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TRABALHO DE TEORIA GERAL DO CRIME


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FCG - FACULDADE CAMPO GRANDE
ED – ESTUDOS DISCIPLINARES
JURISPRUDÊNCIAS:
INSIGNIFICÂNCIA E BAGATELA
DOLO EVENTUAL OU CULPA COM PREVISÃO NOS CASOS DE HOMICÍDIO NO TRÂNSITO SOB EFEITO DE SUBSTÂNCIAS (ÁLCOOL OU DROGA)
Diógenes Augusto Ferracini Silveira Duarte
RA 61010004972
Novembro 2017
INSIGNIFICÂNCIA E BAGATELA
O Princípio da Insignificância, ou Princípio da Bagatela, tem sua origem no Direito Romano e tem por base a máxima "minimis non curat praetor", isto é, "o pretor, não cuida de minudências". Foi introduzido no sistema penal por Claus Roxin, na década de 60, tendo em vista questões sociais.
De acordo com Fernando Capez, "Segundo tal preceito, não cabe ao Direito Penal preocupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas totalmente inofensivas ou incapazes de lesar o bem jurídico." Ainda segundo Capez, o princípio não pode ser considerado em termos abstratos e exemplifica: "Desse modo, o referido preceito deverá ser verificado em cada caso concreto, de acordo com as suas especificidades. O furto, abstratamente, não é uma bagatela, mas a subtração de um chiclete pode ser."
Aplica-se também o Princípio da Insignificância ou bagatela, por exemplo, nos casos de lesão corporal, quando a lesão provocada na vítima, não é suficientemente grave a ponto de não haver necessidade de punir o agente nem de se recorrer aos meios judiciais, por exemplo, um leve beliscão, ou uma palmada.
No Brasil, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, para aplicação do princípio da insignificância em direito penal, necessário a concomitância de quatro requisitos: “Para ser utilizado, faz-se necessária a presença de certos requisitos, tais como: 
a) a mínima ofensividade da conduta do agente
b) a nenhuma periculosidade social da ação
c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento 
d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor).” (www.stf.jus.br)
Ainda segundo o STF, o ato com lesividade insignificante poderia até configurar tipicidade formal, qual seja a pura descrição formal do tipo, mas não configuraria a tipicidade material, pois o bem tutelado não foi efetivamente lesado, ou, ao menos, lesado a ponto de se justificar a judicialização e sanção penal.
O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NA JURISPRUDÊNCIA DO STF
Em linhas gerais, o debate no STF sobre a interpretação do princípio da insignificância, no qual se encontram disputas em torno do uso de elementos de Direito Penal do autor, como a reincidência e a periculosidade social, baseiam as decisões relativas ao princípio da insignificância para analisar o modo como o STF realiza (ou não) as garantias individuais.
A primeira decisão a reconhecer o princípio da insignificância data de 1988, no HC 66.869­1/PR. [1: ]
 RHC 66869 / PR - PARANÁ 
RECURSO EM HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. ALDIR PASSARINHO
Julgamento:  06/12/1988           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação
DJ 28-04-1989 PP-06295 EMENT VOL-01539-02 PP-00187
Parte(s)
RECTE. : VERA MARIA NUNES DEUTSCHER
ADV. : WALTER BORGES CARNEIRO
RECDO. : TRIBUNAL DE ALÇADA DO ESTADO DO PARANÁ
Ementa
ACIDENTE DE TRÂNSITO. LESÃO CORPORAL. INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA. CRIME NÃO CONFIGURADO. SE A LESÃO CORPORAL (PEQUENA EQUIMOSE) DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO E DE ABSOLUTA INSIGNIFICANCIA, COMO RESULTA DOS ELEMENTOS DOS AUTOS - E OUTRA PROVA NÃO SERIA POSSIVEL FAZER-SE TEMPOS DEPOIS - HÁ DE IMPEDIR-SE QUE SE INSTAURE AÇÃO PENAL QUE A NADA CHEGARIA, INUTILMENTE SOBRECARREGANDO-SE AS VARAS CRIMINAIS, GERALMENTE TÃO ONERADAS.
A segunda decisão data de 1993, no HC 70.747­5/RS[2: ]
 HC 70747 / RS - RIO GRANDE DO SUL 
HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. FRANCISCO REZEK
Julgamento:  07/12/1993           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação
DJ 07-06-1996 PP-19826 EMENT VOL-01831-01 PP-00097
Parte(s)
Paciente : ANDRE ALLEGRETTI
Impetrante: LUIZ LUISI
Coator : TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL DO ESTADO
 DO RIO GRANDE DO SUL
Ementa
EMENTA: HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. DELITO DE TRÂNSITO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ANÁLISE DE CADA CASO. Somente a análise individualizada, atenta às circunstâncias que envolveram o fato, pode autorizar a tese da insignificância. A natureza do ocorrido, bem como a vida pregressa do paciente, não permitem acolher a tese da singeleza. Habeas corpus indeferido.
Decisão
Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas corpus. 2ª. Turma, 07.12.93.
Mas é apenas a partir do julgado do HC 84.412/SP que o princípio passou a ser realidade no STF. Esse último julgado costuma ser mencionado como o definidor de parâmetros objetivos para a aplicação do princípio: mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada.
 HC 84412 / SP - SÃO PAULO 
HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO
Julgamento:  19/10/2004           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação
DJ 19-11-2004 PP-00037 EMENT VOL-02173-02 PP-00229
 RT v. 94, n. 834, 2005, p. 477-481
RTJ VOL-00192-03 PP-00963
Parte(s)
PACTE.(S) : BILL CLEITON CRISTOVÃO OU BIL CLEITON
 CRISTÓVÃO OU BIL CLEITON CHRISTOFF OU BIU CLEYTON
 CRISTOVÃO OU BILL CLEITON CRISTOFF OU BIL CLEYTON
 CRISTOVÃO
IMPTE.(S) : LUIZ MANOEL GOMES JUNIOR
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa
E M E N T A: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE POLÍTICA CRIMINAL - CONSEQÜENTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL - DELITO DE FURTO - CONDENAÇÃO IMPOSTA A JOVEM DESEMPREGADO, COM APENAS 19 ANOS DE IDADE - "RES FURTIVA" NO VALOR DE R$ 25,00 (EQUIVALENTE A 9,61% DO SALÁRIO MÍNIMO ATUALMENTE EM VIGOR) - DOUTRINA - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF - PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DE DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL. - O princípio da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público. O POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA E A FUNÇÃO DO DIREITO PENAL: "DE MINIMIS, NON CURAT PRAETOR". - O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor - por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes - não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social.
Decisão
- A Turma, por votação unânime, deferiu o pedido de "habeas corpus" e, com fundamento no princípioda insignificância, invalidou a condenação penal imposta ao ora paciente, determinando, em conseqüência, a extinção definitiva do procedimento penal que contra ele foi instaurado (Processo-crime nº 238/2000-1ª Vara Criminal da comarca de Barretos/SP), nos termos e para os fins indicados no voto do Relator.
No entanto, a questão sobre os critérios definidos pelo Supremo não é pacífica. Pelo contrário, o STF adota diferentes critérios que vão desde critérios vagos como “avaliação de todos os aspectos relevantes da conduta imputada” até critérios estritamente objetivos, como o patamar de R$ 10.000 (dez mil reais) estabelecido no art.20 da Lei n.10.522/2002 nos casos de crime de descaminho.
Os tais vetores presentes na ementa do HC 84.412/SP nem sempre são utilizados nas decisões sobre o princípio, e muitas vezes quando o são, levam a resultados distintos, ainda que a discussão central do caso seja semelhante (como por exemplo a compatibilidade (ou não) entre o princípio da insignificância e a reincidência).
A ausência de jurisprudência sólida, embora esteja dentro de um contexto e práticas jurídicas casuísticas que dificultam a efetivação de garantias fundamentais, por si só não viola o Estado de direito. No entanto, indícios de tal violação começa s surgir quando identificamos a existência de posicionamento no STF, no sentido de afastar a insignificância com base na reincidência do agente. 
Vejamos mais um exemplo, desta vez em relação ao posse de substancia entorpecente:
AI 747522 RG / RS - RIO GRANDE DO SUL
REPERCUSSÃO GERAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Relator(a):  Min. CEZAR PELUSO
Julgamento: 27/08/2009           Órgão Julgador:  Tribunal Pleno - meio eletrônico
Publicação
DJe-181 DIVULG 24-09-2009 PUBLIC 25-09-2009
EMENT VOL-02375-09 PP-02343
Parte(s)
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADODO RIO GRANDE DO SUL
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DOSUL
ADV.(A/S) : DPE-RS - ALINE CORRÊA LOVATTO
AGTE.(S) : IDIANE BARBOSA
Ementa
EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Princípio da insignificância.Atipicidade da conduta. Ofensa ao art. 5°, incs. XXXV, LV e LIV, da Constituição Federal. Inocorrência. Matéria infraconstitucional. Ausência de repercussão geral. Agravo de instrumento não conhecido. Não apresenta repercussão geral o recurso extraordinário que verse sobre a questão do reconhecimento de aplicação do princípio da insignificância,porque se trata de matéria infraconstitucional.
Decisão
Decisão: O Tribunal, por maioria, recusou o recurso extraordinário ante a ausência de repercussão geral da questão, por não se tratar de matéria constitucional, vencidos os Ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio. Não se manifestaram os Ministros
Celso de Mello, Joaquim Barbosa e Menezes Direito. Ministro CEZAR PELUSO Relator
Tema
183 - Aplicação do princípio da insignificância a crime de posse de
substância entorpecente para uso próprio.
DOLO EVENTUAL OU CULPA COM PREVISÃO NOS CASOS DE HOMICÍDIO NO TRÂNSITO SOB EFEITO DE SUBSTÂNCIAS (ÁLCOOL OU DROGA)
A diferença entre culpa consciente e dolo eventual. Para melhor analise desta diferenciação nos perfazemos da dicção do art. 18 do Código Penal:
“Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Iniciando pelo inciso I (1ºparte) do supramencionado artigo temos a figura do dolo direto, que na lição de Capez:
“É a vontade de realizar a conduta o produzir do resultado (teoria da vontade). Ocorre quando o agente quer diretamente o resultado. Na conceituação de José Frederico Marques, “Diz-se direto o dolo quando o resultado no mundo exterior corresponde perfeitamente à intenção e à vontade do agente. O objetivo por ele representado e a direção da vontade coadunam com o resultado do fato praticado”. No dolo direto o sujeito diz “eu quero”.” Capez, Fernando, Curso de Direito Penal, volume I, parte geral, 15º edição, São Paulo, Saraiva, 2011, pág.226.
Como ficou bem salientado na lição trazida pelo nobre doutrinador, na hipótese de dolo direto, o agente quer, deseja, o resultado alcançado, o seu âmago conspira para aquele resultado final.
Paulo Queiroz complementa esta difícil diferenciação conceitual:
“De acordo com o Código, há dolo eventual quando o agente assume o risco de produzir o resultado (CP, art. 18, I, segunda parte). Não há referência à culpa consciente, que é uma criação doutrinária. Existe culpa consciente sempre que o autor prevê a realização do resultado típico dirige sua ação no sentido de evita-lo, mas lhe dá a causa por imprudência, negligência e imperícia. Ou, como diz o Código Penal, português (art. 15, a), há culpa consciente se o agente “representar como possível a realização de um facto que preenche um tipo de crime, mas actuar sem se conformar com essa realização. (...) É importante notar, inicialmente que dolo eventual e culpa consciente têm em comum o fato de o autor praticar uma ação que sabe capaz de produzir resultados típicos, embora não queridos diretamente, razão pela qual a diferença deve ser feita a partir de critérios volitivos.” Queiroz, Paulo, Curso de Direito Penal-Parte Geral, 11º edição, Revisada, Ampliada e Atualizada, Editora JusPODIVM, 2015, pág.245).
No dolo eventual, embora o resultado danoso esteja dentro do plano de percepção do agente, ele não deseja como no dolo direito àquele resultado, no entanto, assume o risco de produzi-lo em razão de sua conduta.
A culpa consciente se trata de uma criação doutrinária, não havendo menção explicita no Código Penal a respeito dela.
Na culpa consciente, o agente prevê a probabilidade do resultado, entretanto, ele espera que o resultado negativo não ocorra, em razão das suas habilidades pessoais ou destreza serem suficientes para enfrentar a situação de risco e impedir o resultado. 
É necessário que o agente tenha consciência do comportamento positivo ou negativo que está realizando e do resultado típico. Em segundo lugar, é preciso que sua mente perceba que da conduta pode derivar o resultado, que há ligação de causa e efeito entre eles. Por último, o dolo requer vontade de concretizar o comportamento e causar o resultado. Na culpa consciente o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente que não ocorra ou que possa evita-lo. E também chamada de culpa com previsão. Vimos que a previsão é elemento do dolo, mas que, excepcionalmente, pode integrar a culpa. A exceção está na culpa consciente. 
Ex: numa caçada, o sujeito percebe que um animal se encontra nas proximidades de seu companheiro. Percebe que atirando na caça, poderá acertar o companheiro. Confia, porém, em sua pontaria, acreditando que não virá a matá-lo. Atira e mata o companheiro. Não responde por homicídio doloso, mas sim, por homicídio culposo (CP 121, parágrafo 3º).
JURISPRUDÊNCIA
ARE 1054850 AgR / RS - RIO GRANDE DO SUL 
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO
Relator(a):  Min. ROSA WEBER
Julgamento:  01/09/2017           Órgão Julgador:  Primeira Turma
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-219 DIVULG 26-09-2017 PUBLIC 27-09-2017
Parte(s)
AGTE.(S) : ALEX SILVEIRA DA ROSA
ADV.(A/S) : NEREU LIMA
ADV.(A/S) : ENILDA MARIA DE SOUZA
AGDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
INTDO.(A/S) : JAIRA CLAUDETE MANCIA
ADV.(A/S) : VANDERLEI DE SOUZA RAMOS
Ementa
EMENTA DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/1973. HOMICÍDIO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. DOLO EVENTUAL. PRONÚNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI.ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 5º, XXXVIII, “A” E “D”, LIII, LIV E LV, E 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. EVENTUAL VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO VIABILIZA O MANEJO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE TRÂNSITO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015. 1. O entendimento da Corte de origem, nos moldes do assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal. Compreensão diversa demandaria a reelaboração da moldura fática delineada no acórdão de origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à Constituição, insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso extraordinário. 2. Obstada a análise da suposta afronta aos incisos LIV e LV do art. 5º da Carta Magna, porquanto dependeria de prévia análise da legislação infraconstitucional aplicada à espécie, procedimento que refoge à competência jurisdicional extraordinária desta Corte Suprema, a teor do art. 102 da Magna Carta. 3. As razões do agravo não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão agravada, mormente no que se refere à ausência de ofensa a preceito da Constituição da República. 4. Agravo interno conhecido e não provido.
Decisão
A Turma, por unanimidade, conheceu do agravo e negou-lhe provimento, nos termos do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão Virtual de 25 a 31.8.2017.
HC 136935 AgR / MG - MINAS GERAIS 
AG.REG. NO HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento:  02/12/2016           Órgão Julgador:  Segunda Turma
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-030 DIVULG 14-02-2017 PUBLIC 15-02-2017
Parte(s)
AGTE.(S) : CARLOS MESSIAS SILVA
ADV.(A/S) : DJALMA DE CARVALHO MESSIAS E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa
EMENTA Agravo regimental em habeas corpus. Crime de homicídio doloso na direção de veículo automotor supostamente causado por embriaguez. Pretendida desclassificação para o delito culposo. Impossibilidade. Indispensável reexame de fatos e provas intimamente ligados ao mérito da ação penal, o qual o habeas corpus não comporta. Precedentes. Prisão preventiva. Necessidade de se resguardar a ordem pública em face do risco concreto de reiteração delitiva. Precedentes. Excesso de linguagem do acórdão confirmatório da pronúncia. Não caracterizado. Regimental não provido. 1. Para se acolher a pretensa desclassificação das condutas imputadas ao paciente na pronúncia, indispensável seria o reexame de fatos e provas intimamente ligados ao mérito da ação penal, o qual o habeas corpus não comporta. 2. Segundo o pacífico entendimento da Corte, “o pleito de desclassificação de crime não tem lugar na estreita via do habeas corpus por demandar aprofundado exame do conjunto fático-probatório da causa” (HC nº 115.352/DF, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe de 30/4/13). 3. A custódia cautelar do agravante se justifica, entre outros aspectos, para a garantia da ordem pública, em razão do risco concreto de reiteração delitiva, já que é incontroversa a notícia constante dos autos de que ele responde a outros inquéritos pela prática do crime de embriaguez ao volante, registrando, inclusive, condenação nesse sentido. 4. Não há que se falar em excesso de linguagem do acórdão confirmatório da pronúncia. Não obstante o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ao considerar a folha de antecedentes do paciente (que indica existência de diversos inquéritos e uma condenação por crime de embriaguez ao volante), tenha afirmado não ser “desarrazoada a tese pela qual [o agravante] assumira o risco de produzir o evento, prevendo o resultado como possível, anuindo à sua superveniência de forma tácita (dolo eventual)”, o fez do ponto de vista eminentemente indiciário, respeitando os parâmetros legais para tanto. 5. Ademais, para afastar o pleito de desclassificação da conduta dolosa para culposa, o Tribunal de Justiça local estava obrigado a externar as razões de seu convencimento, por força do dever constitucional de motivação (CF, art. 93, IX), não se vislumbrando, portanto, a existência de vício capaz de comprometer a imparcialidade do julgamento pelo Conselho de Sentença. 6. Agravo regimental ao qual se nega provimento.
Decisão
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, Sessão Virtual de 25.11 a 1º.12.2016.
HC 121654 / MG - MINAS GERAIS 
HABEAS CORPUS
Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO
Relator(a) p/ Acórdão:  Min. EDSON FACHIN
Julgamento:  21/06/2016           Órgão Julgador:  Primeira Turma
Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-222 DIVULG 18-10-2016 PUBLIC 19-10-2016
Parte(s)
PACTE.(S) : GUSTAVO HENRIQUE OLIVEIRA BITTENCOURT
IMPTE.(S) : DANIEL FONSECA ROLLER E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : NILSON NAVES
COATOR(A/S)(ES) : VICE-PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Ementa
Ementa: HABEAS CORPUS. AÇÃO PENAL. HOMICÍDIO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. DENÚNCIA POR HOMICÍDIO DOLOSO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA DELITO CULPOSO. EXAME DO ELEMENTO SUBJETIVO. ANÁLISE DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INVIABILIDADE DA VIA. NECESSIDADE DE ENFRENTAMENTO INICIAL PELO JUÍZO COMPETENTE. TRIBUNAL DO JÚRI. ORDEM DENEGADA. 1. Apresentada denúncia por homicídio na condução de veículo automotor, na modalidade de dolo eventual, havendo indícios mínimos que apontem para o elemento subjetivo descrito, tal qual a embriaguez ao volante, a alta velocidade e o acesso à via pela contramão, não há que se falar em imediata desclassificação para crime culposo antes da análise a ser perquirida pelo Conselho de Sentença do Tribunal do Júri. 2. O enfrentamento acerca do elemento subjetivo do delito de homicídio demanda profunda análise fático-probatória, o que, nessa medida, é inalcançável em sede de habeas corpus. 3. Ordem denegada, revogando-se a liminar anteriormente deferida.
Decisão
Por maioria de votos, a Turma denegou a ordem de habeas corpus e revogou a liminar anteriormente deferida, nos termos do voto do Senhor Ministro Edson Fachin, Redator para o acórdão, vencidos os Senhores Ministros Marco Aurélio, Relator, e Luiz Fux. Falou o Dr. Nilson Naves, pelo Paciente. Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. 1ª Turma, 21.6.2016.
PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA HABEAS CORPUS 107.801 PROCED. : SÃO PAULO REDATOR DO ACÓRDÃO : MIN. LUIZ FUX RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA PACTE.(S) : LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI IMPTE.(S) : JOSÉ HUMBERTO SCRIGNOLLI E OUTRO(A/S) COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Decisão: Após o voto da Senhora Ministra Cármen Lúcia, Relatora-Presidente, que denegava a ordem de habeas corpus, pediu vista do processo o Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 31.5.2011. Decisão: Por maioria de votos, a Turma concedeu a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Senhor Ministro Luiz Fux, Redator para o acórdão, vencida a Senhora Ministra Cármen Lúcia, Relatora-Presidente. 1ª Turma, 6.9.2011. Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli e Luiz Fux. Compareceram os Senhores Ministros Ayres Britto e Ricardo Lewandowski para julgar processos a eles vinculados. Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz Lucas. Carmen Lilian Coordenadora