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CONHECIMENTO DE DEPÓSITO E WARRANT

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Conhecimento de depósito e warrant
Os “títulos representativos” são aqueles que representam mercadorias custodiadas, ou seja, mercadorias guardadas por alguém. Dessa forma, não representam valores pecuniários (em dinheiro), como os títulos de crédito já estudados.
Em geral, os títulos representativos podem ser negociados, inclusive por meio de endosso, podendo ser citados o conhecimento de depósito, o warrant e o conhecimento de frete.
Conhecimento de depósito é um título emitido pelo armazém-geral e representa a propriedade da mercadoria ali depositada. Esse título representa mercadorias paradas/estacionadas, não em trânsito como o conhecimento de transporte.
Trata-se de um título ao portador conferindo-lhe a faculdade de dispor da mercadoria e está previsto no Decreto n. 1.102/1903, arts. 15 e s.
Warrant é um título que representa uma garantia de penhor sobre as mesmas mercadorias depositadas no armazém-geral (em razão do conhecimento de depósito), sendo emitido em conjunto com o conhecimento de depósito. O warrant serve, por exemplo, para ser dado como garantia em um financiamento, ficando a mercadoria depositada no armazém, porém penhorada em favor daquele que concedeu o financiamento. O warrant tem tipificação legal também no Decreto n. 1.102/1903, arts. 15 e s.
Os dois títulos, conhecimento de depósito e warrant, circulam conjuntamente, sendo transferidos por endosso. Eles até podem circular separados, mas a regra é que devem ser apresentados juntos para a liberação da mercadoria (salvo exceções previstas no Decreto n. 1.102/1903)139.
O conhecimento de depósito precisa mencionar a existência do warrant, sendo que, na prática, quando estes títulos circulavam separadamente, o endossatário (credor) do conhecimento de depósito, via de regra, precisaria depositar no armazém a quantia equivalente a mercadoria para fins de manter a garantia (normalmente dada em favor de uma instituição financeira pelo endosso do warrant). Como nem sempre isso acontecia, o que prejudicava a satisfação do credor da garantia, os bancos passaram a exigir em seu favor o endosso de ambos os títulos.
3.7.2. Certificado de depósito agropecuário e warrant agropecuário
Certificado de depósito agropecuário – CDA – é o título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos agropecuários, seus derivados, subprodutos e
resíduos de valor econômico, depositados em armazéns destinados à atividade de guarda e conservação de produtos agropecuários (Lei n. 11.076/2004, art. 1º, § 1º cc. Lei n. 9.973/2000, art. 2º).
Já o warrant agropecuário – WA – é o título de crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro que confere direito de penhor sobre o CDA correspondente, assim como sobre o produto nele descrito (Lei n. 11.076/2004, art. 1º, § 2º).
O CDA e o WA são títulos unidos, emitidos simultaneamente pelo depositário, a pedido do depositante, podendo ser transmitidos, unidos ou separadamente, mediante endosso (Lei n. 11.076/2004, art. 1º, § 3º).
Compreendemos que, pela vigência da Lei n. 9.973/2000 (que institui regras específicas para armazenagem de produtos agropecuários) e da Lei n. 11.076/2004 (que dispõe sobre o certificado de depósito agropecuário e warrant agropecuário), o conhecimento de depósito e o warrant, previstos no Decreto n. 1.102/1903 (cujo escopo é instituir regras para empresas de armazéns gerais), ficaram com seu campo de utilização bem restrito, haja vista que se a mercadoria depositada tiver relação com produtos agrícolas ou pecuários os títulos a serem emitidos serão o certificado de depósito agropecuário e o warrant agropecuário. Assim, por não haver revogação expressa do Decreto n. 1.102/1903, excepcionalmente, o conhecimento de depósito e o warrant poderiam ser emitidos por armazéns gerais que operam com bens não relacionados à agropecuária, como, por exemplo, certo tipo de maquinário.
3.7.3. Conhecimento de transporte/frete/carga
Conhecimento de transporte (também chamado de conhecimento de frete ou de carga) é um título que representa mercadorias a serem transportadas. É emitido pela transportadora ao receber a mercadoria a ser transportada, com a obrigação de entregar a carga no respectivo destino. Esse título pode ser negociado mediante endosso.
O conhecimento de carga representa mercadorias que devem ser transportadas, ou seja, que estão em trânsito; diferenciando-se do conhecimento de depósito, que representa mercadorias paradas/estacionadas.
A legislação vigente para esse conhecimento ocorre conforme as seguintes modalidades de transporte:
1) terrestre rodoviário é a Lei n. 11.442/2007;
2) terrestre ferroviário é o Decreto n. 1.832/96;
3) marítimo é o Código Comercial, arts. 575 a 589 (pertencentes à Segunda Parte, que não foi revogada pelo Código Civil de 2002);
4) aéreo é a Lei n. 7.565/86, arts. 235 e s.;
5) modal de cargas (quando envolver mais de uma das modalidades anteriores) é a Lei n. 9.611/98.
Aqui cabe destacar que o Decreto n. 19.473/30 era o regime jurídico básico do conhecimento de transporte, mas, conforme consta da seção legislação oficial do site <http://www.presidencia.gov.br>, essa norma foi revogada pelo Decreto s/n de 25/04/91. Vale lembrar que o art. 744, caput, do Código Civil faz menção à emissão do conhecimento de frete. Sugerimos ao leitor que se remeta ao item deste livro que trata do “contrato de transporte” (capítulo dos contratos mercantis).