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LEPTOSPIROSE
Etiologia: É um processo patológico muito conhecido, que é uma grave zoonose. Pertence à família leptospiraceae, que engloba essas espiroquetas, que são bactérias em um formato muito peculiar, sendo espiraladas – formato helicoidal. Possuem um endoflagelo muito pequeno que se insere nesse espaço periplasmático e esse endoflagelo consegue muita motilidade para as bactérias, conferindo um movimento de rotação, fazendo com que a bactéria gire em torno de seu próprio eixo com movimento de flexão e extensão (o que, aparentemente, na microscopia de campo escuro observa-se uma movimentação aparentemente caótica). Possui todas as características de uma bactéria gram negativa, então ela pode ser considerada gram negativa, pois a parede celular celular das espiroquetas tem todos os padrões morfofuncionais que caracterizariam uma bactéria gram negativa. Contudo, não é possível se corar essa bactéria pelos meios de coloração de gram devido a composição bioquímica da parede celular microbiana, que é composta por lipopolissacarídeos, ou seja, é uma parede muito lipídica, o que impossibilita a coloração com as técnicas normais, então, a coloração deve ser feita com sais de prata, que confere a espiroqueta uma coloração escura/negra. É aeróbica, não produz esporos.
A menor classificação taxonômica dessa bactéria é o sorovar (ela possui vários sorogrupos e sorovares). Há a algum tempo atrás se tinha o gênero leptospira, dividido em apenas 2 espécies: leptospira biflexa (são saprófitas, não causa nenhum tipo de patogenicidade, ficam espalhadas no ambiente) e a leptospira interrogans (que é a que de fato importa, são sensíveis demais a luz solar, calor, a radiação, os desinfetantes mais básicos são capazes de matar essas batérias. Podem se manter vivas por muito tempo em solo úmido, onde não penetre muita luminosidade, por semanas a meses, assim como em focos de agua parada/estagnada sem penetração de luz. Ocorrem grandes surtos em enchentes e inundações. Habitam o trato urinário em alguns animais que acabam se tornando hospedeiros, se desenvolvendo nas células dos túbulos renais, sendo expelidas na urina por vários anos na forma de leptospiúria. Então o meio ambiente acaba sendo contaminado por esse processo. Ressaltando que em ambientes úmidos e sem luz elas não se reproduzem, apenas se mantém vivas/viáveis – elas só se reproduzem nas células dos hospedeiros. Precisam se um Ph neutro para alcalino, levemente alcalino, 7; 7,1, sendo um ambiente muito favorável. Se mantém vivas em um ph entre 5 e 5,5 que é o ph urinário, mas por pouco tempo. Possuem uma margem de temperatura muito boa para sobreviver, conseguindo se manter vivas vivas num congelamento de 25 até -5°C)
Transmissão: a forma de contaminação mais específica para o ser humano é a penetração ativa em casos de inundações ou enchentes onde é espalhada a água, infestações por roedores, presença de animais portadores. Petra na pele integra e na lesionada, porém, quando há ferimento ou solução de continuidade na pele, penetra com mais facilidade.
 Os cães se contaminam das mais diversas formas: predando ratos (ratos de esgoto, chamado de Ratos Norvergicus, é o principal veiculador, veiculando 2 espiroquetas: a do sorogrupo icterohaemorrhagiae e o sorovar icterohaemorrhagiae; e a do sorogrupo icterohaemorrhagiae e sorovar copenhageni, da Leptospira interrogans. São umas das principais espiroquetas que colonizam de forma natural e frequente, as células dos túbulos renais desses roedores. Tendo também o Rattus rattus (rato de telhado, de cor mais escura) e o mus musculus (camundongo), sendo esses 3 os principais).
 O sorogrupo canícola e sorovar canícola também já foi encontrado no trato urinário dos roedores, tenho como principal hospedeiro o cão, sendo a espiroqueta que mais frequentemente causa leptospirose nos cães, ressaltando que todas essas espiroquetas estão dentro do gênero Interrogans. 
 Os gatos são muito resistentes, não chegam a ser refratários, pois como caçam ratos, ocorre a chamada “seleção darwiniana”, porém, nos grandes felinos existe a possibilidade de contaminação por leptospirose, mas ainda assim é raro. 
 Canídeos selvagens de pequeno porte podem adquirir a doença, mas são bem mais resistentes do que os domésticos. 
Ou seja, a penetração pode ser ambiente (através do contato com solo úmido, água parada, com pouca luminosidade) por penetração direta na pele íntegra ou em solução de continuidade; pode ocorrer de forma venérea entre os cães; pela mucosa oral e/ou nasal qual um cão cheira e/ou lambe a genitália de outro; ingestão de água parada; predação de animais contaminados
Patogenia: após a penetração do agente no organismo, essa espiroqueta vai penetrar no endotélio vascular (pois tem uma atração/tropismo muito grande devido a composição dos vasos sanguíneos, ficando aderida a essa parede dos vasos, iniciando seu processo reprodutivo na parede). Então, vai se reproduzindo neste de uma forma extremamente agressiva, e por causa da grande quantidade, irá se desprender gradativamente e cair na luz do vaso, dando início à primeira fase, que é a Leptospiremia. Então, pela circulação, vai penetrar em todo o sistema linfático, nos órgãos parenquimatosos (fígado, baço, rim, intestino, pulmão), no SNC (medula espinhal e até mesmo no cérebro), passando a se reproduzir também nesses outros sistemas do organismo, tendo cada vez mais a leptospiremia. 
Da contaminação até o início dos sinais clínicos, leva aproximadamente entre 5 e 10 dias (tempo de incubação), então começará a fazer lesão tecidual nos órgãos. 
Os sorovares vão ter tropismo de acordo com o tipo de sorovar que está envolvido. O canícola vai ter um principal tropismo pelo sistema renal, vai começar a causar lesão no parênquima renal, mas todos os outros órgãos também serão acometidos, porém, é menos frequente nos pulmões (pois terá menos quantidade de espiroquetas, mas isso não quer dizer que não cause lesão pulmonar). 
A forma de lesão pulmonar é basicamente por uma ação direta da espiroqueta, se locomovendo entre as células, causando uma reação inflamatória, morte celular, migração de células de defesa e focos hemorrágicos e uma lesão alveolar causada pela ação mecânica da espiroqueta. No fígado, que é o segundo órgão mais acometido por esse sorovar, a presença da espiroqueta vai causar lesões dos hepatócitos, e terá dois processos patogênicos, que são bem específicos: a membrana de lipopolissacarídeos irá causar aderência de macrófagos e fagócitos, e vai inclusive ter a produção de citocinas e interleucinas, ocorrendo edema, descamação celular, morte de hepatócitos que será substituído por área de fibrose, com perda da função hepática, ocorrendo o processo de icterícia, tendo também focos hemorrágicos. Pode levar a uma insuficiência hepática crônica 
Obs: As espiroquetas também liberam enzimas que aumentam a porosidade das células, então, o que ocorre na verdade é destruição dessas células por aumento de permeabilidade/porosidade (fígado e rins)
O principal órgão acometido pelo sorovar canícola, são os rins, que irão sofrer ação enzimática, ação mecânica da espiroqueta, ação da parede de lipopolissacarídeo, etc, ou seja, vão sofrer todas essas ações combinadas, que vão causar lesões renais. Vai causar destruição das células dos túbulos renais, lesão glomerular e lesão parenquimatosa, levando a um quadro de insuficiência renal aguda.
Quando se fala do sorogrupo icterohaemorrhagiae e o sorovar icterohaemorrhagiae, se refere a processos mais agressivos e a uma muito maior icterícia. Frequentemente acomete cães. O principal órgão acometido é o fígado.
E o sorogrupo icterohaemorrhagiae e o sorovar Copenhageni acomete rim e fígado basicamente da mesma forma
No momento em que as espiroquetas atravessam o glomérulo e começam a parasitar as células dos túbulos renais, colonizando-o, as espiroquetas se tornam praticamente inacessíveis ao sistema imunológico, pois os anticorpos são proteínas, e proteínas tem muita dificuldade de passar pela filtragem glomerular.Ou seja, essas bactérias ficam quase 100% protegidas da ação dos anticorpos e da ação dos antibióticos. Isso leva aproximadamente 7 dias. Após um longo tempo de infecção, quando o próprio organismo está combatendo a doença ou até mesmo depois do tratamento, chega numa fase em que as bactérias não causam mais lesões renais, pois estão adaptadas aquele ambiente. Elas não são atingidas por anticorpos nem antibióticos, então ficam simplesmente paradas se reproduzindo e liberando bactérias pela urina, sendo uma forma adaptativa da bactéria, que na verdade não quer matar o hospedeiro pois precisa ser espalhada/difundida no meio ambiente, então nesse momento ela raramente causa lesão, mas não quer dizer que não possa acontecer 
Obs: Mesmo durante o tratamento os animais podem liberar a leptospiúria pela urina por meses
Sintomatologia: icterícia, prostração, anorexia, frequentemente vômitos. Mas depende também do órgão que a espiroqueta atingiu, por exemplo: se atingiu o pulmão haverá insuficiência respiratória; se atingiu o rim vai ter insuficiência renal com sangue na urina, diminuição do débito urinário. Ou seja, a sintomatologia sempre será baseada na patogenia. 
Diagnóstico: histórico (se tomou vacina, se teve acesso a outros animais não vacinados, se comeu camundongo, etc), sendo este muito importante para a definição do diagnóstico. Pode-se fazer cultura em meio de cultura específico, coloração com sais de prata, microscopia em campo escuro, PCR, sorologia. Logo após o início da infecção, quando começa a aparecer os sintomas, pode-se usar o sangue como forma de diagnóstico para bioquímica, antibiograma e meio de cultura (pode ser feita uma endocultura na fase de leptospiremia ou uma cultura urinária se tiver na fase de leptospiúria)
Tratamento: penicilina cristalina por aplicação endovenosa, para que possa passar pelos túbulos renais, sendo eliminada em 6 horas, associada a penicilina benzatina por aplicação intramuscular que vai ter um efeito de até 5 dias. Em bovinos, zebuínos e equinos se usa muito oxitetraciclina ou dihidrostreptomicina. De um modo geral, betalactâmicos (tetraciclinas, penicilinas), pois atuam na parede, que é o principal agente de patogenicidade da espiroqueta
Prevenção: vacina, controle de roedores, etc
Obs: quando a espiroqueta atinge os túbulos renais dos roedores, a eliminação pela urina pode durar em torno de 30 meses, ou seja, quase a vida toda desses animais.

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