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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS CURSO DE DIREITO Disciplina: CCJSA 005 História do Direito, Créditos 4-0-0, 60h/a, 1.º período, 1º sem/2014 Prof. Francisco Pereira Costa SEMINÁRIO 4 Foucault revoluciona a História� Em arqueologia do saber faz uma revisão de sua produção intelectual. Nos últimos anos de sua vida passou a escrever sobre a história da sexualidade. O pensamento de Michel Foucault se constitui em três momentos: 1.º) 1960 – Arqueologia do saber – Na “história da loucura” estuda como foi inventada a idéia de loucura. A Psiquiatria é uma invenção da sociedade, só poderia ter surgido em nossa sociedade, porque nenhuma outra sociedade entende a loucura como tal. A medicina se constituiu num instrumento de apriosionamento da loucura, enclausurou-a. É desse período as obras Nascimento da Clínica, História da Loucura , As palavras e as coisas. 2.º) 1970 – Genealogia do poder – o poder é uma prática, é um exercício; todo poder é uma relação de saber e este sustenta, legitima relações de poder. Nesse sentido, não é possível separar um do outro. A discussão sobre o poder aparece em Vigiar e Punir, História da sexualidade - a vontade de saber. 3.º) 1980 – Produção da subjetividade – nas duas primeiras fases estudava como se dava o processo de objetivação das coisas, objetos para serem conhecidos e exercitados. Agora, preocupa-se com a produção dos sujeitos, conseqüentemente, com suas subjetividades. Na História da Sexualidade – o uso dos prazeres e, História da sexualidade – cuidado de si, aqui a norma aparece como mecanismo de internação do poder ou mais precisamente, pensar nos mecanismos de normalização (FONSECA, 2003: 61) Nessa fase Foucault estuda a ética fora dos padrões tradicionais, fora do significado de filosofia dos valores, como teoria da moral e como reflexão sobre a normatividade, tal qual defende Wilhelm Schmid, para Foucault a ética remete ao “problema da organização da existência”. (Fonseca, 2002, p. 277) Isso significa que [...] Daí ser preciso notar que fariam parte de seu domínio tanto o campo das relações dos indivíduos consigo mesmos, quanto o campo das relações entre os indivíduos. O “eu” e o “outro” são componentes irredutíveis do problema de como ‘organizar a própria existência”. E o conjunto de tais relações seria justamente aquilo que, em Foucault, poderia ser designado pelo termo geral de “poder”. Assim, como problema da organização da existência , a ética é coextensiva à questão do poder. Ela implica a construção de uma “arte de viver” (pelo estabelecimento de uma relação sólida consigo mesmo) que seja a invenção de uma “micropolítica. (Fonseca, 2002, p. 277) Os estudos e pesquisas de Michel Foucault de análise e produção da prática não têm um objeto pronto, dado, acabado, mas procura saber como ele se constrói historicamente. Como se constitui o objeto no processo histórico. Mas, preocupa-se em investigar o discurso e as práticas que constituíram o objeto de estudo. Assim, nada está pronto e acabado. Mostra a história da construção dos próprios objetos, por exemplo, o modernismo foi cunhado por Mário de Andrade em contraposição a denominação “futurista” que tinha um caráter depreciativo. Cabe ao historiador desconstruir os conceitos em dois momentos: pela prática discursiva e não-discursiva. Para ele o discurso é uma prática instituinte da realidade como qualquer outro, numa relação conflituosa com o não-discursivo, nesta relação conflituosa o não-discursivo pode determinar a prática discursiva. Foucault fazia a história das e com problematização, para que certas práticas, mais tarde viessem se tornar visíveis, daí que cunhou o conceito de “visibilidade”, isto é, como que, certos fatos num determinado momento foram legitimados como tal. Para Michel Foucault o que importa é o que o discurso diz e não algo que está fora. Pois, o discurso não esconde nada, mas contém tudo o que pretende dizer, porque cria objetos. Ainda, a análise de certas práticas tem uma regularidade e com elas mudam com o seu deslocamento e criação de outras práticas. Por exemplo, a confissão que era feita ao padre, a partir do final do século XIX, com a Psicanálise, a confissão é feita ao analista para se curar. É pensar como na análise da história criam-se sujeitos e objetos... O que é central em Foucault é a relação entre sujeito e objeto que define o objeto e este define o sujeito. A relação entre um e outro é que vai definir, caracterizar e definir o sujeito e o objeto, numa relação recíproca, de troca, de influências intrínsecas. A História tem vários alvos em conflito; os grupos sociais e os sujeitos têm projetos distintos que são direcionados por uma estratégia e prática. Importa ao historiador descobrir como a sociedade deu sentido a determinadas práticas... Para Foucault o que importa não é descobrir se houve evolução ou progresso, mas o que importa é o diferente. Vai dizer que a subjetividade será construída em dois movimentos: 1) O da sujeição - é o momento que se introjeta determinadas práticas sem a participação do sujeito. 2) O da subjetivação – é o momento em que eu participo da minha atuação como sujeito. É o momento em que decido sobre o que gosto, faço igual ou diferente dos modelos de subjetividade existente. O diário íntimo é uma construção do século XIX, porque foi na sociedade moderna que se criou a intimidade. Foucault usa o conceito e luta de classes como uma prática, no momento em que a classe age, atua, exerce o ato concreto... Ideologia são os diferentes significados, leituras que damos às práticas. O pensamento de Foucault não é estruturalista, mas finalista, uma prática que está no limite, por exemplo, os homens infames, que contestavam as regras do poder, por entender que a sociedade tem regras de exclusão. As coisas são o que elas aparecem e são apresentadas. A essência dada às coisas são obras do homem, do sujeito. Portanto, explicar e explicitar a História implica escrevê-la em seu conjunto, numa relação de práticas entre sujeito e objeto, em práticas discursivas e não-discursivas, numa prática de relações estruturadas em descontinuidades... mas, é uma problematização dos sujeitos e objetos entre si. Que a História questiona a nossa própria forma de ser. Cada sujeito/objeto é constituído historicamente. Referências: COSTA, Francisco Pereira. Apontamentos da disciplina Metodologia da História do Mestrado em História ministrada pelo prof. Dr. Durval Muniz Albuquerque. Rio Branco: [manuscrito], 1999. FONSECA, Márcio Alves. Michel Foucault e o Direito. São Paulo: Max Limonad, 2002. VEYNE, Paul. Foucault revoluciona a história. In: Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história. 4ª ed., Brasília: UnB, 2008 � Texto baseado na parte IV da obra de VEYNE, Paul. Foucault revoluciona a história. In: Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história. 4ª ed., Brasília: UnB, 2008 _1135759159/./
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