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Direito Internacional Privado NP2

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Direito Internacional Privado - 1ª Aula
2º bimestre/2017
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
LEI 12.376/2010
LINDB
Aula: 17.10.17 
 Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ( LINDB)
 A chamada Lei de Introdução ao Código Civil( LICC), sofreu modificação em sua ementa, através da Lei nº 12.376/2010, passando a se chamar de Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ( LINDB).
ESTRUTURA DA ( LINDB)
 Arts. 1º e 2º: Vigência das normas;
 Art.3º: Obrigatoriedade das normas;
 Art. 4º: Integração normativa;
Art. 5º: Interpretação das normas;
Art. 6º: Aplicação da norma no tempo;
Art. 7º e seguintes: Aplicação da lei no espaço ( Direito Espacial).
 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO ( LINDB)
 Em princípio, a Lei Brasileira deve ser aplicada a todos os brasileiros e estrangeiros que se encontrem em território brasileiro (regra da territorialidade).
 LINDB
Art. 1º - Vigências das Normas
 Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada.
 § 1º. Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois de oficialmente publicada.
 MODIFICAÇÃO DA LEI
Art. 1º,§ 4º LINDB
 A modificação da lei deverá seguir 2 regras :
1)A modificação de lei já em vigor somente poderá ocorrer por meio de lei nova, conforme §4º, do artigo 1º, havendo novo prazo de vacatio legis.
2) A modificação de lei que esteja em vacatio legis deve acontecer através de nova publicação de seu texto, sendo conferido novo prazo de vacatio.
 Art. 3º LINDB
Obrigatoriedade das normas
 Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
 A ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei para deixar de cumpri-la.
 Esse entendimento decorre do Princípio da Obrigatoriedade, que, em regra, proíbe a alegação do erro do direito. Para o direito, há uma presunção no sentido de que o conhecimento da lei decorre de sua publicação.
 Art. 4º - LINDB
Integração Normativa 
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
 I) Analogia: consiste na integração através da comparação com uma regra legal já existente, afinal, onde há a mesma razão, aplica-se o mesmo direito.
II) Costumes: incidem no silêncio da norma.
Ex: Costume do cheque pré-datado ou pós-datado – é desprovido de regramento legal e regulado pelos costumes (Súmula 370 STJ) – a apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar.
III) Princípios gerai do direito: são princípios universais utilizados para preencher lacunas. Remetem ao direito romano, sendo expressos ou implícitos da norma.
 Ex: não lesar a ninguém; dar a cada um o que é seu; viver honestamente...
 Art. 6º- Aplicação da lei no tempo
Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e coisa julgada.
Ato jurídico perfeito: é aquele perpetrado em consonância com determinada norma jurídica vigente ao seu tempo, estando perfeito e acabado, não podendo ser desfeito pelo advento de outra norma.
II) Direito Adquirido: consiste naquilo que se incorporou ao patrimônio do titular, tendo conteúdo meramente patrimonial.
III) Coisa julgada: traduz a imutabilidade de uma decisão exarada em um processo.
 LINDB
LEI 12.376 / 2010
Art. 7º: Direito de Família
Art. 8º: Direito das Coisas
Art. 9º: Direito Obrigacional
Art.10º: Direito das Sucessões
Art.11º: Direito Societário
Art.12º ao 19º: Direito Processual Civil 
DIREITO DE FAMÍLIA
ART. 7º
Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
ART. 7º e parágrafos
 § 1º: casamento no Brasil = lei do domicílio;
§ 2º: casamento de estrangeiros = adota-se ambas as leis.
§ 3º nubentes com domicílio diverso = adota-se a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4º regime de bens = adota-se a lei do país do domicílio dos nubentes, se for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
 
ART. 7º e parágrafos
 §5º: estrangeiro quer se naturalizar Brasil, pode pleitear o regime de comunhão parcial;
§6º: divórcio realizado no estrangeiro, sendo pelo menos 1 dos cônjuges brasileiro, só será reconhecido no Brasil depois de 1 ano da data da sentença.
§7º: salvo caso de abandono, o domicílio do chefe de família se estende a mulher e filhos.
§8º: quando a pessoa não tiver domicílio, considera-se o lugar da sua residência.
 DIREITO DAS COISAS
ART. 8º 
Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-à a lei do país em que estiverem situados.
 DIREITO OBRIGACIONAL
ART. 9º 
 Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-à a lei do país em que se constituírem.
 DIREITO DAS SUCESSÕES
ART. 10º 
 A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
 DIREITO SOCIETÁRIO
ART. 11º
 As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações obedecem a lei do Estado em que se constituírem.
 Aplica-se a lei onde foi constituída a sociedade/fundação ( o local onde a pessoa jurídica se formou).
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL INTERNACIONAL
ART. 12º
 É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
 1º parte: Seja o réu brasileiro ou estrangeiro, se tiver domicílio no Brasil, a competência de julgar é da autoridade brasileira.
 2º parte: Ainda que o réu não tenha domicílio no Brasil, mas se tiver que ser cumprida a obrigação no Brasil, a competência é brasileira.
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL INTERNACIONAL
ART. 12º§1º
 Só a autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.
 Competência exclusiva no Brasil ( a norma competente será a do local onde se encontra o bem).
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL INTERNACIONAL
ART. 17º
 As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
 ( Lei brasileira não admite desrespeito a sua soberania e os seus costumes).
 
 Direito Internacional Privado - Aula
2º bimestre/2017
APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO: CONFLITOS DE LEIS NO ESPAÇO E A NORMA DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Aula: 24.10.17 
Conceito: Conflitos de leis no Espaço
 São situações em que mais de um ordenamento nacional possa incidir sobre uma relação privada que transcende as fronteiras de um ente estatal, ou seja, que tenha conexão internacional.
 A definição da norma nacional ou estrangeira, aplicável aos conflitos de leis no espaço dependerá dos elementos de conexão, que são critérios que apontarão o preceito que deverá incidir em cada caso específico de conflito.
 Norma de Direito Internacional Privado e suas estruturas
 A norma de DIP indica qual o preceito, nacional ou estrangeiro, aplicável à solução de um conflito de leis no espaço. É portanto, uma regra meramente indicativa,que apenas aponta qual o preceito que deve incidir sobre um caso concreto. 
 A estrutura da norma do DIP divide-se em 2 partes: objeto e elemento de conexão. 
 Regras de Conexão
 A estrutura da norma do DIP divide-se em 2 partes:
1- Objeto de Conexão: refere-se à matéria tratada pela norma, tais como: a personalidade, capacidade, nome, direitos de família ( Art. 7º LINDB).
 2- Elemento de Conexão: é o fator que determina qual a norma aplicável à matéria, são eles: domicílio, nacionalidade, lugar do foro, lugar onde está situada a coisa, o local de execução de um contrato ou de obrigação... 
 DIVISÃO DOS ELEMENTOS DE CONEXÃO 
1)Lei do Domicílio ( lex domicilii);
 2)Lei da Nacionalidade(lex patriae);
 3)Lei do Lugar do Foro( lex fori);
4)Lei do lugar onde está situada a coisa ( lex rei sitae);
5) Local da execução de um contrato ou de uma obrigação ( lex loci excutionis ou lex solutionis);
6) Local onde a obrigação foi contraída ( locus regit actum);
7) Autonomia da vontade: é a possibilidade das partes escolherem o Direito a ser aplicado.
 LEI DO DOMICÍLIO
ART. 7º LINDB
 Art. 7º. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
 ( aplica-se a lei do domicílio)
 CONCEITO DE DOMICÍLIO
 Domicílio é o lugar onde a pessoa natural estabelece residência com ânimo definitivo, convertendo-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional (sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente para efeitos de direito).
 DOMICÍLIO
 Na primeira parte, o domicílio está ligado à vida privada da pessoa, sugerindo o local onde reside permanentemente, sozinho ou com os seus familiares.
Na segunda parte, relaciona-se a atividade externa da pessoa, à sua vida social e profissional, refere-se ao lugar onde fixa o centro de seus negócios jurídicos ou de suas ocupações habituais. 
PRINCÍPIO DA PLURALIDADE DOS DOMICÍLIOS
 O Código Civil, nos art. 70 e 72 consagra a possibilidade de pluralidade de domicílios, ao estabelecer que:
 “O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.
 
“É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem”.
 DOMICÍLIO
 A luz do Direito Internacional Privado,a pessoa só pode ter um domicílio, ainda que a lei interna permita que a pessoa tenha mais de um domicílio.
 VANTAGENS DO DOMICÍLIO COMO CRITÉRIO DETERMINADOR DA LEI
 A pessoa conhece melhor a legislação onde vive e trabalha;
A aplicação da lei domiciliar facilita a adaptação e integração na cultura;
A lei do domicílio simplifica as situações jurídicas no âmbito conjugal, paternal, filial e parental.
 EXEMPLOS
 1)Fernandes tem nacionalidade Espanhola, mas domicílio no Brasil. Faleceu no Brasil. Qual será a lei aplicada ao de cujus?
 2)Um herdeiro filho de pais estrangeiros, domiciliado no Brasil, pratica ato de indignidade contra autor da herança. Qual será a lei aplicada?
LEI DA NACIONALIDADE
É um elemento de conexão utilizado por vários países para resolver conflitos de leis no espaço referente a nacionalidade.
Art. 18º: celebrar casamento de brasileiro
Art. 7º,§2º: casamento de estrangeiros 
 LEI DA NACIONALIDADE DA PESSOA FÍSICA
Nas palavras de Emerson Penha Malheiros:
 “ A Nacionalidade dos seres humanos é a qualidade que caracteriza o intrínseco liame jurídico-político, que conecta uma pessoa a um Estado, habilitando-a a reivindicar sua proteção mediante o pleno exercício de seus direitos e o cumprimento de todos os deveres que lhe forem determinados.” 
 LEI DO LUGAR DO FORO
Art. 9º LINDB - Direito Obrigacional
É aplicável a lei do lugar do foro, ou seja, a norma do lugar onde se desenvolve a relação jurídica. 
Lugar onde está situada a coisa
Arts. 8º / 10, §1º e 12º, §1ºLINDB 
Por este critério, incide a norma do lugar onde está situada a coisa. Tem por objeto o regime dos bens ( bens móveis e imóveis).
Exceções quanto a aplicação da lei do lugar onde está situada a coisa, são elas:
1) Art.8º,§1º: proprietário de bens móveis, aplica-se a lei do domicílio;
2) Art. 8º, §2º: qt ao penhor, aplica-se a lei do domicílio;
3) Art. 10, caput: sucessão por morte ou ausência, aplica-se a lei do domicílio, porém STJ entende que prevalece a lei do lugar onde está a coisa.
 - Do local de execução de um contrato ou de uma obrigação
 Determina a aplicação da norma do local de execução de um contrato ou de uma obrigação. 
 Art. 12º caput, LINDB: É competente a autoridade judiciária brasileira quando aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
Do lugar de constituição da obrigação
 Aplica-se a um conflito de leis no espaço a norma do lugar em que a obrigação foi contraída.
Regra geral para os contratos e obrigações = Art. 9º, caput, LINDB.
AUTONOMIA DA VONTADE
Autonomia da vontade refere-se à possibilidade de que as próprias partes escolham o Direito aplicável a uma relação privada com conexão internacional.
Art. 7º, §5º LINDB: permite ao estrangeiro casado que se naturalize brasileiro optar por outro regime de bens de casamento...
 INSTITUTOS BÁSICOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
 São outros elementos que podem auxiliar a determinar a forma pelo qual uma norma incidirá ou não sobre um caso concreto, são eles:
Qualificação;
Ordem Pública;
Reenvio;
Direito Adquirido.
 INSTITUTOS BÁSICOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
 Qualificação: é o ato pelo qual é delimitado o objeto de conexão, ou seja, o instituto ao qual se referirá um elemento de conexão. (arts. 8º e 9º da LINDB).
Ordem Pública: refere-se aos aspectos de ordenamento jurídico, ordem pública e de bons costumes ( art. 17º da LINDB).
 INSTITUTOS BÁSICOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
) Reenvio/retorno/remissão/devolução: é o instituto pelo qual o Direito Internacional Privado de um Estado remete às normas jurídicas de outro Estado.
Pela doutrina o reenvio pode ter vários graus:
Reenvio de 1º grau: Estado A remete para o Estado B, mas este reenvia para o Estado A;
Reenvio de 2º grau: Estado A indica Estado B, mas este reenvia para o Estado C;
Reenvio de 3º grau: Estado A indica Estado B, que remete para Estado C, que reenvia para Estado D.
Art. 16: O Brasil não permite o reenvio em nenhum grau. 
 INSTITUTOS BÁSICOS DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
 Direito Adquirido: O direito adquirido em um Estado pode ser reconhecido em outro se não se chocar com a ordem pública deste último.
 Ex: casamento poligâmico – não poderia ser reconhecido no Brasil por ferir a ordem pública.

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