Buscar

Câncer de pênis

Prévia do material em texto

Câncer de Pênis
Mariana Teixeira
MAt.: 2014 033 40 251
Urologia - 2017
______________________________________________________________________________________________
Introdução
O câncer de pênis (CP), é uma neoplasia rara com maior incidência em países em desenvolvimento. Em um comparativo aos demais países, há grande prevalência no Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. 
A doença está relacionada ao baixo nível social, hábitos inadequados de higiene, fimose e ao Papilomavírus humano (HPV). Pode manifestar-se por lesões, alteração na coloração da glande e por úlceras persistentes. Devido ao impacto psicológico que exercem sobre os pacientes, além das manifestações clínicas, o câncer de pênis tem consequências devastadoras. 
A negligência dos homens aos cuidados primários à saúde, cria dificuldades na prevenção e no diagnóstico precoce. O autoexame e a higiene íntima se apresentam como fatores de prevenção , assim como a circuncisão e a precaução a doenças sexualmente transmissíveis. 
A descoberta tardia, em estágio neoplásico avançado, leva à penectomia, definida como a retirada parcial ou total do órgão. O diagnóstico precoce é indispensável quando relacionado ao surgimento de consequências físicas, sexuais, sociais e psicológicas para o homem.
Epidemiologia e fatores de risco
Há menor prevalência de CP em países onde a circuncisão neonatal é um hábito cultural. A história de fimose é encontrada em aproximadamente 85% dos pacientes, estando associada às lesões pré- cancerígenas.
De acordo com o INCA, o CP representa 2,1% de todos os tipos de câncer entre homens, mas sua ocorrência é 15% mais alta no Norte e no Nordeste. Isso é devido às condições socioeconômicas das regiões. O levantamento feito pelo INCA, aponta ainda que 90% dos pacientes que apresentam CP, procuram pelo serviço de urologia em estágios avançados da doença, com tumor grande e linfonodos aumentados.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, regulada pela Portaria do Ministério da Saúde n. 1.944, de 27 de agosto de 2009, tem como diretriz central a integralidade da atenção à saúde da população masculina em dois eixos de atenção: atendimento às necessidades de saúde do homem, ao promover o acesso a graus de crescente utilização de complexidade tecnológica pelo SUS, garantindo acesso a ações de promoção, prevenção, proteção, tratamento e  recuperação; e entendimento multidisciplinar das questões de saúde do homem como fenômenos biopsicossociais e culturais.
Em 2006 e 2007, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), realizou um estudo epidemiológico, identificando 283 novos casos de CP no Brasil – destes, 53,02% ocorreram no Norte e no Nordeste, e 45,54% no Sudeste. A maioria dos pacientes (78%) tinha mais de 46 anos, e 7,41% menos de 35 anos. Um dado chama a atenção: 60,4% tinham fimose, o que dificultava a exposição da glande e sua higiene. Entre os 283 participantes da pesquisa, 6,36% estavam infectados pelo HPV, e 73,14% eram tabagistas. Em algumas regiões de maior incidência, o CP corresponde de 2,9% a 6,8% casos/100.000 habitantes. Nessas regiões de maior ocorrência, o câncer de pênis supera os casos de cânceres de próstata e de bexiga. De acordo com este estudo, o perfil do homem com CP no país é predominantemente de baixa renda, branco, não circuncidado, vivendo nas regiões Norte e Nordeste do país.
O índice de mortalidade devido o CP em 2014 e 2015, demonstra que os riscos de morte aumentam consideravelmente após os 50 anos. O caso de morte é maior nas regiões Sudeste e Nordeste. 
O Câncer de Pênis e Suas Manifestações Clínicas
O CP geralmente tem início por uma lesão na glande, podendo se estender para o prepúcio e infiltrar os tecidos adjacentes, como o tecido subepitelial conjuntivo, corpo esponjoso e o corpo cavernoso. Pode invadir órgãos próximos como próstata e bexiga, levando, além da amputação, a danos mais extensos
Os padrões morfológicos de crescimento e o desenvolvimento do carcinoma epidermoide de pênis apresenta-se em quatro padrões principais: crescimento superficial, crescimento vertical, verrucoso e multicêntricos. O crescimento superficial ocorre quando o tumor é plano, de padrão epidermoide pouco invasivo. O crescimento vertical é uma grande lesão ulcerada com padrão de crescimento sólido, agressivo e invasivo. O verrucoso é lento, com três padrões histológicos: verrucoso propriamente dito, papilar e condilomatoso, que apresentam baixo índice de metástases. Os multicêntricos são definidos por duas ou mais lesões separadas por tecido benigno. São tumores raros, sendo mais comuns no prepúcio, e podem estar associados a líquen escleroso.
O sistema de classificação e estadiamento são de suma importância para planejamento do tratamento e prognóstico. Dois sistemas são usados em câncer de pênis, incluindo a classificação de Jackson (Tabela 1) e o sistema TNM (Tabela 2). Jackson (1966) propôs um sistema de classificação baseado em critérios anatômicos, ganhando destaque entre as demais classificações pela sua praticidade. Atualmente, o sistema de estadiamento mais usado é o TNM, revisado em 2002 pela União Internacional Contra o Câncer (UICC) . Nesta nova classificação, o tumor primário é estadiado de acordo com suas características histológicas e com uma descrição mais precisa da estrutura anatômica envolvida, sendo esse último modelo de classificação mais completo que o modelo proposto por Jackson. O sistema de estadiamento TNM oferece informações relacionadas ao tamanho do tumor, à quantidade e tamanho dos nódulos regionais acometidos e, finalmente, à presença de metástase à distância.
A manifestação clínica mais comum do câncer de pênis é caracterizada por pápulas, presença de lesão vegetante e úlcera persistente. Podendo estar relacionadas a presença de esmegma. 
A sintomatologia inclui o sangramento e mau cheiro da genitália. Todas as lesões penianas, principalmente aquelas em que o paciente apresenta o prepúcio não retrátil, devem ser investigadas com suspeita de neoplasia.
 A diferença celular histológica, verificada através de biópsia, determina o tipo de câncer e o tratamento adequado. A fimose pode obscurecer o tumor, mascarando o diagnóstico. 
A terapia antibiótica inicia-se antes da biópsia e continua com a terapia cirúrgica, estendendo-se por quatro a seis semanas. Uma vez que o diagnóstico do tecido é confirmado, os tumores superficiais pequenos podem, com sucesso, ser tratados por meio de excisão cirúrgica local, quimioterapia, cirurgia a laser ou terapia de radiação superficial.
As lesões metastáticas que envolvem o corpo cavernoso são ocasionadas frequentemente por nódulos múltiplos e palpáveis. O tratamento de tumores com extensão maior e invasão dos nódulos regionais é controlado com cirurgia ou radioterapia. Porém, tumores profundamente invasivos, particularmente aqueles com lesões que envolvem o eixo distal ou que deformam a glande, são controlados geralmente por penectomia parcial. Lesões mais extensivas ou tumores que envolvam a base e a parte uretral bulbar do pênis são controlados por penectomia total ou requerem cistoprostatectomia, ou, ocasionalmente, esvaziamento pélvico anterior ou total, com diversificação urinária. Os pacientes que apresentam metástase inguinal devem ser submetidos à linfadenectomia pélvica na região afetada.
 É fato conhecido que aproximadamente 20% dos tumores de pênis apresentam metástases linfonodais. As linfadenectomias inguinais parciais (linfonodos sentinelas ou superficiais), quando realizadas, são acompanhadas de estudo histopatológico, com o objetivo de avaliar o estadiamento e sugerir o tratamento terapêutico adequado. 
Os tumores penianos tendem a evoluir de maneira lenta, inicialmente superficial, invadindo a seguir o tecido esponjoso da glande e os corpos cavernosos. A infiltração da uretra é rara e, em geral, ocorre apenas nas fases avançadas da evolução dos tumores dos corpos cavernosos. O comportamento biológico desses tumores tende a ser uniforme, com disseminaçãopara linfonodos inguinais, linfonodos pélvicos e periaórticos, e raramente apresentam comprometimento visceral. Os pacientes não tratados ou cujo tratamento foi ineficaz, em geral, morrem por complicações secundárias às metástases inguinais, ou seja, hemorragias por lesões tumorais de grandes vasos ou processos sépticos. 
O abandono do tratamento é um evento comum nesse tipo de câncer, sobretudo pelo fato de o tratamento de escolha ser a penectomia. O paciente penectomizado, no âmbito psicológico, perde a sua referência de masculinidade e tende a não retornar ao serviço de saúde para dar seguimento ao tratamento e controle da doença.
Conclusão
A negligência masculina aos cuidados primários à saúde, cria dificuldades na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de pênis. A prevenção diminui a incidência, mas não exclui a possibilidade de seu surgimento. A eliminação de fatores de risco, tais como , o fumo, higiene inadequada e a exposição ao HPV podem ser facilmente controladas. A dificuldade de acesso á saúde e a falta de conhecimento prévio de medidas de prevenção, estão relacionadas a fatores socioeconômicos, por isso o surgimento dessa afecção é alto em países em desenvolvimento e regiões pobres. A melhor compreensão da histologia do tumor confere uma avaliação mais precisa para o prognóstico e a terapêutica da doença. O tratamento é cirúrgico e leva a danos extensos a saúde psíquica do paciente. Este, por sua vez, tende a abandonar o tratamento. É de suma importância que haja a disseminação do conhecimento desta patologia, através de campanhas educativas preventivas para a população em geral, principalmente nas áreas carentes. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DATASUS (Banco de dados do Sistema Único de Saúde).. Acessado em 21/05/2017.
Reis, A.A.D.; de Paula, L.B.P.; de Paula,A.A.P.; Saddi,V.A.; Cruz,A.D. Aspectos clínico-epidemiológicos associados ao câncer de pênis, 2010. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, suppl.1, p.1105-1111, 2010 Disponível em <http://producao.usp.br/handle/BDPI/8208> Acesso em 16/05/2017
COSTA, S.; RODRIGUES, R.; BARBOSA, L.; SILVA, J. O.; BRANDÃO, J. O. C.; MEDEIROS, C. S. Q. Câncer de pênis: epidemiologia e estratégias de prevenção. Cadernos de Graduação – Ciências Biológicas e da Saúde Facipe. Recife, v. 1, n. 2, p. 23-33, 2013.
De Paula,S.H.B.; Souza,M.J.L.;Almeira,J.D.Câncer de pênis, aspectos epidemiológicos e fatores de risco: tecendo considerações sobre a promoção e prevenção na Atenção Básica BIS, Bol. Inst. Saúde (Impr.) vol.14 no.1 São Paulo  2012

Continue navegando