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SEMANA 9 CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ...ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE (MUNICÍPIO) / UF
Processo nº: XX
BANCO CONFIANÇA,  inscrito no CNPJ sob o nº..., representado por seu sócio gerente, cuja sede se localiza à Rua(...), nº(...), Bairro (...), Cep (...), email (...) ,vem por meio de seu advogado abaixo já subscrito, com sede profissional à ( Endereço completo ), onde recebe intimações, propor nos termos do documento de outorga de mandato anexo (documento 01), com base no artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho, combinado com os artigos 336 e 343 do Código de Processo Civil, respeitosa e tempestivamente, perante Vossa Excelência, apresentar sua resposta em forma de CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO na Reclamação Trabalhista que lhe move PAULO, já qualificado na inicial, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
INICIALMENTE
DOS FATOS
O RECLAMANTE ocupava o cargo de gerente-geral da instituição financeira RECLAMADA, desde 2010, quando foi promovido e passou a receber o dobro de seu salário anterior. O Banco Confiança ainda custeou para Paulo a realização de seu MBA em Finanças, investindo na capacitação de seu empregado um total de R$30.000,00, apenas estipulando contratualmente uma cláusula de permanência por 2 anos após o término do curso, sob pena de ressarcimento integral caso o empregado viesse a pedir seu desligamento antes do período pactuado. Paulo, apesar de muito satisfeito com seu trabalho, ao receber uma proposta irrecusável de outra instituição financeira, pediu demissão seis meses após o término de sua especialização profissional. O Banco, por sua vez, lhe pagou corretamente as parcelas decorrentes da extinção do contrato de trabalho, no entanto, ao ser questionado quanto ao pagamento das inúmeras horas extras prestadas desde 2010 até o fim de seu contrato, alegou não serem devidas. Paulo, indignado, ingressou em 25/01/17 com uma reclamação trabalhista postulando as referidas horas extras, com o adicional de 50% e seus reflexos. 
PRELIMINARES
I. DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO
O Reclamante ajuizou a ação em 25.01.2017, por meio de seu advogado, conforme consta na exordial, entretanto, não juntou aos autos a procuração do seu representante. Outrossim, o autor optou por ser representado na Reclamação Trabalhista, deve-se ressaltar a obrigação de juntar o instrumento de mandato nos autos, em observância ao que dispõe o art. 5º, § 1º, da Lei 8.906 de 1994 e o artigo 104 do CPC, então vejamos: 
Art. 5º, § 1º, da Lei 8.906 de 1994 - O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.
§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.
Art. 104.CPC- O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Observa-se, no caso em tela, a prescrição parcial. Ademais, mesmo assim, a procuração deve ser exibida no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período, como aduz o art. 104, § 1º, do CPC. Não sendo cumpridas estas determinações, é cabível a extinção do feito sem resolução de mérito, por defeito de representação e, portanto, ausência de pressupostos de constituição válida e regular do processo, nos termos do art. 76, § 1º, I, combinado com os artigos 337, IX, e 485, IV, do CPC, ante o que expõem: Art. 337.CPC- Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; Art. 485. CPC- O juiz não resolverá o mérito quando: IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
Desta feita, requer o Reclamado a extinção do processo sem resolução de mérito.
II. DA PRESCRIÇÃO PARCIAL
Caso Vossa Excelência não entenda pelo deferimento da extinção do processo sem resolução de mérito, tendo em vista que a presente Reclamatória foi ajuizada em 25.01.2017, cabe arguir a prescrição quinquenal parcial da pretensão do RECLAMANTE, observado o biênio subsequente à extinção do contrato de trabalho, com base no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal de 1988 e artigo 11, I, da CLT, aclarados pela Súmula 308, I, do Superior Tribunal do Trabalho, então vejamos:
Art. 7º, XXIX, da CRFB/1988- São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000).
ART. 11, I, DA CLT- O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve: (Redação dada pela Lei nº 9.658, de 5.6.1998)
I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; (Incluído pela Lei nº 9.658, de 5.6.1998) (Vide Emenda Constitucional nº 28 de 25.5.2000).
SÚMULA 308, I, TST- PRESCRIÇÃO QUINQUENAL (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, conta-dos da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ nº 204 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000).
 Percebe-se então que, devem ser consideradas prescritas as parcelas relativas ao período laborado anterior a 25.01.2012.
PREJUDICIAIS DE MÉRITO
I. DO CONTRATO DE TRABALHO
O RECLAMANTE ocupou o cargo de gerente-geral Da instituição financeira RECLAMADA desde 2010, passando a perceber, após a promoção, o dobro, ou seja, 100% (cem por cento) do seu salário anterior. Pediu demissão em 30.09.2016, após proposta irrecusável de outra instituição financeira, sendo-lhe pagas as parcelas rescisórias.
II. DA INAPLICABILIDADE DAS HORAS EXTRAS
O RECLAMANTE exercia o cargo de gerente-geral da instituição financeira RECLAMADA . Percebia, além do salário efetivo, 100% (cem por cento) como gratificação de função. Postula, na inicial, o pagamento de horas extras prestadas desde o ano de 2010. Ocorre que são indevidas horas extras quando o empregado exerce cargo de gestão e recebe 40% (quarenta por cento) ou mais como gratificação de função, enquadrando-se na situação prevista no art. 62, II, e paragrafo único, da CLT, é o que expõe:
ART. 62, II, E PARAGRAFO ÚNICO, CLT - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: (Redação dada pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994).
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. (Incluído pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994).
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Incluído pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994).
 Este caso é plenamente ratificado pela Súmula 287 do Tribunal Superior do Trabalho, então vejamos:
SUM-287 JORNADA DE TRABALHO. GERENTE BANCÁRIO (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agênciabancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT.
Histórico:
Redação original - Res. 20/1988, DJ 18.03.1988
Nº 287 Jornada de Trabalho – Gerente bancário.
O gerente bancário, enquadrado na previsão do § 2º do art. 224 consolidado, cumpre jorna-da normal de oito horas, somente não tendo jus às horas suplementares, excedentes da oita-va, quando, investido em mandato, em forma legal, tenha encargos de gestão e usufrua de padrão salarial que o distinga dos demais empregados.
 Mediante o exposto, observa-se que na interpretação pertinente ao gerente-geral de agência bancária presume-se o exercício de cargo de gestão, aplicando-se-lhe o que prescreve o artigo 62 da CLT, não cabendo, assim, o pagamento de horas extraordinárias.
Percebe-se então que, ao RECLAMANTE não é devido o pagamento de horas extras, por exercer um cargo de gestão na qualidade de gerente-geral e perceber 100% (cem por cento) de gratificação de função, tampouco são devidos os reflexos de tais horas extras.
III. DA RECONVENÇÃO
Mediante o que preconiza disposição expressa do art. 343 do CPC, pode o Réu na contestação propor Reconvenção, o que faz pelas razões de fato e de direito a seguir.
A instituição financeira RECLAMADA custeou para o RECLAMANTE a realização do curso de MBA em Finanças a título de capacitação, ao investir um total de R$ 30.000,00 ( Trinta mil reais), estipulando em contrato cláusula de permanência de 2 (dois) anos na instituição, após o término da especialização profissional, sob pena de ressarcimento da quantia, caso ele viesse a se desligar antes deste prazo. Apesar disso, o RECLAMANTE pediu demissão após o transcurso de 6 (seis) meses depois de concluído o curso.
Vale salientar para Vossa Excelência que: o RECLAMANTE, mesmo tendo acordado com a RECLAMADA sua permanência mínima de 2 (dois) anos após o término do curso, pediu demissão, acarretando prejuízos ao RECLAMADA, que contava com a colaboração qualificada do colaborador durante pelo menos este período. Esta situação enquadra-se no que dispõe o art. 462, § 1º, da CLT, ao autorizar o desconto do prejuízo causado, já que tal possibilidade foi acordada entre as partes, este é o conteúdo que expõe em seu texto: 
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositvos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. (Parágrafo único renumerado pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967
Diante dessa exposição, requer o recebimento desta Reconvenção, para fins de condenar o RECLAMANTE ao ressarcimento da quantia de RS 30.000,00 (Trinta mil reais).
IV. DO PEDIDO
Consoante os fatos e fundamentos acima apresentados, em sede de Contestação, requer à Vossa Excelência o acolhimento da preliminar de defeito de representação, para extinguir o feito sem resolução de mérito. Caso assim não entenda, requer o acolhimento da prejudicial de prescrição parcial, e, por fim, no mérito, requer que as pretensões apresentadas na Reclamatória Trabalhista sejam julgadas totalmente improcedentes e o RECLAMANTE seja condenado a pagar as custas processuais e demais cominações legais conferidas à presente causa.
Em sede de Reconvenção, requer:
a) O recebimento das razões da Reconvenção para o seu devido processamento, de acordo com o art. 343 do CPC;
b) Seja intimado o Reclamante para apresentar resposta, nos termos do art. 343, §1º, do CPC;
c) A total procedência desta Reconvenção para o fim de condenar o RECLAMANTE ao ressarcimento da quantia de RS 30.000,00 ( Trinta mil reais ) e à respectiva correção monetária.
d) Condenar o RECLAMANTE ao ônus da sucumbência.
V. DA NOTIFICAÇÃO
Em sede de Reconvenção, requer, por fim, se digne Vossa Excelência a determinar a notificação do Reclamado e sua intimação para comparecer em audiência a ser designada por este digno Juízo e, nesta ocasião, apresentar defesa nos termos do art. 844 da CLT, combinado com o art. 336 do CPC, sob pena de revelia e confissão.
VI. DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, que fica desde já requerido, sob pena de confissão, bem como pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, perícias e o que mais for necessário à elucidação dos fatos.
VII. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa, na Reconvenção, o valor de R$ 30.000,00 ( Trinta mil reais).
Nestes termos, pede deferimento.
Local / data
Advogado
OAB nº

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