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CONTABILIDADE DE ENTIDADES DE INTERESSE SOCIAL AULA 6 Profª Edicreia Andrade dos Santos 2 CONVERSA INICIAL O Terceiro Setor utiliza a prestação de contas como instrumento de transparência. Ela é uma atividade que encerra um ciclo, com a demonstração de como os recursos que as instituições dispunham foram aplicados, e, ao mesmo tempo, é o marco inicial de uma nova etapa, já que a apresentação das contas pode garantir a renovação da captação de recursos junto a doadores e financiadores (Cazumbá, 2015). Para que a organização apresente as informações aos órgãos responsáveis, é necessário que ela saiba quais e como esses dados devem ser apresentados. É preciso estar atento para que não sejam apresentadas informações desnecessárias e que informações relevantes sejam deixadas de lado. Tendo em vista a importância do conhecimento sobre a prestação de contas, o objetivo da presente aula refere-se à explanação da conceituação deste instrumento, bem como os órgãos responsáveis pelo controle e validação das informações apresentadas. Vídeos Prestação de contas em debate: <https://www.youtube.com/watch?v=dLGDwAkmLoc>. Qual o papel do empresário contábil na prestação de contas do terceiro setor?: <https://www.youtube.com/watch?v=WzPhGV3tZXE>. CONTEXTUALIZANDO As entidades do Terceiro Setor são organizações sem finalidade lucrativa que procuram atuar visando ao bem-estar da sociedade, por meio do fornecimento de bens e serviços que até então eram fornecidos pelo Estado (Araújo, 2005; Carneiro; Oliveira; Torres, 2011). Nos últimos anos a importância desse setor tem crescido. Diante disso, o Estado tem concedido alguns registros e títulos para as instituições que atendam aos requisitos legais. Caso as condições sejam atendidas, as instituições têm direito a benefícios, como a imunidade e a isenção de tributos e a possibilidade do recebimento de recursos públicos, por meio de convênios, 3 contratos, subvenções sociais, auxílios, doações e termos de parceria (Carneiro; Oliveira; Torres, 2011). Como contrapartida as entidades do Terceiro Setor precisam prestar contas às autoridades responsáveis, mostrando como utilizaram os recursos resultantes dos benefícios e de qualquer outra fonte. Para as organizações do Terceiro Setor, a prestação de contas é a premissa básica a ser cumprida em busca da credibilidade diante da sociedade (Carneiro; Oliveira; Torres, 2011; Milani Filho, 2004). Com a reforma no Código Civil em 2002, houve um aumento na demanda por transparência das organizações do Terceiro Setor. Segundo Ferrarezi (2001), um dos primeiros requisitos da Lei das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público foi a determinação de mecanismos de transparência, em que a sociedade, por meio da internet, passou a ter acesso aos dados cadastrais e outras informações relevantes sobre as organizações que detinham esse título. Posteriormente, as demais organizações habilitadas com títulos e certificações também passaram a disponibilizar suas informações (Silva, 2010). Diante da tendência do aumento de transparência nas ações das organizações que compõem o Terceiro Setor, tanto as instituições como a sociedade são beneficiadas com a ampliação de credibilidade, segurança e relevância das informações divulgadas (Silva, 2010). Nos próximos temas serão apresentados os aspectos inerentes à prestação de contas das organizações do Terceiro Setor, quais informações devem ser incluídas, qual a forma de validação destes dados, quais órgãos são responsáveis pela fiscalização das informações apresentadas e a gestão operacional financeira destas instituições. TEMA 1 – PRESTAÇÃO DE CONTAS DO TERCEIRO SETOR A prestação de contas tanto aos órgãos deliberativos como ao Poder Público é uma das principais obrigações das entidades do Terceiro Setor (CFC, 2016). Segundo o dicionário Michaelis Online (2016) a expressão prestação de contas é “a comprovação por meio de recibos ou notas de todas as despesas pagas por funcionários de empresas públicas como privadas”. Já o Conselho Federal de Contabilidade – CFC (2016) a define como: 4 [...] o conjunto de documentos e informações disponibilizadas pelos dirigentes das entidades aos órgãos interessados e autoridades, de forma a possibilitar a apreciação, conhecimento e julgamento das contas e da gestão dos administradores das entidades, segundo as competências de cada órgão e autoridade, na periodicidade estabelecida no estatuto social ou na lei. O ato de prestação de contas em entidades sem finalidade lucrativa é a demonstração de que a missão da organização foi cumprida. Significa que a instituição conseguiu fazer o que havia proposto, aplicando corretamente os recursos que lhes foram destinados, mostrando que atingiu os encargos que estavam sob sua responsabilidade, além de justificar a utilização dos recursos obtidos por meio da confrontação entre suas receitas e despesas, atendendo tanto às exigências morais, como legais e contábeis (Oliveira, 2009). As empresas com finalidade lucrativa ao final do exercício distribuem os resultados (lucros ou prejuízos) aos seus investidores, já as organizações sem finalidade lucrativa têm como intuito demonstrar se o fim para o qual foram criadas está sendo cumprido, por meio da prestação da aplicação dos seus recursos. No Terceiro Setor a prestação de contas é uma forma de evidenciar transparência, uma obrigação social para com o público que contribui para a sua continuidade (Gimenez, 2009). De forma geral, existem dois tipos de prestação de contas: a prestação de contas financeira e a não financeira (Oliveira, 2009). Os relatórios de prestação de contas não financeiras consistem em relatórios nos quais são relatados o desenvolvimento de atividades das organizações do Terceiro Setor, abrangendo a descrição desde como, por que e para quem elas foram realizadas (Oliveira, 2009). Oliveira (2009, p. 51) afirma que o “foco nos resultados obtidos com a aplicação de recursos, ou seja, se os resultados obtidos em relação à missão da organização, de sua atividade fim”. Os relatórios de prestação de contas financeiras são referentes aos resultados obtidos. Em muitos casos eles acabam sendo elaborados em um formato simples, sem a utilização de técnicas contábeis, uma mera verificação dos recebimentos e despesas da organização; portanto, informal na sua elaboração ou divulgação. Com isso, pode-se impedir a comparabilidade do conteúdo do relatório com as demais entidades do seu setor (Oliveira, 2009). Para que a prestação de contas tenha comparabilidade e confiabilidade, ela deve ser elaborada por um profissional contábil e deve seguir as normas contábeis vigentes. No Brasil, existem normas específicas no que tange a 5 prestação de contas das entidades do Terceiro Setor, emitidas pelo CFC, tais como a NBC T 10.19, 10.18 e NBCT 3. Essas normas tratam dos princípios e da obrigatoriedade da elaboração das demonstrações contábeis desse setor (Oliveira, 2009). De acordo com Trow (1996), existem duas dimensões da prestação de contas (accountability), que valem ser consideradas: a distinção entre interna e externa e a distinção entre legal/financeiro e a moral. A prestação de contas interna é uma forma de análise das operações da instituição, corresponde à responsabilidade das pessoas dentro da organização. Por sua vez, a prestação de contas externa é referente à obrigação que a instituição tem de demonstrar se está seguindo sua missão e aplicando seus recursos de maneira plausível, algo como uma auditoria,para passar segurança aos usuários externos (Oliveira, 2009). Em relação à dimensão que trata da distinção entre legal/financeiro e a moral, os aspectos legal e financeiro correspondem à aplicação dos recursos, o cumprimento do que é determinado em lei e estatutos. Essa dimensão é cumprida por meio da elaboração de relatórios contábeis e financeiros e posterior auditoria contábil para verificação. No caso da dimensão correspondente à moral, se as ações da instituição correspondem à sua razão de ser (Oliveira, 2009). De acordo com o CFC (2016), na prestação de contas as organizações do Terceiro Setor precisam estar atentas às exigências específicas de cada órgão, para que não encaminhe elementos a mais ou a menos do que o necessário. No próximo tema esses itens serão expostos. Saiba mais Afinal, o que é accountability? Não existe um termo português que expresse o termo accountability. De forma resumida, accountability pode ser conceituada como a responsabilidade, a obrigação e a responsabilização de quem ocupa um cargo em prestar contas segundo os parâmetros da lei, estando envolvida a possibilidade de ônus, o que seria a pena para o não cumprimento desta diretiva (Pinho, Sacramento, 2009). 6 TEMA 2 – ELEMENTOS QUE COMPÕEM A PRESTAÇÃO DE CONTAS De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2015), as instituições do Terceiro Setor têm a obrigação de prestar contas aos órgãos e às entidades responsáveis conforme as normas e estatutos que regem suas ações. Na prestação de contas, devem ser observadas as exigências específicas de cada órgão, para que não sejam enviados documentos que não correspondam ao que é solicitado. No Quadro 1 são apresentados os elementos normalmente exigidos: Quadro 1: Elementos prestação de contas Elemento Conceito Plano de trabalho No plano de trabalho, devem ser evidenciadas as ações previstas em comparação as realizadas, além de análise da variação dessa comparação. Ele deve conter: a. os objetivos; b. a origem dos recursos; c. a infraestrutura; e d. a identificação de cada ação, serviço, projeto, programa e benefício a executar: • o público-alvo; • a capacidade de atendimento; • os recursos a utilizar; • os recursos humanos; • a abrangência territorial; • a forma de participação dos beneficiários e/ou as estratégias utilizadas nas etapas de elaboração; • execução; • métodos de avaliação e monitoramento do plano. Relatório de atividades O relatório de atividades é o documento que aponta as atividades desenvolvidas no período de gestão, juntamente com documentos que comprovem a sua efetivação. Ele deve conter: a. os objetivos; b. a origem dos recursos; c. a infraestrutura; d. a identificação de cada ação, serviço, projeto, programa e benefício a executar: • o público-alvo; • a capacidade de atendimento; • os recursos a utilizar; • os recursos humanos; • a abrangência territorial; • a forma de participação dos beneficiários e/ou as estratégias utilizadas nas etapas de elaboração; • execução; • métodos de avaliação e monitoramento do plano. Esse relatório deve ser confeccionado a cada período de gestão ou exercício financeiro, independente de o período de prestação de contas abranger vários períodos. Ele deve ser de fácil entendimento e possibilitar os usuários de forma clara programas, número de beneficiados, finalidades etc. Demonstrações contábeis Segundo o ITG 2002, que rege as Entidade sem Finalidade de Lucros, as demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pela Entidade sem Finalidade de Lucros são: o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Período, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, 7 a Demonstração dos Fluxos de Caixa e as Notas Explicativas, conforme previsto na NBC TG 26 ou na Seção 3 da NBC TG 1000, quando aplicáveis. Nessas demonstrações: No Balanço Patrimonial, em vez de Capital, usa-se Patrimônio Social; No Balanço Patrimonial e nas Demonstrações do Resultado do Período, das Mutações do Patrimônio Líquido e do Fluxo de Caixa, em vez de “lucro” e “prejuízo” usam-se “superávit” e “déficit”; Na Demonstração do Resultado do Período, devem ser destacadas as informações de gratuidades concedidas e serviços voluntários obtidos, e divulgadas em notas explicativas por tipo de atividade; Na Demonstração dos Fluxos de Caixa, as doações devem ser classificadas nos fluxos das atividades operacionais; A entidade pode controlar em contas de compensação as transações referentes a isenções, gratuidades e outras informações para melhor evidenciação contábil; É necessário que a entidade elabore e apresente demonstrações contábeis analíticas e comparativas, de modo a evidenciar as contas de forma mais detalhada possível. Informações bancárias São exigidos dois tipos de informações bancárias: Relação das contas bancárias da organização, com identificação da instituição financeira, agência, número e tipo de conta, indicando se os depósitos são em conta-corrente, conta de aplicação, poupança etc. Cópias de extratos bancários ou de documentos equivalentes emitidos pelas instituições financeiras, que comprovem os saldos das contas bancárias (conta-corrente e aplicação), na data do encerramento do exercício, acompanhada de conciliação. Inventário patrimonial O inventário patrimonial consiste em uma relação de todos os bens patrimoniais, móveis e imóveis, com identificação e características do bem, data e forma de incorporação ao patrimônio, localização e valor individual, de propriedade da entidade em seu poder e em poder de terceiros, bem como os bens de terceiros em poder da entidade. É importante destacar que o total financeiro consignado nessa relação deve ser igual ao saldo do razão contábil dos bens do ativo imobilizado e intangível. Além disso, os bens da entidade em poder de terceiros e os bens de terceiros em poder da entidade devem ser inventariados e relacionados à parte e devem ser escriturados em conta contábil específica. Declaração de Informações econômico- fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) A DIPJ é obrigatória a todas as entidades de interesse social. O não cumprimento dessa obrigação pode acarretar a perda de benefícios. Na prestação de contas, devem ser incluídas todas as fichas que compõem a DIPJ e o recibo de entrega. Relação anual de informações sociais (Rais) Deve ser incluídos na prestação de contas a declaração impressa e o recibo de entrega da Rais (mesmo que seja o recibo provisório). No caso de entidades que não tenham funcionários, deve ser entregue a Rais negativa. Parecer do conselho fiscal O parecer do conselho fiscal não é obrigatório a todas as entidades, apenas para organizações que tenham determinadas estruturas administrativas e que tenham previsão no estatuto. Caso não exista esta previsão, compete ao órgão deliberativo máximo da instituição a aprovação definitiva da prestação de contas que foi internamente realizada. Relatório de auditoria independente O relatório de auditoria independente não é obrigatório a todas as entidades. Ela pode ser exigido pelo Poder Público, por portadores de recursos ou estar previsto no estatuto. Cópia de convênio, contrato e termo de parceria Caso a entidade de interesse social tenha convênios, contratos ou termos de parcerias com instituições públicas e privadas, deve apresentar as cópias na prestação de contas. No caso de o órgão repassador de recursos apresentar parecer acerca da prestação de contas, uma cópia deve ser anexada. Fonte: Conselho Federal de Contabilidade, 2015. 8 A exigência dos elementos que compõem a prestação de contas é estabelecida de acordo comas condições instituídas pelos órgãos fiscalizadores e com os atos normativos. Dessa forma, cabe ao responsável pela prestação de contas observar as exigências específicas para saber quais dos documentos apresentados no Quadro 1 são imprescindíveis (CFC, 2015). Após a apresentação dos elementos que compõem a prestação de contas, no próximo tema serão apresentados os órgãos nos quais essas prestações devem ocorrer. Saiba mais Prestação de contas: por onde começo? A prestação de contas começa junto com a execução do projeto, não depois; Estar preparado para as readequações que possam vir a ocorrer no orçamento; Estar disposto a negociar; O pagamento é um ponto-chave na prestação de contas, um erro na hora de sua efetuação pode implicar na devolução de recursos; A documentação deve ser organizada com disciplina de forma detalhada e com cuidado; Os relatórios das atividades devem estar organizados, em planilhas detalhadas com os respectivos documentos e dados; Durante toda a execução do projeto, é preciso se comunicar com os órgãos financiadores e com patrocinadores. (Fonte: <http://news.projetaonline.com.br/?p=451>). TEMA 3 – A QUEM AS ENTIDADE DO TERCEIRO SETOR DEVEM PRESTAR CONTAS Após o exame dos elementos que compõem a prestação de contas das instituições do Terceiro Setor, é necessário conhecer quais são os órgãos que exigem a realização desta prestação. O Código Civil (10.406/2012) no capítulo referente às entidades, em seu artigo 66, estabelece que cabe ao Ministério Público velar pelas fundações que funcionarem no Distrito Federal, ou em território nacional. Se as instituições estenderem a atividade por mais de um 9 Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Cabe ainda ao Ministério Público: a) Requerer a dissolução de entidade de fins assistenciais que receba auxílio ou subvenção do Poder Público ou que se mantenha, no todo ou em parte, com contribuições periódicas de populares, que deixe de desempenhar suas atividades assistenciais, que aplique os recursos recebidos em finalidades diversas das previstas em estatuto ou que fique sem efetiva administração (Decreto-Lei n° 41, de 18/11/1966); b) Fiscalizar as entidades de atendimento a crianças e adolescentes inscritas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Art. 95 da Lei n° 8.069, de 13/7/1990); c) Requerer a perda da qualificação das entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), principalmente nos casos de erro ou fraude (arts. 7° e 8° da Lei n° 9.790, de 23/3/1999, e Art. 4° do Decreto n° 3.100, de 30/7/1999). (CFC, 2016) As organizações do Terceiro Setor podem ter diferentes obrigações diante da independência de cada Ministério Público. Cabe aos gestores e profissionais de contabilidade orientar-se no órgão do Ministério Público encarregado do exame da prestação de contas (CFC, 2016). Outro órgão que fazia a exigência da prestação de contas é o Ministério da Justiça. As entidades que apresentavam o título de Utilidade Pública Federal efetuavam a prestação de contas ao Ministério até o ano de 2016. No entanto, a Lei nº 91/35, que regulava a prestação de contas a esse ministério, foi revogada pela Lei nº 13.204 de 2015 (quem entrou em vigor em 21/01/2016), e o título de Utilidade Pública Federal deixou de existir. Atualmente o Ministério da Justiça não renova ou concede novos títulos de Utilidade Pública Federal. Desta forma, os procedimentos de comprovação de vínculo de dirigentes, envio de relatório, expedição de certidão de regularidade, atualização cadastral, pedido de titulação e cancelamento de título, que até então eram enviados pelas entidades do Terceiro Setor ao Ministério da Justiça, foram encerrados (Contabilidade Unisuam, 2016). Os Ministérios da Saúde, Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome também exigem a prestação de contas a determinadas instituições que têm isenções. De acordo com a Lei nº 12.101 de 2009, as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação podem obter a 10 certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social. Para a obtenção da certificação, é preciso que a entidade beneficente demonstre no exercício fiscal anterior à solicitação, observado o período mínimo de 12 (doze) meses de constituição da entidade, o cumprimento dos itens: a. Ser constituída como pessoa jurídica de direito privado sem finalidade lucrativa e que seja assim reconhecida como prestadora de serviços em uma dessas áreas de atuação: saúde, educação, desenvolvimento social e combate à fome; b. Prever em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do eventual patrimônio remanescente a entidade sem fins lucrativos congêneres ou a entidades públicas. Compete aos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome a supervisão das instituições certificadas e manutenção do cumprimento dos requisitos necessários à certificação, podendo, sempre que preciso, determinar a apresentação de documentos, a realização de auditorias ou o cumprimento de ações (CFC, 2015). De acordo com o CFC (2015), caso constante o descumprimento dos requisitos obrigatórios à obtenção do certificado, a autoridade competente pela certificação poderá determinar seu cancelamento a qualquer tempo. Em algumas situações a supervisão dessas entidades pode ser delegada. São autoridades competentes para a verificação de irregularidades sem prejuízo das atribuições do Ministério Público: I - o gestor municipal, distrital ou estadual do SUS ou do Suas e o gestor da educação municipal, distrital ou estadual; II - a Secretaria da Receita Federal do Brasil; III - os conselhos de acompanhamento e controle social previstos na Lei n.º 11.494, de 20 de junho de 2007, e os Conselhos de Assistência Social e de Saúde; e IV - o Tribunal de Contas da União. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2015). Para entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil, também é devida a prestação de contas a órgãos competentes. Para obter tal certificação, a organização precisa estar enquadrada como pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos que tenha sido constituída e se encontre em 11 funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, com os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendendo aos requisitos instituídos pela Lei n. 9.790, de 1999. Essa lei determina que as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade deverão conter no mínimo: a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebida pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal. O Decreto n. 8.726,de 2016, responsável pela regulamentação das entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil, estabelece a comprovação perante o órgão estatal parceiro, da adequada aplicação dos recursos públicos recebidos e do preenchimento do objeto do Termo de Parceria, mediante a apresentação dos seguintes documentos: a) Relatório anual de execução de atividades, contendo especialmente o relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria e comparativo entre as metas propostas e os resultados alcançados; b) Demonstrativo integral da receita e despesa realizadas na execução; c) Extrato da execução física e financeira; d) Demonstração de resultados do exercício (déficit ou superávit); e) Demonstração das origens e das aplicações de recursos; f) Demonstração das mutações do patrimônio social; g) Notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário; e h) Parecer e relatório de auditoria, nos casos em que o montante de recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). (Decreto n. 8.716, de 2016) A fiscalização e a prestação de contas são exigidas a todas as fundações de direito privado. Os elementos que são exigidos pelos órgãos interessados e pelas autoridades variam de acordo com os atos normativos que as regem e a atuação de cada um. No caso de organizações do Terceiro Setor que deixem de prestar contas, por três anos existe o risco de perderem a sua titulação (Peixoto et al., 2015). 12 Após conhecer quais os elementos e órgãos que compõem a prestação de contas, no próximo tema será mostrado como funciona a auditoria dos documentos apresentados pelo Terceiro Setor. TEMA 4 – AUDITORIA Os primeiros indícios da prática da auditoria atual remetem ao final do século XVIII na Inglaterra, como consequência das transformações econômicas resultantes da Revolução Industrial. No início o foco da auditoria era a fiscalização de tributos, posteriormente o objeto de estudo voltou-se para a avaliação das práticas e fatos contábeis. Na atualidade, a auditoria funciona com um instrumento de validação do ambiente de controle interno (Perez, Junior, 2016). A auditoria envolve a execução de procedimentos com a finalidade de obter evidências a respeito dos valores e das divulgações apresentados nas demonstrações contábeis. Os procedimentos são selecionados de acordo com o julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção nas demonstrações contábeis (CFC, 2015). Ao avaliar os riscos, são considerados os controles internos que são significativos para a elaboração e para a correta apresentação das demonstrações contábeis da entidade. A auditoria também analisa as práticas contábeis utilizadas e a prudência das estimativas contábeis realizadas pela administração da instituição, além da avaliação das demonstrações contábeis como um todo (CFC, 2015). Após compreender o que é auditoria, é preciso entender quais necessidades levam a instituição à sua contratação. As principais motivações são: garantia de qualidade, complexidade técnica da elaboração das demonstrações contábeis e as exigências prescritas na lei. A primeira das razões é a garantia de qualidade. A utilização da auditoria faz com o que o relatório tenha credibilidade, além de passar segurança aos usuários das demonstrações contábeis. Outra necessidade é a neutralidade, principalmente quando existe conflito de interesses, como em situações que haja preocupação por parte dos usuários de que as demonstrações contábeis tenham sido elaboradas com alguma intenção de favorecimento a algum membro da instituição (CFC, 2015). 13 Outra necessidade que motiva o uso da auditoria é a complexidade técnica da elaboração das demonstrações contábeis. Quanto mais complexo esse processo fica, maiores são as chances de distorções ou erros. Há ainda o uso da auditoria em caso de troca de gestores, visando evitar, assim, problemas na avaliação de gestores futuros (CFC, 2015). Além dos aspectos citados, existem algumas situações definidas em lei que obrigam instituições de Terceiro Setor a passar por um processo de auditoria. Conforme a Lei Federal n. 12.101, de 2009: As entidades filantrópicas que têm faturamento superior a R$ 2,4 milhões por ano estão obrigadas a apresentar suas demonstrações contábeis devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC). Este auditor independente está desobrigado de ter o seu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme item VIII do Art. 29 da Lei n.º 12.101/0. A Lei n. 9.790, de 1999, em sua alínea “c”, inciso VII, do art. 4o, destaca que: A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá realizar auditoria independente da aplicação dos recursos objeto do Termo de Parceria, de acordo com a alínea "c", inciso VII, do art. 4o da Lei no 9.790, de 1999, nos casos em que o montante de recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). § 1o O disposto no caput aplica-se também aos casos onde a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público celebre concomitantemente vários Termos de Parceria com um ou vários órgãos estatais e cuja soma ultrapasse aquele valor. § 2o A auditoria independente deverá ser realizada por pessoa física ou jurídica habilitada pelos Conselhos Regionais de Contabilidade. § 3o Os dispêndios decorrentes dos serviços de auditoria independente deverão ser incluídos no orçamento do projeto como item de despesa. § 4o Na hipótese do § 1o, poderão ser celebrados aditivos para efeito do disposto no parágrafo anterior. A auditoria é dividida entre interna e externa. A auditoria interna funciona como uma espécie de controle para a administração da organização, para o acompanhamento dos procedimentos e o controle da elaboração das demonstrações contábeis. No caso da auditoria externa, o foco é demonstrar para o público a forma de gerenciamento e execução dos seus recursos financeiros, econômicos e patrimoniais, que normalmente são resultado de doações (Cervi, 2012). No Quadro 2 são apresentadas as principais diferenças 14 Quadro 2: Diferenças entre auditoria interna e externa Auditoria interna Auditoria externa Exerce uma auditoria contábil e operacional Não existe um período de tempo predeterminado. Realizada normalmente por funcionários Somente auditoria contábil É realizada conforme as exigências legais ou outras necessidades Realizada por um profissional independente Fonte: <http://www.portalcfc.org.br/noticia.php?new=8435>. A auditoria externa é mais adequada para as organizações do Terceiro Setor, pois serve como instrumento de obtenção de credibilidade diante de investidores/doadores (Cervi, 2012). Alguns documentos analisados pelo auditor são movimento de caixa e bancário, patrimônio, elaboração de demonstrativo de receitas e despesas, revisão tributária, trabalhista- previdenciária e documentos referentes à constituição da organização. Tendo como base uma pesquisa realizada em seis organizações do Terceiro Setor localizadas no estado de Santa Catarina, o Quadro 3 apresenta as principais áreas prioritárias e de aplicação da auditoria, além da legislação utilizada como base: Quadro 3: Auditoria nas Organizações do Terceiro Setor Áreas com maiores aplicações da auditoria Disponibilidades; Contas a receber; Estoques; Investimentos; Ativo imobilizado; Exigibilidades; Patrimônio social; Receitas; Custos e despesas; e Doações e subvenções. Áreas/aspectos prioritários Aplicações de recursos; Análise da aplicação dos níveis mínimos de gratuidade;Contas a receber; Disponibilidades; Análise estatutária e sustentação jurídica; Atendimentos às disposições legais e cumprimento das obrigações acessórias; Baixas e operações, níveis de provisionamento (entidade de microcrédito); Doações e subvenções; Empréstimos e financiamentos; Fornecedores; Operações de crédito em aberto (entidade de microcrédito); Passivos contingentes. Legislação Legislações específicas do Terceiro Setor; Normas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC; Legislação trabalhistas e tributária; Lei 11.941/2009; Normas emanadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC; Normas emanadas pelo Instituo dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON; Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99; Resolução 877/2000 e 926/2001 do CFC. Fonte: Cunha et al, 2010. 15 Com base no Quadro 3, é possível auferir que a principal diferença entre as áreas de atuação da auditoria em empresas privadas e as organizações de interesse social é o foco nas doações e subvenções. Outro ponto importante é a prioridade dada às aplicações dos recursos, análise da aplicação dos níveis mínimos de gratuidade e as doações e subvenções. No próximo tema serão abordados alguns aspectos relacionados à avaliação operacional e financeira. TEMA 5 – GESTÃO OPERACIONAL FINANCEIRA Assim como qualquer organização, as entidades de Terceiro Setor almejam conquistar resultados positivos para garantir sua continuidade. Com o crescimento desse setor, tem-se tornado necessário o planejamento e a avaliação da gestão visando à obtenção da melhor performance (Lima Filho; Bruni; Cordeiro Filho, 2011). A gestão das Entidades de Interesse Social abrange as ações sociais, administrativas e financeiras. A avaliação da gestão de ações sociais consiste na estimativa dos efeitos qualitativos das ações coletivas promovidas pela realização de projetos, por meio da análise das mudanças positivas na vida das pessoas que compõem a sociedade, no curto e no longo prazo (CFC, 2015). As ações administrativas estão relacionadas à avaliação institucional. Essas ações abrangem as atividades que envolvem a execução e o monitoramento dos projetos sociais, além de planos e metas globais da entidade. A avaliação institucional envolve os planos de trabalho como captação de fundos, nível de aprovação e implementação de projetos, nível qualitativo e quantitativo das aplicações de recursos e de geração de renda nos projetos. De forma resumida, podemos dizer que a avaliação institucional está ligada ao controle dos recursos, desde o planejamento ao controle do seu uso (CFC, 2015). A avaliação institucional também analisa os recursos humanos, de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2015): Para os recursos humanos, a forma de avaliação segue a mesma linha definido pelos profissionais da área que buscam mensurar o desempenho dos indivíduos, sua convivência em equipe, as ações desenvolvidas em equipe, o engajamento com a missão social da instituição, etc. Há ainda a gestão das ações financeiras. Sabe-se que todas as organizações necessitam de recursos financeiros para sua sobrevivência. No 16 caso das Entidades do Interesse Social não é diferente. Como essas instituições dependem de doações de terceiros, é preciso maior controle por parte dos administradores das entradas e saídas de recursos financeiros da entidade (CFC, 2015). Para uma gestão eficiente dos recursos financeiros, é necessário administrar o orçamento de operações e investimentos. Para mensurar a capacidade da entidade em administrar determinado volume de recursos (como um todo), recomenda-se que a entidade elabore o orçamento anual completo que contemple a aplicação dos recursos da entidade, tanto em suas atividades operacionais quanto em investimentos, a partir dos objetivos de trabalho que forem estabelecidos pela administração e aprovados pela assembleia, para se ter uma visão absoluta da entidade (CFC, 2015). No que tange o planejamento de cada proposta financeira, temos o plano de desembolso. Ele é usado para efetuação das transferências financeiras dos recursos aprovados para o projeto e está associado às aplicações dos recursos que serão efetuados pela entidade na execução das suas atividades. Este plano deve ser elaborado por meio do levantamento das necessidades de cada fase de execução do projeto (caso a entidade doadora dos recursos faça essa exigência) (CFC, 2015). Outra forma de gestão financeira muito comum é o fluxo de caixa. Ele é um instrumento de controle financeiro recomendável a todas as Entidades de Interesse Social. No entanto, tal instrumento não deve ser utilizado apenas após os gastos dos recursos, mas também como instrumento preditivo de sobra ou de escassez de recursos financeiros. Assim, deve-se partir do orçamento de operações e de investimento e, com base na previsão das atividades que deverão ser executadas, efetuar a projeção de todas as receitas que serão recebidas e contrapor ao total dos ingressos previstos às necessidades de desembolso na forma das despesas projetadas. Essas projeções devem ser efetuadas por valores mensais, em que serão identificados eventuais excedentes ou necessidade de embolso complementar (CFC, 2015). Nos Quadros 4 e 5 são apresentadas algumas sugestões para a avaliação de desempenho (CFC, 2015). 17 Quadro 4: Índices financeiros econômicos Expressão Título Finalidade Ativo circulante/passivo circulante Liquidez Corrente Ativos circulantes disponíveis para liquidar obrigações de curto prazo. Disponível/saldo de projetos Liquidez específica Expressa o montante de recursos disponíveis para cumprir as atividades do projeto no período seguinte. Patrimônio líquido/ imobilizado X 100 Grau de imobilização do patrimônio líquido Expressa o percentual de imobilização do patrimônio social. ANC/Patrimônio líquido Grau de recursos do PL que está no ativo não circulante Expressa o percentual do PL aplicado no ativo não circulante Passivo circulante/passivo circulante + passivo não circulante + patrimônio líquido x 100 Grau de endividamento em curto prazo Expressa o percentual de endividamento em curto prazo. Passivo circulante + passivo não circulante/ passivo circulante + passivo não circulante + patrimônio líquido x 100 Grau de endividamento geral Expressa o percentual de endividamento total. Despesa realizada/ receita recebida x 100 Relação despesa realizada dos projetos e as receitas recebidas Expressa o percentual das despesas efetivamente realizadas em relação às receitas recebidas no período. Deve ser analisados em separado: doações vinculadas a projetos e os recursos próprios. Expressa o percentual de endividamento total. Gratuidade/despesa total x 100 Relação gratuidade e despesas totais Avaliar o percentual de gratuidades concedidas no período em relação às despesas totais. Gratuidade/receita total x 100 Relação gratuidade e receitas totais Avaliar o percentual de gratuidades recebidas no período em relação às receitas totais. Despesas por atividade/ Despesa total x 100 Participação de cada atividade nas despesas totais Avalia o nível de representatividade de cada atividade nas despesas totais. Participação de cada atividade nas receitas totais Avalia o nível de representatividade das receitas auferidas em relação às receitas totais. Receitas próprias/ receita total x 100 Esforço de captação própria Avalia a capacidade de a entidade gerar renda própria em relação às receitas totais. Fonte: Conselho Federal de Contabilidade,2015. Quadro 5: Índices de eficiência de gestão Expressão Título Finalidade Despesa realizada/ número de beneficiários Eficiência na aplicação dos recursos Avalia o valor unitário gasto por beneficiário. Pode se tratar de recuperação de crianças de rua, de gastos por crianças em escola, por idoso em lares de apoio, pacientes em hospital etc. Despesa realizada/área demarcada Eficiência na aplicação dos recursos Avalia o valor unitário gasto por área demarcada, quando se tratar de projeto de demarcação de terras. Substituindo-se por área apenas, tem-se o gasto unitário por área de atuação. Custo orçado/custo realizado x 100 Eficiência no controle dos recursos Avalia a capacidade de previsão e planejamento. É interessante que seja feito 18 por projetos. Área construída em m2/ beneficiários Eficiência da estrutura física Avalia a acomodação dos beneficiários por metro quadrado. Ativos/beneficiários Eficiência na distribuição de ativos diversos Avalia os resultados alcançados na aplicação de ativos como medicamentos, vacinas, cestas básicas, material escolar etc. Quantidade de cursos prevista/quantidade realizada Mensuração de eficiência atividades educacionais Avalia a capacidade estrutural da entidade em cumprir metas físicas de realização de cursos. Número de participantes de cursos previsto/ número de capacitados Mensuração de eficiência atividades educacionais Avalia a eficiência no alcance de objetivos de formação de contingente físicos. Fonte: Conselho Federal de Contabilidade, 2015. Os indicadores apresentados nos quadros 4 e 5 são apenas sugestões. Outros índices podem ser desenvolvidos pelos usuários dos relatórios contábeis e gerenciais, para melhor avaliação do desempenho da gestão e das ações das entidades do Terceiro Setor (CFC, 2015). Saiba mais Saiba se as eleições afetam o Terceiro Setor por meio do link: <http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2016/10/22/impacto-das-eleicoes- municipais-no-terceiro-setor.htm>. TROCANDO IDEIAS O Terceiro Setor não pertence nem ao setor público nem ao setor privado, porém tem algo em comum com esses dois setores: também precisa da contabilidade. Saiba mais Conheça qual a importância da contabilidade para o Terceiro Setor por meio do link: <http://www.cienciascontabeis.com.br/importancia-contabilidade- terceiro-setor/>. NA PRÁTICA ONG CCEA (Centro Cultural Escrava Anastácia) Histórico O Centro Cultural Escrava Anastácia é uma organização não governamental sem fins econômicos, fundada em 1994, na capela Nossa Senhora do Monte Serrat. Em 1998 foi feito seu registro oficial no cartório. A entidade surgiu a partir do trabalho de um grupo de mulheres da comunidade, a maioria negra, que tinha como preocupação encontrar alternativas para que 19 seus filhos não ficassem entregues aos apelos da criminalidade. A atuação da entidade foi-se expandindo a todas as periferias da Grande Florianópolis, visando sempre possibilitar a crianças, adolescentes e jovens, a conquista e o exercício de seus direitos, ampliando suas possibilidades e permitindo viver com dignidade. Ou seja, CCEA foi criado com a finalidade defender projetos na atuação educativa junto a comunidades empobrecidas com intuito de promover a interação entre os jovens, possibilitando o aumento da autoestima, da capacidade de leitura e do desenvolvimento da convivência social e formação cidadã, da preparação e inserção para o mercado de trabalho, gerando oportunidades e os afastando da criminalidade. Disponível em: <http://anisiopesquisaong05.blogspot.com.br>. Acesso em: 16 out. 2017. Quais informações devem constar na prestação de contas desta instituição? O principal objetivo da prestação de contas é facilitar a compreensão da utilização dos recursos, além deixar transparentes as ações da organização. Devem ser apresentadas as informações do ano corrente e do ano anterior a fim de comparação. Algumas das informações imprescindíveis são: Extrato e movimentação da conta bancária; Balancete de prestação de contas com a aplicação dos recursos e análise da aplicação dos níveis mínimos de gratuidade; Balanço patrimonial com notas explicativas; Estatuto da instituição (composição); Operações de crédito (empréstimos e financiamentos); Outras obrigações de acordo com a área de atuação da instituição. FINALIZANDO As organizações do Terceiro Setor têm como uma de suas principais obrigações à prestação de contas. Ela contribui para a transparência das ações para o público, além de colaborar com a promoção da segurança e credibilidade. Para que a elaboração da prestação de contas seja efetuada de forma adequada, a contabilidade tem papel de extrema importância. 20 REFERÊNCIAS ARAÚJO, O. C. Contabilidade para organizações do terceiro setor. São Paulo: Atlas, 2005. BRASIL. Lei n. 91, de 21 de agosto de 1935. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L0091.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 16 out. 2017. _____. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Lei n. 9.790, de 23 de março de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9790.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Lei n. 12.101, de 27 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12101.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Lei n. 13.204, de 14 de dezembro de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13204.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. _____. Decreto n. 8.726, de 27 de abril de 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/D8726.htm>. Acesso em: 14 out. 2017. CARNEIRO, A. de F.; OLIVEIRA, D. de L.; TORRES, L. C. Accountability e prestação de contas das organizações do terceiro setor: uma abordagem à 21 relevância da contabilidade. Sociedade, contabilidade e gestão, v. 6, n. 2, 2011. CAZUMBÁ, N. Quais os motivos para a apresentação de prestações de contas do Terceiro Setor? 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