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TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

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MARC 9 – TRANSTORNOS DE APREN DIZAGEM 
Transtornos de aprendizagem são considerados um tipo de transtorno neurodesenvolvimental. Distúrbios do neurodesenvolvimento são condições neurológicas 
que aparecem cedo na infância, geralmente antes da idade escolar. Esses transtornos prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social, acadêmico 
e/ou ocupacional e normalmente envolvem dificuldades de aquisição, manutenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de informações específicas. Os 
transtornos podem envolver distúrbios de atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas ou interação social. Outros transtornos do 
desenvolvimento neurológico comuns incluem déficit de atenção/hiperatividade, distúrbios do espectro do autismo e deficiência intelectual. 
Transtornos de aprendizagem específicos afetam a capacidade de: 
 Compreender ou utilizar a linguagem falada 
 Compreender ou usar a linguagem escrita 
 Compreender e utilizar números e raciocínio usando conceitos matemáticos 
 Coordenar os movimentos 
 Focar a atenção em uma tarefa 
Portanto, esses transtornos envolvem problemas de leitura, matemática, ortografia, expressões escritas ou manuscritas, compreensão ou uso da linguagem verbal 
ou não verbal. A maioria dos transtornos de aprendizagem é complexa ou mista, com déficits em mais de um sistema. 
Os transtornos de aprendizagem podem ser congênitos ou adquiridos. As influências genéticas estão frequentemente envolvidas. Outras causas possíveis incluem: 
 Doenças maternas, ou uso de drogas tóxicas durante a gestação 
 Complicação durante a gestação ou no trabalho de parto (p. ex., posição, toxemia, trabalho de parto prolongado, parto rápido) 
 Problemas neonatais (p. ex., prematuridade, baixo peso ao nascimento, icterícia grave, asfixia perinatal, pós-maturidade, insuficiência respiratória) 
Fatores potenciais pós-natais incluem exposição a toxinas ambientais (p. ex., o chumbo), infecções do sistema nervoso central, neoplasias e seus tratamentos, 
trauma, desnutrição e isolamento ou privação social grave. 
Transtornos Específicos de Aprendizagem 
O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível cognitivo 
as quais são associadas com as manifestações comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que 
influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão. 
Caracterizado pela dificuldade persistente nas habilidades acadêmicas de aprendizagem relacionadas a leitura, expressão escrita ou cálculos, que começa logo 
no início da infância e é incompatível com a capacidade intelectual total de uma criança. 
- Habilidades acadêmicas incluem fluência na leitura de palavras e frases simples, expressão escrita e ortografia e cálculos e soluções de problemas matemáticos. 
- O transtorno específico da aprendizagem resulta em insucesso escolar inesperado com base no potencial da criança, assim como em oportunidade de ter 
aprendido um pouco mais. 
- Para atender aos critérios de transtorno específico da aprendizagem, o desempenho de uma criança deve ser significativamente inferior em relação ao 
esperado em uma ou mais entre as seguintes capacidades: habilidades de leitura, compreensão, ortografia, expressão escrita, cálculo, raciocínio matemático 
e/ou problemas da aprendizagem que interfiram nas realizações acadêmicas ou nas atividades cotidianas. É comum esse transtorno incluir mais de uma área de 
deficiências. 
- O transtorno específico da aprendizagem de nível grave pode se transformar em uma tortura para crianças que procuram ser bem-sucedidas na escola e com 
frequência leva a desmoralização, baixa autoestima, frustração crônica e comprometimento das relações com os pares. 
- Essa condição está associada a um aumento no risco de transtornos comórbidos, incluindo os de TDAH, da comunicação, da conduta e depressivos. 
Fatores de Risco e Prognóstico: 
- Ambientais: prematuridade e muito baixo peso ao nascer aumentam o risco de transtorno específico da aprendizagem, da mesma forma que exposição pré-
natal a nicotina e síndrome do alcoolismo fetal. 
- Genéticos e fisiológicos: o transtorno parece agregar-se em famílias, particularmente quando afeta a leitura, a matemática e a ortografia. O risco relativo de 
transtorno da aprendizagem da leitura ou da matemática é maior em parentes de primeiro grau de indivíduos com essas dificuldades de aprendizagem na 
comparação com aqueles que não as apresentam. Muitas características cognitivas parecem ser poligênicas. 
- Modificadores do curso: problemas acentuados com comportamento de desatenção nos anos pré-escolares predizem dificuldades posteriores em leitura e 
matemática (mas não necessariamente transtorno específico da aprendizagem) e não resposta a intervenções acadêmicas efetivas. Atraso ou transtornos na fala 
ou na linguagem, ou processamento cognitivo prejudicado (ex. consciência fonológica, memória de trabalho capacidade de nomear rapidamente em série) nos 
anos pré- escolares predizem transtorno específico da aprendizagem posterior em leitura e expressão escrita. Instrução sistemática, intensiva e individualizada, 
utilizando intervenções baseadas em evidências, pode melhorar ou diminuir as dificuldades de aprendizagem em alguns indivíduos ou promover o uso de 
estratégias compensatórias em outros, mitigando, dessa forma, evoluções de outro modo negativas. 
 
Diagnóstico: segundo DSM-5 
- Uma avaliação abrangente é necessária. Um transtorno específico da 
aprendizagem só pode ser diagnosticado após o início da educação formal, 
mas, a partir daí, pode ser diagnosticado em qualquer momento em crianças, 
adolescentes e adultos, desde que haja evidência de início durante os anos 
de escolarização formal. 
- O diagnóstico é clínico e baseia-se na síntese da história médica, de 
desenvolvimento, educacional e familiar do indivíduo; na história da 
dificuldade de aprendizagem, incluindo sua manifestação atual e prévia; no 
impacto da dificuldade no funcionamento acadêmico, profissional ou social; 
em relatórios escolares prévios ou atuais; em portfólios de trabalhos que 
demandem habilidades acadêmicas; em avaliações de base curricular; e em 
escores prévios e atuais resultantes de testes individuais padronizados de 
desempenho acadêmico. 
→ Especificar se: 
 Com prejuízo na leitura: precisão na leitura de palavras ou 
velocidade ou fluência da leitura ou compreensão da leitura. Obs.: 
Dislexia - termo alternativo padrão de dificuldades de 
aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento 
preciso ou fluente de palavras, problemas de decodificação e 
dificuldades de ortografia. 
 Com prejuízo na escrita: precisão na ortografia ou precisão na gramática e na pontuação ou clareza ou organização da expressão escrita 
 Com prejuízo na matemática: senso numérico ou memorização de fatos aritméticos ou precisão ou fluência de cálculo ou precisão no raciocínio 
matemático. Obs.: Discalculia - termo alternativo padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processamento de informações numéricas, 
aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. 
→ Especificar a gravidade atual: 
 Leve: Alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois domínios acadêmicos, mas com gravidade suficientemente leve que permita ao 
indivíduo ser capaz de compensar ou funcionar bem quando lhe são propiciados adaptações ou serviços de apoio adequados, especialmente durante 
os anos escolares. 
 Moderada: Dificuldades acentuadas em aprender habilidades em um ou mais domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo se 
torne proficiente sem alguns intervalos de ensino intensivo e especializado durante os anos escolares. Algumas adaptações ou serviços de apoio por 
pelo menos parte do diana escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para completar as atividades de forma precisa e eficiente. 
 Grave: Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo aprenda essas 
habilidades sem um ensino individualizado e especializado contínuo durante a maior parte dos anos escolares. Mesmo com um conjunto de adaptações 
ou serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não ser capaz de completar todas as atividades de forma eficiente. 
Transtorno do Espectro Autista 
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits persistentes na comunicação/interação social e por 
padrões repetitivos/restritos de comportamentos, interesses e atividades. Não se trata de um transtorno degenerativo, pois a aprendizagem e compensação 
continuam ao longo da vida, no entanto, é difuso e permanente não havendo cura para o mesmo, mas o diagnóstico e intervenção precoces podem “suavizar” os 
sintomas. 
O TEA possui uma diversidade e variabilidade de apresentações dos déficits citados acima (por isso o uso do termo espectro), de modo que as manifestações do 
transtorno variam muito dependendo da gravidade, síndromes genéticas associadas e presença de outros transtornos do neurodesenvolvimento associados 
(transtorno do desenvolvimento intelectual, por exemplo). O transtorno de espectro autista engloba transtornos antes chamados de: autismo infantil precoce, 
autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno 
desintegrativo da infância e transtorno de Asperger. 
Etiologia e fisiopatologia 
O TEA tem etiologia genética e multifatorial, sendo causado por uma combinação entre fatores genéticos e ambientais. Os fatores genéticos têm uma importância 
singular na patogênese de modo que se estima que tal transtorno seja hereditário em 50-90% dos casos sendo que a chance de uma criança com irmão autista 
também ser afetada é de 10,1% e havendo 2 irmãos previamente com o transtorno essa prevalência chega a 25%. Existe diversos padrões de herança, variantes 
genéticas causais (comuns ou raras) e defeitos estruturais no genoma relacionadas ao autismo envolvendo quase todos os cromossomos, sendo os principais que 
têm apresentado alterações ligadas ao TEA são o 7 e 15. Além disso, há associação do autismo com outras síndromes genéticas como a do X-frágil, Prader-Willi e 
de Angelman. 
Sabe-se que o cérebro de uma pessoa com autismo tem falha na comunicação entre os neurônios dificultando o processamento das informações, pois alterações 
no corpo caloso levam a problemas na conectividade entre os dois hemisférios cerebrais resultando em zonas de muita e pouca conectividade dificultando a 
coordenação e processamento das informações. Há também prejuízo em neurotransmissores como a serotonina e glutamato. 
 
Quadro clínico e critérios diagnósticos 
Apesar de em alguns casos já ser possível notar alterações no comportamento precocemente aos 6 meses, os sintomas tornam-se mais perceptíveis entre os 12-
18 meses de vida. Um instrumento importante neste acompanhamento, para além dos relatos dados espontaneamente por pais e cuidadores ao longo da consulta 
de puericultura, é o acompanhamento desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) através da Caderneta de Saúde da Criança. 
Alguns marcadores importantes no primeiro ano de vida chamam atenção para um possível quadro de TEA: anormalidades e/ou atrasos no controle motor, 
sensibilidade reduzida a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da atenção . Com isso, é importante identificar alguns sinais de alerta 
dentro do 1º ano de vida: 
 
A principal escala utilizada para essa triagem é a Modifield Checklist fo Autism in Toddlers (M-CHAT). Esse instrumento é validado para triagem e não diagnóstico 
sendo direcionado para identificar sinais precoces de autismo e não para uma análise global do neurodesenvolvimento. Deve ser aplicado pelo Pediatria durante 
a consulta de puericultura com o objetivo de detectar o maior número de casos suspeitos de TEA o que pode levar a falsos positivos. Diante disso, uma outra 
ferramenta foi criada para aumentar a especificidade no diagnóstico de TEA através do M-CHAT- R/F a ser realizada com crianças entre 16 e 30 meses de idade. 
Os questionários são autoexplicativo devendo ser realizado com os pais no momento da consulta. Ainda assim, com teste de triagem positivo algumas crianças 
não têm diagnóstico de TEA, no entanto, possivelmente as mesmas possuem outros atrasos/transtornos no desenvolvimento que devem ser investigados também 
o quanto antes. 
 
O diagnóstico de TEA é dado de acordo com os critérios do DSM-V. Em jovens que não tiveram o diagnóstico dado previamente, ao seguirem para avaliação com 
médico que o acompanha deve ter esses dados colhidos com base em história pregressa, tentando resgatar junto aos familiares elementos do início do seu 
desenvolvimento, o que pode ser difícil de garantir devendo ser levada em conta as dificuldades autorrelatadas. Os critérios diagnósticos são: 
 Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por 
história prévia; 
 Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes, atualmente ou 
por história prévia; 
 Os sintomas devem estar presentes precocemente no período desenvolvimento; 
 Os sintomas causam prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social; 
 Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do 
desenvolvimento. 
Estudo realizado em 2014 por Huebner e Dunn apontou 6 fatores que caracterizam 6 principais comportamentos observados em crianças com TEA, são eles: 
1. Baixa energia/fraqueza parecendo ter músculos fracos; 
2. Sensibilidade tátil diversa reagindo agressivamente ao toque, evita andar descalço; 
3. Sensibilidade gustativa/olfativa que leva à escolha por texturas e sabores específicos de alimentos rejeitando outros diferentes destes; 
4. Sensibilidade auditiva/visual de modo que não consegue trabalhar com barulho ao fundo, fica incomodado com luzes e sons; 
5. Procura sensorial ficando animado com atividades com movimento, tem dificuldade em prestar atenção; 
6. Hiporresponsividade não percebendo quando está sujo ou quando pessoas chamam seu nome. 
A gravidade da apresentação clínica do paciente pode ser utilizada para uma melhor descrição do quadro clínico, no entanto, não é a gravidade que irá determinar 
as estratégias de tratamento a serem adotadas isto só pode ser resolvi de forma individual e mediante discussão de prioridades para cada paciente e sua família. 
 
Tratamento 
Para a melhor abordagem terapêutica deve-se contar com uma equipe interdisciplinar com profissionais da Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, 
Psicopedagogia, Fisioterapia, Assistência Social e Educação Física. O pediatra deve gerar essa articulação não somente entre os profissionais, mas entre as terapias 
adotadas. Os pais também devem ser capacitados por estes profissionais para estimular a criança no ambiente domiciliar. 
A terapia cognitiva comportamental é o cerne do tratamento já que não há medicamentos específicos para o tratamento da TEA. Diversas são os programas 
terapêuticos disponíveis que visam estimular a criança, promover sua interação e estabelecendo rotinas agregando a participação dos pais, cuidadores e 
educadores. Um destes é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) que visa promover interações sociais positivas e naturalistas para aumentar a motivação 
da criança para competências sociais, aprendizagem e desenvolvimento da comunicaçãoreceptiva e expressiva das habilidades cognitivas e motoras. 
O tratamento medicamentoso é direcionado para o tratamento de condições associadas ao TEA (comorbidades) ou controle de comportamentos disruptivos 
como: irritabilidade, impulsividade, agitação, auto e/ou heteroagressividade e destrutividade. Os antipsicóticos costumam ser utilizados, no entanto, apenas a 
Risperidona e o Aripipazol são indicados para sintomas relacionados ao TEA. 
 Risperidona: doses varia de 0,5 a 1,5 mg. Tratamento medicamentoso de primeira linha para crianças e adolescentes afetados por esse transtorno com 
irritabilidade grave. Apesar de sua eficácia, seu uso foi limitado em alguns indivíduos pelos efeitos colaterais principais de ganho de peso e aumento 
no apetite; efeitos colaterais metabólicos, como hiperglicemia, elevação no nível de prolactina e dislipidemia; em combinação com outros efeitos 
adversos comuns, como fadiga, sonolência, tontura e sialorreia 
 Aripiprazol: doses varia de 5 a 15 mg por dia. Os efeitos colaterais principais incluem sedação, tontura, insônia, acatisia, náusea e vômito. Embora não 
tenha sido tão significativo quanto no uso da risperidona, o ganho de peso foi considerado um evento adverso moderado 
 Hiperatividade, impulsividade e desatenção: metilfenidato em doses de 0,25 a 0,5 mg/kg. Os efeitos colaterais incluem aumento nos estereótipos, 
desconforto gastrintestinal, problemas de sono e labilidade emocional 
Dislexia 
Caracteriza-se pela dificuldade de leitura e escrita. Entre os sintomas destacam-se a lentidão na aprendizagem, dificuldade de concentração, palavras escritas de 
forma estranha, dificuldade de soletrar, troca de letras por sons ou grafias parecidas, dificuldade em ler em voz alta e compreender. O diagnóstico é realizado com 
ajuda de uma equipe multidisciplinar e o tratamento visa superar as dificuldades da criança e desenvolver suas habilidades para que consiga aprender de forma 
efetiva. 
Discalculia 
A dificuldade com números e compreensão dos exercícios de matemática podem ser um Transtorno de Aprendizagem. Chamado de discalculia, esse transtorno 
afeta a habilidade da criança de realizar cálculos matemáticos. Sendo assim, podem ter dificuldades de entender conceitos numéricos e problemas na hora de 
aprender operações matemáticas. Entre os sintomas, destacam-se a dificuldades na identificação visual e auditiva de números, dificuldade para contar, não 
compreender ou confundir os sinais matemáticos, problemas de lateralidade, trocar a ordem dos números quando copia da lousa, dificuldade de entender as 
horas e moedas e de estimar medidas. Estima-se que entre 3% a 6% da população mundial apresente discalculia. 
Disortografia 
É um distúrbio de linguagem que afeta principalmente a escrita, sendo assim, as pessoas que sofrem com esse transtorno não conseguem escrever as palavras 
de forma correta. Um texto escrito por uma pessoa com disortografia será cheio de erros gramaticais, que são cometidos repetidamente e isso não tem a ver com 
as habilidades intelectuais. Um dos erros mais comuns é o esquecimento de algumas letras em uma palavra. Como eles não dominam a escrita ou a ortografia, 
as pessoas com disortografia têm problemas para ler um texto. Dependendo da gravidade dos sintomas, eles podem se tornar incapazes de entender as palavras. 
Disgrafia 
É uma dificuldade específica de aprendizagem que afeta a habilidade de escrever. A disgrafia pode aparecer como uma dificuldade com a ortografia, caligrafia e 
problemas para colocar pensamentos no papel. A pessoa sente dificuldades em converter os sons da linguagem em forma escrita. Por isso, pode escrever as letras 
ao contrário, ter dificuldade em lembrar como as letras são formadas ou quando usar letras maiúsculas ou minúsculas. Também sente dificuldade em formar 
frases, usar a pontuação correta, a letra fica deformada, com espaçamento irregular, inversões e rotações das letras, podem fazer letras sobrepostas e com 
espaçamento inconsistente entre as palavras. 
Transtorno opositor desafiador – TOD 
As discussões sobre TOD podem ser consideradas bastante recentes e têm se apresentado tão controversas quanto os debates sobre o TDAH pelos mesmos 
motivos – o comportamento da criança frente a um sistema de regras de comportamento que ela desconhece e pode não compreender e aceitar. E, assim como 
o TDAH, trata-se de um transtorno/distúrbio que pode atrapalhar o aproveitamento escolar e os processos de aprendizagem. O TOD se caracteriza por 
comportamentos desafiadores, irresponsável, agressivo, com dificuldades para assumir erros e responsabilidades, presença de humor irritável e índole 
vingativa. De acordo com Jorge, Ribeiro e André (2019), o TOD pode ainda apresentar as seguintes características: crueldade com animais ou crianças menores, 
destruição dos pertences de outra criança, crises de birra e de desobediência, condutas incendiárias e roubos. Para estas pesquisadoras, o acompanhamento 
da criança por terapeutas e/ ou psicólogos é importante para que ela possa desenvolver autocontrole e aprender a lidar com aquilo que lhe parecer desafiador 
ou provocativo. Além disso, muitas das propostas para o atendimento educacional do aluno com TDAH também pode ser aplicado em quadros de TOD, tais como 
o esclarecimento quanto as regras da sala de aula, atuar de forma contextualizada às condições socioeconômicas e culturais da criança, propor “combinados” para 
a turma, fazer uso de abordagens multissensoriais, entre outros. Além disso, conforme apontado por Jorge, Ribeiro e André (2019), também é preciso observar a 
cultura familiar e verificar se a criança não se encontra em alguma situação de risco que pode estar desencadeando comportamentos desafiadores. 
O TDAH não é considerada um Transtornos de Aprendizagem mas impacta negativamente e atrapalha o processo de aprendizado: 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é uma condição psiquiátrica que se inicia na idade pré-escolar e é caracterizada por sintomas de desatenção 
ou hiperatividade e impulsividade. No TDAH, a desatenção e desorganização estão relacionados com a dificuldade de permanecer em uma tarefa, perder objetos 
e não perceber um chamado em nível incoerente à idade. Já a hiperatividade e impulsividade envolvem inquietação, interferência nas atividades de outras 
pessoas, incapacidade de aguardar sua vez ou de permanecer sentado, também de forma inadequada ao nível de desenvolvimento. 
A etiologia precisa do TDAH ainda permanece desconhecida, porém sabe-se que existe uma influência genética e ambiental para seu desenvolvimento. O TDAH 
apresenta uma grande heterogeneidade clínica e, por isso, acredita-se que tenha também uma heterogeneidade etiológica. Apesar de ainda não haver estudo 
que indique algum gene que seja suficiente para o desenvolvimento da doença, algumas pesquisas sugerem que genes codificadores dos componentes do 
sistema dopaminérgico, serotoninérgico e noradrenérgico estão envolvidos na sua fisiopatologia. Polimorfismos no gene transportador de dopamina (DAT1), 
no gene do receptor D4 de dopamina (DRD4) e no gene do receptor 2A de serotonina (HTR2A) podem estar associados as manifestações clínicas do TDAH, mas 
não são fatores causais necessários. 
 
Manifestações clinicas e diagnóstico 
O diagnóstico do TDAH é clínico, realizado através de critérios operacionais de sistemas classificatórios, como o DSM. Os critérios utilizados pelo DSM abrangem 
uma avaliação da intensidade, frequência, contexto e duração dos sintomas. Os sintomas envolvem a desatenção e a hiperatividade/impulsividade. A 
desatenção é percebida pela distração durante as atividades, mudança constante de atividades, frequentes mudanças de assunto durante uma conversa e aversão 
a realização de atividades mais complexas que necessitam de organização. Já a hiperatividade e impulsividade são manifestadas pela dificuldade de ficar sentado,movimentação excessiva, agir sem pensar nas consequências e dificuldade em esperar sua vez. 
Para realizar o diagnóstico de desatenção pelo DSM 5, o paciente precisa preencher pelo menos 6 dos critérios listados abaixo: 
 Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades; 
 Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; 
 Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente; 
 Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho; 
 Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; 
 Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado; 
 Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; 
 Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos; 
 Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas. 
Para diagnóstico de hiperatividade e impulsividade pelo DSM 5, o paciente precisa preencher pelo menos 6 dos critérios listados abaixo: 
 Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira. 
 Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado; 
 Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado; 
 Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente; 
 Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”; 
 Frequentemente fala demais; 
 Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída; 
 Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez; 
 Frequentemente interrompe ou se intromete. 
Para fechar o diagnóstico, os sintomas precisam ser constantes e persistentes por um período mínimo de 6 meses e terem um grau incoerente com a idade e o 
nível de desenvolvimento da criança. Devem ter surgido antes dos 12 anos de idade e influenciarem negativamente a funcionalidade das atividades sociais, 
diminuindo a qualidade das tarefas exercidas, estando presente em pelo menos 2 ambientes (como casa, escola, com amigos). 
Por ser um transtorno dinâmico e possivelmente transitório, com possibilidade de melhora clínica conforme o desenvolvimento e a maturação neurológica, o 
paciente deve ser reavaliado e o diagnóstico precisar ser revisado a cada 6 meses. 
Na idade pré-escolar, a principal manifestação é a hiperatividade. O TDAH é mais diagnosticado durante o ensino fundamental, principalmente quando o paciente 
apresenta desatenção, por ela ficar mais perceptível e prejudicial no ambiente escolar. Durante a adolescência, o transtorno tende a melhorar e ficar mais estável, 
com sintomas de hiperatividade motora menos perceptíveis. Porém, a desatenção, a impulsividade, a sensação de inquietude e os problemas de planejamento 
de tarefas tendem a continuar e permanecer durante a vida adulta. 
Apesar da presença de sintomas de desatenção, o paciente com TDAH costuma apresentar o hiperfoco que é a capacidade de se manter concentrado em uma 
única tarefa por várias horas. Normalmente a criança tem hiperfoco de forma inconsciente em atividades que considera prazerosa. Os sintomas podem variar 
de acordo com o ambiente em que a criança está e com o contexto a que está sendo submetida. Os sintomas podem ficar menos perceptíveis se o paciente está 
sob supervisão de um adulto, está inserido em um contexto social novo, está recebendo estímulos externos, está envolvido em atividades de seu interesse ou está 
recebendo recompensas constantes por seguir determinado comportamento. 
 O TDAH não é considerado um transtorno de aprendizagem, mas seus sintomas podem gerar uma dificuldade de aprendizagem, resultando em um pior 
rendimento escolar e sucesso acadêmico e profissional reduzido. Procuram mais serviços de emergência por lesões acidentais, como fraturas e tendem a se 
envolver mais em violações e acidentes de trânsito. Crianças com o diagnóstico têm risco maior do que a população geral de evoluir com transtorno de conduta 
na adolescência e transtorno de personalidade antissocial na vida adulta. Uma das principais comorbidades das crianças com TDAH é o transtorno opositor 
desafiante (TOD), podendo estar presente em até metade dos pacientes com TDAH com subtipo combinado. 
O TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIANTE é uma condição que se caracteriza por presença de humor raivoso ou irritado, conduta questionadora e desafiante com 
regras e figuras de autoridade com duração de no mínimo 6 meses, podendo se manifestar somente em casa ou ambientes sociais diversos. 
Classificação 
O TDAH é classificado em 3 subtipos: Apresentação predominantemente desatenta, apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva e apresentação 
combinada. 
 O paciente é classificado em predominantemente hiperativo/impulsivo quando somente os critérios de hiperatividade/impulsividade são preenchidos, 
sem preencher os 6 critérios de desatenção. 
 É considerado predominantemente desatento quando somente os critérios de desatenção são preenchidos, sem preencher os 6 critérios de 
hiperatividade/impulsividade. 
 Por fim, é classificado como subtipo combinado quando preenche critérios para desatenção e hiperatividade/impulsividade. 
Também pode ser classificado conforme a gravidade em leve, moderado e grave. 
 É considerado leve se o paciente apresentar poucos ou nenhum sintoma além dos necessários para o diagnóstico e tenha apenas pequenos prejuízos 
no âmbito social ou acadêmico/profissional. 
 É classificado como grave se tiver muitos sintomas além dos necessários para o diagnóstico ou apresenta sintomas graves ou que resulte em grande 
prejuízo nas relações sociais ou na função acadêmica ou profissional. 
 É considerado moderado quando os sintomas não se encaixam nem em leves nem em graves. 
 
 
Exames complementares 
O diagnóstico do TDAH é eminentemente clínico e não exige exames laboratoriais ou de imagem. Não existe nenhum marcador biológico para diagnóstico de 
TDAH. Exames de eletroencefalograma mostram que crianças com TDAH apresentam um aumento de ondas lentas, e ressonância magnética do crânio apresenta 
volume encefálico total menor que crianças sem o transtorno. Porém, esses exames não são indicados para a prática clínica, ficando limitado ao uso em pesquisas. 
Exames de acuidade visual e auditiva, entretanto, são importantes para identificar se o déficit de atenção é proveniente de alteração nessas funções sensoriais 
ou se podem estar relacionadas ao TDAH. Além disso, caso o paciente apresente características que indiquem uma possível síndrome do X frágil, é necessário 
descartar essa hipótese antes de concluir que é TDAH. 
Tratamento 
O tratamento do TDAH é multiprofissional e engloba intervenções psicossociais e farmacológicas para atingir um bom resultado. Com relação as intervenções 
psicossociais, o pediatra deve orientar os pais sobre intervenções comportamentais que podem ajudar a manejar os sintomas da criança, como, fornecer um 
ambiente sem estímulos visuais e silencioso para estudar, além de conhecer técnicas de reforço positivo, que podem favorecer o comportamento adaptativo 
social. Deve-se indicar tratamento psicológico, sendo que a modalidade mais estudada e com maior evidência científica de benefício para esses quadros é 
cognitivo-comportamental. 
A terapia medicamentosa para o TDAH é amplamente difundida através de medicamentos estimulantes, sendo essa classe a primeira escolha para o tratamento. 
O metilfenidato é um dos medicamentos dessa classe, que age inibindo a recaptação da dopamina e pode ser administrado na dose inicial de 10 mg/kg a cada 4 
horas. Existem formulações de liberação lenta que permitem uma única dose diária. Outra medicação estimulante é a lisdexanfetamina que também inibe arecaptação da dopamina e pode ser administrada na dose inicial de 30 mg uma vez ao dia. Por serem medicações estimulantes, só estão indicadas para crianças 
maiores de 6 anos. 
Como medicações estimulantes podem apresentar efeitos colaterais como mudanças de humor, ansiedade, dificuldade para adormecer, diminuição do apetite, 
cefaleia e com uso prolongado pode causar desaceleração do crescimento o uso de medicação não estimulante pode ser melhor indicada. Assim, a atomoxetina, 
um fármaco não estimulante que inibe seletivamente a noradrenalina e está liberada para uso em maiores de 6 anos pode ser prescrita, em dose de 0,3 mg/kg, 
uma vez ao dia.

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