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Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica AUGUSTO CÉSAR DE JESUS CARVALHO MOTA BEATRIZ LEAL TAMANDARÉ MEMORIAL DE DIMENSIONAMENTO DE BOMBA HIDRÁULICA EUNÁPOLIS-BA 2017 AUGUSTO CÉSAR DE JESUS CARVALHO MOTA BEATRIZ LEAL TAMANDARÉ MEMORIAL DE DIMENSIONAMENTO DE BOMBA HIDRÁULICA Memorial de dimensionamento de bomba hidráulica apresentado a disciplina de Hidráulica do curso de engenharia civil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA, como requisito de avaliação. EUNÁPOLIS-BA 2017 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4 2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .......................................... 4 3. DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DE SERVIÇO .............................................. 5 4. CÁLCULO DOS DIÂMETROS ..................................................................... 6 5. DETERMINAÇÃO DA ALTURA MANOMÉTRICA DA INSTALAÇÃO ......... 7 6. CAVITAÇÃO: CALCULO NPSH .................................................................. 9 7. ESCOLHA DAS BOMBAS ......................................................................... 10 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 11 9. LISTA DE MATERIAIS A SER ADQUIRIDOS ........................................... 12 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS .......................................................... 12 ANEXOS .......................................................................................................... 13 4 1. INTRODUÇÃO O abastecimento de água possui etapas sob o aspecto sanitário e econômico, que evolvem desde a captação nos corpos hídricos, passando pelo tratamento até ao local de distribuição/armazenamento destinado. Para que a água seja transportada a cada uma destas etapas, ela precisa de energia. Tanto elétrica, através da pressurização dos sistemas de bombeamento e recalque, quanto potencial, através das diferenças de nível entre os pontos de abastecimento. Para que o transporte aconteça e atenda às necessidades demandadas no projeto, deve-se dimensionar o sistema de bombeamento de água. Este é um serviço constituído por um conjunto de tubulações, acessórios especiais e bombas hidráulicas, necessários para transportar uma determinada vazão de uma fonte de fornecimento situada em uma cota inferior para o destino com cota superior. O principal objetivo de um dimensionamento é caracterizar um sistema que apresente o maior rendimento possível dentro das circunstâncias pré- estabelecidas. Para isso, a análise dos fatores que cercam esse tipo de projeto, devem ser devidamente considerados para que não ocorram falhas indesejadas, como a cavitação, por exemplo, no decorrer do funcionamento do sistema. Dentro deste contexto, o presente trabalho visa descrever o roteiro de dimensionamento de um sistema de bombeamento em ferro fundido, destinado a alimentar o reservatório de um empreendimento fictício que irá irrigar um cultivo de alimento orgânicos da empresa Conceição, baseado nos estudos do perfil altimétrico e fórmulas matemáticas, retirando informações de literaturas e catálogos de fabricantes. 2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO O empreendimento a que se destina o pedido de dimensionamento do sistema de bombeamento, objetiva oferecer irrigação ao plantio de alimentos orgânicos da empresa Conceição, que se localiza no distrito de Arraial D’Ajuda, no extremo sul da Bahia. As informações fornecidas para determinar as condições de dimensionamento são: 5 Curso d’água: Rio Buranhém; Altitude do leito do rio: 204,8 𝑚; Profundidade do rio: 4,98 𝑚; Lâmina bruta de irrigação: 6,00 𝑚𝑚/𝑑𝑖𝑎; Área irrigada: 7,0 ℎ𝑎; Jornada de trabalho da bomba: 16ℎ/𝑑𝑖𝑎. 3. DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DE SERVIÇO A vazão utilizada para dimensionar o sistema de bombeamento depende do consumo de água diário da instalação e jornada de trabalho da bomba em funcionamento. Segundo os dados fornecidos pela empresa Conceição, a vazão de demanda será obtida da seguinte forma: 𝑄𝐷 = 𝐿𝐵𝐼 × 𝐴𝑖 = (6,0 𝑚𝑚/𝑑𝑖𝑎) × (10 𝑚3 ℎ𝑎 ) × 7ℎ𝑎 → 𝑄𝐷 = 420,00 𝑚 3/𝑑𝑖𝑎 Onde: 𝑄𝐷 → Vazão de demanda; 𝐿𝐵𝐼 → Lâmina bruta de irrigação; 𝐴𝑖 → Área irrigada. Conforme a caracterização do empreendimento, o sistema de bombeamento deve permanecer em funcionamento por um período de 16ℎ/ 𝑑𝑖𝑎. A partir disso, a vazão de projeto será: 𝑄𝑃 = 𝑄𝐷 × 24 𝑡𝑢 = (420 𝑚3 𝑑𝑖𝑎 ) × 24ℎ 16ℎ → 𝑄𝑃 = 7,2917𝐿/𝑠 Onde: 𝑄𝑃 → Vazão de projeto; 𝑡𝑢 → Horas diárias de funcionamento da bomba. A partir desses cálculos obtém-se a tabela 1 com os valores de vazão que irão dar encaminhamento ao projeto. 6 Tabela 1: Valores de vazão. Vazão de demanda 420, 00 𝑚3/𝑑𝑖 Vazão de projeto 7,29 𝐿/𝑠 4. CÁLCULO DOS DIÂMETROS Consoante com a NBR 5626/1998, a fórmula abaixo é recomendada para funcionamento intermitente ou não contínuo para encontrar os diâmetros de sucção (𝐷𝑆) e recalque (𝐷𝑅) da tubulação. 𝐷 = 1,3 × √ 𝑇 24 × 4 √𝑄𝑃 Onde: 𝐷 → Diâmetro; 𝑇 → Período de funcionamento da bomba; 𝑄𝑃 → Vazão de projeto. 𝐷 = 1,3 × √ 16 24 × 4 √7,2917 × 10−3 → 𝐷 = 0,10031 𝑚 Comumente os valores de cálculo encontrados pela fórmula da ABNT não igualam-se com um diâmetro comercial, daí aconselha-se adotar um diâmetro imediatamente superior para a tubulação de sucção e imediatamente inferior para a tubulação de recalque. Como o valor do diâmetro encontrado é comercialmente disponível, adotar-se-á o mesmo diâmetro para ambas as tubulações, conforme representado na tabela 2. Escolhido o diâmetro, deve-se submetê-lo ao cálculo das velocidades (apresentadas na tabela 2), para verificação das velocidades econômicas recomendáveis, que devem atender as seguintes sugestões: Velocidade econômica recomendável de sucção < 2,0 𝑚/ 𝑠; 7 Velocidade econômica recomendável de Recalque < 2,5 𝑚/𝑠; 𝑣 = 4 × 𝑄𝑃 𝜋 × 𝐷2 Onde: 𝑣 → Velocidade; 𝑄𝑃 → Vazão de projeto; 𝐷 → Diâmetro da tubulação. 𝑣 = 4 × 7,2917 × 10−3 𝜋 × 0,1002 → 𝑣 = 0,92840 𝑚/𝑠 Tabela 2: Diâmetro e velocidade das tubulações Diâmetro Calculado (𝑚) Diâmetro de Sucção adotado (𝑚𝑚) Diâmetro de Recalque adotado (𝑚𝑚) Velocidade de Sucção (𝑚/𝑠) Velocidade de Recalque (𝑚/𝑠) 0,10031 100 100 0,92840 0,92840 5. DETERMINAÇÃO DA ALTURA MANOMÉTRICA DA INSTALAÇÃO Dado o perfil altimétrico do terreno disponibilizado pela empresa contratante, foi possível traçar o sistema de bombeamento. A partir disso é possível identificar as altitudes de sucção (𝐻𝑆) e recalque (𝐻𝑅), os comprimentos reais das tubulações de sucção (𝐿𝑆) e de recalque (𝐿𝑅), assim como a quantidade de peças especiais utilizadas. Como os comprimentos das tubulações e o número de peças especiais, consulta-se um catálogo de um fornecedor para obter o comprimento equivalente de cada peça (tabela 3) e as perdas de carga são calculadas a partir do diâmetro escolhido. 8 Tabela 3:Comprimentos equivalentes das peças especiais Item Acessório Quantidade Comprimento Equivalente Unitário (𝑚) Comprimento EquivalenteTotal (𝑚) A Válvula de Pé de crivo 1 23,000 23,000 B Curva de 90° 2 1,600 3,200 C Registro de Gaveta 1 0,700 0,700 D Redução excêntrica 1 0,900 0,900 E Válvula de Retenção horizontal 1 6,400 6,400 F Curva de 45° 22 0,700 15,400 G Ampliação concêntrica 1 0,900 0,900 H Saída de canalização 1 4,000 4,000 A partir disso o cálculo da perda de carga foi-se realizado pelo método dos comprimentos equivalentes, das respectivas peças especiais (tabela 4). 𝐿𝑇 = 𝐿𝑆 + 𝐿𝑅 Onde: 𝐿𝑇 → Comprimento total; 𝐿𝑆 → Comprimento total de sucção real; 𝐿𝑅 → Comprimento total de recalque real. 𝐿𝑇 = (8,153 + 530,287)𝑚 → 𝐿𝑇 = 538,44 𝑚 Tabela 4: Comprimentos da tubulação Comprimento total equivalente 𝐿′ (𝑚) 54,200 Comprimento total de sucção real 𝐿𝑆 (𝑚) 8,153 Comprimento total de recalque real 𝐿𝑅 (𝑚) 530,287 Comprimento total 𝐿 (𝑚) 592,940 A altura manométrica (𝐻𝑀) total do sistema de bombeamento depende do desnível existente entre os níveis da captura e a chegada da água ao reservatório, somado as perdas de carga correspondentes a sucção (ℎ𝑓𝑆) e recalque (ℎ𝑓𝑅). 𝐻𝑀 = 𝐻𝑆 + 𝐻𝑅 + ℎ𝑓𝑡 9 As perdas de carga foram calculadas segundo a fórmula da ABNT utilizando 𝐶 = 130 para tubulação nova de ferro fundido e estão representadas na tabela 6. ℎ𝑓 = 10,643 × 𝐿 𝐷4,87 × ( 𝑄 𝐶 ) 1,85 Cálculo da perda de carga de sucção: ℎ𝑓𝑆 = 10,643 × 40,053 0,1004,87 × ( 7,2917 × 10−3 130 ) 1,85 Cálculo a perda de carga de recalque: ℎ𝑓𝑆 = 10,643 × 530,297 0,1004,87 × ( 7,2917 × 10−3 130 ) 1,85 Cálculo da perda de carga total: ℎ𝑓𝑡 = ℎ𝑓𝑆 + ℎ𝑓𝑅 = (0,432 + 5,966)𝑚. 𝑐. 𝑎 Tabela 5:Alturas e perdas de carga 𝐻𝑆 (𝑚) 2,794 𝐻𝑅 (𝑚) 75,129 ℎ𝑓𝑆 (𝑚) 0,432 ℎ𝑓𝑅 (𝑚) 5,966 ℎ𝑓𝑡(𝑚) 6,398 𝐻𝑀 (𝑚) 84,320 6. CAVITAÇÃO: CALCULO NPSH A cavitação é fenômeno de formação e destruição de bolsas de ar no interior da bomba, que ocorre em regiões de baixa pressão do sistema de bombeamento no decorrer do processo, ou seja, na canalização de sucção. Essas bolhas de vapor de água implodem quando chega a locais de maior pressão, acarretando na liberação de energia que é absorvida pelo rotor ou palhetas da bomba. Esse fenômeno provoca muitos danos à bomba e para que isso não aconteça, deve-se analisar o NPSH (Net Positive Succion Head) disponível e requerido. O NPSH disponível (𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑) refere-se à “carga energética líquida e disponível na instalação” para permitir a sucção do fluido. Considerando a temperatura de 30°𝐶, o 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 é calculado através da equação expressa abaixo: 10 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 𝛾 − (𝐻𝑆 + 𝑃𝑉 𝛾 + ℎ𝑓𝑆) Onde: 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 → NPSH disponível; 𝑃𝑎𝑡𝑚 → Pressão atmosférica; 𝐻𝑆 → Altura de sucção; 𝑃𝑉 → Pressão de vapor em função de sua temperatura; ℎ𝑓𝑆 → Perda de carga na sucção. Calculado com os seguintes valores: 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = (10 − 0,0012 ∗ 212,574) − (2,794 + 0,429 + 0,432) 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 6,091 𝑚. 𝑐. 𝑎 O NPSH requerido (𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟) é fornecido através de catálogos dos fabricantes, o qual depende da bomba, suas características construtivas e do líquido bombeado. Para que se evite a cavitação deve-se atender a condição abaixo, onde a energia disponível na instalação para sucção deve ser maior que a energia requerida pela bomba, caso contrário, haverá cavitação em decorrência de uma sucção deficiente. 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 ≥ 1,15 7. ESCOLHA DAS BOMBAS Com o auxílio dos catálogos de alguns fabricantes (anexos 1, 2 e 3), selecionaram-se três bombas para análise das curvas características de rendimento e NPSH requerido de cada uma. Os valores encontrados servirão para verificar se irá ocorrer o fenômeno de cavitação ou não. A bomba a ser selecionada, deve ser aquela ideal para o sistema, conforme os parâmetros de vazão de projeto 𝑄𝑃 = 7,2917 𝐿/𝑠, altura manométrica (𝐻𝑀 = 84,32 𝑚. 𝑐. 𝑎) e NPSH. Dessa forma, apresenta-se a tabela 6. 11 Tabela 6:Características das bombas Bomba Fabricante do Catálogo rpm Modelo 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 (𝑚. 𝑐. 𝑎) Rendimento (%) B1 KSB 3500 32 − 250 2,8 42,5 B2 INAP 3500 𝐸𝐶 2,8 52 B2 DANCOR 3500 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜 105 − 50 2,6 43 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando a condição para existência de cavitação do sistema, elaborou-se a tabela 7. Tabela 7: Relação 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑/𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 de cada bomba Bomba 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑/𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 B1 2,329 B2 2,329 B3 2,509 Como todas as relações 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑/𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟 > 1,15 atendem os requisitos para inexistência de cavitação, todas permitem a segurança e confiabilidade desse sistema referente a esse parâmetro. Entretanto, adotar-se-á, para o sistema em questão, a bomba B2, Modelo 𝐸𝐶, com 3500 𝑟𝑝𝑚 e rotor 𝜙220 15 𝐸𝐶 fornecido pelo catálogo do fabricante INAP, por possuir o maior rendimento dentre todas, sendo também a mais econômica. Conforme selecionada a bomba, a potência instalada no sistema é calculada conforme a seguinte fórmula: 𝑃𝑜𝑡𝑖 = (𝛾 × 𝑄𝑃 × 𝐻𝑀) 75 × 𝜂 Onde: 𝑃𝑜𝑡𝑖 → Potência instalada no sistema; 𝛾 → Peso específico da água; 12 𝑄𝑃 → Vazão de projeto; 𝐻𝑀 → Altura manométrica; 𝜂 → Rendimento da bomba. Logo a potência requerida no sistema será: 𝑃𝑜𝑡𝑖 = (1000𝑘𝑔𝑓/𝑚3 × 7,2917 × 10−3𝑚3/𝑠 × 84,320 𝑚. 𝑐. 𝑎) 75 × 0,52 𝑃𝑜𝑡𝑖 = 11,60 𝑘𝑊 9. LISTA DE MATERIAIS A SER ADQUIRIDOS Segue a lista de matérias que devem ser adquiridos pela empresa Conceição para a construção do sistema de bombeamento dimensionado por esse memorial. Item Quantidade Ampliação concêntrica 1 𝑢𝑛 Curva de 45° 22 𝑢𝑛 Curva de 90° 2 𝑢𝑛 Redução excêntrica 1 𝑢𝑛 Registro de Gaveta 1 𝑢𝑛 Válvula de Pé de crivo 1 𝑢𝑛 Válvula de Retenção horizontal 1 𝑢𝑛 Tubulação de 𝐹𝑒𝐹𝑜 com 4" 540 𝑚 Bomba modelo 𝐸𝐶, 3500 𝑟𝑝𝑚 e rotor 𝜙220 15 𝐸𝐶 do fabricante INAP 1 𝑢𝑛 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS [1] AZEVEDO NETTO, J.M. & ALVAREZ, G.A. “Manual de Hidráulica”. Editor Edgard Blucher, São Paulo, 8ª edição, 2000; [2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626/1998: Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário — procedimento. Rio de Janeiro, 1986. 7 p. [3] Manual de curvas características KSB- Bomba centrífuga com corpo espiral dividido radialmente; [4] Catálogo geral de produtos DANCOR- 60Hz; [5] Manual de curvas características para bombas INAP. 13 ANEXOS Anexo 1 14 Anexo 2 15 Anexo 3
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