ato executório do mútuo). 
 Gratuito em essência, podendo ser oneroso: em regra à prestação do mutuante 
não se contrapõe uma prestação do mutuário, além de restituir coisa da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. 
 Ex: em caso de dinheiro, se houver juros é oneroso – limite legal – taxa que 
estiver em vigor para mora do pagamento dos impostos devidos à Fazenda 
Nacional- ar. 406. – taxa Selic 
 
 Para que seja oneroso é necessária cláusula expressa. Ex: acréscimo de juros 
Obs. Correção monetária não o tornooneroso, é apenas recomposição do valor 
devido. 
 Unilateral, a princípio só gera obrigações apenas para o mutuário, segundo 
Orlando Gomes a estipulação de juros o torna oneroso e não bilateral, responde 
ou faz parte da contraprestação. 
 Pré-estimado: o contrato não está subordinado à sorte futura, todos os direitos e 
obrigações são previamente conhecidos, eventualmente poderá ser aleatório, se a 
prestação do mutuário se alterar de acordo com a variação de algum índice 
 Individual: só obriga as partes contratantes 
 Negociável ou de adesão (ex SFH) 
 Impessoal 
 
5.Requisito subjetivo: Capacidade genérica 
 
 o mutuante deve ser dono da coisa ou ter autorização do dono, isso porque é 
translatício de domínio, opera a transferência da coisa mutuada. Ex. saco de 
arroz 
 
 se o contrato for realizado por quem não é dono o verdadeiro dono poderá 
reivindicar a coisa, e se esta não existir poderá exigir perdas e danos. 
 
 a doutrina não entende que o mútuo é contrato de alienação, como a compra e 
venda pois este não é o seu fim, sua ocorrência é acidental 
 
 o mútuo feito a menor não lhe é exigível e nem a seu representante se este não o 
autorizou. 
 Art. 588, art. 166, I, 171, I, algumas exceções a esta regra: 
 
 Art. 589 
a- quando realizada ratificação pelo próprio menor quando torna-se capaz ou pelo 
seu representante legal 
b- quando o menor tiver patrimônio próprio, responderá dentro das forças do 
patrimônio – intra vires patrimonii 
c- quando dolosamente esconde a sua idade – art. 180 (ver artigo 1691 CC) 
 
6.Requisito objetivo: 
 
 A coisa mutuada deve ser fungível e de propriedade do mutuante ou com seu 
consentimento 
 
7.Requisito formal: 
 
 é contrato real, exige a traditio rei 
 
8.Prazo: 
 
 É temporário por essência, se fosse perpétuo e gratuito seria doação, se 
perpétuo e oneroso, seria compra e venda. 
 Pode ser por prazo determinado ou indeterminado. 
 Se for determinado o prazo, deverá ser respeitado, salvo no caso de 
moratória legal, isto é, quando a própria lei determinar 
 O mutuante, em princípio, não pode exigir de volta a coisa antes do 
prazo assinalado 
 Se não for estipulado pode ser presumido em algumas hipóteses, 
exemplificadamente 
 Art. 592 
a- Se é empréstimo de dinheiro para a plantio de colheita, ate a próxima 
colheita 
b- De 30 dias se for pecuniário 
 
9.Obrigações do mutuante: 
 
 Em princípio não tem, a tradição é o próprio ato de celebração do contrato. 
 
10.Obrigações do comodatário: 
 
 O mutuário devera restituir coisa na mesma quantidade, espécie e qualidade 
 Se impossível a restituição por causa não lhe imputável caberá a restituição em 
dinheiro 
 Se impossível a restituição por conduta culposa, além da substituição por 
dinheiro devera arcar com perdas e danos. 
 O mutuante não pode ser compelido a receber parceladamente, se assim não for 
pactuado 
 O mutuante poderá exigir garantia da restituição ( real –hipoteca- penhor ou 
fidejussória- fiança)- art. 590 e 477 
 CDC tem regra fixando que nos financiamentos para consumo o consumidor-
mutuário terá direito a abatimento de juros e demais acréscimos se efetuar o 
adiantamento de parcelas 
 O mútuo em dinheiro só pode ser exigido em moeda nacional, exceto nos 
contratos internacionais do comércio. Decreto lei 857/69 recepcionado pelo 
plano real 
 Segundo o CDC as instituições financeiras se sujeitam a suas normas – Súmula 
297 STJ, STF ADI 2591 
6. O comodatário deve conservar a coisa como se fosse sua, não se escusando pelo 
desleixo como as próprias coisas. Se em situação de emergência o comodatário der 
preferência às suas coisas à coisa emprestada responde objetivamente pelos danos 
causados. 
 
7. Indenizar o comodante pelos danos, se houver concorrido com culpa. 
 
 
8. O comodatário não tem direito a reembolso de despesas com a conservação normal 
da coisa. No caso de gastos extraordinários, aplica-se a regra geral das benfeitorias 
nas obrigações de restituir coisa certa. 
 
9. Restituir a coisa comodada no prazo ajustado, ou não havendo prazo, quando lhe for 
requisitada, respeitado o prazo razoável para que dela se utilize. Uma vez 
constituído em mora o comodatário estará sujeito ao pagamento de aluguéis, ainda 
que exorbitantes, pois sua natureza jurídica é de pena não de contraprestação. 
 
10. Se for mais de um comodatário, serão solidariamente responsáveis. 
 
VII – DO DEPÓSITO (arts. 627 a 652) 
 
1. Conceito: 
 
 Depósito é o contrato pelo qual uma pessoa recebe objeto móvel para guardar 
até que o depositante o reclame 
 Art. 627 
 
2. Partes: 
 
 A pessoa que entrega a coisa é denominada depositante. 
 A pessoa que guarda é denominada depositário. 
 
3. Características/Caracteres jurídicos: 
 
 Típico: tipificado no código civil, arts. 627 a 652. 
 puro 
 Real: a grande maioria da doutrina o considera um contrato real. 
 Contrato real é aquele que só se perfaz com a entrega da coisa. 
 Para se realizar efetivamente é necessário que haja a traditio. 
 Este entendimento se dá em razão do art. 627 
 Uma parte da doutrina o considera consensual. 
 Antes da entrega efetiva da coisa se realizaria um contrato promissório, uma 
promessa de depósito. 
 Neste caso a entrega efetiva da coisa seria apenas o primeiro ato de execução 
contratual. 
 
Relembrando: 
 
Contrato real é aquele que só se considera celebrado após a traditio rei, entrega da 
coisa. Antes da entrega da coisa ele não é considerado celebrado. 
 
Contrato consensual é aquele que é considerado celebrado a partir do momento em 
que ocorre o acordo de vontade entre as partes, solo consensu. A regra é a adoção do 
princípio do consensualismo. 
 
 Gratuito: o contrato de depósito é, por natureza, gratuito, mas pode ser oneroso 
por disposição expressa. 
 Então é gratuito por presunção, mas se for da profissão do depositário ou caso 
seja depósito necessário, presumir-se-á oneroso. 
 
Relembrando: 
 
Contrato gratuito: uma das partes não adquire nenhum ônus com a celebração do 
contrato. Não há contraprestação, apenas prestação. Uma das partes só tem vantagem. 
 
Contrato oneroso: ambas as partes suportam um ônus correspondente à vantagem que 
obtém. 
 Em Roma, o contrato de depósito era essencialmente gratuito. Se houvesse 
qualquer forma de pagamento pelo depósito, configurar-se-ia a locação e não 
depósito. 
 No direito moderno, porém, mesmo que haja uma retribuição pelo depósito, ele 
conserva as suas características. 
 
 Desta forma, se não houver disposição expressa no contrato, não há ônus para o 
depositante. 
 
 Pré-estimado 
 
 Temporário: não pode haver depósito eterno, o que seria doação. O depositário 
tem a obrigação de devolver a coisa no momento em que for pedida. 
 
 Intuitu personae ou impessoal? ( em sua origem foi concebido baseado na 
confiança, portanto, personalíssimo, hoje, é impessoal) 
 
 Em Roma o contrato de depósito era intuitu personae porque era celebrado com 
base na confiança do depositante na pessoa do depositário. Até hoje, parte mais 
tradicional da doutrina o considera intuitu personae. 
 
 Na sociedade moderna, porém, esta característica não está mais presente. A 
maioria dos contratos de depósito celebrado tem por parte empresa organizada 
comercialmente para explorar o depósito como atividade lucrativa. Na 
atualidade é um contrato impessoal porque pouco importa a pessoa do 
depositante, o que interessa é que zele pelo objeto. 
 
 de adesão ou negociável? Na atual sociedade, outra característica que tem 
predominadonos contratos de depósito é o fato de ele ser, geralmente, um 
contrato de adesão. Não há possibilidade de se discutir as cláusulas contratuais. 
São elaboradas pelo depositário. 
 
 É importante lembrar que não é uma caraterística do contrato de depósito, que é 
naturalmente livremente negociado. Esta é apenas uma tendência 
contemporânea. 
 
4. Requisito subjetivo: 
 Capacidade genérica; 
 
 Os menores relativamente capazes podem efetuar depósito (por exemplo 
movimentar contas bancárias) desde que autorizados por seu assistente; 
 
 contrato de depósito não exige que o depositante seja proprietário da coisa 
depositada, basta que ele tenha capacidade para administrá-la; 
 
 Ex: motorista com carro de empresa 
 
 O depositário tem que ter a capacidade genérica para se obrigar. Se na 
pendência do contrato ele se tornar incapaz, como ocorrerá? 
 
 Declarando-se a incapacidade o Juiz nomeia uma pessoa para administrar 
seus bens. Este curador deverá restituir o bem depositado para o depositante. 
Se o depositante não quiser, ou não puder recebê-lo, o administrador deverá 
recolhê-lo ao depósito público ou promover a nomeação de novo depositário. 
 
5. Requisitos objetivos: 
 
 O objeto do contrato de depósito, em regra é um bem móvel. 
 Não importa se seja fungível ou infungível. 
 Discute-se se os bens imateriais podem ser depositados. A melhor doutrina diz 
que sim. Caio Mário diz que quanto aos bens imateriais que se corporificam não 
resta dúvida. Carnelutti vai mais além dizendo que todos os bens imateriais se 
corporificam, necessitam de um quid exterior, com o qual se materializam. Ex: 
ações de uma bolsa, software. 
 Em suma, pode ser corpóreo ou incorpóreo 
 
 Quanto aos bens imóveis, só podem ser objeto de depósito judicial, art. 666, II 
do CPC. É uma exceção à regra imposta pelo CC. 
 
6. Requisito formal: 
 
 é contrato real, exige a traditio rei 
 Para o depósito voluntário, porém, a lei exige a forma escrita. Como a 
exigência é apenas de forma escrita, pode ser por instrumento particular, 
não havendo necessidade de escritura pública. 
 
7. Prazo: 
 É temporário por essência, se fosse perpetuo e gratuito seria doação, se 
perpétuo e oneroso, seria compra e venda. 
 Pode ser por prazo determinado ou indeterminado 
 
8. Espécies de depósito: 
 
a.Voluntário: 
 
 O depósito voluntário é também chamado de depósito convencional. 
 Se origina de livre convenção das partes. 
 O depositante escolhe livremente o depositário, sem sofrer quaisquer pressões 
externas. Ex: depósito bancário, estacionamentos... 
 
b.Depósito necessário: 
 
 É aquele que independe exclusivamente da vontade das partes. 
 Ele resulta de fatos imprevistos e irremovíveis. 
 O depósito necessário se subdivide em quatro, depósito legal, depósito 
miserável, depósito essencial (inexo) e depósito judicial. 
 
b.1.-Depósito legal: 
 
 É o depósito instituído por lei, é feito em decorrência da obrigação legal. 
 Ex: depósito sobre combustíveis, veículos em geral para cobrir dificuldade 
orçamentária do poder público 
 
b.2.Depósito miserável: 
 
 Depósito miserável é aquele decorrente de alguma calamidade pública, como 
incêndio, inundação, naufrágio, saque. Nestes casos a pessoa é obrigada a 
depositar seus pertences em lugar seguro. 
 
b.3.Depósito essencial ou inexo: 
 
 É o depósito essencial a certos atos. Ex.: hotel, bagagem de passageiros, etc 
Ex: ninguém viaja sem uma bagagem, assim, o depósito da bagagem de um hóspede em 
um hotel é inerente ao contrato de hospedagem, é acessório ao contrato de hospedagem, 
o mesmo se dá com uma companhia aérea. 
 
 O CC o denomina de hoteleiro, mas este é apenas uma de suas hipóteses. 
 
O depósito é considerado um contrato acessório ao contrato principal, bastando, para ser 
celebrado, que os pertences tenham sido introduzidos dentro do estabelecimento, é 
considerada tradição ficta, ou presumida (contrato real). 
 
Para receber a indenização o hóspede lesado só precisará comprovar o contrato de 
hospedagem e dano dele derivado. 
 
Causas excludentes da responsabilidade: 
 
1) celebrar convenção com o hóspede; assim, não basta simples declarações unilaterais 
ou regulamentos internos fixados na hospedaria; 
2) provar que tal prejuízo não poderia ter sido evitado, caso fortuito ou força maior, 
não invalida o furto simples, este pode ser evitado. 
3) se comprovar que houver culpa do hóspede 
 
b.4.Depósito judicial: 
 
 É aquele determinado por ordem judicial. O juiz, por mandado, entrega a 
terceiro coisa litigiosa (móvel ou imóvel), com o intuito de preservar a sua 
incolumidade, até que se decida a causa principal, para que não haja prejuízo aos 
direitos dos interessados. 
ATENÇÃO: 
 Tanto o depósito voluntário, como o involuntário, podem ser classificados como 
regular ou irregular. 
 Depósito regular, ou ordinário é aquele cujo objeto é bem infungível. 
 É característica do depósito regular que a coisa seja restituída in natura, em 
espécie. O depositário tem a obrigação de devolver a própria coisa que for 
depositada. 
 Depósito irregular é aquele cujo objeto é bem fungível. Neste caso, o depositário 
poderá restituir bem do mesmo gênero, qualidade e quantidade da coisa 
depositada. 
 O depósito irregular é regulado subsidiariamente pela legislação relativa ao 
mútuo. 
 O depósito irregular não se caracterizaria como mútuo porque não há o 
acréscimo patrimonial característico do mútuo. No depósito irregular, o 
depositante tem a faculdade de exigir a devolução da coisa a qualquer momento, 
assim, a coisa deve estar disponível, não fazendo parte do patrimônio do 
depositário. Do seu ativo patrimonial será sempre excluído o valor 
representativo do quantum depositado. 
 
Ex: conta bancária, eu posso depositar 200 agora e retirar em 5 minutos. 
 
 Importante ainda, salientar que o depósito de bem fungível presume-se regular, 
para que seja irregular é necessário disposição expressa. Além disso, as partes 
podem acordar a infungibilidade do bem. 
 
 Desta forma, o depósito é sempre presumido regular, com a restituição em 
espécie da coisa individuada. O Depósito irregular é uma faculdade dos 
contraentes, permitida para bens fungíveis, mas deve ser expressa. 
 
Exemplo comum de depósito irregular: 
 
Warrants: 
 
Os armazéns gerais são agentes auxiliares do comércio. Eles são os consignatários dos 
produtos em circulação. 
 
O depósito efetuado nos armazéns gerais é um depósito irregular, ou seja, o armazém 
deve devolver não a coisa depositada individualmente, mas sim, um produto da mesma 
espécie, qualidade e quantidade, assim que isso lhe for exigido. 
 
No caso específico dos armazéns gerais ocorrem duas peculiaridades. Quando o 
depósito é efetuado, são emitidos simultaneamente dois documentos, o conhecimento de 
depósito e o warrant. 
 
Ambos são títulos de crédito causais, podem ser transmitidos por endosso e o 
depositário é obrigado a entregar a mercadoria a quem os detiver. 
 
Título de crédito causal é o que não se desvincula de sua causa, abstrato é o que se 
desvincula, tendo existência autônoma. 
 
O conhecimento de depósito é o comprovante da consignação da mercadoria. 
 
O warrant pode servir de garantia de dívida a terceiro. O titular do warrant tem direito 
de penhorar as mercadorias no armazém. O armazém só pode entregar a mercadoria no 
caso do depositante apresentar os dois documentos. 
 
A ausência do warrant limita o direito de disponibilidade do depositante. 
 
Ex: A deposita 1000 sacas de café. Recebe o conhecimento e o warrant. Faz umadívida 
de R$ 50.000,00 com B e lhe entrega o warrant como garantia. A só pode retirar as 
1000 sacas depois de pagar a dívida, recebendo de volta o warrant. Se a não pagar a 
dívida, B pode penhorar as 1000 sacas para pagamento da dívida. 
 
Consequências jurídicas do contrato de depósito: 
 
1. obrigações do depositante: 
 
a) pagar o preço convencionado. É importante ressaltar que no direito civil brasileiro, o 
contrato de depósito presume-se gratuito. Assim, para que surja esta obrigação é 
necessário que haja estipulação expressa. 
Jurisprudencialmente, porém, devido à difusão das organizações comerciais 
especializadas em depósito que estabelecem tarifa de retribuição, presume-se a sua 
aceitação pelo só fato de a coisa ser entregue ao depositário. Isto apenas no caso de 
depósito profissional. Nestes estabelecimentos, é comum ocorrer a fixação de tabelas de 
preços. Quando o depositante entrega o bem presume-se que aderiu ao contrato. 
 
b) reembolsar o depositário das despesas realizadas com a coisa. Se as despesas forem 
úteis ou necessárias a obrigação é ex lege, isto é, não é necessário cláusula contratual 
acerca. Neste caso o depositário poderá reter a coisa em seu poder. Se forem 
voluptuárias, a obrigação será ex contractu, ou seja, o depositante só tem a obrigação de 
reembolsar as despesas voluptuárias que tiver autorizado. O depositário não tem o 
direito de retenção. Pode, porém, efetuar o levantamento da benfeitoria, desde que não 
danifique a coisa. 
 
Benfeitoria necessária: tem a finalidade de conservar a coisa. 
 
Benfeitoria útil: tem a finalidade de facilitar a utilização da coisa 
 
Benfeitoria voluptuária: tem a finalidade de embelezar a coisa ou torná-la mais 
agradável. 
 
Neste ponto, é importante ressaltar a divergência doutrinária. Caio Mário e Maria 
Helena Diniz incluem a benfeitoria útil junto com as voluptuárias. Cézar Fiuza inclui 
junto com as necessárias, a meu ver é a melhor hermenêutica. 
 
c) indenizar o depositário dos prejuízos que lhe advierem do depósito. É o caso da coisa 
que contém vício ou defeito que possa causar dano a outras coisas depositadas ou ao 
próprio local. Não deverá indenizar se o defeito for ostensivo ou perceptível ao primeiro 
exame visual, ou se ele tiver sido prevenido no momento da tradição, caso em que se 
deverá entender que assumiu os riscos. 
No caso de ocorrerem os prejuízos, o depositário poderá tomar 03 alternativas: 
 
1: exercer o direito de retenção da coisa 
2: exigir caução idônea 
3: efetuar a remoção da coisa para um depósito público até que se liquidem as despesas. 
4ª aula 
2. obrigações do depositário 
 
a) Obrigação de custodiar a coisa: o depositário deve guardar a coisa e conservá-la com 
o cuidado e a diligência que costuma ter com o que lhe pertence. 
 
O depositário não se escusa da responsabilidade alegando ser desleixado com as suas 
próprias coisas. 
 
A obrigação de custodiar é o dever principal do depositário. É tão característica deste 
contrato que é considerada a obrigação típica do contrato de depósito. É a obrigação de 
custodiar que diferencia o contrato de depósito de outros como o comodato e a locação. 
Nestes últimos, a entrega da coisa é justificada por outra finalidade. 
 
É um dever intransferível, ou seja, a responsabilidade pela perda ou deterioração da 
coisa não pode ser transferida a terceiro, será sempre do depositário. 
 
Não é, porém, intuitu personae, ou personalíssima, sendo permitido ao depositário 
contratar auxiliares ou prepostos para ajudá-lo, mas sempre sob sua responsabilidade. 
 
O depositário, porém, em momento algum pode transferir a coisa a outro depositário, 
salvo se for autorizado. 
 
Em qualquer das hipóteses, responde pelos riscos, sendo obrigado a ressarcir perdas e 
danos, salvo se provar que o dano ocorreria mesmo que a coisa estivesse consigo. 
 
Ao receber a coisa no contrato de depósito o depositário assume sua guarda, 
respondendo por ela como seu guardião, aplicando-se-lhe os princípios que importam 
na responsabilidade civil do dever de guarda. 
 
b) manutenção do estado em que o depósito se acha, se foi entregue fechado, colado, 
selado ou lacrado, sob pena de se presumir a culpa do depositário. 
 
c) não utilização da coisa depositada: o depositário não pode servir-se da coisa 
depositada, salvo se o depositante autorizá-lo expressamente. O depósito é a guarda da 
coisa, não o seu uso. A utilização da coisa, porém, dependendo das circunstâncias, 
poderá desconfigurar o contrato de depósito para locação ou comodato. Aquele que se 
servir da coisa depositada, sem a anuência da outra parte, infringe não só o contrato, 
mas também à lei, respondendo pela sua deterioração ou perda ainda que devido ao 
fortuito. 
 
d) Entregar ao depositante a coisa que tiver recebido em substituição ao depósito, se o 
houver perdido e ceder-lhe as ações contra o terceiro responsável. 
 
e) Restituir o depósito com todos os frutos e acrescidos, quando o exigir o depositário. 
Vale ressaltar a manutenção do estado. Este dever de restituição propõe o 
desmembramento em quatro elementos: quem deve restituir, a quem restituir, onde 
restituir e quando restituir. 
 
E1) quem deve restituir: 
 
É óbvio que o sujeito passivo da obrigação é o depositário. 
Se o depositário se tornar incapaz caberá àquele que assumir a administração de seus 
bens. 
Se o depositário morrer tem de cumpri-la os seus herdeiros, pro rata, quando for 
divisível a coisa e integralmente na indivisível. Se os herdeiros tiverem alienado a coisa 
são obrigados a assistir o depositante na ação reivindicatória contra o terceiro adquirente 
e restituir o comprador o preço recebido. 
 
E2) é óbvio também que o sujeito ativo é o depositante ou seus herdeiros. 
 Pode, porém, ocorrer a devolução a seu representante legal ou convencional. 
Pode também, ocorrer convenção beneficiando terceiro, caso em que este deverá 
reclamá-lo. 
Se o depósito foi realizado no interesse exclusivo do terceiro (depósito em garantia) o 
depositário não se libera restituindo ao depositante sem a anuência do terceiro (warrant). 
Pode ocorrer, ainda, depósito ao portador (conhecimento de depósito + warrant), neste 
caso, restituir-se-á a quem apresentar o documento. 
 
E3) a coisa deve ser devolvida no local estipulado. Na ausência do contrato, no lugar do 
depósito 
 
E4) O depositário deve efetuar a restituição da coisa a qualquer momento em que lhe 
seja reclamada, mesmo que o contrato fixe prazo, pois que este é convencionado a 
benefício do depositante. 
 
O depositário não pode se escusar de restituir a coisa a pretexto de suspeitar de sua 
procedência. O que lhe cabe neste caso é promover o seu recolhimento a depósito 
público, requerendo-o em exposição fundamentada. 
 
Há, porém, algumas exceções em que o depositário pode recusar a restituição 
 
1. Embargos judiciais 
Se existir embargo judicial sobre o objeto depositado devidamente comunicado ao 
depositário 
 
2. Execução Judicial 
Se o depositário for notificado da existência de execução judicial 
 
3. Compensação 
Quando o depósito tiver sido efetuado em garantia de outro negócio, vínculo. 
 
4. Direito de Retenção – pagamento e outros encargos. 
5. Falta de apresentação de documento: quando o depositante não apresentar o título 
emitido para comprovar o depósito. 
 
Quando o depositário descumpre a obrigação de restituir ad nutum o objeto depositado, 
sem justificativa para tal é denominado depositário infiel. 
A prisão civil do depositário infiel foi contestada com base em acordos internacionais 
que a proibiriam. O art. 11 do Pacto internacionaldos direitos civis e políticos, 
aprovado pelo Decreto lei 226/91 assim prevê: 
 
Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação 
contratual. 
 
f) deve o depositário guardar sigilo do depósito. É uma característica do contrato. 
 
6. Riscos 
 
Se ocorrer a perda ou deterioração do bem sem culpa do depositário o risco é assumido 
pelo depositante (fortuito ou força maior) res perit domino, ele ainda é o depositário. 
 
Se ocorrer a perda ou deterioração do bem com culpa do depositário, o risco é do 
depositário 
 
Em qualquer das hipóteses o ônus da prova é do depositário. 
 
Se o depositário estiver em mora (possuidor de má-fé) responde mesmo que não tenha 
culpa 
 
7. Extinção do Contrato 
 
a) vencimento do prazo, ressalvando-se que o depositante pode exigir a coisa a 
qualquer tempo. 
b) Implemento da condição 
c) Recolhimento ao depósito público, nos casos previstos 
d) Perecimento do objeto por fortuito 
e) Incapacidade superveniente do depositário 
f) Morte do depositário se o contrato for intuitu personae 
g) Abandono do objeto pelo depositante, neste caso o depositário deve esperar um mês 
a partir da data de entrega, e, não aparecendo o depositante deverá entregar a coisa à 
autoridade policial ou judiciária. 
 
 
VIII – CONTRATO DE FIANÇA (art. 818 a 839 CC) 
 
1.Conceito 
 
 É contrato por meio do qual uma pessoa se obriga para com o credor de outra a 
satisfazer a obrigação, caso o devedor não a pague. 
 
 A fiança pode ser convencional, legal ou judicial. Pode ser um pacto acessório a 
outro contrato, como é o caso do contrato de locação e mútuo bancário. 
 
 Importante é destacar que a relação contratual será entre fiador e credor, mesmo 
que o devedor o apresente ou pague pela fiança. 
 
2.Características: 
 
 Típico 
 Puro 
 
 Formal, só se considera celebrado com a assinatura de instrumento escrito. Art. 
819 
 
 Gratuito: à prestação do fiador não corresponde qualquer contraprestação por 
parte do credor. 
 
 Unilateral: gera obrigações apenas para o fiador 
 
 Aleatório: a princípio não se sabe se o fiador terá que pagar ou se o pagamento 
deverá ser total ou parcial. 
 
 De Execução Futura: 
 
 Individual 
 
 Negociável 
 
 Intuitu personae: a princípio, o fiador não aceita prestar fiança a qualquer um. 
Pode ser impessoal, seguro fiança. 
 
 Acessório: só existe em função de outro contrato, ao qual serve de garantia. 
 
3.Requisitos subjetivos: 
 
 Capacidade geral e contratual. Assim, se o fiador não tiver a outorga conjugal o 
seu patrimônio só responde até a meação. 
 
 São proibidos de prestar fiança: agentes fiscais, tesoureiros, leiloeiros e 
autarquias. 
 
 Os tutores e curadores não podem afiançar em nome de seus pupilos ou 
curatelados. 
 
 Os Governadores não podem prestar fiança sem autorização legislativa. 
 
 As unidades militares não podem afiançar oficiais e praças. 
 
 Acessório segue o principal: se o contrato principal for nulo, nula será a fiança. 
 
4.Requisitos objetivos: 
 
 O objeto do contrato de fiança é a obrigação do contrato principal, pode ser de 
dar, fazer ou não fazer. 
 
 A dívida pode ser atual ou futura. 
 
 A fiança pode ser total ou parcial, mas nunca pode ser superior à obrigação 
principal, caso em que será reduzida. 
 
 Se a fiança for total abrange os acessórios da dívida, aluguel + condomínio + 
IPTU. 
 
5. Requisitos formais: 
 
 É contrato formal, devendo ser escrito. 
 Pode ser estipulada em cláusula do contrato principal, caso em que ainda será 
um contrato entre credor e fiador 
 pode ser contratado até contra a vontade do devedor. – art. 820 
 
6. Regras especiais: 
 
 O credor pode recusar o fiador apresentado pelo devedor se for pessoa inidônea, 
moralmente ou financeiramente, ou residente em outro município. 825 
 
 O fiador pode apresentar abonador de sua solvência. O abonador será 
responsável pela dívida se o fiador e o devedor forem insolventes. 
 
 A fiança não pode ser interpretada extensivamente. 819 
 
 De coisa a coisa: se ela for só do principal ou de parte não pode ser estendida aos 
acessórios ou ao valor integral 
 
 De pessoa a pessoa: se mudar o credor cessa a fiança, pois ela não pode ser 
estendida a outra pessoa. 
 
 De tempo a tempo: se concedida por prazo certo, vencido este, cessa a fiança, 
mesmo que o contrato principal se renove. Na fiança locatícia a presunção é de 
que ela só cessará com a entrega das chaves, art. 39 da Lei 8245/90. 
 
7.Efeitos: 
 
Fiador/Credor: 
 
1. Benefício de ordem: o fiador responde subsidiariamente pela dívida. Só será 
acionado se o devedor não possuir bens suficientes para o pagamento. Mas para que 
o fiador possa exercer o benefício deve nomear bens do devedor, situados no mesmo 
município, livres e suficientes para o adimplemento do débito. 827 
 
 O benefício de ordem será recusado quando: 828 
 
a- precluso o direito do fiador de alegá-lo ( deve alegar na defesa) 
 
b- se o fiador assumir a posição de principal pagador, por disposição expressa de 
vontade, quando será solidariamente responsável com o devedor. 
c- Se for decretada a falência ou insolvência do devedor. 
 
 Fiador/devedor: O fiador que paga a dívida se sub-roga nos direitos do credor. 
Pode exigir o principal, acrescido de juros e correção monetária. 831 
 Não terá, contudo, direito de regresso se: 
 
1. se por sua omissão o devedor pagar a dívida novamente 
2. se a fiança houver sido prestada com ânimo de doação 
3. se a prestação não for devida, ou for superior à obrigação total 
4. se tiver pago sem ser demandado, na ignorância do devedor, que teria causa 
extintiva a opor ao pagamento (prescrição) 
 
 O fiador tem o direito de promover o andamento da execução do credor contra o 
devedor, se estiver parada. 
 
 Na fiança com prazo certo tem o direito de exigir que o devedor satisfaça a 
obrigação ou o exonere da fiança, passado o termo acertado. 
 
 A morte do fiador transmite suas obrigações aos herdeiros até aquela data e 
dentro dos limites da herança. Se o fiador de um contrato de locação de 02 anos 
morre no primeiro mês, os herdeiros só poderão responder pelo primeiro mês de 
aluguel, se houver saldo suficiente no inventário. 
 
8. Extinção da fiança: 
 
Extingue-se como os contratos em geral e especialmente: 
 
 Quando a fiança for por prazo indeterminado o fiador poderá se exonerar do 
pagamento, respondendo pelas prestações vencidas até o momento da liberação. 
 
 Extingue-se a fiança se o credor conceder, expressamente, moratória para o 
devedor, adiamento do prazo para pagar. 
 
 Extingue-se se o credor impossibilitar o direito de regresso do fiador contra o 
devedor, permitindo que o devedor doe seus bens, ou abrindo mão das garantias. 
 
 Se o credor receber dação em pagamento. Neste caso, se a coisa dada se perder 
por evicção a obrigação principal se restabelece, mas a fiança não. 
 
9. Diferenças entre fiança e aval: 
 
Ambos são garantias pessoais, o devedor apresenta uma pessoa que garantirá o débito. 
1. A fiança garante contratos em geral, o aval garante apenas títulos de crédito. 
2. A fiança pressupõe outorga conjugal, o aval não. Na fiança responde apenas a 
meação. 
3. A fiança só se perfaz mediante instrumento escrito, o aval se perfaz com a simples 
assinatura do avalista no verso do título. 
4. Na fiança civil, a princípio a obrigação do fiador é subsidiária, no aval será sempre 
solidária. 
5. A fiança é um instituto civil, o aval é um instituto comercial. 
 
 
IX – DA LOCAÇÃO DE PRÉDIOS URBANOS 
 
 Disciplinajurídica – Lei 8.245/91 
 
1. Disposições gerais: 
 Solidariedade presumida em caso de mais de um locatário ou mais de um 
locador – art.2 
 Pode ser estipulado por qualquer prazo, dependendo de vênia conjugal se o 
prazo for superior a 10 anos – art. 3 – caso exceda esse prazo sem a vênia, será 
desconsiderado o prazo que ultrapassar os 10 anos 
 O locador não poderá reaver o imóvel durante o prazo 
 O locatário poderá devolvê-lo pagando a multa pactuada ou em sua falta a 
estipulada judicialmente -art. 4 
 Será dispensado da multa se a devolução resultar de transferência de localidade e 
se avisar o locador com 30 dias de antecedência- localidade é bairro ou cidade? 
Paragrafo único art. 4 
 O locatário poderá denunciar a locação por prazo indeterminado mediante aviso 
por escrito ao locador com antecedência de 30 dias- art. 5 – 
 Em caso de ausência de aviso o locador pode exigir o mês de aluguel 
 .Se o imóvel for alienado durante a locação o adquirente pode denunciar o 
contrato com prazo de 90 dias (exercido do registro ou compromisso) para 
desocupação, salvo se a locação for por prazo determinado e o contrato tiver 
clausula de vigência em caso de alienação e estiver averbado junto a matrícula 
do imóvel (Esse direito é garantido ao promissário comprador que tiver imissão 
na posse e contrato registrado) – art. 8 
 A locação pode ainda ser desfeita: 
 Por mútuo acordo 
 Por infração legal ou contratual 
 Por falta de pagamento de aluguel e encargos 
 Para reparações urgente determinadas pelo poder publico que exijam 
desocupação - art. 9 
 Morrendo o locador a locação transmite-se aos herdeiros – art. 11 
 Morrendo o locatário haverá sub-rogação: 
 Em caso de residencial ao cônjuge ou companheiro supérstite e herdeiros 
necessários bem como pessoas que dependiam do locatário se viviam no imóvel 
 Em caso de comercial ao espólio ar. 11 
 Em caso de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da 
união estável a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge 
ou companheiro que permanecer no imóvel. Art. 12 – deverá haver comunicação 
ao locador 
 Nesse caso, o fiador poderá exonerar-se comunicando ao locador em 30 dias, 
mas ficará ainda responsável pelos efeitos da fiança e durante 120 dias após sua 
notificação ao locador 
 a cessão, sublocação e empréstimo dependem de consentimento prévio e escrito 
do locador que tem o prazo de 30 dias para manifestar formalmente sua 
oposição – art. 13 
 
2. Das sublocações: 
 Responde subsidiariamente o sublocatário ao locador pela importância 
devida ao locador quando for demandado pelos aluguéis 
 Resolvida a locação, resolve-se a sublocação assegurada a indenização 
do sublocatário – art. 15 
3. Do aluguel 
 É livre sua estipulação, vedada sua vinculação a moeda estrangeira e sua 
vinculação a variação cambial e ao salário mínimo – art. 17 
 As partes podem fixar novo valor do aluguel, inserir ou modificar 
cláusula de reajuste –art. 18 
 Se não houver acordo, após 3 anos do contrato ou acordo anterior, 
poderão locador ou locatário pedir a revisão judicial do aluguel - a RT. 
19 
 
4. Dos deveres do locador e locatário 
 
 Ver arts. 22 e 23. 
 
X – DA GESTÃO DE NEGÓCIOS: 
 
1. Definição: 
 
É a administração oficiosa de interesses alheios. Dá-se quando uma pessoa realiza atos 
no interesse de outra, como se fosse seu representante ou prestador de serviços, embora 
não investido dos poderes respectivos. Representa ou presta serviços à outra sem que 
esta o saiba. 
 
2. Partes: 
 
Gestor: quem realiza a gestão e Gerido, dono do negócio. 
 
3. Natureza jurídica: 
 
 A natureza jurídica da gestão vem ao longo dos séculos embaraçando os 
juristas, que até o presente não encontraram solução satisfatória. 
 
 Certo é que, apesar de estar arrolada junto aos contratos no CC, a gestão 
de negócios, definitivamente não é contrato. 
 
 Para que haja contrato deve haver o consenso, o acordo de vontades, o 
que não existe na gestão de negócios. O gestor se ocupa de interesses do 
gerido sem que este o saiba. Não há qualquer tipo de combinação prévia 
entre eles. 
 
 Se houvesse qualquer combinação prévia seria mandato ou prestação de 
serviços. (caso haja ou não representação) 
 
 Exemplo: pagamento de conta do vizinho que viaja. Gestão x Mandato 
 
 Recolhimento da correspondência. Gestão x Prestação de serviço 
 
 Se na gestão não há consenso, não sendo contrato, porque o legislador 
dela tratou como se o fosse? 
 
 Resposta possível: a partir do momento em que o gerido se inteire da 
gestão, ela produz os mesmos efeitos do contrato. O gerido responde 
perante o gestor como se tivesse o contrato, devendo reembolsar as 
despesas. 
 
 Natureza Jurídica - Teoria proposta César/ Poli: a gestão de negócios 
nada mais é que o pagamento de uma obrigação por terceiro não 
interessado em nome próprio. O terceiro não interessado tem 
legitimidade para efetuar o pagamento de obrigação alheia. A 
obrigatoriedade do reembolso vem daí, se pago dívida de outrem e não 
sou reembolsado, o outro se enriquecerá sem causa, o que é coibido pelo 
ordenamento jurídico. 
 
4. Elementos: 
 
Para que haja gestão de negócios devem estar presentes os seguintes elementos: 
 
1. espontaneidade, ou seja, falta de acordo prévio entre gestor e dono do negócio 
2. o negócio deve ser alheio 
3. o gestor deve proceder no interesse do dono do negócio segundo sua vontade real ou 
presumida 
4. boa-fé, o gestor deve agir proveitosamente para o gerido, não para si. 
5. A ação do gestor deve se limitar à esfera patrimonial. 
 
5.Obrigações do gestor: 
 
 Cuidar do negócio como se fosse seu, segundo a vontade real ou presumida do 
dono. Art. 861 
 Art. 866. O gestor envidará toda sua diligência habitual na administração do 
negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de qualquer culpa na gestão. 
 
 Não se pode fazer substituir por outro ou promover ações arriscadas, sob pena de 
responder pelos danos. 
 Se preterir os interesses do dono a seus próprios ou agir contra a vontade do 
interessado responderá até pelo fortuito. 
 
Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações 
arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse 
deste em proveito de interesses seus 
 
Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de 
negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu 
dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar. 
 
Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do 
interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que 
teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido. 
 
Art. 863. No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem o 
seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao 
estado anterior, ou o indenize da diferença. 
 
 Responde perante as pessoas com quem tratar e perante o dono, a quem deve 
comunicar, quando possível, a gestão e aguardar resposta, se da espera não 
resultar perigo. 
 
Art. 864. Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a gestão 
que assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo. 
 
 Velar pelo negócio mesmo falecendo o dono sem dar resposta, caso em que o 
gestor deve esperar por providências dos herdeiros 
 
Art. 865. Enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo negócio, até o 
levar a cabo, esperando, se aquele falecer durante a gestão, as instruções dos 
herdeiros, semse descuidar, entretanto, das medidas que o caso reclame. 
 
 Se forem mais de um os gestores responderão solidariamente. 
 
 
Art. 867. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas 
do substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação que a 
ele, ou ao dono do negócio, contra ela possa caber. 
Parágrafo único. Havendo mais de um gestor, solidária será a sua 
responsabilidade. 
 
6.Obrigações do gerido: 
 
 Ratificando a gestão, deve indenizar o gestor pelas despesas e prejuízos. 
 Se a gestão for necessária ou útil, o dono deve indenizar de qualquer jeito, 
correndo juros a favor do gestor desde o desembolso. 
 Verifica-se a utilidade ou necessidade pelas circunstâncias, sejam elas objetivas 
ou subjetivas, sendo as últimas a vontade real ou presumida do dono. A gestão 
voluptuária não obriga o dono. 
 
Ex: necessária: consertar telhado 
Útil: recolher a correspondência 
Voluptuária: embelezar os jardins 
 
7.Aprovação da gestão 
 
Se o gerido aprova o negócio, a gestão transforma-se em mandato ou prestação de 
serviços, retroagindo até a data de seu início. Se ele não aprovar encerra-se a gestão. 
 
Art. 873. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo 
da gestão, e produz todos os efeitos do mandato. 
 
8.Casos especiais: 
 
Prestação de alimentos: quem paga alimentos para terceiros pode recobrá-los 
 
Despesas com o enterro: desde que proporcionais aos costumes locais e às condições do 
falecido. 
 
Os dois exemplos acima não são gestão de negócios porque não serem essencialmente 
patrimoniais. 
 
Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele 
os prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que 
este não ratifique o ato. 
Art. 872. Nas despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição do 
falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de 
alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha deixado bens. 
Parágrafo único. Cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se provando 
que o gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer. 
 
Gestão imprópria: é a administração de negócio alheio supondo que seja próprio. O 
gestor deve ressarcir o proveito que teve à custa do dono se não seria enriquecimento 
sem causa. A gestão imprópria não é regulada pelo nosso Código Civil, mas pode ser 
invocada. 
 
Gestão contra a vontade: o CC fala neste tipo de gestão que é considerada como ato 
ilícito pela doutrina. O interessante é que o CC prevê a responsabilidade mesmo no caso 
de caso fortuito. A doutrina critica a menção, mas ela não diz que não seja um ato 
ilícito, é um plus, mais rigorosa. 
 
 
XI – DO CONTRATO DE COMISSÃO 
 
1.Disciplina legal: 
 arts. 693 a 709 CC 
2. Conceito: 
 A Comissão é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende 
bens, em seu próprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de 
outrem (comitente), em troca de certa remuneração, obrigando-se para com 
terceiros com quem contrata (CC, art. 693). 
3.Partes: 
 Comissário ou comissionado é a pessoa que, em um negócio, age por ordem de 
outrem e recebe comissão em decorrência da prática do ato. Quanto a estas 
determinações e ordens a serem cumpridas, salvo disposição em contrário, pode 
o comitente, a qualquer tempo, alterar as instruções dadas ao comissário, 
entendendo-se por elas regidos também os negócios pendentes. 
 
 Comitente é a pessoa que encarrega outra (comissário) de fazer qualquer ato, 
mediante o pagamento de uma comissão. 
 
4. Caracteres jurídicos: 
 Bilateral 
 Consensual 
 Oneroso 
 Não solene 
5. Observações importantes: 
 O comissário obriga-se perante terceiros em seu próprio nome, figurando no 
contrato como parte. 
 Assim, segundo o artigo 694 do CC o comissário fica diretamente obrigado para 
com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o 
comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a 
qualquer das partes. 
 
 Em geral, no contrato não consta o nome do comitente, porque o comissário age 
em nome próprio. 
 Entretanto, pode haver interesse mercadológico na divulgação do comitente, 
como fator de dinamização das vendas ou negócios em geral. 
 Parte da doutrina entende que a comissão é um mandato sem representação, 
considerando que o comissário negocia em seu próprio nome, embora à conta do 
comitente. (entendimento minoritário). 
 Embora o comissário desempenhe sua atividade em seu próprio nome, não tem 
liberdade absoluta. 
 Está ele obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do 
comitente. 
 Na hipótese de não dispor das orientações e determinações do comitente, ainda 
assim, não poderá agir arbitrariamente, devendo nestes casos, proceder segundo 
os usos em casos semelhantes. 
 Ainda quanto à conduta do comissário, além da obrigação evidente de não praticar 
atos ilícitos no exercício de sua atividade, deverá, no desempenho das suas 
incumbências, agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao 
comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia 
esperar do negócio. 
 Assim, responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo 
que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente. 
 O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar, exceto em 
caso de culpa e no do artigo 698 (Cláusula del credere). 
 São aplicáveis à comissão, no que couber, a regra sobre mandato (CC, artigos 798 e 
709). 
 
 
6. Remuneração do comissário 
 Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo 
os usos correntes no lugar (CC, art.701). 
 
 A remuneração poderá ser parcial obedecendo a critérios proporcionais. 
 No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, não puder 
concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos 
trabalhos realizados (CC, art.702). 
 Havendo rescisão do contrato, ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o 
comissário direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, 
ressalvado a este o direito de exigir do comissário eventuais prejuízos provocados 
por ele. 
 Se houver a rescisão do contrato (dispensa do comissário) sem justa causa, terá 
direito a ser remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas 
perdas e danos resultantes de sua dispensa. 
 No que se refere à movimentação financeira entre os dois quanto à exigência de 
juros, assemelha-se ao contrato de mútuo com finalidade econômica. Assim, de 
acordo com o artigo 706, o comitente e o comissário são obrigados a pagar juros um 
ao outro; o primeiro pelo que o comissário houver adiantado para cumprimento de 
suas ordens; e o segundo pela mora na entrega dos fundos que pertencerem ao 
comitente. Destaque-se ainda que, para reembolso das despesas feitas, bem como 
para recebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre 
os bens e valores em seu poder em virtude da comissão. 
7.Cláusula del credere 
 exceção no que tange à responsabilidade do comissário, pelas determinações 
do artigo 698 do Código Civil 
 se do contrato de comissão constar a cláusula del credere (Diz-se da cláusula 
que designa a comissão, ou prêmio, que é paga ou prometida por um 
comerciante a se representante, ou comissário, em virtude de sua obrigação 
de responder pela solvabilidade da pessoa com quem operou a mando ou não 
do comitente, sobre transaçõesde interesse deste.), responderá o comissário 
solidariamente com as pessoas com que houver tratado em nome do 
comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem 
direito a remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumido. 
 
 
Questão comentada 
(CESPE - 2009 - DPE-AL - Defensor Público) Marcelo tomou por empréstimo R$ 5 mil 
em uma instituição financeira para pagar em vinte e quatro meses. A partir do décimo 
segundo mês, Marcelo interrompeu o pagamento das prestações ante as dificuldades 
financeiras por que estava passando. Comparecendo ao banco, foi informado de que no 
contrato havia cláusula permitindo a cobrança de comissão de permanência. A respeito 
essa situação hipotética, julgue os itens a seguir: 
Hoje prevalece o entendimento jurisprudencial de que a cláusula contratual que prevê a 
comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado, não é potestativa. 
 Certo Errado 
 
Comentários: 
Resposta: certo 
Súmula 294 - STJ. Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de 
permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do 
Brasil, limitada à taxa de contrato 
 A convenção da taxa de comissão de permanência não pode ser imposta 
simplesmente por um dos contratantes, transformando o outro em mero 
expectador. 
 As condições potestativas são as que deixam as condições ao puro arbítrio da 
outra parte. Pelo art. 122 do CC, apenas as puramente potestativas (sem a 
influência de fato externo) são tidas como ilícitas, sendo as simplesmente 
potestativas aceitas. 
 Comissão de permanência é um valor cobrado após o vencimento da obrigação, 
podendo ter sua incidência concomitante aos juros moratórios. 
 A Resolução n.º 1.129 do Banco Central do Brasil, determinou: 
"O BANCO CENTRAL DO BRASIL, (…) 
I – Facultar aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de 
investimento, caixas econômicas, cooperativas de crédito, sociedade de crédito, 
financiamento e investimento e sociedades de arrendamento mercantil cobrar de seus 
devedores por dia de atraso no pagamento ou na liquidação de seus débitos, além de 
juros de mora na forma da legislação em vigor, "comissão de permanência", que será 
calculada às mesmas taxas pactuadas no contrato original ou à taxa de mercado do dia 
do pagamento. 
II – Além dos encargos previstos no item anterior, não será permitida a cobrança de 
quaisquer outras quantias compensatória pelo atraso no pagamento dos débitos 
vencidos". 
 No caso, a condição não é potestativa, porque depende da aceitação da outra 
parte (mediante a celebração do contrato). 
 
XII – DO MANDATO (arts 653 e ss) 
 
Mandato judicial -692, 38 CPC 
Origem- manu datum porque as partes se davam as mãos 
 
1.Quadro distintivo: 
Mandato Prestação de serviços 
Ideia de representação Não há 
Objeto: realização ato jrd Realização de fato ou determinado 
trabalho 
Faculdade de deliberar e querer Executar segundo suas aptidões 
 
 
 Mandato é espécie de representação. 
 
 Haverá representação todas as vezes que uma pessoa for incumbida de realizar 
declaração de vontade em seu lugar. 
 
 Há três espécies de representação: legal, convencional e judicial. 
 
 A representação legal é decorrente de lei. A lei impõe aos pais a representação 
de seus filhos incapazes, ao tutor do pupilo e ao curador do curatelado. 
 
 A representação contratual ou convencional decorre de contrato de mandato. A 
noção de representação tem que estar presente no contrato. Se no consentimento 
não estiver a representação se configura locação de serviços e não representação. 
No mandato, o mandatário age em nome do mandante. Na locação de serviços o 
contratado age em nome próprio. 
 
 Representação engloba a pratica de atos e a administração de interesses. 
 
2.Conceito e Características Gerais: 
 
 Mandato é o contrato pelo qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu 
nome, praticar atos ou administrar interesses. 
 
 O mandato é uma representação convencional. O representante pratica atos que 
dão origem a direitos e obrigações que repercutem na esfera jurídica do 
representado. 
 
 O mandatário age em nome e por conta do mandante. O mandante contrai as 
obrigações e adquire os direitos decorrentes do ato do mandatário como se os 
tivesse contraído e adquirido pessoalmente. 
 
 O mandato possibilita que uma pessoa que não possa ou não saiba realizar 
determinado ato negocial que o realize por meio de outra pessoa. 
 
 Consenso: é imprescindível a idéia de representatividade. A representatividade 
estabelece um liame obrigacional entre o representado e terceira pessoa por 
meio do representante. O mandatário é representante por vontade do 
representado (representação convencional). 
 
 Por ser representação, os atos do representante que contrariem as instruções 
recebidas só vincularão o representado se praticados em seu nome dentro dos 
limites do instrumento, isto é, conforme os poderes constantes da procuração. 
 
 Se o mandatário efetuar atos negociais fora dos poderes conferidos pelo 
mandato, tais atos só serão responsabilizados pelos mandante se ele os ratificar. 
 
 Da mesma forma os atos praticados após a extinção do mandato. O mandatário 
que exceder os poderes do mandato responde perante os terceiros. 
 
3.Caracteres jurídicos 
 
a. Típico: está tipificado no Código civil- arts. 653 e ss. 
 
b. Consensual: é considerado celebrado pelo mero consenso entre as partes. 
 
c. Presume-se Gratuito, mas pode ser oneroso: 
 
 Será oneroso se houver estipulação expressa ou seu objeto for profissão do 
mandatário. Ver 658 
 
 Será gratuito nos demais casos. 
 Assim, se o objeto do mandato não for profissão do mandatário será 
presumidamente gratuito. 
 
d. Bilateral: gera obrigações e deveres tanto para o mandante como para o mandatário. 
 Mesmo que o mandato seja gratuito, o mandante terá sempre duas obrigações: 
responder pelas obrigações licitamente assumidas pelo mandatário e facilitar a 
execução do mandato. 
 
 
e. De Execução Futura: é celebrado em um momento e executado em outro. 
 
f. Intuitu personae: é celebrado com base na mútua confiança dos contratantes 
 
 
4.Requisitos subjetivos: 
 
 Por ser um contrato reclama consenso das partes. SE há necessidade de 
consenso, ambas devem ser capazes. 
 
 Mandante: 
 
 o mandante deverá ser habilitado para os atos da vida civil. Se for absolutamente 
incapaz não poderá celebrar mandato, uma vez que a lei já prevê a representação 
legal. 
 
 Os relativamente incapazes poderão outorgar mandato desde que devidamente 
assistidos pelo representante legal, mesmo assistidos, a procuração deverá ser 
feita por instrumento público. 
 
 O analfabeto também terá que se valer da procuração por instrumento público 
por não possuir firma, já que não pode assinar. 
 
 O art. 654 do CC prevê que todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo 
dos direitos civis são aptas a dar procuração por instrumento particular, que 
valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. 
 
 
Mandatário: 
 
 Maior de 16 e menor de 18 pode ser mandatário, 666 
 
 O fundamento para que o relativamente incapaz pode ser mandatário reside no 
fato de que a capacidade do mandatário pouco importa para a execução do 
mandato, uma vez que quem sairá perdendo será o próprio mandante e não o 
incapaz. Porém, o mandante não terá ação contra o mandatário relativamente 
incapaz, se este lhe causar prejuízo. O mandante assume as consequências do ato 
de nomear mandatário relativamente incapaz. 
 
 
 Quanto aos cônjuges, nenhuma restrição

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