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1 
 
APOSTILA 
FLUVIOMETRIA CTH 
 
Prof. Luis Emílio 
 
 2 
Geomorfologia Fluvial 
Introdução. Definição 
− A Geomorfologia Fluvial interessa-se pelo estudo da 
interação entre os processos e as formas do leito 
relacionadas ao escoamento dos rios. Entre os 
principais processos estando em estágio final a erosão 
e a sedimentação, resultante do transporte de 
materiais detríticos, transportados por, arraste, 
saltação suspensão e solução. 
 
− Os rios (amplo corpo d’água em movimento, 
confinado em um canal principal) constituem os 
agentes mais importantes no transporte dos materiais 
intemperizados das áreas elevadas para as mais baixas 
e dos continentes para o mar. 
 
− Os constituintes intemperizados das rochas que são 
transportados em solução química compõem a carga 
dissolvida dos cursos d’água. A quantidade 
de matéria em solução depende, em grande parte, da 
contribuição relativa da água subterrânea e do 
escoamento superficial para o débito do rio (química 
do rio = vários fatores); a carga dissolvida é 
transportada na mesma velocidade da água, pode ser 
 3 
transportada indefinidamente ou se agregar aos 
sedimentos de fundo. 
 
 − As partículas de granulometria reduzida (silte e 
argila) são tão pequenas que se conservam em 
suspensão pelo fluxo turbulento, constituindo a 
carga de sedimentos em suspensão. Esses sedimentos 
são carregados na mesma velocidade com que a massa 
d’água se desloca, desde que a turbulência seja 
suficiente para mantê-los quando isso não mais ocorrer 
as partículas se depositam (águas calmas). As 
partículas de granulometria maior, como areias e 
cascalho, rolam, deslizam ou saltam ao longo do leito 
dos rios, formando a carga de fundo do rio. Esses 
sedimentos se deslocam com velocidades inferiores 
àquelas da massa d’água. Os sedimentos se depositam 
quando o escoamento não tiver mais competência para 
mantê−los em movimento. 
− O tamanho dos grãos, em geral, diminui em direção à 
jusante (para onde o rio corre, oposto a montante que 
é de onde o rio vem) 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 − As planícies de inundação, conhecidas como 
várzeas, constituem a forma mais comum de 
sedimentação fluvial. A designação é apropriada 
porque nas enchentes toda essa área é inundada, 
tornando-se o leito do rio. 
 
− A planície de inundação pode ser definida e 
delimitada por critérios diversos, conforme a 
perspectiva e os objetivos dos 
pesquisadores. 
• Geólogo − área fluvial recoberta por materiais 
depositados pelas cheias; 
 5 
• Hidrólogo − área fluvial periodicamente inundada 
por cheias de determinadas magnitudes e frequências; 
•Legislador − delimitada e definida pelo estatuto da 
terra; 
•Geomorfólogo − apresenta configuração topográfica 
específica, com formas de relevo e depósitos 
sedimentares relacionados com as águas fluviais, na 
fase do canal e na de transbordamento. 
 
FORMAS DE RELEVO 
 
− Há formas de relevo na planície relacionadas ao 
canal (meandro) e há aquelas desenvolvidas por 
processos de sedimentação que ocorrem fora do canal, 
na superfície da planície de inundação, que 
constituem, também, elementos característicos de sua 
composição: os diques marginais, os sulcos e os 
depósitos de recobrimento e as bacias de inundação. 
− Diques marginais são saliências alongadas compostas 
por sedimentos, bordejando os canais fluviais . A 
largura e a altura são variáveis. A deposição no dique 
ocorre quando o nível d’água ultrapassa as margens do 
canal, quando a corrente fluvial é freada e abandona 
parte de sua carga permitindo. Os detritos mais 
 6 
grosseiros são depositados na proximidade do canal e 
os mais finos são carregados para locais mais distantes. 
− As bacias de inundação são as partes mais baixas da 
planície. São áreas pobremente drenadas, planas, sem 
movimentação topográfica, localizadas nas adjacências 
das faixas aluviais. Atuam como áreas de decantação, 
nas quais os sedimentos finos em suspensão se 
depositam, depois dos mais grossos se depositarem 
nos diques. 
− Quando o rio escoa para o mar ou um lago ou mesmo 
outro rio, pode haver a formação de estuários ou 
deltas. 
 − Os canais podem ser de diversos tipos: 
anastomosado, meândrico, retilíneo (alguns autores 
ainda citam: deltaico, ramificado, reticulado, irregular). 
O tipo mais comum é o meândrico. 
 
− O perfil longitudinal de um rio expressa a altitude de 
cada ponto ao longo do canal. O perfil típico é 
côncavo, com declividades maiores em direção à 
nascente. 
 
− O homem como agente geomorfológico : 
 Modifica diretamente o canal fluvial,controla 
vazões, altera a forma do canal – 
 7 
estabilizando (urbanização) as margens e 
muitas vezes indiretamente 
desestabilizando−as (retirada da vegetação, 
dragagens) 
 O efeito das mudanças diretas ou indiretas 
podem se propagar até longas distâncias. 
 
 
6.1 - Canalização 
• A canalização é uma obra de engenharia realizada 
no sistema fluvial que envolve a direta 
modificação da calha do rio e desencadeia 
consideráveis impactos, no canal e na planície; 
• A utilização desse tipo de obra é considerada 
imprópria, com efeitos prejudiciais ao ambiente. 
• A passagem da draga, aprofundando o canal, 
provoca o abaixamento do nível de base, 
favorecendo a retomada erosiva dos afluentes, 
aumentando a erosão/aumento deposicional. 
25 
6.2 – Construção de Barragens 
• A construção de barragens em vales fluviais rompe a 
seqüência natural dos rios em três áreas distintas: 
a) na montante da barragem; o nível de base é levantado, 
alterando a forma do canal e a capacidade de transporte, 
causa aumento no fornecimento de sedimentos para o 
reservatório (vida útil); 
b) No reservatório: em virtude da mudança da situação 
lótica (água corrente) para lêntica (água parada) gera a 
formação de feições deposicionais, podendo provocar o 
assoreamento do reservatório; 
c) Na jusante do reservatório: as mudanças ocorridas no 
regime das águas (neste setor) acarretam significativos 
efeitos nos processos do canal (entalhe do leito, erosão 
nas margens e deposição a jusante. 
 8 
6.3 - Urbanização 
• A urbanização (entre outras mudanças no uso da 
terra) aumenta a área de impermeabilização, 
causando um aumento no fluxo de água que flui 
em direção ao canal principal. 
• Há, também, a ocupação de margens, áreas que 
sofrem no período de cheia do rio. 
• Eventos recentes comprovam que a ocupação 
dessas áreas deve ser acompanha de um estudo 
preventivo para evitar catástrofes 
 
 9 
 
CAPÍTULO 1 
CARACTERÍSTICAS DOS CURSOS D’ÁGUA 
 
 
1. Introdução 
2. A seção transversal 
3. Forma do leito em planta 
4. Trajetória das partículas de água 
5. Distribuição das velocidades na seção 
 
 
 
 
 10 
SUGESTÕES DE ESTUDO 
 
 
1. Leia o capítulo com atenção anote os termos novos em 
vocabulário e memorize seu significado; 
 
 
 
2. Observe as figuras, reproduzindo-as com a máxima fidelidade 
possível, dedicando muita atenção ao seu significado, você 
pode vir a ser solicitado fazer algumas delas, EXPLICANDO o 
desenho; 
 
 
 
3. Examine o item 6, procurando explicar cada um dos 
parâmetros citados 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 - CARACTERÍSTICAS DOS CURSOS D’ÁGUA 
 
 11 
1. Introdução 
 O objetivo deste capítulo é proporcionar um conhecimento das principais 
caracter íst icas f ís icas dos cursos d’água, de uti l idade para as intervenções 
necessár ias do ponto de vista da engenharia. A divers idadedos rios é virtualmente 
inf inita, pois não existem dois lugares iguais em cl ima, relevo, geologia e 
hidrologia. Entretanto, algumas caracter íst icas morfológicas merecem uma atenção 
especial dos técnicos, sobretudo daqueles responsáveis pelo monitoramento 
destas caracter íst icas. 
 Os cursos dágua naturais const ituem os agentes mais importantes no 
transporte das águas superficiais e dos sedimentos. De acordo com os 
dicionários, r io é uma corrente cont ínua de água, mais ou menos caudalosa, que 
deságua noutra, no mar ou num lago. Embora o curso d’água deva ter uma certa 
grandeza para ser designado como rio, é dif íc i l precisar a part ir de qual tamanho 
passa-se a uti l izar aquela designação. A toponímia, todavia, é muito rica em 
termos designativos para os cursos de água menores, tais como arroio, r ibeira, 
r ibeiro, r iacho, r ibeirão, e outros, reservando -se o termo rio para o princ ipal e 
maior dos elementos componentes de determinada bacia de drenagem. Geológica 
e geomorfologicamente, o termo r io apl ica-se exclus ivamente a qualquer f luxo 
canal izado e, por vezes, é empregado para referir -se a canais dest ituídos de água. 
Tais casos, consist indo de canais secos durante a maior parte do ano e 
comportando f luxo de água só durante e imediatamente após uma chuva, são 
denominados de r ios efêmeros. Os cursos de água que funcionam durante parte do 
ano, mas tornam-se secos no decorrer da outra, são designados de r ios 
intermitentes. Aqueles cursos que drenam água no decorrer do ano todo são 
denominados de r ios perenes. 
Todos os acontecimentos que ocorrem na bacia de drenagem repercutem, 
diretos ou indiretamente, nos cursos d’água. A s condições c l imáticas, a cobertura 
vegetal e a l itologia (O termo l itologia refere -se ao t ipo de rocha. Consiste na 
descrição de rochas em afloramento ou amostra de mão, com base em várias 
característ icas tais como a cor, textura, estrutura, composição mineralógica ou 
granulometr ia . ) são fatores que controlam a morfogênese das vertentes e, por sua 
vez, o t ipo de carga detrit ica a ser fornecida aos rios. 
 
 
 
2. A seção transversal 
 Define-se seção transversal a uma vista em corte do leito do curso d’água, 
a seção pode ser completa como a mostrada na f igura 1 .1 ou parc ial, mostrando 
apenas o leito médio por exemplo. 
 12 
 A f igura 1.1 mostra as principais característ icas de uma seção transver sal, 
definidas a seguir: 
a. Leito maior, leito de cheia, leito de inundação – corresponde a cota máxima 
atingida pelas águas durante as grandes enchentes. O conhecimento deste 
dado é imprescindível para o projeto de estruturas em geral , principalmente 
aquelas que não podem ficar submersas. 
b. Leito médio – pode ser definido como sendo o leito de escoamento das águas 
durante a maior parte do ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. 1 - Elementos de uma seção transversal de um curso d’água natural. 
c. Leito menor, leito de estiagem – corresponde às cotas mais baixas atingidas pelo curso d’água, 
durante os períodos de estiagem. 
d. Eixo médio – denomina-se eixo médio à linha que passa pelo ponto equidistante das margens, 
em geral considera-se o leito médio. 
e. Talvegue – é a linha que passa pelos pontos mais profundas da seção transversal. 
f. MD, ME – margem direita, margem esquerda. 
 
 
g. 3. Forma do leito em planta 
 Embora o estudo da morfologia fluvial seja muito mais amplo, trataremos aqui 
apenas dos canais meândricos por serem os que mais despertaram a atenção dos 
pesquisadores, e também por serem os mais importantes do ponto de vista do 
hidrotécnico. 
 Define-se canal meândrico àqueles em os rios descrevem curvas sinuosas e semelhantes 
entre si. Estas sinuosidades são geradas por um trabalho contínuo de escavação na margem côncava 
ho 
leito maior 
leito menor 
 
 
leito médio 
réguas hidrométricas 
posto fluviométrico 
talvegue 
eixo médio 
MD 
ME 
diques marginais 
 13 
(ponto onde ocorrem as maiores velocidades da corrente) e de deposição na margem convexa (local 
de velocidades mais baixas). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. 2 - Elementos do canal em planta. 
 
 A figura 1.2 mostra os principais elementos de um curso d´água em planta: 
a. Meandro – sinuosidade do leito do rio. 
b. Fundão – zona mais profunda do canal, junto à margem côncava. 
c. Baixio – zona localizada em geral entre dois fundões, em trechos retos, no ponto de inflexão. 
d. Estirão – é a distância entre dois fundões ou baixios consecutivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MD
A
D 
ME 
eixo médio 
talvegue 
zona de baixios 
Zona de fundões 
A 
A 
B 
B 
 Seção AA 
MD ME
A
D 
MD
A
D 
ME
A
D 
 Seção BB 
margem convexa 
margem côncava 
 14 
Figura 1. 3 - Representação esquemática do deslocamento dos meandros, em 
planta. 
 
 
 
Figura 1. 4 – Exemplo da migração dos meandros. Confluência do Rio Ibicuí e 
Jaguari (RS – Brasil) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. 5 - Representação do talvegue, em rios com desenvolvimento normal da 
calha. 
 
 
A
A 
A
A 
B
A 
B
B 
C
C
A 
 15 
 
 
 
 
 
 Figura 1. 6 - Representação do talvegue em rios com sobrepassamento de fundões. 
 
h. Diques marginais são saliências alongadas compostas por sedimentos, bordejando os canais 
fluviais . A largura e a altura são variáveis. A deposição no dique ocorre quando o nível d’água 
ultrapassa as margens do canal, com diminuição da velocidade das correntes, permitindo a 
deposição de parte da sua carga de sedimentos. Os detritos mais grosseiros são depositados na 
proximidade do canal e os mais finos são carregados para locais mais distantes. 
 
4. Trajetória das partículas de água 
 A figura 6 mostra esquematicamente a trajetória seguida pelos filetes líquidos na seção 
transversal. 
 
 
Figura 1. 7 - Esquema das trajetórias dos filetes líquidos. 
 
 
5. Distribuição das velocidades na seção 
 As velocidades dos filetes numa seção transversal variam conforme a posição onde são feitas 
as medida. Junto às margens e junto ao fundo sofrem uma ação retardadora, em função da natureza 
das paredes (rugosidade). Junto à superfície sofrem o efeito da tensão superficial e a resistência do 
ar. 
 
Seção BB Seção AA Seção CC 
 16 
 
 
Figura 1. 8 – Distribuição esquemática das velocidades dos filetes. (a) Trecho reto, em 
planta, com o talvegue coincidindo com o eixo médio. (b) Trecho em curva, em planta, 
mostrando o deslocamento do talvegue no sentido da margem côncava. (c) 
Desenvolvimento teórico do perfil de velocidades numa vertical, evidenciando o efeito de 
fundo e superfície na redução de velocidades. 
È interessante notar, que os perfis de velocidades nasdiferentes verticais nem sempre 
seguem a distribuição parabólica teórica, dependendo da natureza do fundo, das margens e 
influência, principalmente, de vegetação junto à superfície. A figura abaixo exemplifica alguns casos 
de perfis. 
ME 
MD 
talvegue  eixo médio 
ME 
MD 
eixo médio 
talvegue 
Vmáx 
0,6d Vmédia 
fundo do canal 
(a) 
(b) 
(c) 
d 
 17 
 
Figura....... – Efeito de paredes: exemplos de perfis de velocidades. 
 
Figura 1.9 – deslocamento das partículas em zona de curva. 
6. Alteração de parâmetros morfológicos e hidráulicos e suas conseqüências 
 18 
 A calha fluvial encontra-se com constantes mudanças, seja por ação 
antrópica seja por ação dos agentes naturais. Durante estas mudanças, diversos 
parâmetros morfológicos e hidráulicos podem ser alterados. É de grande importância 
para o hidrotécnico, estar consciente das mudanças que podem ocorrer, de modo a 
diagnosticar quaisquer alterações que possam interferir no monitoramento do curso 
d´água, com suas conseqüências para a confiabilidade da curva-chave (seja 
existente, seja em fase de preparação). 
 Alguns parâmetros que podem ser afetados são citados a seguir: 
- natureza da constituição das margens e do fundo (rugosidade do leito) – o material sedimentar 
constituinte do leito dos cursos d’água devem estar em harmonia com a dinâmica do canal. 
Entretanto, ações antrópicas podem levar a um rompimento desta harmonia, provocando 
artificialmente, alterações na rugosidade, tais como alterações na vegetação provocadas 
indiretamente por alterações da mata ciliar, “limpeza” do leito, deposição de material 
sedimentar oriundo de outros locais e com características diferentes do material natural, 
revestimento de trecho do canal, etc. 
- largura, profundidade (relação largura/profundidade) – alterações nas características 
geométricas da seção têm como conseqüência alterações na distribuição das velocidades na 
seção, que podem se refletir em alterações de nível d’água. . 
- estabilidade do substrato – ações de dragagem e deposição artificial de material sedimentar, 
alterações na seção transversal (aterros) , alterações ao longo do canal, podem influir para 
alterar a estabilidade do substrato, com movimentações do leito e das margens. 
- morfologia longitudinal do leito do canal (corredeiras e remansos) – alterações artificiais na 
morfologia longitudinal do canal podem ocasionar mudanças no controle hidráulico, podendo 
gerar impactos nocivos na seção hidrométrica. 
- declividade do leito – as velocidades do escoamento são diretamente proporcional à declividade 
do canal. Alterações, tais como retificações de meandros podem alterar a declividade da calha, 
com alterações significativas nas velocidades do escoamento. 
- altura das margens – alterações na seção transversal, tais como construção de diques, podem 
modificar a altura das margens, com alteração nas velocidades e nos níveis. 
- morfologia da planície de inundação – modificações da planície de inundação através da 
construção de diques, reduzindo sua área podem alterar significativamente as características do 
escoamento na região, com impactos sobre o transporte sólido. 
- nível d´água – o nível na seção hidrométrica pode ser afetado, se forem alteradas as condições 
de contorno da seção, tais como alterações no controle. 
- velocidade na seção transversal – as alterações das velocidades na seção transversal estão 
natural ou artificialmente equilibradas ao longo do ano, em cursos d’água naturais ou 
antropicamente alterados. No entanto podem sofrer alterações locais, principalmente por ação 
antrópica, p.ex. alteração na seção transversal (dragagem, construção de obras, alteração nas 
margens e no leito). 
- tempo de concentração – modificações na cobertura vegetal da bacia podem ocasionar 
alterações no tempo de concentração, gerando cheias mais rápidas e enxurradas. 
- turbidez e capacidade de transporte de sólidos – alterações da calha, construção de barramentos 
(retenção de sedimentos), podem influenciar na quantidade de material transportado, com 
impactos significativos nas zonas de jusante. 
- vazão – as alterações das vazões dos cursos d’água naturais, ocorrem naturalmente, dentro de 
determinados limites impostos pela freqüência das chuvas nas bacias, encontrando-se os canais 
 19 
morfodinâmicamente equilibrados. Em se tratando de canais artificiais, as vazões podem ser 
controladas, conforme as necessidades de trabalho, morfodinamicamente equilibrados de 
maneira artificial. Em cursos d’áqua naturais que sofreram processo de retificação e implantação 
de obras, as vazões podem ser controladas artificialmente (barragens). Neste último caso os 
canais podem estar com sua carga de transporte sólido em desequilíbrio ocasionando alterações 
morfodinâmicas. 
 
 
 20 
 
CAPÍTULO 2 
FLUVIOMETRIA 
 
1. Definições e Características de uma Estação Fluviométrica (EF) 
2. Medição de niveis e vazões líquidas 
3. Medida da descarga líquida 
4. Velocidade média do escoamento (na seção transversal) 
 
 
 21 
 
Capítulo 2 - FLUVIOMETRIA 
 
1. Definições e Características de uma Estação Fluviométrica (EF) 
a. Fluviometria: definição e considerações gerais. 
Fluviometria é a parte da Hidrometria, que se destina à medição das principais variáveis de um 
curso d’água, notadamente os níveis d’água e as descargas (ou vazões) líquidas. 
Nível d’áqua pode ser definido como sendo a posição da lâmina d’água (geralmente em metros) 
referida ao fundo do rio ou a um ponto de referência de nível fixo (cota da linha d’água). 
Vazão líquida pode ser definida como sendo a quantidade de água que passa por um 
determinado local do rio, durante um determinado tempo. Geralmente definida como o volume (em 
metros cúbicos ou litros), que passa durante uma unidade de tempo definida (um segundo, uma 
hora, um dia, etc) Por exemplo m3/s. Também pode ser definida em termos de massa (kg/s). A 
equação abaixo mostra a relação entre a vazão mássica e a vazão volumétrica. 
massa
vol
Q
Q
 
 
Onde: 
Qmassa = vazão em kg/s 
Qvol = vazão em m
3/s 
ρ = massa especifica do fluido em kg/m3 
 
A vazão líquida fica definida pela seguinte equação geral: 
VAQ 
 (2. 1) 
onde Q = vazão líquida [m3/s] 
 A = área da seção [m2] 
 
V
= velocidade média do escoamento [m/s] 
b. Estação Fluviométrica (EF) ou Estação Hidrométrica (EH) 
Define-se Estação Fluviométrica, como um conjunto de dispositivos utilizados num local de um 
curso d’água, destinado ao monitoramento dos níveis e das vazões, tendo por objetivo principal o 
estabelecimento de uma relação bem definida entre a cota e a descarga líquida. Procura-se cobrir 
durante as medições, a mais ampla faixa de níveis possível. 
A EF deve ser instalada num local previamente definido, baseado em estudos criteriosos do curso 
d’água, na procura do local ideal. Estes estudos consistem da análise de cartas do curso d’água para 
definir os locais prováveis. Uma vez definidos estes locais, devem ser feitas visitas e campanhas de 
levantamentos dos trechos selecionados. Somente então será escolhido o local definitivo, que 
permitirá a obtenção de dados de melhor qualidade. Após a escolha do local se definirá o método e o 
sistema que será utilizado para as medições. 
 22 
A escolha do local, e o sistema de medição a ser adotado para deve ser baseada nas seguintes 
condições: 
a. O trecho escolhido deve ser retilínio com margens paralelas; 
b. Perfil longitudinal deve ser regular, com leito livre de vegetação, pedras e outros obstáculos; 
c. a posição da seção de medição deve ser, na medida do possível,o mais próximo da indicada pela 
figura (onde L é a largura da curso d’água): 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 1 - Trecho de um curso d’água. Proporções ótimas. 
(L = largura do curso d’água). 
 
d. o perfil transversal da seção deve simétrico e ter taludes altos, que não permitam o 
extravasamento; 
e. o leito e as margens devem ser estáveis; 
f. as velocidades do escoamento devem estar entre 0,30 m/s e 2,5 m/s; 
g. deve garantir a acessibilidade em qualquer circunstância e ser local de fácil acesso e no caso da 
existência de observador, o mesmo deve morar próximo à seção; 
h. o local deve estar suficientemente afastado das confluências, para evitar o efeitos de remanso; 
i. o local deve ser livre das ações antrópicas (construção de pontes, modificação de barrancas, etc); 
j. Deve existir um adequado controle natural estável, ou condições para implantação de um 
controle artificial; 
k. As condições para instalação dos dispositivos necessários (de acordo com o sistema de medição 
escolhido) devem ser satisfatórias. 
Na implantação da EF, as condições acima devem assegurar que o trecho 
escolhido possua velocidades bem distribuídas, normais à seção, sem redemoinhos, 
enfim, condições hidráulicas ótimas. 
A escolha do local ideal para a EF levará a conflitos diversos, principalmente quanto aos 
custos envolvidos na instalação, manutenção e operação da estação, que poderão 
inviabilizar a instalação propriamente dita ou a curto prazo, o prosseguimento dos trabalhos. 
Outro ponto de conflito é a escolha do local propriamente dito, que muitas vezes não reúne 
todas as condições descritas anteriormente. Deve-se portanto, fazer um estudo criterioso 
dos locais, procurando aquele, que se não for o ótimo, deve pelo menos garantir a boa 
qualidade dos dados coletados. 
L 
10L 
7L 3L 
seção transversal 
sentido do fluxo 
 23 
Deve ser feito um levantamento do trecho do rio, procurando ressaltar as características físicas, 
das quais depende a estabilidade da relação cota X vazão. 
Atenção especial deve ser dada aos seguintes pontos: 
a. natureza do leito – leitos rochosos, geralmente garantem uma boa estabilidade, excetuando 
locais com irregularidades que podem dificultar ou mesmo impossibilitar as medições. Locais 
caracterizados por afloramentos rochosos formando corredeiras e quedas d’água, geralmente 
favorecem no trecho imediatamente a montante, o aparecimento de condições favoráveis à 
implantação de postos fluviométricos. Cursos d’água de leitos móveis, geralmente com 
tendência a formação de meandros, declividades pequenas e sujeitos, geralmente, à 
extravasamento freqüente, dificilmente apresentam condições favoráveis ao estabelecimento de 
uma curva chave única. 
b. vegetação - recobrindo as margens e o leito maior do rio, pode ser um fator de instabilidade da 
relação cota X vazão, principalmente pela variação da rugosidade, ligada às variações sazonais da 
vegetação ou à ações antrópicas. 
c. nível d’água – os levantamentos efetuados devem sempre que possível abranger todas as 
condições possíveis de escoamento, principalmente para águas altas, já que observações em 
águas baixas muitas vezes não mostram, num reconhecimento muitas vezes superficial, algumas 
particularidades importantes . Observações em águas altas podem revelar importantes 
particularidades do escoamento, tais como variações bruscas da seção transversal e afogamento 
de corredeiras. 
d. controle - chamamos controle, ao trecho (canal) ou seção de rio, que regula, para cada vazão, o 
nível de água na Seção Hidrométrica. Quando o controle ocorre em uma seção, se verifica uma 
mudança do regime de escoamento, de lento para rápido, já o controle de canal é resultante das 
condições de escoamento lento, subcrítico, de um trecho de canal do rio, à jusante da SH, sem 
alteração do regime de escoamento, mantendo as condições hidráulicas próximas daquelas para 
escoamento uniforme. O controle de canal é menos eficiente que o de seção, pois naquele não 
ocorre uma relação biunívoca entre nível e vazão, quando ocorrem variações rápidas da vazão ao 
longo do tempo. Os controles podem ser naturais ou artificiais. 
 controles naturais - são as quedas d’água e trechos com corredeiras rochosas estáveis. Em rios 
de planície o controle é definido pela resistência ao escoamento do trecho do canal à jusante, 
pois, tal como a seção o trecho à jusante também deve ser estável. O grande inconveniente 
deste tipo de controle é a instabilidade, ao longo do tempo da relação cota/vazão, devido 
principalmente, à instabilidade que ocorre nos canais naturais. 
 controles artificiais – os controles artificiais mais utilizados são os vertedores e os medidores 
Parshall. Este tipo de controle é geralmente utilizado em pequenos cursos d’água e canais 
artificiais. Como vantagens destes controles podemos citar: a facilidade de registro dos níveis e 
sua correlação com a vazão, pois as equações são bem conhecidas; o remanso quase inexistente; 
no caso particular do medidor Parshall, citamos além das características citadas anteriormente, a 
boa capacidade de auto limpeza, com, praticamente, nenhuma retenção de sedimentos. 
e. Curva-chave 
Também denominada de curva de descarga, relação cota/vazão ou curva de calibração de uma 
estação fluviométrica. A curva-chave pode ser definida como a representação gráfica (figura 2), da 
relação entre a descarga e o nível d'água correspondente, num dado ponto de um curso d'água. A 
curva-chave pode ser definida por uma equação do tipo: 
- exponencial: 
n
o )hh(aQ 
 ou (2. 2) 
- polinomial: 
......chbhahhQ 2n1nno 

 (2. 3) 
 24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 2 – Expressão gráfica de uma curva-chave 
 
onde Q é a vazão, a, b, c, etc são coeficientes próprios a cada estação, h é a leitura da régua ho é a 
leitura da régua correspondente a vazão nula e n é um expoente próprio para cada estação. Estes os 
coeficientes e os expoentes são facilmente determinados com o uso de planilhas eletrônicas, tipo 
EXCEL, LOTUS, etc, ou através do método de diferenças finitas. 
f. Obtenção dos dados para o estabelecimento da curva-chave 
Os dados necessários para a determinação da curva-chave, são cotas e vazões líquidas. As vazões 
são determinadas através de medição direta na seção hidrométrica feita por uma equipe 
especializada, ou através de instalações fixas, tipo vertedores ou calhas Parshall. 
g. Estabilidade e sensibilidade da Seção Hidrométrica 
Diz-se que a seção hidrométrica apresenta-se estável, quando ocorre uma relação constante ao 
longo do tempo, entre as cotas e as vazões correspondentes. Seria o caso de uma seção num trecho 
com leito e margens rochosas, a montante de um controle inalterável. 
A EF será sensível quando para uma grande variação do nível d’água ocorrer uma pequena 
variação da vazão, podendo-se neste caso converter com boa precisão os dados de níveis em dados 
de descarga. Portanto, quanto menor a sensibilidade da seção menor será a precisão na conversão 
dos dados de níveis em vazão. 
h. Univocidade da relação cota/vazão 
 
 
 
 
Uma relação é univoca, quando ocorre correspondência entre dois conjuntos, em que a cada 
elemento do primeiro conjunto corresponde apenas um elemento do segundo. 
A relação cota X vazão pode ser estável ou não ao longo do tempo, dependendo da existência ou 
não de um controle permanente e estável da seção de medição. Esta relação pode então, ser unívoca 
ou não. A univocidade vai existir quando a declividade da linha d’água for constante ou possuir 
Q (m3/s) 
h 
(m) 
 25 
variações desprezíveis no trecho.Quanto menor for a declividade da linha d’água, mais se fará sentir 
a influência da declividade, podendo em alguns casos, para uma mesma cota de nível existirem 
diferentes valores de descarga, se houver alteração da declividade da linha d’água. Este fenômeno se 
verifica durante a passagem de uma onda de cheia ou na presença de eventual remanso gerado por 
um represamento a jusante, que poderá ser natural ou artificial, deixando neste caso de existir a 
univocidade entre cota e descarga. 
i. Tipos de curvas-chave. 
Podemos classificar as curvas-chave em três tipos básicos: estáveis e unívocas; estáveis mas 
influenciadas pela declividade da linha d’água e instáveis. 
Diz-se que a curva-chave é estável e unívoca, quando a uma cota corresponde uma única vazão, 
permitindo a implantação de uma equação do tipo definido na figura 2.2. A curva resultante não 
deverá afastar-se mais de 5% dos pontos medidos. 
Uma curva–chave estável mas influenciada pela declividade da linha d’água aparece em rios de 
pequena declividade, onde diversas causas podem acarretar alterações na declividade da linha 
d’água, como por exemplo em rios onde se verifica uma elevação rápida do nível d’água durante um 
cheia, sendo a declividade da linha d’água mais acentuada durante a elevação do nível, e mais suave 
durante a depleção. Outro exemplo seria a existência de represamentos a jusante, podendo 
influenciar na declividade da linha d’água. 
 Uma curva-chave é instável quando a uma cota corresponde mais de uma vazão, 
demonstrando uma instabilidade da seção transversal, com erosões e deposições ou inexistência de 
um controle. 
 
2. Medição de niveis e vazões líquidas 
2.1. Leitura do nível d’água. 
2.1.1. Régua linimétrica 
Conforme definido anteriormente, a vazão de um curso d’água fica definida através da cota de 
nível (curva-chave). 
As cotas devem sempre estarem referidas a um RN (Referência de nível), suficientemente 
protegido contra eventuais danos (naturais como cheias, deslizamentos de terreno, etc ou artificiais 
como depredações) 
 
 
 
Nível mín. 
Nível máx. 
RN 
réguas 
 26 
 
 
 
 
Figura 2. 3 - Esquema de instalação de réguas linimétricas. 
 
A cota de nível fica definida pela leitura feita por um observador, em uma régua linimétrica 
instalada na margem do curso d’água. Estas réguas podem ser confeccionadas em madeira, alumínio 
anodizado, metal esmaltado, pintado em concreto, etc. Também são utilizados equipamentos 
especiais chamados linígrafos, que registram automaticamente o nível d’água a intervalos de tempo 
predefinidos. 
 A leitura da régua pode ser feita sistematicamente, por um observador 
contratado. Neste devem ser feitas três leituras diárias no mínimo, (7h30min, 
12h30min, 18h). No caso da passagem de onda de cheia devem ser feitas leituras 
mais freqüentes, dependendo da velocidade de subida do rio. A instalação de 
réguas deve ser utilizada sempre, mesmo no caso do uso de equipamentos 
 
Figura 2. 4 - Exemplo de um lance de réguas 
 
registradores de níveis, tais como linígrafos ou marégrafos, quando é dispensável o 
emprego de observadores. Neste caso a leitura dos níveis são feitos nas réguas, 
em caso de pane dos equipamentos, ou para verificar o funcionamento dos 
equipamentos (esta verificação deve sempre ser feita). 
 As réguas podem ser fixadas sobre um caibro (8X8), trilhos, cantoneiras grossas, moirões, 
pilares de ponte, etc. As das réguas são centimétricas e devem estar perfeitamente referenciadas a 
uma referência de nível (RN), com cota arbitrária ou altitude verdadeira. Deve-se utilizar pelo menos 
 27 
dois marcos, estando um deles perfeitamente protegido de danos causados por acidentes diversos, 
tais como depredação e inundações. 
 
2.1.2. Linígrafos 
São aparelhos que registram continuamente o nível d’água. Podem ser instalados em pilares 
de pontes, trapiches ou poços escavados na margem. A figura abaixo ilustra uma instalação de um 
linígrafo de bóia e contrapeso, através do uso de poços. 
O modo de instalação dos equipamentos depende muito de suas 
características. Um dos tipos mais comuns, é o tipo bóia/contrapeso, instalado como 
esquematizado acima. Entretanto, podemos utilizar tubos metálicos ou em PVC, 
fixados na margem do rio, ou em pilares de pontes, etc. Resumindo podemos dizer 
que as condições locais e o modelo de equipamento a ser utilizado ditarão o tipo de 
instalação. As fotos a seguir ilustram alguns tipos de equipamentos. 
Figura 2. 5 - Esquema de instalação de um linígrafo do tipo “bóia / contrapeso” em 
poço escavado na margem. 
 
 
2.1.3. Cuidados que devem ser tomadas na instalação. 
a. garantir que o equipamento registrador fique sempre acima do nível mais alto; 
b. a referência de nível do equipamento e das réguas deve ser a mesma; 
c. o tubo de instalação do sensor ou bóia deve estar ao abrigo de troncos, galhos, etc, que são 
carregados pela correnteza; 
d. no caso de poço, deve haver uma régua instalada que permita a leitura do nível dentro do poço; 
esta régua deve estar relacionada com as escalas externas; 
“casinha” do 
linígrafo linígrafo 
bóia 
contrapeso 
Tubo de ligação 
poço 
Curso 
d’água 
 28 
e. sempre, durante as visitas de manutenção e/ou retirada dos dados, o técnico responsável deve 
registrar na caderneta de campo, a leitura na régua, não esquecendo de anotar a data e a hora e 
minutos da leitura; 
f. no caso de poços ou tubos, deve-se fazer uma limpeza periódica dos mesmos, pois é normal que 
se acumule algum sedimento no interior dos mesmos ; 
g. em locais onde existe muito transporte de sedimentos, deve-se prever mais de uma tomada de 
água, garantindo, assim, o funcionamento mesmo no caso de entupimento de uma delas. 
 
 
3. Medida da descarga líquida 
Define-se “descarga ou vazão líquida” como sendo o volume de água que passa numa dada seção 
transversal, na unidade de tempo. A descarga líquida pode ser medida através de diferentes 
processos: 
a. processo volumétrico; 
b. através de leitura no nível d’água (vertedores e calhas Parshal); 
c. uso de flutuadores; 
d. através de medidas pontuais das velocidades do fluxo, com o uso de molinetes, correntômetros, 
correntógrafos, etc. 
e. utilização de traçadores químicos ou radioativos; 
f. através de equipamentos utilizando ultra-som; 
g. utilização de fórmulas, baseada nas características do rio. 
 
 
3.1. Processo volumétrico 
 É um método simples, porém de ótima precisão. Consiste em interceptar todo o fluxo com 
um recipiente calibrado, cronometrando seu tempo de enchimento. É o um método aconselhado 
para a medição de pequenas vazões. 
 
3.2. Através da leitura no nível d’água (correlação cota X vazão) 
 O processo de leitura dos níveis d’água é utilizado para: 
a. locais (seção) onde exista uma curva-chave perfeitamente definida e calibrada. Deve-se tomar o 
cuidado de verificar se não houve alteração da seção transversal ou modificações nas 
características hidráulicas do escoamento; 
b. vertedores (estruturas com características geométricas bem definidas, com equação da curva-
chave calibrada); 
c. medidor Parshall (tipo de estrutura com características bem definidas, apropriadas para a 
medição de vazão, difere do vertedor na concepção geométrica e nas características hidráulicas). 
 
3.3. Flutuadores 
 29 
 É um método expedito, utilizado para obtermos uma avaliação rápida da vazão, em um local 
qualquer. É imprescindível o conhecimento da seção transversal. Consiste em cronometrar o 
deslocamento de um flutuador que percorre uma distância conhecida, obtendo-se assim a 
velocidade do escoamento, nas camadas superficiais. Repete-se o processo quantasvezes forem 
necessárias para termos uma média da velocidade na seção. A figura 6 mostra esquematicamente a 
execução do método. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 6 - Esquema de medição com flutuadores. 
 Se desconsiderarmos as margens ou possuirmos poucas medidas (n<10), podemos utilizar a 
média simples: 
 
 
1 2 ..... n
média
V V V
V
n
  

 
 
 
Onde n é o número de medições. 
A vazão fica dada por 
seçãomédiac AVCQ 
 
Onde Cc = coeficiente de correção da velocidade, que varia entre 0,75 e 0,95. 
Em geral toma-se a média (Cc = 0,85). 
 
 
3.4. Medição das velocidades do fluxo com uso de medidores pontuais (p.ex. molinete hidrométrico) 
 O processo mais comum para medir a descarga líquida, é o das medidas de velocidades 
pontuais, distribuídas na seção transversal. Uma vez identificada e escolhida a seção de medição, o 
método consiste em: 
 
V1 
V2 
V3 
V4 
A
se
çã
o
 
 30 
3.4.1 Escolha do número de verticais 
Para escolher um número adequado de verticais ao longo da seção, podemos utilizar os métodos 
abaixo: 
a. dividir a seção em 10 setores (supondo que, em cada setor, passe 
aproximadamente 10% da vazão total). Implantando, portanto, 9 verticais. 
b. utilizar o método de Parigot, descrito na tabela abaixo. 
As verticais podem estar eqüidistantes uma da outra ou não. Entretanto, se as distâncias entre 
verticais forem diferentes, sugere-se que a menor distância seja superior à terça parte do trecho 
adjacente. 
 
 Tabela 2. 1 - Distâncias recomendadas entre verticais (Parigot, 1948) 
Largura do rio (m) Distância entre verticais (m) 
 3 0,30 
3 - 6 0,50 
6 - 15 1,00 
15 - 50 2,00 
50 - 80 4,00 
80 - 150 6,00 
150 - 250 8,00 
 250 12,00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 7 - posicionamento das verticais ao longo da seção. 
 
 
 
 
 
Seção 
transversal 
Verticais 
 
Setor 
 31 
3.4.2 Escolha do número de pontos de medida de velocidade numa vertical 
Para definir-se um perfil de velocidades sobre uma vertical é necessário escolher um determinado 
número de pontos sobre esta vertical e medir a velocidade em cada um deles. 
 
 
 
 
 
Figura 2. 8 - escolha dos pontos de medição ao longo da vertical. 
Onde: Vs = velocidade de superfície; 
 Vf = velocidade de fundo; 
 Vn = velocidade qualquer em pontos intermediários. 
 
Para a escolha do número de pontos onde serão feitas as medidas de velocidade e a posição deles 
na vertical, no caso de utilização de molinetes hidrométricos, ou qualquer equipamento de medição 
pontual, sugere-se dois métodos: 
 
a. utilizar a seguinte tabela: 
 Tabela 2. 2 - Critério para determinação dos pontos para tomada de velocidades. 
Profundidades na vertical Posição do molinete a partir da superfície. 
0,15 a 0,60 m 0,6d (1) 
0,60 a 1,20 0,2d e 0,8d 
1,20 a 2,00 0,2d; 0,6d e 0,8d 
2,00 a 4,00 S; 0,2d; 0,4d; 0,6d e 0,8d 
acima de 4,00m S; 0,2d; 0,4d; 0,6d; 0,8d e F (2) 
(1) onde d é a profundidade do local. 
(2) A posição S (superfície) corresponde àquela onde a hélice do molinete fica totalmente coberta; 
em operações em rios, onde a hélice utilizada é relativamente grande, pode-se adotar 0,10d e a 
posição F (fundo) é aquela determinada pela distância entre o eixo do molinete e o extremo do 
lastro. 
Vs 
Vf Vn 
 32 
b. adotar uma distância fixa entre os pontos de medição, contada a 
partir da superfície, ou a partir do fundo, por exemplo a cada dez 
centímetros, dependendo da dimensão da hélice utilizada. (Sugere-se 
como distância mínima, o diâmetro da hélice). Para outros 
equipamentos, seguir indicação do manual do mesmo. 
 
3.4.3 Cálculo da velocidade média em cada vertical 
Após as medições feitas calculamos a velocidade média em cada vertical. 
A figura abaixo representa o vetor velocidade para cada ponto medido ao longo da vertical. A 
velocidade média para cada vertical é calculada pela equação: 
 
)n(
V)V.....VV(V
V snfm
12
2 21



 (2.4) 
 Para pontos igualmente distribuídos ao longo da vertical, onde desconsidera-se os efeitos de 
fundo e superfície, e possuirmos poucos pontos de medição, podemos utilizar a seguinte equação: 
 
n
VVV
V nm
.....21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 9- Perfil vertical de velocidades. 
 
 
 
Vs 
V1 
V2 
Vf 
Vn 
p 
 33 
3.4.4 Cálculo da área da seção transversal 
 Para a determinação da área da seção transversal, podemos utilizar três 
métodos distintos: 
a. Método de Simpson: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 10- Método de Simpson 
 
 Calcula-se a área entre cada setor delimitado por duas verticais. Exemplo conforme o 
esquema acima: 
a. os setores estão definidos por 
b. o cálculo da área total fica dado por: 
 
2222
32211 np....c
pp
b
ppap
A n




 (2.5) 
onde a+b+c+...+n = L = largura do rio 
 pn = profundidade da vertical n 
 
b. Método da meia seção 
 Neste procedimento calcula-se a área do setor definido por uma vertical central e pelas 
metades dos setores adjacentes (área achurada na figura abaixo). Exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 11- Método da meia seção. 
L 
a b c 
1 p1 
p2 p3 2 
3 
pn 
n 
n 
n 
2 
L 
a b c 
p1 
p2 p3 
pn 
n 
n 
1 
m 
pm 
 34 
 
 O cálculo da área fica dado por: 
 
np
nm
.....p
cb
p
ba
A 


















222222
21
 (2.6) 
 
onde: a+b+c+.....+m+n = L 
 pn = profundidade da vertical n 
Observação: seja qual for o método utilizado para calcular a área, o resultado deve ser idêntico. 
 
 
 
 
 
 
c. Método de Gauss 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação: as distâncias são acumuladas 
 
a 
b 
c 
pa 
pb pc 
pd 
n 
d 
 35 
 
 
3.4.5 Cálculo da vazão líquida 
 
A vazão líquida fica definida através da equação adequada ao método de cálculo de área 
utilizado: 
a. Usando Simpson: a vazão é calculada multiplicando-se a área de cada setor pela sua velocidade 
média, que é calculada pela média das velocidades médias das verticais que delimitam os 
setores. 
22222222
3232212111 mnnmmmmm Vnp....
VVc)pp(VVb)pp(Vap
Q 




 (2.7) 
 
b. Usando a meia-seção: a vazão é calculada multiplicando a área do setor definido pela “meia-
seção” pela velocidade média da vertical central. 
nn Vp
nm
.....Vp
cb
Vp
ba
Q 


















222222
2211
 (2. 8) 
 
c. Para calcular a vazão utilizando o método de Gauss para o cálculo da área, é necessário possuir 
um elevado número de pontos de medição (np ≥ 3 nvert) para garantir a precisão do resultado. 
 
 
d. Método das isótacas para o cálculo da vazão. 
 
Define-se isótaca como sendo a curva que une os pontos de igual velocidade. Admite-se que 
o contorno do fundo seja uma isótaca com velocidade zero. 
Neste caso a área total da seção transversal é dada por: 
A = Af + A1 + A2 + .... An (2. 94) 
Onde Af, A1, ..., An = área entre as curvas que definem as isótacas.Para o cálculo da vazão é necessário calcular a vazão que passa entre duas isótacas 
consecutivas e somá-las. Ver equação e a figura abaixo 
 
n
nn
f
f A
VV
......A
VV
A
VV
Q
222
1
1
211 



 
 (2.10) 
 36 
 
Figura 2. 9 - Seção transversal com o traçado das isótacas. 
 
onde: Af representa a área entre as isótacas Vf e V1; 
 A1 representa a área entre as isótacas V1 e V2 , etc. 
 Para a velocidade média na área An adotamos Vn. 
 
4. Velocidade média do escoamento (na seção transversal) 
 A velocidade média do escoamento na seção transversal é definida como sendo a vazão 
total, dividida pela área da seção transversal. 
A
Q
V 
 (2.11) 
 
4. Outros métodos utilizados para escolha dos pontos de medição sobre uma 
vertical. 
 
4.1 Método da velocidade superficial 
 Consiste em medir a velocidade em apenas um ponto, na superfície. Tal 
como no caso de flutuadores devemos fazer uma correção com um coeficiente 
variando entre 0,75 e 0,9 (em geral se utiliza 0,85). Não é recomendado por ser 
pouco preciso. 
 
 
4.2 Método do ponto único 
 37 
O estudo da distribuição teórica de velocidade em canais abertos mostra que a velocidade 
média sobre uma vertical situa-se a 0,6d da superfície. Isto justifica, usar um único ponto de medição 
numa vertical, situado, a uma distância da superfície igual a 60% da profundidade total na vertical. 
60,m VV 
 (2.12) 
 Este método deve ser utilizado para profundidades pequenas, e/ou próximo 
às margens, principalmente em trabalhos que exijam rapidez. 
 
 4.3 Método dos dois pontos 
 A velocidade média na vertical pode ser obtida aproximadamente por: 
2
8020 ,,
m
VV
V


 (2.13) 
onde V0,2 e V0,8 são respectivamente as velocidades obtidas a 20% da profundidade (0,2d) e 80% da 
profundidade (0,8d), contadas a partir da superfície. 
 
Este processo é bastante utilizado, pela rapidez que oferece. Entretanto, é importante 
salientar que se podem cometer erros importantes, pois nos cursos d’água naturais nem sempre se 
verifica esta lei (Ver figura demonstrativa de perfis de velocidade, em anexo). É importante sempre 
verificar a viabilidade da aplicação deste método na seção de trabalho, o que pode ser feito através 
de comparações com medições mais detalhadas. 
 
4.4. Método dos três pontos: 
 Mais preciso que os dois anteriores. Baseia-se no desenvolvimento parabólico das 
velocidades na vertical. Duas equações são sugeridas para este caso. Aconselha-se testar qual das 
duas é a mais indicada. 
 
 
4
VV2V
V
8,06,02,0
m


 (2.14) 
3
VVV
V
8,06,02,0
m


 (2.15) 
 
4.4 Método dos cinco pontos 
 Mede-se as velocidades em cinco pontos na vertical: Vs, V0,2, V0,6, V0,8, VF. São sugeridas as 
equações: 
8
)(2 8,06,02,0 sf
m
VVVVV
V


 
5
8,06,02,0 FS
m
VVVVV
V

 
 38 
10
323 8,06,02,0 sf
m
VVVVV
V


 
 
4.4. Método dos pontos múltiplos 
 Faz-se uma medida próxima à superfície e outra próxima ao fundo. Faz-se a seguir diversas 
medidas intermediárias, procurando fazer o maior número possível de medidas. O número de 
medidas vai depender da profundidade na vertical e do tipo de equipamento que está sendo 
utilizado. Podemos adotar como regra prática, a distância entre os pontos igual ao diâmetro da hélice 
(quando se utiliza molinete hidrométrico). Calcula-se a velocidade média pelos métodos vistos 
anteriormente: 
)1(2
).....(2 21



n
VVVVV
V
snf
m
 
n
VVV
V nm
.....21 
 
 
5. Técnicas de medição da descarga líquida utilizando medidores pontuais. 
Medição com o uso de equipamentos para velocidades pontuais, tais como molinetes. 
a. medição à vau; 
Esse tipo de medição só pode ser adotado, quando o hidrometrista puder atravessar a pé o curso d’água (profundidades até um 
metro, largura até 10 m e velocidades compatíveis). O molinete fica solidário a uma haste metálica graduada, operado diretamente 
pelo hidrometrista. 
 
 
 
 
 
Figura 2. 10 - representação esquemática da medição a vau. 
 
 Também podem ser utilizadas pequenas passarelas, construídas 
especialmente para medição da vazão ou existentes no local. As passarelas são 
necessárias para aqueles cursos d’água que apresentam altas velocidades. 
 39 
 
Figura 2. 11 - Montagem de uma passarela para medição. 
 
b. medição aproveitando uma ponte; 
O uso de pontes é interessante, pois possibilita ao hidrometrista um trabalho até certo ponto, 
mais fácil. Preferencialmente, não devem haver pilares na calha do rio. O posicionamento é feito 
a partir de medidas na própria ponte. Se a ponte for esconsa, (diz-se ponte esconsa, quando seu 
eixo não for perpendicular ao eixo do rio), deve-se adotar uma correção para o valor da vazão 
calculada, conforme exposto abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eixo da ponte 
e  
 
 = ângulo entre o eixo da 
ponte e a perpendicular às 
margens. 
e = distância entre verticais 
medida ao longo da ponte. 
 = distância corrigida entre 
verticais. 
 
 
 = e cos  
 40 
 
 
Figura 2. 12 - Exemplo de correção para o caso de uma ponte esconsa. - 
 
 A vazão é calculada como se a ponte fosse perpendicular ao eixo do rio, utilizando qualquer 
dos métodos já estudados. A vazão real é obtida através de uma correção que depende do 
ângulo entre a ponte e a perpendicular ao eixo do rio, conforme a equação abaixo: 
 cosQQ e
 (2.16) 
 
onde: Q = vazão corrigida; 
 Qe = vazão calculada na seção esconsa; 
  = ângulo entre o eixo da ponte e a perpendicular ao eixo do rio. 
c. medição usando embarcação que se desloca utilizando um cabo estendido de margem a 
margem. Neste caso as distâncias entre verticais ficam perfeitamente definidas através de 
marcações adequadas sobre o cabo. Se por alguma razão o cabo não for instalado 
perpendicularmente ao eixo do rio, corrige-se a vazão conforme descrito no item anterior. 
d. medição usando embarcação que vai fundeando a cada vertical escolhida, com a posição do 
barco determinada a partir de terra por topografia tradicional (figura 16), ou utilizando bóias 
previamente posicionadas, ou no próprio barco, com o uso de sextante ou com o uso de GPS de 
boa precisão. A figura 2.16 mostra esquematicamente o posicionamento de uma vertical (ou 
bóia) localizada no ponto C. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 13 - Exemplo para posicionamento de uma vertical de medição. 
d 
A B 
C 
C1 C2 
h 
d2 d1 
a b 
D 
g 
 41 
 
Na figura 2.16 são representados todos os elementos de um triângulo, possíveis de serem 
utilizados para o posicionamento do ponto C. Basicamente o método consiste em implantarmos 
uma base AB de comprimento d, a uma distância g da margem dorio. O barco está localizado em C 
distante h da linha de base. Instalando-se dois teodolitos nos pontos A e B, mede-se, 
simultaneamente os ângulos A e B. Através das relações trigonométricas e pelas propriedades dos 
triângulos posiciona-se o ponto C corretamente. 
Conhecendo-se os ângulos A e B e a base d, aplicando as propriedades dos triângulos, 
podemos calcular h, através de: 
 
Csen
BsenAsend
h 
 (2.17) 
 
 Podemos ainda, utilizar somente um dos triângulos retângulos, por exemplo CDB, 
implantando na margem, a partir do pondo D, bandeirolas para garantirem o alinhamento. Deste 
modo, com um teodolito em B e duas bandeirolas na margem no trecho de DB, garantimos a posição 
C com boa precisão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. 14 – posicionamento utilizando bandeirolas. 
 
 
A B 
C 
margem do rio 
D 
linha de visada 
 42 
 O ponto C fica determinado através do cálculo de BC: 
 
 tgABBC
 (2.18) 
 
 É interessante observar que a distância BC e o ângulo  devem ser, preferencialmente, 
predeterminados no escritório, de modo a evitar perda de tempo em campo. Observar que neste 
caso o triângulo ABC deve ser sempre um triângulo retângulo, com o ângulo reto em B. 
 
e. medição através de carrinho aéreo, suspenso por cabos, que leva o hidrometrista, (sistema 
teleférico). 
f. medição através de sistema teleférico com comando do posicionamento do equipamento de 
medição a partir da margem; 
g. medição com a embarcação em movimento, para rios largos e profundos, com apoio 
(posicionamento) de terra, ou GPS; 
h. medição com a embarcação em movimento, para rios largos, sem apoio de terra (Método do 
barco móvel); 
i. medição com equipamentos que utilizam ultra-som (tipo ADCP). 
j. medição utilizando estruturas rígidas (vertedores, calhas) 
 
As tabelas 2.3 e 2.4 são exemplos de planilhas de campo. Observar que a planilha de campo 
pode ser adaptada conforme a situação. 
 
 
 43 
 Tabela 2. 3 - Exemplo de planilha de campo utilizada no IPH para mediçöes das vazões líquidas. 
 Para o cálculo das áreas se utiliza o método de Simpson. 
 
U.F.R.G.S. – I. P. H. – HIDROMETRIA 
FICHA PARA MEDIÇÃO DE DESCARGA RIO ( ) ARROIO ( ) 
 
PERFIL 
 
DATA: MOLITENE Nº HÉLICE Nº OPERADOR CÁLCULO CONFERE 
HORA: 
Início: Fim: 
RÉGUA 
Início Fim 
Resumo: Q= 
A= VM= 
Nº Distância Sondagem P.P. R T V P.P. R T V P.P. R T V P.P. R T V VMv VMs As Qs 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 44 
 Tabela 2. 4 - Modelo de planilha utilizado pela CPRM 
 Utiliza-se para o cálculo das áreas o método da meia-seção. 
 
ESTAÇÃO __________________________________ RIO ____________________________________________ 
 
SEÇÃO _____________________________________ TEMPO ___________ VENTO ____________ 
 
INICIO INICIO
FIM FIM
COTA HORA EQUIPE
TIPO DE MEDIÇÃO
 
 
SERIE 1ª EQUAÇÃO LASTRO
MOLINETE Nº TRANSIÇÃO 2ª EQUAÇÃO HASTE TESTE
 
 
 
 
DIST 
P. INIC. 
LARG PROF Nº 
ROT 
TEMPO PONTO MÉDIA COEF 
ANG 
 
ÁREA 
 X 
COEF 
DESCARGA 
SEGMENTO 
DIST 
P. INIC. 
LARG PROF Nº ROT TEMPO PONTO MÉDIA COEF 
ANG 
 
ÁREA 
 X 
COEF 
DESCARGA 
SEGMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Nº MEDIÇÃO DATA COTA MÉDIA DESCARGA ÁREA LARGURA PROF. MÉDIA VELOC. MÉDIA 
 / / cm m
3
/s m² m m m/s 
 
 
 45 
 
CAPÍTULO 3 
Escoamento em canais abertos: noções 
básicas 
 
1. Caracterização do escoamento 
2. Cálculo do escoamento em regime uniforme 
3. Noções de alturas de escoamento crítica e normal. 
4. Energia específica e profundidade crítica 
5. Controle 
6. Projeto de canal 
7. Dispositivos estruturais para medição de descarga líquida. 
a. Calha ou Medidor Parshall 
b. Vertedores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 46 
3 - Escoamento em canais abertos: noções básicas 
 
 
Os canais abertos caracterizam-se por apresentarem a superfície líquida submetida à pressão 
atmosférica. Esses condutos abrangem os cursos d’água naturais; os canais artificiais de irrigação ou de 
drenagem; os condutos de drenagem subterrânea, os condutos de esgotos, e as canalizações onde o 
líquido não preenche totalmente a seção de escoamento. 
 
3.1. Caracterização do escoamento 
 
 Um canal sem contribuições nem perdas de água pelas laterais, obedece a equação de 
continuidade: 
 
2211 VAVAQ 
 (3. 1) 
 
onde: Q = vazão total 
 A = área da seção 
 V = velocidade média na seção. 
 
 O balanço total de energia entre duas seções conhecidas, S1 e S2, é a composição, 
principalmente, entre a velocidade do escoamento (energia cinética), a energia de pressão, da 
lâmina d’água (energia de posição ou potencial ou de gravidade). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. 1 - escoamento em um trecho curto. 
 
 Aplicando a equação de Bernoulli às seções S1 e S2, e levando em conta que a pressão é 
idêntica à pressão atmosférica e portanto constante ao longo do canal, temos: 
HH
g2
V
dZ
g2
V
dZ
2
2
22
2
1
11 
 (3. 2) 
 
S1 S2 
Z1 
Z2 
V21/2g 
V22 /2g 
d1 
d2 
H 
 
linha de energia 
linha d’água 
fundo do canal 
plano de referência 
 
J 
ou linha de carga 
 47 
Onde: Z = posição do fundo em relação a um nível de referência; 
 d = profundidade da lâmina d’água; 
 V = velocidade média na seção; 
 H = perda de carga entre as seções S1 e S2; 
 H = carga total. 
Z + d = energia potencial da partícula d’água na superfície, em relação a um nível de 
referência; 

g2
V2
 altura representativa da energia cinética. 
, J,  = respectivamente, declividade da linha de energia, declividade da linha d’água e 
declividade do fundo. 
 
 
1.1. Regime dos escoamentos 
 
1.1.1. Escoamentos permanente e não permanente: 
a. permanente e uniforme: Q1 = Q2 
 d1 = d2 
 V1 = V2 
 J =  =  
 
b. permanente e variado: Q1 = Q2 
 d1  d2 
 V1  V2 
    
 
O escoamento variado pode ser gradual ou rapidamente variado; e ainda retardado, 
quando a velocidade diminui no sentido do fluxo ou acelerado, quando a velocidade aumenta 
no sentido do fluxo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. 2 – Escoamento variado em regime permanente (Jacon & Cudo) - 
Zona A – regime uniforme 
Zona B – regime gradualmente variado, retardado (remanso de elevação) 
Zona C – regime rapidamente variado, acelerado (remanso de abaixamento) 
Zona D – regime rapidamente variado, retardado (ressalto hidráulico) 
Zona C – regime uniforme 
 
A B 
C 
D 
E 
 48 
 A definição de escoamento permanente não é, a rigor, aplicável aos cursos d’água 
naturais, onde o nível d’água varia ao longo do tempo, justificando as de medições 
fluviométricas. Excetuando as cheias rápidas, onde o nível d’água também varia rapidamente, a 
evoluçãoda vazão é suficientemente lenta, para que o regime possa ser considerado 
permanente. 
 O regime é não permanente, quando o trecho é percorrido por uma onda de cheia 
natural ou artificial, e quando, embora com a descarga constante, ocorra variação da 
velocidade média e da declividade da superfície, devido a influência das condições de jusante 
(queda d’água, enchimento de reservatório, maré, etc.). 
 
c. não permanente: Q1  Q2 
 d1  d2 
 V1  V2 
   
1.1.2. Classificação segundo Froude e Reynolds 
a. escoamentos laminares (Re  500) e turbulentos (Re  2000) dizem respeito ao número de 
Reynolds (equação 28), definido como a relação entre as forças inerciais e as forças 
viscosas, referindo-se à viscosidade e turbulência das partículas: 
 


VR
Re
 (3. 3) 
onde: Re = número de Reynolds 
 V = velocidade média do escoamento 
R = raio hidráulico, definido como a relação entre a área da seção e seu perímetro 
molhado. 
 = viscosidade cinemática. 
b. Escoamento crítico (Fr = 1), fluvial (ou subcrítico, lento, tranquilo) (Fr < 1), torrencial (ou 
supercrítico, rápido) (Fr > 1) dizem respeito ao número de Froude (equação 29), definido 
como a relação entre as forças inerciais e gravitacionais. 
dg
V
Fr 
 (3. 4) 
onde: Fr = número de Froude 
 V= velocidade média do escoamento 
 g = aceleração da gravidade 
 d = profundidade da seção. 
 
 
3.2. Cálculo do escoamento em regime uniforme 
 
 No escoamento uniforme a linha de energia (ou linha de carga) é paralela ao fundo e à 
superfície livre. O escoamento uniforme é raramente observado em cursos d’água naturais, 
mas através de procedimentos adequados, podemos utilizar os parâmetros determinados 
através das equações estabelecidas para regime uniforme, para a determinação da vazão para 
extrapolação da curva-chave e para determinação do coeficiente de rugosidade do leito. 
2.1. Equação de Chézy 
Esta fórmula foi estabelecida em 1775, sendo considerada a expressão fundamental 
para regime uniforme. 
RJCV 
 (3. 5) 
 49 
onde: R = raio hidráulico (definido como o quociente entre a área da seção e o perímetro 
molhado). 
 V = velocidade média na seção 
 J = declividade da linha de energia 
 C = função da natureza do leito e do raio hidráulico, e pode ser expresso em função das 
equações de Strickler ou Manning. 
2.2. Equações de Manning e Strickler. 
 Estas fórmulas, dadas a seguir, são geralmente utilizadas para o cálculo estimativo das 
vazões máximas, que não podem ser medidas no campo. 
Strickler: 
2
1
3
2
JRKV 
 (3. 6) 
Manning: 
2
1
3
2
JR
n
1
V 
 (3. 7) 
Onde: K e n são os coeficientes de rugosidade do leito. 
 Examinando as expressões acima, percebemos que a diferença básica destas equações 
aparece na definição do coeficiente de rugosidade. Sendo: 
n
1
K 
 (3. 8) 
 O coeficiente de Chézy pode ser expresso, utilizando a equação de Strickler, através da 
relação: 
6
1
RKC 
 (3. 9) 
Tabela 3. 1 - Valores indicativos para o coeficiente de rugosidade de Strickler: 
Canais com revestimento de concreto bruto 53 a 57 
Canais com bom revestimento, bem alisado 80 a 90 
Galerias de concreto, lisas 90 a 95 
Galerias escavadas em rocha 25 a 40 
Canais antigos com depósitos ou vegetação 43 a 52 
Canais de terra 30 a 40 
Canais com fundo não revestido: seixos grandes 35 
 seixos médios 40 
 pedra fina 45 
 pedra fina e areia 50 
 areia fina até 90 
Canais de alvenaria bruta 50 
Canais de alvenaria comum 60 
Canais de tijolos ou pedra aparelhada 80 
Canais muito lisos até 90 ou mais 
Rios e arroios com fundo rochoso, rugoso 20 
Rios e arroios com fundo medianamente rugoso 20 a 28 
 Fonte: Neves, E.T., 1970, Curso de Hidráulica 
 
 
3.3. Noções de alturas de escoamento crítica e normal. 
 
 Para um escoamento em regime uniforme, considerando-se por exemplo a equação 
de Strickler, definidas as características geométricas de um canal, para cada altura da 
lâmina d’água, existirá somente uma vazão. Esta altura é denominada altura normal (dn). 
 
 
 50 
3.1. Energia específica e profundidade crítica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.3 – profundidade crítica. 
 
 Define-se profundidade crítica, com sendo o limite entre o escoamento lento e rápido. É 
definida pelo número de Froude. 
 Define-se energia específica de uma corrente líquida, numa seção qualquer, como sendo 
a energia por unidade de peso da corrente que passa pela mesma. A energia específica 
representa a energia devida à profundidade do local e à energia cinética do escoamento. Pode 
ser escrita através da equação: 
 
2
22
e
Ag2
Q
d
g2
V
dE 
 (3. 10) 
 
 Definindo uma largura média (b) para uma dada seção, é possível aproximar o valor da 
profundidade crítica pela equação, 
3
2
3
2
2
c
g
q
bg
Q
d 
 (3. 11) 
onde q = m3/s.m = m2/s 
 A figura 3.4 mostra a equação 3.10 graficamente, permitindo uma melhor compreensão 
dos parâmetros definidos nas equações acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
escoamento supercrítico 
dc 
Escoamento subcrítico 
dc = profundidade crítica 
d 
g2
V2
 
Ec Ee 
dc 
d 
regime subcrítico 
regime supercrítico 
 51 
Figura 3. 4 – visualização gráfica da equação 3.10. 
 
3.4. Controle 
 A função da seção de controle hidráulico, cuja noção já foi estudada 
anteriormente, pode ser melhor entendida à luz do conhecimento da caracterização dos 
escoamentos e da noção de profundidade crítica. Controle de uma seção hidrométrica 
pode ser agora, melhor definido, tal seja: o escoamento em uma seção fluviométrica 
está sob controle, quando as características geométricas do trecho são invariáveis, de 
tal forma que o nível d’água seja um parâmetro estável da descarga líquida, ou seja a 
cada cota corresponde somente uma descarga. Supõem-se portanto, que o 
escoamento seja permanente ou que a variação temporal da descarga seja pequena. 
 Levando em conta a definição de regime uniforme e regime crítico, podemos classificar 
o controle em dois tipos básicos, o controle de canal e o controle de seção. 
 
a. Controle de canal 
 O escoamento em um rio geometria regular tende a ser “quase” uniforme. Esta situação 
é comumente encontrada em rios de planície. Nestes escoamentos cada descarga é associada à 
altura normal, que depende da geometria (o perfil ter geometria regular), da rugosidade e da 
declividade do leito do rio. 
 
b. Controle de seção 
 Uma seção de controletotal ou completo identifica-se como uma seção crítica, 
isolando totalmente o trecho de jusante do trecho de montante, de maneira que o trecho de 
jusante não influencia hidraulicamente o trecho de montante. Em casos que o trecho de 
montante sofre influência parcial daquele de jusante, o controle é dito parcial. Se a seção crítica 
não desaparece com o aumento do nível, o controle é dito não afogado, sendo portanto, um 
controle completo permanente, ou seja um controle perfeito. Se, quando o nível atinge 
determinada cota a seção crítica desaparece, o controle é dito afogado e a partir desta cota o 
controle passa a ser parcial. Sabe-se que o escoamento é sensível às condições de jusante; 
entretanto nem sempre é evidente sua identificação. 
 
 
 
3.5. Projeto de canal 
 
 A partir de dados conhecidos de vazão, declividade e características geométricas do 
canal, é possível determinar sua profundidade normal (d), a partir de algumas características 
geométricas do canal, previamente estabelecidas. Utilizando a equação de Strickler ou 
Manning, determinamos a profundidade normal, como segue: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
m 
1 
 L 
d 
ds 
 b 
 B 
 h 
 e 
 52 
 
 
Figura 3.5 - Elementos geométricos de um canal trapezoidal. Fazendo m = 0, obteremos uma 
canal retangular. 
 
 
d
2
bB
A


 ; 
mde 
; 2m1dh  ; e2bB  ; h2bP  ; 
P
A
R 
 
 
onde A, P e R são respectivamente área molhada, perímetro molhado e raio hidráulico; ds é a 
margem de segurança, e L a largura total do canal. 
 
Usando Strickler, e isolando d, ficamos com: 
3
2
nn
2
n
n
2
11n )mdb(d
m1d2b
)mdb(KJ
Q
d












 3.12 
 
Solução: 
a) arbitramos dn e calculamos dn+1; 
b) calculamos dn+2 = (dn+1 + dn)/2 , retornamos à equação 3.12, substituímos dn por dn+2 e 
calculamos dn+3; 
c) calculamos dn+4 = (dn+2 + dn=3)/2, retornamos à equação 3.12 e calculamos dn+5; 
d) verificamos se Idn+4 – dn+5I ≤ 0,01; 
e) continuamos o procedimento até a relação definida em d) for cumprida. 
 
 
 
 
Tabela 3.2 – Declividades recomendadas para os taludes laterais. 
 
Tipo de solo m 
Arenoso ≥3 
Barro-arenoso 2,0 - 2,5 
Barro argiloso 1,5 - 2,0 
Argiloso 1,0 - 2,0 
Cascalho 1,0 - 1,5 
Rocha 0,25 - 1,0 
 
 
Tabela 3.3 - Máxima velocidade média recomendada. 
 
Tipo de solo V (m/s) 
Arenoso 0,3 - 0,7 
Barro-arenoso 0,5 - 0,7 
Barro argiloso 0,6 - 0,9 
Argiloso 0,9 - 1,5 
Cascalho 0,9 - 1,5 
Rocha 1,2 - 1,8 
 
 
 53 
 
 
 
3.6. Exercícios: 
 
1. Calcular a vazão para um canal com as características abaixo: 
A = 12 m2 
R = 1,15 m 
J = 0,00012 m/m 
K = 35 m1/3/s 
Resp.:Aplicando a equação 6, obtemos: V = 0,42 m/s 
Logo Q = AV = 5,05 m3/s 
 
2. Supondo que uma medição de vazão tenha determinado que um canal tenha uma 
velocidade média de 0,37 m/s, sabe-se que a declividade do leito é de 0,2 m/km. O raio 
hidráulico é de 1,5 m. Calcular a rugosidade do leito. 
 
Resp.: Aplicando a equação 6, obtemos: K = 20 m1/3s 
 
3. Dimensionar um canal em alvenaria bruta, com seção retangular, e profundidade máxima 
de 2,5m. A vazão máxima é de 15 m3/s e a velocidade máxima de 0,65 m/s. 
 
Resp.: Sabendo que Q = AV, obtemos A = 23,07 m2. Logo se o canal possui seção retangular, 
calculamos a largura b = 9,23 m e R = 1,62 m. A partir da tabela encontramos K = 40 m1/3/s e 
pela equação 6 calculamos J = 0,14 m/km. 
 
4. Dimensionar (d, L, ds) um canal um canal em terreno arenoso, sabendo que a declividade 
máxima do terreno é 0,08 m/km e a vazão máxima admissível é 5000 l/s. 
Resp.: Consultando as tabelas 3.2 e 3.2, obtemos m = 3 e 0,3 ≤ V ≤ 0,7 m/s. Seguindo o 
procedimento indicado para resolução da equação 3.12, obtemos: 
- adotando K = 50 m1/3/s, m = 3 e b = 3m, obtemos: ds = 1,54m e V = 0,42 m/s,. 
- adotando uma folga de 0,50 m para a margem de segurança, tem-se: 
 - altura total do canal = d + ds = 2,04 m 
 - largura da base: b = 3 m 
 - talude: m = 3 
 - largura máxima do canal: L = 15,24 m 
 - com a folga proposta (ds = 0,50m) o canal fica com uma capacidade para suportar até 9,2 
m3/s, mantendo velocidade de escoamento compatível com o terreno. 
 - se a região for submetida a ventos fortes, principalmente ao longo do eixo do canal, 
devemos fazer uma previsão para proteção das margens, principalmente junto à linha d’água. 
 
 
4. Dispositivos estruturais para medição de descarga líquida. 
4.1 Calha ou Medidor Parshall 
Os medidores do tipo Parshall (fig.3.6) devem ser usados em canais onde não dispomos 
de altura suficiente para instalação de um vertedor. Devemos observar que o fundo do canal de 
jusante (ou de saída), deve estar situado em um nível inferior ao do canal de montante 
(entrada) da calha Parshall, com o fim de assegurar que não não ocorra afogamento, ou seja, 
que o nível de jusante alcance valores muito próximos ao de montante. A calha Parshall não 
sofre influência de líquidos contendo materiais em suspensão e por isso é recomendada para 
 54 
essa condição. Também, no caso de canais com transporte de sedimentos por arraste, não 
sofre influência por não reter o material, pois possui fundo praticamente plano. Não alterando 
significativamente as condições naturais do curso d’água, nem o transporte de sedimentos. 
Estima-se que precisão de medição seja da ordem de 1%. 
A escolha deste tipo de dispositivo (tamanho) é determinada pela faixa de vazões que 
necessitamos medir, e o dispositivo propriamente dito fica definido pela largura da garganta. 
Ver tabela 3.4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.6 - Características geométricas de um medidor Parshall. 
 
Onde: 
W – largura da garganta 
A – comprimento das paredes da seção convergente 
a – localização do ponto de medição ha, localizado a 2/3 de A ou 2/3 de B (ver figura 3.6), 
contado a partir da crista 
B – comprimento da seção convergente 
C – largura da saída 
D – largura da entrada da seção convergente 
E – profundidade total 
T – comprimento da garganta 
G – comprimento da seção divergente 
H – comprimento das paredes da seção convergente 
K - diferença de cota entre a saída e a crista 
M – comprimento da transição de entrada 
direção do fluxo 
crista 
45º forma alternativa 
P D 
W C 
R 
a H 
hb 
ha 
A 
condutos para poços de leitura 
G M T B 
E 
ha 
hb 
N X Y 
K 
crista 
 55 
N – profundidade do rebaixo 
P – largura da entrada da transição 
R – raio de curvatura 
X - abcissa do ponto de medição hb (1/3T) 
Y – ordenada do ponto de medição. 
 
 A relação dos valores padrão dos medidores Parshall, é fornecida na tabela 3.4, onde é 
importante esclarecer, que os valores de M, P e R não são usados em em alguns casos, pois é 
possível fazer uma transição entre o canal e o dispositivo, através de uma parede vertical de 
45º. 
 
Requisitos necessários para instalação: 
a. As velocidades de chegada devem ser maiores do que 0,3 m/s. É recomendado verificar 
estas velocidades antes da instalação do dispositivo. 
b. O canal de aproximação deve possuir um trecho reto, no alinhamento do eixo do 
medidor, de comprimento superior a 20ha, a montante da garganta de medição. 
c. O fundo do canal de saída deve estar em cota inferior à do fundo do canal de 
aproximação. 
d. As características do canal de jusante devem ser tais, que não permitam a ocorrência de 
remanso que possa atingir o medidor. 
e. O terreno no local da construção deve ser estável e o canal de aproximação examinado 
quanto à possibilidade de deposição de sedimentos, ou de erosão, que

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