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Dos Crimes Contra a Fé Pública

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DIREITO PENAL 
 
OAB 
2ª Fase 
 
 
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
 
1) MOEDA FALSA – Art. 289 
I) Tipo Objetivo 
O tipo básico (caput) pune aquele que falsificar, fabricando-a ou alterando-
a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro. 
Falsificar significa conferir aparência enganadora, recaindo a conduta 
sobre moeda metálica ou papel-moeda (nacional ou estrangeira). 
É essencial que a falsificação seja convincente, isto é, capaz de iludir os 
destinatários da moeda. 
II) Tipo subjetivo 
É o dolo, consistente na vontade consciente de falsificar moeda, 
fabricando-a ou alterando-a. Não se exige finalidade especial por parte do agente, nem mesmo 
que pretenda colocar a moeda falsificada em circulação. 
III) Consumação e tentativa 
O crime se consuma no momento da fabricação ou da alteração da moeda, 
desde que idônea a iludir. A tentativa é perfeitamente possível. 
IV) Formas equiparadas – Art. 289, § 1º 
Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou 
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
V) Privilégio – Art. 289, § 2º 
Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou 
alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis 
meses a dois anos, e multa. 
VI) Falsificação funcional – Art. 289, § 3º 
É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário 
público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a 
fabricação ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
 
2) FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO - Art. 297 
Este artigo trata da falsidade material, ou seja, aquela que diz respeito à 
forma do documento. 
 
 
 
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I) ELEMENTOS DO TIPO 
As ações nucleares consubstanciam-se nos verbos: 
a) FALSIFICAR: que significa formar, criar um documento. 
b) ALTERAR: que significa modificar o documento. Na hipótese o 
documento é verdadeiro, e o agente substitui seu conteúdo, isto é, frases, palavras que alterem 
sua essência, incidindo, portanto, sobre aspectos relevantes do documento. 
II) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
O crime consuma-se com a falsificação ou alteração do documento, sendo 
prescindível o uso efetivo deste. 
A tentativa é possível, pois há um iter criminis que pode ser fracionado. A 
tentativa ocorrerá se, por exemplo, o agente, estando no início do processo de formação da 
escritura pública falsa, tendo preenchido apenas algumas linhas, é surpreendido por terceiro. 
Nessa hipótese, não ocorreu ainda a contrafação total do documento, portanto o crime reputa-se 
tentado. 
Aplica-se a súmula 17 do STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Trata-se da aplicação da regra de que o 
crime-fim absorve o crime-meio. 
 
3) FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR – Art.298 
I) CONCEITO E OBJETO JURÍDICO 
Também se trata de falsidade material, ou seja, aquela que diz respeito à 
forma do documento. 
II) ELEMENTOS DO TIPO E OBJETO MATERIAL 
FALSIFICAR: que significa formar, criar um documento. Ex. o agente 
aproveitou-se do espaço em branco existente entre o conteúdo da carta e a assinatura do 
missivista, para inserir aí uma confissão de dívida, cortando a parte do conteúdo da carta, e 
criando, dessarte, parcialmente o documento. 
ALTERAR: que significa modificar o documento. Na hipótese o documento 
é verdadeiro, e o agente substitui seu conteúdo, isto é, frases, palavras que alterem sua essência, 
incidindo, portanto, sobre aspectos relevantes do documento. 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
O crime consuma-se com a falsificação ou alteração do documento, sendo 
prescindível o uso efetivo deste. 
A tentativa é possível, pois há um iter criminis que pode ser fracionado. A 
tentativa ocorrerá se, por exemplo, o agente, estando no início do processo de forjamento de um 
instrumento de cessão de direitos, em que ele figura como beneficiário, momento em que é 
interrompido por terceiros antes de sua finalização. 
 
 
 
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4) FALSIDADE IDEOLÓGICA – Art. 299 
I) CONCEITO – DISTINÇÃO ENTRE FALSIDADE MATERIAL E IDEOLÓGICA 
Diferentemente dos delitos precedentes, estamos agora diante da 
chamada falsidade ideológica, aquela em que o documento é formalmente perfeito, sendo, no 
entanto, FALSA A IDÉIA NELE CONTIDA. 
O sujeito tem legitimidade para emitir o documento, mas acaba por inserir-
lhe um conteúdo sem correspondência com a realidade dos fatos. 
Ex. Assim, uma escritura lavrada pelo funcionário do Cartório de Registro 
de Imóveis é formalmente perfeita, pois a ele incumbe formar o instrumento público. Entretanto, se 
essa escrita encerrar declarações falsas prestadas pelo particular, haverá o crime de falsidade 
ideológica. 
II) ELEMENTOS DO TIPO 
Trata-se de crime de ação múltipla. Diversas são as ações nucleares 
típicas previstas. 
OMITIR – deixar de inserir ou não mencionar. 
INSERIR – colocar ou introduzir. 
FAZER INSERIR – proporcionar que se introduza. 
III) ELEMENTOS NORMATIVOS DO TIPO 
“Dele deveria constar” é expressão indicativa de um juízo valorativo 
jurídico, pertinente ao conteúdo esperado do documento. 
Ex. em uma carteira de habilitação, espera-se que conste, quando for o 
caso, que o motorista precisa usar óculos para dirigir. Se houver omissão desse dado relevante, 
trata-se de declaração que dele devia constar. 
IV) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo. Caso seja 
funcionário público, incidirá a causa de aumento de pena prevista no parágrafo único do artigo. 
V) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Consuma-se com a omissão ou a inserção da declaração falsa ou diversa 
da que deveria constar. 
Trata-se de crime formal; prescinde-se, portanto, da ocorrência efetiva do 
dano, bastando a capacidade de lesar terceiro. Assim, o prejuízo a direito, a criação da obrigação 
ou a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante não são necessários à consumação 
do crime. 
 
 
 
 
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5) USO DE DOCUMENTO FALSO – Art. 304 
I) AÇÃO NUCLEAR 
Fazer uso significa empregar, utilizar ou aplicar. Exige-se que a utilização 
seja feita como se o documento fosse autêntico, além do que a situação envolvida há de ser 
juridicamente relevante. 
Ex. agente que utiliza CNH falsa como documento de identificação 
pessoal. 
Se o agente falsificador usa o documento, o delito do art. 304 deve 
absorver o falso, por ser considerado crime-fim. Portanto, não há concurso de crimes entre o do 
art. 304 e o de falso documental. 
 
6) FALSA IDENTIDADE – Art. 307 
I) AÇÃO NUCLEAR 
Consubstancia-se no verbo atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa 
identidade. Compreende as seguintes hipóteses: 
a) O sujeito atribui a si próprio a identidade de outra pessoa real, isto é, 
existente. Por exemplo, um indivíduo se faz passar pelo irmão gêmeo em uma prova escolar. 
Cuida-se aqui de hipótese de substituição de pessoas. 
b) Imputa a outrem identidade real ou fictícia, por exemplo, indivíduo que, 
ao apresentar outrem, atribui-lhe nome ou qualificação falsa. 
No crime de falsa identidade não há emprego de qualquer documento 
falso, por exemplo, RG, CPF, CNH. O agente se limita a declarar, de forma verbal ou por escrito, 
dados falsos relativos a sua identidade pessoal, por exemplo, ao se inscrever em concurso, 
preenche a ficha com idade falsa, ou com número do RG ou do CPF falso. 
 
7) FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO - Art. 311-A 
 
I) OBJETIVIDADE JURÍDICA 
 
Tema lei por objetivo tutelar a fé pública, notadamente na lisura dos 
certames referidos no artigo. 
II) ELEMENTO OBJETIVO 
Considerando que, por evidente, os exames e avaliações referidos no 
artigo reclamam sigilo em relação ao conteúdo das questões que serão objeto da prova, o 
dispositivo pune o agente que divulga diretamente o conteúdo sigiloso da prova, bem como aquele 
que permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas ao conteúdo 
sigiloso. 
A conduta delituosa abrange as informações sigilosas relativas a 
concursos públicos de qualquer espécie, avaliações ou exames públicos (ENEM, por exemplo), 
 
 
 
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processos seletivos para ingresso no ensino superior (vestibulares) e exames ou processos 
seletivos previstos em lei (Exame da OAB, por exemplo). 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade consciente de beneficiar a si próprio ou a 
outrem, ou, ainda, de comprometer a credibilidade do certame. 
IV) SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO 
Trata-se de crime comum, podendo, portanto, ser praticado por qualquer 
pessoa. 
O sujeito passivo é o Estado, bem como as instituições e pessoas 
prejudicadas. 
V) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Em relação à conduta de divulgar, o crime se consuma no momento em 
que o conteúdo é transmitido, ainda que o destinatário não consiga dele fazer uso. 
Por parte do destinatário, o crime se consuma no instante em que ele 
utiliza as informações recebidas, ainda que não seja aprovado no certame. 
A tentativa é admissível. 
VI) CAUSA DE AUMENTO DE PENA – Art. 311-A, § 3º 
Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário 
público. 
VII) FIGURA QUALIFICADA – Art. 311-A, § 2º 
Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública, a pena 
passa a ser de reclusão, de 02 a 06 anos., e multa. 
VIII) AÇÃO PENAL 
A ação penal será pública incondicionada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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* DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR EM GERAL CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
EM GERAL 
 
01) RESISTÊNCIA – Art. 329 
 
I) ELEMENTO DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
A conduta típica consiste em opor-se o particular à execução de ato legal 
mediante o emprego de violência ou ameaça. 
Para grande parte da doutrina, a violência e a ameaça devem ser dirigidas 
à pessoa do funcionário, e não contra coisas, por exemplo, quebrar os vidros da viatura policial. 
Poderá o agente, nesse caso, responder pelo crime de dano qualificado. 
A oposição pode também se dar mediante o emprego de ameaça, a qual 
pode ser real, por exemplo, apontar uma faca para o funcionário público ou uma arma de fogo, 
ainda que desmuniciada; ou verbal, por exemplo, indivíduo que promete ao policial, que, se ele for 
preso, mandará seus comparsas eliminá-lo. 
II) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo. Não existe a forma culposa. Exige-se elemento subjetivo do tipo 
específico, consistente na vontade de não permitir a realização do ato legal. Por isso, havendo 
dúvida fundada (razoável e consistente) quanto à legalidade do ato ou competência do agente, 
pode o particular resistir, sem a configuração do delito. 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Consuma-se com o emprego da violência ou ameaça contra o funcionário. 
Tratando-se de crime formal, não se exige que o agente efetivamente 
impeça a execução do ato legal. 
É perfeitamente possível a tentativa. Por exemplo: agente é impedido por 
terceiros de desferir uma paulada no funcionário público. Ressalve-se que, no caso de ameaça, 
somente haverá a tentativa se ela for realizada por escrito. 
 
 
02) DESOBEDIÊNCIA – Art. 330 
 
I) CONCEITO. OBJETO JURÍDICO 
O delito de desobediência em muito se parece com o de resistência, uma 
vez que em ambos o sujeito ativo pretende subtrair-se à execução de ato legal; contudo, no crime 
de desobediência não ocorre o emprego de violência ou ameaça contra funcionário público. 
 
 
 
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II) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O núcleo do tipo está consubstanciado no verbo desobedecer, desatender, 
não aceitar, não se submeter, no caso, à ordem legal de funcionário público. 
Para que exista o crime de desobediência é necessário que haja ordem 
legal emanada de funcionário público competente. Não se cuida aqui de pedido ou solicitação, por 
exemplo, de promotor de justiça que, mediante ofício, solicita documentos. 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Trata-se de delito formal (aquele que não exige resultado naturalístico, 
consistente na ocorrência de algum prejuízo efetivo para a administração por conta do não 
cumprimento da ordem). 
A tentativa somente é possível na forma comissiva do descumprimento da 
ordem legal. 
 
03) DESACATO – Art. 331 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O desacato consiste na prática de qualquer ato ou emprego de palavras 
que causem vexame, humilhação, falta de respeito ao funcionário público. 
Pode implicar em qualquer tipo de palavra grosseira ou ato ofensivo contra 
a pessoa que exerce função pública, incluindo ameaças e agressões físicas. 
Ex. cuspir no rosto do oficial de justiça, atirar papéis no promotor de 
justiça, rogar praga contra o funcionário. 
*NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO: Diz com a ofensa praticada contra 
funcionário público que esteja no desempenho de sua função, isto é, praticando atos de ofício. 
*EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO: Nessa hipótese, o funcionário 
está fora do exercício de sua função, mas a ofensa contra ele irrogada diz respeito a ela. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum. Portanto, qualquer pessoa pode praticar esse 
delito. 
Se o ofendido, no momento da ofensa, não mais possui a qualidade de 
funcionário público, não há o crime em tela, pois a ofensa contra o particular não ofende os 
interesses da Administração Pública. Haverá, na hipótese, outro crime (lesão corporal, vias de 
fato, calúnia, difamação, injúria etc). 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Trata-se de crime formal (delito que não exige o resultado naturalístico, 
consistente no efetivo desprestígio da função pública). Consuma-se, portanto, no momento em 
 
 
 
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que os atos ofensivos são praticados (vias de fato, lesão corporal, gestos, gritos etc) ou as 
palavras ultrajantes irrogadas (calúnia, difamação, injúria) contra o funcionário público. 
Como se trata de crime formal, não se exige que o funcionário público se 
sinta ofendido com os atos praticados. 
 
04) CORRUPÇÃO ATIVA – Art. 333 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR E OBJETO MATERIAL 
As ações nucleares do tipo estão consubstanciadas nos verbos: 
OFERECER vantagem indevida, ou seja, propor ou apresentar para que 
seja aceita; 
PROMETER vantagem indevida, isto é, comprometer-se, fazer promessa, 
garantir a entrega de algo ao funcionário. 
Por não se tratar de crime bilateral, prescinde-se da aceitação da 
vantagem pelo funcionário público. Caso aceite, o funcionário deverá responder pelo delito de 
corrupção passiva. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum: qualquer pessoa pode praticá-lo, inclusive o 
funcionário público, desde que não aja nessa qualidade. 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Trata-se de crime formal, uma vez que a consumação se dá com a simples 
oferta ou promessa de vantagem indevida por parte do agente ao funcionário público, isto é, 
independentemente de ele aceitá-la ou recusá-la. Também não é necessário que o funcionário 
pratique, retarde ou omita o ato de ofício de sua competência. 
A tentativa é possível. Ex. suponha-se a hipótese em que a 
correspondência contendo a oferta de dinheiro não chega às mãos do funcionário destinatário por 
ter sido apreendida pela polícia. 
IV) CAUSADE AUMENTO DE PENA – Art. 333, parágrafo único 
Eleva-se a pena em 1/3 quando, em razão da promessa ou da vantagem, 
o funcionário público efetivamente atrasa ou não faz o que deveria, ou mesmo pratica o ato, 
infringindo dever funcional. Nessa hipótese, o crime é material, isto é, exige resultado 
naturalístico. 
 
 
 
 
 
 
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05) DESCAMINHO (ART. 334) 
 
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou 
imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de 
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 
13.008, de 26.6.2014) 
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em 
lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação 
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer 
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade 
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que 
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou 
que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional 
ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada 
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de 
procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal 
ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação 
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste 
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de 
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado 
em transporte aéreo, marítimo ou fluvial 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
Descaminho é a fraude voltada a frustrar, total ou parcialmente, o 
pagamento de direitos de importação ou exportação ou do imposto de consumo sobre 
mercadorias. 
Em síntese, no descaminho, o agente busca iludir, mediante o emprego de 
fraude, o pagamento de direito ou imposto devido em face de entrada e saída de mercadoria não 
proibida. 
 
* Princípio da Insignificância 
O STF, baseado no art. 20 da Lei 10.522/2002, segundo o qual “serão 
arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda 
Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela 
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou 
inferior a R$ 10.000,00”, tem reconhecido reiteradamente o princípio da insignificância quando o 
valor é de R$ 10.000,00. Registre-se que, atualmente, por conta da Portaria 75/2012, o valor que 
dispensa a cobrança fiscal em juízo é de R$ 20.000,00. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
 
 
 
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Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. O 
funcionário público que facilite a conduta, entretanto, responderá pelo crime de facilitação ao 
descaminho (art. 318). 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a ação 
descrita no tipo penal. 
IV) CONSUMAÇÃO 
O descaminho se consuma com a liberação pela alfândega, sem o 
pagamento dos impostos inerentes. 
Consuma-se, ainda, com a entrada e saída da mercadoria do território 
nacional. 
A tentativa é possível. No caso de exportação, o crime é tentado se a 
mercadoria não chega a sair do País. No caso de importação, se o agente entrar com a 
mercadoria no País, mas for preso na alfândega, o crime já estará consumado. 
V) FIGURAS EQUIPARADAS – Art. 334, § 1º 
Incorre na mesma pena quem: 
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; 
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; 
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência 
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe 
ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte 
de outrem; 
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou 
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. 
VI) CAUSA DE AUMENTO DE PENA – Art. 334, § 3º 
A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em 
transporte aéreo, marítimo ou fluvial. 
VII) AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA 
A ação é pública incondicionada, de competência da Justiça Federal. 
A Súmula 151 do STJ estabelece que “a competência para processo e 
julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal 
do lugar da apreensão dos bens”. 
06) CONTRABANDO (ART. 334-A) 
 
Contrabando 
 
 
 
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Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela 
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 
13.008, de 26.6.2014) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 
26.6.2014) 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído 
pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de 
registro, análise ou autorização de órgão público competente; 
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à 
exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer 
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade 
comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; 
(Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida 
pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste 
artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de 
mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. 
(Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é 
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
Contrabando é a clandestina importação ou exportação de mercadorias 
cuja entrada no País, ou saída dele, é absoluta ou relativamente proibida. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. O 
funcionário público que facilite a conduta, entretanto, responderá pelo crime de facilitação ao 
descaminho (art. 318). 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a ação 
descrita no tipo penal. 
IV) CONSUMAÇÃO 
Na importação ou exportação de mercadorias proibidas com passagem 
pelos órgãos alfandegários, o crime se consuma quando transposta a barreira fiscal, mesmo que a 
mercadoria não chegue ao seu destino. 
A tentativa é possível. No caso de exportação, o crime é tentado se a 
mercadoria não chega a sair do País. No caso de importação, se o agente entrar com a 
mercadoriano País, mas for preso na alfândega, o crime já estará consumado. 
V) FIGURAS EQUIPARADAS – Art. 334-A, § 1º 
Incorre na mesma pena quem: 
 
 
 
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a) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; 
b) importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de 
registro, análise ou autorização de órgão público competente; 
c) reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à 
exportação; 
d) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, 
utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria 
proibida pela lei brasileira; 
e) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira 
VI) CAUSA DE AUMENTO DE PENA – Art. 334-A, § 3º 
A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em 
transporte aéreo, marítimo ou fluvial 
VII) AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA 
A ação é pública incondicionada, de competência da Justiça Federal. 
A Súmula 151 do STJ estabelece que “a competência para processo e 
julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal 
do lugar da apreensão dos bens”. 
 
 
 
 
 
* DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
 
01) DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA – Art. 339 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O elemento do tipo “alguém” indica, nitidamente, tratar-se de pessoa certa, 
não se podendo cometer o delito ao indicar para a autoridade policial apenas a materialidade do 
crime e as várias possibilidades de suspeitos. 
Via de regra, a denunciação caluniosa é praticada de forma direta, isto é, o 
próprio agente leva o fato ao conhecimento da autoridade, dando causa à investigação, mas nada 
impede que ela ocorra na forma indireta. 
 
 
 
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A imputação deve ser falsa. Assim, temos: 
a) o fato criminoso é verdadeiro, porém a pessoa a quem se atribui a 
autoria ou participação não o praticou. 
b) o fato criminoso é inexistente. Atribui-se ao imputado a prática de crime 
que não ocorreu. 
c) o fato criminoso existiu, porém se atribui ao imputado a prática de crime 
mais grave. Ex. afirmar que Fulano roubou, quando na realidade ele furtou. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
Podem ser sujeitos ativos o promotor de justiça, o delegado de policia, o juiz de direito, o 
advogado, desde que tenham conhecimento da falsidade da imputação. 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de dar causa à 
instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação 
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime. 
É imprescindível que o denunciante saiba (dolo direto) que o denunciado é 
inocente, conforme expressa exigência legal contida na expressão “de que o sabe inocente”. Sem 
ele, não há crime. A dúvida (dolo eventual) afasta a tipicidade do delito. 
IV) CONSUMAÇÃO 
Trata-se de crime formal, ou seja, delito que não exige, para sua 
consumação, resultado naturalístico, consistente no efetivo prejuízo para a administração da 
justiça. 
Consuma-se, portanto, com a instauração de investigação policial, de 
processo judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém. 
Não se exige que a autoridade policial formalmente instaure o inquérito 
policial para que se consume o crime. Basta que inicie investigação policial no sentido de coletar 
dados que apure a veracidade da denúncia. 
 
02) COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO – Art. 340 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
Consubstancia-se no verbo provocar, isto é, dar causa a ação da 
autoridade pública (delegado de policia, juiz, promotor de justiça, bem como todas as autoridades 
administrativas que tenham atribuição legal para iniciar investigações). 
Na hipótese, o agente comunica à autoridade a prática de crime ou 
contravenção penal que não se verificou. 
 
 
 
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Ao contrário do que ocorre no crime de denunciação caluniosa, não há no 
delito em estudo a imputação a uma pessoa determinada da prática de crime. Se assim suceder, 
estará caracterizado o crime de denunciação caluniosa. 
II) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, apenas na modalidade direta, pois o agente precisa saber não se 
ter verificado a infração penal. Isto é, o agente deve ter certeza de que o fato realmente não 
ocorreu ou é absolutamente diverso do ocorrido. A dúvida afasta o crime. 
Ex. um indivíduo perde sua carteira ou documentos de identidade e, na 
dúvida sobre se foi furtado ou não, acaba por fazer um boletim de ocorrência na Delegacia de 
Polícia. Nessa hipótese, não haverá a configuração do crime em tela. 
III) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime formal, que não exige, para sua consumação, resultado 
naturalístico. 
Consuma-se, portanto, o crime no momento em que a autoridade pratica 
alguma ação no sentido de elucidar o fato criminoso. Semelhantemente ao crime de denunciação 
caluniosa, não se exige a efetiva instauração de inquérito policial. 
É possível a tentativa. Desse modo, se o agente fizer a comunicação falsa 
à autoridade, e esta não iniciar as investigações por circunstâncias alheias à vontade dele, haverá 
tentativa. 
 
03) FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA – Art. 342 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
Trata-se de crime de ação múltipla, pois três são as ações típicas: 
a) “Fazer afirmação falsa”. Segundo a doutrina, cuida-se aqui da falsidade 
positiva, pois o agente declara a ocorrência de fato inverídico. 
- Ex2: testemunha que, para forjar um álibi em favor do acusado, afirma 
falsamente que, no momento do crime, ele estava em sua companhia. 
b) “negar a verdade”: essa modalidade constitui a chamada falsidade 
negativa, pois o agente tem ciência da verdade, mas nega o que sabe. 
- Ex. testemunha de acusação que nega falsamente que a vítima de 
homicídio tenha anteriormente tentado estuprar a filha do acusado. 
c) “calar a verdade”: É, segundo a doutrina, a chamada reticência. Aqui há 
o silêncio a respeito do que se sabe ou se recusa em manifestar a ciência que se tem dos fatos. 
Há, assim, resistência por parte do agente em declarar a verdade. Não há, ao contrário das 
demais modalidades, qualquer afirmação falsa ou negativa. 
 
 
 
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Ex. perito que omite dados relevantes ao elaborar o laudo pericial, de 
forma a criar prova benéfica ao acusado. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime de mão própria (de atuação pessoal ou de conduta 
infungível). Nesse passo, somente pode ser cometido pelo sujeito em pessoa. 
São sujeitos ativo desse delito a testemunha, o perito, o tradutor ou o 
intérprete. A Lei 10.268/2001 acrescentou um novo sujeito ativo, não previsto na antiga redação 
do dispositivo, qual seja, o contador que atue em processo judicial, ou administrativo, inquérito 
policial, ou em juízo arbitral. 
Se a testemunha não assina o compromisso de dizer a verdade, não pode 
praticar o delito em tela. Portanto, é indispensável que seja reconhecida como testemunha, e não 
como simples declarante ou informante, pessoas estas que não narram seu entendimento sobre 
algo sem o compromisso de dizer a verdade. 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de fazer 
afirmação falsa, negar ou calar a verdade. É necessário que o agente tenha ciência de que falta 
com a verdade ou que a omite. 
Não se pune a forma culposa. 
IV) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
É crime formal, não exigindo, portanto,para a sua consumação, resultado 
naturalístico. 
Consuma-se o falso testemunho com o encerramento do depoimento. Em 
tese, o crime se consuma no momento em que é proferido o falso; contudo, como o depoente 
pode retificar o que foi declarado até o encerramento do depoimento, entende-se consumado o 
crime nesse exato instante. 
V) RETRATAÇÃO – Art. 342, § 2º 
No caso, o agente, ANTES DA SENTENÇA NO PROCESSO EM QUE 
OCORREU O FALSO TESTEMUNHO, declara a verdade. 
Na realidade, o crime já se consumou no momento em que o depoimento 
foi encerrado, contudo a lei faculta ao agente o direito de arrepender-se antes da prolação da 
sentença de primeiro grau, possibilitando com isso o esclarecimento da verdade dos fatos e, 
conseqüentemente, a extinção da punibilidade. 
Trata-se, portanto, de condição resolutiva da punibilidade, embora já 
consumado o crime, a punição depende, ainda, de o agente não se retratar ou declarar a verdade, 
oportunamente. 
 
04) COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO – ART. 344 
 
 
 
 
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I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
Tutela-se, primeiramente, a administração da justiça. Secundariamente, a 
integridade física dos personagens processuais. 
O presente dispositivo tem por finalidade punir o agente que usar de 
violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, 
parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, 
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. 
Para caracterização do delito, mostra-se necessário que a intimidação 
tenha potencialidade para amedrontar a vítima, a ponto de fazê-la favorecer o agente ou a terceiro 
em um dos procedimentos mencionados no artigo. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a ação 
descrita no tipo penal. 
O tipo penal também prevê finalidade especial, consistente na satisfação 
de interesse próprio do agente ou de terceiros em relação a um dos procedimentos descritos no 
artigo. 
IV) CONSUMAÇÃO 
A consumação ocorre no momento do emprego da violência ou da grave 
ameaça, independentemente de o agente ter alcançado a finalidade. Trata-se de crime formal, 
dispensando, inclusive, a efetiva intimidação da vítima, bastando potencialidade. 
A tentativa é possível. 
V) CONCURSO DE CRIMES 
Nos termos do artigo 344, quem pratica coação no curso do processo 
estará sujeito a pena de reclusão de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
Ex: coação no curso do processo (art. 344) e lesões corporais (art. 129), 
em concurso material de crimes. 
VI) AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA 
A ação é pública incondicionada. 
 
 
05) EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES – ART. 345 
 
 
 
 
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I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O presente dispositivo visa a tutelar a administração da justiça, no sentido 
de ser evitada a justiça com as próprias mãos. 
O presente dispositivo tem por finalidade punir o agente que buscar fazer 
justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima. 
Se o agente tiver consciência da ilegitimidade da pretensão, haverá outro 
crime (furto, lesões corporais, etc). 
Trata-se de crime contra a administração da justiça, porque o sujeito ignora 
ou menospreza o Poder Judiciário, passando a atuar e decidir de acordo com os seus interesses. 
É um crime de ação livre, podendo ser praticado por qualquer meio, com 
violência, grave ameaça, fraude, etc. 
Entretanto, o próprio tipo penal excepciona hipóteses em que o crime em 
tela não incide, uma vez que, em alguns casos, a própria lei permite a autotutela, ou seja, fazer 
justiça com as próprias mãos, como, por exemplo, o desforço imediato e legítima defesa da posse 
(art. 1210, §1º, CC). 
 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Se 
o sujeito ativo for funcionário público, o delito praticado poderá ser outro, como, por exemplo, 
abuso de autoridade (Lei 4.898/65). 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a ação 
descrita no tipo penal, qual seja, fazer justiça com as próprias mãos, ignorando o monopólio 
estatal da administração da justiça. 
Ausente essa finalidade, o crime passará a ser outro (furto, dano, 
apropriação indébita, etc). 
IV) CONSUMAÇÃO 
Existem duas correntes quanto à consumação. A primeira considera que o 
crime é formal, consumando-se no momento em que o agente emprega a violência, grave 
ameaça. 
A outra entende que se trata de crime material, consumando-se somente 
com a satisfação da pretensão visada. 
A tentativa é possível. 
V) CONCURSO DE CRIMES 
Na hipótese de ocorrer violência física, resultando em lesões corporais ou 
a morte de alguém, o agente responderá pelo artigo 345 em concurso material com o crime 
gerado (lesão corporal ou homicídio). 
 
 
 
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VI) AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA 
Em regra, trata-se de ação penal privada, mesmo que haja grave ameaça. 
Todavia, nos termos do artigo 345, parágrafo único, havendo emprego de 
violência para a prática do crime, a ação será pública incondicionada. 
 
06) FRAUDE PROCESSUAL – ART. 347 
 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O presente dispositivo visa a tutelar a administração da justiça, 
especificamente a boa fé e a honestidade processual. 
O crime consiste em inovar artificiosamente, na pendência de processo 
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz 
ou o perito. 
A ação nuclear do tipo se consubstancia na expressão inovar 
artificiosamente, isto é, o agente, mediante fraude, modifica ou altera estado de lugar (derrubada 
de árvores), de coisa (retirar manchas de sangue impregnadas na roupa da vítima) ou de pessoa 
(mudar o aspecto físico exterior – não o psíquico, civil ou social – de pessoa mediante cirurgia 
estética), criando, com isso, nova situação capaz de induzir a erro o juiz ou perito (utilização 
anormal e fraudulenta do processo) (SANCHES, 2010, p. 489). 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de inovar em processo 
judicial ou administrativo, com o fim de induzir em erro o juiz ou perito. Essa a finalidade 
específica do delito. 
IV) CONSUMAÇÃO 
A consumação ocorre no momento da alteração do local, coisa ou pessoa, 
desde que hábil a induzir o juiz ou perito a erro. 
A tentativa é possível. 
V) CAUSA DE AUMENTO DE PENA – Art. 347, parágrafo único 
Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que 
não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
VI) AÇÃO PENAL 
Ação penal pública incondicionada. 
 
 
 
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07) FAVORECIMENTO PESSOAL – Art. 348 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O presente dispositivo visa a tutelar a administração da justiça, prejudicada 
pelo auxílio prestado ao autor do crime. 
Comete este delito o agente que presta auxílio, de qualquer natureza, a 
quem acaba de cometer um crime, com a finalidade de subtraí-lo à ação da autoridade, 
prejudicando a ação de autoridade pública (policiais civis ou militares, membros do Judiciário). 
O favorecimento pessoal é delito acessório, ficando sua tipificação na 
dependência da existência de um crime antecedente, que pode ser de qualquer natureza (doloso, 
culposo, tentado ou consumado, etc.) 
Não incidirá o crime de favorecimento pessoal quando em relação ao fatoanterior: a) houver causa excludente de ilicitude; b) já estiver extinta a punibilidade; c) houver 
escusa absolutória. 
Se o agente autor do crime antecedente vier a ser absolvido por qualquer 
motivo (salvo na hipótese de absolvição imprópria, em que é aplicada medida de segurança), o 
sujeito que o auxiliou não poderá ser condenado pelo crime de favorecimento pessoal. 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, 
exceto, por evidente, o coautor, ou partícipe do crime antecedente. 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a ação 
descrita no tipo penal, qual seja, prestar a autor do crime anterior auxílio para que se oculte da 
ação da autoridade. 
IV) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
O crime se consuma no momento em que, prestado o efetivo auxílio, o 
agente favorecido obtém êxito em sua ocultação, ainda que momentaneamente. Trata-se, pois, de 
crime material. 
É possível a tentativa, como, por exemplo, quando o auxílio chega a ser 
prestado, mas o agente beneficiário não se livra da autoridade. 
V) ESCUSA ABSOLUTÓRIA – Art. 348, § 2º 
Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do 
criminoso, fica isento de pena. 
VI) AÇÃO PENAL 
Ação penal pública incondicionada, sendo da competência do Juizado 
Especial Criminal. 
 
 
 
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08) FAVORECIMENTO PESSOAL – Art. 349 
I) ELEMENTOS DO TIPO. AÇÃO NUCLEAR 
O presente dispositivo visa a tutelar a administração da justiça, no sentido 
de punir o comportamento daquele que auxilia o criminoso a tornar seguro o proveito do crime. 
Comete este delito o agente que prestar a criminoso, fora dos casos de 
coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
Assim como o delito anterior, o favorecimento real também é delito 
acessório, ficando sua tipificação na dependência da existência de um crime antecedente, que 
pode ser de qualquer natureza (doloso, culposo, tentado ou consumado, etc.) 
Para a incidência deste delito, o auxílio deve ser destinado a tornar seguro 
o proveito do crime, referindo-se a qualquer vantagem alcançada com a prática do delito principal, 
podendo abranger: 
a) o objeto material do crime, como, por exemplo, o próprio bem subtraído; 
b) o preço do crime. Ex: dinheiro que o homicida ganhou para matar alguém. 
Não incide o delito se o agente desconhece a procedência criminosa do 
bem. 
Se autor do crime antecedente for menor de idade ou já estiver extinta a 
sua punibilidade, pela prescrição, por exemplo, continua sendo possível o favorecimento real, pois 
o objeto continua sendo produto de crime. A menoridade e a extinção da punibilidade apenas 
impedem a aplicação de sanção penal ao autor do crime antecedente. 
Somente haverá o crime de favorecimento real se o agente não estava 
previamente ajustado com os autores do delito antecedente. Se houve prévio ajuste, o agente 
responderá pelo mesmo delito, em concurso de pessoas. 
O tipo também exclui o crime de favorecimento real quando tiver havido 
receptação por parte do agente. A principal diferença entre a receptação e o favorecimento real 
consiste no fato de que, no favorecimento, o agente visa auxiliar única e exclusivamente o autor 
do crime antecedente, enquanto na receptação o sujeito visa seu próprio proveito ou o proveito de 
terceiro (que não o autor do crime antecedente) (GONÇALVES, 2013, p. 846). 
II) SUJEITOS DO DELITO 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, 
exceto, por evidente, o coautor, ou partícipe do crime antecedente. 
III) ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a ação 
descrita no tipo penal, qual seja, prestar a autor do crime anterior auxílio a autor de crime 
anteriormente praticado. 
IV) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
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O crime se consuma no momento em que o agente presta auxílio, 
independentemente de se saber se o agente conseguiu ou não tornar seguro o proveito do crime 
anterior. Trata-se, pois, de crime formal. 
É possível a tentativa. 
V) AÇÃO PENAL 
Ação penal pública incondicionada, sendo da competência do Juizado 
Especial Criminal.

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