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Resumo filme Agora alexandria arquitetura

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FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO – FIMCA 
DISCIPLINA: TEORIA E HISTÓRIA DA ARQ E URB I - 1º PERÍODO
DOCENTE: LUCIANE MULINARES
DISCENTE:RENATA DO AMARAL ANDRADE MACHADO
Resumo sobre arquitetura do filme Alexandria “Ágora”
O filme “Ágora” (direção de Alejandro Amenábar, estrelado por Rachel Weisz e Max Minghela e lançado na Espanha em 9 de outubro de 2009) se passa em Alexandria, no Egito, fim do século IV d.C e início do século V d.C e relata a história da filósofa Hypatia. Nesse período, o Império Romano, que caia em decadência, adotara o Cristianismo como religião oficial.
O filme evidencia as atividades características que aconteciam na Ágora – praça principal onde as pessoas se reuniam para ouvir decisões dos chefes ou para deliberar, havia ali espaço destinado para o mercado (comércio), ou seja, onde aconteciam os principais encontros sociais da cidade.
Alexandria é uma cidade originada da expansão iniciada por Felipe da Macedônia, que unificou toda a Grécia, e perdurada por Alexandre – O Grande seu filho, sucessor e fundador da cidade. Alexandre promoveu o ecletismo com apropriação e respeito (merecido) com as culturas locais e heterogêneas no quadro ordenado e tumultuado da cidade. (BENEVOLO, 2001)
Observa-se que, no final do filme, parte da cidade já assumia características medievais com as linhas precisas das estradas deformadas, porém parte da configuração de Alexandria ainda permanecia no modelo proposto por Hipódamo de Mileto. Esse, segundo Aristóteles, é inventor da “divisão regular da cidade”. 
O sistema hipodâmico – racional e organizado – da cidade grega caracteriza-se com ruas traçadas em ângulo reto, com vias verticais e horizontais que divide a cidade em faixas paralelas. Havia três partes: uma pública, uma aos deuses e uma às propriedades particulares. A unidade e uniformidade do organismo da cidade confirmam-se na firmeza da grade definida pelas exigências das casas. (BENEVOLO, 2001)
As diversas cidades do modelo hipodâmico (Mileto, Rodes, Olinto, Agrigento, Pesto, Nápoles, Pompéia, a nova disposição de Pireu) não seguem um padrão dimensional ou modelo único. Dinamismo esse proporcionando pela flexibilidade da relação entre os lados dos lotes retangulares. 
Neste filme, o Fórum – para os romanos, aqui chamado de Ágora pela referência ao Helenismo da cidade – é palco de diversas discussões religiosas (foco do filme). Percebemos, ao longo da trama, expressões claras da transformação que acontecia na sociedade da época. Por exemplo, representação do cenário do templo onde cultuavam livremente vários deuses (prova da diversidade até então preservada) com milhares de estátuas sendo destruídas pelo extremismo e violência dos cristãos que lutavam pela dominação das principais cidades do Império.
Tal movimento resultou em uma modificação brutal, no mínimo, injusta e, obviamente, importante para a história da humanidade, à forma da cidade e à importância dada para edificações ali existentes. A Biblioteca, que é onde percorre a estória do filme, com todo seu acervo é primitivamente degradada obrigando os pagãos (contrários ao Cristianismo) ou converterem-se ou, no caso de Hypatia (personagem principal interpretada por Rachel Weisz), aguardar a morte pelo julgamento dos líderes cristãos.
Hypatia era filha de Theon (último diretor e professor do Museum de Alexandria). Logo, cresceu em um ambiente onde a busca do conhecimento de si e dos outros era o que realmente importava. Filósofa, matemática, astrônoma, astróloga, Hypatia era radicalmente a favor da compreensão através do questionamento sobre as coisas o que a torna perigosa para o pensamento cristão em vigência na época. Ficou conhecida pelo trabalho, introduzido por Apollonius, com as seções cônicas onde dividiu cones nas peças diferentes por um plano e, então, desenvolveu as ideias das hipérboles, das paraboloides e das elipses. Hypatia morre condenada por Cirilo (bispo de Alexandria) que coordenava um movimento anti-paganismo. 
Esse fervor de Hypatia pelo conhecimento é justificado pela tendência filosófica - científica que prevalecia entre os gregos até o domínio e repressão do Cristianismo. Assírios e babilônios, chineses e indianos, egípcios, persas e hebreus tiveram concepções próprias de entender a natureza e de explicar seus fenômenos, mas foram os gregos que iniciaram com o pensamento filosófico – científico por volta do séc. VI a.C com Aristóteles (que afirmava ser Tales de Mileto) como iniciador limitado pelo pensamento mítico que esbarra o inexplicável, isto é, nas impossibilidades do conhecimento.
A nova organização social preocupada com a realidade concreta, com a atividade política mais intensa e com as trocas comerciais se vê insatisfeita com o pensamento mítico favorecendo, assim, o pensamento filosófico – científico. É nesse contexto que os filósofos da escola jônica tentaram explicar o mundo natural baseados em causas naturais.
As cidades gregas do mar Jônico eram cidades cosmopolitas onde preponderava um pluralismo cultural justificado pelos fluxos comerciais dos portos e entrepostos. A explicação mítica é, então, enfraquecida devido ao confronto entre diferentes mitos e tradições e ao mesmo tempo vivencia-se uma sociedade dedicada ao comércio e aos interesses pragmáticos. Explicação provável para o surgimento do pensamento inaugurado por Tales de Mileto – no ponto de vista histórico e sociológico, geográfico e econômico – e perpetuada por quase todos os pensadores do período (séc. VI – V a.C). Esses foram chamados de filósofos pré-socráticos (antes de Sócrates). (MARCONDES, 2010)
Sócrates (430 – 399 a.C) é o marco devido a sua influencia e importância nas questões ético-políticas (problemática humana e social até então não discutida). Conhecemos suas obras por meios indiretos já que ou se perderam na Antiguidade ou não tenha deixado obra escrita (os primórdios valorizavam a linguagem falada como discursos e debates). A filosofia clássica, desenvolvida por Platão e Aristóteles (percussores de Sócrates), é fundamentada do pensamento socrático. Assim como Hypatia, Sócrates é acusado de crimes e condenado à morte pelo Estado. No caso de Hypatia era devido ao seu descaso contra imposições cristãs.
Platão, discípulo de Sócrates por dez anos, critica o pensamento socrático a respeito da concepção da filosofia como método de análise, que, mesmo considerando um elemento importante da reflexão filosófica, seria insuficiente para caracterizá-la. Isto é, um método necessita de um fundamento teórico que estabeleça os critérios para determinar quais definições podem ser efetivamente válidas – inicio da metafísica clássica. (MARCONDES, 2010)
Na medida em que a tarefa filosófica passa a se determinar como teórica, direcionada para uma realidade abstrata e ideal, a reflexão filosófica se distancia do mundo de nossa experiência imediata e concreta, começa a ser vista como contemplação e meditação. Isso acontece em algumas correntes do platonismo no período do helenismo, quando se passa a trama do filme.
O termo “helenismo” é criado pelo historiador alemão J. G. Droysen na obra Hellenismus (1836 – 43) e remete a influência da cultura grega em toda a região do Mediterrâneo oriental e do Oriente Próximo desde as conquistas de Alexandre até a conquista romana do Egito em 30 a.C, marco da influência de Roma nessa região. (MARCONDES, 2010)
Alexandria era o grande centro político e cultural do helenismo e, também, capital do reino grego no Egito. Através das conquistas de Alexandre, a cultura grega propagou-se para além da Grécia e interagiu com outras culturas (sincretismo cultural). Alexandria era cosmopolita, predominantemente grega, porém com forte presença da cultura do Antigo Egito e, também com uma ativa e importante comunidade judaica (observamos esse fato no filme onde no templo havia, por exemplo, estátuas de deuses egípcios e gregos, e disputas por poder entre cristãos e judeus).
A biblioteca, Museum, cenário principal do filme, foi fundada pelo filósofo Estrato de Lâmpsaco (sucessor de Aristótelese tutor de Ptolomeu II Filadelfo, futuro rei várias vezes citado por Hypatia no filme) no início do séc. III a.C. Museum foi formada a partir da biblioteca e acervos de Aristóteles adquirido por Pitolomeu II Filadelfo. Era um centro científico e cultural, de ensino e de pesquisa. Localizado na Ágora de Alexandria, contava com templo, anfiteatro (no filme, é onde se dá a cena que Orestes, aluno de Hypatia, declara amor a sua mestra oferecendo-lhe uma música), jardim zoológico, observatório etc. Foi degradada com seu acervo pelos cristãos – violentamente mostrado no filme – porém foi destruída quando os árabes conquistaram o Egito em 642. (MARCONDES, 2010)
Enfim, o filme debate questões acerca da repressão sofrida pela imposição do Cristianismo nas culturas que ali foram conquistadas. Com forte poder de persuasão e uma boa ferramenta para isso – as palavras de Cristo, domina e destrói várias culturas e documentos (que, com certeza, um dos maiores prejuízos para humanidade). Hypatia e sua inquietação científica significam a essência da filosofia que nada mais é a busca do conhecimento. Não um conhecimento sofista que, segundo Sócrates, se limita a uma mera técnica ou habilidade argumentativa que propõe convencer a uma “verdade consensual” não a uma verdade única com base no saber. Um conhecimento, sim, observado através de método e fundamentado para determinação das definições almejadas, ou seja, tudo que Hypatia fazia na vida.

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