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DISCIPLINA: Metodologia do Trabalho Acadêmico PROFESSORA: Maria de Lourdes O. Reis da Silva APONTAMENTOS SOBRE O CONHECIMENTO Conhecer... § É o que acontece quando um sujeito apreende um objeto. § Significa incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. § É o resultado das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana. 1 O conhecimento é o referencial diferenciador do agir humano em relação ao agir de outras espécies. “[...] O conhecimento é, pois, elemento específico fundamental na construção do destino da humanidade” (SEVERINO, 2007, p. 27-28). 2 “O conhecimento é uma adequação do sujeito com o objeto; o sujeito tem seus meios de conhecimento e o objeto revela-se a ele conforme tais meios. Os sentidos nos apontam a maneira de ser das coisas ou objetos, e o que conhecemos das coisas ou objetos vai depender dos nossos sentidos” (FACHIN, 2006, p. 18). 3 O que é conhecer? É uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. No processo de conhecimento, o sujeito cognoscente, se apropria de certo modo, do objeto conhecido. No mundo acadêmico classificamos os modos de conhecer em: 1 Senso comum ou conhecimento empírico; 2 Conhecimento Científico; 3 Conhecimento Filosófico; 4 Discurso Religioso ou conhecimento teológico. Vamos ler uma definição para senso comum? “Conjunto de concepções geralmente aceitas como verdadeiras em determinado meio social. Repetidas irrefletidamente no cotidiano, algumas dessas noções escondem idéias falsas, parciais ou preconceituosas” (COTRIM, 2000, p. 47-48). 2 Quais as características do senso comum? Espontâneo: primário, simples e elementar. Nasce da tentativa do homem resolver seus problemas no dia-a-dia. Ametódico: porque não possui um método, ou seja, um procedimento, uma técnica. Empírico: se baseia na experiência cotidiana comum. Ingênuo ou acrítico: não é critico, não se coloca como problema e não se questiona enquanto saber. Subjetivo: é relativo ao sujeito do conhecimento. É formado por juízos pessoais a respeito das coisas, ocorrendo o envolvimento das emocional e valorativo de quem observa. Há alguma relação entre a ciência e senso comum? Será que as idéias do senso comum são sempre negadas pela ciência? Leia o artigo Canja de Galinha não faz mal a ninguém e verifique uma situação em que uma idéia do senso comum foi confirmada pelo conhecimento científico: “Especialmente quem está resfriado”, afirma Stephen Rennard, da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos. De acordo com as suas pesquisas, caldo de galinha e legumes – cebola, cenoura, batata e nabo – têm o poder de retardar o movimento dos neutrófilos, isto é, os glóbulos brancos (leucócitos) que, embora ataquem os germes invasores, também são responsáveis por grande parte dos sintomas do resfriado e da gripe. (...) Ele demonstrou também que a cisteína, um aminoácido que o frango libera durante o cozimento, é quimicamente muito similar à acetilcisteína, um fármaco habitualmente receitado em casos de bronquite (Revista Super Interessante. Setembro de 2000). Agora, vamos ver um exemplo oposto? Veja a notícia abaixo sobre as pilhas. É verdade que as pilhas gastas se recarregam na geladeira? Não, pois possuem produtos químicos que diluem a camada de gases contida nelas. Não. A pilha comum, chamada seca, utilizada nos brinquedos e aparelhos eletrônicos e domésticos, só descarrega – e não recebe – energia, devido ao seu líquido condutor de elétrons, selado e imobilizado. A pilha funciona com um pólo positivo e outro negativo, separados por gases, fazendo passar uma corrente elétrica pelo líquido. As baixas ou altas temperaturas, o choque térmico dilui a camada isolante de gases no líquido, despolarizando a pilha, que funcionará até polarizar-se novamente, logo a seguir. As próprias pilhas têm produtos químicos para diluir a camada de gases, mas eles tendem a perder o efeito com o tempo. (Fonte: http://super.abril.com.br/superarquivo/1989/conteudo_111758.shtml). O conhecimento científico se apresenta como um conhecimento rigoroso que busca investigar os fenômenos. Surgiu da mais legítima necessidade humana – a de compreender as relações universais, prever acontecimentos e, em particular, intervir na natureza (ARANHA; MARTINS, 2003). “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, constituídos de um sistema conceitual, que engloba definições, hipóteses e leis de uma determinada especialidade” (LAKATOS, 2000, p.21-23). “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (ANDER-EGG, 1978, p.15). 3 Quais as características do conhecimento científico? Saber racional é aquele que obedece a regras, leis, princípios e se contrapõe ao saber ilusório, às emoções e às crenças. Saber lógico e sistemático: porque as idéias formam uma ordem coerente. Verificável e metódico: passível de exame para ter sua pretensão confirmada ou não. Para tanto segue uma técnica, um procedimento. Ciência é um saber... • Racional e objetivo • Atém-se aos fatos, mas poderá transcendê-los • É analítico e requer exatidão e clareza • É comunicável e verificável • Depende de investigação metódica • Busca e aplica leis • É explicativo e pode fazer predições • É aberto e útil. Já falamos sobre o senso comum, sobre o conhecimento científico, mas o que podemos entender por Filosofia? As professoras Maria Lúcia Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins dizem: A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limites que exigem decisões cruciais (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 81 ). A professora Marilena Chauí afirma que a filosofia significa: “A fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e práticas. Um saber que se preocupa com as origens, causas, forma e conteúdo dos valores éticos, políticos” (CHAUÍ, 2001 ). Características do conhecimento filosófico: • Radical: da palavra latina radix, radicis significa raiz e, no sentido figurado, “fundamento”, “base”. A filosofia é radical porque busca explicitar os conceitos que estão na base do pensar e do agir. Investiga as raízes, os princípios que orientam nossa existência. • Rigoroso: o filósofo deve dispor de um método a fim de proceder com rigor. São vários métodos para proceder a investigações e desenvolver um pensamento rigoroso, fundamentado, coerente e expresso numa linguagem também rigorosa. Os conceitos devem ser claramente definidos. • Saber de conjunto: a filosofia é globalizante porque ao examinar , observa os diversos aspectos de um problema. A filosofia visa ao todo. Por isso, é interdisciplinar. 4 Qual a sua utilidade? O que significa utilidade? A filosofia não serve para alterações imediatas de ordem pragmática. Assemelha-se à arte (fim em si mesmo). Onde está a necessidade da filosofia? A filosofia nos permite ter mais de uma dimensão (...). É a filosofia que dá o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins que eles se destinam.(...) Portanto, a filosofia é a possibilidade de transcendência humana, ou seja, a capacidade de superar a situação dada e não-escolhida. (...) A filosofia impede a estagnação.(ARANHA;MARTINS,2003, p. 91 – grifos dos autores). Em Filosofia não estudamos dados ou fatos puramente exteriores, mas pensamentos. Disso resulta que o conhecimento filosófico não é um conhecimento ordinário, empírico, prático, mas uma interioridade. Sem dúvida, opera a partir de um pensamento sistemático, o que significa dizer que não sendo mera opinião, segue uma lógica de enunciados precisos e rigorosos, opera com conceitos ou idéias obtidos por procedimentos de pura racionalização. E é neste ponto que encontramos o elemento que a diferencia do conhecimento científico. Discurso religioso ou conhecimento teológico O conhecimento teológico é produto do intelecto do ser humano, o qual recai sobre a fé. (...) De modo geral, o conhecimento teológico apresenta respostas para as questões que o ser humano não pode responder com os demais conhecimentos (filosófico, empírico ou científico), pois envolve uma aceitação, ou não como conseqüência da fé (FACHIN, 2006, p. 13). O termo Religião pode ser definido como uma instituição social caracterizada pela existência de uma comunidade de indivíduos unidos: 1º pelo cumprimento de certos ritos regulares e pela adoção de certas fórmulas; 2º pela crença num valor absoluto, com o qual nada pode se equiparar, crença que esta comunidade tem por objeto manter; 3º pela relação do indivíduo com um poder espiritual superior ao homem, poder concebido quer como difuso, quer como múltiplo, quer, finalmente, como único, Deus (LALANDE, 1993, p. 948). REFERÊNCIAS ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. Buenos Aires: Humanitas, 1978. ARANHA, M. l. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 3.ed.,São Paulo: Moderna, 2003. COTRIM, G. Fundamentos da filosofia. História e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2000. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2006. 5 LALANDE, André. Vocabulário técnico e crítico da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1993. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed., São Paulo: Atlas, 2000. SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007.
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