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Apostila - Direito Penal (Geral)

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NOÇÕES DE 
DIREITO PENAL 
PARTE GERAL 
 
 
 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
www.alvopreparatorio.com - 3924-4450 
2 
LEI PENAL 
 
1 – Conceito de Lei Penal: é a fonte imediata do Direito 
Penal, uma vez que, por expressa determinação 
constitucional, tem a si reservado, exclusivamente, o 
papel de criar infrações penais e lhes cominar as penas 
respectivas. 
 
2 – Classificação: as leis penais apresenta diversas 
divisões. Podem ser: 
 
2.1 – Incriminadoras: são as que criam crimes e cominam 
penas. 
Obs.: são conhecidas como tipos penais incriminadores e 
possuem a função de definir as infrações penais, 
proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de pena. 
São as normas penais em sentido estrito, proibitivas ou 
mandamentais. 
Obs.2: Ao observarmos os tipos penais incriminadores, 
percebemos que existem duas espécies de preceitos: 
1º - preceito primário – preceptum iuris – faz a descrição 
detalhada e perfeita de uma conduta que se procura 
proibir ou impor. 
2º - preceito secundário – sanctio iuris – individualiza a 
pena e a cominando em abstrato. 
 
Obs.3: o criminoso na realidade não viola a lei 
penal, e sim a proposição que lhe prescreve o 
modelo de sua conduta, que é um preceito não 
escrito. 
 
Obs.4: ELEMENTOS QUE INTEGRAM O TIPO 
 
Os elementos que integram o tipo podem ser OBJETIVOS 
e SUBJETIVOS. 
 
Os ELEMENTOS OBJETIVOS descrevem a ação, o objeto da 
ação, o resultado (se for o caso), as circunstâncias 
externas do fato, a pessoa do autor e o sujeito passivo (se 
for o caso). O objetivo dos elementos subjetivos é fazer 
com que o agente tome conhecimento de todos os dados 
necessários à caracterização da infração penal. 
 
Os ELEMENTOS OBJETIVOS podem ser normativos ou 
descritivos. 
 
Elementos objetivos descritivos – têm a finalidade de 
traduzir o tipo penal, ou seja, evidenciar o que pode ser 
facilmente constatado pelo intérprete. 
 
Elementos objetivos normativos – são criados e 
traduzidos por uma norma ou que, para sua devida 
compreensão, carecem de valoração por parte do 
intérprete. Ex.: conceitos como mulher 
honesta, sem justa causa, decoro. 
 
Os ELEMENTOS SUBJETIVOS dizem respeito à vontade do 
agente. Quer dizer elemento anímico (ânimo). O dolo é, 
por excelência, o elemento subjetivo do tipo. Existe 
também a culpa e outros elementos explícitos no corpo 
do tipo penal. Ex.: artigo 159, do CP: 
 
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para 
si ou para outrem, qualquer vantagem, como 
condição ou preço do resgate: 
 
Obs.5: ELEMENTOS ESPECÍFICOS DOS TIPOS PENAIS 
São elementos encontrados em todos os tipos penais: 
 
- núcleo; 
- sujeito ativo; 
- sujeito passivo; 
- objeto material. 
 
a) NÚCLEO DO TIPO – é o verbo que descreve a conduta 
proibida pela lei penal. O núcleo será sempre verbo de 
ação, visto não poder uma pessoa ser incriminada por um 
estado ou por uma situação qualquer em que não 
concorra de forma ativa (positiva ou negativa / ação ou 
omissão). 
 
Tipos penais com um só verbo – tipos uni-nucleares; 
Tipos penais com mais de um verbo – tipos plurinucleares, 
ou crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado. 
 
b) SUJEITO ATIVO – é aquele que pode praticar a conduta 
delituosa descrita no tipo. Se qualquer um pode ser o 
sujeito ativo do crime, ou seja, se a conduta pode ser 
praticada por qualquer pessoa, o crime é tido como 
CRIME COMUM. Mas se somente um grupo de pessoas 
pode praticar o crime, dadas determinadas condições 
pessoais, o crime é tido como CRIME PRÓPRIO. 
 
Somente o homem, aqui entendido como pessoa 
humana, pode praticar delitos. Societas delinquere non 
potest. Mas e quanto à possibilidade de responsabilização 
da Pessoa Jurídica por crimes ambientais? 
 
O autor é contrário à ideia da responsabilização penal da 
pessoa jurídica, tendo em vista: 
- a impossibilidade de ser adaptar à teoria do crime, 
notadamente à análise dos elementos subjetivos da 
conduta típica; 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
www.alvopreparatorio.com - 3924-4450 
3 
- a desnecessidade de intervenção do Direito Penal, pois 
os outros ramos do Direito são ágeis e fortes o suficiente 
para inibir atividades nocivas por ela (pessoa jurídica) 
levadas a efeito. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA. 
 
c) SUJEITO PASSIVO – pode ser formal ou material. 
SUJEITO PASSIVO FORMAL – é sempre o Estado, que sofre 
danos toda vez que suas leis são desobedecidas. 
 
SUJEITO PASSIVO MATERIAL – é o titular do bem jurídico 
tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa. Em 
alguns casos, pode ser o Estado. Ex.: crimes contra a 
Administração Pública. 
 
A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de delitos, com 
algumas ressalvas, como o caso do crime de injúria, tendo 
em vista que a pessoa jurídica não possui o que a doutrina 
costuma chamar “honra subjetiva”. 
 
d) OBJETO MATERIAL – é a pessoa ou a coisa contra a qual 
recai a conduta delituosa do agente. 
Não é o mesmo que bem jurídico tutelado, que é de 
natureza subjetiva (vida, propriedade). O objeto material 
possui natureza objetiva (corpo humano, veículo 
automotor). 
 
Nem todos os tipos penais possuem objeto material, pois 
sua existência depende de uma alteração da realidade 
fática para a consumação do delito. Ex.: crimes formais ou 
de mera conduta. 
 
2.2 – Não-incriminadoras: são as que não criam crimes 
nem cominam penas. Subdividem-se em: 
 
2.2.1 – Permissivas justificantes: autorizam a prática de 
condutas típicas, ou seja, são as causas de exclusão da 
ilicitude. 
 
2.2.2 – Permissivas exculpantes: estabelecem a não-
culpabilidade do agente (excludentes de culpabilidade) ou 
ainda a impunidade de determinados delitos (escusas 
absolutórias ou extinção da punibilidade). 
 
2.2.3 – Interpretativas: esclarecem o conteúdo e o 
significado de outras leis penais. Exemplos: arts. 150, § 4º 
(conceito de casa), e 327 (conceito de funcionário público 
para fins penais) do Código Penal. 
 
Art. 150, § 4º, do CP - A expressão "casa" 
compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde 
alguém exerce profissão ou atividade. 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra 
habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a 
restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
Funcionário público 
Art. 327 do CP - Considera-se funcionário público, 
para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce 
cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem 
exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa 
prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. 
 
 
2.2.4 – De aplicação, finais ou complementares: delimitam 
o campo de validade das leis incriminadoras. Exemplos: 
arts. 2º e 5º do Código Penal. 
 
Lei penal no tempo 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentença condenatória 
transitada em julgado. 
 
Territorialidade 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direitointernacional, 
ao crime cometido no território nacional. 
 
2.2.5 – Diretivas: são as que estabelecem os princípios de 
determinada matéria. Exemplo: princípio da reserva legal 
(Art. 1º do CP). 
 
Anterioridade da Lei 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
2.2.6 – Integrativas ou de extensão: são as que 
complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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4 
nos crimes omissivos impróprios (art. 13, § 2º, CP), à 
tentativa (art. 14, II, CP) e à participação (art. 29, caput). 
 
Relevância da omissão 
Art. 13, § 2º, do CP - A omissão é penalmente 
relevante quando o omitente devia e podia agir para 
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção 
ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de 
impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco 
da ocorrência do resultado. 
 
Art. 14 do CP - Diz-se o crime: 
 Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se 
consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
 Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, 
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao 
crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
 
Art. 29 do CP - Quem, de qualquer modo, concorre 
para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a 
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de 
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; 
essa pena será aumentada até metade, na hipótese 
de ter sido previsível o resultado mais grave. 
 
 
2.3 – Completas ou perfeitas: apresentam todos os 
elementos da conduta criminosa. 
2.4 – Incompletas ou imperfeitas: reservam a 
complementação da definição da conduta criminosa a 
uma outra lei, a um ato da Administração Pública (leis 
penais em branco) ou ao julgador (tipos penais abertos). 
 
Obs.: as leis penais em branco podem ser HOMOGÊNEAS 
ou HETEROGÊNEAS. 
 
Homogêneas: também conhecidas como leis 
penais em branco em sentido amplo ou 
homólogas – quando o seu complemento é 
oriundo da mesma fonte legislativa que editou a 
norma que necessita desse complemento. As 
homogêneas podem ser: homoviletina – quando a 
norma penal é complementada por outra norma 
penal. Ex.: art. 338 do CP, que é complementado 
pelo art. 5º, § 1º, do CP; heterovitelina – quando a 
norma penal é complementada por outra, de 
outro ramo do direito. Ex.: art. 237 do CP, que 
possui o complemento no Código Civil (pois fala 
quais são os impedimento para o casamento). 
 
Código Penal – Reingresso de estrangeiro expulso 
 Art. 338 - Reingressar no território nacional o 
estrangeiro que dele foi expulso: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem 
prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da 
pena. 
Código Penal – Art. 5º § 1º - Para os efeitos 
penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar. 
 
Código Penal – Conhecimento prévio de 
impedimento 
 Art. 237 do CP - Contrair casamento, 
conhecendo a existência de impedimento que lhe 
cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de 
três meses a um ano. 
Código Civil – Dos Impedimentos 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o 
parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado 
e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais 
colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por 
homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu 
consorte. 
 
Heterogêneas: também conhecidas como leis 
penais em branco em sentido estrito ou 
heterólogas – quando o seu complemento é 
oriundo de fonte diversa daquela que a editou. 
Ex.: art. 28 da Lei de Drogas – Lei 11.343/2006, 
que possui seu complemento na portaria 344 da 
Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da 
Saúde. 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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5 
Art. 28 da Lei de Drogas. Quem adquirir, guardar, 
tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, 
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou 
em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a 
programa ou curso educativo. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL – AULA 05 
 
1 – Conceito: interpretação é a tarefa mental que procura 
estabelecer a vontade da lei, ou seja, o seu conteúdo e 
significado. Obrigatoriedade da interpretação. 
 
2 – Classificação: pode a interpretação ser classificada: 
 
2.1 – Quanto ao sujeito: autêntica, judicial ou doutrinária. 
 
2.1.1 – Autêntica ou legislativa: é aquela de que se 
incumbe o próprio legislador, quando edita uma lei com o 
propósito de esclarecer o alcance e o significado de outra. 
Ex.: Causa, funcionário público. Tem eficácia retroativa (ex 
tunc). Pode ser contextual (no próprio corpo da lei a ser 
interpretada) ou posterior (surge ulteriormente). 
 
2.1.2 – Judicial ou jurisprudencial: é a interpretação 
executada pelos membros do Poder Judiciário, na decisão 
dos litígios que lhes são submetidos. Tem força 
obrigatória em dois casos: no caso concreto e quando 
constituir súmula vinculante (CF, art. 103-A, e Lei 
11.417/2006). 
 
 Art. 103-A da Constituição Federal – CF. O Supremo 
Tribunal Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços dos 
seus membros, após reiteradas decisões sobre 
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir 
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito 
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e 
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, 
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, 
na forma estabelecida em lei. 
 § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a 
interpretação e a eficácia de normas determinadas, 
acerca das quais haja controvérsia atual entre 
órgãos judiciários ou entre esses e a administração 
pública que acarrete grave insegurança jurídica e 
relevante multiplicação de processos sobre questão 
idêntica. 
 § 2º Sem prejuízo do que vier a ser 
estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou 
cancelamento de súmula poderá ser provocada por 
aqueles que podem propor a ação direta de 
inconstitucionalidade. 
 § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial 
que contrariar a súmula aplicável ou que 
indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao 
Supremo Tribunal Federal que, julgando-a 
procedente, anulará o ato administrativo ou cassará 
a decisão judicial reclamada, e determinará que 
outra seja proferida com ou sem a aplicação da 
súmula, conforme o caso." 
 
2.1.3 – Doutrinária ou científica: é a interpretação 
exercidapelos doutrinadores, escritores e articulistas, 
enfim, comentadores do texto legal. 
 
2.3 – Quanto ao resultado: declaratória, extensiva e 
restritiva. 
 
2.3.1 – Declaratória, declarativa ou estrita: e aquela que 
resulta da perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua 
vontade. Nada resta a ser retirado ou acrescentado. 
 
 
2.3.2 – Extensiva: é a que se destina a corrigir uma 
fórmula legal excessivamente estreita. A lei disse menos 
do que desejava. Ex.: art. 159 – cárcere privado. 
 
Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 do CP - Sequestrar pessoa com o fim de 
obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, 
como condição ou preço do resgate: Pena - 
reclusão, de oito a quinze anos. 
 
Sequestro e cárcere privado 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante 
sequestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
 
2.3.3 – Restritiva: é a que consiste na diminuição do 
alcance da lei, concluindo-se que a vontade, manifestada 
de forma ampla, não permite seja atribuído à sua letra 
todo o sentido que em tese poderia ter. A lei disse mais 
do desejava. 
 
2.5 – Interpretação analógica. 
 
Interpretação analógica ou intra legem – É meio de 
interpretação. Na interpretação analógica, aplica-se a lei 
penal a casos análogos por expressa determinação legal. É 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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6 
a que se verifica quando a lei contém em seu bojo uma 
fórmula casuística (um exemplo) seguida de uma fórmula 
genérica. Ex.: motivo torpe. 
 
Obs.: admite-se a interpretação analógica in malam 
partem. 
 
Obs.: ANALOGIA não é meio de interpretação. 
1 – Conceito: Não se trata de interpretação da lei penal. 
Cuida-se, dessa forma, de integração ou colmatagem do 
ordenamento jurídico. A lei pode ter lacuna, mas não o 
ordenamento jurídico. 
 
Obs.2: No Direito Penal, somente pode ser utilizada em 
relação às leis não incriminadoras, em respeito ao 
princípio da reserva legal. 
 
1.1 – Espécies: a analogia apresenta as seguintes espécies: 
 
1.1.1 – Analogia in malam partem: é aquela pela qual 
aplica-se ao caso omisso um lei maléfica ao réu, 
disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida em 
homenagem ao princípio da reserva legal. 
 
1.1.2 – Analogia in bonam partem: é aquela pela qual se 
aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, reguladora 
de caso semelhante. É possível no Direito Penal, exceto no 
que diz respeito às leis excepcionais, que não admitem 
analogia, justamente por seu caráter extraordinário. Ex.: 
Art. 218, CP – instigar. 
 
 Corrupção de menores 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) 
anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Obs.: por analogia abrange também a expressão 
instigar, pois, caso o contrário, o agente 
responderia por estupro de vulnerável em 
concurso com a pessoa que teria sua lascívia 
satisfeita. 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL – AULA 05 
 
1 – Princípios Constitucionais do Direito Penal. 
 
1.1 – conceito: Normas de funcionam como alicerce do 
ordenamento jurídico, servindo de base para a 
interpretação, integração, conhecimento e aplicação 
das leis penais. 
 
1.2 – Princípios Constitucionais Explícitos: 
 
1.2.1 – Legalidade: 
 
Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
Art. 5º, XXXIX, CF - não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
 
Obs.: o princípio da legalidade abrange também as 
contravenções penais e não apenas o crime. 
Obs.2: o princípio da legalidade abrange ainda as medidas 
de segurança e não somente a pena. 
 
1.2.2 – Reserva legal: somente lei ordinária e lei 
complementar podem criar crime e cominar pena. 
 
Obs.: A legalidade deve ser formal e material. 
 
a) Legalidade formal: diz respeito à obediência aos 
trâmites procedimentais, previstos pela Constituição, para 
que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de 
nosso ordenamento jurídico. 
b) Legalidade material: devem ser obedecidas não 
somente as formas e procedimentos impostos pela 
Constituição, mas, também, e, principalmente, o seu 
conteúdo, respeitando-se suas proibições e imposições 
para a garantia de nossos direitos fundamentais por ela 
previstos. Aqui, adota-se não a mera legalidade, mas, sim, 
como preleciona Ferrajoli, um princípio de estrita 
legalidade. 
Obs.: União – competência privativa da União (Lei Geral) 
 
Obs.: Pelo princípio da reserva legal, exigência de 
determinação, no que se refere não só à descrição 
das condutas delitivas, mas também à fixação dos 
marcos penais (penas cominadas entre o mínimo e 
o máximo), é garantia de caráter absoluto, que 
justifica a escolha do Legislativo como único 
detentor do poder normativo em sede penal no 
assunto, por legitimação democrática, fazendo que 
o seu exercício não seja arbitrário. 
 
1.2.2.1 – tratados? Somente possuem mandados de 
criminalização assim como as Emendas Constitucionais. 
 
1.2.2.2 – Medida Provisória pode regular matérias 
penais? – não, por expressa previsão constitucional 
trazida pela EC nº 32 no art. 62, § 1º, I, “b”, da CF/88. 
 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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7 
Art. 62 da CF. Em caso de relevância e urgência, o 
Presidente da República poderá adotar medidas 
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las 
de imediato ao Congresso Nacional. 
 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias 
sobre matéria: 
 I – relativa a: 
 a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, 
partidos políticos e direito eleitoral; 
 b) direito penal, processual penal e processual 
civil; 
 
1.2.3 Anterioridade: significa que uma lei penal 
incriminadora somente pode ser aplicada a um fato 
concreto, caso tenha tido origem antes da prática da 
conduta para a qual se destina (art. 5º, XXXIX, CF e art. 1º 
do CP). A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada 
em vigor. Não pode retroagir, salvo se beneficiar o réu. É 
proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fatos 
praticados durante o hiato de sua vacatio legis. Embora 
publicada e vigente, a lei ainda não estará em vigor e não 
alcançará as condutas praticadas em tal período. 
 
Art. 5º, XXXIX, CF - não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
 
Art. 1º, CP - Não há crime sem lei anterior que o 
defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
1.2.4 – Taxatividade: significa que as condutas típicas, 
merecedoras de punição, devem ser suficientemente 
claras e bem elaboradas, de modo a não deixar dúvida por 
parte do destinatário da norma. 
 
1.2.5 – Retroatividade da lei penal benéfica ou 
irretroatividade da lei penal: é natural que, havendo 
anterioridade obrigatória para a lei penal incriminadora, 
não se pode permitir a retroatividade de leis, 
especificamente as prejudiciais ao acusado. Abre-se 
exceção à vedação à irretroatividade quando se trata de 
lei penal benéfica. Esta pode voltar no tempo para 
favorecer o agente, ainda que o fato tenha sido decidido 
por sentença condenatória com trânsito em julgado (art. 
5º, XL, CF; art. 2º, parágrafo único do CP). 
 
Art. 5º, XL, CF - a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu; 
 
Lei penal no tempo 
Art. 2º, parágrafo único, CP - A lei posterior, que de 
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos 
fatos anteriores, ainda quedecididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
 
1.2.6 – Personalidade ou da responsabilidade pessoal 
ou da intranscendência: significa que a punição, em 
matéria penal, não deve ultrapassar a pessoa do 
delinquente (art. 5º, XLV, CF), ou seja, ninguém pode ser 
responsabilizado por fato cometido por terceira pessoa. 
Como reconhecido pelo STF: “o postulado da 
intranscendência impede que sanções e restrições de 
ordem jurídica superem a dimensão estritamente pessoal 
do infrator”. 
 
Art. 5º, XLV, CF - nenhuma pena passará da pessoa 
do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, 
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido; 
 
1.2.7 – Individualização da pena: significa que a pena 
não deve ser padronizada, cabendo a cada delinquente a 
exata medida punitiva pelo que fez. Não teria sentido 
igualar os desiguais, sabendo-se, por certo, que a prática 
de idêntica figura típica não é suficiente para nivelar dois 
seres humanos. Assim, o justo é fixar a pena de maneira 
individualizada, seguindo-se os parâmetros legais, mas 
estabelecendo a cada um o que lhe é devido (art. 5º, XLVI, 
CF). Esse princípio repousa no princípio de justiça, 
segundo o qual se deve distribuir a cada indivíduo o que 
lhe cabe, de acordo com as circunstâncias específicas do 
seu comportamento – o que em matéria penal significa a 
aplicação da pena levando em conta não a norma penal 
em abstrato, mas, especialmente, os aspectos subjetivos 
e objetivos do crime. O Ministro do STJ Vicente 
Cernicchiaro, em julgado seu, afirma que “a Constituição 
da República consagra o Princípio da Individualização da 
Pena. Compreende três fases: cominação, aplicação e 
execução. Individualizar é ajustar a pena cominada, 
considerando os dados objetivos e subjetivos da infração 
penal, no momento da aplicação e da execução”1. 
 
Art. 5º, XLVI, CF - a lei regulará a individualização da 
pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
 a) privação ou restrição da liberdade; 
 
1 STJ – 6ª Turma – Rel. Min. Vicente Cernicchiaro, DJU de 7/6/1993, p. 
11.276. 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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 b) perda de bens; 
 c) multa; 
 d) prestação social alternativa; 
 e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
1.2.8 – Proibição de determinadas penas 
 
Art. 5º, XLVII – não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, 
nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
1.3 – Princípios Constitucionais Implícitos: 
 
1.3.1 – Intervenção mínima (subsidiariedade): significa 
que o direito penal não deve interferir em demasia na 
vida do indivíduo, retirando-lhe autonomia e liberdade. 
Afinal, a lei penal não deve ser vista como a primeira 
opção (prima ratio) do legislador para compor conflitos 
existentes em sociedade, os quais, pelo atual estágio de 
desenvolvimento moral e ético da humanidade, sempre 
estarão presentes. Há outros ramos do Direito preparados 
a solucionar as desavenças e lides surgidas na 
comunidade, compondo-as sem maiores traumas. O 
direito penal é considerado a ultima ratio, isto é, a última 
cartada do sistema legislativo, quando se entende que 
outra solução não pode haver senão a criação de lei penal 
incriminadora, impondo sanção penal ao infrator. O 
Direito Penal só deve preocupar-se com a proteção dos 
bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em 
sociedade. 
 
Ressaltando o caráter subsidiário do Direito Penal, Claus 
Roxin assevera: “a proteção de bens jurídico não se 
realiza só mediante o Direito Penal, senão que nessa 
missão cooperam todo o instrumental do ordenamento 
jurídico. O Direito Penal é, inclusive, a última dentre todas 
as medidas protetoras que devem ser consideradas, quer 
dizer que somente se pode intervir quando falhem outros 
meios de solução social do problema – como a ação civil, 
os regulamentos de polícia, as sanções não penais, etc. 
Por isso se denomina a pena como a ‘ultima ratio da 
política social’ e se define sua missão como proteção 
subsidiária de bens jurídicos.”2 
 
 
2 ROXIN, Claus. Derecho penal. t. l, p. 65. 
1.3.1.1 – Da intervenção mínima decorrem outros 
princípios: 
 
1.3.1.2 – Princípio da lesividade ou ofensividade: os 
princípios da intervenção mínima e da lesividade são 
como que duas faces de uma mesma moeda. Se, de um 
lado, a intervenção mínima somente permite a 
interferência do Direito Penal quando estivermos diante 
de ataques a bens jurídicos importantes, o princípio da 
lesividade nos esclarecerá, limitando ainda mais o poder 
do legislador, quais são as condutas que poderão ser 
incriminadas pela lei penal. Esse princípio impossibilita a 
atuação do Direito Penal caso um bem jurídico relevante 
de terceira pessoa não esteja sendo efetivamente 
atacado. 
 
1.3.1.2.1 – Funções do princípio da lesividade: 
1.3.1.2.1.1 – Proibir a incriminação de uma atitude 
interna – ninguém pode ser punido por aquilo que pensa 
o mesmo por seus sentimentos pessoais. 
 
1.3.1.2.1.2 – Proibir a incriminação de uma conduta que 
não exceda o âmbito do próprio autor – o Direito Penal 
também não poderá punir aquelas condutas que não 
sejam lesivas a bens de terceiros, pois que não excedem 
ao âmbito do próprio autor, a exemplo do que ocorre com 
a autolesão ou mesmo com tentativa de suicídio. 
 
1.3.1.2.1.3 – Proibir a incriminação de simples estados 
ou condições existenciais – impedir que o agente seja 
punido por aquilo que ele é, e não pelo que fez. Busca-se, 
assim, impedir que seja erigido um autêntico direito penal 
do autor. 
 
1.3.1.2.1.4 – Proibir a incriminação de condutas 
desviadas que não afetem qualquer bem jurídico – não se 
pode punir alguém pelo simples fato de não gostar de 
tomar banho regularmente, por tatuar o próprio corpo ou 
por se entregar, desde que maior e capaz, práticas sexuais 
anormais. 
 
1.3.1.3 – Princípio da adequação social: a teoria da 
adequação social, concebida por Hans Welzel, significa 
que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal 
não será considerada típica se for socialmente adequada 
ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem 
social da vida historicamente condicionada. O princípio da 
adequação social, na verdade, possui dupla função. Uma 
delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo as 
condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas 
pela sociedade. A sua segunda função é dirigida ao 
legislador em duas vertentes. A primeira delas orienta o 
legislador quando da seleção das condutas que deseja 
proibir ou impor, com a finalidade de proteger os bens 
considerados mais importantes. A segunda vertente 
destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos 
penais e retire do ordenamento jurídico a proteção sobre 
aqueles bens cujas condutas já se adaptaram 
perfeitamente à evolução da sociedade. 
 
1.3.1.4 – Fragmentariedade: como corolário dos 
princípios da intervenção mínima, da lesividade e da 
adequação social temos o princípio da fragmentariedade 
do Direito Penal, que significa que nem todas as lesões a 
bens jurídicos protegidos devemser tutelados e punidos 
pelo direito penal que, por sua vez, constitui somente 
parcela do ordenamento jurídico. Fragmento é apenas a 
parte de um todo, razão pela qual o direito penal deve ser 
visto, no campo dos atos ilícitos, como fragmentário, ou 
seja, deve ocupar-se das condutas mais graves, 
verdadeiramente lesivas à vida em sociedade, passíveis de 
causar distúrbios de monta à segurança pública e à 
liberdade individual. 
 
1.3.1.5 – Insignificância ou criminalidade de bagatela: 
significa que o Direito Penal não deve se ocupar de 
assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico. 
Obs.1: Funciona como causa de exclusão da tipicidade, 
desempenhando uma interpretação restritiva do tipo 
penal. E, para o STF, são requisitos objetivos 
autorizadores desse princípio os seguintes: 
 
a) Mínima ofensividade da conduta; 
b) A ausência de periculosidade social da ação; 
c) O reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento; e 
d) A inexpressividade da lesão jurídica. 
Obs.2: Exige-se também requisitos subjetivos. Na esteira 
da orientação do STJ: “há que se conjugar: 
a) A importância do objeto material para a vítima, 
levando-se em consideração a sua condição econômica; 
b) O valor sentimental do bem; 
c) Como também as circunstâncias e o resultado do 
crime. 
Tudo de modo a determinar, subjetivamente, se houve 
relevante lesão”. 
 
1.3.2 – Culpabilidade: possui três sentidos 
fundamentais: 
 
1.3.2.1 – Culpabilidade como elemento integrante do 
conceito analítico de crime – imputabilidade, potencial 
consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa; 
1.3.2.2 – Culpabilidade como princípio medidor da pena 
– art. 59, CP – como circunstância judicial; 
1.3.2.3 – Culpabilidade como princípio impedidor da 
responsabilidade penal objetiva, ou seja, o da 
responsabilidade penal sem culpa ou princípio da 
responsabilidade penal subjetiva: impõe a subjetividade 
da responsabilidade penal. Não cabe, em direito penal, 
uma responsabilidade objetiva, derivada tão-só de uma 
associação causal entre a conduta e um resultado de 
lesão ou perigo para um bem jurídico. É necessário assim 
a presença de dolo ou de culpa na conduta do agente. 
 
Obs.1: De acordo com o STJ, “o Direito Penal 
moderno é Direito Penal da culpa. Não se prescinde 
do elemento subjetivo. Intolerável a responsabilidade 
pelo fato de outrem. À sanção, medida político-
jurídica de resposta ao delinquente, deve ajustar-se a 
conduta delituosa. Conduta é fenômeno ocorrente no 
plano de experiência. É fato. Fato não se presume. 
Existe, ou não existe”. 
 
Obs.2: É de todo inadmissível no direito penal 
moderno a responsabilidade objetiva. O princípio da 
CULPABILIDADE veda a responsabilização com 
fundamento apenas no nexo material, ou seja, em 
razão da conduta e do resultado. 
 
Obs.3: Ao vedar toda forma de responsabilidade 
pessoal por fato de outrem, a Constituição expressou 
o princípio segundo o qual a aplicação da pena 
pressupõe a atribuibilidade psicológica de um fato 
delitivo à vontade contrária ao dever do indivíduo. 
 
Obs.4: A culpabilidade deve ser analisada sob três 
perspectivas, quais sejam, da responsabilidade 
pessoal, da responsabilidade subjetiva e da função de 
limitação e garantia do cidadão ao poder punitivo 
estatal. 
 
Obs.5: Resquícios da responsabilidade penal objetiva: 
 
a) Rixa qualificada – art. 137, parágrafo único do CP; 
 
 
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Rixa 
Art. 137 do CP - Participar de rixa, salvo para 
separar os contendores: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou 
multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal 
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da 
participação na rixa, a pena de detenção, de seis 
meses a dois anos. 
 
b) Punição das infrações penais praticadas em estado de 
embriaguez voluntária culposa, decorrente da ação da 
teoria da actio libera in causa – art. 28, II do CP. 
 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool 
ou substância de efeitos análogos. 
 
1.3.3 – Proporcionalidade: significa que as penas devem 
ser harmônicas com a gravidade da infração penal 
cometida, não tendo cabimento o exagero, nem 
tampouco a extrema liberalidade na cominação das penas 
nos tipos penais incriminadores. 
1.3.4 – Vedação da dupla punição pelo mesmo fato ou 
ne bis in idem: quer dizer que ninguém deve ser 
processado e punido duas vezes pela prática da mesma 
infração penal. (Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos – art. 8º, n. 4: O acusado absolvido por 
sentença transitada em julgado não poderá ser submetido 
a novo processo pelos mesmos fatos). 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 
 
1 – Princípio da continuidade das leis: somente lei pode 
revogar lei (exceções: leis temporárias e leis excepcionais, 
que se auto revogam). Os costumes, destarte, não 
revogam leis. 
1.1 – Revogação: é a retirada da vigência de uma lei. 
 
1.1.2 – Quanto ao alcance, a revogação pode ser: 
 
1.1.2.1 – absoluta ou total, conhecida como ab-rogação; 
ou 
 
1.1.2.2 – parcial, denominada derrogação. 
 
1.1.3 – Quanto ao modo pelo qual se verifica, a revogação 
pode ser: 
 
1.1.3.1 – expressa: ocorre quando uma lei indica em seu 
corpo os dispositivos legais revogados. Ex.: o art. 75 da Lei 
11.343/2006 revogou expressamente as Leis 6.368/1976 e 
11.409/2002. 
 
Art. 75 da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas). Revogam-
se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, e a Lei 
no 10.409, de 11 de janeiro de 2002. 
 
1.1.3.2 – Tácita: ocorre no caso em que a lei nova se 
revela incompatível com a anterior, apesar de não haver 
menção expressa à revogação. 
 
2 – Direito Penal intertemporal e o conflito de leis penais 
no tempo 
 
2.1 – Como a lei pode ser revogada, instauram-se 
situações de conflito. As regras e princípios que buscam 
solucionar o conflito de leis penais no tempo constituem 
o direito penal intertemporal. 
 
2.1.1 – A regra geral é a da prevalência da lei que se 
encontrava em vigor quando da prática do fato, vale dizer, 
aplica-se a lei vigente quando da prática da conduta 
(tempus regit actum). 
 
2.1.2 – As exceções se verificam, por outro lado, na 
hipótese de sucessão de leis penais que disciplinem, total 
ou parcialmente, a mesma matéria. E, se o fato tiver sido 
praticado durante a vigência da lei anterior, cinco 
situações podem ocorrer: 
 
Obs.: A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentença condenatória 
transitada em julgado – art. 2º, parágrafo único, CP. 
 
Obs.2: Princípio da extra-ativididade da lei penal – é 
a capacidade que tem a lei penal de se movimentar 
no tempo regulando fatos ocorridos durante a sua 
vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de 
retroagir no tempo, a fim de regular situações 
ocorridas anteriormente à sua vigência, desde que 
benéfica ao agente. Extra-atividade, portanto, é 
gênero cujas espécies são a ultra atividade e a 
retroatividade. 
 
2.1.2.1 – Novatio legis incriminadora: a lei cria uma nova 
figura penal. Somente tem eficácia para o futuro. Não 
retroagirá, em hipótese alguma, conforme determina o 
art. 5º, XL, da CF; 
 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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Art. 5º, XL, da CF - a lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu; 
 
2.1.2.2 – Novatiolegis in pejus ou lex gravior: a lei 
posterior se mostra mais rígida em comparação com a lei 
anterior. Se mais grave, a lei terá aplicação apenas a fatos 
posteriores à sua entrada em vigor. Jamais retroagirá, 
conforme expressa determinação constitucional (art. 5º, 
XL, CF). Pode ocorrer, assim, ultratividade da lei mais 
benéfica, dada a irretroatividade da lei penal mais grave; 
 
Art. 5º, XL, da CF - a lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu; 
 
2.1.2.3 – Novatio legis in mellius ou lex mitior: a lei 
posterior é benigna em relação a sanção penal ou à forma 
de seu cumprimento. Ex.: art. 28 da Lei de Drogas, que 
deve, de acordo com o STJ, retroagir para alcançar os 
fatos cometidos sob a égide da Lei 6.368/1976, por ser 
aquela mais branda com o “usuário”; 
 
Art. 28 da Lei 11.343/2006. Quem adquirir, 
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem 
autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar será submetido às seguintes 
penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a 
programa ou curso educativo. 
 
2.1.2.4 – Abolitio criminis: a lei posterior extingue o crime. 
Encontra previsão legal no art. 2º, caput, do CP (Ninguém 
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e 
os efeitos penais da sentença condenatória) e tem 
natureza de causa de extinção da punibilidade (art. 107, 
III, CP). 
 
Art. 2º do CP - Ninguém pode ser punido por fato 
que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória. 
 
Extinção da punibilidade 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais 
considera o fato como criminoso (abolitio criminis); 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo 
perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a 
lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
 
2.1.2.5 – Lex Tertia - Lei posterior contém alguns preceitos 
mais rígidos e outros mais brandos. Pode ocorrer o 
conflito entre duas leis penais sucessivas no tempo, cada 
qual com partes favoráveis e desfavoráveis ao réu. Ex.: A 
Lei “X” comina a certo crime as penas de reclusão, de um 
a quatro anos, e multa. Posteriormente, tal lei é revogada 
por outra, “Y”, a qual prevê ao mesmo delito a pena de 
reclusão de dois a seis anos, sem multa. O cerne da 
questão reside em definir se cabe ou não ao Poder 
Judiciário a formação de uma lex tertia, ou seja, de uma 
lei híbrida. 
 
2.1.3 – Lei penal intermediária 
 
2.1.3.1 – É possível, em caso de sucessão de leis penais, a 
aplicação de uma lei intermediária mais favorável ao réu, 
ainda que não seja a lei em vigor quando da prática da 
infração penal ou a lei vigente à época do julgamento. Ex.: 
ao tempo da conduta estava em vigor a lei “A”, sucedida 
pela lei “B”, encontrando-se em vigor ao tempo da 
sentença a lei “C”. Nada impede a aplicação da lei “B”, 
desde que se trate, entre todas, da mais favorável ao 
agente. 
 
LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL 
 
2.1.4 – Lei penal temporária e lei penal excepcional. Essas 
leis são auto revogáveis. São também ULTRATIVAS, 
conforme se extrai do art. 3º do CP. 
 
2.1.4.1 – Lei penal temporária: é aquela que tem a sua 
vigência predeterminada no tempo, isto é, o seu final é 
explicitamente previsto em data certa do calendário. A lei 
diz, por exemplo, que sua validade se limita ao dia 31 de 
dezembro do ano em que foi editada. 
 
2.1.4.2 – Lei penal excepcional: por outro lado, é a que se 
verifica quando a sua duração está relacionada à situação 
de anormalidade. Ex.: é editada uma lei que diz ser crime, 
punido com reclusão de seis meses a dois anos, tomar 
banho com mais de dez minutos de duração durante o 
período de racionamento de energia. 
 
 
 
TEMPO DO CRIME 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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1 – Três teorias buscam explicar o momento em que o 
crime é cometido: 
1.1 – Teoria da atividade: considera-se praticado o crime 
no momento da conduta (ação ou omissão), pouco 
importando o momento do resultado; 
1.2 – Teoria do resultado ou do evento: reputa praticado 
o crime no momento em que ocorre a consumação. É 
irrelevante a ocasião da conduta; 
1.3 – Teoria mista ou da ubiquidade: busca conciliar as 
anteriores. Para ela, momento do crime tanto é o da 
conduta como também o do resultado. 
 
Obs.1: O CP escolheu a teoria da atividade em seu art. 4º: 
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
Obs.2: Súmula 711 do STF: a lei penal mais grave aplica-se 
ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
LUGAR DO CRIME 
 
1 – A aplicação do princípio da territorialidade da lei penal 
no espaço depende da identificação do lugar do crime. 
Nesse diapasão, várias teorias buscam estabelecer o lugar 
do crime. Destacam-se três: 
 
1.1 – Teoria da atividade ou da ação: lugar do crime é 
aquele em que foi praticada a conduta (ação ou omissão); 
 
1.2 – Teoria do resultado ou do evento: lugar do crime é 
aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado, pouco importando o local da prática da 
conduta; e 
 
1.3 – Teoria mista ou da ubiquidade: lugar do crime é 
tanto aquele em que foi praticada a conduta quanto 
aquele em que se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
 
Obs.1: Foi adotada pelo CP, em seu artigo 6º, a teoria da 
ubiquidade: 
 
Art. 6º do CP – Considera-se praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo 
ou em parte, bem como onde se produziu ou 
deveria produzir-se o resultado. 
 
Obs.2: dica para não se confundir no dia da prova: LUTA – 
Lugar do crime Ubiquidade e Tempo do crime Atividade. 
 
Obs.3: O lugar do crime tem relevância em relação aos 
crimes à distância, isto é, aqueles em que a conduta é 
praticada em um país e o resultado vem a ser produzido 
em outro. Exige-se a pluralidade de países. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
1 – O Código Penal brasileiro limita o campo de validade 
da lei penal com observância de dois vetores 
fundamentais: a territorialidade (art. 5º) e a 
extraterritorialidade (art. 7º). Com base neles se 
estabelecem princípios que buscam solucionar os 
conflitos de leis penais no espaço. 
 
1.1 – A territorialidade é a regra: 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território 
nacional. Em termos jurídicos, território e o espaço 
em que o Estado exerce sua soberania política. 
 
1.1.1 – De acordo com a art. 5º do CP, o território 
brasileiro compreende: 
 
1.1.1.1 – O espaço territorial, bem como o respectivo 
subsolo; 
 
1.1.1.2 O mar territorial, que corre ao longo da costa 
como parte integrante do território brasileiro e que tem 
uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a 
partir da baixa-mar do litoral continental e insular 
brasileira, na forma definida para Lei 8.617/1993. 
Respeita-se, entretanto a passagem inocente; 
 
1.1.1.3 – A plataformacontinental, medindo 200 milhas 
marítimas a partir do litoral brasileiro, como zona 
econômica exclusiva; 
 
1.1.1.4 – O espaço aéreo, compreendido a dimensão 
estatal da altitude; 
 
1.1.1.5 – Os navios e aeronaves, de natureza particular, 
em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-
mar; 
 
1.1.1.6 – Os navios e aeronaves, de natureza pública, 
onde quer que se encontrem; 
 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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Obs.: Compreende, dessa forma, território brasileiro por 
extensão, de acordo com o art. 5º, § 1º do CP, os itens 
1.1.1.5 e 1.1.1.6. 
 
1.2 – Excepcionalmente, admitem-se outros princípios 
para o caso de extraterritorialidade (aplicação da lei 
brasileira ao crime praticado no estrangeiro), que são: 
 
1.2.1 – Princípio da personalidade ou da nacionalidade: 
esse princípio autoriza a submissão à lei brasileira dos 
crimes praticados no estrangeiro por autor brasileiro 
(ativa) ou contra vítima brasileira (passiva); 
 
1.2.2 – Princípio do domicílio: o autor do crime deve ser 
julgado em consonância com a lei do país em que for 
domiciliado, pouco importando a sua nacionalidade. 
 
1.2.3 – Princípio da defesa, real ou da proteção: permite 
submeter à lei penal brasileira os crimes praticados no 
estrangeiro que ofendam bens jurídicos pertencentes ao 
Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente e o 
local do delito. 
1.2.4 – Princípio da justiça universal: é característico da 
cooperação penal internacional, porque todos os Estados 
da comunidade internacional podem punir os autores de 
determinados crimes que se encontrem em seu território, 
de acordo com as convenções ou tratados internacionais, 
pouco importando a nacionalidade do agente, o local do 
crime ou o bem jurídico atingido. 
 
1.2.5 – Princípio da representação, do pavilhão, da 
bandeira, subsidiário: deve ser aplicada a lei penal 
brasileira aos crimes cometidos em aeronaves em 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí 
não sejam julgados. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE 
 
1 – Conceito: Extraterritorialidade é a aplicação da 
legislação penal brasileira aos crimes cometidos no 
exterior. 
 
1.1 – Justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, 
relativamente à lei penal no espaço, o princípio da 
territorialidade temperada ou mitigada (art. 5º, CP), o que 
autoriza, excepcionalmente, a incidência da lei penal 
brasileira a crimes praticados fora do território nacional. 
 
Obs.: A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou 
condicionada. 
 
1.1.1 – Extraterritorialidade incondicionada – não está 
sujeita a nenhuma condição, pois o §1º do art.7º do CP diz 
que o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro nos casos 
previstos no art. 7º, I, CP, quais sejam: 
 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da 
República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, 
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a 
seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou 
domiciliado no Brasil; 
 
Obs.: O art. 8º permite a detração das penas, impedindo o 
bis in idem. 
 
Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a 
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando 
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, 
embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente 
da República; 
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da 
União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, 
sociedade de economia mista, autarquia ou 
fundação instituída pelo Poder Público; 
 c) contra a administração pública, por quem 
está a seu serviço; 
 d) de genocídio, quando o agente for 
brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
 
1.1.2 – Extraterritorialidade condicionada – relaciona-se 
aos crimes indicados pelo art. 7º, II, CP, quais sejam: 
 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a 
reprimir; 
 
b) praticados por brasileiro; 
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c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam julgados; e 
 
d) art. 7º, § 3º, do CP. A lei brasileira aplica-se também ao 
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil, se, reunidas as condições previstas no § 2º deste 
artigo: 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Extraterritorialidade 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora 
cometidos no estrangeiro: 
II - os crimes: 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se 
obrigou a reprimir; 
 b) praticados por brasileiro; 
 c) praticados em aeronaves ou embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido 
segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei 
brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
 a) entrar o agente no território nacional; 
 b) ser o fato punível também no país em que foi 
praticado; 
 c) estar o crime incluído entre aqueles pelos 
quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
 d) não ter sido o agente absolvido no 
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
 e) não ter sido o agente perdoado no 
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta 
a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime 
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil, se, reunidas as condições previstas no 
parágrafo anterior: 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
TEORIA GERAL DO CRIME 
 
1. Infração Penal – art. 1º da Lei de Introdução ao Código 
Penal (LICP): o Direito Penal brasileiro adotou o sistema 
dicotômico para conceituar infração penal, pois infração 
penal é gênero cujas espécies são: 
1.1 – crimes ou delitos: são aqueles que a lei comina pena 
de reclusão ou de detenção, quer isolada, quer alternativa 
ou cumulativamente com a pena de multa. 
 
1.2 – contravenções penais: são aqueles a que a lei 
comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, 
ou ambas, alternativa ou cumulativamente. 
 
Obs.: O Direito Penal brasileiro adota, quanto à 
classificação das infrações penais, a divisão 
bipartida, em crimes ou delitos e contravenções, 
sendo a diferença apenas quanto à gravidade da 
conduta e à natureza da sanção. Os crimes são 
punidos quantitativamente com pena privativa de 
liberdade, restritiva de direitos e multa. 
Art. 1º da LICP – Considera-se crime a infração 
penal que a lei comina pena de reclusão ou de 
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou 
cumulativamente com a pena de multa; 
contravenção, a infração penal a que a lei comina, 
isoladamente, pena de prisão simples ou demulta, 
ou ambas. alternativa ou cumulativamente. 
Obs.1: ato infracional (o crime ou a contravenção penal 
praticados pela criança ou pelo adolescente) não é 
considerado infração penal. 
Obs.2: não obstante o art. 28 da Lei 11.343/2006 (posse 
de droga para consumo pessoal) cominar penas diversas 
da descrita no art. 1º da Lei de Introdução ao Código 
Penal, O Supremo Tribunal Federal – STF – entende que 
esta infração penal se trata de CRIME. (HABEAS CORPUS 
Nº 116.531 - SP (2008/0213223-4)) 
Art. 28 da Lei 11.343/2006 – Quem adquirir, 
guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem 
autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar será submetido às seguintes 
penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a 
programa ou curso educativo. 
2 – Conceito de crime: o crime pode ser conceituado sob 
três acepções: 
2.1 – formal: crime é toda conduta que atente, que 
colida frontalmente contra a lei penal formalmente 
editada pelo Estado. 
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2.2 – material: crime é toda conduta que lesa ou expõe a 
perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. 
2.3 – analítico: crime é toda conduta típica, antijurídica e 
culpável (conceito tripartido de crime). Para quem adota 
o conceito bipartido, crime é apenas fato típico e 
antijurídico. 
 
3 – elementos do conceito analítico de crime: 
 
3.1 – fato típico – o fato típico possui quatro elementos 
(conduta, resultado, nexo causal e tipicidade): 
 
3.1.1 – conduta 
3.1.1.1 – conceito de conduta (ação ou omissão): 
depende da teoria. 
3.1.1.1.1 – causal-natural: conduta é ação. É um 
movimento humano voluntário produtor de uma 
modificação no mundo exterior – Franz Von Liszt e Ernst 
Von Beling. A principal característica dessa teoria 
(causalista ou naturalista) refere-se ao dolo e à culpa, que 
fazem parte da culpabilidade. 
3.1.1.1.2 – finalista: conduta é o exercício de uma 
atividade voltada a um fim – Hans Welzel. A principal 
característica dessa teoria (finalista) é a retirada do dolo e 
da culpa da culpabilidade e sua colocação dentro da 
conduta, ou seja, do fato típico. 
 
Obs.: Com a reforma da parte geral do Código Penal em 
1984, o sistema penal brasileiro passou a adotar a teoria 
finalista. 
3.1.1.2 – elementos da conduta. A conduta possui dois 
elementos (elemento objetivo e o elemento subjetivo): 
3.1.1.2.1 – elemento objetivo: ação, que constitui 
em um fazer (conduta comissiva – quando o agente faz 
aquilo que a norma proibia) ou omissão, que consiste em 
um não fazer o que estava obrigado (conduta omissiva – 
quando deixa de fazer aquilo que a norma o obrigava) – 
art. 13, caput, in fine, CP; ou omissão imprópria – art. 13, 
§2º, CP. 
 
Art. 13 do CP - O resultado, de que depende a 
existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a AÇÃO OU 
OMISSÃO sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 Art. 13, § 2º, CP - A omissão é penalmente 
relevante quando o omitente devia e podia agir 
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a 
quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de 
impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco 
da ocorrência do resultado. 
 
3.1.1.2.1.1 – conduta omissiva própria, pura ou 
simples: quando a omissão vem prevista expressamente 
no tipo penal. Nelas existe o chamado dever genérico de 
proteção. Ex.: crime de omissão de socorro – art. 135 do 
CP. 
 
Omissão de socorro 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, 
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à 
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa 
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e 
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o 
socorro da autoridade pública: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou 
multa. 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de 
metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
3.1.1.2.1.2 – conduta omissiva impropria, omissiva 
qualificada ou comissiva por omissão: quando o agente, 
em virtude de sua posição de garantidor, prevista pelo 
art. 13, §2º, do CP, DEVIA e PODIA agir a fim de evitar o 
resultado. Ex.: mãe que, podendo, não socorre seu filho 
que estava se afogando na piscina. 
 
Obs.1: o dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (dever legal 
– ex.: policial que, ao ver o marido bater na mulher e 
podendo agir não faz nada; ou o bombeiro que, podendo 
agir, presencia uma criança afogando na piscina não faz 
nada); b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de 
impedir o resultado (garante ou garantidor – ex.: salva 
vidas de um clube, professor de natação); c) com o seu 
comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
resultado (ingerência – ex.: colega que joga o outro no 
rio). 
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Obs.2: além do dever especial, o agente tem que poder 
agir para evitar o resultado. 
 
3.1.1.2.2 – elemento subjetivo: dolo; culpa; ou 
preterdolo – art. 19, CP. 
3.1.1.2.2.1 – conduta dolosa: quando o agente quer o 
resultado (dolo direto – teoria da vontade) ou assume o 
risco de produzi-lo (dolo indireto eventual – teoria do 
assentimento) – art. 18, I, CP. 
 
Art. 18 do CP - Diz-se o crime: 
 Crime doloso 
 I - doloso, quando o agente quis o resultado ou 
assumiu o risco de produzi-lo. 
 
3.1.1.2.2.1.1 – conceito de dolo: é a vontade e 
consciência dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo 
penal incriminador. 
3.1.1.2.2.1.2 – elementos do dolo: vontade (elemento 
volitivo. Vontade de realizar a conduta prevista no tipo 
penal incriminador); consciência (elemento intelectual, 
que diz respeito ao conhecimento da situação fática em 
que se encontra o agente). 
 
3.1.1.2.2.1.3 – espécies de dolo: 
 Dolo direto de primeiro grau: quando o agente quer, 
efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo, 
conforme preceitua a primeira parte do art. 18, I, do CP. 
Ex.: Cornélius atira em Ricardo com o fim de causar-lhe a 
morte. 
 Dolo direto de segundo grau: quando o agente, após 
selecionar os meios necessários para a prática do delito, 
representa como certos e necessários os efeitos 
colaterais. Ex.: o agente quer matar um político durante o 
voo de uma aeronave e, para tanto, detona o explosivo, 
via controle remoto, que se encontrava no interior no 
avião. O dolo com relação ao político é considerado como 
direito e de primeiro grau; com relação à demais pessoas 
que se encontravam com ele e que, em razão dos meios 
escolhidos pelo agente, também morrerão, o dolo 
continua a ser direto, mas de segundo grau. Por isso é 
também conhecido como dolo de consequências 
necessárias. 
 
Obs.: o dolo direto de segundo grau compreende os 
meios de ação escolhidos para realizar o fim, 
incluindo os efeitos secundários representados 
como certos ou necessários, independentemente 
de serem esses efeitos ou resultados desejados ou 
indesejados pelo autor. 
 
 Dolo indireto eventual: quando o agente, embora 
não querendo diretamente praticar a infração penal, não 
se abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir 
o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito. 
 Dolo de dano: quandoo agente quer produzir o 
resultado material existente no tipo penal. ex.: art. 163 do 
CP. 
 Dolo de perigo: quando a finalidade do agente não é 
a produção efetiva do dano mas, efetivamente, a criação 
de um perigo. Ex.: art. 132 do CP. 
 Dolo geral (aberratio causae): ocorre quando o autor 
acreditava haver consumado o delito quando, na 
realidade, o resultado somente vem a se produzir em 
virtude de uma ação posterior. Ex.: Cornélius atira em 
Richard e arremessa o corpo do alto de um precipício ou, 
depois de atirar, querendo acultar o “cadáver”, o enterra 
em uma cova. Nesses casos, o agente só vem a falecer em 
virtude do segundo comportamento, ou seja, da queda do 
precipício ou da asfixia. 
 Dolo subsequente: ocorre quando o agente produz 
um resultado sem dolo ou culpa, ou mesmo culposo, e, 
depois de verificar a ocorrência do resultado, se alegra ou 
mesmo aceita a sua produção. O dolo subsequente não 
produz qualquer efeito penal. 
 
 Obs.: todo crime é doloso. Somente será culposo se 
houver uma ressalva expressa na lei, nos termos do 
parágrafo único do art. 18 do CP. 
Art. 18, Parágrafo único, do CP - Salvo os casos 
expressos em lei, ninguém pode ser punido por 
fato previsto como crime, senão quando o pratica 
dolosamente. 
 
3.1.1.2.2.1.4 ausência de dolo: 
 
3.1.1.2.2.1.4.1 – erro de tipo: nas hipóteses de erro 
essencial (escusável), nos termos do art. 20 do CP, sempre 
restará afastado o dolo. Ex.: caçador que atira e mata seu 
companheiro de caça, supondo tratar-se de um animal. 
 
 
 
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Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 do CP - O erro sobre elemento constitutivo 
do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Obs.1: O erro de tipo pode ser essencial ou acidental. 
Apenas na primeira hipótese haverá a exclusão do dolo. 
Obs.2: O erro de proibição não exclui o dolo, pois exclui a 
culpabilidade (terceiro elemento do crime). 
Obs.3: Erro é o conhecimento equivocado da realidade; é 
a falta percepção da realidade. 
Vejamos as espécies de erro de tipo: 
a) Essencial: é o erro de tipo por excelência, que incide 
sobre as elementares, circunstâncias ou outro dado que 
venha a se agregar à figura típica. Art. 20 do CP - O erro 
sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui 
o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei. 
b) Acidental (não exclui o crime): poderá ocorrer nas 
seguintes hipóteses: 
I. Erro sobre o objeto (error in objecto). Ex.: Fernandinho 
quer furtar sal, mas acaba furtando açucar; 
II. Erro sobre a pessoa (error in persona – art. 20, §3º, do 
CP) 
O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é 
praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou 
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra 
quem o agente queria praticar o crime. 
 
III. Erro na execução (aberratio ictus – art.73 do CP) 
 
Quando, por acidente ou erro no uso dos meios 
de execução, o agente, ao invés de atingir a 
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa 
diversa, responde como se tivesse praticado o 
crime contra aquela, atendendo-se ao disposto 
no § 3º do art. 20 do CP. No caso de ser também 
atingida a pessoa que o agente pretendia 
ofender, aplica-se a regra do art. 70 do CP. 
 
IV. Erro sobre o crime – resultado diverso do 
pretendido (aberratio criminis – art. 74 do CP) 
 
Fora dos casos do artigo anterior (erro na 
execução), quando, por acidente ou erro na 
execução do crime, sobrevém resultado diverso 
do pretendido, o agente responde por culpa, se o 
fato é previsto como crime culposo; se ocorre 
também o resultado pretendido, aplica-se a regra 
do art. 70 do CP (concurso formal de crime) 
 
V. Erro sobre a causa (aberratio causae – dolo geral) – 
significa uma aberração sobre o curso causal, ou seja, 
ocorre uma aberração na causa do resultado. 
 
3.1.1.2.2.1.4.2 – casos de ausência de conduta: 
 
Obs.: a ação humana regida pela vontade está 
sempre determinada a uma finalidade, de modo que, 
não havendo vontade dirigida a um fim, não há de se 
falar em conduta, que poderá ocorrer em caso de 
força irresistível, movimentos reflexos e estados de 
inconsciência. 
 
a) força irresistível: da natureza: ser arrastado pelo 
vento, por uma enxurrada etc.; do homem: coação física, 
a exemplo de colocar o dedo de alguém no gatilho e 
forçar o tiro; ou mesmo a praticada pelo chamado 
“homem de trás”, como aquele que bate na traseira de 
um automóvel, fazendo com que este atropele e mate um 
pedestre. 
b) movimentos reflexos: reações a determinados 
impulsos, como ocorre com os choques elétricos, etc. 
c) estados de inconsciência: sonambulismo, ataques 
epiléticos, hipnose etc. 
 
3.1.1.2.2.2 – conduta culposa: quando o agente dá causa 
ao resultado em virtude de sua imprudência, negligência 
ou imperícia – art. 18, II, CP. 
 
Art. 18 do CP - Diz-se o crime: 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado 
por imprudência, negligência ou imperícia. 
 
3.1.1.2.2.2.1 – conceito de culpa: segundo o CPM, art. 33, 
II, 
o crime será culposo, quando o agente, deixando de 
empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou 
especial, a que estava obrigado em face das 
circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever 
(culpa inconsciente) ou, prevendo-o, supõe 
levianamente que não se realizaria ou que poderia 
evitá-lo(culpa consciente). 
 
3.1.1.2.2.2.2 – elementos que integram o crime culposo: 
 
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3.1.1.2.2.2.2.1 – conduta humana voluntária, comissiva 
ou omissiva. 
3.1.1.2.2.2.2.2 – inobservância de um dever objetivo de 
cuidado (imprudência, negligência ou imperícia). 
 
a) Imprudência: é um fazer algo, que importa em um 
comportamento positivo, sem os cuidados necessários. 
b) Negligência: é um não fazer, consistente em um 
comportamento negativo, contrário àquilo que a 
diligência normal impunha. 
c) Imperícia: quando ocorre uma inaptidão, 
momentânea ou não, do agente para o exercício de 
profissão, arte, ou ofício. 
 
Obs.: a imprudência, negligência e imperícia são 
MODALIDADES DE CULPA e não espécies de culpa. São, na 
verdade, modalidades de inobservância de um dever 
objetivo de cuidado. 
 
3.1.1.2.2.2.2.3 – Resultado naturalístico involuntário – 
resultado lesivo não querido, tampouco assumido, pelo 
agente. 
3.1.1.2.2.2.2.4 – nexo de causalidade entre a conduta 
do agente, que deixa de observar o seu dever de cuidado, 
e o resultado lesivo dela advindo. 
3.1.1.2.2.2.2.5 – previsibilidade objetiva: quando o 
agente, no caso concreto é substituído pelo chamado 
homem médio, a fim de apurar se um cidadão comum, na 
mesma situação em que o agente, teria agido ou não de 
forma diferente. 
3.1.1.2.2.2.2.6 – tipicidade: o delito culposo deve vir 
sempre expresso nos tipos penais, em virtude da regra 
constante do art. 18, parágrafo único do CP. Ou seja, para 
que haja tipicidade, dever haver previsão expressa no tipo 
penal da modalidade culposa. 
 
Art. 18, Parágrafo único, CP - Salvo os casos 
expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica 
dolosamente. 
 
3.1.1.2.2.2.2.7 – ausência de previsão: somente na 
culpa inconsciente. Na culpa consciente há previsão do 
resultado, mas o agente acredita sinceramente que pode 
evita-lo.3.1.1.2.2.2.3 – espécies de culpa: 
 
3.1.1.2.2.2.3.1 – culpa consciente: ocorre quando o 
agente, embora prevendo o resultado, acredita 
sinceramente na sua não ocorrência; o resultado previsto 
não é querido ou mesmo assumido pelo agente. É a 
chamada culpa com previsão. 
 
3.1.1.2.2.2.3.2 – culpa inconsciente: ocorre quando o 
agente, não prevê aquilo que, nas circunstâncias em que 
se encontrava, lhe era previsível (previsibilidade objetiva) 
. É a culpa sem previsão. 
 
3.1.1.2.2.2.3.3 – culpa própria: o agente não quer e não 
assume o risco de produzir o resultado. Ou seja, não há 
dolo – É CULPA. 
 
3.1.1.2.2.2.3.4 – culpa imprópria: a conduta é dolosa, 
mas, por questões de política criminal, será 
responsabilizado com as penas correspondentes a de um 
crime culposo – art. 20, §1º, parte final, do CP. 
 
Art. 20, § 1º, CP - É isento de pena quem, por erro 
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação 
legítima. Não há isenção de pena quando o erro 
deriva de culpa e o fato é punível como crime 
culposo. 
 
3.1.1.2.2.3 – crime preterdoloso: quando o agente atua 
com dolo na conduta e culpa com relação ao resultado – 
art. 19 do CP. No crime preterdoloso, o resultado culposo 
é mais grave do que o pretendido. Deve também ter 
previsão no tipo penal. Ex.: art. 129, §3º, do CP – Lesão 
corporal seguida de morte. 
 
Art. 19 do CP - Pelo resultado que agrava 
especialmente a pena, só responde o agente que 
o houver causado ao menos culposamente. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
Art. 129, § 3°, do CP - Se resulta morte e as 
circunstâncias evidenciam que o agente não quis 
o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Entre a conduta e o resultado há um caminho, 
conhecido por inter criminis (caminho do crime). 
O iter criminis possui quatro fases, quais sejam: 
cogitação; preparação; execução; e consumação. 
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a) Cogitação: fase interna ao agente. Impunível. 
b) Preparação (atos preparatórios). Impunível. 
c) Execução (atos de execução): início da possibilidade 
de punição. 
d) Consumação: entende-se por consumado o crime, 
de acordo com o art. 14, I, do CP, quando nele se 
reúnem todos os elementos de sua definição legal. 
 
Art. 14 do CP - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os 
elementos de sua definição legal; 
Obs.2: Há três situações que podem ocorrer entre a 
execução e a consumação e que impedem que esta 
ocorra. São elas: 
a) Desistência voluntária – haverá desistência voluntária 
quando o agente desiste de prosseguir com os atos 
executórios voluntariamente. Neste caso, o agente 
responderá apenas pelos atos já praticados – art. 15 do 
CP. 
 
b) Arrependimento eficaz – caracteriza-se quando o 
agente, depois de esgotar todos os meios de que 
dispunha para chegar à consumação da infração penal, 
arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a 
produção do resultado inicialmente por ele pretendido. 
Neste caso, o agente responderá apenas pelos atos já 
praticados – art. 15 do CP. 
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15 do CP - O agente que, voluntariamente, 
desiste de prosseguir na execução (desistência 
voluntária) ou impede que o resultado se produza 
(arrependimento eficaz), só responde pelos atos 
já praticados. 
 
c) Tentativa – diz-se o crime tentado, quando, iniciada a 
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontade do agente – art. 14, II, do CP. Nesta hipótese, 
salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a 
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 
um a dois terços art. 14, parágrafo único, do CP. A 
tentativa é, portanto, causa genérica de diminuição de 
pena. 
 
 
Art. 14 do CP - Diz-se o crime: 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se 
consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, 
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao 
crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Obs.3: O art. 14, II, do CP é também uma norma penal de 
extensão temporal, pois antecipa a consumação do 
crime. 
Obs.4: São elementos da tentativa: 
I – início da execução do crime; 
II – ausência de consumação por circunstâncias 
alheias à vontade do agente; e 
III – dolo de consumação. 
Obs.5: São espécies de tentativa: 
a) Tentativa perfeita, acabada, ou crime falho: quando o 
agente esgota, segundo o seu entendimento, todos os 
meios que tinha ao seu alcance a fim de alcançar a 
consumação da infração penal, que somente não ocorre 
por circunstâncias alheias à sua vontade. 
b) Tentativa imperfeita ou inacabada: o agente é 
interrompido durante a prática dos atos de execução, não 
chegando, assim, a fazer tudo aquilo que intencionava, 
visando consumar o delito. 
c) Tentativa branca ou incruenta: quando o agente, não 
obstante ter-se utilizado dos meios que tinha ao seu 
alcance, não consegue atingir a pessoa ou a coisa contra a 
qual deveria recair sua conduta. 
d) Tentativa vermelha ou cruenta: quando a vítima é 
atingida. 
e) Idônea: o agente pode alcançar a consumação, mas 
não consegue por circunstâncias alheias à sua vontade. 
f) Inidônea: é o mesmo que crime impossível – art. 17 do 
CP – 
Não se pune a tentativa quando, por ineficácia 
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
Obs.: Será crime impossível se o meio for 
ABSOLUTAMENTE INEFICAZ (ex.: relacionado ao homicídio 
– arma quebrada ou danificada, arma de brinquedo, 
 Direito Penal – Parte Geral 
 
 
 
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vitamina no lugar de açúcar) ou se o objeto for 
ABSOLUTAMENTE IMPRÓPRIO (ex.: Fulano que dispara 
em pessoa morta). 
 
Obs.6: há algumas infrações penais que não admitem a 
tentativa, quais sejam: 
 
a) Crimes habituais – são aqueles em que há necessidade 
de mais de uma conduta para que o crime se consuma. 
Uma conduta isolada é considerada fato atípico. Art. 229 
do CP – casa de prostituição; 
 
Casa de prostituição 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, 
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, 
haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do 
proprietário ou gerente: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
b) Crimes preterdolosos – art. 129, §3º, do CP – 
lesão corporal seguida de morte; 
 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde 
de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
Art. 129, § 3°, do CP - Se resulta morte e as 
circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
c) Crimes culposos; 
d) Crimes de atentado ou de empreendimento – crimes 
nos quais a simples prática da tentativa é punida com as 
mesmas penas do crime consumado – art. 352 do CP – 
Evasão mediante violência contra a pessoa; 
 
Evasão mediante violência contra a pessoa 
Art. 352 do CP - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso 
ou o indivíduo submetido a medida de segurança 
detentiva, usando de violência contra a pessoa: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da 
pena correspondente à violência. 
 
e) Crimes unissubsistentes – art. 140 do CP – Injúria 
verbal;

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