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BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA Ricardo Maurício AULA 2 – 10.08.17 SOCIOLOGIA GERAL CONCEITO E OBJETIVO: Sociologia geral é uma ciência que se propõe a estudar os diversos processos de organização da vida social, priorizando o exame das relações biunívocas que se estabelecem entre sociedade humana e os indivíduos. SOCIOLOGIA JURÍDICA CONCEITO E OBJETIVO: Trata-se do ramo da sociologia Geral que se propõe a estudar as relações que se estabelecem entre a sociedade e o ordenamento jurídico, examinando de que modo os diversos e complementares subsistemas da sociedade (econômico, político, ideológico) influenciam as instituições jurídicas e o processo de criação das respectivas normas jurídicas, bem como aprecia o padrão de relacionamento dessas instituições e normas de direito com a sociedade humana. Embora alguns autores diferenciem a Sociologia Jurídica de Sociologia jurídica, não há uma diferença terminológica. Visto que, eles afirmam que a Sociologia Jurídica examina de uma forma mais ampla, entretanto, não trás muitos resultados práticos. Com relação à sociedade humana nós podemos encontrar três subsistemas sociais, que estariam a todo momento em comunicação (três círculos secantes): 1. Econômico (voltado para a produção de riquezas); 2. Político (voltado para forma de aquisição e exercício de poder) 3. Ideológico (compreende todas as formas de valores e visões de mundo que circulam no âmbito das relações sociais). Entende-se o ordenamento jurídico como instituições jurídicas e normas (Forças Armadas, Procuradoria, MP) SOCIEDADE HUMANA INDIVÍDUOS ORDENAMENTO JURÍDICO NORMAS JURÍDICAS INSTITUIÇÕES JURÍDICAS BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 CARACTERES: 1. Natureza Empírica, porque constrói as suas proposições cientificas a partir da observação da realidade social (mundo concreto do ser; ex.: big bang). 2. Um saber de vocação zetética, porque é voltado não só para descrição, mas como também para problematização do Direito no entorno social. 3. Natureza Causal, pois a sociologia do Direito constrói as suas proposições e modelos teóricos através de enlaces causais (dado A, é B). A causalidade sociológica é, contudo, probabilística ou tendencial. Mas a causalidade não estabelece uma relação fixa como nas ciências sociais. 4. Natureza Plurimetodológica, pois a Sociologia Geral e Jurídica utiliza diversos métodos para a preensão das relações da sociedade e do Direito. MÉTODOS: 1. Indutivo: Trata-se de procedimento intelectual que está baseado na observação de situações sociais específicas para que se possam extrair grandes generalizações conceituais. Parte-se assim do particular em direção ao geral. A indução é um procedimento intelectual empregado em qualquer sujeito do conhecimento coma observação e comparação das ocorrências particulares para que possam ser examinados e utilizados no futuro. Ex: O programa de segurança pública, Tolerância Zero, dos EUA, obtinha muitas atividades preventivas, era acompanhado com o aumento do monitoramento e era muito alinhado as ações sociais, para envolver o Estado com a sociedade. Depois aplicado em Medelin (positivos), Bogotá (positivos), e depois induz que programas que alinham proteção e prevenção diminuem a criminalidade, visto que foram observados situações particulares para depois induzir. 2. Dedutivo: Consiste em procedimento intelectual de aplicação de proposições genéricas, geralmente extraídas pela via indutiva para situações particulares específicas, a fim de possibilitar a obtenção de resultados do campo da experiência social. Parte-se do geral para o particular. SOCIEDADE SUBSISTEMA ECONÔMICO SUBSISTEMA POLÍTICO SUBSISTEMA IDEOLÓGICO Manoel Castel – fronteiras do penamento – sociedade em rede. principal BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 3. Dialético: É aquele procedimento intelectual que possibilita o exame das relações entre o Direito e a sociedade sob a ótica do conflito entre instituições, grupos ou ideias (tese x antítese = síntese). Termo plurívoco no meio do conhecimento humano. Para Hegel a marcha da realidade seria uma grande ideia de elementos contrários, raciocinaríamos, e a própria sociedade se desenvolveria em uma grande comparação. E Marx trouxe para estudar a sociedade e enfatizou a grande contradição econômica dos donos de produção dos trabalhadores são formadores de uma sociedade conflituosa. 4. Funcionalista: É aquele procedimento intelectual que examina as relações entre Direito e sociedade a partir da ótica do consenso, privilegiando-se a função estabilizadora de instituições, procedimentos e normas no sentido da pacificação e harmonização social. Ex.: Bolsa família, que é um programa de socialização e harmonização na sociedade para diminuição da pobreza. 5. Positivista: (Comte) Consiste na tentativa do estabelecimento de uma descrição objetiva da realidade social e de suas relações como o mundo jurídico. Nesse sentido, o cientista social só obteria resultados verdadeiros se resguardasse a neutralidade valorativa e consequentemente mantivesse um distanciamento em face do seu objeto de estudo. E depois da II GM passou a ser objeto de crítica. 6. Culturalista/Compreensivo: Consiste em um procedimento intelectual diametralmente oposto à abordagem positivista. Propõe uma aproximação do sujeito para com o objeto de estudo (a realidade social e jurídica) e a consequente imersão no conjunto de significados atribuídos por cada cultura humana a uma dada ação social. Dentre outros autores, encontramos o grande pensador alemão Weber. Afirma-se então que o cientista social só alcança resultados verdadeiros quando se aproxima para compartilhar os resultados das ações sociais que são atribuídos significados de uma dada cultura humana. Haveria uma pesquisa in loquo e obsevaria a particularidade daquela cultura e extrairia resultados. Há duas armadilhas, o primeiro grande risco é o etnocentrismo, e começar a visualizar a cultura alheia com a sua tabua de valores e a outra é observar e acabar se integrando na cultura. BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 7. Estruturalista: Busca identificar a existência de estruturas imutáveis e universais nos mais diversos grupos sociais, revelando a unidade que se esconde por trás da diversidade histórica e cultural. O grande pai do estruturalismo é Levi Srauss. Concorda que cada sociedade tem seu modo próprio de organização, mas por trás disso tudo se esconde um núcleo uniforme, uma estrutura imutável que pode assumir diversas faces, mas na prática é a mesma. Ex.: Toda sociedade tem alguém para gerir a coisa pública, como o cacique e o prefeito, que por trás dessa diversidade existe certa igualdade de funções na essência. 8. Desconstrucionista: Consiste no procedimento de revelação dos interesses e finalidades subjacentes nas instituições, procedimentos e normas da realidade social e jurídica. Dentre outros autores quem trata desse assunto é o Frances Jaques Derrida, além de Focault. É desmontar aquela sociedade para entender o que está por trás daquela realidade. AULA 3 – 17.08.17 PIONEIROS DA SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA 1. SOFISTAS: Foram a expressão do relativismo e do ceticismono terreno da teoria do conhecimento durante o período pré-socrático da Grécia Antiga. Contribuíram ao pensamento sociológico por conta de sua orientação antropocêntrica e pela abertura à crítica das instituições políticas e jurídicas da Grécia Antiga. Eles ensinavam aos filhos da nobreza a retórica. Sustentavam que não existia verdade absoluta, pois ela era alcançada através da argumentação. Protágoras - “O homem é a medida de todas as coisas”. 2. SÓCRATES: Representou a expressão do antropocentrismo filosófico. Diferentemente dos sofistas, acreditava na capacidade racional do ser humano através do reconhecimento da própria ignorância (maiêutica). O pensamento de Sócrates permitiu uma reflexão crítica sobre a Pólis Grega, colocando em cheque a pretensa democracia ateniense. Como uma técnica filosófica para permitir o desvelamento da verdade ele propôs a maiêutica, uma técnica retórica através da qual no curso de um diálogo um interlocutor mostraria para outro que esse outro estaria alicerçado na percepção equivocada e se alçaria automaticamente na busca da verdade. 3. PLATÃO: Representou o idealismo filosófico na Grécia Antiga. Em sua obra “A República”, Platão descreveu o que seria uma sociedade política perfeita, que deveria ser utilizada como modelo para a organização concreta da vida social. A república platônica seria uma sociedade estratificada, autocrática, governada por intelectuais, baseada na BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 escravidão e estruturada com base nas virtudes e potencialidades naturais de cada indivíduo. Não haveria espaço para a democracia, o que haveria seriam os intelectuais no topo dessa sociedade (ouro, prata e bronze). Na segunda fase de sua obra, Platão se afasta de uma abordagem idealista e assume uma postura realista no tratamento dos fenômenos políticos sociais e jurídicos. Essa mudança intelectual fica expressa num livro chamado “Das Leis” (abre mão da república e ideal e passa a reconhecer que o mundo é feito de imperfeições). 4. ARISTÓTELES: Representou a expressão mais clara do realismo filosófico. Através do uso de um método empírico indutivo, estudou e sistematizou mais de 150 agrupamentos sociais, examinando as suas estruturas jurídicas e políticas. No livro “A política” desenvolveu a sua famosa teoria sobre as formas de governo (formas puras x formas impuras). Por sua vez, no livro intitulado “Ética a Nicômaco” desenvolveu uma importante teoria da justiça (justiça comutativa x justiça distributiva). Em sua obra “A Política” Aristóteles discorre sobre a natureza social do ser humano – escatologia, estudo de ser humano - (o homem como animal político), sustentando que a própria humanidade seria o resultado das interações sociais. Examina também as formas puras de governos baseadas na prevalência do interesse coletivo – atuação de governantes com o foco no interesse público em detrimento do particular - (monarquia, aristocracia e democracia) bem como as respectivas formas impuras, que se manifestariam toda vez que os governantes buscassem satisfazer os seus interesses particulares (tirania, oligarquia e demagogia). No que se refere à segunda obra, Aristóteles examinará a temática da ética como conjunto de princípios e regras que devem guiar a vida humana em sociedade, a luz de uma teoria da justiça. Segundo ele, as sociedades seriam justas se alem de garantir a igualdade formal (justiça comutativa) também fossem assegurados mecanismos para realizar a igualdade substancial, com a proteção de grupos e ou indivíduos mais vulneráveis (justiça distributiva). 5. SANTO AGOSTINHO: Representou um movimento teológico denominado de Patrística, durante a Alta Idade Média. Influenciado pelo platonismo escreveu a obra “Cidade de Deus”, na qual sustentou a existência de dois mundos: o mundo Divino transcendental e o mundo Concreto das sociedades humanas. Para ele as sociedades deveriam ser organizadas FORMAS PURAS Monarquia Aristocracia Democracia FORMAS IMPURAS Tirania Oligarquia Demagogia (Estado Anárquico) BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 com base nesse modelo divino, subordinando assim o poder temporal ao poder espiritual, bem como legitimando a posição privilegiada da Igreja na vida social. 6. SÃO THOMAS DE AQUINO: Representou um movimento denominado de Escolástica durante a Baixa Idade Média. Procurou conciliar a fé com a razão no plano intelectual, sofrendo forte influencia do pensamento aristotélico. Reconheceu que nem sempre a sociedade se organiza com base na vontade divina, admitindo assim que o Estado e o Direito podem afastar-se do bem comum. A sua obra fundamental é denominada “Summa Theológica”. 7. MAQUIAVEL: Representou a maior expressão do renascimento ocidental, iniciando o processo de secularização dos estudos sociais. Procurou descrever a realidade social, política e jurídica sob o enfoque racional, afastando a influência religiosa do plano das Ciências Sociais. Nesse sentido pode ele ser considerado o pai das Ciências Sociais de base moderna. Dentre outras merece destaque a sua obra “O Príncipe”. Ao descrever de fato como as leis são criadas afastou a religião, racionalizando o estudo da sociedade, do Direito. 8. THOMAS HOBBES: Representou a maior expressão do contratualismo social do inicio da modernidade. Em sua obra clássica “Leviatã”, discorreu sobre a escatologia e sustentou a origem social do Estado e do Direito. Segundo ele, o Estado de Natureza originário teria sido substituído por uma sociedade política cuja estabilidade dependeria da manutenção de um Estado forte (quase que autoritário). Defendeu a função repressiva da ordem jurídica e a limitação dos direitos individuais, propôs uma monarquia absolutista (pois somente com um rei seria possível alcançar a harmonia social, visto que o “homem é o lobo do próprio homem”) como a melhor forma de governo para uma sociedade. O papel da ordem jurídica é garantir essa ordem, enquanto o papel do direito é a da repressão. Hobbes chega a dizer que o Estado pode dispor da vida dos súditos e acreditava que a pena de morte seria um instrumento necessário para garantir a orem e a harmonia social. AULA 4 – 24.08.17 9. JOHN LOKE: representou a maior expressão do contratualismo social e liberalidade modernidade que sustentava a origem social das ordens política e jurídica, bem como a minimização do Estado na sociedade. “O senhor das moscas” ; “A praia” ; “O Leviatã” ; “Uma noite de Crime”- filme BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 Segundo ele os direitos naturais não serão entregues ao Estado com o advento do pacto social originário. O direito natural mais importante seria o direito de propriedade privada, base para os demais direitos naturais. Em caso de violação dos direitos naturais, seria possível o exercício de um direito natural de revolução. A obra principal de Locke se denomina “Dois ensaios sobre o governo civil”. Locke diverge polarmente de Hobbes, pois afirma que o Estado não deveria ser “forte” como no Leviatã, mas sim um Estado mínimo, com influências necessárias. Para ele, o pai do Liberalismo político, o direito natural mais importante é o direito de propriedade, que estaria acima do direito à liberdade, igualdade, visto que eles não existiriam sem a propriedade privada. Ex.: Um estado que sem justificativa aumentasse os tributos, esse ponto então seria capazde legitimar o direito de revolução. 10. J. J. ROUSSEAU: Representou a maior expressão do contratualismo social democrático. Segundo ele, o Estado e a Ordem Jurídica teriam surgido de um contrato social fundado na soberania popular, expressão ultima do poder numa sociedade. Esse pacto social seria renovado periodicamente por eleições dos governantes pelos governados (mandato representativo). A lei despontaria como a expressão da chamada “vontade geral” (que suplanta a “vontade de todos”). Logo, não haveria uma oposição entre a legalidade e a liberdade dos cidadãos. A principal obra dele é “Do Contrato Social”. Foi um pensador suíço que desenvolveu suas ideias na França e influenciaram diretamente a Revolução Francesa e a Independência dos EUA. 11. MONTESQUIEU: Foi um pensador que se notabilizou pela obra “Do Espírito das Leis”. Nesse livro manteve a noção de uma origem social do Estado de Direito e propôs a partir de uma análise sociológica da Constituição Inglesa a adoção da Teoria da Tripartição dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), sob a ótica do sistema de freios e contrapesos. De outro lado, desenvolveu um exame minundente de todos os fatores naturais e sociais que influenciam a criação das leis (nomogênese legislativa). Utiliza do método indutivo, analisando os particulares e a partir daí generaliza. BALANÇO CRÍTICO DOS PIONIERISOS MODERNOS DA SOCIOLOGIA: Critica-se Maquiavel pela descrição de formas antiéticas de exercício do poder nas sociedades humanas. Por sua vez, Hobbes é criticado pela proposição de um modelo autocrático de Estado. Locke é criticado pela valorização excessiva do direito da propriedade e da sua valorização. A seu turno, Rousseau sofre objeções pelo artificialismo da BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 ideia da vontade geral. Por fim, Montesquieu é criticado por não desenvolver um exame da possibilidade de um conflito entre poderes, bem como pelo risco de uma determinação naturalística da ordem jurídica e o risco de um discurso etnocêntrico. O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: Durante o século XIX, por conta das transformações propiciadas pela Revolução Industrial, o pensador francês, Augusto Comte, resolveu criar uma ciência que pudesse descrever a sociedade que descreve para oferecer respostas para todos os problemas da convivência humana. Essa ciência passou a ser denominada de sociologia. Para Comte, essa nova ciência apresentaria características muito próprias para o desenvolvimento do estudo da sociedade. Em primeiro lugar ela apresentaria uma metodologia positivista (distanciamento sujeito x objeto; neutralidade valorativa). Em segundo lugar, ela apresentaria uma preocupação com a exatidão de suas proposições (matematização da vida social). Em terceiro lugar, ela apresentaria uma vocação enciclopédica englobando todas as demais formas de conhecimento humano (economia, política, psicologia, direito) que seriam reduzidas à mera condição de departamentos ou ramos da sociologia geral. Por fim, apresentava uma natureza tecnocrática, pois a sociologia se converteu num instrumento de planificação do Estado na organização da vida social. Para ele, o conhecimento cientifico seria um conhecimento muito peculiar pois deveria garantir dos pilares, primeiro o distanciamento e o segundo pilar seria uma neutralidade valorativa. E mantendo esses pilares a sociologia alcançaria um conhecimento universal. Para Comte, a ciência em geral e a sociologia em particular poderia oferecer respostas para todos os problemas da sociedade, preevendo as dificuldades enfrentadas pelos seres humanos e oferecendo altenativas para a sua solução. Sendo assim, conduziria a sociedade a um estagio de garnde felicidade material e espiritual (“Saber para prever, prever para prover”). A LEI SOCIOLÓGICA DOS TRES ESTÁGIOS Em sua obra “A doutrina do espírito positivo” Augusto Comte refere que as sociedades humanas evoluiriam através de modo linear e intelectualista. Concebeu a sucessão de três estágios: 1. Teológico: tal fase inicial seria marcada pelo predomínio da religião; 2. Metafísico: marcado pelo predomínio da filosofia; 3. Positivo ou Cientifico: caracterizado pela prevalência da ciência. Um pouco de Gattaca BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 Segundo ele, todas as sociedades humanas passariam necessariamente por essas etapas ate chegarem ao apogeu evolutivo do estágio cientifico. Para Comte, no último estágio social a ciência se tornaria o centro da vida social, substituindo até mesmo a própria religião. A ciência se tornaria a própria “religião da humanidade”. Para Comte, a religião ofereceria um pensamento irracional e abstrato. A filosofia ofereceria um pensamento racional e abstrato. A ciência ofereceria um pensamento racional e concreto (“Nada que é verdadeiro é insuscetível de demonstração empírica” – a verdade demanda de comprovação empírica). BALANÇO CRÍTICO DO PENSAENTO DE AUGUSTO COMTE Positivas: - Teve o mérito de identificar a necessidade de criação de uma ciência da sociedade (pai da sociologia); - Procurou desenvolver uma metodologia para o desenvolvimento das pesquisas cientificas, tanto no campo natural quanto no campo social (método positivista); - Comte descreveu a importância da ciência nas sociedades do século XIX afetadas pela Revolução Industrial. Negativas: - O cientificismo de Augusto Comte é perigoso, pois coloca a ciência como a única via para a verdade; - A ciência se converteu notadamente a partir do século XX no conhecimento do aniquilamento da dignidade humana e não de sua emancipação; ex.: as duas Grandes Guerras Mundiais, desastres ambientais. - A lei dos três estágios possui um ranço etnocêntrico, pois implica uma hierarquização das sociedades. Tal etnocentrismo alimentou o imperialismo do século XIX. AULA 5 – 31.08.17 SOCIOLOGIA JURÍDICA A ESCOLA OBJETIVA FRANCESA: O PENSAMENTO DE EMILE DURKHEIM BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 Trata-se da primeira corrente genuinamente voltada para a Sociologia do Direito. Influenciado pelo positivismo de Augusto Comte, Durkheim criou a Sociologia Jurídica tendo sido o primeiro professor da matéria na Europa. • A escola objetiva francesa foi um movimento que reuniu vários intelectuais da franca no século XIX. O próprio Durkheim que foi o líder desse movimento foi aluno de Comte. Por um lado, Comte é o pai da Sociologia Geral e por outro Emile é o pai da Sociologia do Direito. Pode-se afirmar que em larga medida a Sociologia do Direito não resistiria sem Durkheim e seus discípulos. Isso sucede porque Comte, embora tenha criado a Sociologia, não dedicou muita atenção ao fenômeno jurídico. Para Comte o Direito enquanto pratica e teoria social só seria necessária até a etapa do estágio metafísico, desaparecendo na etapa final do estágio científico, quando a ciência se incumbiria de controlar não só a natureza como também a sociedade humana. 1. A METODOLOGIA DA SOCIOLOGIA DO DIREITO Para Durkheim, em sua obra “As regras do método Sociológico”, os fatos sociais seriam o grande objeto da sociologia geral e jurídica. Para ele, a sociedade seria uma realidade objetiva e independente dos indivíduos, sendo constituída por uma série de fatos que restringiriam a liberdade individual. Segundo ele todos os fatos sociais seriam caracterizados pela exterioridade e pela coercitividade. O Direito seria o fato social mais coercitivo de toda a sociedadehumana, pela sua capacidade de moldar os comportamentos dos agentes sociais. Metodologicamente, propôs que os fatos sociais fossem estudados como “coisas”, defendendo o distanciamento e a neutralidade axiológica do cientista social. 2. O PAPEL DO DIREITO NA SOCIEDADE HUMANA Para Durkheim, a função do Direito na sociedade humana seria repressiva e preventiva. No plano da coerção a ordem jurídica atuaria na prevenção das ilicitudes, através da projeção simbólica das sansões éticas. Caso as ilicitudes ocorressem, as sansões jurídicas seriam aplicadas coativamente aos infratores. Cumpre destacar inclusive que para Durkheim o Direito seria a mais importante instancia social, através de suas instituições e normas para evitar que a sociedade chegasse ao estado de anomia (situação de desordem e de instabilidade da convivência humana). Paradoxalmente, referia ainda que a ocorrência de crimes e das ilicitudes em geral demonstrava a vitalidade do tecido social. A normalidade social seria a emergência de lícitos e a aplicação de sansão jurídica. • Hobbes chamaria essa anomia de Estado de Natureza. Fatos Sociais Indivíduos BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 Ele não acredita que uma sociedade exista sem conflito e é o papel do direito é atuar nessa dimensão, ou seja, teria algo errado se a sociedade não apresentasse conflitos. 3. AS REFLEXÕES SOBRE O SUICÍDIO Para Durkheim, o fenômeno do suicídio seria uma prática decorrente da coercitividade dos fatos sociais e não necessariamente o resultado de causas biológicas. Durkheim estudará as tipologias de suicídio e a influência da sociedade nas práticas suicidas em sua obra clássica “O suidida”. 4. AS TIPOLOGIAS DE SOLIDARIEDADE SOCIAL Durkheim examinou a evolução dos modelos de solidariedade humana entendidos como os padrões da vida social. Segundo ele, as sociedades primitivas seriam caracterizadas pela prevalência do modelo de solidariedade mecânica (prevalência da coletividade sobre os indivíduos). Tais grupos sociais apresentariam um baixo grau de divisão social do trabalho e de especialização funcional. O Direito apresentaria uma feição essencialmente punitiva, coincidindo com o próprio Dir.Penal. as sansões mais comuns seriam as sansões que implicavam a exclusão social dos indivíduos (pena de morte, banimento e em etapas posteriores a privação de liberdade). Em etapas mais avançadas, as sociedades humanas passam a ostentar um modelo de solidariedade orgânica, caracterizado por um alto grau de divisão do trabalho e de espacialização funcional. Nesses grupos sociais cada indivíduo se destaca do todo coletivo para desempenhar uma função relevante para a vida social. Nesse sentido ocorre uma progressiva transição do modelo de sociedade constituída por um Direito punitivo para uma sociedade regida pelo Direito restitutivo, que se confunde cada vez mais com o Direito Civil. As sansões pessoais de exclusão social são gradativamente substituídas por sansões patrimoniais que atingem apenas o patrimônio do infrator. Ex.: multa, reparação de danos, dentre outros. BALANÇO CRÍTICO • POSITIVAS 1. Teve um mérito de demonstrar a existência de um campo autônomo da sociologia dedicado ao estudo do Direito (Sociologia Jurídica); 2. Demonstrou como a coercitividade das normas jurídicas atua no âmbito do sistema de controle social; 3. Procurou desenvolver assim como Comte, uma metodologia própria para o estudo sociológico dos fenômenos sociais e jurídicos; 4. Conseguiu delinear a grande tendência evolutiva de substituição do Direito Penal pelo Direito Civil na transição da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica. • NEGATIVAS BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 1. O método positivista usado por Durkheim merece críticas pois dificilmente um fato social conseguirá ser apreendido como coisa, visto que os cientistas sociais fazem parte do próprio objeto de estudo: a sociedade humana; 2. O papel do Direito se torna muito restrito ao estabelecimento de sansões, baseadas na coerção, o que aproxima a ordem jurídica de regimes autocráticos (ausência de sansões positivas ou premiais); 3. O estudo sobre a evolução dos métodos de solidariedade e ordem jurídica se revela apenas adequado ao contexto histórico-cultural do ocidente (permanência de feição penal e punitiva de muitas ordens jurídicas orientais); 4. Nem sempre o Direito é o fato social mais coercitivo, pois muitas vezes especialmente nas sociedades orientais a moral pode influenciar de modo mais efetivo o comportamento humano. Ex.: a moralidade religiosa em sociedades islâmicas. AULA 6 – 14.09.17 A ESCOLA DE KARL MARX Karl Marx nasceu em uma família de origem judaica, nasceu em 05/05/1818 na Prússia, ingressou da Faculdade de Direito em 1935, sendo inclusive no seu período mais jovem influenciado pelos ideais burgueses (devido a região que nasceu, com influência do seu pai), entretanto durante na sua graduação se aproximou de ideias socialistas, de cunho social, caindo nas filosofias da luta de classes, envolvendo inclusive estudos sobre Hegel, que até posteriormente a criticá-lo. Possuía um ideal de estudo histórico, começa a trabalhar como Jornalista, conhecendo dessa forma o pensador Engels, que ao possuir ideias semelhantes a Marx juntam-se para construir um trabalho. Tem como obra principal “O capital”, no mesmo procura entender o princípio das desigualdades sociais, dizendo inclusive que a sociedade não vinha do Estado, mas sim o Estado vinha da sociedade. Marx dizia que o capitalismo era transitório, que produzia conflitos, gerando posteriormente colapsos demonstrando que suas bases não seriam fortes os suficientes para sustentar, principalmente observando as desigualdades sociais que o capitalismo propunha. Marx se associa muito mais a uma valorização do proletariado, fazendo que por meio de uma luta de classes, por meio de algo revolucionário, o mesmo estabelece fases para um socialismo, levando ao comunismo, criou portanto um socialismo científico, com base em fundamentações. * Revolução Francesa = buscava uma segurança jurídica frente aos abusos do absolutismo, cominou no código civil francês, visando evitar BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 arbitrariedade dos monarcas, estabelecendo uma ideia inclusive positivista, legalista da moldura da lei, julgando o caso concreto baseado na luz da lei. Marx criou o seu materialismo histórico, pois identificava como se dava a situação material na história, como se deu aquela evolução para que a classe daquelas pessoas para chegar até aquele ponto. Traz o ponto do materialismo dialético, com combate de teses, antíteses e sínteses. Cria portanto o materialismo histórico dialético (o dialético é provindo de Hegel), o histórico é o entendimento daquela situação pela sua base histórica. Marx é um revolucionário, através da luta de classes se daria essa revolução. Outra obra muito importante é o Manifesto Comunista. Como o mesmo era revolucionário, sua teoria serviu de substrato para o para a revolução russa, tendo uma influência direta na mesma. O caso concreto é o que materialmente aconteceu (condições de vida, de costumes), pensando portanto no material como concretude. Fio condutor/projeto: compreender cientificamente as condições materiais de vida e, com base nela, a superestrutura jurídico-política e as formas sociais de consciência, a fim de compreendê-las. O mesmo possuía muito rigorfilosófico e científico, com unidade dialética entre teoria e prática. As relações materiais/condições de vida do proletariado eram fruto do modo de produção capitalista. Tendo como uma das principais preocupações como o capitalismo conseguia criminalizar uma fonte de sobrevivência, devendo haver um mínimo existencial (o mínimo que o ser humano não poderia viver sem) e isso seria uma consequência jurídica que provém de políticos que seguiam doutrina capitalista. Defendia além disso o fortalecimento da comunidade proletária. O autor Cavalieri diz que Marx possui influências de Hegel, mas difere do mesmo, pois Hegel afirma que a sociedade é fruto da ideia de Estado e Marx tem na sua concepção de que o Estado encontra-se seu funcionamento na sociedade. Ao se tratar do direito, alguns autores possuem a ideia que o mesmo tem sua origem no Estado. Entretanto outros acreditam que já existe o direito muito antes do Estado (pensamento de outros autores). Para Marx, após existir o Estado (lembrando que o Estado emana da sociedade), há um sistema de coerção, o direito, ou seja, o direito surge do Estado. - válido lembrar que há o pensamento de que antes do Estado existiam formas de coerção rudimentar. Materialismo Histórico Dialético: 1) É necessário explicar como os homens produzem a história, em quais condições se relacionam, qual o suporte material e a força matriz que a produz, BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 que se traduzem nos alicerces da existência social, sem os quais não é possível a sociabilidade. 2) É preciso analisar, além da intervenção do ser humano na construção da sociedade, as condições materiais indispensáveis à existência social e para o desenvolvimento do complexo conjunto de instituições jurídico-políticas existentes e forma de consciência social (filosofia, ciência, arte, literatura, religião, etc). 3) Todos os seres humanos devem ter condições de viver para que produzam história. 4) Seres humanos concretos, históricos, inseridos nas relações sociais. Não há como entendermos a sociabilidade, a vida em sociedade se não virmos como o homem se produz historicamente, como as relações ocorrem perante a história. É propor um entendimento material em todos os campos. Essa luta revolucionária só é possível com a conscientização de classe. AULA 7 – 21.09.17 CONCLUSÃO O PENSAMENTO MARXISTA: 1. Marx propôs, na segunda metade do século XIX, uma interpretação economicista da realidade social, pois para ele a infraestrutura econômica (modo de produção de riquezas) condicionaria a superestrutura político e ideológica (moral, religião, Estado, Direito). 2. O motor da história da humanidade seria a luta entre as classes sociais (proprietários VS trabalhadores). Essa divisão entre classes sociais seria reproduzida a partir da infraestrutura econômica para a superestrutura político e ideológica. 3. Para Marx, a moral e a religião seriam ideologias que justificariam a luta e a dominação entre as classes sociais. O Estado seria um aparelho de violência organizada a serviço das elites econômicas. O Direito seria uma ordem normativa cujas instituições e procedimentos seriam utilizados para a dominação dos trabalhadores pelos proprietários. 4. Para o sociólogo, a evolução as sociedade humana poderia ser sintetizada da seguinte forma: Comunismo Primitivo Sociedade de Classes Sociedade Antiga escravagismo Sociedade Medieval feudalismo Sociedade Moderna capitalismo Ditadura do Proletariado Comunismo evoluído Revolução Socialista BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 Segundo Marx, o Comunismo Primitivo seria a etapa inicial onde não haveria propriedade privada nem classes sociais. A segunda fase seria marcada pelo aparecimento da propriedade privada e consequentemente pela divisão entre proprietários e trabalhadores. Na sociedade antiga teríamos a contraposição dos nobres com o s escravos, o panorama por exemplo, da Grécia e da Roma antiga, já no feudalismo a contraposição de senhor VS servo e no capitalismo a burguesia VS proletariado. Todos os sistemas econômicos (escravagismo, feudalismo, capitalismo) baseariam a produção de riquezas na exploração do trabalho humano. A sociedade capitalista aprofundaria a exploração do trabalhador assalariado nas unidades fabris como nunca antes na história da sociedade. Para Marx, o proletariado adquiriria a “consciência de classe”, percebendo a exploração a que eram submetidos e passariam a organizar-se em sindicatos para em momento posterior promover uma revolução socialista (coletivização dos bens de produção) a partir da implantação da Ditadura do Proletariado. Uma vez alojados na estrutura de poder, os trabalhadores das fábricas utilizariam o Estado e o Direito para acabar com a propriedade privada e as classes sociais, desembocando na etapa do Comunismo Evoluído, onde não existiria mais propriedade privada e nem classes sociais. BALANÇO CRÍTICO DO PENSAMENTO MARXISTA • POSITIVAS: 1) Marx teve o mérito de demonstrar a faceta opressiva do capitalismo industrial e as desigualdades sociais geradas pela exploração do trabalho humano. 2) Marx conseguiu demonstrar como a economia influencia a política, o Direito e a cultura numa dada sociedade humana. 3) Marx demonstrou a importância do engajamento político e ideológico dos intelectuais na luta pela transformação social, rompendo assim com a neutralidade axiológica da tradição positivista (o intelectual deve descrever e ao mesmo tempo modificar o mundo em que vive). 4) As ideias marxistas germinaram no início do século XX, inspirando a ocorrência de revoluções socialistas em diversas partes do mundo (revolução russa, revolução chinesa e revolução cubana). • NEGATIVAS: 1) Marx é acusado de desenvolver uma interpretação economicista da sociedade, a qual se revela unilateral ou parcial, pois a política o Direito e a cultura interferem também na economia. 2) Os conflitos sociais não podem ser explicados apenas pela ótica da divisão entre as classes sociais, pois as formas de dominação BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 agregam não só elementos econômicos, mas também políticos, culturais, religiosos. 3) Se Marx estivesse certo, as revoluções socialistas deveriam ter ocorrido em sociedades capitalistas industriais, o que não sucedeu, visto que as revoluções socialistas se processaram principalmente em países agrários e feudais. 4) As experiências socialistas no mundo foram mal sucedidas, não conseguindo universalizar a justiça social e a igualdade substancial. Em verdade criou-se uma nova forma de divisão entre governantes e governados (tecno-burocracia). 5) As ditaduras do proletariado acabaram se perpetuando em todas as experiências socialistas gerando regimes autocráticos, extremamente opressivos e restritivos às liberdades individuais. 6) Marx não consegue explicar como os trabalhadores explorados no capitalismo adquiririam como num passe de mágica a dita “consciência de classe”, nem tampouco explica como um burguês poderia adquirir tal consciência sem ser explorado. 7) A teoria marxista não consegue explicar as novas formas de trabalho da sociedade pós-moderna ou pós-industrial. AULA 8 – 26.10.17 O CULTURALISMO SOCIOLÓGICO DE MAX WEBER Trata-se de uma corrente de pensamento sociológico surgida durante o séculoXIX, a partir das reflexões desenvolvidas pelo sociólogo protestante Max Weber. Do ponto de vista metodológico, Weber propôs uma aproximação do sujeito para com o objeto de estudo e a abertura à valoração. A categoria fundamental do pensamento weberiano é a ideia da chamada ação social. O sociólogo deveria assim, tentar extrair o significado do comportamento humano numa dada cultura. Na visão de weber a sociedade é uma rede de ações sociais, pois enquanto Durkheim coloca a sociedade como algo distinto do indivíduo, weber integra as duas instancias e entende que a sociedade tem essas ações cujos significados são socialmente compartilhados em uma dada cultura. Aplicando- se o método culturalista, Weber coloca isso como um método compreensivo o qual é necessário mergulhar em um universo cultural para extrair os significados. Ao passo que se mantivesse uma distancia o resultado poderia ser diferente, concluindo até de uma maneira equivocada. O culturalismo trouxe de fato aspectos metodológicos bem diferentes, visto que as valorações que se revelam são importantes. No livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber estuda a relação entre religião e economia, sustentando que ao contrário do catolicismo o protestantismo teria criado uma atmosfera ideológica favorável ao acúmulo capitalista (valorização do trabalho, associação da riqueza com a interferência divina, isolamento social, canalização das energias em prol do BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 trabalho humano). Esse é um dos livros mais citados, fundamentalmente weber era um sociólogo alemão protestante e nos ajuda entender o estudo a respeito do protestantismo e na sua visão a religião teria ajudado no desenvolvimento do capitalismo, diferente do catolicismo que associa a riqueza ao pecado e que valoriza a pobreza como passaporte para o mundo celestial (encontram-se muitas passagens na bíblia a respeito desse tema). Weber examinou isso e sustentou que os países influenciados pela reforma protestante destravaram certos temas para o desenvolvimento do capitalismo, pois valoriza muito a liberdade e o empreendedorismo, que passa pela manifestação mais informal da fé (já que não reproduz um texto previamente escrito). A riqueza então é um sinal de predestinação divina, um sinal de que Deus interferiu na vida daquele fiel. No livro “Economia e sociedade”, Weber estuda a relação entre Direito e economia, sustentando que a defesa da legalidade pelas revoluções liberais burguesas no ocidente teria contribuído para o avanço capitalista, a oferecer segurança e previsibilidade para as operações econômicas, muito mais do que os costumes sociais da Idade Média. Toda vez que há algum desentendimento com isso, ocorre um desequilíbrio econômico. Nessa mesma obra Max Weber trouxe um importante estudo sobre o fenômeno da legitimidade como processo de justificação das relações de poder político em uma dada sociedade. A legitimidade se refere a busca da adesão ou aceitação pelos governantes perante os governados. Weber examina, então, três tipos, que não necessariamente são excludentes, podendo ter como base mais de uma. 1. Legitimidade tradicional: consistiria no processo de aceitação e de estabilização de uma estrutura de poder político por conta da força dos costumes ou tradições arraigadas de uma dada comunidade política. Permite, então que os reis e rainhas exercitem o poder com estabilidade, pois por trás da coroa tem uma tradição imemorial. Ex.: Monarquia britânica. 2. Legitimidade carismática: consiste num processo de legitimação baseado na crença a cerca de pretensas qualidades pessoais dos governantes, que se identificariam com as massas dos governados. Nesse modelo o poder é exercido por conta do carisma dos governantes que são invejados pelos próprios governados. Ex.: Regime nazista. 3. Legitimidade legal-burocrática: o processo de legitimação passa a depender da observância do procedimento eleitoral previsto em lei. Esse modelo de legitimidade depende assim da ordem jurídica e do cumprimento das normas que regem o processo eleitoral. Ex.: ex-presidente, Dilma Vana Roussef. BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 BALANÇO CRÍTICO DO PENSAMENTO WEBERIANO • POSITIVAS 1) Weber demonstrou a insuficiência do modelo positivista de ciência sociológica (neutralidade + distanciamento). Trazendo algo mais consensual pós Segunda Guerra Mundial. 2) Max Weber teve o mérito de articular uma concepção global dos fenômenos sociais, articulando economia, política, religião, Direito. 3) Os estudos a cerca do papel do Direito na estabilização do mercado capitalista e da democracia representativa revelam-se bastante adequados à realidade ocidental. • NEGATIVAS 1) Nem todas as sociedades desenvolvidas da atualidade foram influenciadas pelo protestantismo, como a China. 2) O modelo culturalista abre espaço para a subjetividade do sociólogo nas pesquisas sociais. 3) A legitimidade legal-burocrática é meramente formal, tornando-se artificial ao longo do tempo caso não haja o apoio da opinião pública. Visto que se ela estivesse correta não ocorreriam revoluções. CONTROLE SOCIAL E O DIREITO 1. CONCEITO Trata-se de um sistema de modelagem comportamental através do qual as instituições e as normas adéquam comportamento humano aos padrões de conduta socialmente aceitos. Refere-se assim a um processo de socialização (modelagem comportamental para aprender em como se comportar em sociedade) que acompanha o indivíduo desde o seu nascimento até o seu desaparecimento (morte). 2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS O controle social é composto basicamente por dois elementos: as instituições e as normas. As instituições são espaços de convivência social onde aprendemos a como nos comportar em sociedade. Ex.: família, escola, igreja, empresa, Estado. A sociedade é, portanto, uma rede de instituições que modelam comportamento humano (vide pensamento de Michel Foucault - grande pensador Frances do século XX - no livro “A microfísica do poder”). As instituições mais próximas dos indivíduos na sociedade formariam os micropoderes que teriam um papel de facilitar a perpetração do macropoder na sociedade. Outro elemento do sistema de controle social são as normas sociais (etiqueta, moral, Direito), que estabelece qual deve ser o comportamento socialmente aceito e qual deve ser a sanção aplicada diante de uma infração social, visto que o mundo normativo é o do dever-ser. As normas de etiqueta/ cortesia são normas éticas de menor relevância para a vida social por tratar de BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 aspectos relativos a hábitos de educação na relação com as pessoas e as coisas. A inobservância das normas de etiqueta gera uma descortesia a qual deve ser punida através da aplicação de uma sanção difusa (sanção espontânea – pois não estão pré-determinadas - a plural – aplicada por diversos agentes - que brota da opinião pública). As normas morais, já se apresentam como normas éticas de maior relevância para a vida social quando comparada a etiqueta. Ex.: o dever moral de dizer a verdade. O descumprimento de normas morais acarreta uma imoralidade, a qual deve ser também punida com sanções difusas. Já as normas jurídicas configuram o chamado mínimo ético, ao tratar daqueles valores e padrões de conduta essenciais para a sobrevivência da sociedade. Ex.: o código penal. A ilicitude viola a normatividadejurídica e se apresenta como a mais grave forma de infração ética. Ela é punida com a aplicação de uma sanção organizada (predeterminada e aplicada em regime de monopólio pelo Estado). 2.1 A DIALÉTICA: CONTROLE SOCIAL x LIBERDADE O controle social existe para harmonizar a convivência das diversas esferas de liberdade individual. O pressuposto do controle é, portanto, a liberdade. 3. TIPOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL 3.1 CONTROLE SOCIAL PRIMÁRIO x CONTROLE SOCIAL SECUNDÁRIO O primário é aquela modalidade de controle social realizada nas primeiras fases da convivência humana em sociedade. Ex.: controle social realizado na família no âmbito da relação de poder entre pais e filhos. O controle social secundário é aquele que se manifesta em etapas mais avançadas da vida humana, notadamente durante a idade adulta. Ex.: controle estatal no âmbito das relações entre governantes e governados. 3.2 CONTROLE SOCIAL INFORMAL x CONTROLE SOCIAL FORMAL O informal é aquele baseado nas relações interpessoais marcadas pela proximidade e pela abertura aos sentimentos no desenvolvimento dos vínculos sociais. Ele é mais comum nos grupos primários de socialização. Ex.: família e relações pais x filhos. Já o controle social formal é aquele tipo de controle que desenvolve vínculos racionais, institucionalizados e abstratos entre os agentes sociais com maior distanciamento e neutralidade emotiva. Ex.: a relação do presidente da república e do cidadão. 3.3 CONTROLE SOCIAL PREVENTIVO x CONTROLE SOCIAL REPRESSIVO O controle social preventivo compreende todos aqueles mecanismos que atuam na prevenção das infrações éticas, a fim de evitar a ocorrência de condutas desviantes. O primeiro grande elemento constitutivo é a coercitividade da norma jurídica. A norma jurídica costuma gerar na mente dos BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 agentes sociais medo ou receio de imposição de um castigo ético. O segundo elemento são as sanções positivas ou premiais que são recompensas ou estímulos que a ordem ética oferece aos agentes sociais para que não violem as normas que regem a sociedade. Ex.: se entrar na faculdade ganha um carro. O controle repressivo é aquele que se manifesta através da aplicação concreta das sanções éticas. Trata-se do momento de incidência da coação. As sanções éticas podem acarretar um constrangimento tanto pessoal quanto patrimonial para o infrator. Ex.: a execução de uma sanção penal no sistema prisional, se a sanção falhar vem a força. 3.4 A NOVA DIMENSÃO DO SISTEMA DE CONTROLE SOCIAL: A SOCIEDADE DE MONITORAMENTO Atualmente, com base nos avanços da tecnologia, as sociedades humanas vêm utilizando instrumentos sofisticados de controle social. Trata-se da sociedade do monitoramento, baseada no controle simbólico e imaterial das condutas humanas, embora cada vez mais eficiente. Esse novo paradigma trás inúmeros questionamentos éticos acerca do risco à liberdade, dignidade e privacidade dos cidadãos (vide a obra de Michel Focault “Vigiar e Punir”). AULA 09 – 09.11.17 MUDANÇA SOCIAL E O DIREITO • Conceito de mudança social: É o processo sociológico fundamental de alteração das estruturas da vida humana em sociedade. Além da existência de forças vinculadas ao controle social existem também processos de transformação em qualquer sociedade humana. Ao contrario das sociedades não humanas que são estáticas por conta do determinismo biológico as sociedades humanas são sempre abertas e consequentemente mutáveis pois os seres humanos são essencialmente livres. A liberdade essencial da vida humana é o combustível da vida social. Como diria Ortega y Gasset, a vida humana não é apenas biológica, mas ela é também biográfica, visto que a liberdade humana permite o desenvolvimento da historia. A sociologia do direito refere que o ritmo de mudança social não é uniforme, estando diretamente vinculado ao grau de intercambio cultural de uma sociedade. Sociedades mais isoladas tendem a mudar vagarosamente. Dentro de uma mesma sociedade, régios e grupos igualmente mais isolados tendem a sofrer alterações mais lentas. A chamada cultura material, relacionada aos avanços técnicos científicos se transforma de forma mais célere do que a cultura imaterial (costumes, valores, padrões éticos, etc.). Com o advento atual das novas tecnologias de formação a mudança social se revela exponencialmente mais rápida do que em décadas passadas. BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 • Tipologias de mudança social: Existem dois tipos de mudança social, o primeiro é a reforma, o segundo é a revolução. Reforma consiste numa mudança social acessória, secundária ou superficial. Que procura requalificar e atualizar algum aspecto decadente da vida humana em sociedade. Geralmente o movimento reformista atua para alterar a fisionomia do sistema social sem modificar a sua essência. Paradoxalmente embora seja uma forma de mudança a reforma inibe e previne o grupo social de uma ruptura de um processo revolucionário. Um exemplo de reforma social foi à adoção do modelo do estado social do direito (intervencionismo após a crise de 1929 nas sociedades ocidentais da época). Diante da decadência do liberalismo e do risco do socialismo as sociedades capitalistas do ocidente reformaram a sua estrutura jurídico político. Revolução é uma mudança social nuclear que altera de modo radical a vida humana em sociedade. No sentido Marxista, a revolução só ocorreria a partir da mudança efetiva do modo de produção e distribuição de riquezas numa sociedade. Sem alteração, portanto na economia e consequente mudança na superestrutura político ideológica não haveria revolução. Exemplo de revoluções: Revolução Francesa 1789 e Revolução Russa 1917. O uso da violência não é necessariamente um elemento constitutivo de um processo revolucionário, embora seja muito frequente em revoluções. Exemplo, queda do muro de Berlim, a chamada revolução de veludo. • A relação da reforma com o direito: O fenômeno jurídico mantém relações privilegiadas com os movimentos de reforma, pois na grande maioria das vezes a mudança dos padrões de normatividade jurídica se revela como o melhor instrumento para a efetivação da reforma. Exemplo: a elaboração de emendas constitucionais para as reformas administrativa, política, previdenciária, da sociedade brasileira. • A relação do direito com a revolução: Embora direito e revolução sejam a priori noções antagônicas, já que os processos revolucionários implicam a quebra da legalidade, podem ser apontados alguns elementos de convergência. 1. A revolução como fonte material do poder constituinte originário e de uma nova constituição: considerando que o poder constituinte originário é um poder de fato, as propostas econômicas, políticas e ideológicas de um grupo revolucionário que tomam o poder podem influenciar o exercício do poder constituinte originário e o conteúdo da futura constituição pós revolucionaria. Exemplo: a revolução francesa de 1789, e a constituição de 1791. 2. A relação entre Jusnaturalismo, positivismo jurídico e revolução: pode-se afirmar que geralmente o Jusnaturalismo (doutrina dos direitos naturais atua como uma ideologia jurídica legitimadora da revolução). Logo o Jusnaturalismo costuma ser usado como uma ideologia pré-revolucionária que contesta a ordem jurídico política vigente. Exemplo: revolução francesa de 1789. Registre-se contudo a possibilidade do Jusnaturalismo ser utilizado como um BIANCA BARBOSA2º SEMESTRE – 2017.2 instrumento de manutenção da ordem jurídico politica e de bloqueio as revoluções, exemplo: Jusnaturalismo teológico da idade medica no mundo ocidental, e o Jusnaturalismo teológico contemporâneo das sociedades islâmicas. Por sua vez o direito defendido pelo positivismo jurídico, geralmente expresso nas leis costuma ser a proposta mais frequente do ambiente pós- revolucionário. Uma vez alojados nas estruturas de poder os antigos revolucionários se afastam do Jusnaturalismo e passam a sustentar a nova legalidade positivada pela revolução. 3. O debate sobre o direito de revolução: para o Jusnaturalismo haveria um direito de revolução, pois qualquer indivíduo poderia exercitar a faculdade natural de derrubar/afastar um governo tirânico, desde que os governantes violassem o pacto social e o respeito aos direitos naturais dos cidadãos (liberdade, igualdade, vida, propriedade). Dentro outros autores dessa tese, podemos citar John Locke. Para o positivismo jurídico não haveria direito de revolução, pois em verdade isso seria uma impropriedade lógica visto que a ordem jurídica que reconhecesse um direito expresso de revolução seria uma ordem suicida (impossibilidade lógica). Para o materialismo histórico e dialético de Karl Marx seria possível pensar num direito de revolução que brotaria concretamente das lutas sociais entre proprietários e trabalhadores. Nesse sentido a revolução socialista seria um instrumento para a alteração da ordem capitalista, a fim de superar a exploração do trabalho humano e restaurar uma nova ordem baseada na igualdade e justiça social. Para o pós-positivismo jurídico seria possível exercer um direito de revolução como uma espécie de direito de resistência ou de desobediência civil. Esse seria um direito de revolução em sentido fraco, sem o uso da violência, dentro dos limites da própria legalidade constituída, exemplo: a greve de fome de um sacerdote contra a transposição do rio São Francisco. Nesse sentido o direito de resistência seria depreendido de uma interpretação sistemática e teleológica de princípios já expressos numa constituição e em declarações internacionais, tais como a dignidade da pessoa humana, a cidadania, o estado democrático de direito, a república e a liberdade. AULA 10 – 16.11.17 ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E O DIREITO Entende-se por estratificação social o processo sociológico de hierarquização dos indivíduos em sociedade atribuindo aos agentes sociais funções, privilégios, direitos e deveres diferenciados. Nesse sentido, as sociedades humanas utilizam critérios diversos para alocar os indivíduos em escalões diversificados da pirâmide de estratificação social. • Tipologias de estratificação social: A sociedade costuma utilizar modelos distintos de estratificação social, que podem, contudo, ser utilizados de modo conjugado, havendo pontos de convergência e pontos de divergência na diferenciação dos agentes sociais. BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 MODALIDADES DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL BIOLÓGICA: a sociedade pode utilizar critérios extraídos da dimensão físico psíquica dos indivíduos para diferenciar os agentes sociais. Essa categoria genérica compreende a estratificação social, etária, étnico-racial e a baseada no grau de sanidade física psíquica. ✓ ESTRATIFICAÇÃO SEXUAL: É aquela forma de diferenciação social baseada em elementos relacionados ao sexo biológico, à orientação sexual e à construção do gênero. ✓ BIOLÓGICA ETÁRIA: A idade é utilizada como distinção dos indivíduos. Gera a possibilidade de conflitos intergeracional. ✓ BIOLÓGICA E ÉTNICO RACIAL: Ex.: a descriminação dos povos indígenas no Brasil e a reprovável estratificação étnica racial contra afrodescendentes em todo o mundo. ✓ FÍSICA PSÍQUICA: Quem sofre deficiência física ou psíquica. Pessoas acometidas de moléstias, perturbações psiquiátricas de grande monta. E também costumam ser isoladas. É possível notar essas análises através do grande estudioso Michel Foucault. O segundo grande grupo de estratificação social diz respeito à utilização de elementos não biológicos, diretamente extraídos da realidade social para a diferenciação dos indivíduos. Nesse sentido podem ser visualizadas as seguintes subdivisões: 1. CASTAS: são grupos sociais que se organizam com base numa justificativa religiosa: a maior ou menor proximidade com relação a uma suposta divindade criadora da sociedade. Os integrantes das castas superiores são descendentes mais próximos dessa divindade (encontrasse esse modelo social na índia e no Paquistão). A sociedade de castas é caracterizada pela extrema imobilidade dos agentes sociais. 2. ESTAMENTOS: são grupos sociais que se organizam com base na origem familiar. A tradição familiar é, portanto, valorada e utilizada para a construção da dicotomia nobres VS plebeu. Ex.: sociedades regidas por monarquia. Embora seja difícil, a mobilidade vertical e horizontal pode ocorrer, geralmente através de casamentos e concessões de títulos de nobreza. 3. CLASSES SOCIAIS: são agrupamentos de indivíduos que são diferenciados com base no acúmulo de recursos econômicos. Segundo Marx, o motor da história seria a luta entre classes sociais contrapondo-se proprietários e trabalhadores. Esse é um modelo típico das sociedades capitalistas desde a Idade Moderna até a Contemporaneidade. Trata-se do eixo mais importante de organização da vida social nos dias atuais. Ao menos formalmente a sociedade de classes garante a mobilidade horizontal e vertical, considerando que a ordem jurídica assegura genericamente os direitos de liberdade e igualdade. De todas as formas de estratificação, essa é a mais poderosa, pois se a pessoa obtiver acúmulo de capital obterá melhores recursos. BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 • O PAPEL DO DIREITO EM FACE DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL A ordem jurídica (instituições, normas e procedimentos) desempenha um papel ambivalente, hora reforçando e legitimando modelos de estratificação social, hora servindo como instrumento de redução das assimetrias e desigualdades. Nesse sentido o Direito poderá cumprir uma função mais conservadora ou mais progressista a depender do contexto social e a depender do projeto dos grupos detentores do poder real numa dada comunidade. Após a II GM, sob a influencia do processo de internacionalização dos direitos humanos fundamentais, ocorreu a implementação, pela via jurídica das chamadas ações e políticas afirmativas. Elas são medidas corretivas e reparatórias que buscam equalizar as oportunidades e promover a inclusão social de grupos vulneráveis e historicamente discriminados por força de critérios como sexo, idade, etnia e condição financeira. São oferecidas assim, compensações para que haja reconhecimento das identidades, a ampliação do pluralismo e a realização de uma justiça redistributiva. Ex.: cotas raciais e sociais em universidades públicas. Tais medidas são, contudo, postas como mecanismos provisórios que devem ser concluídos quando resta atingido um dado patamar de equalização das oportunidades. • O PAPEL DO DIREITO BRASILEIRO NO PROCESSO DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL Originalmente o papel do direito, desde a época colonial até a nova república foi sendo utilizado como um instrumento de reforço das desigualdades. Como o advento da CF/88 inicia-se um ciclo de transformações com o surgimento de microssistemas jurídicos de proteção de grupos socialmente vulneráveis. Ex.: estatuto da criança e do adolescente, estatuto do idoso, estatutoda igualdade racial, estatuto das pessoas com deficiência, programas de distribuição de renda (como o Bolsa Família). A partir do século XXI, passam a ser implementadas no Brasil as políticas e ações afirmativas. Ex.: cotas raciais e sociais em universidades públicas, cotas raciais em concursos públicos, reservas de vagas para mulheres com partidos políticos, reservas de vagas para pessoas com deficiência em concurso público.
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