Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br LÍNGUA LATINA A língua latina ou latim é uma antiga língua indo-europeia do ramo itálico originalmente falada no Lácio, a região do entorno da cidade de Roma. Foi amplamente difundida, especialmente na Europa Ocidental, como a língua oficial da República Romana, do Império Romano e, após a conversão deste último ao cristianismo, da Igreja Católica Romana. Através da Igreja Católica, tornou-se a língua dos acadêmicos e filósofos europeus medievais. Por ser uma língua altamente flexiva e sintética, a sua sintaxe (ordem das palavras) é, em alguma medida, variável, se comparada com a de idiomas analíticos como o português, embora em prosa os romanos tendessem a preferir a ordem SOV. A sintaxe é indicada por uma estrutura de afixos ligados a temas. O alfabeto latino, derivado dos alfabetos etrusco e grego (por sua vez, derivados do alfabeto fenício), continua a ser o mais amplamente usado no mundo. Embora o latim seja hoje uma língua morta, ou seja, uma língua que não mais possui falantes nativos, ele ainda é empregado pela Igreja Católica para fins rituais e burocráticos. Exerceu enorme influência sobre diversas línguas vivas, ao servir de fonte vocabular para a ciência, o mundo acadêmico e o direito. O latim vulgar, nome dado ao latim no seu uso popular inculto, é o ancestral das línguas neolatinas (italiano, francês, espanhol, português, romeno, catalão, romanche e outros idiomas e dialetos regionais da área); muitas palavras adaptadas do latim foram adotadas por outras línguas modernas, como o inglês. O fato de haver sido a lingua franca do mundo ocidental por mais de mil anos é prova de sua influência. O latim ainda é a língua oficial da Cidade do Vaticano e do Rito Romano da Igreja Católica. Foi a principal língua litúrgica até o Concílio Vaticano Segundo nos anos 1960. O latim clássico, a língua literária do final da República e do início do Império Romano, ainda hoje é ensinado em muitas escolas primárias e secundárias, embora seu papel se tenha reduzido desde o início do século XX. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br DIACRONIA O latim inclui-se entre as línguas itálicas, e seu alfabeto baseia-se no alfabeto itálico antigo, derivado do alfabeto grego. No século IX a.C. ou VIII a.C., o latim foi trazido para a península Itálica pelos migrantes latinos, que se fixaram numa região que recebeu o nome de Lácio, situada ao longo do rio Tibre, onde a civilização romana viria a desenvolver-se. Naqueles primeiros anos, o latim sofreu a influência da língua etrusca, proveniente do norte da península e que não era uma língua indo-europeia. A importância do latim na península Itálica firmou-se gradativamente. A princípio, era apenas a língua de Roma, uma pequena cidade circundada por vários centros menores (Lanúvio, Preneste, Tívoli), nos quais se falavam dialetos latinos ou afins ao latim (o falisco, língua da antiga cidade de Falérios). Já a poucos quilômetros de Roma, eram faladas línguas muito diversas: o etrusco e, sobretudo, línguas do grupo indo-europeu – o umbro, no norte, e o osco, na porção mais ao sul, até a atual Calábria. Na Itália setentrional falavam-se outras línguas indo-europeias como o lígure, o gálico e o venético. O grego era difundido nas numerosas colônias gregas da Sicília e da Magna Grécia. Ao longo de toda a era republicana, a situação linguística da Itália permaneceu muito variada: o plurilinguismo era uma condição comum, e os primeiros autores da literatura, como Ênio e Plauto dominavam o latim, o grego e o osco. Além das variações regionais, mesmo o latim de Roma não foi uma língua sempre igual a si mesma, apresentando fortes diferenças diacrônicas e sociolinguísticas. Do ponto de vista diacrônico, deve-se distinguir: latim pré-literário, a língua das inscrições (do século VII a.C. ao século II a.C., ). latim arcaico, a partir das origens da literatura, no século III, até o final do século II a.C., c. 106 a.C. A literatura faz sua aparição, sob influência grega, c. 250 a.C. Nesse período é feita a tradução da Odisseia por Lívio Andrônico (240 a.C.). Destacam-se também o dramaturgo Plauto e Terêncio. A ortografia, porém, ainda não está padronizada. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br latim clássico (sermus urbanus) é o latim usado no Império Romano, florescendo a partir do segundo quartel do século I a.C. até c. 14 d.C., o período de Augusto, que corresponde à idade de ouro da literatura latina, destacando-se Ovídio, Cícero, Virgílio, Horácio e Tito Lívio, entre outros. Trata-se da língua escrita, notável pelo apuro do vocabulário, pela correção gramatical e pela elegância do estilo - ou seja, urbanitas, o que, nas palavras de Quintiliano, corresponde a "um certo gosto citadino” (gustum urbis) que é manifestado no discurso através dos vocábulos, da pronúncia e de seu uso particular, bem como um alto nível de cultura não ostentada, extraída das conversas entre pessoas instruídas; numa palavra, tudo o que é contrário à rusticidade. Idade de prata, de 14 d.C. a cerca de 120 d.C.; latim imperial, até o século II d.C. Autores como Sêneca, Lucano, Petrônio, Quintiliano, Estácio, Juvenal, Suetônio, que viveram entre os séculos I e II, apesar das diferenças estilísticas, mantiveram em geral invariante a língua literária clássica. No século II, surge, de um lado, uma moda cultural literária de recuperar os modelos clássicos do período de Augusto; de outro, com autores como Apuleio, começa a adquirir maior importância o latim vulgar, a língua falada que será a base das línguas modernas derivadas do latim – as línguas neolatinas. latim vulgar (sermo vulgaris, sermo usualis ou sermo plebeius) é a língua coloquial usada por diferentes camadas da população romana, desde a aristocracia até o povo iletrado, como uma espécie de denominador comum, sendo o instrumento de comunicação diária. O latim coloquial é para muitos, o proto-romance, isto é, o ponto de partida da formação das línguas românicas. latim tardio, incluindo o período patrístico, do século II ao século V, época da publicação da Vulgata de São Jerônimo, das obras de Santo Agostinho e de Boécio. No período imperial tardio, ao lado de autores mais ligados à tradição clássica, como Ausônio e Claudiano, emergiram as grandes figuras dos Padres da Igreja como Tertuliano, Ambrósio, Jerônimo e, sobretudo, Agostinho de Hipona. No século IV viveu também um dos IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br maiores historiadores latinos (embora de origem greco-síria): Amiano Marcelino. latim medieval, do século VI ao século XIV, período de surgimento das línguas românicas. latim renascentista, do século XIV ao XVII. neolatim (ou latim científico), do século XVII ao século XIX. Embora a literatura romana sobrevivente seja composta quase inteiramente de obras em latim clássico, a língua falada no Império Romano do Ocidente na Antiguidade tardia (200 a 600 d.C.) era o latim vulgar, que diferia do primeiro em sua gramática, vocabulário e pronúncia. O latim manteve-se por muito tempo como a língua jurídica e governamental do Império Romano, mas, com o tempo, o grego passou a predominar entre os membros da elite culta romana, já que grande parte da literatura e da filosofia estudada pela classe alta havia sido produzida por autores gregos, em geral atenienses. Na metade oriental do Império, que viria a tornar-se o Império Bizantino, o grego terminou por suplantar o latim como idioma governamental e era a lingua franca da maioria dos cidadãos orientais, de todas as classes. A difusão do latim por um território cada vez mais vasto teve duas consequências: o contato do latim com línguas diversas gerou um influxo mútuo mais ou menos considerável; o latim foi se diferenciando nas diversas regiões, sendo que, enquanto os laços políticos com o centro eram fortes, as diferenças eram pequenas, mas, à medida em que esses laços foram enfraquecendo, até se romperem completamente, tais diferenças se acentuaram. Geralmente, as populações submetidas desejavam elevar-se culturalmente adotando o latim, coisa que ocorre sempre que dois povos entram em contato: prevalece linguisticamente aquele que possui maior prestígio cultural. Dessa IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br forma Roma conseguiu fazer prevalecer o latim sobre o etrusco, o osco e o umbro, mas não sobre o grego, cujo prestígio cultural era maior. As populações submetidas e as federadas, antes de perder sua língua em favor do latim, atravessaram um período mais ou menos longo de bilinguismo; de fato, algumas das línguas pré-romanas tiveram, no território romanizado, considerável vitalidade durante muito tempo. E essas línguas originárias deram uma cor específica a cada língua neolatina (ou românica) surgente, permanecendo presentes em topônimos dessas regiões até hoje. Após a sua transformação nas línguas românicas, o latim continuou a fornecer um repertório de termos para muitos campos semânticos, especialmente culturais e técnicos, em uma ampla variedade de línguas. CARACTERÍSTICAS O latim é uma língua flexiva. No caso dos substantivos e adjetivos a flexão é denominada declinação; no caso dos verbos, conjugação. No latim clássico cada substantivo ou adjetivo pode tomar seis formas ou casos: Caso nominativo (sujeito e predicativo do sujeito) Caso vocativo (vocativo) Caso acusativo (objeto direto) Caso dativo (objeto indireto) Caso genitivo (indicando posse ou especificação) Caso ablativo (complementos circunstanciais) Também existem resquícios de um sétimo caso de origem indo-europeia, o locativo, que indica localização (por exemplo: domī, "em casa"), no entanto, este é limitado a palavras específicas. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Outra característica distintiva do latim é o uso de formas simples para expressar a voz passiva dos verbos, além de uma forma verbo-nominal muito frequente chamada de supino. Ambas formas se perderam nas línguas românicas. ORTOGRAFIA Os romanos usavam o alfabeto latino, derivado do alfabeto itálico antigo, o qual por sua vez advinha do alfabeto grego. O alfabeto latino sobrevive atualmente como sistema de escrita das línguas românicas (como o português), célticas, germânicas (inclusive o inglês) e muitas outras. Os antigos romanos não usavam pontuação, macros (mas empregavam ápices para distinguir entre vogais longas e breves), nem as letras “j” e “u”, letras minúsculas (embora usassem uma forma de escrita cursiva) ou espaço entre palavras (mas por vezes empregavam-se pontos entre palavras para evitar confusões). Assim, um romano escreveria a frase "Lamentai, ó Vênus e cupidos" da seguinte maneira: LVGETEOVENERESCVPIDINESQVE Esta frase seria escrita numa edição moderna como: Lugete, O Veneres Cupidinesque Ou, com macros: Lūgēte, Ō Venerēs Cupīdinēsque A escrita cursiva romana é encontrada nos diversos tabletes de cera escavados em sítios como fortes, como por exemplo, os descobertos em Vindolanda, na Muralha de Adriano, na Grã-Bretanha. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br PRONÚNCIA A chamada pronúncia reconstituída ou restaurada baseia-se em pesquisas recentes sobre os mais prováveis sons que os romanos antigos atribuíam a cada letra e, embora não haja uniformidade de opiniões em alguns pontos, vem sendo adotada em escolas de todo o mundo. Há dois outros tipos de pronúncia: a pronúncia tradicional lusórona, também a mais usada em fórmulas jurídicas, e a pronúncia adotada pela Igreja Católica (latim eclesiástico). Quanto à ortografia, não há diferenças. A seguir, as principais características da pronúncia restaurada (entre parênteses as pronúncias e a marcação do acento tônico): 1. æ e œ, ditongos, são pronunciados ái e ói: nautae (náutai) 2. c soa sempre como k: Cicero (Kíkero), cetera (kétera) 3. ch soa também como k: pulcher (púlker) 4. g sempre como gue ou gui: ângelus (ánguelus) 5. h é levemente aspirado, quase como o h do inglês 6. j soa sempre como i; v sempre como u: vita (uíta), observando que as letras u e i só aparecem no alfabeto latino por volta do século XVI 7. m e n nunca são nasais: campus (ká-m-pus, e não kãpus) 8. r nunca como rr: Roma (róma, com o r pronunciado como em 'barato') 9. s sempre como ss: rosa (róssa) 10. u do grupo qu é sempre pronunciado: qui, quem (kuí, kuém) 11. x como ks: maximus (máksimus) 12. z como dz: Zeus (dzeus) 13. as letras restantes (a, b, d, e, f, i, l, o, p, t, y) são pronunciadas como em português. 14. letras dobradas como ll, tt, mm, etc., devem ser pronunciadas separadamente, pois há diferentes significados envolvidos: com e comma, por exemplo IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Acentuação tônica Os romanos antigos faziam distinção entre vogais breves e vogais longas, estas últimas com o dobro de duração das primeiras e, para efeitos de acentuação tônica, usavam a regra da penúltima, segundo a qual o critério de acentuação tônica é a duração (longa ou breve) da penúltima vogal: se a penúltima vogal é longa, ela recebe o acento; se é curta, o acento recua para a antepenúltima vogal. Existem ainda alguns aspectos a notar, como, por exemplo: 1) vogal seguida de outra vogal é geralmente breve: filius (pronuncia-se 'fílius': o i antes do u é breve e, portanto, o acento recua); 2) vogal seguida de duas consoantes é geralmente longa: puella (o e vem antes de duas consoantes e, portanto, é longo e acentuado). 3) em latim não existem palavrascom acento na última sílaba (oxítonas) Todas as vogais de uma palavra têm sua duração bem definida e dessa duração depende a compreensão dos ritmos da poesia latina. Gramática O latim não possui artigos. Os substantivos têm dois números (singular e plural) e seis casos (nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo e ablativo). Organizam-se em cinco declinações, que se distinguem pela terminação da forma de genitivo singular: 1ª: -ae, 2ª: -i, 3ª: -is, 4ª: -us e 5ª: -ei. Nem sempre a forma de nominativo correspondente é determinável a partir da forma de genitivo. Por exemplo, nominativo uerbum, genitivo uerbi ("palavra"); mas nominativo puer, genitivo pueri (menino). Assim, para se saber declinar um nome em todas as suas formas, é preciso saber a forma de nominativo e a de genitivo; tipicamente os dicionários fornecem ambas: uerbum, uerbi e puer, pueri. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Há três gêneros gramaticais: masculino, feminino e neutro. O gênero de um nome depende em certa medida da declinação que o nome segue, mas a associação não é completamente rígida. Os nomes da primeira declinação são quase todos femininos (p. ex., rosa, rosae "rosa"), mas os que têm referentes humanos geralmente respeitam o gênero natural e por isso alguns são masculinos (p. ex., nauta, nauta "marinheiro"). Os nomes da segunda declinação cujo nominativo singular termina em –um são todos neutros. Os restantes nomes desta declinação (com nominativo em –us or -r, como dominus, domi "senhor", ager, agri "campo", uir, uiri homem) são quase todos masculinos, mas há muitos nomes de árvores em -us, -i e estes são todos femininos: ficus, fici "figueira". Nas restantes declinações o gênero é mais arbitrário. O adjetivo concorda com o nome que modifica ou de que é predicado em número, gênero e caso. A numeração é: unus/una/unum, duo/duae/duo, tres/tria, quattuor, quinque, sex, septem, octo, novem, decem; 11 undecim, 12 duodecim, 13 tredecim, 20 viginti, 30 triginta, 100 centum. Os verbos flexionam em pessoa, número, tempo, modo, aspeto e voz. Cada verbo pertence a uma de quatro conjugações, que se distinguem, por exemplo, pela forma de infinitivo presente ativo: 1ª: -are, 2ª: -ēre, 3ª: -ěre, 4ª: -ire. O lema de um verbo latino (isto é a forma de dicionário) não é, contudo, uma forma de infinitivo, mas sim a forma de primeira pessoa singular do presente do indicativo ativo: p.ex., o verbo sum ("sou"), não esse ("ser"). O latim possui muito poucos nomes e verbos com flexão verdadeiramente irregular, mas contém muitíssimos verbos cujas formas se baseiam em radicais diferentes e que não são previsíveis entre si. Por exemplo, o verbo cano ("cantar"), tem formas como cano ("canto", radical can-), cecini ("cantei", radical cecin-) e cantum ("para cantar", radical cant-). O pronome interrogativo é quis (masculino e feminino) "quem?", quid "quê?". Quis possui formas plurais qui/quae/qua. Os demonstrativos são is/ea/id, IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br hic/haec/hoc, "este/esta/isto", iste, ista, istud "esse, essa, isso", ille/illa/illud "aquele/aquela/aquilo". Os pronomes pessoais são: singular ego "eu", tu "tu"; plural nos "nós", uos "vós". Para a terceira pessoa podem usar-se demonstrativos ou, sobretudo, sujeitos nulos. A ordem canônica do latim clássico é SOV, mas é uma língua não configuracional: a ordem das palavras não está diretamente ligada a funções gramaticais, pois a flexão em caso é muitas vezes suficiente para determinar estas funções. Por exemplo, as seguintes frases latinas significam todas "Marco ama Cornélia", uma vez que a forma Marcus é nominativa e a forma Corneliam é acusativa: Marcus Corneliam amat Marcus amat Corneliam Amat Marcus Corneliam Amat Corneliam Marcus Corneliam Marcus amat Corneliam amat Marcus A frase "Cornélia ama Marco" seria Cornelia Marcum amat. Casos no Latim Nominativo Sujeito Predicativo do sujeito -a no singular Ex: "Bona discipula sum" ("Boa discípula sou", ou, "[Eu] sou [uma] boa discípula") -ae no plural Ex: "Ideo servae sedulae sunt" ("Por isso, escravas aplicadas são", ou, "Por isso, [as] escravas são aplicadas") IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Acusativo Objeto direto -am no singular Ex.: Staphyla Phaedram amat. "Estáfila ama Fedra" -as no plural Ex.: Staphyla Phaedras amat. "Estáfila ama as Fedras". Genitivo Adjunto adnominal (indicando posse) Ex.: Amica Staphylae etiam serva est. "A amiga de Estáfila ainda é escrava" Dativo Objeto indireto Ex.: Phaedra servae rosam dat. "Fedra dá a rosa à escrava" Ablativo Adjunto adverbial Ex.: Cum amica ambulat. "Anda com a amiga" Agente da Passiva Ex.: Filius amatur a matre. "O filho é amado pela mãe" Vocativo Vocativo, como em português Ex.: Domine, cur laudas discipulas? "Senhor, por que louvas as alunas?" IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Casos e complementos Em português, diferenciamos os complementos verbais por posição e por preposições. Em orações afirmativas, por exemplo, o sujeito vem tipicamente antes do verbo e os outros complementos vêm tipicamente depois do verbo. Abaixo temos os sujeitos em negrito e os outros complementos com a primeira letra em negrito. Pedro ama Fabíola. Fabíola ama Pedro. Pedro adora chocolate. Pedro gosta muito de chocolate. Em latim, contudo, além da posição relativa dos complementos e das preposições, também se diferenciavam os complementos verbais pela escolha das terminações dos nomes. Sujeitos Os sujeitos, no latim, ocorrem tipicamente no caso nominativo e "denotativo" Oc.: hic homō ex amōre insānit (esse homem enlouqueceu por amor) Podem também ocorrer no caso acusativo quando uma oração complementar representa o que alguém imagina, deseja, percebe ou diz. Ex.: ego hunc hominem ex amōre insānīre cupiō (quero que esse homem enlouqueça por amor) Outros Complementos Aquilo que se faz, imagina, deseja, percebe ou se diz ocorre tipicamente no caso acusativo. Oc.: sed eccum lēnōnem videō IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Aquilo com que se atinge ou que se dá a alguém ocorre tipicamente no caso acusativo. Oc.: […], ut ego hunc lēnōnem perdam Alguém a quem se dá ou se diz algo ocorre tipicamente no caso dativo. Oc.: tuos servos aurum ipsī lēnōnī dabit Oc.: haec verba lēnōnī dīcī Alguém a quem algo pertence também ocorre tipicamente no caso dativo. Oc.: servos est huic lēnōnī Surus Aquilo que se usa ocorre no caso ablativo. Oc.: ego rectē meīs auribus ūtor Conjugação verbal Tempo Presente: descreve ações no presente. Ex.: Lucius amphoram domum portat Imperfeito: descreve ações contínuas no passado. Ex.: Lucius ibi ambulabat Futuro: descreve ações futuras. Ex.: Lucius uinum bibet Perfeito simples: descreve ações no pretérito. Ex.: Lucius mane surrexit Mais que perfeito: descreve ações no pretérito mais-que-perfeito. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Ex.: Lucius totam noctem peruigilauerat Futuro perfeito: descreve ações planejadas antes de ocorrerem. Modo Indicativo Infinitivo Imperativo Subjuntivo Pessoa 1ª do singular: Ego 2ª do singular: Tu 3ª do singular: Is / Ea / Id 1ª do plural: Nos 2ª do plural: Vos 3ª do plural: Ei / Eae / Ea (Em latim, não existem pronomes do caso reto para a 3ª pessoa do singular: faz- se o uso de pronomes demonstrativos para indicar essa ausência). Numerais Os numerais latinos podem ser Cardinais, Ordinais, Multiplicativos e Distributivos. Cardinais Os três primeiros cardinais declinam nos 3 gêneros (M, F, N), no singular / plural e nos 5 casos (Nom., Acu., Gen., Dat., Abl.). O cardinal 3 utiliza a mesma forma para os gêneros M e F. Os demais cardinais até 100 não declinam. Os cardinais são: IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br primeira dezena: unus, duo, tres, (esses aqui Nom. Sing. Masc.), quattuor, quinque, sex, septem, octo, nouem, decem; de 11 a 17 são formados por unidade + decim (dez): undecim, duodecim, tredecim, quattuordecim, quinquedecim, sedecim, septendecim; 18 e 19 são formados pelo que falta para "viginte" (vinte): duodeviginte e undeviginte; 20, 30, 40, etc. até 100 (dezenas): viginte, triginta, quadraginta, quinquaginta, sexaginta, septuaginta, octaginta, nonaginta, centum; dezenas + unidades: dezena + 1 a 7; ex.: 21 a 27 – viginte unus até viginte septum; dezena + 8 e 9; ex.: 28 e 29 – similar a 18 e 19 – duodetriginta, unodetriginta; Nota – isso vale até 99; centenas – só existem no plural e declinam: ducenti, trecenti… até sexcenti, septigenti, octagenti, nongenti; milhares: mille, duo milia, tria milia … viginte milia … centi milia, etc; Ordinais Os ordinais indicam em latim, além da sequência, as frações. São declináveis como adjetivos da primeira classe. Apresentam as formas como segue: primus, secundus, tertius, quartus, quintus, sextus, septimus, octavus, nonus, decimus. undecimus, duodecimus; de 13 a 19 temos: tertius decimus, quartus decimus, etc… até nonus decimus; dezenas: vicesimus, trigesimus, quadragesimus, etc… até nonagesimus; centenas: centesimus, ducentesimus, tricentesimus, etc. Multiplicativos Os adjetivos declinam conforme adjetivos de segunda classe e são: simplex, duplex, triplex, etc. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Os advérbios (uma vez, duas vezes, etc.) não tem declinação e são: semer, bis, ter, quater, etc. Distributivos São também declináveis, indicam "de um em um", "de dois em dois" e assim por diante. Apresentam a forma: singuli, bini, terni, quaterni, etc. até nuoeni, deni; dezenas: viceni, triceni, etc. Legado A expansão do Império Romano espalhou o latim por toda a Europa e o latim vulgar terminou por dialetar-se, com base no lugar em que se encontrava o falante. O latim vulgar evoluiu gradualmente de modo a tornar-se cada uma das distintas línguas românicas, um processo que continuou pelo menos até o século IX. Tais idiomas mantiveram-se por muitos séculos como línguas orais, apenas, pois o latim ainda era usado para escrever. Por exemplo, o latim foi a língua oficial de Portugal até 1296, quando foi substituído pelo português. Estas línguas derivadas, como o italiano, o francês, o espanhol, o português, o catalão e o romeno, floresceram e afastaram-se umas das outras com o tempo. Dentre as línguas românicas, o italiano é a que mais conserva o latim em seu léxico, enquanto que o sardo é o que mais preserva a fonologia latina. Algumas das diferenças entre o latim clássico e as línguas românicas têm sido estudadas na tentativa de se reconstruir o latim vulgar. Por exemplo, as línguas românicas apresentam um acento tônico distinto em certas sílabas, ao qual o latim acrescentava uma quantidade vocálica distinta. O italiano e o sardo logudorês possuem, além do acento tônico, uma ênfase consonantal distinta; o espanhol e o português, apenas o acento tônico; e no francês, a quantidade vocálica e o acento tônico já não são distintos. Outra grande diferença entre as línguas românicas e o latim é que as primeiras, com exceção do romeno, perderam os seus casos gramaticais para a maioria das palavras, afora alguns pronomes. A língua romena possui um caso direto (nominativo/acusativo), um IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br indireto (dativo/genitivo), um vocativo e é o único idioma que preservou do latim o gênero neutro e parte da declinação. Embora não seja uma língua românica, o inglês sofreu forte influência do latim. Sessenta por cento do seu vocabulário são de origem latina, em geral por intermédio do francês. O mesmo ocorreu com o maltês, uma língua semítica falada na República de Malta, na costa sul da Itália, que fora influenciado por 50% de palavras italianas e sicilianas e, em menor grau, pelo francês em seu léxico, e que mais recentemente fora influenciado pelo inglês em 20% de seu léxico. Também herdou o alfabeto latino, sendo a única língua semítica a ser escrita neste alfabeto. Ademais do português, outras línguas românicas surgidas a partir do latim incluem o espanhol, o francês, o sardo, o italiano, o romeno, o galego, o occitano, o rético, o catalão e o dalmático - este, já extinto. As áreas onde as línguas românicas extintas eram faladas são denominadas Romania submersa. Como o contato com o latim escrito se manteve ao longo dos tempos, mesmo muito depois de o latim deixar de ter falantes nativos, muitas palavras latinas foram sendo introduzidas em muitas línguas. Este fenômeno acentuou-se desde o Renascimento, altura em que a cultura clássica foi revalorizada. Sobretudo o inglês e as línguas românicas receberam (e continuam a receber) muitas palavras de origem latina, mas bastantes outras línguas também o fizeram. Em especial, muitos novos termos dos domínios técnicos e científicos têm na sua base palavras latinas. USO ATUAL O latim vive sob a forma do latim eclesiástico usado para éditos e bulas emitidos pela Igreja Católica, e sob a forma de uma pequena quantidade esparsa de artigos científicos ou sociais escritos utilizando a língua, bem como em inúmeros clubes latinos. O vocabulário latino é usado na ciência, na universidade e no IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br direito. O latim clássico é ensinado em muitas escolas, muitas vezes combinado com o grego, no estudo de clássicos, emborao seu papel tenha diminuído desde o início do século XX. O alfabeto latino, juntamente com suas variantes modernas, como os alfabetos inglês, espanhol, francês, português e alemão, é o alfabeto mais utilizado no mundo. Terminologia decorrente de palavras e conceitos em latim é amplamente utilizada, entre outros domínios, na filosofia, medicina, biologia e direito, em termos e abreviações como subpoena duces tecum, lato sensu, etc., i.e., q.i.d. (quater in die: "quatro vezes por dia") e inter alia (entre outras coisas). Estes termos em latim são utilizados isoladamente, como termos técnicos. Em nomes científicos para organismos, o latim é geralmente o idioma preferido, seguido pelo grego. A maior organização que ainda usa o latim em contextos oficiais e semioficiais é a Igreja Católica (principalmente na Igreja Católica de Rito Latino). A Missa tridentina usa o latim, apesar do rito romano costumar utilizar o vernáculo local; no entanto, pode ser e muitas vezes é rezado em latim, particularmente no Vaticano. Na verdade, o latim ainda é a língua padrão oficial do rito romano da Igreja Católica e o Concílio Vaticano II apenas autorizou que os livros litúrgicos fossem traduzidos e, opcionalmente, usados nas línguas vernáculas. O latim é a língua oficial da Santa Sé e do Vaticano. A Cidade do Vaticano é também onde está instalado o único caixa eletrônico onde as instruções são dadas em latim. Nos casos em que é importante empregar uma língua neutra, como em nomes científicos de organismos, costuma-se usar o latim. Alguns filmes, como A Paixão de Cristo, apresentam diálogos em latim. A música 'Nirvana' do Grupo El Bosco é cantada, parte em latim, e em seguida em inglês. Muitas instituições ainda hoje ostentam lemas em latim, a exemplo do estado brasileiro de Minas Gerais (libertas quæ sera tamen). IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br História da Língua Portuguesa O português desenvolveu-se na parte ocidental da Península Ibérica do latim falado trazido pelos soldados romanos desde o século III a.C. A língua começou a diferenciar-se das outras línguas românicas depois da queda do Império Romano e das invasões bárbaras no século V. Começou a ser usada em documentos escritos cerca do século IX, e no século XV já se tinha tornado uma língua com uma literatura rica. Colonização romana Em 218 C., os romanos conquistaram a parte ocidental da Península Ibérica, composta principalmente pelas províncias romanas de Lusitânia e Galécia (atualmente, essa região compreende as regiões centro-sul de Portugal e a recentemente constituída euro-região Galiza-Norte de Portugal). Trouxeram com eles uma versão popular do Latim, o Latim Vulgar, do qual se acredita que todas as línguas latinas descendam e que contribuiu com cerca de 90% do léxico do português. Embora a população da Península Ibérica tenha se estabelecido muito antes da colonização romana, poucos traços das línguas nativas persistiram no português moderno. Os únicos vestígios das línguas anteriores permanecem numa parte reduzida do léxico e na toponímia da Galiza e Portugal. Invasões bárbaras Entre 409 A.D. e 711, enquanto o Império Romano entrava em colapso, a Península Ibérica foi invadida por povos de origem germânica, conhecidos pelos romanos como bárbaros. Estes bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram rapidamente a cultura e língua romanas da península; contudo, e como as escolas romanas foram encerradas, o latim foi libertado para começar a evoluir sozinho. Porque cada tribo bárbara falava latim de maneira diferente, a uniformidade da península rompeu-se, levando à formação de línguas bem diferentes (galaico-português ou português medieval, espanhol e IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br catalão). Acredita-se, em particular, que os suevos sejam responsáveis pela diferenciação linguística dos portugueses e galegos quando comparados com os castelhanos. É, ainda, na época do reino Suevo que se configuram os dias da semana proibindo-se os nomes romanos. As línguas germânicas influenciaram particularmente o português em palavras ligadas à guerra e violência, tais como "Guerra". As invasões deram-se em duas ondas principais. A primeira com penetração dos chamados bárbaros e a assimilação cultural Romana. Os "bárbaros" tiveram uma certa "receptividade" a ponto de receber pequenas áreas de terra. Com o passar do tempo, seus costumes, língua, etc. foram se perdendo, mesmo porque não havia uma renovação do contingente de pessoas e o seu grupo era reduzido. Uma segunda leva foi mais vagarosa, não teve os mesmos benefícios dos ganhos de terra e teve seu contingente de pessoas aumentado devido a proximidade das terras ocupadas com as fronteiras internas do Império Romano. Invasão dos mouros Desde 711, com a invasão dos mouros na península, o árabe foi adaptado como língua administrativa nas regiões conquistadas. Contudo, a população continuou a falar latim vulgar; logo que os mouros foram expulsos, a influência exercida na língua foi pequena. O seu efeito principal está no léxico: o português moderno ainda tem um grande número de palavras de origem árabe, especialmente relacionadas com comida e agricultura, o que não tem equivalente noutras línguas latinas. A influência árabe é também visível nos nomes de locais no sul do país, tais como "Algarve" e "Alcácer do Sal". As palavras portuguesas que comecem por al- são de origem arabe. O despertar da Língua Portuguesa Já em época romana existiram duas províncias diferenciadas no que seriam os territórios em que se formou a língua portuguesa, a antiga província romana da Lusitânia e a província da Galécia a norte. A língua portuguesa desenvolveu-se IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br principalmente no norte de Portugal e na Galiza, nos condados lucense, asturicense e bracarense da província romana da Galécia coincidentes com o território político do Reino Suevo, e só posteriormente, com a invasão da Reconquista e que foi avançando pelo que atualmente é o centro-sul de Portugal. Porém, a configuração atual da língua foi largamente influenciada por dialetos moçárabes falados no sul, na Lusitânia. Por bastante tempo, o dialeto latino dessa província romana e depois do Reino Suevo desenvolveu-se apenas como uma língua falada, ficando o latim reservado para a língua escrita. Os registos mais antigos de uma língua portuguesa distinta aparecem em documentos administrativos do século IX, mas com muitas frases em latim à mistura. O vernáculo escrito passou gradualmente para uso geral nos séculos seguintes. Portugal tornou-se um país independente em 1143, com o rei D. Afonso I. A separação política entre Portugal e Galiza e Castela (mais tarde, Espanha) permitiu que os dois países desenvolvessem os seus latins vernáculos em direções opostas. Em 1290, o rei D. Dinis criava a primeira universidade portuguesa em Lisboa (o Estudo Geral) e decretou que o português, que então era chamado de "Língua vulgar" ou "Latim Vulgar" fosse usado em vez do Latim Clássico e conhecido como "Língua Portuguesa".Em 1296, o português é adotado pela Chancelaria Real. Usado agora não só em poesia, mas também quando escrevendo leis e nos notários. Até 1350, a língua Galaico-Portuguesa permaneceu apenas como língua nativa da Galiza e Portugal; mas pelo século XIV, o Português tornou-se uma língua madura com uma tradição literária riquíssima, e também foi adotado por muitos poetas Leoneses, Castelhanos, Aragoneses e Catalães. Durante essa época, a língua na Galiza começou a ser influenciada pelo Castelhano (basicamente o Espanhol moderno) e também se iniciou a introdução do espanhol como única forma de língua culta. Em Portugal a variante centro-meridional iniciou o caminho da modernização da língua tornando-se progressivamente por sua vez a variante de língua culta do País. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Os descobrimentos portugueses Entre os séculos XIV e XVI, com os descobrimentos portugueses, a língua portuguesa espalhou-se por muitas regiões da Ásia, África e América. Pelo século XVI tornou-se uma "Língua Franca" na Ásia e África, usada não só pela administração colonial e comércio, mas também para comunicação entre os oficiais locais e os europeus de todas as nacionalidades. No Ceilão (atual Sri Lanka) vários reis se tornaram falantes de português fluente, e os nobres normalmente adquiriram nomes portugueses. O alastramento da língua foi ajudado por casamentos mistos entre portugueses e as gentes locais (algo muito comum também noutras zonas do mundo), e a sua associação com os esforços missionários católicos que levaram a que a língua fosse chamada de "Cristão" em muitos locais. A língua continuou popular mesmo com várias medidas contra ela levadas a cabo pelos holandeses no Ceilão e Indonésia. Algumas comunidades cristãs falantes de português na Índia, Sri Lanka, Malásia e Indónesia preservaram as suas línguas mesmo depois de se isolarem de Portugal, e desenvolveram-se pelos séculos em vários Crioulos portugueses. Também, muitas palavras portuguesas entraram no léxico de muitas outras línguas, tais como "sepatu" que vem de "sapato" em Indonésio, "keju" que significa "queijo" em Malaio e "meza" (de "mesa") em Swahili. A renascença Com a Renascença, aumenta o número de palavras eruditas com origem no latim clássico e no grego arcaico, o que aumenta a complexidade do português. O fim do "português arcaico" é marcado com a publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516. Mas, formas similares ao português arcaico são ainda faladas por muitas populações em São Tomé e Príncipe e no Brasil e Portugal rural. IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Substrato; Estrato; Superstrato; Adstrato As línguas não evoluem sozinhas: elas coexistem com outras línguas, sobrepõem-se a outras quando "invadem uma nova região" ou são elas próprias "invadidas"; por vezes quase apagam os vestígios de outras línguas ou são elas próprias esquecidas. Estes diversos graus de convivência entre línguas podem ser observados em pelo menos, dois planos: vocabulário novo e tendências evolutivas. No primeiro caso, o que obviamente acontece é a adoção de palavras estrangeiras, que são devidamente adaptadas à língua; no segundo, surgem ou acentuam-se tendências evolutivas a nível fonético e morfossintático. Estas influências são devidamente identificadas como estratos, existindo diversos tipos de estratos: Substrato - As línguas que precederam e influenciaram uma língua base que evoluiu para a Língua Y. Estrato - A Língua Y na sua primeira fase, ainda primitiva, após se ter diferenciado (através da evolução) da língua base. Superstrato - Depois da Língua Y se ter afirmado (como estrato), surgem influências de novas línguas que não conseguem suplantá-la. Adstrato - Quando a Língua Y convive com uma ou mais línguas sem que nenhuma delas perca a sua individualidade, antes influenciando-se mutuamente. Porém, nem todas as línguas apresentam estes estratos de modo óbvio - o estrato pode ser de formação tão antiga que não existam quaisquer registros anteriores, apenas algumas "pistas" no vocabulário ou certas tendências evolutivas. Ou, então, uma língua pode ter evoluído no mais completo isolamento (sendo, por isso, muito conservadora). Evolução Semântica e Fonética A etimologia é o estudo da origem das palavras, assim como da sua evolução. A palavra original a partir da qual derivam as atuais é chamada de étimo. Esta evolução pode ocorrer devido à ocorrência de diversos estratos, como vimos anteriormente, ou por simples evolução fonética ao longo do tempo - o que ocorre, especialmente, no discurso popular; sendo que o discurso erudito é mais IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br conservador. A evolução linguística que ocorre no discurso popular apresenta três princípios: Princípio do menor esforço: os sons que são mais difíceis de dizer são simplificados. Princípio da evolução lenta: os sons alteram-se muito lentamente através dos séculos. Princípio da inconsciência: a lenta evolução, ao longo dos séculos, não é notada pelas populações. Mas a formação de vocabulário novo não passa apenas pela evolução fonética do vocabulário já existente. Muitas palavras surgem por meio da evolução da palavra (evolução morfológica) propriamente dita, quer seja por derivação (ao adicionarem-se afixos) ou composição (unindo-se palavras). Por último, o vocabulário de uma língua pode ainda sofrer uma evolução semântica, ou seja, com a passagem do tempo, o significado de uma palavra altera-se para outro: em latim, "ministrum" referia-se ao escravo, aquele que serve o seu amo; enquanto que em português, um "ministro" é aquele que governa, servindo o seu país. Todas estas evoluções podem ocorrer por três vias: a popular, a erudita e a semiculta. A via popular é aquela cuja evolução é marcada pelo uso das palavras no dia a dia das populações mais baixas (que dizem respeito à maior parte da população total de falantes de uma língua) - é também aquela que admite mais hipóteses de influências externas (dos diversos estratos). As palavras mais antigas evoluíram, muitas vezes, pela via popular. Por seu lado, a via erudita diz respeito a palavras que evoluem a partir da adição consciente de uma palavra estrangeira, por esta ser considerada mais culta. Quando a língua culta em questão é aquela que serviu de base à língua atual, a palavra não é introduzida pela primeira vez - resultando numa evolução diferente. Vejamos um exemplo: PLAGA (lat) > chaga - Via Popular PLAGA (lat) > plaga - Via Erudita IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br A terceira via, a semiculta, diz respeito às palavras eruditas que, em seguida, foram utilizadas pelo povo levando a novas evoluções: PLAGA (lat) > praga - Via Semiculta Analisando o exemplo dado, vemos que a palavra latina "plaga" deu origem a três palavras diferentes: "chaga", "plaga" e "praga". Chama-se de vocábulos divergentes às palavras com este tipo de evolução (duasou mais palavras com origem no mesmo étimo). O contrário, ou seja, quando duas (ou mais) palavras homônimas têm étimos diferentes, são chamadas de vocábulos convergentes. SUNT (lat) > são (verbo) SANU (lat) > são (saudável) FENÔMENOS FONÉTICOS Existem vários fenômenos fonéticos que se agrupam de acordo com o modo como ocorrem: Processos de Queda, Supressão ou Elisão - Quando um som desaparece. Processos de Adição - Quando é acrescentado um som. Processos de Alteração - Quando um som se modifica por influência de outros sons. Processos de Analogia e Etimologia Popular - Quando os sons de uma palavra se modificam por semelhança com os sons de outras palavras. Queda Aférese Quando um som é suprimido no início da palavra. acume > gume Síncope Quando um som é suprimido no interior da palavra. bonitate > bondade IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Apócope Quando um som é suprimido no final da palavra. Maré > mar Adição Prótese Quando se acrescenta um som no início da palavra. thunu > atum Epêntese Quando se acrescenta um som no interior da palavra. sinu > seo > seio humile > humilde Paragoge Quando se acrescenta um som no final da palavra. ante > antes Alteração Assimilação Completa Quando sons próximos tornam-se iguais. Regina > rainha persicu > pêssego – assimilação regressiva nostru > nosso – assimilação progressiva Assimilação Incompleta Quando sons próximos se tornam semelhantes. chamam-lo > chamam-no Dissimilação Quando um som desaparece ou modifica-se para evitar que surjam sons iguais ou semelhantes (próximos ou não) numa palavra. lilio > lírio anima > alma Palatalização IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Quando um som (ou grupo de sons) se transformam em sons palatais. clamare > chamar flama > chama planu > chão oculu > oclu > olho filiu > filho venio > venho hodie > hoje Nasalação Quando uma vogal se torna nasal devido a um outro som nasal. manu > mão Desnasalação Quando uma vogal perde a sua nasalação. cena > ca > ceia Vocalização Quando uma consoante se torna uma vogal. absente > ausente octo > oito multo > muito Fricatização Quando uma semivogal passa a uma consoante fricativa. iam > já nouu > novo Sonorização ou Abrandamento Quando as consoantes surdas, por se encontrarem rodeadas de vogais, se transformam em consoantes sonoras. acetu > azedo napu > nabo ciconia > cegonha Nasalação IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br Quando uma vogal se torna nasal devido a um outro som nasal. manu > mão Metátese Quando um som muda de posição numa palavra ou numa sílaba. Semper > sempre Crase (contração) Quando duas vogais passam a uma vogal. dolore > door > dor Sinérese (contração) Quando duas vogais se transformam num ditongo. malu > mau IECEF – Instituto Fayol Uma forma diferente de aprender Av. Paulista 1765 – 7º Andar, Bela Vista, São Paulo / SP - CEP 01311-200 www.iecef.com.br / (11) 950237402 / contato@iecef.com.br BIBLIOGRAFIA A origem do latim. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Latim&printable=yes. Acesso em 27 de março de 2017. A história da língua latina. Disponível em: http://www.infoescola.com/linguistica/historia-da-lingua-latina/. Acesso em 27 de março de 2017. A língua latina. Disponível em: http://www.novaroma.org/nr/PT:L%C3%ADngua_latina. Acesso em 27 de março de 2017. História da Língua Portuguesa. Disponível em: http://profpaulo.weebly.com/histoacuteria-da-liacutengua-portuguesa.html. Acesso em 27 de março de 2017.
Compartilhar