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TCC FINAL

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A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NOS DIAS ATUAIS
 
 PINHEIRO, Suzane[1: Aluna do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso 08/2017.]
 RU: 1020719
 RICETTI, Rogéria Maria[2: Professora Orientadora no Centro Universitário UNINTER.]
RESUMO
Neste artigo foi abordado questões referentes a metodologia utilizada na Educação de Jovens e Adultos, uma clientela que tem um passado de exclusão, de sofrimento, e que busca um novo começo para sua vida e sua família, e que precisa de uma metodologia criativa para conseguir alcançar seus objetivos, neste sentido foi abordado questões sobre a postura do professor frente a alunos com uma enorme bagagem de conhecimentos, alunos que precisam aprender além dos códigos da leitura e da escrita, precisam aprender a pensar, refletir, analisar se impor... Foi realizada uma breve retrospectiva sobre a história da EJA no Brasil e a vasta contribuição que Paulo Freire deixou pra Educação de Jovens e Adultos, a qual sempre enxergou como uma maneira de acabar com as desigualdades sociais, Paulo Freire ensinava emancipando, em uma prática onde alunos e professores aprendem juntos, trocando experiências. A metodologia escolhida para a realização deste estudo foi a indutiva, também foi feita uma pesquisa bibliográfica, onde foram consultadas obras de Paulo Freire e de outros autores que contribuíram para uma Educação de Jovens e Adultos mais significativa.
Palavras- chave: Educação de Jovens e Adultos. Alunos. Paulo Freire.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve como um dos objetivos Compreender e analisar as funções do professor no processo de Formação de Jovens e Adultos contribuindo para um repensar do educador, fazendo o mesmo refletir sobre sua prática pedagógica, especialmente como formador de cidadãos cônscios de seu papel na sociedade, uma vez que é ele o responsável por ajudar o aluno durante essa caminhada em busca de novos conhecimentos, auxiliando o aluno da EJA a compreender a importância dessa volta pra escola, que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas o final será compensador, com conhecimento significativo, visão clara de mundo e pensamento crítico, é possível realizar sonhos e ser o cidadão que a sociedade atual exige.	 
A educação tem sido reconhecida como uma prática que é necessária para a vida social. Para Paulo Freire (1994, p.47), “a educação não é uma doação ou
Imposição, mas uma devolução dos conteúdos coletados na própria sociedade, que depois de sistematizados e organizados, são devolvidos aos indivíduos na busca de uma construção de consciências críticas frente ao mundo”.
Neste sentido, o objetivo central desse estudo foi colocar o aluno adulto, aquele que no passado foi excluído, humilhado, deixado de lado, como a cereja do bolo, como cidadão que tem direito de adquirir conhecimentos, mudar sua visão de mundo, seu modo de tratar de certos assuntos, lutar por uma vida mais digna, conseguir um emprego melhor e ser um cidadão do mundo.
Para a elaboração deste artigo optamos pela pesquisa bibliográfica, através de estudiosos que tratam a EJA como uma modalidade de transformação, de emancipação, entre os estudiosos, se destaca Paulo Freire, o mais célebre e ilustre educador de todos os tempos, pois nunca se cansou de sonhar e lutar para que todos tivessem acesso ao conhecimento, suas ideias deram fundamento para esse estudo.
2 A EJA NO BRASIL E PAULO FREIRE
Segundo Freire (1987, p.87) a educação de jovens e adultos, é uma modalidade do ensino fundamental e do ensino médio, não é uma modalidade nova, ela possibilitou que os alunos tardios, seja ele jovem ou adulto pudessem terminar seus estudos.
Essa modalidade de educação teve origem no período colonial. Nessa época somente as classes médias e altas tinham acesso ao conhecimento nas poucas escolas que existiam, muitos alunos recebiam atendimento escolar em casa e a classe desfavorecida em todos os aspectos era excluída do processo educativo, pois na visão da elite para realização de trabalho árduo e pesado não havia a necessidade de escolaridade.
Os primeiros educadores foram religiosos que se preocupavam com a propagação errônea da fé cristã e dos costumes como forma de alfabetização das comunidades indígenas, ensinavam normas, bons modos, bons comportamentos, e religião, mas a educação acontecia de forma oral, pois os alunos não sabiam ler nem escrever. 
Nesta época era inexistente as diligências do governo que priorizavam a educação como um todo, muitas vezes o investimento neste sentido era tido como já desnecessária visto que um cidadão educado é um cidadão desenvolvido e o foco do nosso país foi manter a falta de instrução para exploração e escravidão de muitos trabalhadores, como dizia Freire (1987, p.89):
 
A classe dominante jamais iria desenvolver uma forma de educação que permitisse que a classe dominada pudesse refletir sobre as injustiças sociais, que ocorria no país, e muito menos permitir que as pessoas exploradas refletissem de forma crítica sobre a conjuntura política da época. (FREIRE,1987).
Para a elite quanto mais cidadãos analfabetos políticos existissem, melhor seria a manipulação e a exploração de trabalho escravo. No início do século 20, com o avanço da tecnologia e desenvolvimento tecnológico e a revolução industrial, houve a necessidade da valorização do humano e o governo começou a investir no processo de educação de jovens e adultos, com inúmeras metodologias. 
Em 1940, mais de 50% da população com a faixa etária de 15 anos eram jovens e adultos analfabetos, esses elevados níveis de analfabetismo passaram a preocupar, levando a administração pública a promover projetos voltados para a sociedade de adultos que não sabiam ler e escrever dentre as iniciativas governamentais dessa época estão a Campanha Nacional de Alfabetização, a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) o Primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos e o primeiro seminário Internacional de Educação de Adultos.
Em 1945 logo após a segunda guerra mundial o processo de educação foi fortificado com o surgimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO, cujo um objetivo específico era modificar esse quadro de analfabetismo entre jovens e adultos. 
Em 1947 durante a administração de Eurico Gaspar Dutra, em 1947, ocorreram as primeiras campanhas sobre essa temática e a principal foi a Campanha de Educação de Adultos, que visava revolucionar a alfabetização de alunos tardios melhorando sua qualidade de vida.
Todo esse processo de extermínio ao analfabetismo trouxe a comparação que se a maior parte da sociedade for analfabeta o país não entraria no ranking dos países desenvolvidos.
Foi somente nas décadas de 1950 e 1960 que se visualizou um avanço significativo no que diz respeito à organização e a concepção de educação de jovens e adultos no país. 
Podemos dizer que um novo referencial teórico-metodológico foi viabilizado a partir da marcante atuação do educador Paulo Freire e de suas ideias na mobilização de movimentos como o Movimento de Cultura Popular do Recife, o movimento de Educação de Base (MEB), da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a Campanha do Pé no Chão também se Aprende a Ler em Natal e os Centros Populares de Cultura vinculados à União Nacional dos Estudantes (UNE). 
Esses movimentos disseminaram a uma nova concepção de educação de jovens e adultos proposta por Paulo Freire. 
Segundo Moura (1999, p. 28) o autor relata que Freire sempre quis:
Uma educação que estimulasse a colaboração, a decisão, a participação e a responsabilidade social e política. Explicava o respeito ao conhecimento popular, ao senso comum do trabalhador, quando defendiaa categoria do saber aprendido existencialmente pelo conhecimento vivo dos problemas do trabalhador e de sua comunidade, como ponto de partida da prática pedagógica (MOURA, 1999).
Com suas experiências de alfabetização de adultos nessas décadas, Paulo Freire conseguiu apresentar uma proposta de alfabetização que superava a concepção reducionista que considerava a alfabetização uma simples aquisição de uma técnica. 
Sua maior contribuição foi estabelecer a compreensão de que aprender a ler e a escrever pressupunha aprender a ter visão de mundo. Suas experiências no Nordeste Brasileiro, principalmente nas cidades de Angicos e Mossoró, no Rio Grande do Norte, demonstraram a possibilidade de se ensinar o adulto a partir das suas vivências e do seu cotidiano.
Para Freire (1887, p.7) o autor revela o seguinte raciocínio:
A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo. E aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. Ademais, a aprendizagem da leitura e a alfabetização são atos de educação e educação é um ato fundamentalmente político (FREIRE, 1887).
O autor defendia uma educação libertadora, que ia além da leitura e da escrita, segundo ele, ensinar a população a ler e a escrever é muito mais do que apenas enquadrar o Brasil na lista de países com baixos índices de analfabetismo, mas sim possibilitar que esses sujeitos sejam donos de sua própria história, sujeitos ativos, criativos, conscientes de seus direitos e deveres na sociedade, permitir que eles conheçam sua dura e cruel realidade, para que tenham força e coragem para transformá-la. 
Segundo Aranha (1996, p.209):
Ao longo das mais diversas experiências de Paulo Freire pelo mundo, o resultado sempre foi gratificante e muitas vezes comovente. O homem iletrado chega humilde e culpado, mas aos poucos descobre com orgulho que também é um “fazedor de cultura” e, mais ainda, que a condição de inferioridade não se deve a uma incompetência sua, mas resulta de lhe ter sido roubada a humanidade. O método Paulo Freire pretende superar a dicotomia entre teoria e prática: no processo, quando o homem descobre que sua prática supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, de certa forma. Percebendo – se como sujeito da história, toma a palavra daqueles que até então detêm seu monopólio. Alfabetizar é, em última instância, ensinar o uso da palavra. (ARANHA,1996).
No ano de 64 muitos projetos e propostas foram paradas por representarem uma ameaça ao governo. Existiu um grande processo de repressão social através da ditadura militar gerando inúmeros protestos e manifestações em defesa da liberdade de expressão. 
Em 1967 houve o exilio do mestre Paulo Freire quando a os representantes governamentais apresentaram a criação do programa de alfabetização de alunos tardios criando o Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, voltado para a população analfabeta com faixa etária de 15 a 30 anos.
Com uma alfabetização funcional que não desenvolvia o senso crítico e questionador, nem uma educação transformadora, pois a educação era baseada nos interesses políticos daquela época, O MOBRAL se expandiu nos anos 70 e acabou sendo obliterado aproximadamente em 1985, logo após houve a substituição pela Fundação Educar, que funcionava com o apoio de organizações não governamentais e de instituições privadas e que pouco ou quase nada contribuiu para o avanço do processo educativo de jovens e adultos do nosso país. 
Segundo a Constituição de 1988 foi decretada uma lei que prescrevia que todos os governantes dos estados deveriam garantir o processo educativo dos estudantes tardios. 
A partir dos anos 90, essa lei entrou em vigor e iniciou o processo do EJA - Educação para Jovens e Adultos, sendo que em alguns artigos era visível que o grande obstáculo foi estimular políticas metodológicas que possibilitassem a participação mais ativa do aluno tardio. 
Ao analisarmos a história da EJA no Brasil percebemos que sempre houve uma preocupação por parte dos educadores e das entidades não governamentais, sendo que para esses a principal causa das desigualdades sociais era o analfabetismo, por isso lutaram, se mobilizaram e muito contribuiram para que todos os analfabetos pudessem ter uma educação de qualidade, para que pudessem sonhar com tempos melhores para si e sua família.
Todas as leis existentes sobre essa temática foram postas em prática depois de muita pressão e luta por parte dos educadores, pois, se todos os governos que tivemos até hoje em nosso país tivessem olhado pra EJA com o mesmo olhar, com a mesma preocupação e com a mesma esperança que Paulo Freire, certamente no Brasil não existiria nenhuma pessoa analfabeta e as desigualdades seriam diminuídas e extintas. 
2.1 O PROFESSOR E A METODOLOGIA DA EJA
Para Freire (1997, p. 59) o autor revela que “o bom professor é aquele que se coloca junto com o educando e procura superar com o educando o seu não saber e suas dificuldades, com uma relação de trocas onde ambas as partes aprendem. ” 
 A troca de conhecimentos é um ponto bastante importante e gera um processo muito produtivo em uma turma de EJA, onde o professor jamais pode se portar como o único conhecedor, isso ficou no passado.
Continuando com Freire (1987, p.60) o autor revela que “ninguém ensina ninguém, mas ninguém aprende sozinho, as pessoas se educam entre si mediatizados pelo mundo”. Ou seja, o professor possui suas habilidades e o aluno da possui as suas, como podemos exemplificar, um indivíduo que exerce a profissão de pedreiro pode ser analfabeto, contudo no seu âmbito profissional este mesmo sujeito se torna mestre em sua profissão e é nessa troca de conhecimentos é a chave para o sucesso do aprendizado.
Sabemos que a Educação de Jovens e Adultos é uma pratica de caráter educacional, mas também devemos concordar que possui um caráter político, pois a clientela dessa modalidade são pessoas que se sentem desvalorizadas pela sociedade, e realmente foram excluídas, deixadas de lado, sem grandes perspectivas de trabalho bem remunerado, a maioria são trabalhadores, donas de casa, mães solteiras, jovens que querem uma nova história de vida, querem cursar uma faculdade, estão procurando uma melhor colocação no mercado de trabalho, e a função da educação é resolver esse problema de exclusão, corrigir essa falta de autoestima, esse sofrimento, e dar uma nova esperança para essas pessoas lutadoras e sonhadoras.
Ou seja, é o professor, a pessoa que vai abrir novos horizontes na vida desse aluno ajudando na realização desse sonho ou destruí-lo se não souber como lidar com essa clientela.
Sabemos que hoje em dia tudo muda muito rápido, tudo se transforma com uma velocidade incrível e com a educação não é diferente, o professor precisa estar sempre antenado, saber a hora e o momento de extrair o conhecimento que o aluno possui passando confiança para o aluno e respeitando seu ritmo de aprendizagem.
Segundo Gadotti (2003, p. 59) o autor relata que a formação do professor deve ser permanentemente e sistematizada, porque a prática faz e se refaz de modo continuo.
 Essa colocação demonstra exatamente o que foi abordado anteriormente, nada é permanente, tudo se transforma e o bom professor precisa sempre refletir sobre sua pratica educativa e buscar novos conhecimentos, novos métodos, sempre buscar estar atualizado, para poder ser o suporte que os alunos precisam, nunca esquecendo que ele é o espelho para seus alunos, então precisa cultivar sempre bom humor, esperança, solidariedade, honestidade, perseverança e respeito.
Segundo Lemos (1999, p.25) o autor define que:
O professor precisa conhecer as bases de nossa cultura, o desenvolvimento do capitalismo, os movimentos sociais, as condições de vida das populações no passado, sua cultura material e suas ideias, a música de Beethoven, o cinema de Charles Chaplin, a literatura de Machadode Assis e por aí afora. (LEMOS,1999).
Essa citação deixa claro que o professor precisa saber muito mais do que dominar os conteúdos do livro, ele precisa saber ler o mundo, ter um bom conhecimento cultural e saber repassar esse conhecimento aos alunos.
Reconhecer que não existe um método garantido, uma fórmula mágica, o aluno vai ter maior interesse em assuntos que possam lhe ajudar no seu dia a dia, em assuntos relacionados com a situação em que vive, cabe ao educador vencer o obstáculo de unir teoria e prática. 
Os educadores da metodologia EJA necessitam compreender que os estudantes que procuram a instituição educacional para melhorarem sua qualidade de vida, junto com sua autoestima.
Continuando com Lemos (1999, p. 25) o autor aborda que “em síntese, pode-se inferir que o maior motivo da procura da escola é a necessidade de fixação de sua identidade como ser humano a ser social”.
O adulto analfabeto se sente excluído do mundo, não consegue ler um anúncio, pegar um ônibus, quem dirá preencher uma ficha para vaga de trabalho, ele volta para escola na esperança de ser incluído nesse mundo novamente podendo fazer parte de um meio social novamente.
Segundo Steyer (2006, p. 40) a metodologia da EJA é importante para que os alunos sintam motivação em frequentar as aulas, evitando a fuga dela. Sabemos que a vida do professor não é nada fácil, além do cansaço e do fato de ser pouco valorizado pelo poder público, na maioria das vezes sua rotina é trabalhar de dia com crianças e de noite com adultos, fato que exige muita atenção para que não repita as mesmas atividades sendo que as classes são distintas, pois:
Se a criança está “conhecendo o mundo ”, o adulto das classes da EJA já vive nela há décadas. Não é possível desconsiderar toda essa ampla e longa experiência, que a criança não tem, e propor as mesmas atividades que são propostas para as crianças. Não é possível apresentar atividades com “bonequinhos” ou “bichinhos”, ou textos infantilizados, para adultos que vivenciam diariamente as agruras da sua sobrevivência e da sua família. Não é possível que os pais (ou avós), no turno da noite, façam as mesmas atividades que seus filhos (ou netos) fazem durante o dia. (STEYER,2006).
	A criança vai para escola buscando aprender o modo de se relacionar com o mundo, desenvolvendo sua formação social. Enquanto que o adulto já possui uma certa experiência e convive diariamente com os diferentes âmbitos sociais.
Seja na família, na religião, no trabalho, o adulto quando volta para escola é na maioria das vezes em busca de melhores perspectivas e qualidade de vida.
Ao citarmos a vivência da turma de EJA da Escola Murian Piovesan de Lima, localizada na cidade de Machadinho no estado do Rio Grande do Sul.
Temos alguns exemplos de indivíduos que modificaram seu modo vivente a partir da escolarização tardia, podemos citar uma idosa que aos 70 anos realizou o sonho desde infância que era aprender a escrever seu nome.
Muitas pessoas que fazem parte das turmas de EJA são idosos que já passaram da casa dos 50 anos e com toda a dificuldade de assimilação, se dedicam para aprenderem o básico do processo educativo, estamos falando de ler e escrever.
Alguns professores lidam com esses pequenos detalhes com certa indiferença. O exemplo citado neste estudo nos mostrou que alguns professores apenas aplicavam o conteúdo sem ao menos perceber se o conhecimento estava sendo gerado. 
Para desenvolver um aprendizado significativo, o professor precisa conhecer a realidade do seu aluno, saber sua história de vida, sua religião, seus sonhos, suas dificuldades, seus medos, seus fracassos para que isso juntamente com o currículo escolar, possibilite um processo transformador no aprendiz e todos ao seu redor.
Segundo Freire (1996, p.46) o autor revela que:
 A solidariedade social, política é necessária para a construção de uma sociedade mais bonita e menos arestosa, conduzindo a práticas democráticas desejadas e de importância. Daí também a necessidade de os professores terem atitudes e atos que conduzam os alunos à defesa de seus direitos e ao exercício de seus deveres. (FREIRE, 1996).
No cenário atual o grande desafio para os professores é seguirem uma metodologia transformadora, capaz de tornar o aluno dono da sua própria história, com capacidade de refletir politicamente, formar suas próprias opiniões, sem interferências sociais e midiáticas.
A característica dos alunos de uma turma de EJA é o alto desempenho em disciplinas específicas e exatas em contraste quando o aprendiz se depara com disciplinas que possibilitem uma reflexão sobre a vida social temos um grande desestímulo por parte dos mesmos, pois não conseguem comparar a ideologia apresentada pelos professores com sua realidade. 
O professor precisa usar uma linguagem simples e acessível, aplicar debates em sala de aula, trazer sempre temas atuais e críticos gerando interesse de todos, deixando que o aluno exponha suas ideias, suas opiniões.
Deste modo a educação passa a ser transformadora permitindo que o aluno deixe seu medo e sua insegurança de lado e se expresse, falando tudo aquilo que tiver vontade, exercendo seu direito de cidadão livre.
Segundo Freire (1996, p.9) "Ás vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. ”
	O verdadeiro papel do professor é auxiliar o aluno a pensar e a ser crítico e não o tornar uma máquina, esse aluno que voltou para escola depois de tantos anos, tem um mundo de coisas para aprender e o professor o guia desse processo.
Continuando com Freire (1996, p.27) "A importância do papel do educador, o mérito da paz com certeza de que faz de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo." 
Um professor pode fazer toda diferença na vida de um aluno, quando este é tratado com respeito tendo vez e voz na sala de aula, com certeza se tornará um ser humano reflexivo, com ideias de mudanças e sempre irá lutar para conquistar seus objetivos.
Contudo quando o professor se mostra rude ao aluno dar sua opinião e o mesmo pede silêncio, esse fato gerará insegurança, baixa autoestima junto com sentimento de menos valia, rejeição e humilhação.
Para Silva (2009, p. 77) a diversidade cultural e diferenças étnicas são outros fatores que devem ser trabalhados em sala de aula, o aluno adulto tem uma vida inteira de superstição, crenças, religião e o professor precisa respeitar essas escolhas e garantir que os demais também respeitem, incluindo-os socialmente.
Outra característica importante e bastante significativa nas turmas de Educação para Jovens e Adultos está no fato de haver muito preconceito e racismo, crenças limitantes e padrões de comportamento machista provenientes de uma sociedade patriarcal.
Este cenário conturbado gera para o professor a responsabilidade de fundir o conservadorismo com a modernidade sem agredir emocionalmente, moralmente e intelectualmente seus alunos.
2.2 O ALUNO DA EJA, SEUS SONHOS E SUAS ESPERANÇAS.
Segundo Arroyo (2006, p.28-29) o autor descreve as características da demanda da Educação para Jovens e Adultos da seguinte maneira:
Desde que EJA é EJA esses jovens adultos são os mesmos: pobres, desempregados, na economia informal, negros, nos limites da sobrevivência. São jovens e adultos populares. Fazem parte dos mesmos coletivos sociais, raciais, étnicos culturais. O nome genérico: educação de adultos oculta essas identidades coletivas. Trata-se de trajetórias coletivas de negação de direitos, de exclusão e marginalização; consequentemente a EJA tem de se caracterizar como uma política afirmativa de direitos de coletivos sociais, historicamente negados, tem de ir além das formas genéricas de tentar garantir direitos para todos. Trata-se de direitos negados historicamente. (ARROYO, 2006).
Sabemos que a maioria da clientela da Educação para Jovens e Adultos são jovens adultos, aposentados, trabalhadores do chão de fábrica, desempregados, mães solteiras, portadores de necessidadesespeciais, moradores de favelas e comunidades localizadas nas grandes periferias.
São indivíduos oprimidos e excluídos que abandonaram a escola não por sua vontade, mas por causa de um sistema educacional e político falido e injusto que favorece a parcela da sociedade que tem melhores condições monetárias, fazendo da educação mais uma ferramenta para elitizar o povo brasileiro.
A classe mais vulnerável há muitos anos deixa de frequentar a escola para poder ajudar no sustento da família, e devido a conjuntura atual eles estão convencidos que sem estudo não são valorizados no mercado de trabalho.
 A modalidade da EJA facilita a vida desses cidadãos que buscam aumentar seus conhecimentos. Continuando com Arroyo (2006, p.35) o autor revela que:
Essas diferenças podem ser uma riqueza para o fazer educativo. Quando os interlocutores falam de coisas diferentes, o diálogo é possível. Quando só os mestres têm o que falar não passa de um monólogo. Os jovens e adultos carregam as condições de pensar sua educação como diálogo. Se toda educação exige uma deferência pelos interlocutores, mestres e alunos (as), quando esses interlocutores são jovens e adultos carregados de tensas vivências essa deferência deverá ter um significado educativo especial (ARROYO, 2006).
	Já para Freire (1979, p. 45) “o diálogo é o fator fundamental para que essa educação seja efetiva. Ele é a relação mais importante entre professor e aluno, aluno e aluno, nutre-se de amor, humanidade, esperança, fé e confiança”. 
Paulo Freire defendia a ideia de uma educação libertadora, democrática, com diálogo, que ensinasse o aluno a ler o mundo, entender para poder transformá-lo, o autor sempre criticou o que chamava de educação bancária, onde só o professor é detentor do conhecimento.
Para Freire (1987, p.120) o autor revela que:
O importante do ponto de vista de uma educação libertadora, e não “bancária”, é que, em qualquer dos casos, os homens se sintam sujeitos de seu pensar, discutem o seu pensar, sua própria visão de mundo, manifestada implicitamente ou explicitamente, nas suas sugestões e nas de seus companheiros. (FREIRE, 1987).
	Para Paulo Freire, o aluno deve sempre expor suas ideias, os diálogos em sala de aula é um fator enriquecedor, onde várias ideias aparecem fomentando o respeito a diversidade e a opinião dos outros, se durante os debates acontecer alguns conflitos, cabe ao professor ser o mediador e ensinar aos alunos a importância de se pensar diferente e de respeitar o próximo.
Contudo nas turmas de EJA muitos alunos adultos se sentem inseguros ao falar na frente de outras pessoas, sentem vergonha, medo de falar errado, esse é mais um desafio a ser vencido, pois o aluno deve ter segurança e confiança no professor para se manifestar e expor suas escolhas, seus pensamentos.
Também cabe ao professor orientar este aluno como saber criticar, pensar, reagir, não ter medo, nem ter vergonha por não saber ler e escrever, não se sentir culpado por isso, explicando que esse aluno é apenas um produto de uma sociedade opressora.
Freire afirmava que alfabetizar é muito mais que aprender a ler e a escrever, é ensinar a refletir, ter consciência, saber lidar com as frustações, ser líder de si mesmo, libertar seus pensamentos, dar asas a sua imaginação, deixar a vergonha de lado e gritar, se indignar, pelo momento que vivemos em nosso país, pela falta de justiça social dos governantes do nosso amado país.
Com conhecimento crítico, o aluno se torna cidadão do mundo, se posiciona contra qualquer forma de injustiça, discriminação, classe econômica, capitalismo e política que não condizem com seu senso de justiça.
 Para Moura (1999, p. 46) o homem é empreendedor da sua vida, não deve cultivar o medo de falhar, se falhar não desistir, sempre acreditando e apostando em si mesmos. Mudando o seu mundo particular esta atitude refletirá no mundo social, transformando o Brasil em um país digno de se viver.
2.3 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
Segundo Gil (2007, p.17) a pesquisa acadêmica é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. 
Ou seja, a pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão de resultados.
A metodologia escolhida para a realização deste estudo foi a indutiva. 
Ou seja, o método indutivo é baseado no empirismo, que considera a teoria do conhecimento fundamentalmente ligado na prática (experiência).
No sentido lógico, podemos afirmar que o método indutivo ou indução é a linha de raciocínio que, após constatar a existência de uma quantidade significativa de casos particulares, estes são suficientes para induzir os autores no convencimento da ideia ali proposta. 
Ou seja, se antes deu certo, desta maneira pode dar certo igualmente, assim conclui uma verdade geral.
Segundo Alves (2003 p.41) a pesquisa: “é um exame cuidadoso, metódico, sistemático e em profundidade, visando descobrir dados, ampliar e verificar informações existentes com o objetivo de acrescentar algo novo a realidade investigada”.
Para a elaboração deste trabalho foram utilizados como procedimentos metodológicos a revisão literária e pesquisa bibliográfica, sendo estudado como fonte principal as obras literárias de Paulo Freire.
Foram citados também a experiência vivida pelo autor de forma bastante singela e breve alguns exemplos de alunos e professores da Escola Murian Piovesan de Lima, localizada na cidade de Machadinho no estado do Rio Grande do Sul.
A experiência vivida pelo autor nos remete a realidade social de muitos alunos da Turma de Educação de Jovens e Adultos nas escolas brasileiras
O estágio aconteceu com uma turma de Educação de Jovens e Adultos no ano de 2015.
 O estudo é concluído com a seguinte reflexão: sabemos que a educação atual está longe de ser modelo para um país desenvolvido, nosso sistema educacional apresenta muitos defeitos e o seu caminhar mesmo que seja em passos lentos está sofrendo um processo transformador.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante toda pesquisa elaborada para este estudo percebemos que o autor Paulo Freire teve uma excelente perspectiva como deveria transcorrer a metodologia da Educação para Jovens e Adultos no Brasil. Freire é o referencial de muitos outros estudiosos quando a temática abordada é a educação.
Entre momentos de pesquisas e leitura sobre o tema escolhido para confecção deste trabalho de conclusão de curso percebemos que quando falamos sobre alunos tardios, estes necessitam de metodologias ativas de ensino.
Já não cabe ao professor o poder de expor o conteúdo de forma que somente ele seja o detentor do conhecimento, pelo contrário, na visão dos alunos das turmas de EJA, o professor é apenas um indivíduo que repassa informações pois muitas vezes o que é visto em sala de aula não se aplica ao seu cotidiano.
O professor que se submete a lecionar uma turma de alunos tardios deve transpor as informações com qualidade, fomentando independência e autonomia para que estes aprendizes tenham a capacitação e a segurança de se expressarem livremente.
Todo aluno de EJA tem no seu íntimo o desejo de transformar o conhecimento científico em vivência, portanto o professor deve respeitar e considerar todo o histórico e experiências de vida dos alunos.
Desse modo fica claro que para os alunos das turmas de EJA, a alfabetização não é apenas um processo burocrático, é um sonho a ser realizado que muitas vezes teve que ser adiado.
No exemplo que foi brevemente citado da vivência na turma de EJA com alunos e professores da Escola Murian Piovesan de Lima, localizada na cidade de Machadinho no estado do Rio Grande do Sul, vimos o exemplo de uma idosa que teve como objetivo escrever seu nome, realizando assim um sonho de infância.
Em contraste vimos uma evolução em passos lentos da Educação para Jovens e Adultos quando vista pelos olhos dos governantes do nosso país. Tivemos alguns avanços, contudo não basta investir em educaçãopara diminuir os índices de analfabetismo no intuito de estratégia política.
Portanto cabe aos professores e educadores do nosso país o interesse em alfabetizar todo e qualquer indivíduo, pois desse modo estaremos educando e investindo em cidadãos politicamente esclarecidos e consciente.
Ao término desse artigo podemos nos orgulhar quando olhamos para trás e percebemos que o cidadão brasileiro que um dia foi exilado sendo proibido de divulgar suas ideias, atualmente já conquistou muitos direitos, inclusive o direito de se alfabetizar em qualquer faixa etária.
Para os professores e profissionais da pedagogia fica a herança do legado de Paulo Freire, para que continuem traçando um caminho educacional transformador e emancipador para todos.
REFERÊNCIAS
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