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Transtornos Psiquiátricos na Infância e Adolescência e Desempenho Escolar VII Congresso Brasileiro de Psicopedagogia Candida Helena Pires de Camargo ExEx--Diretora do Serviço de Psicologia/ Unidade de NeuropsicologDiretora do Serviço de Psicologia/ Unidade de Neuropsicologia / Reabilitação ia / Reabilitação Neuropsicológica do IPQ HC FMUSPNeuropsicológica do IPQ HC FMUSP cphpcphp@usp.@usp.brbr Ana Carolina Ana Carolina BrocanelloBrocanello Regina Regina –– neuropsicóloganeuropsicóloga colaboradoracolaboradora Contribuições da Neuropsicologia na Compreensão dos Quadros Psiquiátricos e de Aprendizagem • Transtornos Psiquiátricos podem exercer efeitos diretos ou indiretos no comportamento e na aprendizagem. O locus onde tudo isto se passa é o cérebro. • Cérebro: órgão em permanente atividade, gerada e modulada por disparadores internos e externos (fontes estruturais, genéticas, metabólicas/bioquímicas, elétricas, sociais e de personalidade). Contribuições da Neuropsicologia na Compreensão dos Quadros Psiquiátricos e de Aprendizagem • Comportamento final de um indivíduo, seja uma ação auto-motivada, uma resposta a uma demanda externa ou um sintoma mental envolve necessariamente um aparato cognitivo para sua geração, organização e efetuação. Contribuições da Neuropsicologia na Compreensão dos Quadros Psiquiátricos e de Aprendizagem • O impacto das emoções sobre a cognição é evidente posto que o cérebro funciona com um todo , não em compartimentos isolados. Diferentes desordens psiquiátricas podem envolver os mesmos circuitos,porem de formas diferentes .Isto implica leques cognitivos distintos, apesar das manifestações comportamentais poderem ser semelhantes. Áreas de interesse Sistema Límbico Regiões de interesse Gânglios da Base córtex cerebral Gânglios da Base (núcleo caudado; putamen, globo pálido) Hipocampo Amígdala Regiões de interesse Circuitos hipotéticos • Striatum: pode ser visto como um mediador da aprendizagem baseada em regras. Dá suporte aos processamentos não-conscientes de informação, que levam à aquisição de comportamentos executados de forma automática e reforça a eficiência dos processos de alta-ordem (p.ex.: memória operativa) Circuitos hipotéticos • Sensório-motor: funções sensório motoras. • Óculo-motor: movimentos oculares. • Cognitivo-dorsal: processos cognitivos complexos → memória operativa e habilidades para estabelecer e mudar “sets” mentais. Circuitos hipotéticos • Cognitivo-ventral: processos cognitivos, tais como: inibição de resposta, especialmente relacionadas a aspectos sociais e emocionais. • Afetivo-emocional: processos de informação baseada na recompensa emocional. Este circuito é pesadamente influenciado por enervação a partir de estruturas límbicas, como a amígdala. Circuitos hipotéticos Papel funcional destes circuitos: • aprendizagem motora. • seqüenciação de movimentos. • alocação atencional, por magnificação e filtragem/suspensão • memória operativa • aprendizagem motora implícita (procedural) Dificuldades quanto ao diagnóstico nestas Dificuldades quanto ao diagnóstico nestas faixas etáriasfaixas etárias ?? Alta comorbidade entre desordens psiquiátricasAlta comorbidade entre desordens psiquiátricas ?? Cada fase do desenvolvimento pode fornecer um Cada fase do desenvolvimento pode fornecer um cenário cognitivo e comportamental diferentecenário cognitivo e comportamental diferente ?? Transtornos do Desenvolvimento podem Transtornos do Desenvolvimento podem complicar a identificação dos sintomas (ex.: T. D. complicar a identificação dos sintomas (ex.: T. D. Não Não --Verbal)Verbal) ?? Em crianças, mais do que em adultos, a interação Em crianças, mais do que em adultos, a interação com fatores ambientais contribui para o quadro com fatores ambientais contribui para o quadro particularparticular Transtornos Específicos do Desenvolvimento • Este rótulo diagnóstico agrupa vários tipos de desordens que aparecem na infância, relacionadas à aprendizagem e desempenho escolar. • Elas podem estar presentes mesmo antes desta etapa e se estender por toda a vida. Transtornos Específicos do DesenvolvimentoTranstornos Específicos do Desenvolvimento • Problemas da classificação: o enfoque é educacional, embora requeira os métodos de exame psicológico para definí-los. • Estudos desenvolvidos por Rourke, Denckla, Mesulam e Weintraub nesta área fornecem os subsídios para considerar estes transtornos como Desordens do Processamento de Informações. Transtornos Específicos do DesenvolvimentoTranstornos Específicos do Desenvolvimento • Rourke considerou-as como resultantes de disfunção em um de três sistemas neurais possíveis: ¾ de centros filogeneticamente mais baixos para centros superiores ¾ da córtex posterior para anterior ¾ disfunção Direita-Esquerda • Esta conceituação permite incluir vários tipos de falhas de aquisição, inclusive as de adaptação emocional e social, bem como compreender os talentos especiais que muitos destes indivíduos têm, sob a ótica das Desordens de Processamento Neurocognitivo. Transtornos Específicos do Transtornos Específicos do DesenvolvimentoDesenvolvimento Quatro síndromes maiores são descritas sob este mesmo prisma: ¾Desordem de Processamento Verbal ¾Desordem de Processamento Não-Verbal ¾Desordem do Déficit de Atenção (com ou sem Hiperatividade) ¾Desordem de Comportamento/ Julgamento/ Insight Transtornos Específicos do DesenvolvimentoTranstornos Específicos do Desenvolvimento • Desordem do Processamento Verbal (DPV) Decorre de problemas nas habilidades envolvidas na ou com a linguagem (por ex.: discriminação fonêmica, articulação, leitura, escrita, etc). As dificuldades se agrupam de formas diferentes, a partir de um déficit primário (por ex.: de percepção auditiva). Neste modelo, um déficit primário na audição fonêmica levaria a: Transtornos Específicos do DesenvolvimentoTranstornos Específicos do Desenvolvimento déficit na audição fonêmica distúrbio na atenção auditiva-verbal problemas na memória auditivo- verbal OU déficit na audição fonêmica déficit na análise fonoarticulatória no out put verbal na sintaxe, etc Encontram-se aqui as Disfasias, Dislexias, Disgrafias, e alguns tipos de Discalculia de Desenvolvimento. As funções visuoespaciais são geralmente bem desenvolvidas. As disfunções são nos Sistemas Neurocognitivos de H.E. Desordem do Processamento VerbalDesordem do Processamento Verbal • Queixas escolares mais comuns Dificuldades de: ¾ articulação, baixo output verbal ¾ nomeação ¾ “achar palavras” ¾ leitura ¾ soletração, secundária às substituições fonêmicas ¾matemática, secundária às substituições de símbolos ¾ compreensão verbal Desordem do Processamento VerbalDesordem do Processamento Verbal Este padrão neuropsicológico pode levar ou ser acompanhado por quadro psicossocial: ¾retraimento social (decorrente da dificuldade de comunicação) ¾tendência a “atuar” os sentimentos ¾falhas no estabelecimento das relações sociais. Desordem do Processamento NãoDesordem do Processamento Não--VerbalVerbal • Decorrem de problemas nas habilidades envolvidas com a percepção ou produção de informações não-verbais (por ex.: análise visuoespacial, coordenação visomotora, formação de conceitos não verbais, prosódia). Neste modelo um déficit primário de decodificação de informações não-verbais, levaria a: Desordem do Processamento NãoDesordem do Processamento Não--VerbalVerbal - déficit de decodificação de informações não- verbais distúrbio na atenção visual no comportamento exploratório namemória visual na formação de conceitos. As habilidades de linguagem são melhor desenvolvidas. Estes déficits refletiriam disfunções nos Sistemas Neurocognitivos de H.D. Desordem do Processamento NãoDesordem do Processamento Não--VerbalVerbal • Queixas mais comuns Dificuldades: ¾coordenação visomotora ¾habilidade visuoespacial ¾resolução de problemas não-verbais ¾percepção, julgamento e interação social ¾prosódia ¾aritmética Desordem do Processamento NãoDesordem do Processamento Não--VerbalVerbal Este padrão neuropsicológico pode levar ou estar acompanhado de: ¾extrema timidez ¾isolamento social ¾impropriedade social ¾desordens afetivas Desordem de Comportamento/ Julgamento/ Insight • Decorre de problemas nos Sistemas Neurocognitivos envolvidos com a aquisição e desenvolvimento de regras e comportamento social apropriado e no desenvolvimento de estratégias para tomar decisões. • Neste modelo o déficit primário estaria na habilidade de monitorização levando a: Desordem de Comportamento/ Julgamento/ Insight - déficit na habilidade de monitorização do próprio comportamento de prever e registrar as consequências do próprio comportamento comportamentos “anti-sociais”. As demais funções cognitivas encontram-se preservadas. As disfunções refletiriam desenvolvimento deficiente dos Sistemas Frontais. Desordem de Comportamento/ Julgamento/ Insight • Queixas mais comuns ¾são “imunes” à disciplina ¾não pospõem gratificação ¾sentimentos de vitimização ¾ataques de cólera ¾comportamento “psicopático” Transtornos Específicos do DesenvolvimentoTranstornos Específicos do Desenvolvimento • Fazer o diagnóstico preciso nestes casos é de extrema importância dado que as decisões de tratamento vão refletir a postura tomada na análise dos casos. • Cada grupo de desordens requer uma forma de atendimento específico baseado na compreensão dos déficits primários, secundários e no impacto destas desordens na vida acadêmica, familiar e social. • Na consideração dos tratamentos deve-se levar em conta que algumas destas desordens são acompanhadas por distúrbios do humor como parte do quadro. Transtornos mais comuns na Infância e Adolescência Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade • Abrange diversos padrões cognitivos/ comportamentais ou subtipos clínicos. • Curso e sintomas: variam no tempo e ao longo do desenvolvimento levando à confusão diagnóstica. No geral incluem a “dificuldade para prestar atenção quando obrigado”. TDAH • É caracterizado por: níveis de atenção inapropriados, impulsividade e hiperatividade. • Subtipos: 1 – Tipo Combinado: inatenção e hiperatividade 2 – Tipo Predominantemente Desatento: baixa atenção sustentada. 3- Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: problemas primários relacionados à hiperatividade e impulsividade, porém não são desatentos. TDAH Sintomas Centrais: • Impulsividade: déficit no controle inibitório → responder sem pensar; incapacidade de resistir à distratores. • Distrabilidade: inabilidade para “sustentar” comportamentos em determinadas tarefas. Hiperfoco em outras. • Hiperatividade: (física ou mental) inquietação motora, pular de um assunto ou atividade para outra. TDAH Sintomas Centrais: • implicam a motivação. Capacidade para sustentar a atividade e controlar impulsos vem da recompensa imediata dada pelas atividades (estimulação, prazer, ou valor de reforço da tarefa) ou pela antecipação do reforço positivo ou negativo. Achados Neuropsicológicos em TDAH Déficits: • atenção para o ambiente e para as atividades • sustentação e direção da motivação • formulação de metas e planos de ação • inibição de respostas/comportamentos (automonitorização e correção) Achados Neuropsicológicos em TDAH Déficits: • avaliação/ antecipação de conseqüências e resultados (programação de comportamentos adaptativos complexos) • integração dos “inputs” sensoriais (detecção, filtragem e valoração dos estímulos) com resposta motora (seleção, iniciação, inibição e mudança). TDAH Manifestação comportamentais dos déficits: • Impulsividade: falhas na reflexão, filtragem e censura. • Distrabilidade: dificuldades na auto- organização/ gerenciamento; “esquecimento” no meio da ação, concentração insuficiente para canalizar esforço. • Hiperatividade: alta energia, atividade excessiva; “stimulus-bound” Implicação dos Déficits na personalidade e adaptação social Rótulos: • preguiçoso, bagunceiro, irresponsável, fútil, inconfiável. • Auto-estima baixa, autoconceito denegrido, desmoralização crônica, depressão. ou • Incansável, criativo, bem sucedido • alta auto-estima (engaja auxiliares para “cobrir”suas falhas). Implicação dos Déficits na personalidade e adaptação social • Crianças que não funcionam à altura de sua capacidade. • Problemas familiares: entre os pais e com a criança; alta correlação entre dinâmica familiar e problemas comportamentais no TDAH. • Dificuldades sociais: relacionadas com os problemas de performance: não focalizam na conversa, não aguardam turno, não seguem regras; conhecem normas sociais mas não inibem comportamento inapropriado. • Dificuldades acadêmicas: problemas são mais aparentes no setting escolar – perdem informações, não aguentam monotonia. Caso clínico • Menino, 7 a. cursando o pré-primário. • desenvolvimento neuropsicomotor nos prazos esperados. • Aos 4 anos: – não conseguia acompanhar a classe - dificuldades de psicomotricidade. – passou a apresentar dificuldades de atenção e a ficar “extremamente agitado”(sic). Caso Clínico Queixas atuais: • Professora: “espera mais do que ele dá”(sic). Dificuldade para copiar da lousa, a não ser que a professora fique “do lado”(sic). • Escola/casa: – tem dificuldades em “centrar”(sic), não termina atividades que começa. “Vai passeando entre as coisas: videogame, tv, banho, brinquedos”(sic). – Negocia para não fazer toda a lição e faz o mais rápido possível. Caso Clínico Temperamento e personalidade: • muito afetivo e carinhoso • bastante desinibido e curioso • adapta-se com facilidade • bastante sedutor, tenta convencer e fazer negociações para conseguir o que deseja. • Em casa “explode e xinga”, mas depois se arrepende. • Obedece e cumpre castigos. • Fora de casa não faz birra, nem gritaria. • Na escola a professora percebe que ele fica muito bravo, porém se contém. Caso Clínico • “estabanado, derruba os amigos, é impulsivo” . • relacionamentos interpessoais: na escola exerce liderança, é convidado pelos amigos para fazer atividades/ passeios e recebe bem os amigos em casa. – Divide brinquedos e não os quebra. Não teve nenhuma briga séria na escola. Caso Clínico – Resultados Quantitativos Atenção (WISC-III /WRAML): • Dígitos sc: 06, perc: 09 ↓ • Janelas Digitais sc: 07, perc: 16 =↓ • Seqüência letras e números sc: 05, perc: 5 ↓ • Resistência à distração: sc: 16, perc: 25 =↓ Memória (WRAML) • Memória visual – Memória para Figuras: sc: 07, perc. 16 =↓ -Memória para Cenas: sc: 14, perc. 90 ↑ • Memória verbal – Memória para Histórias: sc: 11; perc. 63 = - Aprendizagem Verbal: sc: 06, perc. 09 ↓ Caso Clínico – Resultados Quantitativos • Habilidade visuoconstrutiva/visuoespacial: Cubos: sc: 12, perc. 75 =↑ Armar Objetos: sc: 11, perc. 63 = Organização Perceptual sc: 51, perc. 86 =↑ • Linguagem Linguagem espontânea: normal/ bem articulado Vocabulário sc: 18, perc: 99 ↑↑ Compreensão Verbal sc: 52, perc: 87 =↑ Caso Clínico – Resultados Quantitativos Informação:sc: 12, perc. 75 =↑ Semelhanças: sc: 17, perc. 99 ↑↑ Aritmética: sc: 10, perc. 50 = Vocabulário: sc: 18, perc. 99 ↑↑ Compreensão: sc: 09, perc. 37 = Dígitos: sc: 06, perc. 09 ↓ QI 119, (perc. 90 ↑) superior Completar Figuras: sc:17, p. 99 ↑↑ Código: sc: 09, p. 37 = Arranjo de Figuras: sc:12, p. 75 =↑ Cubos: sc:12, p. 75 =↑ Armar Objetos: sc: 11, p. 63 = Busca de Símbolos sc:12, p. 75 = ↑ QI 115, (perc. 84 =↑) médio-superior Verbal Execução Caso Clínico – comentários • muito simpático e agradável ao contato • extremamente espontâneo no comportamento. • mostrava vivo interesse pelos entornos do ambiente e situação, não hesitando em fazer perguntas sobre tudo que o intrigava. • Percebia com facilidade como as coisas e os relacionamentos funcionam, aplicando e generalizando seus conhecimentos para resolver as questões ou criar hipóteses do que seria mais adequado e vantajoso em determinadas situações. • Este comportamento de curiosidade também parecia ser uma válvula de escape para a inquietude, que se manifestava durante toda a avaliação. Caso Clínico – comentários • não podia evitar de se mexer, falar, ficar em pé na cadeira e até mesmo sair andando pela sala (dificuldade para manter o autocontrole), o que denunciava a presença de impulsividade e uma impaciência por trás das respostas rápidas . Comentários • em tarefas nas quais os estímulos eram modificados com certa freqüência e as informações a serem analisadas continham significados (objetos familiares ou cenas) exibiu excelente desempenho. – Todavia, algumas vezes sua primeira resposta era impulsiva, baseada em análise de dados parciais, sendo necessária uma pequena ajuda e orientação para que ele levasse em conta mais detalhes, analisasse com mais cautela e corrigisse sua resposta. Discussão • Bem dotado quanto aos recursos de inteligência, apresentando habilidades verbais e não verbais em equilíbrio, embora seu desempenho fosse ligeiramente mais eficiente no plano verbal. • rápido para encontrar as palavras necessárias para exprimir seu pensamento, era fluente e bem articulado no discurso e se utilizava de um vocabulário rico ao se exprimir. • Compreendia rapidamente as instruções verbais, articulando as respostas de forma bem precisa e objetiva. • Mostrou-se bastante hábil ao estabelecer relações abstratas entre elementos, categorizando as informações e formando facilmente os conceitos por meio da linguagem. • bom raciocínio aritmético, conseguindo fazer as operações mentalmente e resolver problemas de acordo com o esperado para o seu nível escolar. Discussão • Nas atividades não-verbais (que demandavam o uso da atenção e percepção visual/espacial , “interpretação” de eventos e situações via “leitura” dos aspectos emocionais implícitos em gestos e expressões), seu desempenho variou de acordo com o tipo de tarefa. • As dificuldades provinham da falta de interesse e dos déficits atencionais e não de raciocínio propriamente dito. Discussão • A dificuldade de atenção/concentração interferiu na sua capacidade de memória, onde os resultados foram discrepantes da sua excelente capacidade de categorização e organização de informações. Caso Clínico - conclusão 1) ficou nítido que as dificuldades para se manter concentrado e motivado por períodos longos, as flutuações na atenção e dificuldade de inibir resposta impulsivas, atingiram seu desempenho. 2) Tambem ficou claro que o alto nível de energia, se traduzia em impulsividade, necessidade de expandir-se e tendência à busca de novidades , derivando na irriquietude progressiva em atividades que tendiam à monotonia. Transtorno Bipolar na Infância e Adolescência • Descrita em pré-escolares: Esquirol (1845) pré-púberes: Kraepelin (1921) • Mal reconhecida e diagnosticada: – “Esquizofrenia infantil” – Apresentação clínica muito variável – Sintomas se superpõe aos de outras desordens, especialmente T.D.A.H. e T.C. – Idade influencia a apresentação de sintomas Características Clínicas em Crianças / Adolescentes • Apresentação comum: quadro misto, “disfórico”, com períodos curtos e freqüentes de intensa labilidade de humor e irritabilidade , mais do que euforia (Geller, 1995; Kutcher, 1993) • Esta apresentação dificulta o diagnóstico diferencial com outras desordens Achados Neuropsicológicos em TAB Déficits centrais: • Problemas no funcionamento executivo: – Distúrbio da atenção (secundário à aceleração do pensamento) – Distúrbio de crítica/julgamento – Discrepância entre QIV > QIE – Déficits de atenção visual e de memória para faces e nomes • Mudanças no nível da atividade motora/geral ,mas conseguem terminar atividades – Alterações no ritmo do desempenho e funcionamento mental • Incongruência entre afeto e situação – Delírios grandiosos, alucinações – Self “expandido” TAB – manifestações comportamentais • Hiperatividade (excessiva e inapropriada) nos planos mental, verbal, sexual • Obssessividade e compulsividade • Comportamento brincalhão • Comportamento oposicionista • Raiva e hostilidade (abruptas e intermitentes), negação de responsabilidade, seguidas de culpa e depressão • Associados a mal funcionamento temporal mesial E (Weinberg e col, 1995), e a disfunções no circuitos frontais- subcorticais. TAB X TDAH Diagnóstico diferencial difícil porque em ambos os quadros há irritabilidade, hiperatividade e distrabilidade. Porém nos TAB: - humor elevado, - fuga de idéias, - comportamentos de grandiosidade (não se atém às regras), - diminuição da necessidade de sono - hipersexualidade. Transtorno de Conduta e Transtorno Oposicionista-Desafiador • Presença de maiores prejuízos neuropsicológicos nestas populações,especialmente na área verbal . • Problemas na codificação das emoções e não na decodificação, influenciando a emissão de comportamentos sociais. • Habilidades normais para planejar e executar, bem como, habilidade de processamento. Achados Neuropsicológicos • Déficits nos campos social, acadêmico e ocupacional resultam de distorção no processamento das informações sociais tais como: atribuição de viés negativo às experiências (hostilidade). • Freqüente associação com baixo QIV. TAB x Transtorno de Conduta - apresentação insidiosa e curso crônico – comportamento pernicioso e vingativo – ausência de culpa ou remorso – ausência de sintomas psicóticos, pressão da fala ou fuga de idéias – comportamento “suspeitoso”/ desconfiado (medo de ser pego) – prejuízos nas habilidades baseadas em linguagem e controle executivo (Moffit, 1993); QIE > V Caso Clínico • Menino 6a5m, cursando a 1a. Série • Motivo do encaminhamento: queixas de concentração e agitação. • Desenvolvimento neuropsicomotor: – 6m começou a falar as primeiras, 1a 6m já falava frases completas . – 11m andava sozinho. Desde pequeno é “estabanado e se machuca” (sic). Pais : não tem a coordenação motora muito boa, para jogar bola é agitado e quer correr. Professora : dificuldades na coordenação motora fina. Caso Clínico • Sono agitado. Mexe-se bastante chegando a cair da cama. • Alimentação: há um ano parou de comer coisas que gostava e comia antes. Na hora da refeição a mãe tem de estar junto, geralmente come contrariado. Os pais têm de fazer trocas e negociações para que ele coma. • Inicio da vida escolar : 1a5m e com boa adaptação; “é bem sociável”. Até os três anos e seis meses - sem reclamações da escola, “era só elogios”(sic). • Pré-primário : começaram as queixas: preferência por crianças mais velhas,mais nítida após os quatros anos. • dificuldadespara ficar sentado . “Não ficava parado, não deixava a professora dar aulas”(sic). Ficava para fora da classe ou de castigo na sala da diretora. Faz piadas para que os colegas dêem risada, atrapalhando a aula. Caso Clínico • Não respeita limites, nem os professores. • Após quinze dias de aula estava falando sobre drogas com os colegas. • Este ano roubou lápis de cores do amigo, tirou as etiquetas dos lápis para que não percebessem o que havia feito. Pegou os lápis mesmo tendo ganho dos pais lápis novos. • Inicialmente foi matriculado para período integral, porém devido às queixas na escola,ficou somente no período da tarde. • Está com dificuldades no processo de alfabetização, escreve os números espelhados. “A parte pedagógica está prejudicada” , não consegue acompanhar a classe. Caso Clínico • Temperamento e personalidade: é bastante sociável. Os pais o descreveram como uma criança viva e esperta. • Aos três anos e seis meses gostava de meninas mais velhas, “dizia que tinha namorada” (sic). • Aos quatro anos começou a mostrar-se mais agitado, “faz o que quer”(sic). • Fantasia bastante, conta coisas para os amigos que não são reais, mentiu para os colegas da escola que o pai era policial, em uma fase na qual gostava de policiais. • Mente muito, antes quando a mãe “o apertava ele confessava, hoje jura que não fez”(sic). Obedece a ordens geralmente quando está a ponto de apanhar, “reclama de tudo” (sic). • É bastante amoroso, gosta de abraçar e beijar; porém irrita-se e explode com facilidade , quando não consegue algo que deseja de imediato; com crianças de sua idade, quando quer algo e não consegue, “pega à força”(sic). • É tagarela, não consegue esperar sua vez para falar, “se intromete”(sic). Caso Clínico • interesse por assuntos polêmicos, “que chamam atenção dos outros” (sic): criminalidade, presidiários, sexo e drogas. No ano passado queria saber sobre funck. • Na escola contou para os amigos que sabia o que era cocaína e maconha, “como deixar os amigos doidões”(sic). • Tem dificuldades de concentração na maioria das coisas. Prefere brincadeiras “físicas” - correr, andar de bicicleta, e brincadeiras de luta. • Prefere estar em contato com as pessoas. Enturma-se facilmente com adolescentes. • Como dados de história médica aos 3 anos - TCE, atingindo a região occipital. Caso Clínico • Professora: crueldade com os amigos, espeta colegas com lápis. Colegas tentam se aproximar, mas reclamam dele. • diagnósticos anteriores (neurologistas e psiquiatras): TDAH Caso Clínico • Atenção (WRAML e WISC-III): Atenção Visuoespacial - Janelas Digitais sc: 9; perc: 37 = Atenção Auditiva - Seqüência de Letras e Números sc: 10, perc: 50 = - Dígitos sc: 9, perc: 37 = Velocidade de Processamento de Informações sc: 26, perc: 87 =↑ • Memória (WRAML) Memória visual – Memória para Figuras: sc: 12, perc. 75 =↑ Memória para Cenas: sc: 11, perc. 63 = Memória verbal – Memória para Histórias: sc: 16, perc. 98 ↑↑ Aprendizagem Verbal: sc: 19; perc. 99 ↑↑ Aprendizagem Verbal (Recuperação – após interferência) 12/13 palavras - porcetagem de retenção 100% Caso Clínico Informação: sc: 13, perc. 84 =↑ Semelhanças: sc: 15, perc. 95 ↑ Aritmética: sc: 17, perc. 99 ↑↑ Vocabulário: sc: 17, perc. 99 ↑↑ Compreensão:sc: 15, perc. 95 ↑ Dígitos: sc: 9, perc: 37 = QI: 132, (p. 98 ↑↑) muito-superior Completar Figuras:sc: 13, p. 84 =↑ Código: sc: 14, p. 90 ↑ Arranjo de Figuras: sc: 14, p. 90 ↑ Cubos: sc: 12, p. 75 =↑ Armar Objetos: sc: 13, p. 84 =↑ Busca de Símbolos: sc: 12; p. 75 =↑ QI : 121, (p. 92 ↑) superior Caso Clínico – comentários • criança alegre e falante, bastante extrovertida e desinibida. • vivacidade no contato e na execução das atividades propostas. • preocupado com o desempenho, querendo “acertar todas”. • logo se cansava das atividades que estava fazendo, queixando-se e sugerindo alguma brincadeira que desejava fazer ao invés das tarefas. Caso Clínico – comentários • conversava “de igual para igual”, sem considerar hierarquia. Também apresentava malicia e certa ironia que são pouco comuns em sua idade. • confirmou que é bagunceiro e que gosta de deixar as pessoas bravas, provocá-las, inclusive a diretora. Disse achar engraçado as pessoas ficarem bravas. • vocabulário cheio de gírias e expressões não usuais para uma criança de sua idade e nível sócio-cultural. Caso Clínico Questionário Desiderativo: 1+: ser rico, ganhar $ para brincar e para todo mundo me conhecer. 2+: leão é o rei da selva, vou ser o rei e mandar em todo mundo. 3+: barata, para todo mundo ficar com medo de mim. É legal. 4+: planta carnívora, tem bocona, para comer e se alimentar. 5+: Fogo para queimar lesma, matar lesma. “Tia esta história não é minha”. Depressão ?? Apresentação típica: dificuldades na escola.Apresentação típica: dificuldades na escola. QueixasQueixas -- irritabilidade; oposicionismo, irritabilidade; oposicionismo, negativismo, “sem limites”negativismo, “sem limites” -- queixas físicas inexplicáveis e exageradasqueixas físicas inexplicáveis e exageradas -- hiperatividade, impulsividade,hiperatividade, impulsividade, desinibiçãodesinibição, falta de crítica; agressividade, falta de crítica; agressividade -- problemas de aprendizagemproblemas de aprendizagem DepressãoDepressão ?? apresentação dos sintomas apresentação dos sintomas não está claramente não está claramente relacionada ao humorrelacionada ao humor (Newman e(Newman e SilversteinSilverstein, 1987), 1987) ?? prejuízos não se relacionam à subtipos de depressão prejuízos não se relacionam à subtipos de depressão (Newman e(Newman e SweetSweet, 1986), 1986) ?? relação entre nível de prejuízo cognitivo e severidade relação entre nível de prejuízo cognitivo e severidade da depressão é inconsistente da depressão é inconsistente ((SilversteinSilverstein, 1990), 1990) ?? os estudos sugerem relação entre doença afetiva e os estudos sugerem relação entre doença afetiva e H.DH.D. . Depressão em Crianças / AdolescentesDepressão em Crianças / Adolescentes ?? Déficits centrais:Déficits centrais: ?? dificuldades de atenção / concentraçãodificuldades de atenção / concentração ?? dificuldadesdificuldades visomotorasvisomotoras // visuoespaciaisvisuoespaciais ((StatonStaton ee colcol, 1981), 1981) WISC: WISC: ↓↓ Cubos e CCubos e Cóódigo; digo; ↓↓ SemelhanSemelhançças e Compreensas e Compreensããoo QIE < VQIE < V HalsteadHalstead: : ↓↓ latencialatencia de resposta no Pareamento de de resposta no Pareamento de Figuras Familiares Figuras Familiares ?? Achados atribuíveis à disfunção de “hemisfério direito”Achados atribuíveis à disfunção de “hemisfério direito” Queixas podem refletirQueixas podem refletir ?? DepressãoDepressão ?? Transtorno Afetivo Bipolar (T.A.B.)Transtorno Afetivo Bipolar (T.A.B.) ?? Transtorno Oposicionista Transtorno Oposicionista -- DesafiadorDesafiador ?? Transtorno de CondutaTranstorno de Conduta ?? HipocondriaHipocondria ?? Transtorno do Déficit de Atenção/HiperatividadeTranstorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade
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