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Feudalização e Literatura de Corte na Idade Média

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Aula 5 – Feudalização
Literatura de Corte
É a literatura que cria a figura do cavaleiro errante, da bela donzela, etc. Como em qualquer sociedade, são papeis estereotipados, relacionam alguns elementos míticos, mas fazem critica à própria estrutura social e, desta forma, devem ser observados. São histórias contadas até hoje, Rapunzel, Rei Arthur, Tristão e Isolda e por ai vai. Elas vêm no momento em que há uma ampliação da leitura nos palácios, nas cortes e que as mulheres começam a ler mais constantemente. O ápice deste movimento se dá no século XI, mas bases destes traços aparecem desde o século IX, e são observados no sentido de construir uma Idade Média das torres, dos monstros, cavaleiros e a grande questão é: Isso existe? Sim e não. Mas é neste diálogo entre os escritos eclesiásticos e uma crescente literatura de cortes que vamos mergulhas na historia da Idade Média Central, ou a Idade do Feudalismo.
Por um lado, nossas professoras, em uma visão muito economicista, nos passavam uma Idade Média como sinônimo de um processo de ruralização da sociedade em que o importante era o conhecimento do feudalismo. Nossa missão hoje é fazer um caminho mais complexo, mais longo, mostrando um espaço europeu múltiplo e as bases que permitiram a organização do sistema feudal. Enfim, não estudaremos nem fábulas, nem tão pouco decoraremos a economia, façamos o bom e velho caminho do processo histórico. 
O Império Carolíngio não é uma continuação direta do Império Romano, com Carlos Magno sendo o sucessor do Imperador. Isto é uma construção, uma ideia que os intelectuais da Igreja buscaram no sentido de marcar a continuidade da era anterior naquele momento específico. A pretensão é muito mais eclesiástica do que do próprio monarca, mais inserido em suas disputas locais, do momento especifico da organização do reino. É o bispo de Roma que queria se afirmar como o mais importante bispo da cristandade. (Sim caros, o papado ainda não existia, o primeiro dos bispos da Igreja, que é a leitura do que era ser Papa, ainda está em disputas. Várias sedes disputavam este direito e Roma era uma delas).
Politicamente, os francos não tinham a mesma política do Império Romano. Os francos partiam de uma concepção mais patrimonial do poder, com uma valorização principal das relações pessoais e, por fim, os francos tinham uma preocupação mais local do que uma busca de institucionalizar o retorno do Império Romano. A Igreja, sendo única que discursava sobre a necessidade de unidade (não vamos nos esquecer de que boa parte dos documentos que sobraram da Idade Média foram produzidos pela Idade Média foram produzidos pela Igreja, que dá muitas vezes a ideia de um amplo e denso domínio, como algo indiscutível), vai ser também uma das responsáveis indiretas pela fragmentação do Império Carolíngio. O discurso da Igreja refere-se à unidade, enquanto isso, ela agrada e é buscada. No momento em que o Império Carolíngio, ou aquele que representava o imperador, perde legitimidade, a Igreja vai buscar outras formas de se organizar.
No século IX, não há um grande poder central político, o poder vai se manifestar de maneira específica em cada um dos espaços europeus medievais. Dentro do espaço que é o coração do Império Carolíngio, que são as Gálias (lembrando que Gálias é o nome da região ao norte da Península Itálica em sua posição mais continental), esse território é pensado de maneira mais interna, desde o Canal da Mancha até o limite dos Alpes, fazendo toda a fronteira do Mediterrâneo com exceção da Península Ibérica.
No século IX, temos dois espaços muito claros, o que chamamos de século, espaço cotidiano, em que os bispos citadinos e os senhores locais são postos. É um espaço em que somos muito mais carentes de documentação, pois são clérigos que produzem menos em termos de texto. Por outro lado, temos o crescimento dos mosteiros. O mosteiro é estabelecido em terras cedidas, ou herdadas pela a Igreja local. Por terem uma organização própria, passam a ter uma dinâmica um pouco diversa da sociedade, têm uma hierarquia interna e passam a ser os principais centros de produção intelectual. Podemos afirmar que, no século IX, não é toda a Igreja que possuiu guarda, lê e propõem lógicas às sociedades, são os mosteiros. A guarda está em seu interior, de suas escolas saem os principais membros da hierarquia secular, como os bispos e, em alguns casos, até mesmo nobres.
Carlos Magno
Como vimos na última aula, Carlos Magno constituiu uma eficiente máquina de guerra, vencendo inimigos e conquistando territórios da Germânia à Península Ibérica, dos limites com a Inglaterra até a Península Itálica. A manutenção deste território, no entanto, não seria fácil. Primeiro, pois não falamos de um território nos moldes do que entendemos Estado Moderno, são terras dispersas com a presença de proprietários de terras e nobres que administravam em nome do Império. Mas a demais força continuava se fazendo presente, e nova se juntariam nos conflitos ao longo dos séculos IX e X.
A política carolíngia, após a morte de Carlos Magno, diluiu um pouco mais a visão de uma poderosa unidade, que aliás nunca existiu nem com o próprio monarca. É o espaço monástico que vai fazer boa parte dos registros deste período e busca fortalecer os reis que criassem uma maior força para a Igreja. Luís, O piedoso, por exemplo, traz em si a noção de que o poder ficaria unido pela honra e glória na Igreja. Caros, isto é argumento, não uma realidade da sociedade. Quando, no limiar do século X, o monarca franco Carlos, o Gordo, morre e temos uma acefalia na disputa da continuidade do Império, isto não deve ser entendido como uma fragilidade, mas como a solidificação de um poder diferenciado local, mas também relacional. É um modelo entendido como feudal, em que senhores de terra, que no processo de ruralização que vemos ocorrendo desde o Império Romano, valorizavam o juramento de características militares, o famoso juramento de fidelidade. Os poderes locais vão se estruturando de forma a se equilibrarem em meio a estas disputas. Notamos, por exemplo, a questão da lei, que em meio ao espaço franco vai assumindo características próprias, locais, e não gerais. Para não ficar pesado, nas aulas 6 e 7 falaremos mais de feudalismo e suas características durante a Idade Média Central. Nesta aula, quero observar a noção do processo, a multiplicidade de disputas na sociedade europeia apresentando o contexto que dialoga para a formação do chamado feudalismo.
Os lombardos, por exemplo, após a fragmentação experimentada pelo ataque de Carlos Magno, começaram a se recuperar e territórios do Norte da Itália foram retormados. Esta recuperação dos lombardos em relação às Gálias quebra alguns mitos, como a unidade europeia em meio ao espólio dos carolíngios. De fato, temos um mundo complexo, de tradições diferentes e que observa a chegada de novos grupos. Segundo as leituras clássicas, é afirmada a noção do estabelecimento de um tempo de violência, barbárie e, finalmente, o feudalismo. Mais uma vez vai com calma ao andor, analisando de uma maneira cuidadosa as tensões e reestruturas presentes. Essa questão dos lombardos vencendo terras em relação às Gálias reduz o território das aristocracias ligadas à França, se estabelecem em um espaço territorial que vai abandonando a estrutura de saque e começa a se organizar politicamente, pressionando também os condados liderados pela Igreja, muitos recebidos quando da apresentação do documento forjado, chamado “Doação de Constantino”.
O norte da Europa, nos séculos X e IX é um dos espaços que estará mais intensamente se relacionando com o mundo Ocidental. De um lado, uma tradicional estrutura de saque de grupos escandinavos intensifica suas ações, leia-se a força dos vikings, como ficaram conhecidos na História. Os vikings normalmente são entendidos como um grande e único grupo que remam seus barcos gigantes, bebem rum e destroem tudo que passa. É impossível não pensar em Hagar, o Horrível, quando pensamos em vikings no Brasil.Na verdade, se abandonamos os estereótipos descobrimos pelo menos três grandes troncos: normandos, suecos e noruegueses. Sua política ficou afastada das principais práticas europeias, ao menos do que entendemos como Império Romano, por conta de sua posição geográfica. Não era uma área atrativa a nenhum dos dois grupos, afinal, o foco do comércio e organização romana sempre estivera voltado ao mar Mediterrâneo. É na organização e crescimento dos carolíngios que o norte da Europa entra em suas principais rotas comercias, pelas peles, conquistas de regiões e práticas locais. Sua estrutura clânica estava direcionada a núcleos familiares menores e organizações de conselhos em que o mais velho era normalmente o responsável por definir o direcionamento dos saques, a sua forma de distribuição.
Religiosamente temos no norte da Europa uma organização de um panteão bastante específico relacionado à religiosidade com uma série de deuses e tradições que falavam na figura de um limite, em que todas as criaturas viviam, quer dizer, os homens viviam em um limite impostos pelos deuses, nesses limites havia aqueles que defendiam os homens e os que atacavam. Tanto que, quando surgiam grandes ou perigosas criaturas eram os deuses protetores que deveriam atuar, não o homem. Como muito vezes destacados na historiografia, lembra de certa forma o formato grego em que os homens estão suscetíveis aos caprichos e disputas dos deuses.
Devemos destaca que a partir do século IX a cristianização do norte da Europa era algo muito presente, e destaquemos que não significava uma imposição violentada do novo credo, mas a preocupação em iniciar diálogos, aproximações que iam aos poucos permitindo o estabelecimento do cristianismo, ora como forma de se ligar ao poder mais forte dos carolíngios, ora em obter favores da fortalecida instituição eclesiástica. Assim, os primeiros contatos do Cristianismo com as tradições locais começaram a se estabelecer. Uma crônica chamada Beowulf revela a transição dos costumes locais e a cristianização das populações do Elba e da Escandinávia.
Missões cristãs passam a ser organizadas, mosteiros são construídos e não buscam a destruição, mas a composição, a reestruturação das propostas. Em Arn: O Cavaleiro Templário, que retrata o século XII, filme baseado na crônica da formação do reino da Suécia, temos fundamentos interessantes para notar esta questão complexa chamada cristianização. O interessante é que a presença do Cristianismo passa a oferecer munições diferentes para as disputas internas por poder com grupos que se cristianizando ou indo para a radicalidade contra a presença cristã davam base para justamente disputarem a legitimidade política. O cristianismo penetra e fica presente nesse mundo que fora então considerado um grande perigo para o espaço Europeu Ocidental, mas não é o Cristianismo que arrefece sua estrutura de combate, só abre chance ao diálogo. Grande perigo por que temos como elemento importante da estrutura local uma significativa prática: os períodos da colheita são muito curtos e, para que haja uma continuidade da própria população, da manutenção da organização nórdica, tem-se estabelecido que em determinados períodos do ano os homens em idade de combate devem sair em busca de guerras, de botim e saques para que quando retornarem, não tenham afetado parte do estoque local de alimentação, além de aumentarem seus víveres, e porque não a própria população com um bom número de mulheres trazidas. Essa estrutura é circular e acaba ganhando momentos do ano bastante específicos de entrada no norte da Europa. Esses grupos vão constantemente atacando com suas galés, combatendo e retornando em um movimento que muitos registros demonstrando como o horror pela aproximação do período dos saques. O interessante é notar que a troca sociocultural, além é claro das sofisticações dos sistemas de defesa, apresentam mudanças lentas e contínuas nestas práticas. Alguns grupos mantêm esta pratica por mais tempo, como os suecos, mas grupos como os normandos passam a se interessar mais pelo domínio de determinados territórios.
O alvo destes grupos passa a ser a costa inglesa e a costa francesa. Tanto que muito se defende que só foi possível a organização da Inglaterra em torno de Alfredo X, justamente por conta da pressão exercida pelos grupos escandinavos nas costas inglesas. Na França, em fragmentação, a região mais ao norte, limites do canal da macha, foi justamente a área escolhida.
A Germânia é um espaço que, apesar de ter pertencido ao domínio de Carlos Magno, era um espaço para além do Danúbio. Nesse espaço, tínhamos ao mesmo tempo uma presença carolíngia e uma organização tradicional, uma presença muito mais de uma tradição de alamanos, frísios, além de eslavos e outros grupos migrantes.
Quando entendemos essa germanização, falamos de um grupo que vai ter um modelo de administração diferente do que se tem nas Gálias. No entanto, esse grupo é principalmente cristianizado e sua relação com a Itália cristã vai dar uma das tonas que transforma sua história, quando são convocados no século X pelo bispo de Roma João XII, para salvar a cristandade e receber a honra de ser reconhecido como sucessor legítimo do fragmentado império que já havia sido chamado de carolíngio. O espaço da Germânia é o limite do espaço do Ocidente com o Oriente, com o mundo bizantino, então ele vai ser sempre um espaço híbrido com influências ocidentais e orientais.  A sua organização vai tender a ser utilizada pela Igreja como novo grupo protetor.  É na figura de Oto I que temos a criação daquilo que a historiografia vai chamar de Sacro Império Romano Germânico (Com asterisco: o próprio Império nunca foi entendido pelos grupos envolvidos com este pomposo nome, mas sim ora aparecia como Império Romano, ora como Germânia). Aquele que assumisse a posição de bispo de Roma precisava de um forte e precioso braço armado, daí a escolha da Germânia no século X, espaço que tinha os seus nobres razoavelmente próximos e um poder reconhecido em especial após pacificarem conflitos sobre a sucessão de ducados na Itália e terem conseguido brecar o avanço dos húngaros.  Na Germânia, a ascensão de uma liderança como Oto ou Otão I, garantia dizer que a Germânia é o que sobrou do Império Romano. Ao mesmo tempo, garante-se o combate da Germânia aos lombardos e, uma vez combatendo os lombardos com o apoio da estrutura eclesiástica, cria-se um espaço europeu com a diferenciação do que acontece na região da Germânia, do que era o antigo Império Carolíngio, do que via ser as Ilhas Britânicas e a Península Ibérica, cada um destes espaços vai ter um momento, um processo particular em relação à sua organização. Com a valorização da figura central, institui-se uma coisa rara em todo o restante do espaço feudal, a lei em que todo o mundo das Gálias e na própria Ilha Britânica é local.  Na Germânia se mantém pela tradição a ideia de uma lei central.  O problema é que ela vai acabar envolvida com todas as principais crises da Igreja, ela vai ter aqueles principados, aqueles espaços, cada um ascendendo com seu próprio poder que tende a não aceitar uma submissão completa.  Na verdade, sempre houve uma unificação enquanto não se contestava o poder local.
No tempo de Violência
Notamos que estamos falando de um espaço múltiplo e por conta disso não existe um modelo feudal, a organização dos diversos espaços vai construir uma sociedade múltipla. O entorno do mediterrâneo três forças se equilibram o Islã, os bizantinos e principalmente algumas regiões italianas que tinham administrações diversas. O feudalismo com seus mansos, sua organização presa a estrutura jurídica local, com redução da circulação em uma sociedade tripartida nos que oram, os que guerreiam e os que trabalham é relativo.  O juramento de fidelidade e a servidão, estes são características mais marcantes, mas mesmo assim serão entendidas de forma diversa em cada localidade. Por isso gosto das visões do cinema, buscam brincar com aquilo que se acredita como verdade,por isso filmes como o Incrível Exército de Brancaleone, em busca do Cálice Sagrado do Monty Python, nos ajudam a brincar, refletir sobre uma sociedade.  Não esqueçam as sociedades não se transformam de uma hora para outra, são marcadas por processos.  Quando falamos no início da literatura de cortes é porque sua organização nos ajuda a pensar, discutir sobre essa sociedade.
Ilhas Britânicas
A chegada dos normandos no século IX e X gera as disputas sociopolíticas. Os reinos fragmentados inclusive experimentam um processo intenso de centralização com Alfredo X, que busca instituir na valorização da educação, organização das leis, formas de resistência. A chegada dos vikings a Europa muda e a Igreja também, os saques se intensificam, mas a Igreja tem novos horizontes, conversões de grupos que até então estavam longe da sua influencia. Temos violência, sim, mas não diferente de muitos períodos históricos, temos feudalismo sim, mas distante do idealizado nos bancos escolares.
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