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Caderno de Sociologia Geral e Jurídica - Ricardo Maurício

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BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
 
 
SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA 
Ricardo Maurício 
AULA 2 – 10.08.17 
SOCIOLOGIA GERAL 
CONCEITO E OBJETIVO: 
Sociologia geral é uma ciência que se propõe a estudar os diversos processos 
de organização da vida social, priorizando o exame das relações biunívocas 
que se estabelecem entre sociedade humana e os indivíduos. 
 
SOCIOLOGIA JURÍDICA 
CONCEITO E OBJETIVO: 
Trata-se do ramo da sociologia Geral que se propõe a estudar as relações que 
se estabelecem entre a sociedade e o ordenamento jurídico, examinando de 
que modo os diversos e complementares subsistemas da sociedade 
(econômico, político, ideológico) influenciam as instituições jurídicas e o 
processo de criação das respectivas normas jurídicas, bem como aprecia o 
padrão de relacionamento dessas instituições e normas de direito com a 
sociedade humana. 
Embora alguns autores diferenciem a Sociologia Jurídica de Sociologia jurídica, 
não há uma diferença terminológica. Visto que, eles afirmam que a Sociologia 
Jurídica examina de uma forma mais ampla, entretanto, não trás muitos 
resultados práticos. 
Com relação à sociedade humana nós podemos encontrar três subsistemas 
sociais, que estariam a todo momento em comunicação (três círculos 
secantes): 1. Econômico (voltado para a produção de riquezas); 2. Político 
(voltado para forma de aquisição e exercício de poder) 3. Ideológico 
(compreende todas as formas de valores e visões de mundo que circulam no 
âmbito das relações sociais). 
Entende-se o ordenamento jurídico como instituições jurídicas e normas 
(Forças Armadas, Procuradoria, MP) 
 
SOCIEDADE 
HUMANA 
INDIVÍDUOS 
ORDENAMENTO 
JURÍDICO 
NORMAS 
JURÍDICAS 
INSTITUIÇÕES 
JURÍDICAS 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
 
 
 
CARACTERES: 
1. Natureza Empírica, porque constrói as suas proposições cientificas a 
partir da observação da realidade social (mundo concreto do ser; ex.: big 
bang). 
2. Um saber de vocação zetética, porque é voltado não só para 
descrição, mas como também para problematização do Direito no 
entorno social. 
3. Natureza Causal, pois a sociologia do Direito constrói as suas 
proposições e modelos teóricos através de enlaces causais (dado A, é 
B). A causalidade sociológica é, contudo, probabilística ou tendencial. 
Mas a causalidade não estabelece uma relação fixa como nas ciências 
sociais. 
4. Natureza Plurimetodológica, pois a Sociologia Geral e Jurídica utiliza 
diversos métodos para a preensão das relações da sociedade e do 
Direito. 
MÉTODOS: 
1. Indutivo: Trata-se de procedimento intelectual que está baseado na 
observação de situações sociais específicas para que se possam extrair 
grandes generalizações conceituais. Parte-se assim do particular em 
direção ao geral. A indução é um procedimento intelectual empregado 
em qualquer sujeito do conhecimento coma observação e comparação 
das ocorrências particulares para que possam ser examinados e 
utilizados no futuro. 
Ex: O programa de segurança pública, Tolerância Zero, dos EUA, 
obtinha muitas atividades preventivas, era acompanhado com o 
aumento do monitoramento e era muito alinhado as ações sociais, para 
envolver o Estado com a sociedade. Depois aplicado em Medelin 
(positivos), Bogotá (positivos), e depois induz que programas que 
alinham proteção e prevenção diminuem a criminalidade, visto que 
foram observados situações particulares para depois induzir. 
 
2. Dedutivo: Consiste em procedimento intelectual de aplicação de 
proposições genéricas, geralmente extraídas pela via indutiva para 
situações particulares específicas, a fim de possibilitar a obtenção de 
resultados do campo da experiência social. Parte-se do geral para o 
particular. 
 
SOCIEDADE 
SUBSISTEMA 
ECONÔMICO 
SUBSISTEMA 
POLÍTICO 
SUBSISTEMA 
IDEOLÓGICO 
Manoel 
Castel – 
fronteiras do 
penamento – 
sociedade em 
rede. 
principal 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
3. Dialético: É aquele procedimento intelectual que possibilita o exame 
das relações entre o Direito e a sociedade sob a ótica do conflito entre 
instituições, grupos ou ideias (tese x antítese = síntese). Termo plurívoco 
no meio do conhecimento humano. 
 
Para Hegel a marcha da realidade seria uma grande ideia de elementos 
contrários, raciocinaríamos, e a própria sociedade se desenvolveria em 
uma grande comparação. E Marx trouxe para estudar a sociedade e 
enfatizou a grande contradição econômica dos donos de produção dos 
trabalhadores são formadores de uma sociedade conflituosa. 
 
4. Funcionalista: É aquele procedimento intelectual que examina as 
relações entre Direito e sociedade a partir da ótica do consenso, 
privilegiando-se a função estabilizadora de instituições, procedimentos e 
normas no sentido da pacificação e harmonização social. 
Ex.: Bolsa família, que é um programa de socialização e harmonização 
na sociedade para diminuição da pobreza. 
 
5. Positivista: (Comte) Consiste na tentativa do estabelecimento de uma 
descrição objetiva da realidade social e de suas relações como o mundo 
jurídico. Nesse sentido, o cientista social só obteria resultados 
verdadeiros se resguardasse a neutralidade valorativa e 
consequentemente mantivesse um distanciamento em face do seu 
objeto de estudo. E depois da II GM passou a ser objeto de crítica. 
 
6. Culturalista/Compreensivo: Consiste em um procedimento intelectual 
diametralmente oposto à abordagem positivista. Propõe uma 
aproximação do sujeito para com o objeto de estudo (a realidade social 
e jurídica) e a consequente imersão no conjunto de significados 
atribuídos por cada cultura humana a uma dada ação social. Dentre 
outros autores, encontramos o grande pensador alemão Weber. 
 
Afirma-se então que o cientista social só alcança resultados verdadeiros 
quando se aproxima para compartilhar os resultados das ações sociais 
que são atribuídos significados de uma dada cultura humana. Haveria 
uma pesquisa in loquo e obsevaria a particularidade daquela cultura e 
extrairia resultados. 
 
Há duas armadilhas, o primeiro grande risco é o etnocentrismo, e 
começar a visualizar a cultura alheia com a sua tabua de valores e a 
outra é observar e acabar se integrando na cultura. 
 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
7. Estruturalista: Busca identificar a existência de estruturas imutáveis e 
universais nos mais diversos grupos sociais, revelando a unidade que se 
esconde por trás da diversidade histórica e cultural. 
O grande pai do estruturalismo é Levi Srauss. Concorda que cada 
sociedade tem seu modo próprio de organização, mas por trás disso 
tudo se esconde um núcleo uniforme, uma estrutura imutável que pode 
assumir diversas faces, mas na prática é a mesma. 
Ex.: Toda sociedade tem alguém para gerir a coisa pública, como o 
cacique e o prefeito, que por trás dessa diversidade existe certa 
igualdade de funções na essência. 
 
8. Desconstrucionista: Consiste no procedimento de revelação dos 
interesses e finalidades subjacentes nas instituições, procedimentos e 
normas da realidade social e jurídica. Dentre outros autores quem trata 
desse assunto é o Frances Jaques Derrida, além de Focault. 
É desmontar aquela sociedade para entender o que está por trás 
daquela realidade. 
AULA 3 – 17.08.17 
PIONEIROS DA SOCIOLOGIA GERAL E JURÍDICA 
1. SOFISTAS: Foram a expressão do relativismo e do ceticismono terreno 
da teoria do conhecimento durante o período pré-socrático da Grécia 
Antiga. Contribuíram ao pensamento sociológico por conta de sua 
orientação antropocêntrica e pela abertura à crítica das instituições 
políticas e jurídicas da Grécia Antiga. Eles ensinavam aos filhos da 
nobreza a retórica. Sustentavam que não existia verdade absoluta, pois 
ela era alcançada através da argumentação. 
Protágoras - “O homem é a medida de todas as coisas”. 
 
2. SÓCRATES: Representou a expressão do antropocentrismo filosófico. 
Diferentemente dos sofistas, acreditava na capacidade racional do ser 
humano através do reconhecimento da própria ignorância (maiêutica). O 
pensamento de Sócrates permitiu uma reflexão crítica sobre a Pólis 
Grega, colocando em cheque a pretensa democracia ateniense. 
Como uma técnica filosófica para permitir o desvelamento da verdade 
ele propôs a maiêutica, uma técnica retórica através da qual no curso de 
um diálogo um interlocutor mostraria para outro que esse outro estaria 
alicerçado na percepção equivocada e se alçaria automaticamente na 
busca da verdade. 
 
3. PLATÃO: Representou o idealismo filosófico na Grécia Antiga. Em sua 
obra “A República”, Platão descreveu o que seria uma sociedade política 
perfeita, que deveria ser utilizada como modelo para a organização 
concreta da vida social. A república platônica seria uma sociedade 
estratificada, autocrática, governada por intelectuais, baseada na 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
escravidão e estruturada com base nas virtudes e potencialidades 
naturais de cada indivíduo. Não haveria espaço para a democracia, o que 
haveria seriam os intelectuais no topo dessa sociedade (ouro, prata e 
bronze). 
Na segunda fase de sua obra, Platão se afasta de uma abordagem 
idealista e assume uma postura realista no tratamento dos fenômenos 
políticos sociais e jurídicos. Essa mudança intelectual fica expressa num 
livro chamado “Das Leis” (abre mão da república e ideal e passa a 
reconhecer que o mundo é feito de imperfeições). 
 
4. ARISTÓTELES: Representou a expressão mais clara do realismo 
filosófico. Através do uso de um método empírico indutivo, estudou e 
sistematizou mais de 150 agrupamentos sociais, examinando as suas 
estruturas jurídicas e políticas. No livro “A política” desenvolveu a sua 
famosa teoria sobre as formas de governo (formas puras x formas 
impuras). Por sua vez, no livro intitulado “Ética a Nicômaco” desenvolveu 
uma importante teoria da justiça (justiça comutativa x justiça distributiva). 
Em sua obra “A Política” Aristóteles discorre sobre a natureza social do 
ser humano – escatologia, estudo de ser humano - (o homem como 
animal político), sustentando que a própria humanidade seria o resultado 
das interações sociais. Examina também as formas puras de governos 
baseadas na prevalência do interesse coletivo – atuação de governantes 
com o foco no interesse público em detrimento do particular - (monarquia, 
aristocracia e democracia) bem como as respectivas formas impuras, que 
se manifestariam toda vez que os governantes buscassem satisfazer os 
seus interesses particulares (tirania, oligarquia e demagogia). 
 
No que se refere à segunda obra, Aristóteles examinará a temática da 
ética como conjunto de princípios e regras que devem guiar a vida 
humana em sociedade, a luz de uma teoria da justiça. Segundo ele, as 
sociedades seriam justas se alem de garantir a igualdade formal (justiça 
comutativa) também fossem assegurados mecanismos para realizar a 
igualdade substancial, com a proteção de grupos e ou indivíduos mais 
vulneráveis (justiça distributiva). 
 
5. SANTO AGOSTINHO: Representou um movimento teológico denominado 
de Patrística, durante a Alta Idade Média. Influenciado pelo platonismo 
escreveu a obra “Cidade de Deus”, na qual sustentou a existência de dois 
mundos: o mundo Divino transcendental e o mundo Concreto das 
sociedades humanas. Para ele as sociedades deveriam ser organizadas 
FORMAS 
PURAS 
Monarquia Aristocracia Democracia 
FORMAS 
IMPURAS 
Tirania Oligarquia Demagogia (Estado 
Anárquico) 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
com base nesse modelo divino, subordinando assim o poder temporal ao 
poder espiritual, bem como legitimando a posição privilegiada da Igreja 
na vida social. 
 
 
6. SÃO THOMAS DE AQUINO: Representou um movimento denominado de 
Escolástica durante a Baixa Idade Média. Procurou conciliar a fé com a 
razão no plano intelectual, sofrendo forte influencia do pensamento 
aristotélico. Reconheceu que nem sempre a sociedade se organiza com 
base na vontade divina, admitindo assim que o Estado e o Direito podem 
afastar-se do bem comum. 
A sua obra fundamental é denominada “Summa Theológica”. 
 
7. MAQUIAVEL: Representou a maior expressão do renascimento ocidental, 
iniciando o processo de secularização dos estudos sociais. Procurou 
descrever a realidade social, política e jurídica sob o enfoque racional, 
afastando a influência religiosa do plano das Ciências Sociais. Nesse 
sentido pode ele ser considerado o pai das Ciências Sociais de base 
moderna. Dentre outras merece destaque a sua obra “O Príncipe”. 
Ao descrever de fato como as leis são criadas afastou a religião, 
racionalizando o estudo da sociedade, do Direito. 
 
8. THOMAS HOBBES: Representou a maior expressão do contratualismo 
social do inicio da modernidade. Em sua obra clássica “Leviatã”, discorreu 
sobre a escatologia e sustentou a origem social do Estado e do Direito. 
Segundo ele, o Estado de Natureza originário teria sido substituído por uma 
sociedade política cuja estabilidade dependeria da manutenção de um 
Estado forte (quase que autoritário). Defendeu a função repressiva da 
ordem jurídica e a limitação dos direitos individuais, propôs uma monarquia 
absolutista (pois somente com um rei seria possível alcançar a harmonia 
social, visto que o “homem é o lobo do próprio homem”) como a melhor 
forma de governo para uma sociedade. O papel da ordem jurídica é 
garantir essa ordem, enquanto o papel do direito é a da repressão. 
Hobbes chega a dizer que o Estado pode dispor da vida dos súditos e 
acreditava que a pena de morte seria um instrumento necessário para 
garantir a orem e a harmonia social. 
 
AULA 4 – 24.08.17 
 
9. JOHN LOKE: representou a maior expressão do contratualismo social e 
liberalidade modernidade que sustentava a origem social das ordens 
política e jurídica, bem como a minimização do Estado na sociedade. 
“O senhor das 
moscas” ; “A 
praia” ; “O 
Leviatã” ; 
“Uma noite de 
Crime”- filme 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
Segundo ele os direitos naturais não serão entregues ao Estado com o 
advento do pacto social originário. O direito natural mais importante seria o 
direito de propriedade privada, base para os demais direitos naturais. Em 
caso de violação dos direitos naturais, seria possível o exercício de um 
direito natural de revolução. A obra principal de Locke se denomina “Dois 
ensaios sobre o governo civil”. Locke diverge polarmente de Hobbes, pois 
afirma que o Estado não deveria ser “forte” como no Leviatã, mas sim um 
Estado mínimo, com influências necessárias. 
Para ele, o pai do Liberalismo político, o direito natural mais importante é o 
direito de propriedade, que estaria acima do direito à liberdade, igualdade, 
visto que eles não existiriam sem a propriedade privada. 
Ex.: Um estado que sem justificativa aumentasse os tributos, esse ponto 
então seria capazde legitimar o direito de revolução. 
10. J. J. ROUSSEAU: Representou a maior expressão do contratualismo 
social democrático. Segundo ele, o Estado e a Ordem Jurídica teriam 
surgido de um contrato social fundado na soberania popular, expressão 
ultima do poder numa sociedade. Esse pacto social seria renovado 
periodicamente por eleições dos governantes pelos governados (mandato 
representativo). A lei despontaria como a expressão da chamada “vontade 
geral” (que suplanta a “vontade de todos”). Logo, não haveria uma oposição 
entre a legalidade e a liberdade dos cidadãos. A principal obra dele é “Do 
Contrato Social”. Foi um pensador suíço que desenvolveu suas ideias na 
França e influenciaram diretamente a Revolução Francesa e a 
Independência dos EUA. 
11. MONTESQUIEU: Foi um pensador que se notabilizou pela obra “Do 
Espírito das Leis”. Nesse livro manteve a noção de uma origem social do 
Estado de Direito e propôs a partir de uma análise sociológica da 
Constituição Inglesa a adoção da Teoria da Tripartição dos Poderes 
(Legislativo, Executivo e Judiciário), sob a ótica do sistema de freios e 
contrapesos. De outro lado, desenvolveu um exame minundente de 
todos os fatores naturais e sociais que influenciam a criação das leis 
(nomogênese legislativa). Utiliza do método indutivo, analisando os 
particulares e a partir daí generaliza. 
 
BALANÇO CRÍTICO DOS PIONIERISOS MODERNOS DA SOCIOLOGIA: 
Critica-se Maquiavel pela descrição de formas antiéticas de exercício do 
poder nas sociedades humanas. Por sua vez, Hobbes é criticado pela 
proposição de um modelo autocrático de Estado. 
Locke é criticado pela valorização excessiva do direito da propriedade e da 
sua valorização. A seu turno, Rousseau sofre objeções pelo artificialismo da 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
ideia da vontade geral. Por fim, Montesquieu é criticado por não desenvolver 
um exame da possibilidade de um conflito entre poderes, bem como pelo risco 
de uma determinação naturalística da ordem jurídica e o risco de um discurso 
etnocêntrico. 
 
O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA: 
Durante o século XIX, por conta das transformações propiciadas pela 
Revolução Industrial, o pensador francês, Augusto Comte, resolveu criar uma 
ciência que pudesse descrever a sociedade que descreve para oferecer 
respostas para todos os problemas da convivência humana. Essa ciência 
passou a ser denominada de sociologia. 
Para Comte, essa nova ciência apresentaria características muito próprias 
para o desenvolvimento do estudo da sociedade. Em primeiro lugar ela 
apresentaria uma metodologia positivista (distanciamento sujeito x objeto; 
neutralidade valorativa). Em segundo lugar, ela apresentaria uma preocupação 
com a exatidão de suas proposições (matematização da vida social). Em 
terceiro lugar, ela apresentaria uma vocação enciclopédica englobando todas 
as demais formas de conhecimento humano (economia, política, psicologia, 
direito) que seriam reduzidas à mera condição de departamentos ou ramos da 
sociologia geral. Por fim, apresentava uma natureza tecnocrática, pois a 
sociologia se converteu num instrumento de planificação do Estado na 
organização da vida social. 
Para ele, o conhecimento cientifico seria um conhecimento muito peculiar 
pois deveria garantir dos pilares, primeiro o distanciamento e o segundo pilar 
seria uma neutralidade valorativa. E mantendo esses pilares a sociologia 
alcançaria um conhecimento universal. 
Para Comte, a ciência em geral e a sociologia em particular poderia 
oferecer respostas para todos os problemas da sociedade, preevendo as 
dificuldades enfrentadas pelos seres humanos e oferecendo altenativas para a 
sua solução. Sendo assim, conduziria a sociedade a um estagio de garnde 
felicidade material e espiritual (“Saber para prever, prever para prover”). 
 A LEI SOCIOLÓGICA DOS TRES ESTÁGIOS 
Em sua obra “A doutrina do espírito positivo” Augusto Comte refere que as 
sociedades humanas evoluiriam através de modo linear e intelectualista. 
Concebeu a sucessão de três estágios: 
1. Teológico: tal fase inicial seria marcada pelo predomínio da religião; 
2. Metafísico: marcado pelo predomínio da filosofia; 
3. Positivo ou Cientifico: caracterizado pela prevalência da ciência. 
Um pouco 
de Gattaca 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
Segundo ele, todas as sociedades humanas passariam necessariamente 
por essas etapas ate chegarem ao apogeu evolutivo do estágio cientifico. 
Para Comte, no último estágio social a ciência se tornaria o centro da vida 
social, substituindo até mesmo a própria religião. A ciência se tornaria a 
própria “religião da humanidade”. 
Para Comte, a religião ofereceria um pensamento irracional e abstrato. A 
filosofia ofereceria um pensamento racional e abstrato. A ciência ofereceria 
um pensamento racional e concreto (“Nada que é verdadeiro é insuscetível 
de demonstração empírica” – a verdade demanda de comprovação 
empírica). 
 
BALANÇO CRÍTICO DO PENSAENTO DE AUGUSTO COMTE 
Positivas: 
 - Teve o mérito de identificar a necessidade de criação de uma ciência da 
sociedade (pai da sociologia); 
- Procurou desenvolver uma metodologia para o desenvolvimento das 
pesquisas cientificas, tanto no campo natural quanto no campo social 
(método positivista); 
- Comte descreveu a importância da ciência nas sociedades do século XIX 
afetadas pela Revolução Industrial. 
Negativas: 
- O cientificismo de Augusto Comte é perigoso, pois coloca a ciência como 
a única via para a verdade; 
- A ciência se converteu notadamente a partir do século XX no 
conhecimento do aniquilamento da dignidade humana e não de sua 
emancipação; ex.: as duas Grandes Guerras Mundiais, desastres 
ambientais. 
- A lei dos três estágios possui um ranço etnocêntrico, pois implica uma 
hierarquização das sociedades. Tal etnocentrismo alimentou o imperialismo 
do século XIX. 
AULA 5 – 31.08.17 
SOCIOLOGIA JURÍDICA 
A ESCOLA OBJETIVA FRANCESA: O PENSAMENTO DE EMILE 
DURKHEIM 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
Trata-se da primeira corrente genuinamente voltada para a Sociologia do 
Direito. Influenciado pelo positivismo de Augusto Comte, Durkheim criou a 
Sociologia Jurídica tendo sido o primeiro professor da matéria na Europa. 
• A escola objetiva francesa foi um movimento que reuniu vários 
intelectuais da franca no século XIX. O próprio Durkheim que foi o líder 
desse movimento foi aluno de Comte. Por um lado, Comte é o pai da 
Sociologia Geral e por outro Emile é o pai da Sociologia do Direito. 
Pode-se afirmar que em larga medida a Sociologia do Direito não resistiria 
sem Durkheim e seus discípulos. Isso sucede porque Comte, embora tenha 
criado a Sociologia, não dedicou muita atenção ao fenômeno jurídico. Para 
Comte o Direito enquanto pratica e teoria social só seria necessária até a 
etapa do estágio metafísico, desaparecendo na etapa final do estágio 
científico, quando a ciência se incumbiria de controlar não só a natureza 
como também a sociedade humana. 
1. A METODOLOGIA DA SOCIOLOGIA DO DIREITO 
Para Durkheim, em sua obra “As regras do método Sociológico”, os fatos 
sociais seriam o grande objeto da sociologia geral e jurídica. Para ele, a 
sociedade seria uma realidade objetiva e independente dos indivíduos, sendo 
constituída por uma série de fatos que restringiriam a liberdade individual. 
Segundo ele todos os fatos sociais seriam caracterizados pela exterioridade e 
pela coercitividade. O Direito seria o fato social mais coercitivo de toda a 
sociedadehumana, pela sua capacidade de moldar os comportamentos dos 
agentes sociais. Metodologicamente, propôs que os fatos sociais fossem 
estudados como “coisas”, defendendo o distanciamento e a neutralidade 
axiológica do cientista social. 
2. O PAPEL DO DIREITO NA SOCIEDADE HUMANA 
Para Durkheim, a função do Direito na sociedade humana seria repressiva 
e preventiva. No plano da coerção a ordem jurídica atuaria na prevenção das 
ilicitudes, através da projeção simbólica das sansões éticas. Caso as ilicitudes 
ocorressem, as sansões jurídicas seriam aplicadas coativamente aos 
infratores. Cumpre destacar inclusive que para Durkheim o Direito seria a mais 
importante instancia social, através de suas instituições e normas para evitar 
que a sociedade chegasse ao estado de anomia (situação de desordem e de 
instabilidade da convivência humana). Paradoxalmente, referia ainda que a 
ocorrência de crimes e das ilicitudes em geral demonstrava a vitalidade do 
tecido social. A normalidade social seria a emergência de lícitos e a aplicação 
de sansão jurídica. 
• Hobbes chamaria essa anomia de Estado de Natureza. 
Fatos Sociais 
Indivíduos 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
Ele não acredita que uma sociedade exista sem conflito e é o papel do 
direito é atuar nessa dimensão, ou seja, teria algo errado se a sociedade não 
apresentasse conflitos. 
3. AS REFLEXÕES SOBRE O SUICÍDIO 
Para Durkheim, o fenômeno do suicídio seria uma prática decorrente da 
coercitividade dos fatos sociais e não necessariamente o resultado de causas 
biológicas. Durkheim estudará as tipologias de suicídio e a influência da 
sociedade nas práticas suicidas em sua obra clássica “O suidida”. 
 
4. AS TIPOLOGIAS DE SOLIDARIEDADE SOCIAL 
Durkheim examinou a evolução dos modelos de solidariedade humana 
entendidos como os padrões da vida social. Segundo ele, as sociedades 
primitivas seriam caracterizadas pela prevalência do modelo de solidariedade 
mecânica (prevalência da coletividade sobre os indivíduos). Tais grupos sociais 
apresentariam um baixo grau de divisão social do trabalho e de especialização 
funcional. O Direito apresentaria uma feição essencialmente punitiva, 
coincidindo com o próprio Dir.Penal. as sansões mais comuns seriam as 
sansões que implicavam a exclusão social dos indivíduos (pena de morte, 
banimento e em etapas posteriores a privação de liberdade). 
Em etapas mais avançadas, as sociedades humanas passam a ostentar 
um modelo de solidariedade orgânica, caracterizado por um alto grau de 
divisão do trabalho e de espacialização funcional. Nesses grupos sociais cada 
indivíduo se destaca do todo coletivo para desempenhar uma função relevante 
para a vida social. Nesse sentido ocorre uma progressiva transição do modelo 
de sociedade constituída por um Direito punitivo para uma sociedade regida 
pelo Direito restitutivo, que se confunde cada vez mais com o Direito Civil. As 
sansões pessoais de exclusão social são gradativamente substituídas por 
sansões patrimoniais que atingem apenas o patrimônio do infrator. Ex.: multa, 
reparação de danos, dentre outros. 
 
BALANÇO CRÍTICO 
• POSITIVAS 
1. Teve um mérito de demonstrar a existência de um campo autônomo da 
sociologia dedicado ao estudo do Direito (Sociologia Jurídica); 
2. Demonstrou como a coercitividade das normas jurídicas atua no âmbito 
do sistema de controle social; 
3. Procurou desenvolver assim como Comte, uma metodologia própria 
para o estudo sociológico dos fenômenos sociais e jurídicos; 
4. Conseguiu delinear a grande tendência evolutiva de substituição do 
Direito Penal pelo Direito Civil na transição da solidariedade mecânica 
para a solidariedade orgânica. 
 
• NEGATIVAS 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
1. O método positivista usado por Durkheim merece críticas pois 
dificilmente um fato social conseguirá ser apreendido como coisa, 
visto que os cientistas sociais fazem parte do próprio objeto de 
estudo: a sociedade humana; 
2. O papel do Direito se torna muito restrito ao estabelecimento de 
sansões, baseadas na coerção, o que aproxima a ordem jurídica de 
regimes autocráticos (ausência de sansões positivas ou premiais); 
3. O estudo sobre a evolução dos métodos de solidariedade e ordem 
jurídica se revela apenas adequado ao contexto histórico-cultural do 
ocidente (permanência de feição penal e punitiva de muitas ordens 
jurídicas orientais); 
4. Nem sempre o Direito é o fato social mais coercitivo, pois muitas 
vezes especialmente nas sociedades orientais a moral pode 
influenciar de modo mais efetivo o comportamento humano. Ex.: a 
moralidade religiosa em sociedades islâmicas. 
AULA 6 – 14.09.17 
A ESCOLA DE KARL MARX 
 Karl Marx nasceu em uma família de origem judaica, nasceu em 
05/05/1818 na Prússia, ingressou da Faculdade de Direito em 1935, sendo 
inclusive no seu período mais jovem influenciado pelos ideais burgueses 
(devido a região que nasceu, com influência do seu pai), entretanto durante na 
sua graduação se aproximou de ideias socialistas, de cunho social, caindo nas 
filosofias da luta de classes, envolvendo inclusive estudos sobre Hegel, que até 
posteriormente a criticá-lo. 
 Possuía um ideal de estudo histórico, começa a trabalhar como 
Jornalista, conhecendo dessa forma o pensador Engels, que ao possuir ideias 
semelhantes a Marx juntam-se para construir um trabalho. 
 Tem como obra principal “O capital”, no mesmo procura entender o 
princípio das desigualdades sociais, dizendo inclusive que a sociedade não 
vinha do Estado, mas sim o Estado vinha da sociedade. Marx dizia que o 
capitalismo era transitório, que produzia conflitos, gerando posteriormente 
colapsos demonstrando que suas bases não seriam fortes os suficientes para 
sustentar, principalmente observando as desigualdades sociais que o 
capitalismo propunha. Marx se associa muito mais a uma valorização do 
proletariado, fazendo que por meio de uma luta de classes, por meio de algo 
revolucionário, o mesmo estabelece fases para um socialismo, levando ao 
comunismo, criou portanto um socialismo científico, com base em 
fundamentações. 
 * Revolução Francesa = buscava uma segurança jurídica frente aos 
abusos do absolutismo, cominou no código civil francês, visando evitar 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
arbitrariedade dos monarcas, estabelecendo uma ideia inclusive positivista, 
legalista da moldura da lei, julgando o caso concreto baseado na luz da lei. 
 Marx criou o seu materialismo histórico, pois identificava como se dava 
a situação material na história, como se deu aquela evolução para que a classe 
daquelas pessoas para chegar até aquele ponto. Traz o ponto do materialismo 
dialético, com combate de teses, antíteses e sínteses. Cria portanto o 
materialismo histórico dialético (o dialético é provindo de Hegel), o histórico é o 
entendimento daquela situação pela sua base histórica. 
 Marx é um revolucionário, através da luta de classes se daria essa 
revolução. Outra obra muito importante é o Manifesto Comunista. Como o 
mesmo era revolucionário, sua teoria serviu de substrato para o para a 
revolução russa, tendo uma influência direta na mesma. O caso concreto é o 
que materialmente aconteceu (condições de vida, de costumes), pensando 
portanto no material como concretude. 
 Fio condutor/projeto: compreender cientificamente as condições 
materiais de vida e, com base nela, a superestrutura jurídico-política e as 
formas sociais de consciência, a fim de compreendê-las. 
 O mesmo possuía muito rigorfilosófico e científico, com unidade 
dialética entre teoria e prática. As relações materiais/condições de vida do 
proletariado eram fruto do modo de produção capitalista. Tendo como uma das 
principais preocupações como o capitalismo conseguia criminalizar uma fonte 
de sobrevivência, devendo haver um mínimo existencial (o mínimo que o ser 
humano não poderia viver sem) e isso seria uma consequência jurídica que 
provém de políticos que seguiam doutrina capitalista. Defendia além disso o 
fortalecimento da comunidade proletária. 
 O autor Cavalieri diz que Marx possui influências de Hegel, mas difere 
do mesmo, pois Hegel afirma que a sociedade é fruto da ideia de Estado e 
Marx tem na sua concepção de que o Estado encontra-se seu funcionamento 
na sociedade. 
 Ao se tratar do direito, alguns autores possuem a ideia que o mesmo 
tem sua origem no Estado. Entretanto outros acreditam que já existe o direito 
muito antes do Estado (pensamento de outros autores). Para Marx, após existir 
o Estado (lembrando que o Estado emana da sociedade), há um sistema de 
coerção, o direito, ou seja, o direito surge do Estado. - válido lembrar que há o 
pensamento de que antes do Estado existiam formas de coerção rudimentar. 
 
 Materialismo Histórico Dialético: 
 1) É necessário explicar como os homens produzem a história, em quais 
condições se relacionam, qual o suporte material e a força matriz que a produz, 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
que se traduzem nos alicerces da existência social, sem os quais não é 
possível a sociabilidade. 
2) É preciso analisar, além da intervenção do ser humano na construção da 
sociedade, as condições materiais indispensáveis à existência social e para o 
desenvolvimento do complexo conjunto de instituições jurídico-políticas 
existentes e forma de consciência social (filosofia, ciência, arte, literatura, 
religião, etc). 
3) Todos os seres humanos devem ter condições de viver para que produzam 
história. 
4) Seres humanos concretos, históricos, inseridos nas relações sociais. 
Não há como entendermos a sociabilidade, a vida em sociedade se não virmos 
como o homem se produz historicamente, como as relações ocorrem perante a 
história. É propor um entendimento material em todos os campos. Essa luta 
revolucionária só é possível com a conscientização de classe. 
AULA 7 – 21.09.17 
CONCLUSÃO 
O PENSAMENTO MARXISTA: 
1. Marx propôs, na segunda metade do século XIX, uma interpretação 
economicista da realidade social, pois para ele a infraestrutura 
econômica (modo de produção de riquezas) condicionaria a 
superestrutura político e ideológica (moral, religião, Estado, Direito). 
2. O motor da história da humanidade seria a luta entre as classes sociais 
(proprietários VS trabalhadores). Essa divisão entre classes sociais seria 
reproduzida a partir da infraestrutura econômica para a superestrutura 
político e ideológica. 
3. Para Marx, a moral e a religião seriam ideologias que justificariam a luta 
e a dominação entre as classes sociais. O Estado seria um aparelho de 
violência organizada a serviço das elites econômicas. O Direito seria 
uma ordem normativa cujas instituições e procedimentos seriam 
utilizados para a dominação dos trabalhadores pelos proprietários. 
4. Para o sociólogo, a evolução as sociedade humana poderia ser 
sintetizada da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comunismo 
Primitivo 
Sociedade 
de Classes 
Sociedade 
Antiga 
escravagismo 
 
Sociedade 
Medieval 
feudalismo 
Sociedade 
Moderna 
capitalismo 
Ditadura do 
Proletariado 
Comunismo 
evoluído 
Revolução 
Socialista 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
 
Segundo Marx, o Comunismo Primitivo seria a etapa inicial onde não 
haveria propriedade privada nem classes sociais. A segunda fase seria 
marcada pelo aparecimento da propriedade privada e consequentemente pela 
divisão entre proprietários e trabalhadores. 
Na sociedade antiga teríamos a contraposição dos nobres com o s 
escravos, o panorama por exemplo, da Grécia e da Roma antiga, já no 
feudalismo a contraposição de senhor VS servo e no capitalismo a burguesia 
VS proletariado. Todos os sistemas econômicos (escravagismo, feudalismo, 
capitalismo) baseariam a produção de riquezas na exploração do trabalho 
humano. 
A sociedade capitalista aprofundaria a exploração do trabalhador 
assalariado nas unidades fabris como nunca antes na história da sociedade. 
Para Marx, o proletariado adquiriria a “consciência de classe”, percebendo a 
exploração a que eram submetidos e passariam a organizar-se em sindicatos 
para em momento posterior promover uma revolução socialista (coletivização 
dos bens de produção) a partir da implantação da Ditadura do Proletariado. 
Uma vez alojados na estrutura de poder, os trabalhadores das fábricas 
utilizariam o Estado e o Direito para acabar com a propriedade privada e as 
classes sociais, desembocando na etapa do Comunismo Evoluído, onde não 
existiria mais propriedade privada e nem classes sociais. 
 
BALANÇO CRÍTICO DO PENSAMENTO MARXISTA 
• POSITIVAS: 
1) Marx teve o mérito de demonstrar a faceta opressiva do capitalismo 
industrial e as desigualdades sociais geradas pela exploração do 
trabalho humano. 
2) Marx conseguiu demonstrar como a economia influencia a política, o 
Direito e a cultura numa dada sociedade humana. 
3) Marx demonstrou a importância do engajamento político e ideológico 
dos intelectuais na luta pela transformação social, rompendo assim 
com a neutralidade axiológica da tradição positivista (o intelectual 
deve descrever e ao mesmo tempo modificar o mundo em que vive). 
4) As ideias marxistas germinaram no início do século XX, inspirando a 
ocorrência de revoluções socialistas em diversas partes do mundo 
(revolução russa, revolução chinesa e revolução cubana). 
 
• NEGATIVAS: 
1) Marx é acusado de desenvolver uma interpretação economicista da 
sociedade, a qual se revela unilateral ou parcial, pois a política o 
Direito e a cultura interferem também na economia. 
2) Os conflitos sociais não podem ser explicados apenas pela ótica da 
divisão entre as classes sociais, pois as formas de dominação 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
agregam não só elementos econômicos, mas também políticos, 
culturais, religiosos. 
3) Se Marx estivesse certo, as revoluções socialistas deveriam ter 
ocorrido em sociedades capitalistas industriais, o que não sucedeu, 
visto que as revoluções socialistas se processaram principalmente 
em países agrários e feudais. 
4) As experiências socialistas no mundo foram mal sucedidas, não 
conseguindo universalizar a justiça social e a igualdade substancial. 
Em verdade criou-se uma nova forma de divisão entre governantes e 
governados (tecno-burocracia). 
5) As ditaduras do proletariado acabaram se perpetuando em todas as 
experiências socialistas gerando regimes autocráticos, extremamente 
opressivos e restritivos às liberdades individuais. 
6) Marx não consegue explicar como os trabalhadores explorados no 
capitalismo adquiririam como num passe de mágica a dita 
“consciência de classe”, nem tampouco explica como um burguês 
poderia adquirir tal consciência sem ser explorado. 
7) A teoria marxista não consegue explicar as novas formas de trabalho 
da sociedade pós-moderna ou pós-industrial. 
 
AULA 8 – 26.10.17 
O CULTURALISMO SOCIOLÓGICO DE MAX WEBER 
Trata-se de uma corrente de pensamento sociológico surgida durante o 
séculoXIX, a partir das reflexões desenvolvidas pelo sociólogo protestante Max 
Weber. Do ponto de vista metodológico, Weber propôs uma aproximação do 
sujeito para com o objeto de estudo e a abertura à valoração. A categoria 
fundamental do pensamento weberiano é a ideia da chamada ação social. O 
sociólogo deveria assim, tentar extrair o significado do comportamento humano 
numa dada cultura. 
Na visão de weber a sociedade é uma rede de ações sociais, pois 
enquanto Durkheim coloca a sociedade como algo distinto do indivíduo, weber 
integra as duas instancias e entende que a sociedade tem essas ações cujos 
significados são socialmente compartilhados em uma dada cultura. Aplicando-
se o método culturalista, Weber coloca isso como um método compreensivo 
o qual é necessário mergulhar em um universo cultural para extrair os 
significados. Ao passo que se mantivesse uma distancia o resultado poderia 
ser diferente, concluindo até de uma maneira equivocada. O culturalismo 
trouxe de fato aspectos metodológicos bem diferentes, visto que as valorações 
que se revelam são importantes. 
No livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber estuda 
a relação entre religião e economia, sustentando que ao contrário do 
catolicismo o protestantismo teria criado uma atmosfera ideológica favorável ao 
acúmulo capitalista (valorização do trabalho, associação da riqueza com a 
interferência divina, isolamento social, canalização das energias em prol do 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
trabalho humano). Esse é um dos livros mais citados, fundamentalmente weber 
era um sociólogo alemão protestante e nos ajuda entender o estudo a respeito 
do protestantismo e na sua visão a religião teria ajudado no desenvolvimento 
do capitalismo, diferente do catolicismo que associa a riqueza ao pecado e que 
valoriza a pobreza como passaporte para o mundo celestial (encontram-se 
muitas passagens na bíblia a respeito desse tema). Weber examinou isso e 
sustentou que os países influenciados pela reforma protestante destravaram 
certos temas para o desenvolvimento do capitalismo, pois valoriza muito a 
liberdade e o empreendedorismo, que passa pela manifestação mais informal 
da fé (já que não reproduz um texto previamente escrito). A riqueza então é um 
sinal de predestinação divina, um sinal de que Deus interferiu na vida daquele 
fiel. 
No livro “Economia e sociedade”, Weber estuda a relação entre Direito e 
economia, sustentando que a defesa da legalidade pelas revoluções liberais 
burguesas no ocidente teria contribuído para o avanço capitalista, a oferecer 
segurança e previsibilidade para as operações econômicas, muito mais do que 
os costumes sociais da Idade Média. Toda vez que há algum desentendimento 
com isso, ocorre um desequilíbrio econômico. Nessa mesma obra Max Weber 
trouxe um importante estudo sobre o fenômeno da legitimidade como processo 
de justificação das relações de poder político em uma dada sociedade. A 
legitimidade se refere a busca da adesão ou aceitação pelos governantes 
perante os governados. Weber examina, então, três tipos, que não 
necessariamente são excludentes, podendo ter como base mais de uma. 
1. Legitimidade tradicional: consistiria no processo de aceitação e de 
estabilização de uma estrutura de poder político por conta da força dos 
costumes ou tradições arraigadas de uma dada comunidade política. 
Permite, então que os reis e rainhas exercitem o poder com 
estabilidade, pois por trás da coroa tem uma tradição imemorial. 
Ex.: Monarquia britânica. 
 
2. Legitimidade carismática: consiste num processo de legitimação 
baseado na crença a cerca de pretensas qualidades pessoais dos 
governantes, que se identificariam com as massas dos governados. 
Nesse modelo o poder é exercido por conta do carisma dos 
governantes que são invejados pelos próprios governados. 
 Ex.: Regime nazista. 
 
3. Legitimidade legal-burocrática: o processo de legitimação passa a 
depender da observância do procedimento eleitoral previsto em lei. 
Esse modelo de legitimidade depende assim da ordem jurídica e do 
cumprimento das normas que regem o processo eleitoral. 
Ex.: ex-presidente, Dilma Vana Roussef. 
 
 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
BALANÇO CRÍTICO DO PENSAMENTO WEBERIANO 
• POSITIVAS 
1) Weber demonstrou a insuficiência do modelo positivista de ciência 
sociológica (neutralidade + distanciamento). Trazendo algo mais 
consensual pós Segunda Guerra Mundial. 
2) Max Weber teve o mérito de articular uma concepção global dos 
fenômenos sociais, articulando economia, política, religião, Direito. 
3) Os estudos a cerca do papel do Direito na estabilização do mercado 
capitalista e da democracia representativa revelam-se bastante 
adequados à realidade ocidental. 
 
• NEGATIVAS 
1) Nem todas as sociedades desenvolvidas da atualidade foram 
influenciadas pelo protestantismo, como a China. 
2) O modelo culturalista abre espaço para a subjetividade do sociólogo 
nas pesquisas sociais. 
3) A legitimidade legal-burocrática é meramente formal, tornando-se 
artificial ao longo do tempo caso não haja o apoio da opinião pública. 
Visto que se ela estivesse correta não ocorreriam revoluções. 
 
CONTROLE SOCIAL E O DIREITO 
1. CONCEITO 
Trata-se de um sistema de modelagem comportamental através do qual as 
instituições e as normas adéquam comportamento humano aos padrões de 
conduta socialmente aceitos. Refere-se assim a um processo de socialização 
(modelagem comportamental para aprender em como se comportar em 
sociedade) que acompanha o indivíduo desde o seu nascimento até o seu 
desaparecimento (morte). 
 
2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
O controle social é composto basicamente por dois elementos: as 
instituições e as normas. As instituições são espaços de convivência social 
onde aprendemos a como nos comportar em sociedade. Ex.: família, escola, 
igreja, empresa, Estado. A sociedade é, portanto, uma rede de instituições que 
modelam comportamento humano (vide pensamento de Michel Foucault - 
grande pensador Frances do século XX - no livro “A microfísica do poder”). As 
instituições mais próximas dos indivíduos na sociedade formariam os 
micropoderes que teriam um papel de facilitar a perpetração do macropoder na 
sociedade. 
Outro elemento do sistema de controle social são as normas sociais 
(etiqueta, moral, Direito), que estabelece qual deve ser o comportamento 
socialmente aceito e qual deve ser a sanção aplicada diante de uma infração 
social, visto que o mundo normativo é o do dever-ser. As normas de etiqueta/ 
cortesia são normas éticas de menor relevância para a vida social por tratar de 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
aspectos relativos a hábitos de educação na relação com as pessoas e as 
coisas. A inobservância das normas de etiqueta gera uma descortesia a qual 
deve ser punida através da aplicação de uma sanção difusa (sanção 
espontânea – pois não estão pré-determinadas - a plural – aplicada por 
diversos agentes - que brota da opinião pública). As normas morais, já se 
apresentam como normas éticas de maior relevância para a vida social quando 
comparada a etiqueta. Ex.: o dever moral de dizer a verdade. O 
descumprimento de normas morais acarreta uma imoralidade, a qual deve ser 
também punida com sanções difusas. Já as normas jurídicas configuram o 
chamado mínimo ético, ao tratar daqueles valores e padrões de conduta 
essenciais para a sobrevivência da sociedade. Ex.: o código penal. A ilicitude 
viola a normatividadejurídica e se apresenta como a mais grave forma de 
infração ética. Ela é punida com a aplicação de uma sanção organizada 
(predeterminada e aplicada em regime de monopólio pelo Estado). 
 
2.1 A DIALÉTICA: CONTROLE SOCIAL x LIBERDADE 
O controle social existe para harmonizar a convivência das diversas esferas de 
liberdade individual. O pressuposto do controle é, portanto, a liberdade. 
 
3. TIPOLOGIAS DE CONTROLE SOCIAL 
3.1 CONTROLE SOCIAL PRIMÁRIO x CONTROLE SOCIAL SECUNDÁRIO 
O primário é aquela modalidade de controle social realizada nas primeiras 
fases da convivência humana em sociedade. Ex.: controle social realizado na 
família no âmbito da relação de poder entre pais e filhos. 
O controle social secundário é aquele que se manifesta em etapas mais 
avançadas da vida humana, notadamente durante a idade adulta. Ex.: controle 
estatal no âmbito das relações entre governantes e governados. 
 
3.2 CONTROLE SOCIAL INFORMAL x CONTROLE SOCIAL FORMAL 
O informal é aquele baseado nas relações interpessoais marcadas pela 
proximidade e pela abertura aos sentimentos no desenvolvimento dos vínculos 
sociais. Ele é mais comum nos grupos primários de socialização. Ex.: família e 
relações pais x filhos. 
Já o controle social formal é aquele tipo de controle que desenvolve 
vínculos racionais, institucionalizados e abstratos entre os agentes sociais com 
maior distanciamento e neutralidade emotiva. Ex.: a relação do presidente da 
república e do cidadão. 
 
3.3 CONTROLE SOCIAL PREVENTIVO x CONTROLE SOCIAL 
REPRESSIVO 
O controle social preventivo compreende todos aqueles mecanismos que 
atuam na prevenção das infrações éticas, a fim de evitar a ocorrência de 
condutas desviantes. O primeiro grande elemento constitutivo é a 
coercitividade da norma jurídica. A norma jurídica costuma gerar na mente dos 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
agentes sociais medo ou receio de imposição de um castigo ético. O segundo 
elemento são as sanções positivas ou premiais que são recompensas ou 
estímulos que a ordem ética oferece aos agentes sociais para que não violem 
as normas que regem a sociedade. Ex.: se entrar na faculdade ganha um 
carro. 
O controle repressivo é aquele que se manifesta através da aplicação 
concreta das sanções éticas. Trata-se do momento de incidência da coação. 
As sanções éticas podem acarretar um constrangimento tanto pessoal quanto 
patrimonial para o infrator. Ex.: a execução de uma sanção penal no sistema 
prisional, se a sanção falhar vem a força. 
 
3.4 A NOVA DIMENSÃO DO SISTEMA DE CONTROLE SOCIAL: A 
SOCIEDADE DE MONITORAMENTO 
Atualmente, com base nos avanços da tecnologia, as sociedades humanas 
vêm utilizando instrumentos sofisticados de controle social. Trata-se da 
sociedade do monitoramento, baseada no controle simbólico e imaterial das 
condutas humanas, embora cada vez mais eficiente. Esse novo paradigma trás 
inúmeros questionamentos éticos acerca do risco à liberdade, dignidade e 
privacidade dos cidadãos (vide a obra de Michel Focault “Vigiar e Punir”). 
 
AULA 09 – 09.11.17 
MUDANÇA SOCIAL E O DIREITO 
• Conceito de mudança social: 
É o processo sociológico fundamental de alteração das estruturas da vida 
humana em sociedade. Além da existência de forças vinculadas ao controle 
social existem também processos de transformação em qualquer sociedade 
humana. 
Ao contrario das sociedades não humanas que são estáticas por conta do 
determinismo biológico as sociedades humanas são sempre abertas e 
consequentemente mutáveis pois os seres humanos são essencialmente livres. 
A liberdade essencial da vida humana é o combustível da vida social. 
Como diria Ortega y Gasset, a vida humana não é apenas biológica, mas 
ela é também biográfica, visto que a liberdade humana permite o 
desenvolvimento da historia. 
A sociologia do direito refere que o ritmo de mudança social não é 
uniforme, estando diretamente vinculado ao grau de intercambio cultural de 
uma sociedade. Sociedades mais isoladas tendem a mudar vagarosamente. 
Dentro de uma mesma sociedade, régios e grupos igualmente mais isolados 
tendem a sofrer alterações mais lentas. 
A chamada cultura material, relacionada aos avanços técnicos científicos 
se transforma de forma mais célere do que a cultura imaterial (costumes, 
valores, padrões éticos, etc.). 
Com o advento atual das novas tecnologias de formação a mudança social 
se revela exponencialmente mais rápida do que em décadas passadas. 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
• Tipologias de mudança social: 
Existem dois tipos de mudança social, o primeiro é a reforma, o segundo é 
a revolução. 
Reforma consiste numa mudança social acessória, secundária ou 
superficial. Que procura requalificar e atualizar algum aspecto decadente da 
vida humana em sociedade. Geralmente o movimento reformista atua para 
alterar a fisionomia do sistema social sem modificar a sua essência. 
Paradoxalmente embora seja uma forma de mudança a reforma inibe e previne 
o grupo social de uma ruptura de um processo revolucionário. 
Um exemplo de reforma social foi à adoção do modelo do estado social do 
direito (intervencionismo após a crise de 1929 nas sociedades ocidentais da 
época). Diante da decadência do liberalismo e do risco do socialismo as 
sociedades capitalistas do ocidente reformaram a sua estrutura jurídico político. 
Revolução é uma mudança social nuclear que altera de modo radical a vida 
humana em sociedade. No sentido Marxista, a revolução só ocorreria a partir 
da mudança efetiva do modo de produção e distribuição de riquezas numa 
sociedade. Sem alteração, portanto na economia e consequente mudança na 
superestrutura político ideológica não haveria revolução. Exemplo de 
revoluções: Revolução Francesa 1789 e Revolução Russa 1917. 
O uso da violência não é necessariamente um elemento constitutivo de um 
processo revolucionário, embora seja muito frequente em revoluções. Exemplo, 
queda do muro de Berlim, a chamada revolução de veludo. 
• A relação da reforma com o direito: 
O fenômeno jurídico mantém relações privilegiadas com os movimentos de 
reforma, pois na grande maioria das vezes a mudança dos padrões de 
normatividade jurídica se revela como o melhor instrumento para a efetivação 
da reforma. Exemplo: a elaboração de emendas constitucionais para as 
reformas administrativa, política, previdenciária, da sociedade brasileira. 
• A relação do direito com a revolução: 
Embora direito e revolução sejam a priori noções antagônicas, já que os 
processos revolucionários implicam a quebra da legalidade, podem ser 
apontados alguns elementos de convergência. 
1. A revolução como fonte material do poder constituinte originário e de 
uma nova constituição: considerando que o poder constituinte originário é um 
poder de fato, as propostas econômicas, políticas e ideológicas de um grupo 
revolucionário que tomam o poder podem influenciar o exercício do poder 
constituinte originário e o conteúdo da futura constituição pós revolucionaria. 
Exemplo: a revolução francesa de 1789, e a constituição de 1791. 
2. A relação entre Jusnaturalismo, positivismo jurídico e revolução: pode-se 
afirmar que geralmente o Jusnaturalismo (doutrina dos direitos naturais atua 
como uma ideologia jurídica legitimadora da revolução). Logo o Jusnaturalismo 
costuma ser usado como uma ideologia pré-revolucionária que contesta a 
ordem jurídico política vigente. Exemplo: revolução francesa de 1789. 
Registre-se contudo a possibilidade do Jusnaturalismo ser utilizado como um 
BIANCA BARBOSA2º SEMESTRE – 2017.2 
 
instrumento de manutenção da ordem jurídico politica e de bloqueio as 
revoluções, exemplo: Jusnaturalismo teológico da idade medica no mundo 
ocidental, e o Jusnaturalismo teológico contemporâneo das sociedades 
islâmicas. Por sua vez o direito defendido pelo positivismo jurídico, geralmente 
expresso nas leis costuma ser a proposta mais frequente do ambiente pós-
revolucionário. Uma vez alojados nas estruturas de poder os antigos 
revolucionários se afastam do Jusnaturalismo e passam a sustentar a nova 
legalidade positivada pela revolução. 
3. O debate sobre o direito de revolução: para o Jusnaturalismo haveria um 
direito de revolução, pois qualquer indivíduo poderia exercitar a faculdade 
natural de derrubar/afastar um governo tirânico, desde que os governantes 
violassem o pacto social e o respeito aos direitos naturais dos cidadãos 
(liberdade, igualdade, vida, propriedade). Dentro outros autores dessa tese, 
podemos citar John Locke. Para o positivismo jurídico não haveria direito de 
revolução, pois em verdade isso seria uma impropriedade lógica visto que a 
ordem jurídica que reconhecesse um direito expresso de revolução seria uma 
ordem suicida (impossibilidade lógica). Para o materialismo histórico e dialético 
de Karl Marx seria possível pensar num direito de revolução que brotaria 
concretamente das lutas sociais entre proprietários e trabalhadores. Nesse 
sentido a revolução socialista seria um instrumento para a alteração da ordem 
capitalista, a fim de superar a exploração do trabalho humano e restaurar uma 
nova ordem baseada na igualdade e justiça social. Para o pós-positivismo 
jurídico seria possível exercer um direito de revolução como uma espécie de 
direito de resistência ou de desobediência civil. Esse seria um direito de 
revolução em sentido fraco, sem o uso da violência, dentro dos limites da 
própria legalidade constituída, exemplo: a greve de fome de um sacerdote 
contra a transposição do rio São Francisco. Nesse sentido o direito de 
resistência seria depreendido de uma interpretação sistemática e teleológica de 
princípios já expressos numa constituição e em declarações internacionais, tais 
como a dignidade da pessoa humana, a cidadania, o estado democrático de 
direito, a república e a liberdade. 
AULA 10 – 16.11.17 
 
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E O DIREITO 
Entende-se por estratificação social o processo sociológico de 
hierarquização dos indivíduos em sociedade atribuindo aos agentes sociais 
funções, privilégios, direitos e deveres diferenciados. Nesse sentido, as 
sociedades humanas utilizam critérios diversos para alocar os indivíduos em 
escalões diversificados da pirâmide de estratificação social. 
• Tipologias de estratificação social: 
A sociedade costuma utilizar modelos distintos de estratificação social, que 
podem, contudo, ser utilizados de modo conjugado, havendo pontos de 
convergência e pontos de divergência na diferenciação dos agentes sociais. 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
MODALIDADES DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL BIOLÓGICA: a sociedade 
pode utilizar critérios extraídos da dimensão físico psíquica dos indivíduos para 
diferenciar os agentes sociais. Essa categoria genérica compreende a 
estratificação social, etária, étnico-racial e a baseada no grau de sanidade 
física psíquica. 
✓ ESTRATIFICAÇÃO SEXUAL: É aquela forma de diferenciação social 
baseada em elementos relacionados ao sexo biológico, à orientação 
sexual e à construção do gênero. 
✓ BIOLÓGICA ETÁRIA: A idade é utilizada como distinção dos indivíduos. 
Gera a possibilidade de conflitos intergeracional. 
✓ BIOLÓGICA E ÉTNICO RACIAL: Ex.: a descriminação dos povos 
indígenas no Brasil e a reprovável estratificação étnica racial contra 
afrodescendentes em todo o mundo. 
✓ FÍSICA PSÍQUICA: Quem sofre deficiência física ou psíquica. Pessoas 
acometidas de moléstias, perturbações psiquiátricas de grande monta. E 
também costumam ser isoladas. É possível notar essas análises através 
do grande estudioso Michel Foucault. 
O segundo grande grupo de estratificação social diz respeito à utilização de 
elementos não biológicos, diretamente extraídos da realidade social para a 
diferenciação dos indivíduos. Nesse sentido podem ser visualizadas as 
seguintes subdivisões: 
1. CASTAS: são grupos sociais que se organizam com base numa 
justificativa religiosa: a maior ou menor proximidade com relação a uma 
suposta divindade criadora da sociedade. Os integrantes das castas superiores 
são descendentes mais próximos dessa divindade (encontrasse esse modelo 
social na índia e no Paquistão). A sociedade de castas é caracterizada pela 
extrema imobilidade dos agentes sociais. 
2. ESTAMENTOS: são grupos sociais que se organizam com base na 
origem familiar. A tradição familiar é, portanto, valorada e utilizada para a 
construção da dicotomia nobres VS plebeu. Ex.: sociedades regidas por 
monarquia. Embora seja difícil, a mobilidade vertical e horizontal pode ocorrer, 
geralmente através de casamentos e concessões de títulos de nobreza. 
3. CLASSES SOCIAIS: são agrupamentos de indivíduos que são 
diferenciados com base no acúmulo de recursos econômicos. Segundo Marx, o 
motor da história seria a luta entre classes sociais contrapondo-se proprietários 
e trabalhadores. Esse é um modelo típico das sociedades capitalistas desde a 
Idade Moderna até a Contemporaneidade. Trata-se do eixo mais importante de 
organização da vida social nos dias atuais. Ao menos formalmente a sociedade 
de classes garante a mobilidade horizontal e vertical, considerando que a 
ordem jurídica assegura genericamente os direitos de liberdade e igualdade. 
De todas as formas de estratificação, essa é a mais poderosa, pois se a 
pessoa obtiver acúmulo de capital obterá melhores recursos. 
 
 
BIANCA BARBOSA 2º SEMESTRE – 2017.2 
 
• O PAPEL DO DIREITO EM FACE DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL 
A ordem jurídica (instituições, normas e procedimentos) desempenha um 
papel ambivalente, hora reforçando e legitimando modelos de estratificação 
social, hora servindo como instrumento de redução das assimetrias e 
desigualdades. Nesse sentido o Direito poderá cumprir uma função mais 
conservadora ou mais progressista a depender do contexto social e a depender 
do projeto dos grupos detentores do poder real numa dada comunidade. 
Após a II GM, sob a influencia do processo de internacionalização dos 
direitos humanos fundamentais, ocorreu a implementação, pela via jurídica das 
chamadas ações e políticas afirmativas. Elas são medidas corretivas e 
reparatórias que buscam equalizar as oportunidades e promover a inclusão 
social de grupos vulneráveis e historicamente discriminados por força de 
critérios como sexo, idade, etnia e condição financeira. São oferecidas assim, 
compensações para que haja reconhecimento das identidades, a ampliação do 
pluralismo e a realização de uma justiça redistributiva. Ex.: cotas raciais e 
sociais em universidades públicas. Tais medidas são, contudo, postas como 
mecanismos provisórios que devem ser concluídos quando resta atingido um 
dado patamar de equalização das oportunidades. 
 
• O PAPEL DO DIREITO BRASILEIRO NO PROCESSO DE 
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL 
Originalmente o papel do direito, desde a época colonial até a nova 
república foi sendo utilizado como um instrumento de reforço das 
desigualdades. Como o advento da CF/88 inicia-se um ciclo de transformações 
com o surgimento de microssistemas jurídicos de proteção de grupos 
socialmente vulneráveis. Ex.: estatuto da criança e do adolescente, estatuto do 
idoso, estatutoda igualdade racial, estatuto das pessoas com deficiência, 
programas de distribuição de renda (como o Bolsa Família). A partir do século 
XXI, passam a ser implementadas no Brasil as políticas e ações afirmativas. 
Ex.: cotas raciais e sociais em universidades públicas, cotas raciais em 
concursos públicos, reservas de vagas para mulheres com partidos políticos, 
reservas de vagas para pessoas com deficiência em concurso público.

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