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Sociologia A Onda 4

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
GRADUAÇÃO EM BACHALERADO EM ADMINISTRAÇÃO
Alanna Gabriele dos Santos Oliveira 
Diego Moisés Cunha Martins
Giselle Thays Holanda Rodrigues do Nascimento
Thiago Silva Cavalcanti do Carmo
ANÁLISE SOCIOLÓGICA DO FILME: A onda.
RECIFE – PE
2017
Análise Sociológica do Filme “A onda”
 No filme “A onda” o professor tem a ideia de realizar um experimento para explicar aos alunos o que é autocracia, perguntando aos alunos se ainda é possível esse tipo de regime na Alemanha. Inicialmente ninguém tinha interesse nesse tipo de assunto, o professor queria ministrar aulas sobre anarquia e os alunos apenas se matricularam no curso porque a outra opção era ministrada por um professor sem muito carisma. Algo quando é visto de forma muito abstrata não é dada tanta atenção, no entanto quando se vê que a aplicabilidade daquele conceito ou ensinamento gera efeitos “bons” e “concretos”, a atenção e a dedicação são crescentes e evoluem de forma satisfatória. No início desse experimento, o professor só queria demonstrar na prática para os alunos o poder de interação entre os membros de um grupo, queriam que eles se unissem e trabalhassem em equipe. Nesse momento o essencial era mostrar para os alunos como era importante eles aparentarem ser unidos, serem uma unidade, iniciando uma busca constante pela uniformidade em todos os aspectos, algo muito parecido com um mini exército, onde as vestes são iguais, há saudação igual e muito particular entre os membros, e há o mais importante, o espírito de corpo. Uma cena do filme chama muita atenção, que é quando eles começam a fazer algo muito parecido com uma “marcha” no mesmo lugar, cadenciando os passos sem se deslocarem, apenas entrando em sincronia sob o comando de alguém superior, muito semelhante ao que no Exército é chamado de “ordem unida”. No entanto, com o passar do tempo, os alunos introduziram essas atitudes de tal forma que começaram a agir como se fizessem parte do grupo até fora da escola, utilizando isso como estilo de vida e começaram a ter atitudes que passaram dos limites.
No grupo A onda, existia a interação entre os membros devido a um objetivo em comum, sentiam-se diferentes em relação aos demais e tratavam os que não os aceitavam e que não participavam do seu grupo de forma agressiva. Não aceitavam as opiniões que fossem de encontro aos seus ideais e objetivos, que ferissem aquilo que eles acreditavam. O professor propôs aos alunos um experimento com viés fascistas e de ditaduras, onde os ideias deles eram tidos como verdade absoluta, e não aceitavam aqueles que fossem contra seus ideais e existia um líder central que os guiavam.
À medida que o tempo foi passando, o grupo foi ganhando homogeneidade, compartilhando crenças e valores, existia uma saudação e uniforme que os membros tinham que usar, a dependência causada por esse grupo estava tão grande que os participantes do mesmo não se enxergavam sem ele, deixaram de pensar por si só e começaram a seguir um líder, era algo que já estava introduzida na vida deles, para alguns estava mais introduzido, para outros um pouco menos. Destaca-se que conforme um experimento realizado pelo psicólogo social Stanley Milgram, que comprova que estruturas de autoridade tendem a tornar as pessoas obedientes e lacônicas, pois temem ser ridicularizadas, perderem o respeito e até mesmo serem punidas. Milgram atesta que é comum tornar – se omisso com atos abomináveis ou até mesmo obedientes severos daqueles que detêm o poder.
O processo de socialização na qual se estava formando ali tinha como base os padrões ditados pelo professor que por algum desleixo não enxergou que ali eram adolescentes que estavam com ideologias em formação, suscetíveis a qualquer tipo de manipulação, onde ali os alunos acabavam de se tornar crianças e o professor sua “mãe” e os mesmos praticando o Mead (tomar atitudes do outro), ou seja, seguindo os passos do qual seu “superior” ordenava e a partir dessa manipulação muitos se tornaram obsecados pelo o que seria A Onda. A evolução do entrosamento entre os alunos era cada vez mais intensa, ao ponto de quem agisse diferente e não se adequasse às regras se sentia estranho e até excluído do grupo. Nesse aspecto, as pessoas fazem o que for necessário para se sentirem pertencentes do grupo.
A maioria das pessoas que estão inseridas no grupo normalmente não enxerga que estão exagerando, mas houve um rapaz que começou a perceber que as atitudes dos seus companheiros estavam agressivas e não estavam coerentes com as atitudes de uma sociedade democrática. Por outro lado, para outros, como o rapaz que cometeu suicídio, o grupo estava introduzido de tal forma na sua vida que ele já não conseguia se imaginar sem ele. Quando o professor informou o fim do grupo, ele entrou em desespero ao ponto de cometer suicídio. 
Quando se trata de suicídio, é normal que se pense no estado mental do indivíduo, e não no estado social. É normal que se analise a vida daquela pessoa, e não se dê tanta importância à forma de como determinada pessoa enxergava o mundo, ou as circunstâncias e os elos sociais em que vivia. É incontestável de que existem padrões de relações sociais que estimulam ações tão extremas e reprováveis, como a de tirar a própria vida. Nessa perspectiva, Durkheim fala que tal o suicídio é fortemente influenciado por forças sociais. Enquanto a solidariedade social estava assegurada, no que diz respeito ao alto grau de compartilhamento de crenças e valores entre os membros do grupo, enquanto eles estavam interagindo frequentemente e intensamente, isso fazia com que existisse um maior grau de solidariedade social. Desta forma, quanto maior o grau de solidariedade social mais firmemente ancorados no mundo social estão os indivíduos e será menor a probabilidade deles cometerem suicídio. No caso de “A onda”, o rapaz não estava mais ancorado em seu grupo e com a primeira adversidade que surgiu, o fim do grupo, ele cometeu suicídio. Ratificando assim, que o suicídio é inversamente proporcional ao grau de integração e união entre os indivíduos de uma comunidade social. 
De acordo com o sociólogo Talcott Parsons uma sociedade está equilibrada quando a família sabe educar as novas gerações. Seguindo esse pensamento um dos motivos que levaram com que os alunos fossem manipulados de tal maneira, seria um desequilíbrio na família e consequentemente na educação, donde não houve uma estrutura educacional para que os mesmos possuíssem uma base para a formação de seus ideais.
O final do filme mostra como as forças sociais são capazes de levar um individuo a cometer o suicídio, como foi o caso de Tim. Além de ser perceptível que anomia e famílias desagregadas são terrenos férteis para ditaduras. “A Onda” nos apresenta razões para não aceitarmos a autocracia e não nos deixarmos levar pela alienação política.
 Essa história transmite a ideia de que a anomia social (ausência de valores) não existe apenas em um contexto de guerra, mas também atualmente, em que as regras de convivência e ética estão bastante relativizadas. Pagando um alto preço, o professor demonstrou como é fácil manipular as massas num clima totalitário, ele acaba perdendo o controle da situação por ele criada e acaba acontecendo uma tragédia. O professor teve que mostrar com provas de que aquele grupo se tornara um grupo fascista, evidenciando que em apenas uma semana eles começaram a se sentir diferentes, unidos e melhores ou superiores aos outros. E o pior, podendo tomar atitudes que em situação normal nunca tomariam, tornaram – se extremamente obsecados pela “onda” e eram capazes de ameaçar, torturar e até matar quem se opusesse aos seus ideais extremistas. Por fim, a pergunta do início da semana foi respondida por meio de evidências, de que na Alemanha era sim possível ainda existir um governo fascista.
REFERÊNCIAS
BERGER, PETER. “A sociologia como forma de consciência”. In: Perspectivas sociológicas. 29ª edição. Petrópolis: Vozes,2007.
BERGER, PETER & BERGER, BRIGITTE. “Socialização: como ser um membro da sociedade”. In: Foracchi, Marialice M. & Martins, José de Souza. Sociologia e sociedade – leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
BRYM, ROBERT et al ii. “Cultura”. In: Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Thomson Learning, 2015.
________. “Uma bússola sociológica”. In: Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Thomson Learning, 2015.

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