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7X> IKal ^PiKiJiiliillliS^BI^li?^^ EESs i"Direítô '^ 'dàV; Lf ri ivè"rsidàdé'^ Fedèrál '^ "àè.": «àriòsf;Ex-Diretor: da•:Faculdade. de ^Direito 'db Recife,';cargo';dp qual;sé f afastou .recentemente. Advogado mili-.|tante,'atua'no contencioso administra-. pvtf.é' judicial.; Exerce consultoria jürí- "•^Béfqrma,dófSistèma^ióutaríò:^jj$k £r£j 8)5Rèeifé;U976);:^,: ;£^K.£, %pisençõés.Jribüiárias (São Paüiò;;^:: ''r- •'Imposto. sobre..Serviços:;Sy:?^ íi%:,'~j(SãaPaüíoy975)í£ f: :|^?> •'':-• ^f/; $Lei Complementar Tributária..'.• :$i|í; í';.í í(Sã tire ::Bra ••'Ó '(Sã p gaulo,'; 197^ inçamentójri itadd. de pirèit< silèiro'!)f(Rio|; brigàçãóJSu oPaujofígè^ butarip. (ypl.; iy^dp:^0 iVtiribütário- v^|it(^ ;e;putrosmun r•Ócorúraditóripjnçi pfdcèssp judiciall^r i(uma visão dialética), Sãò Paulo, 1996;;: ' j& JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES •p. 3<y-fcz. •+ „ 2>o/0<i INTRODUÇÃO AO DIREITO FINANCEIRO • .MdX Limonad i '•'; \ I Copyright José Souto Maior Borges Copyright da presente edição: Editora Max Ümonad MoisésLimonad Capa: Carlos Clémen Editora Max Limonad fone: (011)3873-1615 1998 ÍNDICE PREFACIO A 2a EDIÇÃO 7 CAPÍTULO 1 CONCEITO DA ATIVIDADE FINANCEIRA 9 SEÇÃO I: Introdução 11 SEÇÃO II: A atividade financeira no quadro geral das, atividades do Estado 17 SEÇÃO III: Tipos e modos de obtenção de receitas públicas 29 CAPÍTULO 2 FINS DA ATIVIDADE FINANCEIRA 39 SEÇÃO I: As finanças fiscais 40 SEÇÃO II: As finanças extrafiscais 46 CAPITULO 3 A EXTENSÃO DO PODER FINANCEIRO 63 SEÇÃO I: A eficácia territorial e pessoal do poder financeiro 63 SEÇÃO II: A atividade financeira das coletividades interestatais personificadas 71 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES CAPÍTULO 4 AESTRUTURA DO FENÔMENO FINANCEIRO .77 SEÇÃO I: Ateoria de GREIOTTI ••••••• •SEÇÃO II: Oelemento jurídico da atividade financeira 80 SEÇÃO III: Os elementos político, técnico eeconômico da atividade financeira Prefácio 2a edição Premiada pela OAB-PE com o Io lugar em concurso de CAPÍTULO 5 monografias, este livro teve a sua Ia edição em 1996, pela Imprensa Universitária da UFPE: a primeira obra que o autor ousou publicar. n rnNrFITO DO DIREITO FINANCEIRO 91 De lá para cá, transcorridos 32 anos, olivro sumiu de circulação. A orvVx rw a ««rpnrSo miblicística do Direito Financeiro publicação teve comercialização local; não circulou nacionalmente.SEÇÃO I: Aconcepção P»0™^fisco 97 AguçadV0 ^ curiosidade, um ou outro interessado contudo me tem SEÇÃO II- Evolução ecaracterísticas do Direito Financeiro 102 soljcilado, até hoje, exemplar não mais disponível, porque aedição SEÇÃO III: Conteúdo do Direito Financeiro •••• {^ logo se eqptoo. ^ ^ ^^ ^^ ^^^ ^.^ SEÇÃO IV: ODireito Tributário ^ ^^ bib]jo,eca Não me dava conta de algum imeresSe em conhecer o seu conteúdo; interesse provocado pela publicação de 121 outros trabalhos meus. BIBLIOGRAFIA Trata-se de uma Introdução ao Direito Financeiro, esboçada à luz de critérios estritamente jurídicos, ao contrário de muitos livros até hoje editados sobre a matéria, que mesclam às questões jurídicas, abordagens econômico-financeiras em insólita confusão metodo lógica. Éportanto obra de pura dogmática jurídica. Nela não se mis turam critérios jurídicos e extrajurídicos a prejudicar — e mesmo inviabilizar —a demarcação temática fundamental para a unidade do objeto de investigação. Ocorte epistemojógico no campo material coberto pela Finança Pública éjá aí claramente intentado. Por isso a obra não trata, com metodologia econômica, de Finanças públicas, ao modo tradicional, nem de Economia Financeira, ao estilo moderno. Seu objeto é preambular: iniciar o estudioso no campo do Direito Financeiro, como ordenação jurídica das atividades financeiras do Estado e seu sub-ramo, o Direito Tributário. Uma teoria, a jurídica, dentre muitas outras, as extrajurídicas, que se dedicam ao estudo da atividade financeira do Estado (Política Fiscal, Administração Finan ceira, Economia Financeira, etc.) Daí a expectativa do seu interesse f Àmemória de meu pai, Desembargador Dirceu Borges. À minha mãe e àminha mulher. JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES mra os cursos jurídicos epara os que se dedicam ao estudo do enqua-ESto JuSco do fenômeno financeiro. Os cursos de, especializa- TZ Dreto Tributário, que proliferam, com enorme demanda. «m nossa^Universidades, carecem de uma bibliografia estritamente jurí dica Creio então que este trabalho tem oseu espaço. Bte pequeno livro éomarco inicial do caminho de pensa mento percorrido pelo autor em todos esses longos anos. Cnsál.da dap^outJobras £,£^^^£1 ,znTrihntária - Uma Introdução Metodológica (1984), Ciência rei z ^oSdoTrf^ no Processo Judicial-Uma Visão Dialética" (1996) Pontos destacados em conversa vespertina com Heleno Torres que amistosamente me despertou atentação, algo vaidosa dedSr esta obra, praticamente desconhecida. Daí !«»*«£ reeditó-la ocaminho foi surpreendentemente curto. Oque nao o azfSdor de seu conteúdo, mas solidariamente responsável pelo seu deStÍn°" Escrevendo esta monografia oautor guiado pela intuição e inspiração, deu início ao seu longo percurso de estudioso do Dre toSário! Como, sem infidelidade as nossas origens, desconsiderar ou mesmo repudiaroentusiasmo dos nossos pnm^rospassos^ Aminha proposta hermenêutica hoje nao se confunde - eisso épan\ lm mL claro - comométodo histórico-evolutivo que busca tradicionalmente apreender osentido das «^W^ nela sua evolução. Édiversa ametodologia que preconizo: ométodoTermenêutico simplesmente Histórico surpreende *f£"g£^ nária tal como originalmente eclodiu na teoria juodica, tributaria.m no desconsideradas as suas derivações posteriores. P*^~*J*Pas oatrás publicando esta obra? Para que oestudioso "*»«*" modelo teórico do autor, numa escavação da origem do seu pensa mento, ela não pode ser desconsiderada.Creio por isso mesmo que areconstrução das minhas teorias no âmbito tributário ficará incompleta sem aconsideração do que esta "ora antecipa. Motivo bastante para aminha relutante aqu.escênca em reeditá-la. . José Souto Maior Borges Recife, 1998 CAPITULO 1 CONCEITO DA ATIVIDADE FINANCEIRA 1 — O Estado,1 considerado como uma comunidade jurídica total ou nacional2 e uma organização preordenada à I. "La definición dei "Estado" resulta muy difícil, dada Ia multiplicidad de los objectosque ei términocomúnmcntedesigna" (HANS KELSEN, Teoria General dei Derecho y dei Estado, trad. de EDUARDO GARCIA MAYNEZ, Imprenta Universitária, México, 1949,pág. 191). Para o chefe da Escola de Viena nãoa escassez de significados, masa superabun- dância de sentidos, torna quase impossível o uso da palavra Estado: "Si Ia situación de Ia teoria científica dei Estado dista mucho de ser satisfactoria débese, sin duda, entre otras razones, a Ia multiplicidad de significaciones que ofrece dicho substantivo, pues Io de menos cs contraponer, como se hace frccucntcmcntc. Ia formación científica de conceptos a una noción insegura, vacilante y vulgar com ânimo de superaria. Lo que hace tan problemática toda Teoria dei Estado és más bien Ia inaudita discordância intima de Ia própria terminologia científica" (Teoria General dei Estado, trad. de LUÍS LEGAZ Y LACAMBRA. Editorial Labor, S. A., Barcelona, 1934. § Io, pág. 3). A equivocidade terminológica ou plurivalência significativa do termo Estado (e. g., Estado Unitário c Estado Federal, Estado Brasileiro e Estadode Pernambuco) é denunciada entrenós,com invulgar rigor científico, pelo professor LOUR1VAL VILANOVA: "A confluência de vários conceitos para um só termo {plurivoci- dade) é freqüente no domínio das ciências sociais. Suacausa (omissis) é a com plexidade do objetode conhecimento e a interferência da equação pessoal valora- tiva do sujeito do conhecimento. NaTeoriaGeral do Estado, por exemplo, falta conotação rigorosa cm termos básicos comoEstado, política, poder, Constituição"(O Problema do Objeto da Teoria Geral do Estado, Imprensa Oficial, Recife, 1953, pág. 20). O pluralismo constitucional do objeto do Estado contribui para essa imprecisão terminológico-conceitual: "A dificuldade, para a Teoria Geral do Estado, provém 10 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES realização de certos fins,3 no exercício de suas atribuições4 desenvolve, através de seus agentes e órgãos, atividades de doobjeto, do pluralismo constitucional desse objeto, que permite considerá-lo sob vários pontos devista" (Ob. dl., pág. 63). Esse fenômeno se observa, com maior nitidez, no Estado Federal em que se pro duz uma repartição de competências entre o Estado central e os Estados federa dos. NoBrasil, umdosaspectos mais sugestivos dessa repartição decompetências é a partilha tributária entre asunidades da Federação (União. Estados-mcmbros e Municípios), disciplinada, rigidamente, nopróprio texto constitucional. 2."Elordcn jurídico central queconstituye a Ia comunidad jurídica central, forma con los ordenes jurídicos localcs que constituycn a Ias autoridades jurídicas locales, cl orden jurídico total o nacional, queconstituye ai Estado o comunidad jurídica total" (KELSEN, Teoria General dei Derecho y dei Estado cit., pág. 320). Nesse mesmo sentido, escreve ilustre jurista mexicano: "La comunidad jurídica total compreende a Ia Fedcración, o comunidad jurídica central y Ias comunidades locales, cada una de cilas com su próprio orden normativo e su própria jerarquia. Hay que distinguir cuidadosamente cl sistema jurídico total dcl Estado Federal y ei ordcn parcial compuesto por Ias normas fcdcrales" (EDUARDO GARCIA MAYNEZ, Introducción a Ia Lógica Jurídica, [' ed., 1951. Fondo de Cultura Econômica, México, pág.61). 3."È essenzialc aogni organizzazione sociale — e quindi a maggior ragionc ali Stato cheè 1'organizzazione suprema — 1'esser preordinata alia realizzazionc di fini. Una organizzazione priva di fini c cioè senza alcuna funzionc, non avrcbbe raggionc d'essere" (ALDO M. SANDULLI, Manuale di DiritioAmministrativo, 6' ed..Casa Editrice Dou.Eugênio Jovene, Nápoles, 1960, n. 2, pág. 3). 4. "El concepto de atribuciones comprende ei comenido de Ia actividad dei Estado; es Io que cl Estado debe hacer. El concepto de función se refiere a Ia forma y a los médios de Ia actividad dei Estado. Las funciones constituycn Ia forma de ejercicio de las atribuciones". (GABINO FRAGA, Derecho Administrativo, V cd., Editorial Porrua, México, 1958, n. 14, pág. 15; n. 67, pág.87). Para o professor mexicano, o conceito de atribuições do Estado substitui, com vantagem, o de serviços públicos. FRAGA critica, ainda, outras denominações propostas para designar o conteúdo da atividade estatal: "En unos casos y de acuerdo con determinada doctrina, se habla de "derechos dcl Estado". En otros, de "faculdades", "prerrogativas" o aun de "funciones dei Estado". Sin embargo, por ncccsidadcs técnicas includibles es indispensable fijar una terminologia invariable que,además, no se preste a interpretaciones ambíguas como sucede con las expresiones sciialadas, sino que, por ei contrario, tenga una connotación precisa. Nos parece que Ia expresión "atribuciones dei Estado", que ya ha sido admitida, por Ia doctrina (v. BONNARD, Précis Eiémentairc deDr. Adm., 1926 c INTRODUÇÃO AODIREITO FINANCEIRO 11 natureza diversa (políticas, sociais, administrativas, econômi cas, financeiras, etc.).5 SEÇÃO I Introdução 2— Acomplexidade das atribuições do Estado é um dado empírico constatado por todos. Corolário dessa comple xidade e é exigência metodológica de critérios científicos de classificação das atividades estatais, sem o que tornar-se-ia impossível o seu estudo, porquanto toda Ciência Social reconstitui apenas parcialmente a realidade concreta. A atividade estatal apresenta, assim, uma variedade empírica tão complexa que os estudiosos não poderiam inter pretá-la sem o instrumental de conceitos, critérios e princí pios fornecidos por esquemas científicos prévios: "Uma Ciência Social decompõe o real: seleciona fatos, quantidades, dando-lhes certa qualificação. Éuma abstração que serve para aprender a realidade apartir de determinados termos de refe rência, segundo certo esquema de interpretação. Propõe uma teoria que serve para organizar fatos isolados ou verificações esparsas, e constitui um fio de Ariadne na complexidade desalentadora da realidade".6 1935) satisface plenamente esos requisitos ya que. cnefecto. se tracta de designar genericamente cualquiera tarca atribuída ai Estado para que este pueda realizar sus finalidades" (Ob. cil., n. 3, pág. 5). 5. "Assim, atividade do Estado corresponde ao conjunto de atos praticados em seu nome e segundo seus fins. por seus agentes ou órgãos" (JOÃO JOSÉ DE QUEIROZ, in Repertório Enciclopédico do Direito Brasileiro, Editor Borsoi, Rio, s/d., verbete Atividade do Estado, vol. IV, pág. 397). 6. RAYMOND BARRE, Manual de Economia Política, trad. de PIERRE SAN TOS,Editora Fundo de Cultura, Rio, 1962, vol. 1, pág. 16. 12 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES 3—Considerando como objeto de estudo o Estado no exercício de suas atribuições, vale dizer, o ordenamentojurídico-positivo na sua dinâmica enas suas formas de mani festação, temos as funções estatais —modos pelos quais o Estado exerce as suas atribuições —que se diversificam íns- titucionalmente, embora de maneira não absoluta: podem ser exercidas subsidiária ou excepcionalmente por outro, funções inerentes a um determinado poder. 4—Há vários critérios para oexame da diversifica ção das funções do Estado. Ocritério material ou objetivo prescinde do órgão ao qual estão essas funções atribuídas edespreza aforma pela qual se manifestam; atende ànatureza ou aos efeitos da ativi dade (funções materialmente legislativas, executivas ejudi ciárias).Ocritério formal, subjetivo ou orgânico, considera a forma externa de que se reveste aatividade estatal eoórgão do qual emana (funções formalmente legislativas, adminis trativas e judiciárias). 5—As manifestações da atividade interna dos agen- tes eórgãos do Estado se revestem da forma de lei, de ato administrativo ou de sentença: "O Estado, uma vez consti tuído, realiza os seus fins através das três funções em que se reparte a sua atividade: legislação, administração e juris dição".7 . . .. . .As funções legislativa, executiva e junsdicional, se exercem pelos diversos órgãos dos três poderes da União: o Legislativo, oExecutivo eoJudiciário (Const. Fed., art. 36, 7. SEABRA FAGUNDES, OControle dos Atos Administrativos pelo Poder Judi ciário, i' ed.. Revista Forense, Rio, 1957, n. 2, pág. 17). INTRODUÇÃO AODIREITO FINANCEIRO 13 caput), mediante essas formas específicas que distinguem o Estado dosdemais agrupamentos societários. Cada um desses poderes tem a sua estrutura interna adaptada àsfunções queexerce. 6 — As atividades do Estado materialmente conside radas, isto é, tendo-se em vista a matéria objeto de disciplina- ção pelo ordenamento jurídico de um determinado país, estão subordinadas a instáveis critérios de seleção pelos gover nantes: "No existiendo una línea de separación entre las necesidades que deban satisfacerse por los indivíduos, por las asociaciones libremente constituídas, o por Ia atividad dei Estado, se comprende que Ia esfera de acción estatal no permanezca siempre idêntica en Ia historia y que tienda cada vez más a extenderse en ei presente por Ia influencia de diversas fuerzas, tales como Ia mayor influencia política e social dei pueblo, ei desarollo de Ia riqueza y de Ia población y Ia transformación deIaorganización econômica".8 7 — As atividades do Estado são, também, considera das passíveis declassificação sob um duplo aspecto: a) ativi dades internas e b) atividades externas. Sem descer, por ora, à análise crítica desse critério distinto, pode-se dizer que, enquanto as atividades internas se desenvolvem dentro do ter ritório do EstadQ, as atividadesexternas se exercem além- fronteiras (infra, capítulo 3). 8— Variáveis motivos políticos e que não podem ser determinados a priori comandam a atuação do Estado no 8. BENVENUTO GRIZIOTTI, Princípios de Política, Derecho y Ciência de Ia Hacienda, trad. de HENRIQUE R. MATA, Instituto Editorial Réus, Madri, 2* ed., § 2o, pág. 50; idem. Princípios de Ciência de las Finanzas, trad. de DINO JARACH, Roque Depalma, Editor, Buenos Aires, 1959, pág. 22. 14 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES sentido de promover asatisfação de certas necessidades cole is exercendo os governos uma série constante de opções das necessidades sociais aserem satisfeitas pela rede de ser viços públicos' ALIOMAR BALEEIRO chega aafirmar que uma necessidade se torna pública por uma decisão de orgaos políticos: "Necessidade pública é toda aquela de interesse geral, satisfeita pelo processo do serviço público. Eainter venção do Estado para provê-la, segundo aquele regime jurí dico oque lhe dá colorido inconfundível. Adespeito dos fugidios contornos econômicos, a necessidade torna-se pública por uma decisão de órgãos políticos . São escolhas políticas, por conseqüência, que delimi tam oraio de atuação do Estado; escolhas que traduzem pre ferências eventuais dos detentores do poder político ou das maiorias congressuais, inexistindo, no estádio atual do conhecimento científico, um critério válido, universalmente aceito, para revelar quais as necessidades aserem providas pelo Estado equais as que deverão ser satisfeitas pelos parti- ' Os fins colimados pela atividade estatal são variáveis no tempo eno espaço e nisto consiste, precisamente, asua relatividade histórica: "Para determinar ei contenido de Ia actividad dei Estado, es necesario tener presente que, carálcr essencialmente políüco (Science et Techmaue Ftscale. Pans, Prcsses UniversitairesdcFrance,vol.l,pág. 101). ,I(. Rio 195a r958. Pág iScf. GRIZIOm, Princípios de Política. Derecho yOenaa de Ia 1»; págs 15 e16. e§T, pág. 54; idetn, Princípios de Cienaa de las F.nanzas et., pág. 25. INTRODUÇÃO AO DIREITO FINANCEIRO 15 deacuerdo con ei desarollo de Ia civilización y concomitantementecon ei cambio de las necesidades sociales que exigen una satisfacción adecuada, se van asinando ai Estado determinados fines que varian tambien en ei espacio y ei tiempo".12 9 — O exercício das atividades do Estado podese dar emcaráter supletivo ou complementar, concorrente ou mono polizador de setores da vida econômica e social. A ampliação do intervencionismo do Estado na vida econômica e social acarreta uma redução no âmbito de atua ção da atividade particular. Por esse motivo, ensina GABLNO FRAGA que o problema de determinar quais são as atri buições correspondentes a um determinado Estado se encon tra intimamente vinculado com o das relações que numasoci edade política guardem este e os particulares.13 A tendência para o intervencionismo estatal, geralmente designada como "paternalismo ou providencialismo governamental", provoca uma reação de grupos e interesses econômicos que se obje tiva através de maior participação na vida pública e nas deci sões políticas, procurando influir sobre o ser do Estado — fenômeno constatado e analisado, entre outros, por RAYMOND BARRE: "É hoje lugar-comum falar-se em poder econômico. Unidades econômicas poderosas exercem sobre a vida econômica um efeito de dominação irreversível: emmuitos setores, a atividade econômica implica o confronto de poderes contratuais desiguais. Mais ainda, os centros de 12. GABtNO FRAGA, ob. cit., n. 3, pág. 4. Esta relatividade histórica dasestru turas sociais é posta em relevo pelo prof. BARRE: "Segundo a idade das estrutu ras, seu grau de solidez c de plasticidade, a intervenção do Estado variará cm suas possibilidades (quanium deação) e em seus meios" (Ob. c vol. cits., pág. 203). 13. Ob. cit., n. 4, págs. 5 c 6. 16 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES poder econômico se dirigem contra opoder político, tentando influenciá-lo oudominá-lo". , _. .,Assinala, ainda, oprofessor da Faculdade de Direito de Caen- "No domínio político, enfim, as grandes empresas e os grupos econômicos exercem influência crescente sobre a SOberat Concorrência opõe-se omonopólio estatal para constituir um sistema de economia centralizada tendo o Esmdo como centro de convergência: "Se oEstado,<&**. Estado-membro ou Município), exerce a atividade, com ex lusão de toda aconcorrência privada, há omonopólio estatal. Se oexerce com outra entidade, não-estatal, há o monopólio misto. Se dois Estados éque oexercem, ha o oligopólio pluriestatal. Se oexercem duas unidades, ou ma s,dStes, do mesmo Estado, há omonopólio estatal misto, ou ooligopólio estatal misto". No presente trabalho, selecionaremos, dentro desse complexo emultiforme universo das atividades estatais um tipo específico: as atividadesfinanceiras, objeto de regulação jurídica autônoma—o Direito Financeiro. Estudaremos, portanto: -neste capítulo 1:0 conceito da atividade financeira; -no capítulo 2: Os fins da atividade financeira; -no capítulo 3: Aextensão do poder financeiro; -no capítulo 4: Aestrutura do fenômeno financeiro; -no capítulo 5:0 conceito do Direito Financeiro. 14.0b. cit., vol. II, pág. 95. T, £££ DE mKdA, Comentários aConstituição de ,946, 2' ed.. .953. Max Limonad, São Paulo, vol. I. pág. 282. INTRODUÇÃO AODIRETO FINANCEIRO 17 SEÇÃO II Aatividadefinanceira noquadro geral das atividades do Estado 10 — Princípios constitucionais expressos e implíci tos regulam e delimitam a capacidade financeira dasunidades políticas e fixam a competência dos poderes na formação e aplicação das normas jurídico-financeiras em geral e, espe cialmente, nas normas tributárias. Assim, é constitucionalmente cometido aoLegislativo o estabelecimento das normas fiscais, cabendo a sua regula mentação e execução à Administração Pública e a declaração do Direito aoPoder Jurisdicional (Const. Fed., art. 141, § 4o). O rol desses princípios, de inegável inspiração polí tica, pode ser encontrado na importante monografia de ALIOMAR BALEEIRO: Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar, 2a ed., Forense, Rio, 1960, págs. 13 usque 15). A discriminação das fontes da receita tributária está rigidamente disciplinada no ordenamento constitucional do país (Const. Fed., arts. 15, 19, 29, etc, Emenda Constitu cional n° 5). A despesa (art. 73), o orçamento (arts. 73 usque 76, 141, § 34) e o crédito público (arts. 33,63, inc. H, 7o, inc. VI e9o) são também objeto de regulação constitucional.17 17. "Nos países de constituição rígida e de controle judicial da constitucionali- dade c legalidade dos atos dos governantes, como o Brasil, Estados Unidos e Argentina, asujeição da atividade financeira aos moldes jurídicos é mais enérgica do que nos demais" (ALIOMAR BALEEIRO. Uma Introdução à Ciência das Finanças cit., vol. I,n.33,págs. 52e 53). JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES 18 INTRODUÇÃO AODIREITO FINANCEIRO 19 conse- ajustar sus actos a un esquema abstracto, elaborado por ^ Adivisão dos poderes acarreta c q organos a los que especificamente corresponda Ia función qüência, entre outras,^^^^^ltoi«* W? *&£l C°" *"*> ala C°nStÍtUCÍÓn de Cada grUp°Financcira,^que sua eem^^.^Mesfer^_ jundi- po >«^ ^^^^ ^^^^BLUMENSTE]N Poder g administração Pública (p. ex., ap ^ ^ rege aatjvjdade f,nancejra 0princípio fundamental do hlriafou disciplinando os fatos geradores,^^ moderno Estado de Direito, pelo qual toda manifestação do V, i « „mrp«os da tributação, etc. \y- 6- ,0 poder público se submete a um ordenamento jurídicode calculo eP^» financeir0, Const. Fed., art. ií. P ^ ^ administração » dC "xTaEV); 2) OPoder Legislativo «J^J£ oEstatuto Supremo do país erigiu em garantia cons- mC tèaos gastos'necessários àexecução os ^ ^ titucional genérica oprincípio da legalidade: "Ninguém pode viarnen , omT do exercício financeiro (Cons . •» ^ obrigado afazer ou deixar de fazer alguma coisasenão em U1 S virtude de lei"(art" 141, §2<,)' ' '* criHANDA ^ Estado c"a ° ordenamento jurídico-positivo pela - Salienta FERNANDO SALNZ Db ea|ej legislação (constitucional ou ordinária) e, no exercício das müoeneralidade da doutrina moderna, q funções administrativas e jurisdicional, submete-se ao seude acordo com age ^ ^^do Direit0 Financeiro^^^^ ^ ^.^^ ^ ^^ ^.^^ éafonte pn ieMiidade fiscal aparece consagra em particular, estão submetidas ao princípio da legali-^opnnop.oda e^ ^^ do Kgund„po*^ ^ ^ ^ |4] §§re34combinados) S^5^» *» "**" fUnda™r^istonism« Oprincípio da legalidade da ,ribu.ação pode ser e„u„- guena, 21 «arantiacontra o pui" criado do seguinte modo: não há tributo sem lei expressa que mem°rto" aue amlça fundamentalmente os di^osda át{t^J{mUum trihutum sim,}.administrativo ^ «^ flgura 0de possuir edebuta ^ ^ escreve ^^ ^ MIRANDA;2i ,lQ pessoa humana en 4. ^ fins individuais: Ah°n ^ à^ ^ ^ ^ ^ {3 ^ ^ ? es evTdeme íe esa fe en los atributos esenciales de ^ ^ ^ éq^ _ .^ ^^.^ ^ ^ plTsonalidad, proclamada «td campe, t.c> ^friKVodalevrimri**. Derecho positivo, se«^^^^ tUviera <p>toda efetividad si la administracion pu 22 /W(fem vo( „ pág )63 1 23. El orden jurídico de la economia de lasfinanzas, in Tratado de Finanzas, de ___— r)erecho JjerLOFF-NEUMARK, trad. do Handbuch der Finanzwissenschaft, Librcria "El • nn «?A1NZ DE BUJANDA, Hacienda y ue Jj|Meneo» Editorial. Buenos Aires, 1961. vol. I, pág. 111. 18. Cf. FERNANDO saii ^ Af««ir» Tiempo. JiuW«w "e ,4 Sobfe asubordjnaçâo do Esüdo às regras jurf(jicas que cdita eadivisão do folrtKÍHCCióri ai Derecho M« 154C 155). «der, consulte-se ALFREDO AUGUSTO BECKER, Teoria Geral do Direito Políticos, Madri, 1962, vol. h, P6• rributário. Saraiva, São Paulo. 1963, n. 60, págs. 190 e191. 19. Ob. Cit-, vol. 1. pág- '^- :5. Questões Forenses, Editor Borsoi, Rio. 1962, t. VI, pág. 370.20./b«en>,vol.I.pág-4^_ 21 /biífcm. vol. 11. pág-14/- 20 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES Sem lei, portanto, não há atividade financeira, termos ero qne se traduz ochamado principio da «n. * to (Vorbealt des Gesetzes). 13 —Aatividade administrativa éespécie, eafinan ceira que se desenvolve, basicamente, no campo da receita e5£ou * de gestão do patrimônio estataU «* radfpor alguns - particularmente ou administrativas meratt*^^ Èsu distingue-se, segundo alguns autores, das outras mani-1^1-^ carentes de conteúdo econômico para constituir achamada administraçaofinanceira P Pode-se dizer, entretanto, com maior rigor cient fico, nue aatividade financeira épredominantementef™™™'Ta: OEstado-legislador decreta; oEstado-admimstrador arrecada os tributos.211 operaciones encaminadas ala obtencón de«^^T^ Estas últimas tlformaciôn de !os ^«Í^wTSdK-«. Estados, pero operaciones varian en ei «"^^S^ift^fi^^"^ ^°)lJl- sr«T?Ãíí^* «í (sa,nz DE BU]ANDA-ob- cit.. vol. 1. pág. 32). iNGROSSO: "Enlrata e spesa sono le duc Casa Editricc Dou. Eugênio Jovene. 1956, pag. J).27.SAlNZDEBUJANDA.o^^ 28.INGROSSO(ob.c,t..pág. 10) Atuv«*™ procedimenüpropridideiramministrarione; consegue" «n,n^^J^,^ et GUIDOquest-ultima. che sono donunio cientifico de din„o a Giuffrè.Editore, ZANOBIN1, Gw» di Diritto Ammintstrattvo, 5 ed.. uon. a. 1958,vol.4',pág.334,m/ine INTRODUÇÃO AODIRETO FINANCEIRO 21 14—Essa distinção conceituai do Estado como autor do mandato e o Estado como titularde um dos interesses em conflito e, pois, como destinatário daquele mesmo mandato, é aceita pela doutrina moderna mais autorizada e tem plano de aplicação no regime constitucional vigorante em nosso país. BERNARDO RIBEIRO DE MORAIS, em básica monografia, ensina que é necessário distinguir a dupla fisio nomia do Poder Público: a ação do Estado como autore ação do Estado como sujeito do ordenamento jurídico.29 Procedentemente, esse autor acrescenta as judiciosas considerações anteriores as seguintes observações: "O Estado possui dupla fisionomia: em primeiro lugar, apresenta-se como criador do direito, como elaborador e tutelador da norma jurídica no interesse da coletividade; em segundo lugar, apresenta-se como sujeito de direitos e obrigações, submetendo-se à ordem jurídicaporelecriada. Em virtude dessas duas faces, temos duas relações diferentes. Quando o Estado, detentor dacompetência tributá ria, com seu poder impositivo, elabora a norma jurídico-fis- cal, temos a relação de soberania. No momento em que o Estado acaba de fixar em forma de lei a norma tributária, temos o aparecimento de um Direito que o próprio Estado deverá obedecer. No exercício da pretensão tributária, a submissão do Estado-Fisco à lei é completa. A partir da existência da norma legal tributária, temos uma relação de direito".30 A relação jurídico tributária é, pois, uma relação obri- gacional ex lege e não relação depoder. Também para GIANNDNI, enquanto o Estado-le gislador "nella esplicazione dei suo potere finanziàrio, 29. Doutrina e Prática do Imposto deIndústrias e Profissões, Max Limonad, São Paulo, 1964,t.l, pág. 139. 30. Ibidem, pág. 140. 22 JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES a soddisfa le , o cs no/wg vôicotow Io ai tributo w confonmta alia teggt.t ^^ um contraste de termos opostos, mas dois a, Fda mesma realidade, encorUra-se^^J^ natureza do Estado de Diieito. A™lurc^a da atividade °*"*£%£!££ i*» de VANON. está adoutrina palavra Efefe como «££«.«*,J de distintos que se <^™"!^sPd Eslado c„mo expresión constantes equívocos: Unacos.cs eu*t subjetiva dei Ikwfe ^^.]ic^f^m^Mo como «***.- ««»» / ^tubdito, es decir, ei Estado es soberano <=" ='^ u™ ^^ elqueda vinculado por e Ifcmta- P ^.^ e„ Estado está super partes (es ei cumy ^z^^^^ Tríb",arí0'u,cu Turim'1956,"' *' Pág-3- , ,nrâa das Leis Tributárias, trad. de RUBENS GOMES32. Natureza e Interpretação das UtsDE SOUSA, Edições Financeiras. Rio. s/d. pág. 115. INTRODUÇÃO AODIREITO FINANCEIRO 23 el segundo, inter partes (es una de las partes cuyo conflito de intereses compone el derecho)" Segundo oinsigne processualista italiano existem dois caminhos para superar a dificuldade de conceituação do Estado como titular de interesse eventualmente em conflito: "Los caminos para superaria son dos: ose admite la identidad entre el Estado como fuente dei mandato jurídico yel Estado como destinatário de el, en cuanto sujeto de uno de los intereses en conflito, y se recurre ai concepto de la autolimitación; o se niega esa identidad contraponiendo el Estado-legislador yel Estado-juez ai Estado-administrador, y volviendo así aencontrar los elementos lógicos dei fenômeno jurídico".34 Da coordenação do princípio do Estado de Direito com a distinção de atividades tendo idêntico valorformal — ensina ilustre administrativista italiano — resultam especifi cadas no modo mais evidente as características da atividade de administração com respeito às de legislação e jurisdição. Enquanto que com estas últimas, cuidando de instaurar e garantir o direito, se põe superpartes, em função objetiva, com a administração o Estado, submisso, como todos os outros sujeitos jurídicos, ao ordenamento e à sua atuação concreta —istoé— à lei e aos juizes —, põe-se ele próprio, ao tender para os seus escopos concretos, como parte em igualdade com os outros sujeitos. Tanto que parece justo reter que a qualificação de sujeito jurídico seja reconhecida ao Estado apenas enquanto opera em função administrativa 33. Sistema de Derecho Procesal Civil, trad. de NICETO ALCALÁ-ZAMORA y CASTILHO e SANTIAGO SENTIS MELENDO, Uteha Argentina, Buenos Aires, 1944, vol. I.n. 12. págs. 36c 37. 34 CARNELUTTI, Imroducción ai estúdio dei derecho procesal tributário, m Estúdios de Derecho Procesal, trad. de SANTIAGO SENTIS MELENDO, Ediciones Jurídicas Europa-Amcrica. Buenos Aires, 1952, vol. 1, pág. 254, nota 4.
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