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CONTABILIDADE DE ENTIDADES DE INTERESSE SOCIAL - 6

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CONTABILIDADE DE 
ENTIDADES DE INTERESSE 
SOCIAL 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Edicreia Andrade dos Santos 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O Terceiro Setor utiliza a prestação de contas como instrumento de 
transparência. Ela é uma atividade que encerra um ciclo, com a demonstração 
de como os recursos que as instituições dispunham foram aplicados, e, ao 
mesmo tempo, é o marco inicial de uma nova etapa, já que a apresentação das 
contas pode garantir a renovação da captação de recursos junto a doadores e 
financiadores (Cazumbá, 2015). 
Para que a organização apresente as informações aos órgãos 
responsáveis, é necessário que ela saiba quais e como esses dados devem ser 
apresentados. É preciso estar atento para que não sejam apresentadas 
informações desnecessárias e que informações relevantes sejam deixadas de 
lado. 
Tendo em vista a importância do conhecimento sobre a prestação de 
contas, o objetivo da presente aula refere-se à explanação da conceituação 
deste instrumento, bem como os órgãos responsáveis pelo controle e validação 
das informações apresentadas. 
Vídeos 
 Prestação de contas em debate: 
<https://www.youtube.com/watch?v=dLGDwAkmLoc>. 
 Qual o papel do empresário contábil na prestação de contas do terceiro 
setor?: <https://www.youtube.com/watch?v=WzPhGV3tZXE>. 
CONTEXTUALIZANDO 
As entidades do Terceiro Setor são organizações sem finalidade 
lucrativa que procuram atuar visando ao bem-estar da sociedade, por meio do 
fornecimento de bens e serviços que até então eram fornecidos pelo Estado 
(Araújo, 2005; Carneiro; Oliveira; Torres, 2011). 
Nos últimos anos a importância desse setor tem crescido. Diante disso, 
o Estado tem concedido alguns registros e títulos para as instituições que 
atendam aos requisitos legais. Caso as condições sejam atendidas, as 
instituições têm direito a benefícios, como a imunidade e a isenção de tributos 
e a possibilidade do recebimento de recursos públicos, por meio de convênios, 
 
 
3 
contratos, subvenções sociais, auxílios, doações e termos de parceria 
(Carneiro; Oliveira; Torres, 2011). 
Como contrapartida as entidades do Terceiro Setor precisam prestar 
contas às autoridades responsáveis, mostrando como utilizaram os recursos 
resultantes dos benefícios e de qualquer outra fonte. Para as organizações do 
Terceiro Setor, a prestação de contas é a premissa básica a ser cumprida em 
busca da credibilidade diante da sociedade (Carneiro; Oliveira; Torres, 2011; 
Milani Filho, 2004). 
Com a reforma no Código Civil em 2002, houve um aumento na 
demanda por transparência das organizações do Terceiro Setor. Segundo 
Ferrarezi (2001), um dos primeiros requisitos da Lei das Organizações da 
Sociedade Civil de Interesse Público foi a determinação de mecanismos de 
transparência, em que a sociedade, por meio da internet, passou a ter acesso 
aos dados cadastrais e outras informações relevantes sobre as organizações 
que detinham esse título. Posteriormente, as demais organizações habilitadas 
com títulos e certificações também passaram a disponibilizar suas informações 
(Silva, 2010). 
Diante da tendência do aumento de transparência nas ações das 
organizações que compõem o Terceiro Setor, tanto as instituições como a 
sociedade são beneficiadas com a ampliação de credibilidade, segurança e 
relevância das informações divulgadas (Silva, 2010). 
Nos próximos temas serão apresentados os aspectos inerentes à 
prestação de contas das organizações do Terceiro Setor, quais informações 
devem ser incluídas, qual a forma de validação destes dados, quais órgãos são 
responsáveis pela fiscalização das informações apresentadas e a gestão 
operacional financeira destas instituições. 
TEMA 1 – PRESTAÇÃO DE CONTAS DO TERCEIRO SETOR 
A prestação de contas tanto aos órgãos deliberativos como ao Poder 
Público é uma das principais obrigações das entidades do Terceiro Setor (CFC, 
2016). Segundo o dicionário Michaelis Online (2016) a expressão prestação de 
contas é “a comprovação por meio de recibos ou notas de todas as despesas 
pagas por funcionários de empresas públicas como privadas”. Já o Conselho 
Federal de Contabilidade – CFC (2016) a define como: 
 
 
4 
[...] o conjunto de documentos e informações disponibilizadas pelos 
dirigentes das entidades aos órgãos interessados e autoridades, de 
forma a possibilitar a apreciação, conhecimento e julgamento das 
contas e da gestão dos administradores das entidades, segundo as 
competências de cada órgão e autoridade, na periodicidade 
estabelecida no estatuto social ou na lei. 
 
O ato de prestação de contas em entidades sem finalidade lucrativa é a 
demonstração de que a missão da organização foi cumprida. Significa que a 
instituição conseguiu fazer o que havia proposto, aplicando corretamente os 
recursos que lhes foram destinados, mostrando que atingiu os encargos que 
estavam sob sua responsabilidade, além de justificar a utilização dos recursos 
obtidos por meio da confrontação entre suas receitas e despesas, atendendo 
tanto às exigências morais, como legais e contábeis (Oliveira, 2009). 
As empresas com finalidade lucrativa ao final do exercício distribuem os 
resultados (lucros ou prejuízos) aos seus investidores, já as organizações sem 
finalidade lucrativa têm como intuito demonstrar se o fim para o qual foram 
criadas está sendo cumprido, por meio da prestação da aplicação dos seus 
recursos. No Terceiro Setor a prestação de contas é uma forma de evidenciar 
transparência, uma obrigação social para com o público que contribui para a 
sua continuidade (Gimenez, 2009). 
De forma geral, existem dois tipos de prestação de contas: a prestação 
de contas financeira e a não financeira (Oliveira, 2009). Os relatórios de 
prestação de contas não financeiras consistem em relatórios nos quais são 
relatados o desenvolvimento de atividades das organizações do Terceiro Setor, 
abrangendo a descrição desde como, por que e para quem elas foram 
realizadas (Oliveira, 2009). Oliveira (2009, p. 51) afirma que o “foco nos 
resultados obtidos com a aplicação de recursos, ou seja, se os resultados 
obtidos em relação à missão da organização, de sua atividade fim”. 
Os relatórios de prestação de contas financeiras são referentes aos 
resultados obtidos. Em muitos casos eles acabam sendo elaborados em um 
formato simples, sem a utilização de técnicas contábeis, uma mera verificação 
dos recebimentos e despesas da organização; portanto, informal na sua 
elaboração ou divulgação. Com isso, pode-se impedir a comparabilidade do 
conteúdo do relatório com as demais entidades do seu setor (Oliveira, 2009). 
Para que a prestação de contas tenha comparabilidade e confiabilidade, 
ela deve ser elaborada por um profissional contábil e deve seguir as normas 
contábeis vigentes. No Brasil, existem normas específicas no que tange a 
 
 
5 
prestação de contas das entidades do Terceiro Setor, emitidas pelo CFC, tais 
como a NBC T 10.19, 10.18 e NBCT 3. Essas normas tratam dos princípios e 
da obrigatoriedade da elaboração das demonstrações contábeis desse setor 
(Oliveira, 2009). 
De acordo com Trow (1996), existem duas dimensões da prestação de 
contas (accountability), que valem ser consideradas: a distinção entre interna e 
externa e a distinção entre legal/financeiro e a moral. 
A prestação de contas interna é uma forma de análise das operações da 
instituição, corresponde à responsabilidade das pessoas dentro da 
organização. Por sua vez, a prestação de contas externa é referente à 
obrigação que a instituição tem de demonstrar se está seguindo sua missão e 
aplicando seus recursos de maneira plausível, algo como uma auditoria,para 
passar segurança aos usuários externos (Oliveira, 2009). 
Em relação à dimensão que trata da distinção entre legal/financeiro e a 
moral, os aspectos legal e financeiro correspondem à aplicação dos recursos, o 
cumprimento do que é determinado em lei e estatutos. Essa dimensão é 
cumprida por meio da elaboração de relatórios contábeis e financeiros e 
posterior auditoria contábil para verificação. No caso da dimensão 
correspondente à moral, se as ações da instituição correspondem à sua razão 
de ser (Oliveira, 2009). 
De acordo com o CFC (2016), na prestação de contas as organizações 
do Terceiro Setor precisam estar atentas às exigências específicas de cada 
órgão, para que não encaminhe elementos a mais ou a menos do que o 
necessário. No próximo tema esses itens serão expostos. 
Saiba mais 
Afinal, o que é accountability? 
Não existe um termo português que expresse o termo accountability. De 
forma resumida, accountability pode ser conceituada como a responsabilidade, 
a obrigação e a responsabilização de quem ocupa um cargo em prestar contas 
segundo os parâmetros da lei, estando envolvida a possibilidade de ônus, o 
que seria a pena para o não cumprimento desta diretiva (Pinho, Sacramento, 
2009). 
 
 
 
6 
TEMA 2 – ELEMENTOS QUE COMPÕEM A PRESTAÇÃO DE CONTAS 
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2015), as 
instituições do Terceiro Setor têm a obrigação de prestar contas aos órgãos e 
às entidades responsáveis conforme as normas e estatutos que regem suas 
ações. Na prestação de contas, devem ser observadas as exigências 
específicas de cada órgão, para que não sejam enviados documentos que não 
correspondam ao que é solicitado. 
No Quadro 1 são apresentados os elementos normalmente exigidos: 
Quadro 1: Elementos prestação de contas 
Elemento Conceito 
Plano de 
trabalho 
No plano de trabalho, devem ser evidenciadas as ações previstas em 
comparação as realizadas, além de análise da variação dessa comparação. 
Ele deve conter: 
a. os objetivos; 
b. a origem dos recursos; 
c. a infraestrutura; e 
d. a identificação de cada ação, serviço, projeto, programa e benefício a 
executar: 
• o público-alvo; 
• a capacidade de atendimento; 
• os recursos a utilizar; 
• os recursos humanos; 
• a abrangência territorial; 
• a forma de participação dos beneficiários e/ou as estratégias utilizadas nas 
etapas de elaboração; 
• execução; 
• métodos de avaliação e monitoramento do plano. 
Relatório de 
atividades 
O relatório de atividades é o documento que aponta as atividades 
desenvolvidas no período de gestão, juntamente com documentos que 
comprovem a sua efetivação. Ele deve conter: 
a. os objetivos; 
b. a origem dos recursos; 
c. a infraestrutura; 
d. a identificação de cada ação, serviço, projeto, programa e benefício a 
executar: 
• o público-alvo; 
• a capacidade de atendimento; 
• os recursos a utilizar; 
• os recursos humanos; 
• a abrangência territorial; 
• a forma de participação dos beneficiários e/ou as estratégias utilizadas nas 
etapas de elaboração; 
• execução; 
• métodos de avaliação e monitoramento do plano. 
Esse relatório deve ser confeccionado a cada período de gestão ou exercício 
financeiro, independente de o período de prestação de contas abranger vários 
períodos. Ele deve ser de fácil entendimento e possibilitar os usuários de 
forma clara programas, número de beneficiados, finalidades etc. 
Demonstrações 
contábeis 
Segundo o ITG 2002, que rege as Entidade sem Finalidade de Lucros, as 
demonstrações contábeis que devem ser elaboradas pela Entidade sem 
Finalidade de Lucros são: o Balanço Patrimonial, a Demonstração do 
Resultado do Período, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, 
 
 
7 
a Demonstração dos Fluxos de Caixa e as Notas Explicativas, conforme 
previsto na NBC TG 26 ou na Seção 3 da NBC TG 1000, quando aplicáveis. 
Nessas demonstrações: 
 No Balanço Patrimonial, em vez de Capital, usa-se Patrimônio Social; 
 No Balanço Patrimonial e nas Demonstrações do Resultado do Período, 
das Mutações do Patrimônio Líquido e do Fluxo de Caixa, em vez de 
“lucro” e “prejuízo” usam-se “superávit” e “déficit”; 
 Na Demonstração do Resultado do Período, devem ser destacadas as 
informações de gratuidades concedidas e serviços voluntários obtidos, e 
divulgadas em notas explicativas por tipo de atividade; 
 Na Demonstração dos Fluxos de Caixa, as doações devem ser 
classificadas nos fluxos das atividades operacionais; 
 A entidade pode controlar em contas de compensação as transações 
referentes a isenções, gratuidades e outras informações para melhor 
evidenciação contábil; 
 É necessário que a entidade elabore e apresente demonstrações 
contábeis analíticas e comparativas, de modo a evidenciar as contas de 
forma mais detalhada possível. 
Informações 
bancárias 
São exigidos dois tipos de informações bancárias: 
 Relação das contas bancárias da organização, com identificação da 
instituição financeira, agência, número e tipo de conta, indicando se os 
depósitos são em conta-corrente, conta de aplicação, poupança etc. 
 Cópias de extratos bancários ou de documentos equivalentes emitidos 
pelas instituições financeiras, que comprovem os saldos das contas 
bancárias (conta-corrente e aplicação), na data do encerramento do 
exercício, acompanhada de conciliação. 
Inventário 
patrimonial 
O inventário patrimonial consiste em uma relação de todos os bens 
patrimoniais, móveis e imóveis, com identificação e características do bem, 
data e forma de incorporação ao patrimônio, localização e valor individual, de 
propriedade da entidade em seu poder e em poder de terceiros, bem como os 
bens de terceiros em poder da entidade. 
É importante destacar que o total financeiro consignado nessa relação deve 
ser igual ao saldo do razão contábil dos bens do ativo imobilizado e 
intangível. Além disso, os bens da entidade em poder de terceiros e os bens 
de terceiros em poder da entidade devem ser inventariados e relacionados à 
parte e devem ser escriturados em conta contábil específica. 
Declaração de 
Informações 
econômico-
fiscais da 
Pessoa Jurídica 
(DIPJ) 
A DIPJ é obrigatória a todas as entidades de interesse social. O não 
cumprimento dessa obrigação pode acarretar a perda de benefícios. Na 
prestação de contas, devem ser incluídas todas as fichas que compõem a 
DIPJ e o recibo de entrega. 
Relação anual 
de informações 
sociais (Rais) 
Deve ser incluídos na prestação de contas a declaração impressa e o recibo 
de entrega da Rais (mesmo que seja o recibo provisório). No caso de 
entidades que não tenham funcionários, deve ser entregue a Rais negativa. 
Parecer do 
conselho fiscal 
O parecer do conselho fiscal não é obrigatório a todas as entidades, apenas 
para organizações que tenham determinadas estruturas administrativas e que 
tenham previsão no estatuto. Caso não exista esta previsão, compete ao 
órgão deliberativo máximo da instituição a aprovação definitiva da prestação 
de contas que foi internamente realizada. 
Relatório de 
auditoria 
independente 
O relatório de auditoria independente não é obrigatório a todas as entidades. 
Ela pode ser exigido pelo Poder Público, por portadores de recursos ou estar 
previsto no estatuto. 
Cópia de 
convênio, 
contrato e 
termo de 
parceria 
Caso a entidade de interesse social tenha convênios, contratos ou termos de 
parcerias com instituições públicas e privadas, deve apresentar as cópias na 
prestação de contas. No caso de o órgão repassador de recursos apresentar 
parecer acerca da prestação de contas, uma cópia deve ser anexada. 
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade, 2015. 
 
 
 
8 
A exigência dos elementos que compõem a prestação de contas é 
estabelecida de acordo comas condições instituídas pelos órgãos 
fiscalizadores e com os atos normativos. Dessa forma, cabe ao responsável 
pela prestação de contas observar as exigências específicas para saber quais 
dos documentos apresentados no Quadro 1 são imprescindíveis (CFC, 2015). 
Após a apresentação dos elementos que compõem a prestação de 
contas, no próximo tema serão apresentados os órgãos nos quais essas 
prestações devem ocorrer. 
Saiba mais 
 
Prestação de contas: por onde começo? 
 A prestação de contas começa junto com a execução do projeto, não 
depois; 
 Estar preparado para as readequações que possam vir a ocorrer no 
orçamento; 
 Estar disposto a negociar; 
 O pagamento é um ponto-chave na prestação de contas, um erro na hora 
de sua efetuação pode implicar na devolução de recursos; 
 A documentação deve ser organizada com disciplina de forma detalhada e 
com cuidado; 
 Os relatórios das atividades devem estar organizados, em planilhas 
detalhadas com os respectivos documentos e dados; 
 Durante toda a execução do projeto, é preciso se comunicar com os órgãos 
financiadores e com patrocinadores. (Fonte: 
<http://news.projetaonline.com.br/?p=451>). 
TEMA 3 – A QUEM AS ENTIDADE DO TERCEIRO SETOR DEVEM PRESTAR 
CONTAS 
Após o exame dos elementos que compõem a prestação de contas das 
instituições do Terceiro Setor, é necessário conhecer quais são os órgãos que 
exigem a realização desta prestação. O Código Civil (10.406/2012) no capítulo 
referente às entidades, em seu artigo 66, estabelece que cabe ao Ministério 
Público velar pelas fundações que funcionarem no Distrito Federal, ou em 
território nacional. Se as instituições estenderem a atividade por mais de um 
 
 
9 
Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 
Cabe ainda ao Ministério Público: 
a) Requerer a dissolução de entidade de fins assistenciais que 
receba auxílio ou subvenção do Poder Público ou que se mantenha, 
no todo ou em parte, com contribuições periódicas de populares, que 
deixe de desempenhar suas atividades assistenciais, que aplique os 
recursos recebidos em finalidades diversas das previstas em estatuto 
ou que fique sem efetiva administração (Decreto-Lei n° 41, de 
18/11/1966); 
b) Fiscalizar as entidades de atendimento a crianças e adolescentes 
inscritas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (Art. 95 da Lei n° 8.069, de 13/7/1990); 
c) Requerer a perda da qualificação das entidades qualificadas como 
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips), 
principalmente nos casos de erro ou fraude (arts. 7° e 8° da Lei n° 
9.790, de 23/3/1999, e Art. 4° do Decreto n° 3.100, de 30/7/1999). 
(CFC, 2016) 
 
As organizações do Terceiro Setor podem ter diferentes obrigações 
diante da independência de cada Ministério Público. Cabe aos gestores e 
profissionais de contabilidade orientar-se no órgão do Ministério Público 
encarregado do exame da prestação de contas (CFC, 2016). 
Outro órgão que fazia a exigência da prestação de contas é o Ministério 
da Justiça. As entidades que apresentavam o título de Utilidade Pública 
Federal efetuavam a prestação de contas ao Ministério até o ano de 2016. No 
entanto, a Lei nº 91/35, que regulava a prestação de contas a esse ministério, 
foi revogada pela Lei nº 13.204 de 2015 (quem entrou em vigor em 
21/01/2016), e o título de Utilidade Pública Federal deixou de existir. 
Atualmente o Ministério da Justiça não renova ou concede novos títulos de 
Utilidade Pública Federal. 
Desta forma, os procedimentos de comprovação de vínculo de 
dirigentes, envio de relatório, expedição de certidão de regularidade, 
atualização cadastral, pedido de titulação e cancelamento de título, que até 
então eram enviados pelas entidades do Terceiro Setor ao Ministério da 
Justiça, foram encerrados (Contabilidade Unisuam, 2016). 
Os Ministérios da Saúde, Educação e do Desenvolvimento Social e 
Combate à Fome também exigem a prestação de contas a determinadas 
instituições que têm isenções. De acordo com a Lei nº 12.101 de 2009, as 
pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como 
entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de 
serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação podem obter a 
 
 
10 
certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de 
contribuições para a seguridade social. 
Para a obtenção da certificação, é preciso que a entidade beneficente 
demonstre no exercício fiscal anterior à solicitação, observado o período 
mínimo de 12 (doze) meses de constituição da entidade, o cumprimento dos 
itens: 
a. Ser constituída como pessoa jurídica de direito privado sem finalidade 
lucrativa e que seja assim reconhecida como prestadora de serviços em 
uma dessas áreas de atuação: saúde, educação, desenvolvimento 
social e combate à fome; 
b. Prever em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a 
destinação do eventual patrimônio remanescente a entidade sem fins 
lucrativos congêneres ou a entidades públicas. 
Compete aos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome a supervisão das instituições certificadas e 
manutenção do cumprimento dos requisitos necessários à certificação, 
podendo, sempre que preciso, determinar a apresentação de documentos, a 
realização de auditorias ou o cumprimento de ações (CFC, 2015). 
De acordo com o CFC (2015), caso constante o descumprimento dos 
requisitos obrigatórios à obtenção do certificado, a autoridade competente pela 
certificação poderá determinar seu cancelamento a qualquer tempo. Em 
algumas situações a supervisão dessas entidades pode ser delegada. São 
autoridades competentes para a verificação de irregularidades sem prejuízo 
das atribuições do Ministério Público: 
 
I - o gestor municipal, distrital ou estadual do SUS ou do Suas e o 
gestor da educação municipal, distrital ou estadual; 
II - a Secretaria da Receita Federal do Brasil; 
III - os conselhos de acompanhamento e controle social previstos na 
Lei n.º 11.494, de 20 de junho de 2007, e os Conselhos de 
Assistência Social e de Saúde; e 
IV - o Tribunal de Contas da União. (CONSELHO FEDERAL DE 
CONTABILIDADE, 2015). 
 
Para entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil, 
também é devida a prestação de contas a órgãos competentes. Para obter tal 
certificação, a organização precisa estar enquadrada como pessoa jurídica de 
direito privado sem fins lucrativos que tenha sido constituída e se encontre em 
 
 
11 
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, com os respectivos 
objetivos sociais e normas estatutárias atendendo aos requisitos instituídos 
pela Lei n. 9.790, de 1999. 
Essa lei determina que as normas de prestação de contas a serem 
observadas pela entidade deverão conter no mínimo: 
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das 
Normas Brasileiras de Contabilidade; 
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento 
do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações 
financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de 
débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para 
exame de qualquer cidadão; 
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos 
independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos 
objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; 
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem 
pública recebida pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse 
Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da 
Constituição Federal. 
O Decreto n. 8.726,de 2016, responsável pela regulamentação das 
entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil, estabelece a 
comprovação perante o órgão estatal parceiro, da adequada aplicação dos 
recursos públicos recebidos e do preenchimento do objeto do Termo de 
Parceria, mediante a apresentação dos seguintes documentos: 
a) Relatório anual de execução de atividades, contendo 
especialmente o relatório sobre a execução do objeto do Termo de 
Parceria e comparativo entre as metas propostas e os resultados 
alcançados; 
b) Demonstrativo integral da receita e despesa realizadas na 
execução; 
c) Extrato da execução física e financeira; 
d) Demonstração de resultados do exercício (déficit ou superávit); 
e) Demonstração das origens e das aplicações de recursos; 
f) Demonstração das mutações do patrimônio social; 
g) Notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário; 
e 
h) Parecer e relatório de auditoria, nos casos em que o montante de 
recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). 
(Decreto n. 8.716, de 2016) 
A fiscalização e a prestação de contas são exigidas a todas as 
fundações de direito privado. Os elementos que são exigidos pelos órgãos 
interessados e pelas autoridades variam de acordo com os atos normativos 
que as regem e a atuação de cada um. No caso de organizações do Terceiro 
Setor que deixem de prestar contas, por três anos existe o risco de perderem a 
sua titulação (Peixoto et al., 2015). 
 
 
12 
Após conhecer quais os elementos e órgãos que compõem a prestação 
de contas, no próximo tema será mostrado como funciona a auditoria dos 
documentos apresentados pelo Terceiro Setor. 
TEMA 4 – AUDITORIA 
Os primeiros indícios da prática da auditoria atual remetem ao final do 
século XVIII na Inglaterra, como consequência das transformações econômicas 
resultantes da Revolução Industrial. No início o foco da auditoria era a 
fiscalização de tributos, posteriormente o objeto de estudo voltou-se para a 
avaliação das práticas e fatos contábeis. Na atualidade, a auditoria funciona 
com um instrumento de validação do ambiente de controle interno (Perez, 
Junior, 2016). 
A auditoria envolve a execução de procedimentos com a finalidade de 
obter evidências a respeito dos valores e das divulgações apresentados nas 
demonstrações contábeis. Os procedimentos são selecionados de acordo com 
o julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de distorção nas 
demonstrações contábeis (CFC, 2015). 
Ao avaliar os riscos, são considerados os controles internos que são 
significativos para a elaboração e para a correta apresentação das 
demonstrações contábeis da entidade. A auditoria também analisa as práticas 
contábeis utilizadas e a prudência das estimativas contábeis realizadas pela 
administração da instituição, além da avaliação das demonstrações contábeis 
como um todo (CFC, 2015). 
Após compreender o que é auditoria, é preciso entender quais 
necessidades levam a instituição à sua contratação. As principais motivações 
são: garantia de qualidade, complexidade técnica da elaboração das 
demonstrações contábeis e as exigências prescritas na lei. 
A primeira das razões é a garantia de qualidade. A utilização da auditoria 
faz com o que o relatório tenha credibilidade, além de passar segurança aos 
usuários das demonstrações contábeis. Outra necessidade é a neutralidade, 
principalmente quando existe conflito de interesses, como em situações que 
haja preocupação por parte dos usuários de que as demonstrações contábeis 
tenham sido elaboradas com alguma intenção de favorecimento a algum 
membro da instituição (CFC, 2015). 
 
 
13 
Outra necessidade que motiva o uso da auditoria é a complexidade 
técnica da elaboração das demonstrações contábeis. Quanto mais complexo 
esse processo fica, maiores são as chances de distorções ou erros. Há ainda o 
uso da auditoria em caso de troca de gestores, visando evitar, assim, 
problemas na avaliação de gestores futuros (CFC, 2015). 
Além dos aspectos citados, existem algumas situações definidas em lei 
que obrigam instituições de Terceiro Setor a passar por um processo de 
auditoria. Conforme a Lei Federal n. 12.101, de 2009: 
As entidades filantrópicas que têm faturamento superior a R$ 2,4 
milhões por ano estão obrigadas a apresentar suas demonstrações 
contábeis devidamente auditadas por auditor independente 
legalmente habilitado nos Conselhos Regionais de Contabilidade 
(CRC). Este auditor independente está desobrigado de ter o seu 
registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme item 
VIII do Art. 29 da Lei n.º 12.101/0. 
A Lei n. 9.790, de 1999, em sua alínea “c”, inciso VII, do art. 4o, destaca 
que: 
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público deverá 
realizar auditoria independente da aplicação dos recursos objeto do 
Termo de Parceria, de acordo com a alínea "c", inciso VII, do art. 4o 
da Lei no 9.790, de 1999, nos casos em que o montante de recursos 
for maior ou igual a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais). 
§ 1o O disposto no caput aplica-se também aos casos onde a 
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público celebre 
concomitantemente vários Termos de Parceria com um ou vários 
órgãos estatais e cuja soma ultrapasse aquele valor. 
§ 2o A auditoria independente deverá ser realizada por pessoa física 
ou jurídica habilitada pelos Conselhos Regionais de Contabilidade. 
§ 3o Os dispêndios decorrentes dos serviços de auditoria 
independente deverão ser incluídos no orçamento do projeto como 
item de despesa. 
§ 4o Na hipótese do § 1o, poderão ser celebrados aditivos para efeito 
do disposto no parágrafo anterior. 
 
A auditoria é dividida entre interna e externa. A auditoria interna funciona 
como uma espécie de controle para a administração da organização, para o 
acompanhamento dos procedimentos e o controle da elaboração das 
demonstrações contábeis. No caso da auditoria externa, o foco é demonstrar 
para o público a forma de gerenciamento e execução dos seus recursos 
financeiros, econômicos e patrimoniais, que normalmente são resultado de 
doações (Cervi, 2012). No Quadro 2 são apresentadas as principais diferenças 
 
 
 
14 
Quadro 2: Diferenças entre auditoria interna e externa 
Auditoria interna Auditoria externa 
 Exerce uma auditoria contábil e operacional 
 Não existe um período de tempo 
predeterminado. 
 Realizada normalmente por funcionários 
 Somente auditoria contábil 
 É realizada conforme as exigências legais 
ou outras necessidades 
 Realizada por um profissional independente 
Fonte: <http://www.portalcfc.org.br/noticia.php?new=8435>. 
A auditoria externa é mais adequada para as organizações do Terceiro 
Setor, pois serve como instrumento de obtenção de credibilidade diante de 
investidores/doadores (Cervi, 2012). Alguns documentos analisados pelo 
auditor são movimento de caixa e bancário, patrimônio, elaboração de 
demonstrativo de receitas e despesas, revisão tributária, trabalhista-
previdenciária e documentos referentes à constituição da organização. 
Tendo como base uma pesquisa realizada em seis organizações do 
Terceiro Setor localizadas no estado de Santa Catarina, o Quadro 3 apresenta 
as principais áreas prioritárias e de aplicação da auditoria, além da legislação 
utilizada como base: 
Quadro 3: Auditoria nas Organizações do Terceiro Setor 
 
 
Áreas com 
maiores 
aplicações da 
auditoria 
Disponibilidades; 
Contas a receber; 
Estoques; 
Investimentos; 
Ativo imobilizado; 
Exigibilidades; 
Patrimônio social; 
Receitas; 
Custos e despesas; e 
Doações e subvenções. 
 
 
Áreas/aspectos 
prioritários 
Aplicações de recursos; 
Análise da aplicação dos níveis mínimos de gratuidade;Contas a receber; 
Disponibilidades; 
Análise estatutária e sustentação jurídica; 
Atendimentos às disposições legais e cumprimento das obrigações 
acessórias; 
Baixas e operações, níveis de provisionamento (entidade de microcrédito); 
Doações e subvenções; 
Empréstimos e financiamentos; 
Fornecedores; 
Operações de crédito em aberto (entidade de microcrédito); 
Passivos contingentes. 
Legislação Legislações específicas do Terceiro Setor; 
Normas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC; 
Legislação trabalhistas e tributária; 
Lei 11.941/2009; 
Normas emanadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC; 
Normas emanadas pelo Instituo dos Auditores Independentes do Brasil – 
IBRACON; 
Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99; 
Resolução 877/2000 e 926/2001 do CFC. 
Fonte: Cunha et al, 2010. 
 
 
15 
Com base no Quadro 3, é possível auferir que a principal diferença entre 
as áreas de atuação da auditoria em empresas privadas e as organizações de 
interesse social é o foco nas doações e subvenções. Outro ponto importante é 
a prioridade dada às aplicações dos recursos, análise da aplicação dos níveis 
mínimos de gratuidade e as doações e subvenções. No próximo tema serão 
abordados alguns aspectos relacionados à avaliação operacional e financeira. 
TEMA 5 – GESTÃO OPERACIONAL FINANCEIRA 
Assim como qualquer organização, as entidades de Terceiro Setor 
almejam conquistar resultados positivos para garantir sua continuidade. Com o 
crescimento desse setor, tem-se tornado necessário o planejamento e a 
avaliação da gestão visando à obtenção da melhor performance (Lima Filho; 
Bruni; Cordeiro Filho, 2011). 
A gestão das Entidades de Interesse Social abrange as ações sociais, 
administrativas e financeiras. A avaliação da gestão de ações sociais consiste 
na estimativa dos efeitos qualitativos das ações coletivas promovidas pela 
realização de projetos, por meio da análise das mudanças positivas na vida das 
pessoas que compõem a sociedade, no curto e no longo prazo (CFC, 2015). 
As ações administrativas estão relacionadas à avaliação institucional. 
Essas ações abrangem as atividades que envolvem a execução e o 
monitoramento dos projetos sociais, além de planos e metas globais da 
entidade. A avaliação institucional envolve os planos de trabalho como 
captação de fundos, nível de aprovação e implementação de projetos, nível 
qualitativo e quantitativo das aplicações de recursos e de geração de renda nos 
projetos. De forma resumida, podemos dizer que a avaliação institucional está 
ligada ao controle dos recursos, desde o planejamento ao controle do seu uso 
(CFC, 2015). 
A avaliação institucional também analisa os recursos humanos, de 
acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2015): 
Para os recursos humanos, a forma de avaliação segue a mesma 
linha definido pelos profissionais da área que buscam mensurar o 
desempenho dos indivíduos, sua convivência em equipe, as ações 
desenvolvidas em equipe, o engajamento com a missão social da 
instituição, etc. 
Há ainda a gestão das ações financeiras. Sabe-se que todas as 
organizações necessitam de recursos financeiros para sua sobrevivência. No 
 
 
16 
caso das Entidades do Interesse Social não é diferente. Como essas 
instituições dependem de doações de terceiros, é preciso maior controle por 
parte dos administradores das entradas e saídas de recursos financeiros da 
entidade (CFC, 2015). 
Para uma gestão eficiente dos recursos financeiros, é necessário 
administrar o orçamento de operações e investimentos. Para mensurar a 
capacidade da entidade em administrar determinado volume de recursos (como 
um todo), recomenda-se que a entidade elabore o orçamento anual completo 
que contemple a aplicação dos recursos da entidade, tanto em suas atividades 
operacionais quanto em investimentos, a partir dos objetivos de trabalho que 
forem estabelecidos pela administração e aprovados pela assembleia, para se 
ter uma visão absoluta da entidade (CFC, 2015). 
No que tange o planejamento de cada proposta financeira, temos o 
plano de desembolso. Ele é usado para efetuação das transferências 
financeiras dos recursos aprovados para o projeto e está associado às 
aplicações dos recursos que serão efetuados pela entidade na execução das 
suas atividades. Este plano deve ser elaborado por meio do levantamento das 
necessidades de cada fase de execução do projeto (caso a entidade doadora 
dos recursos faça essa exigência) (CFC, 2015). 
Outra forma de gestão financeira muito comum é o fluxo de caixa. Ele é 
um instrumento de controle financeiro recomendável a todas as Entidades de 
Interesse Social. No entanto, tal instrumento não deve ser utilizado apenas 
após os gastos dos recursos, mas também como instrumento preditivo de 
sobra ou de escassez de recursos financeiros. Assim, deve-se partir do 
orçamento de operações e de investimento e, com base na previsão das 
atividades que deverão ser executadas, efetuar a projeção de todas as receitas 
que serão recebidas e contrapor ao total dos ingressos previstos às 
necessidades de desembolso na forma das despesas projetadas. Essas 
projeções devem ser efetuadas por valores mensais, em que serão 
identificados eventuais excedentes ou necessidade de embolso complementar 
(CFC, 2015). Nos Quadros 4 e 5 são apresentadas algumas sugestões para a 
avaliação de desempenho (CFC, 2015). 
 
 
 
 
17 
Quadro 4: Índices financeiros econômicos 
Expressão Título Finalidade 
Ativo circulante/passivo 
circulante 
Liquidez Corrente Ativos circulantes disponíveis para liquidar 
obrigações de curto prazo. 
Disponível/saldo de 
projetos 
Liquidez específica Expressa o montante de recursos 
disponíveis para cumprir as atividades do 
projeto no período seguinte. 
Patrimônio líquido/ 
imobilizado X 100 
Grau de imobilização 
do patrimônio líquido 
Expressa o percentual de imobilização do 
patrimônio social. 
ANC/Patrimônio líquido Grau de recursos do 
PL que está no ativo 
não circulante 
Expressa o percentual do PL aplicado no 
ativo não circulante 
Passivo 
circulante/passivo 
circulante + passivo não 
circulante + patrimônio 
líquido x 100 
Grau de 
endividamento em 
curto prazo 
Expressa o percentual de endividamento 
em curto prazo. 
Passivo circulante + 
passivo não circulante/ 
passivo circulante + 
passivo não circulante + 
patrimônio líquido x 100 
Grau de 
endividamento geral 
Expressa o percentual de endividamento 
total. 
Despesa realizada/ 
receita recebida x 100 
Relação despesa 
realizada dos projetos 
e as receitas 
recebidas 
Expressa o percentual das despesas 
efetivamente realizadas em relação às 
receitas recebidas no período. Deve ser 
analisados em separado: doações 
vinculadas a projetos e os recursos 
próprios. Expressa o percentual de 
endividamento total. 
Gratuidade/despesa total 
x 100 
Relação gratuidade e 
despesas totais 
Avaliar o percentual de gratuidades 
concedidas no período em relação às 
despesas totais. 
Gratuidade/receita total x 
100 
Relação gratuidade e 
receitas totais 
Avaliar o percentual de gratuidades 
recebidas no período em relação às 
receitas totais. 
Despesas por atividade/ 
Despesa total x 100 
Participação de cada 
atividade nas 
despesas totais 
Avalia o nível de representatividade de 
cada atividade nas despesas totais. 
 Participação de cada 
atividade nas receitas 
totais 
Avalia o nível de representatividade das 
receitas auferidas em relação às receitas 
totais. 
Receitas próprias/ receita 
total x 100 
Esforço de captação 
própria 
Avalia a capacidade de a entidade gerar 
renda própria em relação às receitas totais. 
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade,2015. 
Quadro 5: Índices de eficiência de gestão 
Expressão Título Finalidade 
Despesa realizada/ 
número de beneficiários 
Eficiência na 
aplicação dos 
recursos 
Avalia o valor unitário gasto por beneficiário. 
Pode se tratar de recuperação de crianças 
de rua, de gastos por crianças em escola, 
por idoso em lares de apoio, pacientes em 
hospital etc. 
Despesa realizada/área 
demarcada 
Eficiência na 
aplicação dos 
recursos 
Avalia o valor unitário gasto por área 
demarcada, quando se tratar de projeto de 
demarcação de terras. 
Substituindo-se por área apenas, tem-se o 
gasto unitário por área de atuação. 
Custo orçado/custo 
realizado x 100 
Eficiência no controle 
dos recursos 
Avalia a capacidade de previsão e 
planejamento. É interessante que seja feito 
 
 
18 
por projetos. 
Área construída em m2/ 
beneficiários 
Eficiência da estrutura 
física 
Avalia a acomodação dos beneficiários por 
metro quadrado. 
Ativos/beneficiários Eficiência na 
distribuição de ativos 
diversos 
Avalia os resultados alcançados na 
aplicação de ativos como medicamentos, 
vacinas, cestas básicas, material escolar 
etc. 
Quantidade de cursos 
prevista/quantidade 
realizada 
Mensuração de 
eficiência atividades 
educacionais 
Avalia a capacidade estrutural da entidade 
em cumprir metas físicas de realização de 
cursos. 
Número de 
participantes de cursos 
previsto/ 
número de capacitados 
Mensuração de 
eficiência atividades 
educacionais 
Avalia a eficiência no alcance de objetivos 
de formação de contingente físicos. 
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade, 2015. 
Os indicadores apresentados nos quadros 4 e 5 são apenas sugestões. 
Outros índices podem ser desenvolvidos pelos usuários dos relatórios 
contábeis e gerenciais, para melhor avaliação do desempenho da gestão e das 
ações das entidades do Terceiro Setor (CFC, 2015). 
Saiba mais 
Saiba se as eleições afetam o Terceiro Setor por meio do link: 
<http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2016/10/22/impacto-das-eleicoes-
municipais-no-terceiro-setor.htm>. 
TROCANDO IDEIAS 
O Terceiro Setor não pertence nem ao setor público nem ao setor 
privado, porém tem algo em comum com esses dois setores: também precisa 
da contabilidade. 
Saiba mais 
 Conheça qual a importância da contabilidade para o Terceiro Setor por 
meio do link: <http://www.cienciascontabeis.com.br/importancia-contabilidade-
terceiro-setor/>. 
NA PRÁTICA 
ONG CCEA (Centro Cultural Escrava Anastácia) 
Histórico 
O Centro Cultural Escrava Anastácia é uma organização não governamental sem fins 
econômicos, fundada em 1994, na capela Nossa Senhora do Monte Serrat. Em 1998 foi feito 
seu registro oficial no cartório. A entidade surgiu a partir do trabalho de um grupo de mulheres 
da comunidade, a maioria negra, que tinha como preocupação encontrar alternativas para que 
 
 
19 
seus filhos não ficassem entregues aos apelos da criminalidade. A atuação da entidade foi-se 
expandindo a todas as periferias da Grande Florianópolis, visando sempre possibilitar a 
crianças, adolescentes e jovens, a conquista e o exercício de seus direitos, ampliando suas 
possibilidades e permitindo viver com dignidade. Ou seja, CCEA foi criado com a finalidade 
defender projetos na atuação educativa junto a comunidades empobrecidas com intuito de 
promover a interação entre os jovens, possibilitando o aumento da autoestima, da capacidade 
de leitura e do desenvolvimento da convivência social e formação cidadã, da preparação e 
inserção para o mercado de trabalho, gerando oportunidades e os afastando da criminalidade. 
 
Disponível em: <http://anisiopesquisaong05.blogspot.com.br>. Acesso em: 16 out. 2017. 
 
Quais informações devem constar na prestação de contas desta 
instituição? 
O principal objetivo da prestação de contas é facilitar a compreensão da 
utilização dos recursos, além deixar transparentes as ações da organização. 
Devem ser apresentadas as informações do ano corrente e do ano anterior a 
fim de comparação. Algumas das informações imprescindíveis são: 
 Extrato e movimentação da conta bancária; 
 Balancete de prestação de contas com a aplicação dos recursos e 
análise da aplicação dos níveis mínimos de gratuidade; 
 Balanço patrimonial com notas explicativas; 
 Estatuto da instituição (composição); 
 Operações de crédito (empréstimos e financiamentos); 
 Outras obrigações de acordo com a área de atuação da instituição. 
FINALIZANDO 
As organizações do Terceiro Setor têm como uma de suas principais 
obrigações à prestação de contas. Ela contribui para a transparência das ações 
para o público, além de colaborar com a promoção da segurança e 
credibilidade. Para que a elaboração da prestação de contas seja efetuada de 
forma adequada, a contabilidade tem papel de extrema importância. 
 
 
 
 
20 
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