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Apostila III - Neuroanatomia (2)

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NEUROANATOMIA 
 HUMANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Homem de Vitruvius (1492) 
Leonardo da Vinci 
Galeria da Academia (Veneza) 
Atualizado com Base na Terminologia Anatômica Internacional – 2001
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORAÇÃO AO CADÁVER DESCONHECIDOORAÇÃO AO CADÁVER DESCONHECIDOORAÇÃO AO CADÁVER DESCONHECIDOORAÇÃO AO CADÁVER DESCONHECIDO 
 
"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo 
nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu 
e sonhou os mesmo sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros 
que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma 
lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder 
e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente" 
 
Karel Rokitansky (1876) 
Ao cadáver, respeito e agradecimento 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 3 
 
SUMÁRIO 
 
1. Estrutura e Função da Cabeça.................................................04 
2. Embriologia e Organização Geral do Sistema Nervoso...........17 
3. Histologia do Sistema Nervoso.................................................24 
4. Introdução à Neurofisiologia....................................................31 
5. Anatomia Macroscópica da Medula Espinhal.........................33 
6. Anatomia Macroscópica do Tronco Encefálico.......................41 
7. Anatomia Macroscópica do Cerebelo.......................................45 
8. Anatomia Macroscópica do Diencéfalo...................................50 
9. Anatomia Macroscópica do Telencéfalo..................................55 
10. Ventrículos Encefálicos.........................................................61 
11. Meninges e Líquor.................................................................64 
12. Referências Bibliográficas......................................................72 
.
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 4 
1. ESTRUTURA E FUNÇÃO DA CABEÇA 
 
1.1 GENERALIDADES 
A cabeça é formada por 29 ossos, 11 dos quais são pares. Esta forma: 
- Uma caixa para o encéfalo; 
- Cavidades para os órgãos da sensibilidade especial (visão, audição, equilíbrio, olfato e 
gustação); 
- Aberturas para a passagem de ar e alimento; 
- Os dentes para a mastigação. 
 
1.2 DISTRIBUIÇÃO DOS OSSOS DA CABEÇA 
 
Ossos que Formam a Abóbada Craniana (Calvária) 
- Frontal 
- Parietais 
- Occipital 
Figura 1.1 – Vista Superior da Calvária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 5 
Ossos que Formam a Base da Cavidade Craniana 
- Frontal 
- Etmóide 
- Esfenóide 
- Occipital 
- Temporais 
 
Figura 1.2 - Secção Transversal do Crânio – Vista Superior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 6 
Figura 1.3 - Secção Sagital do Crânio – Vista Lateral Esquerda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
Esqueleto da Face 
- Mandíbula 
- Maxilas 
- Zigomáticos 
- Nasais 
- Lacrimais 
- Palatinos 
- Conchas Nasais Inferiores 
- Vômer 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 7 
Figura 1.4 – Vista Anterior do Crânio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.5 – Vista Lateral do Crânio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003. 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 8 
Ossos que Formam a Cavidade do Nariz 
- Etmóide 
- Vômer 
- Conchas nasais inferiores 
- Maxilas 
Figura 1.6 - Secção Sagital do Crânio em Vista Lateral Esquerda 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
Ossos que formam o Palato Ósseo 
- Maxilas 
- Palatinos 
 
 
 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 9 
Figura 1.7 – Vista Póstero-Inferior do Crânio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003. 
 
Figura 1.8 - Vista Inferior do Crânio Após a Retirada da Mandíbula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003. 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 10 
Ossos que Formam a Órbita 
 - Teto da órbita: Frontal e Esfenóide (Asa Menor). 
 - Parte medial da órbita: Maxila, Lacrimal e Etmóide. 
 - Parede lateral da órbita: Zigomático e Esfenóide (Asa Maior). 
 - Assoalho da órbita: Maxila e Palatino. 
 
Figura 1.9 – Órbita - Vista Ântero-Lateral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: VAN DE GRAAF – Anatomia Humana, 2003. 
 
 
Ossículos da Audição 
- Martelo 
- Bigorna 
- Estribo 
 
 
 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 11 
 
Figura 1.10 - Ossículos da Audição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991. 
 
 
 
Apesar de estar situado no pescoço, o osso hióide não está não está ligado nem à 
coluna vertebral, nem à cintura escapular, além de não fazer parte do tórax. Sua única fixação 
óssea é o processo estilóide do osso temporal. Dessa forma, o osso é descrito como fazendo 
parte da cabeça. 
 
 
 
 
 
 
 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 12 
 
Figura 1.11 - Hióide 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SPENCE – Anatomia Humana Básica, 1991. 
 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 13 
1.3 ARTICULAÇÕES SINOVIAIS DA CABEÇA 
 
Articulação Têmporomandibular (ATM) 
A ATM é uma articulação sinovial do tipo condilar, constituída pelo processo condilar 
da mandíbula e a fossa mandibular do osso temporal. Um disco articular divide a cavidade 
articular em dois compartimentos, um superior e outro inferior. A cápsula articular da ATM é 
frouxa e se fixa às margens da área articular no osso temporal e em torno do colo da 
mandíbula. A parte espessa da cápsula forma o ligamento lateral (temporomandibular), que 
reforça a ATM lateralmente. Existem duas membranas sinoviais: uma reveste a cápsula fibrosa 
superiormente ao disco e a outrareveste sua porção inferior. Além do ligamento lateral, mais 
dois ligamentos unem a mandíbula ao crânio (nenhum deles acrescenta muita força à 
articulação): ligamento estilomandibular – que faz trajeto desde o processo estilóide do osso 
temporal até o angula da mandíbula, e ligamento esfenomandibular – que tem percurso desde a 
espinha do osso esfenóide até a língula da mandíbula. 
 
Figura 1.12 - Ligamentos da ATM – Vista Lateral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 14 
Os movimentos da mandíbula são: depressão, elevação (oclusão), protusão 
(protração), retrusão (retração) e movimento lateral. 
Quando a mandíbula é abaixada (deprimida) durante a abertura da boca, a sua cabeça 
e o disco articular movem-se anteriormente na face articular, até que a cabeça fique 
inferiormente ao tubérculo articular. Quando ocorre esse deslizamento para frente, a cabeça da 
mandíbula roda na face inferior do disco articular, permitindo a realização de movimentos 
simples como mastigação ou trituração de pequeno alcance. Durante a protusão e a retrusão da 
mandíbula, a cabeça e o disco articular deslizam anterior e posteriormente na face articular do 
osso temporal, com as articulações em ambos os lados se movimentando juntas. 
 
Figura 1.13 – Ação Articular da ATM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
Os movimentos da ATM resultam da ação dos músculos mastigatórios. 
Material Didático dos Professores – Márcio Oliveira – José Roberto Pimenta de Godoy 15 
ROTEIRO DE ACIDENTES ÓSSEOS DA CABEÇA 
 
1. CABEÇA 
 
CRÂNIO 
- Frontal (1) 
- Parietal (2) 
- Occipital (1) 
- Temporal (2) 
- Etmóide (1) 
- Esfenóide (1) 
 
 
FACE 
- Nasal (2) 
- Maxila (2) 
- Lacrimal (2) 
- Palatino (2) 
- Zigomático (2) 
- Concha nasal inferior (2) 
- Vômer (1) 
- Mandíbula (1) 
OSSÍCULOS DA AUDIÇÃO 
- Martelo (2) 
- Bigorna (2) 
- Estribo (2) 
 
HIÓIDE 
 
- Osso Frontal 
 - Face Externa 
 Glabela 
 Arco Superciliar 
 Margem supra-orbital 
 - Face Interna 
 Crista frontal 
 
- Osso Maxila 
 - Face Anterior 
 Margem infra-orbital 
 Espinha nasal anterior 
 Processo alveolar 
 Alvéolos dentais 
 
- Osso Mandíbula 
 - Corpo da mandíbula 
 Processo alveolar 
 Alvéolos dentais 
 16 
 Protuberância mental 
 - Ramo da mandíbula 
 Processo coronóide 
Processo condilar 
Incisura da mandíbula 
 
- Osso Esfenóide 
- Asa maior 
- Asa menor 
- Corpo 
 Sulco pré-quiasmático 
 Sela turca 
 Fossa hipofisária 
 Dorso da sela 
- Osso Etmóide 
- Lâmina crivosa 
- Crista galli 
- Lâmina perpendicular 
* Conchas nasais superior e média 
 
- Osso Temporal 
 - Parte Petrosa 
Processo mastóide 
Processo estilóide 
Meato acústico interno 
 - Parte Timpânica 
- Meato acústico externo 
 - Parte Escamosa 
 Processo zigomático 
 
- Osso Occipital 
- Forame magno 
- Côndilo occipital 
- Protuberância occipital externa 
 
 17 
2. EMBRIOLOGIA E ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO 
 
O sistema nervoso é composto basicamente de células especializadas, cuja função é 
receber os estímulos sensoriais e transmití-los para os órgãos efetores, tanto musculares, como 
glandulares. Os estímulos sensoriais que se originam no exterior ou interior do corpo (aferentes) 
são correlacionados dentro do sistema nervoso e os impulsos eferentes (de resposta) são 
coordenados, de modo que os órgãos efetores atuam harmoniosamente, em conjunto, para o 
bem-estar da pessoa. Ainda mais, o sistema nervoso das espécies superiores tem a 
capacidade de armazenar as informações sensoriais recebidas durante as experiências 
anteriores e tais informações, quando apropriadas, são integradas com outros impulsos 
nervosos e canalizadas para a via eferente comum. 
 
2.1 EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO 
 - Embriologia: É a ciência do desenvolvimento do indivíduo durante a fase embrionária e, por 
extensão, em várias ou mesmo todas as fases precedentes e subseqüentes do ciclo vital. 
O estudo do desenvolvimento do sistema nervoso permite entender muitos aspectos 
de sua anatomia. Muitos termos largamente utilizados para denominar partes do encéfalo do 
adulto baseiam-se na embriologia. 
 
Desenvolvimento Inicial 
Antes da formação do sistema nervoso no embrião, três camadas celulares principais 
se diferenciam. A camada mais interna, o endoderma, dá origem ao trato gastrointestinal, aos 
pulmões e ao fígado. O mesoderma dá origem aos músculos, tecidos conjuntivos e ao sistema 
vascular. A terceira camada e a mais externa delas, o ectoderma, dá origem ao tecido nervoso. 
Durante a terceira semana do desenvolvimento, o ectoderma na superfície dorsal do 
embrião se espessa e forma a placa neural, que passa a apresentar uma depressão em sua 
região central - o sulco neural, que se aprofunda de modo a ser limitado por pregas neurais. 
Com a continuação do desenvolvimento, as pregas neurais se fundem convertendo o sulco 
neural no tubo neural. Essa fusão se inicia aproximadamente no ponto médio, ao longo do 
sulco, e se estende cranial e caudalmente. Portanto, o fechamento do tubo neural se completa 
em 28 dias. (Figura 2.1) 
 
 
 18 
Figura 2.1 – Secção transversal da placa neural mostrando seu desenvolvimento progressivo 
para o sulco neural e depois para o tubo neural 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SPENCE, 1991. 
Durante a invaginação da placa neural, para formar o sulco neural, as células que 
formam a margem lateral da placa não são incorporadas ao tubo neural, formando uma faixa de 
células ectodérmicas que se situam entre o tubo neural e o ectoderma que as recobre. Essa 
faixa de ectoderma é designada como crista neural e, subseqüentemente, esse grupo de 
células migra no sentido ventrolateral, de cada lado, em torno do tubo neural. As células da 
crista neural diferenciam-se em células dos gânglios da raiz posterior, gânglios sensoriais dos 
nervos cranianos, gânglios autonômicos, células da medula supra-renal e melanócitos (Figura 
2.1). 
Desde o início de sua formação, o calibre do tubo neural não é uniforme. A parte 
cranial, que dá origem ao encéfalo do adulto, torna-se dilatada e constitui o encéfalo primitivo 
ou arquencéfalo; a parte caudal, que dá origem à medula espinhal do adulto, permanece com 
calibre uniforme e constitui a medula primitiva do embrião. 
As dilatações primárias e secundárias do arquencéfalo estão demonstradas nas figuras 
2 e 3 e na tabela 1: 
 19 
Figuras 2.2 e 2.3 – Divisões do encéfalo embrionário (três a quatro semanas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SPENCE, 1991. 
 20 
 
Tabela 2.1 - Subdivisões do Tubo Neural e Estruturas Derivadas 
 
 
2.2 ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA NERVOSO 
O sistema nervoso pode ser dividido levando-se em conta critérios anatômicos, 
embriológicos, funcionais e quanto à segmentação. 
 
DIVISÃO PRIMÁRIA SUBDIVISÃO ESTRUTURAS NO ENCÉFALO ADULTO 
PROSENCÉFALO 
(Encéfalo Anterior) 
Telencéfalo 
 
 
 
Diencéfalo 
Hemisférios cerebrais (cérebro), córtex 
cerebral, núcleos da base e bulbos e 
tractos olfatórios. 
 
Epitálamo, tálamo e hipotálamo. 
 
 
 
MESENCÉFALO 
(Encéfalo Médio) 
 
 
Mesencéfalo 
 
 
 
 
Corpos quadrigêmeos (colículos 
superiores e inferiores) e pedúnculos do 
cérebro. 
 
 
 
ROMBOENCÉFALO 
(Encéfalo Posterior) 
 
 
 
 
Metencéfalo 
 
MielencéfaloCerebelo e ponte. 
 
Medula oblonga (bulbo). 
 
 
 
MEDULA ESPINHAL 
 
 
 
Medula Espinhal 
 
 
 
Medula espinhal. 
 21 
Divisão com Base em Critérios Anatômicos (Figura 2.4) 
 
- Sistema Nervoso Central (SNC) Encéfalo Cérebro 
 Cerebelo 
 Tronco Encefálico Bulbo 
 Ponte 
 Mesencéfalo 
 
 Medula Espinhal 
 
 Nervos 
- Sistema Nervoso Periférico (SNP) 
 *Gânglios 
 
* Gânglios: São grupos de células nervosas associadas a nervos. 
 
Figura 2.4 – Divisão do sistema nervoso com base em critérios anatômicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000 - Adaptado 
 22 
Divisão com Base em Critérios Embriológicos 
Nesta divisão as partes do sistema nervoso central recebem o nome da vesícula 
primária que lhes deu origem (tabela 1.1). 
 
Divisão com Base em Critérios Funcionais 
 
 Aferente 
 - Sistema Nervoso Somático 
 Eferente 
 
 Aferente 
 - Sistema Nervoso Visceral 
 Eferente = Sistema nervoso autônomo 
 
O sistema nervoso somático também pode ser chamado de sistema nervoso da vida 
de relação e é o que relaciona o organismo com o meio ambiente. O componente aferente 
conduz aos centros nervosos impulsos originados em receptores periféricos, informando-os 
sobre o que se passa no meio ambiente. O componente eferente leva aos músculos estriados 
esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando, pois, em movimentos voluntários 
(Ver Figura - Classificação dos neurônios quanto à função demonstrada pelo ato reflexo - no 
capítulo 3). 
O sistema nervoso visceral é aquele que se relaciona com a inervação e controle das 
estruturas viscerais. É muito importante para integração das diversas vísceras no sentido da 
manutenção da constância do meio interno. 
 
Divisão com Base na Segmentação ou Metameria 
Podemos dividir o sistema nervoso em Sistema Nervoso Segmentar e Sistema 
Nervoso Supra-Segmentar. A segmentação no sistema nervoso é evidenciada pela conexão 
com os nervos. Pertence, pois, ao sistema nervoso segmentar todo o sistema nervoso 
periférico, mais aquelas partes do sistema nervoso central que estão em relação direta com os 
nervos típicos, ou seja, a medula espinhal e o tronco encefálico. O cérebro e o cerebelo 
pertencem ao sistema nervoso supra-segmentar. Os nervos olfatório e óptico se ligam ao 
cérebro, mas não são nervos típicos (Figura 2.5). 
 23 
Esta divisão põe em evidência as semelhanças estruturais e funcionais existentes 
entre a medula e tronco encefálico, órgãos do sistema nervoso segmentar, em oposição ao 
cérebro e cerebelo, órgãos do sistema nervoso supra-segmentar. Assim, nos órgãos do sistema 
nervoso supra-segmentar, a substância cinzenta se localiza por fora da substância branca e 
forma uma camada fina, o córtex, que reveste toda a superfície do órgão. Já nos órgãos do 
sistema nervoso segmentar, não existe o córtex e a substância cinzenta pode localizar-se por 
dentro da branca, como ocorre na medula (Figura 2.5). 
 
Figura 2.5 – Divisão do sistema nervoso com base na segmentação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Fonte: Sobotta - Atlas Van de menselijke Anatomie, 2000 - Adaptado 
 
O sistema nervoso é um todo. Sua divisão em partes tem um significado 
exclusivamente didático, pois as várias partes estão intimamente relacionadas do ponto de vista 
morfológico e funcional. 
 24 
3. HISTOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO 
 
3.1 GENERALIDADES 
O tecido nervoso apresenta três componentes principais: os neurônios, células 
especializadas na integração e emissão de impulsos nervosos; a neuróglia, que compreende 
células que ocupam os espaços entre os neurônios, com funções de sustentação, revestimento 
ou isolamento, modulação da atividade neuronal e defesa; e as fibras nervosas, que são os 
próprios axônios dos neurônios unidos. 
 
Após se diferenciarem, os neurônios dos vertebrados não se dividem, ou seja, após o 
nascimento geralmente não são produzidos novos neurônios, de modo que aqueles que 
morrem como resultado de programação natural ou por efeito de toxinas, doenças ou 
traumatismos jamais serão substituídos. Já a neuróglia conserva capacidade de divisão após a 
completa diferenciação. 
 
3.2 NEURÔNIOS 
São células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com células 
efetuadoras (células musculares e secretoras) usando basicamente uma linguagem elétrica. 
 
Estrutura do Neurônio 
A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas: 
corpo celular, dendritos e axônio. 
Figura 3.1 - Estrutura do Neurônio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Rogério Fadul Web Site - http://www.geocities.com/CollegePark/Lab/9707/ 
 25 
 - Corpo celular: O corpo celular é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese 
de todas as proteínas neuronais, bem como pela maioria dos processos de degradação e 
renovação dos constituintes celulares, inclusive de membranas. A forma e o tamanho do corpo 
celular são extremamente variáveis conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é, como os 
dendritos, local de recepção de estímulos através de contatos sinápticos. 
 
Nas áreas da membrana plasmática do corpo neuronal que não recebem contatos 
sinápticos, apóiam-se elementos gliais. 
 
 - Dentritos: Geralmente são curtos e se ramificam profusamente, à maneira de galhos de um 
árvore, originando dendritos de menor diâmetro. São especializados em receber estímulos. 
 
 - Axônio: A grande maioria dos neurônios possui um axônio, longo e fino, que se origina do 
corpo ou de um dendrito principal. O axônio apresenta comprimento muito variável e, 
dependendo do tipo de neurônio, pode ter, na espécie humana, de alguns milímetros a mais de 
um metro. 
 
Os axônios, após emitir número variável de colaterais, geralmente sofrem arborização 
terminal. Através dessa porção terminal, estabelecem conexões com outros neurônios ou com 
células efetuadoras. 
 
TIPOS DE NEURÔNIOS 
Os neurônios podem ser classificados de acordo com a sua forma e estrutura e de 
acordo com a sua função – isto é, o papel que eles desempenham no sistema nervoso. 
 
Classificação de Acordo com a Estrutura 
Com base no número de processos que se estendem do corpo celular, os neurônios 
podem ser classificados em: 
- Bipolares: Apresentam dois processos, cada qual partindo de uma extremidade do corpo 
celular. Existem poucos exemplos desse tipo de neurônio no corpo. 
 
- Pseudo-unipolar: é formado durante o desenvolvimento do sistema nervoso, quando dois 
prolongamentos de certo tipo de neurônios bipolares se unem de tal maneira que um só 
 26 
prolongamento se origina do corpo celular. Além do ponto de fusão, os dois processos 
permanecem separados.- Multipolares: é o tipo mais comum, apresentando um prolongamento longo que se origina do 
corpo celular e funciona como um axônio; os numerosos outros prolongamentos que se 
originam do corpo celular funcionam como dendritos. 
 
Figura 3.2 - Classificação dos neurônios de acordo com a estrutura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Rogério Fadul Web Site - http://www.geocities.com/CollegePark/Lab/9707/ 
 
Classificação com Base na Função 
Funcionalmente também existem três tipos de neurônios: 
 27 
 - Neurônio motor (eferente): transmite impulsos do sistema nervoso central para um 
efetuador, ou de um centro superior do sistema nervoso para um centro inferior. 
 
 - Neurônio sensitivo (aferente): transporta impulsos dos receptores para o sistema nervoso 
central ou de um centro inferior do sistema nervoso para um centro superior. 
 
 - Neurônio internuncial (de associação): quando presente, transmite impulsos de um 
neurônio a outro. 
 
Figura 3.3 - Classificação dos neurônios quanto à função demonstrada pelo ato reflexo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Rogério Fadul Web Site - http://www.geocities.com/CollegePark/Lab/9707/ 
 
Os neurônios internunciais, que são multipolares, são observados somente no SNC. 
Os neurônios motores também são do tipo multipolar. A maioria dos neurônios sensitivos são 
pseudo-unipolares, mas aqueles que levam impulsos originados na retina do olho, orelha 
interna, botões gustativos e epitélio olfatório, são do tipo bipolar. 
 
 28 
3.3 NEURÓGLIA 
Tanto no SNC, como no SNP, os neurônios relacionam-se com células coletivamente 
denominadas neuróglia, glia, células gliais ou gliócitos. São as células mais freqüentes no 
tecido nervoso, podendo a proporção entre neurônios e células gliais variar de 1:10 a 1:50. 
 
Figura 3.4 - Células gliais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: www.sistemanervoso.com 
 
As células gliais diferentemente dos neurônios não geram impulsos nervosos e 
possuem capacidade de se dividir. 
 
3.4 FIBRAS NERVOSAS 
Uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando presente, seu envoltório de 
origem glial. O envoltório presente nas fibras nervosas é a bainha de mielina, uma camada 
lipídica que funciona como isolante elétrico. Quando envolvidos por bainha de mielina, os 
axônios são denominados fibras nervosas mielínicas. Na ausência de mielina, denominam-se 
fibras nervosas amielínicas. Ambos os tipos ocorrem tanto no sistema nervoso periférico, 
 29 
quanto no central. Na presença da bainha de mielina, a condução do impulso nervoso se torna 
consideravelmente mais rápida. 
 
Bainha de Mielina 
Nas fibras mielinizadas, ou seja, que possuem envoltórios de mielina, a bainha é 
descontinua formando os estrangulamentos anulares (nódulos de Ranvier), que fazem com que 
os impulsos sejam conduzidos de forma “saltatória” e portanto muito mais rapidamente. 
 
No sistema nervoso central distinguem-se, macroscopicamente, as áreas contendo 
basicamente fibras nervosas mielínicas e neuróglia daquelas onde se concentram os corpos 
dos neurônios, fibras amielínicas, além da neuróglia. Essas áreas são denominadas, 
respectivamente, substância branca e substância cinzenta, com base na sua cor in vivo. 
 
3.5 NERVOS 
No sistema periférico as fibras agrupam-se em feixes que dão origem aos nervos 
sensoriais e motores do sistema nervoso. O tecido de sustentação destes nervos é o perineuro 
(tecido conjuntivo denso), que reveste o espaço entre os feixes que por sua vez são revestidos 
por células achatadas e justapostas que compõem o endoneuro. Envolvendo o perineuro e o 
endoneuro, existe um envoltório conjuntivo chamado epineuro, que permite a união dos feixes e 
a conseqüente formação do nervo propriamente dito. 
À medida que o nervo se distancia de sua origem, os fascículos, com sua integridade 
preservada, os abandonam para entrar nos órgãos a serem inervados. 
 
A figura e tabela abaixo demonstram a estrutura geral do nervo e as diferenças entre o 
mesmo e os componentes do tecido nervoso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
Figura 3.5 - Secção transversal de um nervo mostrando as bainhas de tecido conjuntivo que 
envolvem os neurônios e os unem para formar um nervo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SPENCE, 1991. 
 
Tabela 3.1 - Comparação entre neurônio, fibra nervosa e nervo 
 
NEURÔNIO Célula nervosa. 
FIBRA NERVOSA 
Prolongamento longo de um neurônio. O 
termo refere-se a um axônio, mas também 
inclui os processos periféricos dos 
neurônios sensitivos. 
NERVO Conjunto de fibras nervosas, no sistema nervoso periférico. 
 
 31 
4. INTRODUÇÃO À NEUROFISIOLOGIA 
 
 
4.1 IMPULSO NERVOSO 
Um neurônio em estado de repouso encontra-se eletricamente polarizado: a porção 
interna da célula é negativa em relação ao exterior da célula. A polaridade se deve 
principalmente a uma distribuição desigual de íons através da membrana celular. Em um 
neurônio não estimulado, os íons potássio ocorrem em concentração maior no interior da célula, 
e os íons sódio ocorrem em maior concentração no exterior da célula. A diferença no potencial 
elétrico produzido pela distribuição desigual desses íons é denominada potencial de repouso da 
membrana. 
Quando um neurônio é estimulado, ocorrem mudanças na membrana celular que 
alteram esse distribuição característica de íons em ambas as faces da membrana e esta se 
torna mais permeável aos íons sódio na região do estímulo, permitindo grande entrada dos 
mesmos nesse local, em comparação com áreas da célula não estimuladas. Uma vez que 
neurônios não estimulados são polarizados(o interior da célula é negativo em comparação com 
o exterior) e uma vez que os íons sódio são carregados positivamente, o aumento do 
movimento de íons sódio para o interior da célula nas regiões estimuladas determina uma 
negatividade menor no interior da célula nessas regiões. Assim, o potencial, estado polarizado 
da célula diminui, e a célula sofre graus de despolarização na área do estímulo. 
Se um estímulo de intensidade suficiente é aplicado em um neurônio, a despolarização 
local da célula pode atingir um nível crítico conhecido como limiar, e um potencial de ação pode 
ocorrer. Uma vez atingido o limiar, a membrana celular na área despolarizada torna-se bastante 
permeável aos íons sódio e este entra rapidamente na célula. Como resultado, a polaridade 
inicial da célula é reduzida drasticamente na região de despolarização. De fato, a polaridade da 
célula realmente se torna invertida: o interior da célula fica positivo em relação ao exterior. 
A ocorrência de um potencial de ação em uma área de um axônio normalmente 
provoca um aumento na permeabilidade ao sódio na região imediatamente adjacente da 
membrana celular e determina nessa região a formação de um potencial de ação. Isto 
determina uma maior permeabilidade aos íons sódio na região da membrana imediatamente 
adjacente, e nessa área um potencial de ação é gerado. Essa atividade continua ao longo da 
extensão da membrana do neurônio produzindo uma onda de despolarização denominada 
propagação do potencial de ação ou impulso nervoso, que se movimenta ao longo do axônio. 
 
 
 
 
 32 
4.2 SINAPSES 
 
Posto que um impulso nervoso percorre toda a extensão de um único neurônio, 
cadeias de neurônios devem ser atravessadas se a informação deve ser transmitida a todo o 
sistema nervoso. Essa transmissão necessita de uma maneira de passar a informação(o 
impulso nervoso) de neurônio para neurônio, bem como um método de transmitir a informação 
ao longo de um único neurônio. A maioria dos neurônionão se contatam diretamente. Os 
prolongamentos de um neurônio permanecem separados de outro por um pequeno espaço. 
Esse tipo de união é denominada sinapse, e o espaço aí existente é conhecido como fenda 
sináptica. Várias sinapses podem ocorrer entre o axônio de um neurônio e o dendrito de outro. 
Algumas sinapses também existem entre um axônio e um corpo celular. 
Pelo fato de os dois neurônios que participam de uma sinapse não se contatarem entre 
si, um impulso nervoso que se pelo primeiro neurônio ou neurônio pré-sináptico, não pode 
atravessar para o segundo neurônio, ou neurônio pós-sináptico. Desta maneira, a chegada do 
impulso nervoso à extremidade do neurônio pré-sináptico determina a liberação de um 
transmissor químico que se difunde pela fenda sináptica e se fixa nos receptores localizados 
sobre a membrana do neurônio pós-sináptico. 
Um certo número de substâncias químicas transmissoras é conhecido, e cada uma 
possui um efeito estimulador ou inibidor em um neurônio pós-sináptico. Se o transmissor 
químico possui efeito possui efeito estimulador, ele determina a despolarização da membrana 
do neurônio pós-sináptico. Essa despolarização é denominada potencial excitatório pós-
sináptico. Se o estímulo do neurônio pós-sináptico é de intensidade suficiente, a membrana do 
neurônio pós-sináptico é de intensidade suficiente, a membrana do neurônio pós-sináptico 
despolariza até o limiar, e um sinal elétrico é então estabelecido no dendrito do neurônio pós-
sináptico. O sinal elétrico, por sua vez, pode determinar um impulso nervoso quando ele chega 
ao axônio do neurônio pós sináptico. Se um transmissor químico é inibidor, ele aumenta a 
polaridade de repouso do neurônio pós-sináptico. Essa hiperpolarização é denominada 
potencial inibitório pós-sináptico. Como resultado dessa hiperpolarização, um estímulo 
excitatório mais potente que o normal é necessário para concluir um impulso nervoso no 
neurônio pós-sináptico. 
Uma vez liberados os transmissores, eles permanecem ativos por um curto tempo. 
Após essa liberação, eles são rapidamente removidos, quer por inativação química(via 
enzimas), que por difusão para longe dos receptores da membrana pós-sináptica, ou pela 
entrada no neurônio pré-sináptico. 
 33 
5. ANATOMIA MACROSCÓPICA DA MEDULA ESPINHAL 
 
5.1 GENERALIDADES 
A medula espinhal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso situada dentro do canal 
vertebral sem ocupá-lo completamente. No homem mede de 42 a 45cm, sendo um pouco 
menor na mulher. 
 
Etimologicamente medula significa miolo e indica aquilo que está dentro. Logo a 
medula espinhal é assim denominada por estar dentro do canal vertebral. Ela é o órgão que 
inerva as áreas motoras e sensoriais de todo o corpo, sendo ela a responsável por receber 
impulsos sensoriais e enviar impulsos motores (somáticos e viscerais) para todo o organismo. 
Alem disso, possui um sistema próprio que permite os reflexos medulares sem a atuação do 
encéfalo. 
 
5.2 LIMITES 
Cranialmente a medula limita-se com o bulbo ao nível do forame magno do osso 
occipital. O limite caudal da medula situa-se geralmente na segunda vértebra lombar (L2). 
A medula termina afilando-se para formar um cone, o cone medular, que continua com 
um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal (Figura 5.1). 
 
 
5.3 FORMA E ESTRUTURA GERAL DA MEDULA 
A medula apresenta forma aproximadamente cilíndrica, sendo ligeiramente achatada 
no sentido ântero-posterior. Seu calibre não é uniforme, pois apresenta duas dilatações 
denominadas intumescência cervical e intumescência lombar, situadas em nível cervical e 
lombar, respectivamente (Figura 5.2). 
 
 
 
 
 
 
 
 34 
 
Figura 5.1 – Medula Espinhal in situ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
 
 
 
 
 35 
Figura 5.2 – Vista dorsal da medula espinhal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.sistemanervoso.com 
 
As intumescências cervical e lombar correspondem às áreas em que fazem conexão 
com a medula as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacral, 
destinadas à inervação dos membros superiores e inferiores, respectivamente. A formação 
destas intumescências se deve à maior quantidade de neurônios, e portanto, de fibras nervosas 
que entram ou saem destas áreas e que são necessárias para a inervação dos membros 
superiores e inferiores. Esta interpretação encontra apoio na anatomia comparada: o estudo de 
canais vertebrais de dinossauros mostrou que estes animais, dotados de membros anteriores 
diminutos e membros posteriores gigantescos, praticamente não possuíam intumescência 
cervical, enquanto que a intumescência lombar rivalizava em tamanho com o próprio encéfalo. 
Já um animal gigastesco como a baleia, mas com massas musculares igualmente distribuídas 
ao longo do corpo, possui medula muito larga, mas sem dilatações locais. 
 
 36 
A superfície da medula é recoberta por toda sua extensão por sulcos longitudinais: 
sulco mediano posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral anterior e sulco lateral posterior. 
Próximo ao tronco encefálico (na medula cervical) possui ainda o sulco intermédio posterior, 
que continua em um septo intermédio posterior. De todos estes sulcos destacam-se dois: o 
sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior, que representam os pontos de conexão das 
raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais, respectivamente (Figura 5.3). 
 
5.4 DISPOSIÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS BRANCA E CINZENTA MEDULARES 
Na medula a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma 
de uma borboleta ou de um H. Nela distingui-se de cada lado três colunas que aparecem em 
secções transversais: anterior, posterior e lateral (figuras). No centro da substância cinzenta 
localiza-se o canal central da medula, resquício da luz do tubo neural do embrião. 
 
Nos adultos o canal central da medula é geralmente fechado sendo aberto apenas em 
níveis cervicais. 
Figura 5.3 – Secção Transversal da Medula Espinhal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: MACHADO, 2004. 
 
A coluna lateral só aparece na medula torácica e parte da medula lombar. 
 
A substância branca é formada por fibras em sua maioria mielínicas, que sobem e 
descem na medula espinhal. 
 
 37 
5.5 CONEXÕES COM OS NERVOS ESPINHAIS 
Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem conexão pequenos filamentos 
nervosos denominados filamentos radiculares, que se unem para formar, respectivamente as 
raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais. As duas raízes, por sua vez, se unem para formar 
os nervos espinhais, ocorrendo a união em um ponto situado distalmente ao gânglio espinhal 
que existe na raiz dorsal (Figuras). 
 
 
Figuras 5.4 e 5.5 – Vistas Anterior e Superior das Meninges e Raízes Nervosas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
A conexão com nervos marca a segmentação da medula que entretanto, não é 
completa, uma vez que não existem septos ou sulcos transversais separando um segmento do 
outro. Considera-se segmento medular de um determinado nervo a parte da medula onde 
fazem conexão os filamentos radiculares que entram na composição deste nervo. Existem 31 
pares de nervos espinhais aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim 
distribuídos: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e, geralmente, 1 coccígeo. 
 
5.6 TOPOGRAFIAVERTEBROMEDULAR 
No adulto, a medula não ocupa todo o canal vertebral, pois termina ao nível de L2. 
Abaixo deste nível, o canal vertebral contém apenas as meninges e as raízes nervosas dos 
últimos nervos espinhais dispostas em torno do cone medular e filamento terminal. Estas 
constituem, em conjunto, a cauda eqüina. 
 
 
 
 39 
Figura 5.6 – Cauda Eqüina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
A diferença de tamanho entre a medula e o canal vertebral, assim como a disposição 
das raízes dos nervos espinhais mais caudais, formando a cauda eqüina, resultam de ritmos de 
crescimento diferentes, em sentido longitudinal, entre a medula e coluna vertebral. Até o quarto 
mês de vida intra-uterina, medula e coluna crescem no mesmo ritmo. Por isso, a medula ocupa 
todo o comprimento do canal vertebral e os nervos, passando pelos respectivos forames 
intervertebrais, dispõem-se horizontalmente formando com a medula um ângulo 
aproximadamente reto. Entretanto, a partir do quarto mês, a coluna começa a crescer mais do 
que a medula, especialmente em sua porção caudal. Como as raízes nervosas mantêm suas 
relações com os respectivos forames intervertebrais, há o alongamento das raízes e diminuição 
do ângulo que elas fazem com a medula. Estes fenômenos são mais pronunciados na parte 
caudal da medula, levando à formação da cauda eqüina. 
 
 
 
 
 40 
Figura 5.7 – Padrão de Desenvolvimento da Coluna Vertebral e Medula Espinhal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A - 4 meses de vida intra-uterina C - Ao Nascimento B - Situação Intermediária 
 
Fonte: MACHADO, 2004. 
 
 
 41 
6. ANATOMIA MACROSCÓPICA DO TRONCO ENCEFÁLICO 
 
6.1 GENERALIDADES 
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se 
ventralmente ao cerebelo. Divide-se em: bulbo, situado caudalmente; mesencéfalo, situado 
cranialmente; e ponte, situada entre ambos. 
 
Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão com o tronco encefálico. 
 
6.2 BULBO 
É também chamado de chamado de bulbo raquídeo ou medula oblonga e tem a forma 
de um tronco de cone, que continua caudalmente com a medula espinal. Mede 
aproximadamente 3cm de comprimento, 2cm transversal (em sua parte mais larga) e 
sagitalmente e 1,3cm de espessura. 
Como não existe demarcação nítida entre medula e bulbo, considera-se que o limite 
entre eles está em um plano horizontal imediatamente acima do filamento radicular mais cranial 
do primeiro nervo cervical, o que corresponde ao nível do forame magno do osso occipital. O 
limite superior do bulbo se faz em um sulco horizontal visível no contorno ventral do órgão, o 
sulco bulbo-pontino, que corresponde à margem inferior da ponte. 
A superfície do bulbo é percorrida longitudinalmente por sulcos paralelos que 
continuam com os sulcos da medula. Estes sulcos delimitam as regiões anterior (ventral), 
posterior (dorsal) e lateral do bulbo. 
 - Região ventral: nela é encontrada a fissura mediana anterior, que se estende ao longo de 
toda a medula e termina na borda inferior da ponte, no forame cego. De cada lado da fissura 
mediana existe uma eminência alongada, a pirâmide bulbar, formada por feixe compacto de 
fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores 
da medula. Na parte caudal do bulbo, fibras deste tracto cruzam obliquamente o plano mediano 
em feixes interdigitados que obliteram a fissura mediana anterior e constituem a decussação 
das pirâmides. 
 
 - Região lateral: está localizada entre os sulcos laterais anterior e posterior. Sua parte superior 
é amplamente proeminente, sendo chamada de oliva oval (mede aproximadamente 1,25 cm de 
comprimento). 
 42 
 - Região posterior: essa região é dividida em níveis inferior e superior. A parte superior forma 
o pedúnculo cerebelar inferior. 
 
A organização caudal interna do bulbo é semelhante a da medula, mas à medida que 
se examinam secções mais superiores, notam-se diferenças cada vez maiores. Em nível olivar, 
praticamente não existe semelhança. Essas modificações ocorrem principalmente devido ao 
aparecimento de novos núcleos próprios do bulbo, a decussação das pirâmides, a decussação 
dos lemniscos e a abertura do IV ventrículo. 
 
A formação reticular bulbar ocupa uma grande área. Nessa região, há o centros 
respiratório, vasomotor e do vômito. 
 
6.3 PONTE 
É a porção do tronco encefálico interposta entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada 
sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela turca do osso esfenóide. 
A base da ponte situa-se ventralmente e apresenta estriações transversais em virtude 
da presença de numerosos feixes de fibras transversais que a percorrem. Tais fibras se unem 
de cada lado formando o pedúnculo cerebelar médio (ou braço da ponte), que penetra no 
hemisfério cerebelar correspondente. 
Percorrendo a superfície ventral da ponte (eixo longitudinal) encontra-se o sulco 
basilar, onde geralmente está alojada a artéria basilar. 
A ponte é separada do bulbo pelo sulco bulbo-pontino. A parte dorsal da ponte não 
apresenta demarcação com a parte dorsal da porção aberta do bulbo, constituindo ambas, o 
assoalho do IV ventrículo. 
 
6.4 MESENCÉFALO 
O mesencéfalo interpõe-se entre a ponte e o cérebro, do qual é separado por um plano 
que liga os corpos mamilares, pertencentes ao diencéfalo, à comissura posterior. 
Ventralmente observa-se dois pedúnculos cerebrais, que aparecem como dois grandes 
feixes de fibras que surgem na borda superior da ponte e divergem cranialmente para penetrar 
profundamente no cérebro. 
Em vista dorsal, o mesencéfalo apresenta quatro proeminências arredondadas 
denominadas colículos superiores e inferiores (corpos quadrigêmeos), separados por dois 
sulcos perpendiculares em forma de cruz. Na parte inferior do ramo longitudinal da cruz, aloja-
se o corpo pineal, pertencente ao diencéfalo. 
 43 
Figuras 6.1 e 6.2 – Vistas Antero-Inferior e Póstero-Lateral do Tronco Encefálico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 44 
 
Figura 6.3 – Vista Posterior do Tronco Encefálico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 45 
7. ANATOMIA MACROSCÓPICA DO CEREBELO 
 
7.1 GENERALIDADES 
O cerebelo assim como o cérebro é um órgão pertencente ao sistema nervoso supra-
segmentar. Encontra-se situado dorsalmente ao bulbo e a ponte, contribuindo pra a formação 
do IV ventrículo. Repousa sobre uma depressão do osso occipital denominada fossa cerebelar, 
abaixo do lobo occipital do cérebro. Liga-se ainda a medula e ao tronco encefálico através de 
conexões específicas, os pedúnculos cerebelares 
Figura 7.1 Cerebelo in situ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
7.2 ASPECTOS ANATÔMICOS 
O cerebelo é formado por uma porção ímpar e mediana, o vérmis e por duas grandes 
massas laterais, os hemisférios cerebelares. Em sua superfície observam-se sulcos 
transversais que delimitam lâminas finas conhecidas como folhas do cerebelo. Em sua 
 46 
organização interna, se reconhece um centro de substância branca, o corpo medular de onde 
irradiam as lâminas brancas do cerebelo, revestidas externamente por uma fina camada de 
substância cinzenta, o córtex cerebelar. O corpo medular do cerebelo com as lâminas brancas 
que dele irradiam, quandovistas em cortes sagitais, recebem o nome de árvore da vida. 
 
Figura 7.2 Vista Lateral do Cerebelo e Tronco Encefálico Após Secção Sagital 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
 
 
 47 
 
Figura 7.3 Vista Superior do Cerebelo Após Secção Transversal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
7.3 DIVISÕES DO CEREBELO 
Para facilitar o estudo do cerebelo, podemos dividir o mesmo de duas formas. São 
elas: divisão ontogenética e divisão filogenética. A seguir faremos um estudo a cerca de cada 
uma dessas divisões: 
 
Divisão Ontogenética 
Essa divisão se baseia na segmentação do cerebelo em três porções denominadas 
lobos. Em seu desenvolvimento, surgiu primeiramente uma fissura póstero-lateral que dividiu o 
cerebelo em duas partes muito desiguais: o lobo flóculo-nodular formado pela união de duas 
 48 
porções menores, o flóculo e o nódulo, e o corpo do cerebelo, formado pelo restante do órgão. 
A seguir, aparece uma segunda fissura, a fissura prima, que por sua vez divide o corpo do 
cerebelo em mais dois lobos, o lobo anterior e o lobo posterior. Temos assim a seguinte divisão: 
 
 Lobo anterior 
 Corpo do cerebelo 
 Lobo posterior 
 Divisão Ontogenética 
 
 Lobo flóculo-nodular 
 
 
Figura 7.4 – Vista Inferior das Divisões do Cerebelo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
 49 
Divisão Filogenética 
Os estudos de anatomia comparada indicam a existência de três fases na filogênese 
do cerebelo, as quais podem ser correlacionadas com a complexidade de movimentos 
realizados pelo grupo de vertebrados característicos de cada fase: 
 
1ª fase: O cerebelo surgido nessa fase se chama arquicerebelo ou cerebelo vestibular. Essa 
primeira fase de evolução surgiu com o aparecimento dos vertebrados mais primitivos, como a 
lampréia. Estes animais são desprovidos de membros e têm movimentos ondulatórios muito 
simples, havendo, entretanto, necessidade de se manterem em equilíbrio no meio líquido. Para 
isso o cerebelo recebe impulsos da porção vestibular da orelha interna, que informam sobre a 
posição do animal e permitem ao cerebelo coordenar a atividade muscular, de modo a manter o 
animal em equilíbrio. 
 
2ª fase: O cerebelo da segunda fase surgiu com os peixes. Estes já possuem membros 
(nadadeiras) e são capazes de realizar movimentos mais elaborados. Neles surgiram, pela 
primeira vez, receptores especiais que levam ao cerebelo informações sobre o grau de 
contração dos músculos. Estas informações são importantes para a regulação do tônus 
muscular e da postura do animal. A parte do cerebelo que surgiu nesta fase, adicionando-se ao 
arquicerebelo, é denominada paleocerebelo. 
 
3ª fase: O cerebelo da terceira fase surgiu com os mamíferos que desenvolveram a capacidade 
de utilizar os membros para movimentos delicados e assimétricos, os quais requerem uma 
coordenação nervosa muito elaborada. A parte do cerebelo que surgiu nesta fase de sua 
evolução, adicionando-se ao arquicerebelo e ao paleocerebelo, é denominada neocerebelo. O 
neocerebelo relaciona-se com o controle de movimentos finos. 
 
No homem, o arquicerebelo corresponde ao lobo flóculo-nodular, o paleocerebelo ao 
lobo anterior mais uma pequena porção do lobo posterior, enquanto o neocerebelo corresponde 
ao restante desse último lobo. 
 50 
8. ANATOMIA MACROSCÓPICA DIENCÉFALO 
 
8.1 GENERALIDADES 
O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, que corresponde ao prosencéfalo. 
Embora intimamente unidos, estes apresentam características próprias e são estudados em 
separado. 
O telencéfalo se desenvolve enormemente em sentido lateral e posterior para 
constituir os hemisférios cerebrais. Deste modo, encobre quase completamente o diencéfalo, 
que permanece em situação ímpar e mediana, podendo ser visto na face inferior do cérebro. 
O diencéfalo compreende as seguintes estruturas: 
 - Tálamo 
 - Hipotálamo 
 - Epitálamo 
 - Subtálamo 
Figura 8.1 – III Ventrículo e Diencéfalo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 51 
8.2 III VENTRÍCULO (Figura 8.1) 
Quando o cérebro é seccionado no plano sagital mediano, as paredes laterais do III 
ventrículo são expostas amplamente. Verifica-se então a existência de uma depressão, o sulco 
hipotalâmico. As porções da parede situadas acima deste sulco pertencem ao tálamo e as 
situadas abaixo, ao hipotálamo. A parede posterior do ventrículo, muito pequena, é formada 
pelo epitálamo, que se localiza acima do sulco hipotalâmico. 
 
8.3 TÁLAMO (Figuras 8.1 e 8.2) 
São duas massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovóide, dispostas uma 
de cada lado, na porção látero-dorsal do diencéfalo, constituindo cerca de quatro quintos do seu 
volume. 
 
Figura 8.2 – Secções Transversais Através do Cérebro Demonstrando o Tálamo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 52 
A principal função do tálamo é atuar como um centro retransmissor de todos os 
impulsos sensitivos e sensoriais, exceto o olfato, para o córtex cerebral. Massas especializadas 
de núcleos retransmitem os impulsos recebidos para localizações precisas no interior dos lobos 
cerebrais para devida interpretação. 
 
8.4 HIPOTÁLAMO (Figuras 8.1, 8.3 e 8.4) 
O hipotálamo é uma área relativamente pequena do diencéfalo, situada abaixo do 
tálamo, com importantes funções, relacionadas principalmente com o controle da atividade 
visceral. 
O hipotálamo compreende estruturas situadas nas paredes laterais do III ventrículo, 
abaixo do sulco hipotalâmico, visíveis na base do cérebro: 
 - Corpos Mamilares: são duas eminências arredondadas de substância cinzenta evidentes na 
parte inferior do diencéfalo. 
 
 - Quiasma Óptico: localiza-se na parte anterior do assoalho ventricular. Recebe as fibras 
mielínicas dos nervos ópticos, II par craniano, que aí cruzam em parte e continuam nos tractos 
ópticos que se dirigem 
 
 - Túber cinéreo: é uma área ligeiramente cinzenta, mediana, situada atrás do quiasma e dos 
tractos ópticos, entre estes e os corpos mamilares. No túber cinéreo prende-se a hipófise por 
meio do infundíbulo; 
 
 - Infundíbulo: formação nervosa em forma de funil cuja extremidade inferior continua como o 
processo infundibular ou lobo nervoso da neuro-hipófise. 
 
8.5 EPITÁLAMO (Figuras 8.1, 8.3 e 8.4) 
O epitálamo limita posteriormente o III ventrículo, acima do sulco hipotalâmico, já na 
transição com o mesencéfalo. Seu elemento mais evidente é a glândula pineal, de forma 
piriforme, ímpar e mediana que repousa sobre o mesencéfalo. 
A base do corpo pineal prende-se anteriormente a dois feixes transversais de fibras 
que cruzam o plano mediano, a comissura posterior e a comissura das habênulas. A comissura 
posterior situa-se no ponto em que o aqueduto cerebral se liga ao III ventrículo e é considerada 
como limite entre o mesencéfalo e o diencéfalo. 
 
 53 
Figuras 8.3 e 8.4 – Vistas Antero-Inferior e Póstero-Lateral do DiencéfaloFonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 54 
8.6 SUBTÁLAMO 
O subtálamo compreende a zona anterior de transição entre o diencéfalo e o 
mesencéfalo. É de difícil visualização, pois não se relaciona com as paredes do III ventrículo, 
podendo mais facilmente ser observado em cortes frontais do cérebro. Verifica-se então que ele 
se localiza abaixo do tálamo, sendo limitado medialmente pelo hipotálamo. 
 
 55 
9. ANATOMIA MACROSCÓPICA DO TELENCÉFALO 
 
9.1 GENERALIDADES 
O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, e uma 
pequena parte mediana situada na porção anterior do III ventrículo. 
Os dois hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela fissura longitudinal 
do cérebro, cujo assoalho é formado por uma larga faixa de fibras comissurais, o corpo caloso, 
principal meio de união entre os dois hemisférios. 
 
Os dois hemisférios cerebrais realizam funções diferentes. Na maioria das pessoas, o 
hemisfério esquerdo controla habilidades analíticas e verbais, como ler, escrever e cálculo 
matemático. O hemisfério direito é a sede de tipos espaciais e artísticos de inteligência. O corpo 
caloso unifica a atenção e consciência entre os dois hemisférios e permite um 
compartilhamento de aprendizagem e memória 
 
Cada hemisfério possui 3 pólos: frontal, occipital e temporal; 3 faces: face súpero-
lateral(convexa), face medial(plana) e face inferior ou base do cérebro(muito irregular), 
pousando anteriormente nos andares anterior e médio da base do crânio e posteriormente na 
tenda do cerebelo. 
 
9.2 SULCOS E GIROS – DIVISÃO EM LOBOS 
A superfície do cérebro apresenta depressões denominadas sulcos, que delimitam 
giros ou circunvoluções cerebrais. A existência dos sulcos permite considerável aumento de 
superfície sem grande aumento do volume cerebral. Sabe-se que cerca de dois terços da área 
ocupada pelo córtex cerebral estão escondidos nos sulcos. Muitos sulcos são inconstantes e 
não recebem qualquer denominação. Outros, mais freqüentes, recebem denominações 
especiais e ajudam a delimitar os lobos e áreas cerebrais. De qualquer modo, o padrão de 
sulcos e giros do cérebro varia em cada cérebro, podendo ser diferente nos dois hemisférios de 
um mesmo indivíduo. Em cada hemisfério cerebral, os dois sulcos mais importantes são: 
 - Sulco lateral (de Sylvius): inicia-se na base do cérebro e como uma fenda profunda que 
separa o lobo frontal do lobo temporal, dirige-se para a face súpero-lateral do mesmo. Separa o 
lobo temporal, situado abaixo, dos lobos frontal e parietal, situados acima. 
 
 56 
 - Sulco central (de Rolando): é um sulco profundo e geralmente contínuo que percorre 
obliquamente a face súpero-lateral do hemisfério, separando os lobos frontal e parietal. É 
ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro pré-central e outro posterior, giro pós-central. 
De um modo geral, as áreas situadas adiante do sulco central relacionam-se com a motricidade, 
enquanto as situadas atrás desse sulco relacionam-se com a sensibilidade. 
 
Figura 9.1 – Cérebro – Vista Lateral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
O cérebro consiste de duas camadas. A camada superficial, que constitui o córtex 
cerebral, é composta de substância cinzenta que tem 2 a 4mm de espessura. Abaixo do córtex 
cerebral, está a espessa camada de substância branca do cérebro, que constitui a segunda 
camada. 
 
 57 
Os sulcos cerebrais ajudam a delimitar os lobos cerebrais, que recebem sua 
denominação de acordo com os ossos do crânio com os quais se relacionam. Assim, existem 
os lobos frontal, temporal, parietal e occipital. Além destes, existe um quinto lobo, a ínsula, 
situado profundamente no sulco lateral e que não tem, por conseguinte, relação imediata com 
os ossos do crânio. 
 
 
Figuras 9.2 e 9.3 – Lobos do Cérebro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
 
 
 
 
 
 58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
9.3 ORGANIZAÇÃO INTERNA DOS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS 
A organização interna dos hemisférios cerebrais se assemelha à do cerebelo, sendo, 
pois características dos órgãos do sistema nervoso supra-segmentar. Assim, cada hemisfério 
cerebral possui uma camada superficial de substância cinzenta - o córtex cerebral, que reveste 
um centro de substância branca - o centro branco medular do cérebro, ou centro semi-oval. 
 
 
 
 
 
 59 
Figura 9.4 – Secção Transversal do Cérebro Demonstrando as Substâncias Branca e Cinzenta 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
9.4 NÚCLEOS DA BASE (Ver Figura 8.2 no Capítulo Anterior) 
Localizados profundamente no interior de cada hemisfério cerebral existem várias 
massas de substância cinzenta conhecidas no conjunto como núcleos da base. Os núcleos, que 
são envolvidos por substância branca, estão compostos de grupos de corpos celulares. 
 
Os núcleos da base, como os neurônios do giro pré-central, estão envolvidos com 
funções motoras. 
 
 
 
 60 
9.5. TRACTOS DE FIBRAS NERVOSAS CEREBRAIS 
No SNC, feixes de fibras nervosas estão agrupados em tractos. Existem três tipos de 
tractos na substância branca do cérebro: 
 - Tractos de projeção: são vias formadas por fibras de projeção. Essas fibras conduzem 
impulsos nervosos descendentes (motores) do córtex do cérebro para outras regiões do 
encéfalo e medula espinhal, ou impulsos ascendentes (sensitivos) da medula espinhal e regiões 
inferiores do encéfalo (como o tálamo) para o córtex do cérebro. 
 
 - Tractos de associação: são vias formadas por fibras de associação, que conectam várias 
áreas do córtex cerebral no interior do mesmo hemisfério. 
 
 - Tractos comissurais: são vias formadas por fibras comissurais. Essas fibras conectam os 
hemisférios cerebrais direito e esquerdo. O corpo caloso é o principal exemplo de tracto 
comissural. 
 
 61 
10. VENTRÍCULOS ENCEFÁLICOS 
 
� Para identificação das estruturas, utilize as imagens dos segmentos 
específicos, nos capítulos anteriores. 
 
10.1 GENERALIDADES 
Os ventrículos encefálicos desenvolvem-se como expansões da luz do tubo neural 
primitivo e formam um sistema contínuo no encéfalo, preenchido por líquido. Cada ventrículo 
possui uma rede de capilares denominados plexo coróide. Estes, juntamente com as células 
que revestem os ventrículos, são locais de produção do líquido cerebrospinal. O líquido 
preenche os ventrículos encefálicos, o canal central da medula espinhal e o espaço 
subaracnóide. 
 
Se for injetado ar dentro dos ventrículos, eles podem ser observados em radiografias. 
Esse procedimento é utilizado para detectar a presença de tumores ou lesões do encéfalo, que 
distorcem os contornos normais dos ventrículos. 
 
10.2 VENTRÍCULOS LATERAIS 
No interior de cada hemisfério cerebral há um ventrículo lateral que apresenta sua 
maior porção localizada no lobo parietal. Extensões dessa porção se projetam para o lobo 
frontal (corno anterior ou frontal), o lobo occipital (corno posterior ou occipital) e lobo temporal 
(corno inferior ou temporal). Os ventrículos laterais estão separados entre si por uma parede 
vertical delgada denominada septo pelúcido. Cada ventrículo lateral se comunica com o terceiro 
ventrículo por uma pequena abertura conhecida como forame interventricular (forame de 
Monro). 
 
10.3 TERCEIRO VENTRÍCULOO terceiro ventrículo é uma câmara estreita situada na linha mediana do diencéfalo. Os 
tálamos direito e esquerdo formam a maior parte de suas paredes laterais. Uma comissura 
denominada aderência intertalâmica atravessa o ventrículo. O terceiro ventrículo se abre no 
quarto ventrículo através do aqueduto do mesencéfalo (cerebral). 
 
 
 62 
10.4 QUARTO VENTRÍCULO 
O quarto ventrículo é uma cavidade piramidal localizada no encéfalo posterior, 
ventralmente ao cerebelo. Existem duas aberturas nas paredes laterais do quarto ventrículo, 
conhecidas como aberturas laterais (forames de Luschka). Em sua parede posterior, há uma 
única abertura mediana (forame de Magendie). Os ventrículos se comunicam através dessas 
aberturas com o espaço subaracnóide que envolve o encéfalo e a medula espinhal. 
Inferiormente, o quarto ventrículo se continua com o estreito canal central, que se estende por 
toda a medula espinhal. 
 
Figuras 10.1 e 10.2 – Disposição dos Ventrículos Encefálicos em Vistas Lateral e Anterior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 64 
11. MENINGES - LÍQUOR 
 
11.1 GENERALIDADES 
O sistema nervoso central está envolvido por três membranas conjuntivas 
denominadas meninges. Estas estão dispostas, da mais superficial para a mais profunda, da 
seguinte maneira: dura-máter, aracnóide e pia-máter. A aracnóide e a pia-máter, que no 
embrião constituem um só folheto, são às vezes consideradas como uma formação única, a 
leptomeninge ou meninge fina, distinta da paquimeninge ou meninge espessa, constituída pela 
dura-máter. 
 
O conhecimento da estrutura e disposição das meninges é muito importante não só 
para a compreensão de seu importante papel de proteção dos centros nervosos, mas também 
porque elas são freqüentemente acometidas por processos patológicos, como infecções 
(meningites) ou tumores (meningioma). Além do mais, o acesso cirúrgico ao SNC envolve, 
necessariamente contato com as meninges, o que torna o seu conhecimento bastante 
relevante. 
 
11.2 DURA MÁTER 
A meninge mais superficial é a dura-máter, espessa e resistente, formada por tecido 
conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. A dura-máter do encéfalo 
difere da espinhal por se formada por dois folhetos, um externo e outro interno, dos quais 
apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto externo adere intimamente aos 
ossos do crânio e comporta-se como periósteo dos mesmos. 
 
A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é ricamente inervada. Como o 
encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou quase toda a sensibilidade 
intracraniana se localiza na dura-máter, responsável, assim, pela maioria das dores de cabeça. 
 
Pregas da Dura-Máter no Encéfalo 
Em algumas regiões encefálicas, o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo 
para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam 
amplamente. As principais pregas são: 
 
 65 
 - Foice do cérebro: é um septo vertical mediano em forma de foice que ocupa a fissura 
longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios cerebrais. 
 
 - Tenda do cerebelo: projeta-se para diante como um septo transversal entre os lobos 
occipitais e o cerebelo. A tenda do cerebelo separa a fossa posterior da fossa média do crânio, 
dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior ou supra-tentorial, e outro inferior 
ou infra-tentorial. 
 
 - Foice do cerebelo: pequeno septo vertical mediano, situado abaixo da tenda do cerebelo, 
entre os dois hemisférios cerebelares. 
 
 - Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que se fecha superiormente à sela túrcica, 
deixando apenas um pequeno orifício para a passagem da haste hipofisária. O diafragma da 
sela isola e protege a hipófise. 
 
11.3 ARACNÓIDE 
É uma membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um 
espaço virtual, o espaço subdural, contendo pequena quantidade de líquido necessário à 
lubrificação das superfícies de contato das duas membranas. 
A aracnóide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido 
cerebrospinal, ou líquor. Há ampla comunicação entre o espaço subaracnóideo do encéfalo e 
da medula. Considera-se como pertencendo à aracnóide, as delicadas trabéculas que 
atravessam o espaço para se ligar à pia-máter, e que são denominadas trabéculas aracnóides. 
 
As trabéculas aracnóides lembram, em aspecto, uma teia de aranha. Por isso o nome 
aracnóide (semelhante à aranha) dado a esta membrana. 
 
Granulações Aracnóideas 
Em alguns pontos do encéfalo, a aracnóide forma pequenos tufos que penetram no 
interior dos seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnóideas, mais abundantes no 
seio sagital superior. As granulações aracnóideas levam pequenos prolongamentos do espaço 
subaracnóideo (verdadeiros divertículos) no quais o líquor está separado do sangue apenas 
pelo endotélio do seio e uma delgada camada da aracnóide. São pois estruturas adaptadas à 
absorção do líquor que, neste ponto, penetra à corrente sangüínea. 
 66 
11.4 PIA-MÁTER 
A pia-máter é a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do 
encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanha, descendo até o fundo dos 
sulcos cerebrais. Esta membrana possibilita maior resistência aos tecidos cerebrais. 
 
Figura 11.1 – Meninges e Veias Cerebrais Superficiais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
 
 
 67 
Figuras 11.2 e 11.3 – Disposição das Meninges no Cérebro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 68 
Figuras 11.4 e 11.5 - Pregas da Dura Máter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 69 
Figura 11.6 Dura-Máter Espinhal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
11.5 LÍQUOR 
O líquor ou líquido cerebrospinal é um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço 
subaracnóideo e as cavidades ventriculares. A sua função primordial é de proteção do SNC, 
formando um verdadeiro coxim líquido entre este e o estojo ósseo. Qualquer pressão ou choque 
que se exerça em um ponto do mesmo, distribuir-se-á igualmente a todos os pontos. Desse 
modo, constitui um eficiente mecanismo amortecedor de choques que freqüentemente atingem 
o SNC. Por outro lado, em virtude da disposição do espaço subaracnóideo, que envolve todo o 
SNC, este fica totalmente submerso em líquido, o que o torna muito mais leve (um encéfalo que 
pese 1500g no ar pesará menos de 50g em seu envoltório liquórico). 
 
Características Citológicas e Físico-Químicas do Líquor 
Através de punções lombares, suboccipitais ou ventriculares, pode-se medir a pressão 
do líquor ou coletar uma certa quantidade para estudo de suas características citológicas e 
 70 
físico-químicas. Tais estudos fornecem importantes informações sobre a fisiopatologia do 
sistema nervoso central e seus envoltórios, permitindo o diagnóstico, às vezes bastante preciso, 
de muitas afecções que acometem o sistema nervoso central, como hemorragias, infecções etc. 
O estudo do líquor é especialmente valioso para o diagnóstico dos diversos tipos de meningites. 
Algumas propriedades físico-químicas do líquor normal variam conforme o local de obtenção da 
amostra estudada, sendo ainda bastante diferente no recém-nascido. O líquor normal do adulto 
élímpido e incolor, apresenta de zero a quatro leucócitos por mm3 e uma pressão de 5 a 20cm 
de água, obtida na região lombar com o paciente em decúbito lateral. Embora o líquor tenha 
mais cloretos que o sangue, a quantidade de proteínas é muito menor do que a existente no 
plasma. O volume total do líquor é de 100 a 150 cm3, renovando-se completamente a cada oito 
horas. Existem tabelas muito minuciosas com as características do líquor normal e suas 
variações patológicas, permitindo a caracterização das diversas síndromes liquóricas. 
 
Formação, Absorção e Circulação do Líquor. 
O líquor é produzido continuamente pela filtração do plasma por massas de capilares 
especializados chamados de plexos corióides e, em menor extensão, por secreções das células 
que revestem as cavidades ventriculares. Existem plexos corióides nos ventrículos laterais 
(corno inferior e parte central) e na porção posterior do III e IV ventrículos. Destes, sem dúvida 
os ventrículos laterais contribuem com o maior contingente liquórico, que passa ao III ventrículo 
pelos forames interventriculares e deste para o IV ventrículo através do aqueduto do 
mesencéfalo(cerebral). Através das aberturas laterais e da abertura mediana do IV ventrículo, o 
líquor ganha o espaço subaracnóideo, sendo reabsorvido no sangue principalmente através das 
granulações aracnóides que se projetam no interior dos seios da dura-máter. Como essas 
granulações predominam do seio sagital superior, a circulação do líquor no espaço 
subaracnóideo se faz de baixo para cima. No espaço subaracnóideo da medula, o líquor desce 
em direção caudal, mas apenas uma parte da volta, pois há reabsorção nas pequenas 
granulações aracnóideas existentes nos prolongamentos da dura-máter que acompanham as 
raízes dos nervos espinhais. 
 
A circulação do líquor é extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a 
determinam. Sem dúvida, a produção de líquor em uma extremidade e sua absorção em outra 
já é suficiente para causar sua movimentação. Um outro fator é a pulsação das artérias 
intracranianas que, a cada sístole, aumenta a pressão liquórica, possivelmente contribuindo 
para empurrar o líquor através das granulações aracnóideas. 
 
 71 
Figura 11.7 – Circulação Liquórica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: NETTER - Atlas Interativo de Anatomia Humana, 1998. 
 
 
 
 
 
 72 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
A.D.A.M. Interative Anatomy. 1991. 
DI DIO, L. Tratado de Anatomia Sistêmica Aplicada. 2.ed. São Paulo: 
Atheneu, 2002. 
GARDNER, E.; GRAY, D.J. O’RAHILLY, R. Anatomia. 3 ed. Guanabara 
Koogan, Rio de Janeiro, 1971. 
GRAY, H. Anatomia. 3. ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1988. 
MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional. 2.ed. Atheneu, São Paulo, 
2004. 
NETTER, F.H. Atlas Interativo de Anatomia Humana. Ed Artes médicas. 
Porto Alegre, 1998. 
SOBBOTA. Atlas Van de menselijke Anatomie. 2000. 
SITES DA INTERNET: 
 - Rogério Fadul Web Site: http://www.geocities.com/CollegePark/Lab/9707/ 
 - http://www.sistemanervoso.com

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