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Trabalho Neopentecostalismo e sua visão sobre a depressão

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – UNINOVE
Disciplina: Pesquisa em Psicologia
Curso: Psicologia
NEOPENTECOSTALISMO E SUA VISÃO SOBRE A DEPRESSÃO
Fernanda de Souza Vaz – RA: 909.106.102
Francelina Ribeiro de Oliveira – RA: 915.202.613
Kayeni Nandara Canuto Santos – RA: 915.205.139
Maria Neusa Novais Silva Araujo – RA: 915.207.286
Raquel Silva Oliveira – RA: 915.208.616 
Tauane Prudente da Silva – RA: 915.206.913
Professora orientadora: Rosileny Schwantes
São Paulo
2017
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – UNINOVE
Disciplina: Pesquisa em Psicologia
Curso: Psicologia
NEOPENTECOSTALISMO E SUA VISÃO SOBRE A DEPRESSÃO
Fernanda de Souza Vaz – RA: 909.106.102
Francelina Ribeiro de Oliveira – RA: 915.202.613
Kayeni Nandara Canuto Santos – RA: 915.205.139
Maria Neusa Novais Silva Araujo – RA: 915.207.286
Raquel Silva Oliveira – RA: 915.208.616 
Tauane Prudente da Silva – RA: 915.206.913
Projeto de pesquisa apresentado como elemento parcial para constituição da nota da avaliação bimestral da disciplina Pesquisa em Psicologia.
São Paulo
2017
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo conscientizar e promover a reflexão sobre as influências que a fé exerce no tratamento de depressão, onde será analisada essa influência num cenário neopentecostal. O método utilizado para atingir o resultado esperado foi pesquisa através de artigos, livros e matérias de revistas. Foi necessária a análise desses dados coletados para chegarmos às respostas das perguntas propostas no tema. Os resultados obtidos foram satisfatórios e surpreendentes, pois foi mais fácil encontrar as influências positivas do que negativas indo contra ao que pensávamos antes de iniciar o projeto. No mais, a realização desse trabalho foi muito enriquecedora para todas nós.
Palavras chaves: Depressão; Fé; Neopentecostalismo; Influências positivas; Influências negativas.
Introdução
O trabalho tem o intuito de apresentar qual a influência que a fé exerce em casos de tratamentos da depressão. Foi utilizada como limitação, a proposta de estudar somente a prática cristã neopentecostal contemporânea.
O objetivo geral será esclarecer o conceito de depressão como doença biológica e desmistificar que possa ter uma causa espiritual.
E como objetivos específicos, serão abordados três aspectos: comprovar como a fé pode ser uma grande aliada para melhorar o bem-estar da pessoa que está depressiva; mostrar como a religião evangélica do segmento neopentecostal no Brasil age com atitudes extremas quando se depara com um quadro depressivo; deixar de lado a crença de que religiosos não sofrem de depressão.
Muito tem se falado sobre a influência da fé na cura de doenças e acredita-se que a prática religiosa serve de alento e também como válvula de escape para aqueles que estão sendo submetidos a algum tipo de tratamento contra uma patologia. O trabalho tem o intuito de buscar evidências que comprovem ou desmintam essa afirmação.
É essencial o estudo sobre essa situação que assola tantas pessoas atualmente, pois é fundamental que todos se conscientizem que a depressão é uma doença, com causas biológicas e não espirituais.
É muito importante que o indivíduo tenha esse refúgio ao se apegar a algo que vai além do que é terreno. É essencial se lembrar que quem cuida de doença é o médico e não Deus.
Os dados foram coletados através de pesquisas de artigos, livros e matérias de revista voltadas para a área da psicologia e/ou religião, onde houve dificuldade para a coleta dos dados necessários, principalmente no que se refere a influência negativa que a fé exerce nos tratamentos depressivos. É de conhecimento geral, que em muitas igrejas, líderes religiosos se opõem ao tratamento de depressão, pois acreditam que somente Deus pode oferecer esse tipo de cura, porém foi muito difícil encontrar provas concretas que nos levassem a isso.
Serão identificadas quais as influências positivas e negativas nesses casos que expusemos acima.
Diante desse terreno espinhoso, iremos expor a seguir os benefícios e malefícios que essa prática de fé exerce sobre o tratamento da doença citada, onde focaremos na Igreja Universal do Reino de Deus, contando um pouco de sua história e prática utilizada atualmente. Também citaremos Carl Gustav Jung, mostrando sua visão sobre a religião. Ao final do trabalho serão apresentadas as conclusões que essa pesquisa nos levou.
Metodologia
A pesquisa apresentada possui as seguintes características quanto à:
Natureza: qualitativa. A análise feita foi interpretativa dos dados, onde os pesquisadores não se mantiveram neutros ao fenômeno observado.
Finalidade: básica. O objetivo do projeto não foi ter uma aplicabilidade imediata, e sim ampliar o conhecimento da área pesquisada.
Tipo: descritiva. A realidade foi descrita, porém não houve intervenção nela.
Estratégia em relação a fonte: documental. A coleta de dados se deu através de fontes documentais como livros, artigos e revistas.
Estratégia em relação ao local de coleta de dados: campo. A situação em que os dados foram coletados foi natural, onde não houve o controle do experimentador.
Temporalidade: longitudinal. Foi avaliada a influência positiva e negativa num só grupo de pessoas.
Delineamento da pesquisa: levantamento. Foi investigada uma realidade, que seria a dos praticantes da fé Neopentecostal (fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus), onde buscou-se descobrir as variáveis que compõem essa realidade. 
Não haverá um experimento para realização do trabalho, somente observação, onde os sujeitos analisados serão pessoas depressivas, praticantes da fé neopentecostal, principalmente na Igreja Universal do Reino de Deus, na cidade de São Paulo, pois foi a única instituição religiosa encontrada que não vê o tratamento psicológico e medicamentoso como aliados na cura da depressão.
Para coleta de dados não haverá o uso de nenhum tipo de formulário ou algo similar, a única técnica utilizada será a observação e pesquisa à materiais que tratem do assunto.
Depressão
A depressão é um dos principais transtornos que tem acometido as pessoas nos últimos tempos e diversas podem ser as suas definições.
De acordo com Moreno e outros autores (Clínica psiquiátrica: a visão do departamento e do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP. Editora Manole, 2011, p.698) “a depressão é o mais comum dos transtornos da mente e que pode atingir uma em cada seis pessoas ao longo da vida”. 
A depressão independe do tipo e do grupo de sintomas tem como marca principal a negatividade, a autoestima baixa, o pessimismo e o sentimento de culpa, assim como o choro desconfiança e medo. 
Os autores Magalhães e Camargo (Não é coisa da sua cabeça. Belo Horizonte: Editora Gutenberg. 2012, p.41) afirmam que:
O deprimido, em geral, torna-se um sujeito hesitante. Tende a ficar ruminando pensamentos ruins e sofre com ideias de ruina financeira, fracasso, doença e morte. Está, enfim, de mal com a vida e, em última instância, sentindo-se sem vida.
 
Algumas pessoas diagnosticadas com depressão diferem quanto à gravidade e duração dos sintomas. Enquanto muitos indivíduos enfrentam a depressão clínica por apenas algumas semanas em algum momento de suas vidas, outros a vivenciam de forma episódica (momentos de crise) ou de forma crônica durante muitos anos.
Viver com depressão é viver em um estado de constante melancolia, onde nem mesmo a pessoa sabe definir o que está sentindo naquele momento, o que também causa confusão nas pessoas que estão próximas às pessoas deprimidas. Se nem mesmo o indivíduo que se encontra num quadro depressivo consegue definir com clareza o que está acontecendo, a dificuldade e o preconceito de quem analisa esse quadro “do lado de fora” pode não colaborar com a melhora da pessoa que se sente deprimida. 
Entender como a depressão funciona e pode debilitar uma pessoa nem sempre é tão simples:
O território da depressão é umaregião bem triste. Nele sempre se sofre, às vezes morre-se. Quem o visita, jamais o esquece e clama que se deve, se possível, evitá-lo, ou, se já se entrou nele, sair o mais depressa possível. Para sair, em primeiro lugar é preciso saber o que nem sempre é evidente – que se está nele. (Cuche, Henry; Gerard, Alain. Não aguento mais. Campinas: Editora Papirus, 1994, p.143)
Encontrar-se deprimido, ou depressivo, sob a ótica de pessoas que nunca tiveram depressão ou não conhecem muito bem o assunto, muitas vezes pode ser definido, de maneira muito equivocada como “frescura”, “falta do que fazer”, entre tantos outros. 
Situações nas quais o deprimido faz parte de um grupo religioso, podem agravar ainda mais o problema, onde a depressão pode ser considerada como algo sobrenatural, algo que não faz parte do modo de agir correto deste grupo, no qual a pessoa com depressão possa estar sofrendo influências de seres malignos e demoníacos.
De acordo com os mesmos autores supracitados: 
A depressão pode também ir provocando sequelas emocionais, se deixada a seu próprio curso. Imagine o sofrimento de uma pessoa extremamente religiosa que, alguma vez, em um momento de forte depressão, tentou suicídio, um ato fortemente condenado pelo catolicismo, pelo judaísmo, pelo islamismo e por diversas outras religiões? (Magalhães e Camargo, 2012, p.44)
Ou seja, para todos os efeitos é importante que os mecanismos que desencadeiam a depressão sejam entendidos corretamente, de modo que os efeitos deste mal cada vez mais comum na sociedade moderna, possam ser minimizados nas pessoas que enfrentam este problema. 
É preciso citar que além dos fatores genéticos, ambientais e psicológicos como causas da depressão, também podemos citar que o quadro depressivo pode ser causado por fatores hormonais, por uso de medicamentos que podem ter esse efeito colateral, assim como também pela falta, ou disfunções de alguns neurotransmissores essenciais para que a pessoa se sinta feliz e bem consigo mesma. As pesquisas dos últimos cinquenta anos tem auxiliado no entendimento de que os sintomas depressivos estão diretamente relacionados ao desequilíbrio químico no cérebro. 
 Esse trabalho terá como principal foco de análise, como esse desequilíbrio químico (a disfunção dos neurotransmissores) podem sim, causar a depressão, por se tratar de um fenômeno biológico, em oposição a crença de que o quadro depressivo é causado por fatores espirituais, influência de demônios, ou falta de fé.
Os neurônios, as principais células do cérebro, produzem substâncias químicas chamadas neurotransmissores, que tem como função enviar informações a outras células. 
No caso do estado depressivo, a pessoa tem falta de alguns desses neurotransmissores: noradrenalina, serotonina e dopamina, que são diretamente responsáveis pela satisfação, prazer, apetite, autoconfiança, entusiasmo entre outros. 
Quando o indivíduo depressivo se dispõe a tomar a medicação indicada para o tratamento, ela atua no aumento da produção dessas substâncias químicas, sendo assim, dependendo da gravidade do quadro depressivo é fundamental que a pessoa não abra mão do uso medicamentoso. Além disso, quando o deprimido também procura a psicoterapia como auxiliar no tratamento da doença, os recursos medicamentosos e psicoterápicos atuam em conjunto, de maneira complementar, um reforçando o efeito do outro. 
Segundo Yovell (O inimigo no meu quarto. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008, p. 31) “o tratamento psicológico lida com a questão de ‘cima para baixo’ enquanto o tratamento medicamentoso lida com ela ‘de baixo para cima’. Mas ambos atuam sobre exatamente a mesma coisa”.
Neopentecostalismo
Os pentecostais são inspirados pelo dia de pentecostes, que é o quinquagésimo dia após a Páscoa, que foi o dia em que os apóstolos foram abençoados pelo Espírito Santo com o dom de falar em línguas, o que os permitia levar a palavra de Deus pelo mundo todo. 
O termo Pentecostalismo é utilizado para o movimento religioso, que tem em seus discursos e práticas, o Batismo no Espírito Santo, a Glossalia (falar em línguas desconhecidas às pessoas), que seria o sinal de que na pessoa vive o Espírito Santo, expectativa da volta imediata de Jesus que seria o fim da humanidade, a possibilidade de revelação através de profecias, sonhos e visões, ministério de cura dos enfermos sendo espiritual ou físico e a atribuição de todos os males à Satanás e seus demônios, com a necessidade de exorcizá-lo das vidas das pessoas.
Existem dois pontos de origem do pentecostalismo, o primeiro ocorre em Topeka, Kansas, é a Escola Bíblica Betel. O diretor era Charles Fox Parham e em 1901 junto com seus alunos buscava a segunda benção (batismo no Espírito Santo) e sua evidência seria a capacidade de falar em línguas estranhas, isso ocorreu em janeiro, e “o fogo do espírito caiu” sobre aquelas pessoas. Seus alunos começaram a espalhar a novidade, pelas cidades vizinhas, entre eles se encontrava William Joseph Seymor. Parham muitas vezes não recebe, grande visualização, pois foi acusado de atos homossexuais e ligação com a Klu Klux KLan, chocando a sociedade norte-americana.
Em 1906 William Joseph Seymor, negro, filho de pais que foram escravos, chega a Los Angeles e após fazer sua primeira pregação na Igreja dos Nazarenos, obteve alguns adeptos e no dia seguinte se estabeleceu em um antigo templo metodista, localizado na Azusa Street, 312 e esse é o segundo ponto importante do surgimento do Pentecostalismo. O que ocorria ali na Azusa Street, foi criando grandes adeptos e seus acontecimentos, como a glossalia e a teologia pentecostal percorria os Estados Unidos. E foi lá que o pastor da igreja Batista de Chicago, W. H. Durhan converteu-se ao pentecostalismo.
Durhan tinha grande influência em Chicago e foi dali que saíram os três homens que levaram o pentecostalismo para o Brasil, em 1910 o ítalo-americano Luigi Francescon que assim que chegou ao Brasil, fundou em São Paulo e em Santo Antonio da Platina, a Congregação Cristã do Brasil. Em 1911 chega ao norte do Brasil, mais precisamente em Belém, dois sueco-americanos Daniel Berg e Gunner Vingren e ali se deu origem a Igreja Assembleia de Deus.
No período de 1911 a 1950, o pentecostalismo crescia de forma vagarosa em todas as regiões do Brasil, mas com uma raiz forte. No final da II Guerra Mundial, o Brasil passou por um crescimento urbano e industrial, as pessoas deixavam os campos e partiam rumo às cidades, foi ocorrendo mudanças no panorama cultural. Aos poucos o rádio e a televisão foi criando importância audiovisual na divulgação entre as massas. Com a chegada de pessoas vindo do campo, foi aumentando o número de pessoas nas cidades, fazendo com que a sociedade fosse cheia de carências sociais, tendo que enfrentar uma nova realidade.
Essa problemática, fez com que um dos eixos temáticos ganhasse força, aumentando o número de adeptos, começaram as curas divinas e a soluções milagrosas de problemas pessoais. Esses conflitos sociais foram abrindo espaço para novos moldes da igreja. Em 1953 surge a Igreja do Evangelho Quadrangular- cruzada nacional da evangelização, 1956 Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo, 1960 Igreja Nova Vida, 1961 Igreja Pentecostal Deus é amor, entre várias outras igrejas menores, transformando o movimento pentecostal, em um “pentecostalismo autônomo”. As igrejas têm como estratégia o uso do rádio como meio de mobilização popular e para divulgação de sessões de milagres. Utilizando galpões, tendas, lonas e até mesmo estádio de futebol para poder abrigar as pessoas que iam atrás de curas e milagres. Criando nas grandes periferias templos em galpões industriais permitindo aos menos favorecidos, encontrar a fé e a salvação que tanto procuravam.
Nos anos 70, com a consolidação da televisão e o aumento populacional em 70%, vai surgindo um novo pentecostalismo, usando a televisão para alcançar um maior número de pessoas e faz da televisão uma grande vendedora de sua fé, utilizando milagres,exorcismos e promessas de prosperidade como seu grande atrativo e se colocando no competitivo mercado religioso, nesse ponto surgem, a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja Renascer em Cristo, entre outras, esse novo movimento de instituições e sua forma de transmitir seus ensinamentos, foram renomeadas como Neopentecostal.
 Origem da igreja Universal do Reino de Deus
A Igreja Universal do Reino de Deus é uma das maiores igrejas neopentecostais do Brasil. A data de sua origem é muito bem definido entre os pesquisadores através de entrevistas feitas com os fundadores, afiliados e as pessoas da liderança da Igreja, algo que as vezes causa discrepância de uma pesquisa para outra é onde ela teve sua fundação e sua organização, mantendo o mito familiar e sua origem do nada em uma antiga funerária localizada em Abolição, Rio de Janeiro.
Sua origem não se diferencia tanto da origem de qualquer outra igreja pentecostal. Seu fundador Bispo Edir Macedo, era frequentador da igreja Pentecostal Nova Vida, onde Macedo não concordava com a forma que MAclister, pioneiro da Nova Vida, conduzia a igreja e rompeu com ele em 1975.
A primeira igreja fundada por Edir Macedo, com ajuda de seu cunhado Romildo R. Soares, Roberto Augusto Lopes e os irmãos Samuel e Fidelis Coutinho, nomeada como a Igreja Cruzada do Caminho Eterno, pouco antes de fundarem a igreja, Macedo e Soares se consagram pastores na Casa da Benção pelo missionário Cecílio Carvalho Fernandes, mas que teriam sido consagrados sem exercer cargos eclesiásticos, o que não é considerado correto pois até os discípulos de Cristo tiveram que ser treinados.
Macedo tinha experiência com dinheiro e números, pois trabalhou no Lotorej, sendo assim era responsável pela tesouraria da Cruzada do Caminho Eterno, mas devido a desentendimentos entre Macedo, Soares e Roberto Lopes eles se separam dos irmãos Coutinho e em 9 de julho de 1977 fundaram a Igreja Universal do Reino de Deus.
O líder da Igreja Universal do Reino de Deus era o R. R Soares, mas Macedo começa a ganhar espaço devido ao seu carisma, seu dinamismo e pragmatismo, pois ele tinha uma forma mais autoritária e centralizadora, ganhando apoio de diversos pastores e no final dos anos 70 foi votada pelo presbitério a saída de R. R Soares, nos anos 80 ele é compensado financeiramente e deixa a IURD e fundou a Igreja internacional da Graça de Deus, quem tem um formato parecido com o da Universal.
Quando se torna líder da Universal, Edir Macedo é consagrado Bispo pelo pastor Roberto Lopes e a Universal passa a ter um sistema de governo eclesiástico episcopal, assim como era na Igreja Nova Vida. Onde tem no seu quadro de pregadores há somente pastores e bispos.
Na Universal como em muitas outras Igrejas neopentecostal, seus pastores não possuem formação em seminários e nem formação em faculdades de Teologia, deixando a intepretação da bíblia como algo necessário e dando mais valor à sua experiencia, interpretando as passagens bíblicas dentro de sua experiência, muitas vezes deixando de olhar de forma geral e levando mais para um lado individualista e privado, podendo ocorrer distorção de seus significados.
A Igreja Universal do Reino de Deus tem em sua base diversas influências das experiências religiosas na qual Macedo passou, quando era mais novo o mesmo se definia como alguém deprimido e angustiado e foi procurar na igreja católica ajuda, mas o mesmo disse que só encontrou um Cristo morto e que passou a juventude perseguido pela ideia do destino ser o inferno. Nessa mesma época sua irmã Elcy sofria de graves crises de bronquite asmáticas e sua mãe sem saber o que fazer levou sua irmã a igrejas católicas e até mesmo ao espiritismo. Sua irmã acabou sendo curada na Igreja Nova Vida. Tanto Macedo, quanto Lopes tiveram contato com o catolicismo e com o espiritismo e a umbanda, fazendo assim que o culto da Igreja Universal tenha um culto mais sincrético, mostrando traços do catolicismo, espiritismo e o pentecostalismo.
A Universal vem crescendo de forma meteórica devido a forma de realização de seus cultos e dos esforços de Macedo e Lopes.
Em 1989 com a compra da Rede Record de televisão foi formado uma massa de líderes expressivos da igreja, colocando em rede aberta a forma de seu culto, fazendo que a população tivesse conhecimento das realizações da Universal e a sua capacidade de livrar as pessoas de seu sofrimento pessoal e financeiro.
Em 1992, o Bispo Edir Macedo foi preso acusado de charlatanismo, curandeirismo e estelionato, foi solto uma semana depois e responsabiliza sua prisão a Igreja Católica e a Rede Globo de televisão.
Hoje a Universal utiliza de todas as formas de comunicação e interação entre as pessoas e seus fiéis, utilizam de programas de rádio e televisão, sites com vídeos dos cultos, passagens bíblicas e pastores online, sendo possível acessar esse conteúdo através do aplicativo da Universal, editora de livros, aplicativo de filmes religiosos. Tornando assim o maior contado de seus fiéis com seus dogmas e ensinamentos.
Condução do culto na IURD
A maioria das pessoas que vão ao culto da Igreja Universal, são pessoas que não encontraram em outros lugares uma explicação ou o fim para o seu sofrimento, seja ele financeiro, de saúde, desemprego, drogas, espirituais, etc. São aceitos nos cultos pessoas de qualquer religião, as portas estão abertas para quem procura ajuda. Durante o dia é comum achar algum pastor fora de horário do culto na igreja, disposto ouvir e aconselhar que os procura.
Os cultos ocorrem todos os dias da semana, e cada dia tem ênfase em um problema especifico.
Segunda – Feira: Reunião da prosperidade; terça-feira: Combate ao destruidor de sonhos; quarta-feira: Reunião dos Filhos de Deus; Quinta-feira: Terapia do Amor; Sexta-feira: Libertação; Sábado: jejum das causas impossíveis; Domingo: Encontro com Deus.
Todos os cultos seguem o mesmo paralelo, o que muda é a intensidade do culto que vai de acordo com o tema do dia e o que é procurado pelas pessoas que lá estão. Para eles tudo que ocorre de negativo na vida das pessoas ocorre por influência de Satanás. 
“ O fato é que realmente tudo quanto existe de ruim neste mundo tem origem em Satanás e seus demônios. São eles os causadores de todos os infortúnios que atingem o ser humano, direta ou indiretamente. “ (Macedo, Bispo Edir. Orixás, caboclos e guias Deuses ou Demônios? 17. ed. Rio de Janeiro. Editora Unipro. 2016, p. 123)
É sempre enfatizado que no mundo existe Deus e o Diabo e que o ser humano sofre grande influência do Diabo e que toda essas aflições ocorrem, pois a pessoa não se encontra em contato genuíno com Deus, por isso até os frequentadores da igreja que não seguem os mandamentos de Deus, não se encontram no batismo do Espirito Santo e vivem em contato com ambientes “imundos” que adoram outros Deus, santos ou guias sempre estão na companhia de demônios que são anjos que se voltaram contra Deus e utilizam os homens que são criados a imagem de Deus para destruir tudo que foi construído por ele.
Chegando na Igreja Universal em um dia de culto é possível ver alguns fiéis já se estão lá, ajoelhados nos pés dos bancos ou no chão orando silenciosamente enquanto o culto não começa, a banda toca louvores que vão recebendo todos que ali adentram e nesse momento se assemelham muito com a missa da igreja católica. O Ambiente está calmo, algumas pessoas olham com um olhar de desconfiança, misturado com admiração, alguns olham discretamente por todo o ambiente, outros não disfarçam os olhares, como se procurassem algo, podemos ver que provavelmente seja a primeira vez ali. Alguns obreiros estão ali na entrada recepcionando que chega, alguns conversam com outros fieis.
O pastor entra agradecendo a presença de todos ali, agradecendo aos que trabalham durante o culto. Ele solicita que todos se levantem e de olhos fechados orem pra Deus, agradecendo por estarem ali e pedindo perdão à Deus por estarem afastados de seus caminhos e que sejam libertos de todo o sofrimento.Durante essa oração os obreiros andam pela igreja fortalecendo a oração com palavras e gestos, todos ali estão entregues aquele momento, muitos ficam emocionados e choram, outros choram com mais fervor e isso é visto em todo momento no culto nos momentos de orações.
Após essa oração de entrada, começam a tocar os louvores que fazem parte muito importante na condução do culto, pois são louvores que falam de pessoas que sofreram e foram salvos pelo poder e pelo amor de Deus, fazendo uma grande ligação com todas as pessoas ali, pois muitas vezes transmite o que muitos estão sentindo e os enche de esperanças quando mostra que serão salvos se acreditarem em Deus. Os louvores muitas vezes são acompanhados por todos cantando juntos, batendo palmas e pés.
Acabando os louvores dão início as passagens bíblicas que são pronunciadas de acordo com o tema do culto, no dia de libertação, é comum ouvir passagens que falam de como o demônio agiu na vida das pessoas e como Jesus e seus apóstolos os livram de tal sofrimento. Fiéis que foram libertos e tiveram sua vida restaurada dão testemunhos sobre sua vida e como as influências malignas os levaram a perdição e que após a entrada na igreja e depois de frequentarem os cultos se viram livres e todas as graças concedidas por Deus e por Jesus, nessa hora é que aumenta a interação entre o pastor e as pessoas ali presente, pois sua fala é voltada aos fiéis onde solicita uma resposta dos mesmos, ouvimos sempre um “amém irmãos”. Ali se começa a se concretizar o poder da igreja e a ação do pastor contra as forças do mal.
Ele dá início as orações de libertação, que com o tom de voz sofrido e embargado, ele se ajoelha virado para Cruz no altar e pede para que Deus e Jesus libertem a todos que estão ali presentes, que eles entrem na vida dos familiares de todos e expulsem todo o mal que os cerca, nesse momento obreiros e as pessoas presentes entram na oração e começam a clamar pela libertação, muitos com pertences pessoais de parentes nas mãos, outros com carteira de trabalho, oram e dizem todos os infortúnios pelo que estão passando. A oração vai ganhando forças e é comum ver pessoas chorando, orando o mais forte que podem, uns até batem os punhos contra o peito, fazem gestos como se tivessem tirando algo de si, enquanto pronunciam “sai”. No meio de todo esse fervor de esperança e desespero começam a se revelar pessoas “possuídas” que giram, se contorcem e desafiam obreiros e o pastor dizendo “ essa me pertence e eu vou acabar com a vida dela” e outras coisas do tipo. O pastor se aproxima dessas pessoas e começam a fazer o trabalho de expulsão do demônio, as orações se tornam voltadas para aqueles que estão sendo afligidos naquele momento por forças malignas, após conseguirem expulsar o espirito maligno, todos dão graças e o culto volta a ser conduzido de maneira mais amena.
O culto já está no final, as pessoas se sentem renovadas e esperançosas e o pastor começa a falar de todo gasto que tem para manter a igreja funcionando, como conta de luz, água, limpeza e roupas para o que ali trabalham, pronunciando também o quanto Deus faz pela vida dos ali presentes e como ele vai continuar fazendo pelos que ajudarem financeiramente, pois ele deseja que todos os seus filhos sejam prósperos, abençoados e entregues a Deus. Nesse momento conseguimos ver mais claramente como funciona a teoria da prosperidade dentro daquela igreja, pois o pastor diz a seus fiéis que “dando é que se recebe” e que se você se sentiu tocado pelo Espirito Santo e fizer sua doação, Deus vai lhe prover o dobro, que se alguém foi agraciado por isso vai fazer uma doação significativa. 
Muitas pessoas doam nesse momento, muitos dão o que tem ali, pois se sentem gratos, pois sentem que precisam “dar para receber, o pastor avisa que a presença no culto é necessária para o livramento completo dos obsessores e que após livre é necessário continuar indo e se encher da presença de Deus em todos os âmbitos de sua vida para que não seja afligido pelo demônio novamente, o culto é finalizado e diz que se alguém se desejar conversar com os obreiros estão ali para escuta-los e orienta-los”.
Influências que a fé exerce no tratamento de depressão
A religião está presente na vida da maioria das pessoas desde muito tempo atrás.
Será abordado como Jung, criador da psicologia analítica, vê a religião. Vale lembrar que ele teve uma criação muito rígida e religiosa, onde acredita-se que a forma como ele enxerga a religião pode sim ter tido influência da maneira de como ele vivenciou a religião em sua própria vida.
Carl Gustav Jung, desde muito novo tem um fascínio muito grande pela religião e isso é refletido em seus trabalhos onde alguns são dedicados exclusivamente na tentativa de compreender a influência da religião na psique humana. Criado em uma família protestante, cresceu ouvindo debates entre seu pai e os pastores sobre teologia, sobre sermões e tudo isso aguçava o jovem Jung, que tentava descobrir mais sobre o Divino.
Na família de minha mãe havia seis pastores protestantes. Meu pai e dois de seus irmãos também o eram. Ouvi, portanto, inúmeras conversas religiosas, discussões teológicas e sermões. E eu dizia sempre comigo mesmo: ‘Sim, sim, tudo isto é muito belo. Mas, e o segredo? O mistério da graça também é um segredo. [...]. Eu pensava então: ‘Em nome do Céu, deve haver alguém que saiba disso! A verdade deve estar em alguma parte. ’ Vasculhava a biblioteca de meu pai e lia tudo o que encontrava acerca de Deus, da Trindade, do espírito e da consciência. Devorei livros sem encontrar o que buscava. [...] Li a Bíblia de Lutero que pertencia a meu pai. (Jung, 2006 apud Portela, Bruno O, 2013, p.47).
Jung tentava entender os fenômenos religiosos pelo olhar da psicologia e a influência que o inconsciente tem nessa formulação. A primeira obra que tratou desse assunto foi Psicologia da Religião Ocidental e Oriental, onde ele demonstra que na presença de símbolos religiosos se encontram arquétipos. Nesse livro ele explica a tipologia do pensamento, onde caracteriza a oriental como introvertido (tem o foco no mundo interior, direcionamento da libido para o interior) e o ocidental como extrovertido (tem o foco no mundo exterior/ direcionamento da libido para o exterior), essa diferença fica clara quando analisada as religiões orientais e ocidentais e as experiências vivenciadas por elas.
As religiões orientais são voltadas mais para a auto redenção, para o homem como responsável pela sua própria elevação espiritual, enquanto na ocidental podemos ver que o homem tem a igreja como instrumento para aproximação de Deus e muitas vezes dependente de sua graça e benevolência.
Ele analisa no texto Interpretações Psicológicas do Dogma da Trindade, um dos maiores dogmas cristãos a Trindade (Pai, Filho e Espirito Santo) e faz diversas críticas pois acredita que ela não leva em conta estruturas importantes para a individuação, pois não contempla toda a psique. Ele afirma que é excluído o 4° elemento importante para que seja alcançada a individuação, desconsidera os aspectos matérias e o feminismo.
A tríade é também um arquétipo, e como força dominadora não apenas favorece uma evolução espiritual, como a obriga, em determinada circunstâncias. Mas logo a espiritualização ameaça assumir um caráter unilateral e prejudicial à saúde, e neste caso o significado compensatório da tríade passa inevitavelmente para o segundo plano. O Bem não se torna melhor, mas pior, quando se exagera o seu valor, e um Mal de pouca monta se torna grande, quando se lhe não presta devida atenção e é recalcado. A sombra é uma componente da natureza humana. (Jung, 2011.v. XI/2 apud Portela, Bruno O, 2013, p.48)
Já no texto Símbolo da Transformação na Missa é destacada a importância da cerimônia religiosa como um elemento de grande força na relevância psicológica e classifica a missa como um rito de para que ocorra esse processo de individuação.
A fé pode ajudar muito no tratamento de qualquer enfermidade,ter algo maior a que se apegar é muito importante nesse processo.
É como se não pudéssemos negar a existência de Deus. Segundo Leonardo Boff, (Experimentando Deus: A transparência de todas as coisas. 2ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2012, p. 48) “Deus não pode ser banido nem do mundo nem da linguagem. Ele se faz presente no próprio ato de querer bani-lo. ”
Nos subitens abaixo serão apresentadas as influências positivas e negativas que a prática da fé protestante neopentecostal no Brasil exerce sobre o tratamento de pacientes com depressão.
4.1. Influências positivas
A fé dos seguidores pentecostais não se difere da fé exposta por outros segmentos religiosos, onde acredita-se que a fé é uma convicção total em algo ou alguém, mesmo que não se comprove a existência do mesmo. 
De acordo com Rudolf Otto (O Sagrado. Tradução Prócoro Velasques Filho. São Bernado do Campo: Editora Imprensa Metodista, 1985, p. 13) “Um Deus compreendido não é um Deus." 
Desde a antiguidade, as religiões eram essenciais para comunidade. Como ela sempre existiu, não se pode ser encarada como acidente evolutivo. 
A depressão é uma mensagem de que há muito tempo algo vem morrendo, de dentro para fora nas nossas vidas. Acreditar no tratamento em si e na recuperação é extremamente importante. 
O motivo da depressão não é falta de fé. Vale colocar a fé como algo que pode contribuir no tratamento da doença. Isso porque a confiança em Deus ajuda os seres humanos a terem esperança, coisa que falta na vida de uma pessoa afetada pela depressão. 
Uma das principais funções da religião é entender que a vida tem um sentido e justamente este entendimento ajuda a evitar e a tratar a depressão. 
Isso quer dizer que a pessoa irá olhar para os eventos da vida como algo maior. 
Segundo Jung, ciência e religião são posições distintas, pois para ele, a religião é uma experiência individual e que não deve ser julgada, já a ciência entra com estudos que se preocupam em explicar os fenômenos religiosos, porém como não existentes, fica o impasse entre religião e ciência. 
Baseando-se no que Jung expôs no livro Vida Simbólica, volume I, é claro perceber que a ciência tenta por diversas formas concretas explicar a religião, porém como a religião é uma experiência espiritual e individual, entendemos que não poderá ser explicada de forma palpável. Jung diz: “Enquanto vivemos nessa crença, ela será verdadeira e tudo que vive nessa terra é verdadeiro. Assim o dogma cristão é verdadeiro, mas verdadeiro que possamos imaginar”. (Jung, Carl G. Vida Simbólica vol. I. Petrópolis: Editora Vozes, 1981, p 308) 
Existem relatos de pessoas que frequentam cultos e contam suas experiências ou testemunhos, onde após uma sequência de perdas e mudanças, incluindo a morte de um ente querido, entraram em depressão. Mas que foi através da fé em Deus, ajuda da comunidade, eventos espirituais e o tratamento médico que a depressão foi superada. 
Foi comprovado em estudos que a prática de atividades religiosas, sejam elas quais forem promovem bem-estar psicológico não só nos casos de depressão, mas em outras doenças. 
Na última década, uma série de estudos mostrou que os benefícios da fé à saúde têm embasamento cientifico, sendo assim, a religião pode contar com o auxílio da medicina nos casos depressivos, pois os estudos mostram que a oração e a espiritualidade têm forte influência na prevenção e cura da doença. 
Segundo Talitha Moya (Cada vez mais pessoas recorrem à religião para curar depressão. 2004.): 
Cada vez mais, pessoas recorrem à religião para sair da profunda tristeza que assola de forma assustadora crianças, jovens e adultos. Segundo estudos recentes, espiritualidade e a religião protegem o cérebro contra o quadro depressivo. 
Geralmente a liderança espiritual orienta à procura de um profissional, mas também solicita para que o fiel não se esqueça do espiritual, porque irá ajudar fortalecer o espírito e através desse fortalecimento espiritual, será menos doloroso suportar os sofrimentos ocasionados pela depressão. 
Há alguns líderes religiosos que ao longo dos seus discursos, relatam histórias bíblicas sobre homens de fé, que lutaram em momentos de profunda escuridão existencial que é semelhante a um quadro de depressão. Mostrando ao depressivo que é possível vencer com a fé e o tratamento. 
A bíblia não usa a palavra “depressão” e sim deprimido, de coração partido, problemático, miserável e desesperado. 
Um dos homens citados como exemplo foi Jonas que fugiu de uma ordem de Deus para outro lugar e devido às circunstâncias pede a morte.
“Peço-te, pois, o Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver”. (Jonas 4.3)
Por esse relato e muitos outros citados na bíblia podemos afirmar que a depressão vem de muito tempo. A angústia, os questionamentos que muitas vezes nos levam para um estado depressivo vem desde a época de Cristo. O próprio Cristo sofreu, quando disse: “Pai afasta de mim esse cálice”. Dizendo: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua”. (Lucas 22.42) 
Na atualidade existem instituições bem preparadas que se preocupam com a qualidade de vida dos fiéis, então para isso eles preparam seus estudos bíblicos aliados a conceitos científicos dando exemplos também de personagens bíblicos que sofreram com tais sentimentos que eles caracterizam como “enfermidades da alma”. 
Sabemos que muitas pessoas usam a religião e as crenças espirituais para ajudá-las a combater a doença, pode-se dizer que elas usam como escudo, e acabam adaptando-se melhor as novas situações, tendo menos ansiedade e mais esperança. 
Para muitas pessoas, é através da religiosidade que elas buscam consolo, força e sentido para a vida. 
Pode-se dizer que a prática da oração, meditação na bíblia auxilia o depressivo, reduzindo a solidão, a sensação de isolamento, impedindo de ficar remoendo os seus problemas e assim, aprendendo a lidar dia-a-dia com eventos negativos.
4.2. Influências negativas
Será exposto como um determinado segmento religioso pode produzir uma influência maléfica no cristão portador de depressão.
Antes, é importante salientar que Deus não se enquadra nas características do que é considerado ciência. Segundo Boff (2012, p. 27), “Não podemos prever a intervenção de Deus. Daí não podermos enquadrar Deus nos moldes de nosso paradigma científico”.
Fica muito claro que Deus e medicina são opostos, porém o que se pretende afirmar é que mesmo distintos, ambos podem se ajudar.
Algumas das denominações evangélicas são resistentes quando o assunto é depressão. Essa resistência é ainda mais forte quando lhe é sugerido que um de seus fiéis procure um acompanhamento psicológico/ médico.
Quando uma doença é considerada de cunho espiritual, acredita-se que somente Deus é capaz de curar.
Ao pesquisar esse amplo campo do Neopentecostalismo, a maioria das igrejas não deixa que sua postura contra o tratamento da depressão fiquei tão visível à todos, isso é muito enrustido.
Na busca por informações, ao entrar em contato, através de um chat, com a Igreja Universal do Reino de Deus, um dos interlocutores deixou muito claro que a depressão é uma influência maligna e somente indo à igreja a pessoa poderia ser curada.
É alarmante essa situação, pois em dias onde as pessoas cada vez mais se abrem para o novo, ainda existam instituições que agem dessa maneira e acabam influenciando a maneira que seus seguidores enxergam esse aspecto também.
Na conversa com os obreiros somos orientados a frequentar o culto de libertação sempre por um período sem intervalos e se por um acaso falte em um dia de culto, a contagem começa do zero. Conversando com alguns pastores e obreiros sobre depressão ou alguma doença de fundo psíquico e até mesmo problemas financeiros, conseguimos ver que para eles é algo muito mais espiritual do que mental, físico ou de crise. Eles afirmam que pessoas que já mantiveram contato com religiões pagãs, umbanda, espiritismo sofre de problema espiritual e que sua família tambémse encontra sobre essa influência e que mesmo pessoas que cresceram dentro da religião, mas não se dedicam as vontades de Deus, não são batizados pelo Espirito Santo ou tenham contato com as coisas do mundo (bebida alcoólica, casas de show, músicas de conteúdo sexual ou que vá contra a vontade de Deus), estão sensíveis as ações demoníacas.
Existem alguns sintomas de possessão, são elas, segundo Macedo (Orixás, Caboclos e Guias- Deuses ou Demônios- p 78-79- 2016): 1- Nervosismo; 2- Dores de cabeça constante; 3- Insônia; 4- Medo; 5- Desmaios ou ataques; 6- Desejos de suicídio; 7- Doenças que os médicos não descobrem a causa; 8- Visões de vulto ou audição de vozes; 9- Vícios e 10- Depressão. 
Muitos dos sintomas que vemos ali como sinal de possessão são sintomas de doenças psicossomáticas como esquizofrenia, alguns sintomas fazem parte de um quadro depressivo grave e por mais que se afirme que nem todas as pessoas que tem esses sintomas esteja possuída pode dificultar um diagnóstico e até mesmo atrasar o tratamento por psicólogos e psiquiatras.
Eles acreditam que existem possessões parciais e totais, onde a pessoa pode ter o corpo todo em influencia demoníaca ou somente em uma parte do corpo, espíritos que se apossam de germes para poder atuar no corpo de uma pessoa e lhe fazer mal, nesse caso a pessoa é considerada doente pela ação do espirito, mas não está possuída. 
Que os demônios geralmente causam três tipos de doenças: doenças mentais, doenças físicas e doenças espirituais. E que os demônios atacam a mente de duas maneiras: 
No intelecto: provocando o ego e a inteligência, fazendo que a pessoa procure uma explicação cientifica, filosófica ou material, onde a pessoa se utiliza mais a razão do que algo espiritual para os acontecimentos. Utilizando do orgulho e da vaidade, para que as pessoas procurem no ocultismo, estudos esotéricos soluções para os problemas e as dúvidas do dia a dia.
“(...) acabam em um sanatório ou consultório de Psiquiatria, tendo a mente danificada ou totalmente estragada. ” (Macedo, 2016, p.129)
Ataques direto: Onde a criança antes de nascer já está prometida aos demônios pelos seus pais ou algum familiar próximo, onde são oferecidos aos cuidados dos demônios e que isso é passado de geração para geração. Fazendo que a pessoa cresça perturbada por essas forças. E também as doenças espirituais que são aquelas que tem os sintomas de enfermidades, mas que os médicos não conseguem diagnosticar a causa e na busca da cura passa de médicos em médicos e não descobre a causa.
O paciente muitas vezes se aborrece, e duvida da capacidade daquele médico. Consulta muitos outros, não obtendo o resultado esperado em nenhum deles. Às vezes, os médicos encaminham tal pessoa para especialistas, supondo ser tal problema de origem psicológica, e nada... (Macedo, 2016 p.131).
Hoje sabemos que diversas doenças são causadas por causas congênitas ou por alguma deficiência imunológica e por mais que a ciência esteja muito avançada, ainda existem muitas que só existem tratamentos para que as pessoas tenham uma vida mais próxima da normal, mas sem cura. Isso também ocorre nos casos de depressão onde alguns casos é necessário o acompanhamento de um psicólogo, mas em outros casos um tratamento em conjunto do psicólogo e o psiquiatra onde o remédio auxilia na terapia e vice e versa. A família e as pessoas próximas devem auxiliar na vida do indivíduo com depressão, entendendo o que é a doença e não tratar como frescura. 
Muitas vezes a religião é um ótimo auxilio no tratamento de casos depressivos, pois faz com que a pessoa se sinta parte de algo maior e muitas vezes se ocupando de atividades dentro da igreja, fazendo com que ela se sinta útil na vida de outras pessoas, mas não se pode querer que a pessoa abandone o tratamento e deixe sua cura somente nas mãos da igreja, pois quando houver questionamentos ou dúvidas sobre os dogmas da igreja e em como sua vida está sendo conduzida, isso introduza a pessoa em um quadro mais grave da doença.
Na Igreja Universal do Reino de Deus, depressão e pensamentos suicidas são considerados possíveis sinais de depressão e que a pessoa para se ver livre da possessão deve seguir dez passos muito importantes pois em direto contato com Deus e entregue a ele, ela deixa de ser alvo das forças malignas. Os dez passos para a libertação são: 1- Aceitar, de fato, o Senhor Jesus como único salvador; 2-Participar das reuniões de libertação; 3- Ser batizado; 4- Buscar o batismo no Espirito Santo; 5- Andar em santidade; 6- Ler a Bíblia diariamente; 7- Evitar más companhias; 8- Frequentar reuniões de membros; 9- Ser fiel nos dízimos e nas ofertas e 10- Orar sem cessar e vigiar.
Diferente do estado de tristeza (comum e normal a muitas pessoas em determinadas fases da vida), a depressão é um problema de origem neurológica podendo ser provocada também por fatores internos como genética e desordens hormonais.
É um mal que acomete muitas pessoas na atualidade e todos nós estamos vulneráveis a tais sentimentos em algum momento ou outro na vida.
A depressão pode ser ligeira ou mais grave sendo nos primeiros casos passageira e caracterizada por sintomas como ansiedade, alterações de humor e choro sem motivo.
No caso de uma depressão mais grave os sintomas demoram mais para ir embora e são mais intensos deixando indivíduo sem vontade de fazer nada tornando-o improdutivo e vulnerável.
Dentro da Igreja Neopentecostal Paulista por muitas vezes vemos esta doença atrelada a demônios, pecado, ira de Deus ou falta de fé. Infelizmente muito fieis acometidos por esse mal acabam deixando de se tratar na esperança de alcançarem a cura e a remissão de suas transgressões.
O pastor Augustus Nicodemos, por exemplo, defende que todos os males que possam estar sobre a sociedade e os indivíduos cristãos são causados diretamente por ações demoníacas e que essas forças do mal, são as causadoras de toda dor, sofrimento e miséria que encontramos ao nosso redor.
Essa visão é um tanto quanto arcaica, pois lida de maneira preconceituosa com a doença mental que é a depressão.
Por exemplo, a igreja não encara um portador de diabetes, ou de doença cardíaca como “endemoniado pecador”!
Na própria bíblia vemos casos de depressão como a do Rei Saul que sofria de uma profunda angustia e tristeza, ou Jó que perdeu todas as suas posses e família desejando até mesmo a morte.
Se essa doença foi capaz de atingir homens considerados tão próximos de Deus, significa que ninguém está livre desse mal.
Considerações finais
Ter tido a oportunidade de nos aprofundarmos nesse tema, nos trouxe mais experiência que levaremos como bagagem para a vida profissional. É importante que o profissional que lida com casos depressivos entenda esse outro ponto de vista daqueles que acreditam que estão acometidos por esse mal, graças à alguma má conduta espiritual ou falta de fé.
Ficou claro que nosso papel, como futuros psicólogos é trazer esses pacientes à lucidez e utilizar o melhor tratamento possível para essa doença que a cada dia assola mais e mais pessoas.
Obtivemos como resultado, que embora tivéssemos como conhecimento prévio pelo senso comum que muitas igrejas evangélicas são contra os tratamentos psiquiátricos, terápicos e medicamentosos, através desta pesquisa entendemos que esse número de igrejas é muito menor do que se pode imaginar. Atualmente, a maioria das denominações evangélicas neopentecostais estão mais abertas à ação da medicina e psicologia, isso muito nos alivia, porém a Igreja Universal do Reino de Deus, que foi a que escolhemos como tema central da pesquisa, ainda enxerga a depressão como uma atuação demoníaca.
Embora o número de casos de depressão tenha aumentado muito nos últimos anos, as pessoas estão mais disponíveis e dispostas a se tratar dessa enfermidade, o que é um avanço considerável. O que resta aos profissionais de saúde mental é se atentarem a essas pessoas influenciadas por influências retrógradas de líderes religiosos e tentar trazê-las parao lado da ciência/ medicina, sem jamais minimizar a influência considerável que a fé exerce no processo de cura.
REFERÊNCIAS
 
Artigos:
 
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Livros:
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BOFF, Leonardo. Experimentando Deus: A transparência de todas as coisas. 2ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 2012.
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Publicações on line:
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Revistas:
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