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endo é o canal

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João Victor Lira OdontoCV 
Universidade de Uberaba 
Graduação em Odontologia 
Fundamentos de Endodontia I 
Profº: Benito André Miranzi 
Graduando: João Victor Lira 
 
Anatomia Interna Dental 
O conhecimento da morfologia interna dos canais radiculares é um dos requisitos 
básicos para se atingir os objetivos químico-mecânico: correta remoça do tecido 
pulpar, dos microrganismos e dentina infectada, além da adequada modelagem, 
o que propicia condições ideais para o selamento hermético da cavidade pulpar 
e reparo dos canais perirradiculares. 
A cavidade pulpar se define como um espaço que abriga a polpa dentaria, 
estando situada na porção central dos dentes, podendo ser dividida em duas 
partes: 
 Câmara pulpar: correspondendo a porção coronária da cavidade pulpar; 
 Canal radicular: correspondendo a porção radicular da cavidade pulpar. 
Câmara Pulpar 
É uma cavidade única, volumosa, localizada no centro da coroa e aloja a polpa 
coronária, geralmente com o formato da superfície externa do dente. Nos dentes 
anteriores, a câmara e contigua ao canal radicular; nos posteriores adota formato 
de prisma quadrangular irregular com seis lados: teto, soalho e 4 paredes axiais 
que recebem o nome de sua respectiva face. O teto da câmara tem forma 
côncava e se localiza abaixo da superfície O/I e pode apresentar reentrâncias 
que correspondem as cúspides, mamelões, tubérculos ou saliências da face. No 
soalho da cavidade se localizam as entradas dos canais, aberturas que 
conectam a câmara pulpar aos canais radiculares. 
Ainda na porção coronária pode ser encontrados canais acessórios que partem 
da câmara pulpar e atingem o ligamento periodontal na região de furca, canais 
estes denominados: Cavointerradiculares (ocorrência de apenas 32% nos 
primeiros molares inferiores, 24% nos segundos molares inferiores, 36% nos 
molares superiores e 12% nos segundos molares superiores). 
Canal Radicular: 
É a parte da cavidade pulpar localizada na porção radicular do dente qual se 
afunila progressivamente em direção ao ápice seguindo a sinuosidade externa 
da raiz e ainda ser divido em três partes: cervical, médio e apical. 
O canal principal geralmente possui forma cônica e oval na sua secção 
transversal com diâmetro maior no seu orifício. 
João Victor Lira OdontoCV 
Pela complexidade presente na anatomia do SRC foram criadas classificações 
que consideram o quantitativo de canais radiculares presentes no soalho da 
câmara pulpar de cada raiz seguido daqueles que surgem ao longo do 
comprimento C-A: 
Tipo Característica Configuração 
I Um canal que se estende da câmara pulpar ao ápice. 1 
II Dois canais distintos deixam a câmara pulpar e se 
unem próximo ao ápice 
2-1 
III Um canal deixa a câmara pulpar se divide em 2 ao 
decorrer da raiz e se fusiona novamente no ápice 
1-2-1 
IV Um canal deixa a câmara pulpar e divide em dois 
próximos ao ápice 
1-2 
 
I Um canal que se estende da câmara pulpar ao ápice. 1 
II Dois canais distintos deixam a câmara pulpar e se 
unem próximo ao ápice 
2-1 
III Um canal deixa a câmara pulpar se divide em 2 ao 
decorrer da raiz e se fusiona novamente no ápice 
1-2-1 
IV Dois canais distintos se estendem da câmara pulpar 
ao ápice 
2 
V Um canal deixa a câmara pulpar e divide em dois 
próximos ao ápice 
1-2 
VI Dois canais distintos partem da câmara pulpar, se 
fundem no caminho e se dividem novamente em dois 
próximos ao ápice 
2-1-2 
VII Canal deixa a câmara pulpar, se divide em dois, se 
funde novamente e se divide em dois próximos ao 
ápice 
1-2-1-2 
VIII Três canais distintos que se estendem da câmara 
pulpar ao ápice 
3 
 
Canais Acessórios 
São ramificações diminutas do canal radicular que o comunicam com a superfície 
externa da raiz. Quando encontrado nas porções media ou cervical estendendo-
se horizontalmente a partir do canal principal podem ser chamados de canal 
lateral. Eles são preenchidos de tecido conjuntivo e vasos. São de difíceis de 
acessar, limpar, descontaminar e obturar. (São encontrados em 74% dos casos 
no terço apical, 11% no terço médio e 15% no terço apical.) 
 
 
 
 
 
João Victor Lira OdontoCV 
Istmos 
É uma área estreita que faz a comunicação entre dois ou mais canais 
radiculares. 
Classificação dos Istmos segundo Hsu e Kim 
Tipo Características 
I Dois canais sem comunicação existente 
II Conexão extremamente estreita entre dois canais 
principais 
III Difere do tipo II pela presença de 3 canais 
IV Os canais principais se estendem para a área do istmo 
V Conexão mais larga entre os dois canais principais. 
 
Istmos na raiz M de molar inferior 
Tipo Conexão Característica 
I Em folha Conexão estreita, mas completa entre dois canais. 
II Dividida Conexão estreita, porem incompleta entre dois canais 
III Mista Istmo incompleto presente acimou ou abaixo do istmo 
completo 
IV Em cânula Comunicação estreita em forma de canula entre dois 
canais. 
 
Canal Radicular Apical 
Esta região compreende a porção apical do canal principal, forame apical e 
ramificações como canais acessórios e delta apical. 
A porção apical do canal radicular apresenta menor diâmetro e as vezes coincide 
com a região CDC, região conhecida como constrição apical ou forame menor. 
A partir da constrição o canal se amplia à medida que se aproxima do forame 
apical (estrutura que divide o termino do canal com a superfície externa do 
dente). Geralmente o forame se apresenta lateralmente a raiz à uma distância 
que varia de 0,2 a 3,8mm do ápice anatômico (extremidade da raiz) e 
ocasionalmente pode coincidir com ápice anatômico de 6,7% a 46% dos casos 
e seu diâmetro variando de 0,21 a 0,39 mm. 
Ramificações do canal principal na região apical podem formar o delta apical o 
que ocasiona a formação de até16 foraminas apicais na mesma raiz. A maior 
prevalência dessas ramificações pode ser notada na raiz mesial de molares 
inferiores (50%), seguida de pré-molares (48,3%) e a raiz MV de molares 
superiores (41,7%). 
A maioria dos canais radiculares são curvos na sua porção apical, 
particularmente no sentido V-L. Schneider classificou essas curvaturas em 
graus: 
 Suave (menor ou igual a 5°); 
 Moderado (10 a 20º); 
 Severo (> 20º). 
João Victor Lira OdontoCV 
Para Pruett, a curvatura radicular pode ser classificada em: 
 Gradual: acompanha todo o eixo do canal; 
 Acentuada: próxima ao ápice; 
 Abrupta: angulo fechado; 
 S: curvatura secundária. 
Inclinação dos Dentes no Arco 
É o deslocamento do eixo longitudinal da raiz em relação a coroa. Essa 
informação tem relevância na pratica endodôntica principalmente nos casos de 
acesso coronário e cirurgia apical. Desta forma, os dentes possuem inclinações 
tanto no sentido V-L quanto M-P. 
Dente M-D V-L 
Incisivo central superior 3º 15º 
Incisivo central inferior 0° 15º 
Incisivo lateral superior 5º 20º 
Incisivo lateral inferior 0° 10° 
Canino superior 6º 17º 
Canino inferior 3º 2º 
Primeiro pré-molar superior 7º 11º 
Primeiro pré-molar inferior 5º 3º 
Segundo pré-molar superior 7º 10º 
Segundo pré-molar inferior 5º 9º 
Primeiro molar superior 0º 15º 
Primeiro molar inferior 10º 13° 
Segundo molar superior 6º 11° 
Segundo molar inferior 15° 12º 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
João Victor Lira OdontoCV 
Cirurgia de acesso coronário para tratamento endodôntico 
Objetivos: 
 Remover todas as caries; 
 Preservar estrutura dentaria sadia; 
 Remover integralmente o teto da câmara pulpar; 
 Remover todos os tecidos pulpares; 
 Localizar todos os canais radiculares; 
 Alcançar direta e corretamente o acesso ao forame apical ou a curvaturainicial do canal; 
 Estabelecer margens do preparo. 
Um acesso cavitário correto benéfico proporciona um caminho livre e direto aos 
sistemas de canais. O acesso em linha reta proporciona mais chance de 
debridamento de todo o espaço do canal e reduz a possibilidade da lima se 
fraturar, além de proporcionar melhor visualização, instrumentação, irrigação, 
bem como moldagem e obturação. 
 
Orientações para a cirurgia de acesso coronário para tratamento endodôntico 
 Visualização da provável anatomia interna: através de exame radiográfico 
periapical e exame da anatomia dental; 
 Avaliação das JAC’s e anatomia oclusal; 
 Preparo do acesso através das superfícies lingual e oclusal: acesso em 
dentes anteriores por lingual e dos posteriores por oclusal são os 
melhores métodos para se alcançar os canais e reduz possíveis 
problemas estéticos; 
 Remoção de todas as restaurações defeituosas e caries antes de atingir 
a câmara pulpar; 
 Remover todas as superfícies dentarias sem suporte; 
 Remover paredes do acesso cavitário que não permitam a penetração 
retilínea- ou direta-para passagem de instrumentos em direção ao ápice 
ou curvatura inical do ápice; 
 Adiamento da instalação do isolamento absoluto antes que se localize e 
confirme todos os canais de difícil acesso; 
 Utilizar iluminação adequada para inspecionar a câmara pulpar; 
 Contorno das paredes cavitárias e avaliação do espeço adequado para o 
selamento adequado. 
 
 
 
 
 
João Victor Lira OdontoCV 
Fases mecânicas para o preparo do acesso cavitário 
Instrumental: 
 Ampliação e iluminação: lupas e iluminação auxiliar; 
 Peça de mão: o CD inicia a cavitação em alta-rotação e completa o 
processo baixa-rotação; 
 Brocas: 
 Brocas esféricas carbide (2, 4 e 6) são utilizadas para remoção do 
tecido cariado e iniciam a conformação do contorno externo; 
 Ponta diamantada e broca carbide de fissura: conformação inicial 
do preparo e extensão axial; 
 Endo Z ou diamantadas de ponta segura (sem ponta ativa): são 
utilizadas para estender e orientar a conformação das paredes 
axiais do preparo. 
 Pontas diamantadas esféricas: utilizadas quando o acesso 
cavitário sera realizado em MC ou PP 
 Explorador endodôntico; 
 Curetas endodônticas; 
 Explorador operativo n° 17; 
 Unidade e pontas ultrassônicas. 
Preparo de acesso cavitário em Anteriores 
Remoção de cáries e restaurações permanentes: 
A cárie deve ser removida antes do acesso coronário afim de minimizar os riscos 
de contaminação, bem como as restaurações presentes devem ser removidas a 
fim de evitar fraturas e/ou possível retenção de líquidos e bactérias. 
Forma de contorno externo inicial: 
 Para dentes anteriores, esse contorno se dá no centro da região lingual 
com auxílio de broca esférica n° 2 ou 4 perpendicular ao longo eixo do 
dente (45°) (cerca de 1mm em esmalte). Uma forma de contorno é criada 
com geometria semelhante ao formato interno do teto da câmara do dente 
em questão. 
Penetração no teto da câmara: 
 Com a mesma broca ou ponta diamantada, o CD muda o ângulo de 
perpendicular para paralelo ao longo eixo do dente. A broca deve ser 
penetrada até que se rompa o teto da câmara. 
Remoção completa do teto: 
 Pode ser realizado com broca esférica ou ponta diamantada cilíndrica 
(3081, 3082) em movimentos leves. A remoção completa do teto 
confirmada com auxílio da sonda exploradora n°17. 
Remoção do ombro lingual: 
 Pode ser removido com ponta diamantada cônica. 
João Victor Lira OdontoCV

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