Buscar

Relação de Causalidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

DISCIPLINA: DIREITO PENAL I
PROFESSOR: GUSTAVO TUPINAMBÁ
NOME: ______________________________________________________________________________ Nº ______________
 
PERÍODO: 2º – ANO: 2017/ 2 – TURMA: ______________ – TURNO: ____________ – DATA: ____/____/_____
TEXTO 06
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
1. DISPOSITIVO LEGAL
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 1º. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
2. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Conforme visto no início do estudo sobre a teoria do delito, o fato típico é composto por:
- conduta (dolosa/culposa, omissiva/comissiva);
- resultado;
- nexo de causalidade;
- tipicidade penal (formal e conglobante)
O nexo de causalidade é o elemento que une a conduta ao resultado naturalístico necessário à configuração do crime. Se não houver nexo de causalidade entre o resultado e a conduta do agente não haverá relação de causalidade e tal resultado não poderá ser atribuído ao agente, visto não ter sido ele o seu causador.
3. DO RESULTADO DE QUE TRATA O CAPUT DO ARTIGO 13 DO CÓDIGO PENAL
Conforme se sabe, existem crimes que produzem resultados naturalísticos, denominados crimes materiais, e outros, que não produzem tais resultados, que são chamados crimes formais ou de mera conduta.
Acontece que, embora nem todos os crimes produzam um resultado naturalístico, todos produzem um resultado jurídico, que pode ser conceituado como a lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado pela lei penal.
Portanto:
RESULTADO NATURALÍSTICO – alteração no mundo real;
RESULTADO JURÍDICO – lesão ou perigo de lesão a bem jurídico tutelado pela lei penal.
O caput do artigo 13 obviamente não se refere aos crimes de mera conduta, mas apenas aos crimes materiais, cuja existência depende da ocorrência do resultado natural.
Assim, o nexo de causalidade diz respeito apenas aos crimes materiais, não tendo sentido em relação aos delitos de atividade, bem como aos omissivos próprios.
Há autores, como Luiz Flávio Gomes, entretanto, que entendem que o resultado exigido na cabeça do artigo 13 só pode ser o resultado JURÍDICO. Pela leitura do dispositivo conclui-se claramente que NÃO HÁ CRIME SEM RESULTADO. Logo, para não haver a exclusão dos crimes ditos formais do sistema penal brasileiro, deve-se entender esse resultado como sendo JURÍDICO, e não naturalístico.
4. CRIMES EM QUE OCORRE O NEXO CAUSAL
Ocorrerá nexo causal nos seguintes crimes:
a) crimes materiais – a lei penal exige, para sua caracterização, a produção de um resultado que cause uma modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos;
b) crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão) – são os constantes do § 2º do artigo 13 do CP, que também exigem resultado naturalístico para a responsabilização do agente;
Não ocorrerá nexo causal, em contrapartida, nos seguintes crimes:
a) formais – a consumação é antecipada para antes da ocorrência do resultado naturalístico. ESTE RESULTADO, CASO OCORRA, SERÁ CONSIDERADO MERAMENTE EXAURIMENTO DO CRIME.
b) de mera conduta – delitos de simples atividade, em que o legislador não fez qualquer previsão de resultado naturalístico a fim de caracterizá-lo. Difere-se do formal porque, neste, embora não seja necessário o resultado naturalístico para sua consumação, o legislador o prevê como mero exaurimento do crime.
c) omissivos próprios ou omissivos puros – para sua caracterização, basta a inação do agente.
5. TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
Várias teorias surgiram para explicar a relação de causalidade, dentre as mais importantes:
1) Teoria da causalidade adequada - A conduta é a condição necessária e adequada para determinar o ocorrência de um evento, isto é, idônea a gerar o efeito.
2) Teoria da relevância jurídica – Conduta é a causa como a condição relevante para o resultado.
3) Teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou da conditio sine qua non) - Causa é ação ou omissão sem os quais o resultado não teria ocorrido. Significa que todos os fatos anteriores ao resultado se equivalem, desde que indispensáveis à sua ocorrência.
6. REGRESSÃO EM BUSCA DAS CAUSAS DO RESULTADO
A crítica experimentada pela teoria da equivalência dos antecedentes causais é no sentido de que, se para encontrarmos as causas de um resultado determinado sempre precisamos fazer uma regressão em busca de todas as causas que de alguma forma contribuíram para o resultado, chegaríamos a uma regressão ao infinito (ad infinitum).
Para evitar essa regressão demasiada, devemos parar o raciocínio no momento em que cessarem o dolo ou a culpa por parte daquelas pessoas que tiveram importância na produção do resultado.
Não é possível regressar além da vontade livre e consciente de produzir o resultado.
7. PROCESSO HIPOTÉTICO DE ELIMINAÇÃO DE THYRÉN
De acordo com esse processo, desenvolvido pelo professor sueco Thyrén, para encontrar as causas do resultado lesivo devemos fazer um exercício mental da seguinte maneira:
1º) pensar no fato que entendemos influenciador do resultado;
2º) suprimir mentalmente esse fato da cadeia causal;
3º) se dessa supressão o resultado se modificar, é sinal de que o fato suprimido deve ser considerado como causa do resultado.
8. OCORRÊNCIA DO RESULTADO
De acordo com a redação do artigo 13 do Código Penal, considera-se causa a ação ou omissão
sem a qual o resultado não teria ocorrido. Mas será que somente pode ser considerada causa
aquela ação que, no caso concreto, modifique efetivamente o resultado?
Portanto, a redação do artigo 13 está incompleta, pois considera-se causa, na verdade, toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, DA FORMA QUE OCORREU.
9. ESPÉCIES DE CAUSAS
As causas podem ser:
- absolutamente independentes – são as causas do caput do artigo 13.
- relativamente independentes - são as do § 1º, do mesmo artigo.
9.1. CAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE
É a causa que teria acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo se não tivesse havido qualquer conduta por parte do agente.
As causas absolutamente independentes podem ser, em relação à conduta do agente:
• preexistente – ocorre antes da conduta do agente.
• concomitante – ocorre simultaneamente à conduta do agente.
• superveniente – a causa ocorre posteriormente à conduta do agente, e com ela não guarda relação de dependência alguma.
9.2. CAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
É a causa que somente tem a possibilidade de produzir o resultado se for conjugada com a conduta do agente. A ausência de qualquer uma delas faz com que o resultado seja modificado.
As causas relativamente independentes podem ser:
• preexistente – já existia antes do comportamento do agente e, quando com ele conjugada numa relação de complexidade, produz o resultado.
• concomitante – é a causa que, ocorrendo numa relação de simultaneidade com a conduta do agente, conjugada com a mesma é também considerada produtora do resultado.
• superveniente – ocorre posteriormente à conduta do agente e com ela tem ligação. O código diz, no § 1º do artigo 13, que essas causas só excluem a imputação do agente quando, por si sós, produziriam o resultado.
CONCLUSÃO:
- Causas relativamente independentes PREEXISTENTES e CONCOMITANTES = o agente responderá pelo resultado desde que estas causasestejam dentro do conhecimento do agente, senão estaríamos admitindo responsabilidade penal objetiva, ou seja, sem culpa.
- Causas relativamente independentes SUPERVENIENTES possuem uma peculiaridade = não podem estar dentro do conhecimento do agente, pois são supervenientes. O resultado precisa estar dentro de uma linha natural de desdobramento fático da ação do agente e, além disso, a lesão advinda da ação deve ser significante, passível de produzir o resultado mais grave.
ASSOCIAÇÃO TERESINENSE DE ENSINO – ATE
FACULDADE SANTO AGOSTINHO – FSA
DIRETORIA DE ENSINO
COORDENAÇÃO DE CURSO
_1214737197.bin

Outros materiais