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P2 TEORIA GERAL DO CRIME CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME CONDUTA TIPICIDADE ILICITUDE CULPABILIDADE CRIME TEORIAS SOBRE A CONDUTA Teoria causalista da ação Franz Von Liszt (séc. XIX) Metodologia racional Conduta= movimento corporal voluntário que causa uma alteração no mundo exterior. Produzida por uma manifestação de vontade, ou seja, por uma ação ou omissão voluntária. Independe do dolo ou da culpa= depende somente da circunstância de o agente produzir fisicamente um resultado previsto em lei como infração penal. FATO TÍPICO + ILICITUDE+ CULPABILIDADE Teoria finalista da ação Hans Welzel (séc. XX) Todo ser humano pratica algo com uma finalidade específica Traz o ser humano para o centro do sistema Conduta= movimento corporal voluntário dirigido a uma finalidade A ação humana é exercício de atividade final. A ação é, portanto, um acontecer “final” e não puramente “causal”. A intenção é a mais importante A conduta é dolosa ou culposa FATO TÍPICO + ILICITUDE= CULPABILIDADE DO RESULTADO Aspectos gerais Conduta resultado Relação de causalidade É a consequência provocada pela conduta do agente Teorias sobre o resultado Naturalística – ADOTADA NO BRASIL Ligada ao empirismo como critério cientifico- positivismo científico Resultado= modificação no mundo exterior provocada pela conduta do agente Nem todo crime deixa uma modificação no mundo exterior EX: injúria = crimes sem resultado Normativa Está preocupada com a norma e não com o mundo perceptível pelos sentidos O critério que devemos utilizar para saber se houve o resultado ou não é a lesão ao bem jurídico Todo crime deve ter resultado, representado pela lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico Classificação dos tipos penais quanto ao resultado Tipo penal material É aquele tipo penal que descreve um resultado naturalístico e exige a ocorrência deste resultado para a sua consumação Deve provar: conduta, resultado e nexo de causalidade EX: homicídio = matar alguém Resultado naturalístico Tipo penal formal Descreve um resultado naturalístico, mas este não é exigido para sua consumação, que ocorre com a simples prática da conduta Deve provar a conduta EX: corrupção ativa ou passiva Tipo penal de mera conduta Deve provar a conduta É aquele que somente descreve a conduta sem se quer prever o resultado= não há resultado para uso pessoal EX: porte de entorpecentes para uso pessoal EX: porte de armas sem autorização RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Aspectos gerais Relação entre a conduta e o resultado 4.2 Teoria da “condatio sine qua non” Sem o qual não existiria Art. 13- “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.” Relação direta de causa e efeito CAUSA= ação ou omissão sem a qual jamais o resultado teria ocorrido 4.3 Limites à teoria da “condatio sine qua non” a) dolo e culpa no tipo penal= só pode responsabilizar aquele que deu resultado com dolo ou culpa b) superveniência de causa relativamente independente= surgimento de uma causa relativamente independente RELEVÂNCIA CAUSAL DA OMISSÃO Classificação dos crimes quanto a conduta Comissivo Fazer Agir positivo ROUBO Omissivos puros ou próprios Art. 135 e 269 O tipo descreve uma omissão São crimes de mera conduta Não admitem tentativa São sempre dolosos Não há previsão legal do dever jurídico de agir, de forma que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo penal. Nesses casos, o omitente não responde pelo resultado naturalístico eventualmente produzido, mas somente pela sua omissão. Exemplo típico é o crime de omissão de socorro: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. A leitura do tipo penal permite algumas conclusões: 1) A conduta omissiva está descrita na lei, seja na modalidade “deixar de prestar”, seja na variante “não pedir”. O agente responde penalmente pela sua inação, pois deixou de fazer algo determinado por lei; 2) Qualquer pessoa pode praticar o crime de omissão de socorro. Basta se omitir quando presente a possibilidade de prestar assistência, sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo. E, mediatamente, qualquer indivíduo pode se omitir quando não for possível prestar assistência sem risco pessoal, deixando de pedir o socorro da autoridade pública; 3) Os crimes omissivos próprios são unissubsistentes, isto é, a conduta é composta de um único ato. Dessa forma, ou o agente presta assistência, e não há crime, ou deixa de prestá-la, e o crime estará consumado. Enquadram-se no rol dos crimes de mera conduta; e 4) Como decorrência da conclusão anterior, os crimes omissivos próprios ou puros não admitem a forma tentada. Omissivos impróprios ou comissivos por omissão São aqueles que em regra são praticados na forma comissiva, mas eventualmente quando houver uma relação especial entre o autor e a vítima (posição de garantidor nos termos do parágrafo 2 do art. 13) poderá ser praticado da forma omissiva O tipo penal descreve uma ação São crimes materiais Admitem tentativa Podem ser culposos ou dolosos Crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão: o tipo penal aloja em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, que descumpre seu dever jurídico de agir, acarreta a produção do resultado naturalístico e a sua consequente responsabilização penal. As hipóteses de dever jurídico de agir foram previstas no art. 13, § 2.º, do Código Penal: (a) dever legal; (b) posição de garantidor; e (c) ingerência. O crime de homicídio foi tipificado por uma conduta positiva: “Matar alguém”. Questiona-se: É possível praticar homicídio por omissão? Depende. Se presente o dever jurídico de agir, a resposta é positiva. Não se admite, contudo, se o agente não se encontrar em tal posição jurídica. Assim, uma mãe pode matar o próprio filho de tenra idade, seja ministrando-lhe veneno, seja deixando de alimentá-lo dolosamente, ceifando-lhe a vida. Note-se que tais crimes entram também na categoria dos “próprios”, uma vez que somente podem ser cometidos por quem possui o dever jurídico de agir. São ainda crimes materiais, pois o advento do resultado naturalístico é imprescindível à consumação do delito. Finalmente, admitem a tentativa. No exemplo citado, a genitora poderia abandonar a casa e fugir, lá deixando o filho esfomeado. Entretanto, o choro da criança poderia ser notado por um vizinho, o qual arrombaria a porta do imóvel e prestaria socorro à criança, alimentando-a e a ela dispensando os cuidados necessários. O resultado teria deixado de ocorrer por circunstâncias alheias à vontade da mãe, configurando a tentativa de homicídio. Requisitos nos crimes omissivos Dever legal de agir Omissivo próprio= tipo penal Omissivo impróprio= não está no tipo penal. Qualquer crime material pode se transformar em crime omissivo impróprio Possibilidade de agir Fática O dever de agir incube à: tenha por lei o dever de cuidado, proteção ou vigilância de outra forma assumiu a responsabilidade de evitar o resultado com seu comportamento anterior, criou o risco de ocorrência do resultado De acordo como o Código Penal Brasileiro, em seu art. 13, §2º: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o riscoda ocorrência do resultado”. TIPICIDADE E TIPO PENAL Tipicidade É a previsão em abstrato de determinadas condutas na lei penal pelo legislador= tem previsão expressa na lei penal Adequação típica imediata= fato concreto se encaixa diretamente no tipo penal= não precisa de nenhuma norma de extensão. EX: matar alguém Adequação típica mediata= necessita da ocorrência de outra norma, que amplie a abrangência da figura típica EX: crime omissivo impróprio Juízo de tipicidade É uma operação que consiste em analisar se determinada conduta se adapta aos requisiyos descritos na lei, para qualifica-la como infração penal. Juízo positivo+ =TÍPICA= Pegar um caso concreto e encaixar na lei penal= está definida na lei como crime Juízo negativo - =ATÍPICA = Não caracteriza o crime= a conduta não é relevante para o direito penal, mesmo que seja ilícita perante outros ramos do direito. Tipo penal Modelo abstrato que descreve um comportamento proibido É o conjunto dos elementos da proibição Tudo aquilo que compõe a proibição vai para o tipo penal Instrumento legislativo pela qual o legislador cria os crimes É por meio do tipo penal que ele cria a tipicidade da conduta Tipo penal artigo- (localização geográfica do tipo penal) É formado por: Elementares: Elementos obrigatórios, necessários para a existência do tipo penal Se tirar a elementar a conduta vira atípica ou desaparece A1) OBJETIVAS OU DESCRITIVAS: são aquelas que eu consigo consertar sem a necessidade de um juízo de valor A2) NORMATIVAS: só consigo verificar a sua existência através de um juízo de valor. EX: Corrupção ativa- solicitar ou receber vantagem indevida em razão de função pública Conduta elementar normativa A3) SUBJETIVAS: representam uma especial intenção do agente que vai além do dolo exigido pelo tipo penal. Também é chamado de elemento subjetivo especial do injusto. Limitador da aplicação do tipo penal. EX: “atribuir-se falta de identidade para obter vantagem ou para causar um dano” elemento subjetivo Circunstâncias: Podem fazer parte ou não do tipo penal Servem para aumentar ou diminuir a pena Bem jurídico Todo tipo penal deve proteger um bem jurídico EX: o crime de homicídio protege a vida SUJEITO ATIVO: Autor da conduta – pessoa física ou pessoa jurídica Classificação dos tipos penais quanto ao sujeito ativo: A) Comum: praticados por qualquer pessoa B) Próprio: só podem ser praticados por determinados sujeitos ativos. EX: corrupção ativa C) Mão própria: aqueles que não admitem a autoria mediata SUJEITO PASSIVO: titular do bem jurídico. Parte da doutrina diz que o estado é sempre o sujeito passivo TIPO PENAL DOLOSO Conceito de dolo É a regra dos nossos tipos penais Vontade e consciência de realizar o tipo penal Teorias sobre o dolo A diferença entre essas teorias é a amplitude do dolo Teoria da vontade + restritiva Age com dolo aquele sujeito que dirige a sua conduta para obtenção de um resultado= ELE DESEJA UM RESULTADO Teoria da representação Não tem no CP + ampla (+ situações são dolosas) Basta a representação subjetiva da ocorrência do resultado= para que eu haja dolosamente basta que eu considere aquele resultado como possível, mentalize a conduta Teoria do consentimento Intermediária Considera como dolosa aquelas situações nas quais o sujeito representa subjetivamente o resultado e consente na sua ocorrência Ou seja, há dolo não somente quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o risco de produzi-lo. Elementos do dolo Cognitivo ou intelectual Conhecimento Volitivo ou vontade Espécies de dolo Direto O sujeito quer o resultado = TEORIA DA VONTADE A) Direto de primeiro grau: é o objetivo maior para a prática da minha conduta B) Direto de segundo grau: são os efeitos secundários necessários para eu alcançar o meu objetivo Indireto ou eventual TEORIA DO CONSENTIMENTO= sujeito não quer o resultado, mas é indiferente em relação a sua ocorrência= assumiu o risco de produzir o resultado Indiferença em relação ao bem jurídico TIPO DE INJUSTO CULPOSO Aspectos gerais da culpa É a exceção Todo tipo penal culposo é material Conceito de culpa A inobservância de um dever de cuidado objetivo que causa um resultado não querido pelo agente, mas objetivamente previsível Tipicidade do crime culposo= analisar se o agente agiu com o cuidado necessário e normalmente exigível Elementos do tipo culposo Inobservância do dever de cuidado objetivo Não precisa necessariamente estar na lei vale para todos Resultado e nexo causal Deve ter um nexo causal entre o resultado e a conduta, pois o tipo penal culposo é material O tipo penal culposo não admite tentativa Previsibilidade objetiva do resultado Só posso falar de um tipo penal culposo se o resultado for previsível Modalidades de comportamento culposo Imprudência É a conduta positiva, comissiva, é o fazer É aquele sujeito que age por impulso EX: passar no sinal vermelho, ultrapassar o limite de velocidade etc. Negligência Omissiva Conduta prévia a aquela que comete o resultado EX: andar com um veículo que está com problema Imperícia É a negligência ou a imprudência realizada dentro do campo profissional EX: um médico antes de operar um paciente não faz a higienização, ai o paciente pega uma bactéria e morre= modalidade negligência EX2: médico vai fazer uma cirurgia bêbado= modalidade imprudência Espécies de culpa Previsibilidade objetiva do resultado Inconsciente, sem previsão Quando o sujeito não prevê o resultado como possível Com previsão consciente Quando o sujeito prevê o resultado como possível Imprópria É aquela resultante do erro de tipo essencial vencível ou inescusável Culpa consciente X dolo eventual Culpa consciente: tem previsão subjetiva do resultado. Não aceita o resultado Dolo eventual: tem previsão subjetiva do resultado. Aceita e admite o resultado. EX: atropelar manifestação para salvar o filho Tipo penal preterdoloso ou preterintencional Dolo + culpa (dolo no antecedente e culpa no consequente) EX: dar um soco em alguém, ai essa pessoa tropeça em um fio, bate a cabeça e morre ERRO DE TIPO Falsa percepção da realidade Essencial Recai sobre o tipo penal= cai sobre as elementares ou as circunstâncias Não te permite conhecer os elementos do tipo penal O erro exclui o dolo (conhecimento + vontade) 9.1.2 Escusável ou inevitável Dolo e culpa = É ATÍPICA 9.1.2 Inescusável ou evitável Dolo e culpa = É CULPOSO Acidental Não exclui o dolo É aquele em que o erro não recai sob os elementos elementares do tipo pena, mas sim os do acidental “Error in objecto” Em relação ao objeto “Error in persona” Em relação a pessoa Você quer cometer um crime contra uma pessoa, confunde essa pessoa e comete contra outra A intenção vale mais do que o resultado= teoria finalista da ação “Aberratio ictus” Erro na execução “Aberratio criminis” Erro no crime EX: queria praticar um dano, mas pratiquei um homicídio Erro provocado por terceiros A pessoa que provoca o erro Age com dolo ou com culpa EX: dois amigos estão em uma floresta caçando ursos Um olha no binóculo e avista um urso, e pede para o amigo atirar. E só depois percebe que não é um urso, e sim um guarda florestal ILICITUDE OU ANTIJURICIDADE Aspectos gerais Todo crime contrário ao ordenamento jurídico A tipicidade é um indício muito forte da ilicitude Excludentes da ilicitude Legítima defesa É uma possibilidade de autotutela É a forma de cessar a violação ao bem jurídico Agressão injusta atual ou iminente Só posso me defender de quem me agride Só posso me defender de uma agressão injusta, não autorizada pelo direito Atual= é aquela que está acontecendo agora Iminente= está prevista paraacontecer Defesa de direito próprio ou de terceiro Uso moderado dos meios necessários Necessário= para fazer cessar, repelir a agressão injusta Proporcionalidade Estado de necessidade As pessoas que estão dentro da relação tem direito legitimo do bem jurídico Só que para eu salvar o meu bem jurídico, eu violo o bem jurídico do outro Existência de um perigo atual e inevitável Atual= perigo já se concretizou Inevitável= é a única forma de eu salvar o meu bem jurídico Perigo não provocado pelo agente Não pode ter provocado pelo agente Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo EX: policial pega uma pessoa como escudo humano para se proteger de um tiroteio Inexigibilidade de sacrifício do bem jurídico Proporcionalidade Só é estado de necessidade se o bem jurídico que eu lesiono é igual ou menor que o bem jurídico que eu estou protegendo= mas a pena é menor se ele fizer isso Direito próprio ou alheio Pode destruir o patrimônio do seu vizinho para salvar o seu Estrito cumprimento do dever legal Estrito cumprimento dos limites legais Dever legal= está na lei EX: não pode prender o policial por furto porque ele entrou na sua casa para penhorar os bens, uma vez que ele está cumprindo o dever legal Exercício regular de direito Se algo é meu direito e eu estou exercendo de modo regular, não é crime EX: os lutadores de MMA não são presos depois de uma luta Existência do direito Exercício regular Requisitos subjetivos Consciência de que está agindo de forma legítima Para reconhecer os excludentes de ilicitude exigem não só os requisitos objetivos, mas também os subjetivos Excesso nas causas de justificação Só vou ter a ilicitude excluída se eu atuo estritamente dentro das causas de justificação DolosoResponde pelo excesso Culposo Discriminantes putativas ou erro nas causas de justificação Erro= pensa que está nos excludentes de ilicitude, mas não está Toda vez que tiver uma discriminante putativa dolo é excluído Erro escusável- dolo e culpa- atípica Inescusável – dolo e culpa
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