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05/08/2012 1 Capítulo Introdutório: Conceitos BásicosUNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL CIV0411 – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I Professor: Paulo Henrique Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 2 - Objeto de estudo e objetivo geral da Resistência dos Materiais 2.1 - Objeto de estudo: Interior dos corpos deformáveis já admitido o equilíbrio destes com o meio externo. Explicando melhor: - corpo rígido e corpo deformável - solicitações externas e esforços internos 1 - Resistência Mecânica de um material Capacidade que os corpos dele constituídos apresentam de suportarem com segurança as cargas que o meio externo faz incidir sobre eles. 05/08/2012 2 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos -corpo em equilíbrio estático • Equilíbrio externo: Quando as cargas externas que incidem sobre um corpo estão alocadas em um mesmo plano, por exemplo o plano xy, as condições de equilíbrio externo se resumem a: 0 F 0 F 0 F 0R z y x =Σ =Σ =Σ →= r 0 M 0 M 0 M 0M z y x =Σ =Σ =Σ →= r 0 M 0 F 0 F z y x =Σ =Σ =Σ Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 2.2 – Objetivo geral da Resistência dos Materiais Teoria da Elasticidade: Objetiva obter soluções exatas para a quantificação dos efeitos sobre os corpos deformáveis já em equilíbrio com o meio externo. Resistência dos Materiais: Faz uso de Hipóteses de Simplificação para quantificar os efeitos sobre os corpos através de soluções mais simples e aplicáveis aos casos mais comuns da prática. 05/08/2012 3 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 3 - Suposições empregadas na Resistência dos Materiais I) Continuidade do Material II) Homogeneidade do Material III) Isotropia do Material (mesmas propriedades) IV) Princípio da nulidade das forças intermoleculares V) Princípio da superposição dos efeitos VI) Princípio de Saint-Venant Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos Ilustração do Princípio da Superposição dos Efeitos Até um certo limite, os efeitos provocados por um sistema de cargas externas sobre um corpo, correspondem à soma algébrica dos efeitos (em qualquer ordem) de cada uma das componentes isoladamente. 05/08/2012 4 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos Ilustração do Princípio de Saint Venant As perturbações desordenados que surgem no entorno dos pontos de aplicação das cargas concentradas tendem a desaparecer, uniformizando-se à medida que se afastam desse ponto de aplicação. Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 4 - Principais peças estudadas em Resistência dos Materiais 4.1 – Definição de peça estrutural - Peça, membro ou elemento estrutural: Qualquer corpo sólido com forma geométrica definida capaz de receber e transmitir carga. - Estrutura: Conjunto de peças estruturais associadas entre si com finalidade de garantir a estabilidade ou segurança da construção 05/08/2012 5 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 4.2 – Classificação das peças - Peças lineares ou unidimensionais: Uma das dimensões com ordem de grandeza bem superior às outras duas. Exemplos: Viga Tirante Pilar Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos - Peças de superfícies ou bi-espaciais: Uma das dimensões com ordem de grandeza bem inferior às outras duas. Podendo ser: � Planas:Placas e chapas. Exemplo: Laje (placa) Viga-parede (chapa) 05/08/2012 6 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos � Curvas: Cascas e membranas Reservatório cilíndrico (casca) Torre de telefonia (membrana) Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos - Peças de volume ou espaciais: Três dimensões com mesma ordem de grandeza. Exemplo: Em Resistência dos Materiais, consideram-se principalmente as peças lineares. Bloco de fundação Sapata 05/08/2012 7 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 5 - Tipos de solicitações externas nas peças I – De acordo com a forma de aplicação: � Carga ou solicitação estática Obs: As estruturas no Brasil são dimensionadas para trabalharem submetidas a cargas estáticas Solicitação Tempo Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos � Carga ou solicitação dinâmica -Dinâmica por impacto: Alta energia cinética (ex. bate estaca) -Dinâmica tipo súbita: Não utiliza energia cinética (ex. descarregamento de containers sobre plataformas) � Carga ou solicitação repetida Tempo Solicitação Solicitação Tempo Repetida intermitente Repetida alternada 05/08/2012 8 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos II – De acordo com o espaço utilizado na aplicação: � Solicitação ou carga concentrada � Solicitação ou carga distribuída • Uniformemente distribuída • Triangularmente distribuída • Trapezoidalmente distribuída III – De acordo com a presença ou duração da carga sobre a peça ao longo do tempo: � Cargas permanentes. Ex:Peso próprio. � Cargas acidentais. Ex: Influência do vento. Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos IV – De acordo com a variação ou não de posição da carga sobre a peça de estrutura: � Cargas fixas � Cargas móveis V – De acordo com a tendência de comportamento quanto à deformabilidade por ela provocada sobre a peça: � Carga ou solicitação axial � Carga ou solicitação ao corte � Carga ou solicitação à flexão � Carga ou solicitação à torção 05/08/2012 9 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 6 – Natureza dos esforços internos provocados pelas solicitações externas I) Esforço Normal II) Esforço Cortante III) Momento Fletor IV) Momento Torsor Os esforços internos são as cargas (força ou momento) que surgem no interior das peças estruturais devidas às solicitações externas aplicadas e atuam através de seções de corte destacadas sobre estas peças. Existem quatro tipos de esforços internos: CIV0306 - UFRN - 2011CIV0306 - UFRN - 2011 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos I) Esforço Normal É a resultante de todas as forças que se situam de um mesmo lado da seção considerada e atuam perpendicularmente ao plano da referida seção. É representado pela letra “N”. CIV0306 - UFRN - 2011CIV0306 - UFRN - 2011 N 05/08/2012 10 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos II) Esforço Cortante É a resultante de todas as forças que se situam de um mesmo lado da seção considerada e atuam paralelamente ao plano da referida seção. É representado pela letra “Q” ou “V”. Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos III) Momento Fletor É o momento resultante provocado por todas as cargas que se situam de um mesmo lado da seção considerada e que tende a girá-la em torno de um eixo contido no próprio plano da seção. É representado pela letra “M”. 05/08/2012 11 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos VI) Momento Torsor É o momento resultante provocado por todas as cargas que se situam de um mesmo lado da seção considerada e que tende a girá-la em torno de um eixo perpendicular ao plano da seção. É representado por “Mt”. OBS: Os esforços internos provocados pelas solicitações externas sobre as peças estruturais são sempre calculados sobre seções retas dessas peças. CIV0306 - UFRN - 2011 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 7 – Tensões 7.1 – Definição de Tensão É uma grandeza física que significa “valor pontual de um esforço” usado resistência dos materiais para indicar a influência de um esforço interno em cada ponto da seção onde ele atua. 7.2 – Unidade de medida Independente de a tensão ser provocada por um esforço interno do tipo força ou do tipo momento, a sua equação dimensional sempre corresponde à dimensão de umaforça dividida pela dimensão de uma área. [ ] [ ][ ]Área ForçaTensão = Assim sendo, qualquer unidade de força sobre qualquer unidade de área dentro de um mesmo sistema de medidas se constitui uma unidade de tensão. 05/08/2012 12 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos No Sistema Internacional de Medidas, as principais unidades de medida são: ;2N/m No Sistema Inglês de Medidas, a unidade mais comum de tensão é: ;Kgf/cm 2 2Kgf/mm 2lb/in Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos OBS. I) Unidades de medida 1psi1lb/in 2 = 2,54cm1polegada1"1in === 30,48cm12in 1pé1'1ft ==== PamN 1Pascal1/1 2 == 1MPal1MegaPascaPa10N/m 1000000 62 === 1GPal1GigaPascaPa10N/m1000000000 92 === )453,592g(f(força) libra 11lb(f) == lb101000lb1kilolibra1kip 3=== 1ksi psi101000psi1000lb/in1kip/in 322 ==== kPa KiloPascal 1Pa101000N/m 32 === Sistema Inglês Sistema Internacional 05/08/2012 13 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos OBS. II) Conversão entre MPa e kgf/cm² 22 kg.m/s11kg.1m/sforça de unidade1N === 2 2226 6 2 6 6 10kgf/cm 1cm 10kgf 100mm 100N mm10 N10 m N10Pa101MPa ====== 10N10kg.m/ss1kg.9,81m/peso de unidade1Kgf 22 ≅≅== Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 7.3 – Classificação das tensões - Tensões Normais: Atuam sobre o ponto segundo a direção perpendicular ao plano da seção onde ele foi considerado e são representados pelo símbolo “σ”, “sigma”. - Tensões Tangenciais ou Tensões de Cisalhamento: Atuam sobre o ponto segundo a direção paralela ao plano sobre o qual ele foi considerado. São representados pelo símbolo τ , “tau”. 05/08/2012 14 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 8 – Deformações 8.1 – Definição São as mudanças de forma ou de dimensões que ocorrem sobre as peças estruturais devidas às solicitações externas aplicadas. São o efeito último dessas solicitações externas sobre as peças, ou seja: Solicitações externas Esforços internos Tensões Deformações 8.2 – Tipos de deformação - Deformações lineares: alongamentos ou encurtamentos - Deformações Angulares: rotações ou distorções 8.3 – Deslocamento e deformação - Deformações : mudança de forma ou dimensão - Deslocamento: mudança de posição Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 9 – Ligações, apoios e reações 9.1 – Definição de ligações As ligações são as associações das peças entre si na composição das estruturas, ou associações destas ao meio externo onde se fixarão 9.2 – Classificação das ligações Ligações internas: São as ligações das peças entre si nas estruturas. - Nó (ou nó completo) : Ligações internas rígidas por onde passa todo tipo de esforço de uma peça para a outra. Representação: - Rótula (ou articulação) : Ligação interna através da qual não passa influência de carga momento de uma peça para a outra. Representação: 05/08/2012 15 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos - Exemplo de nó e de rótula: F3 F1 F2 Nó completo F3 F1 F2Rótula Rotações iguais 1 2 Rotações indempendentesRotações Independentes Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos 9 – Ligações, apoios e reações -Ligações externas ou apoios: Ligações da estrutura com o meio externo originando vínculos que impedem deslocamentos da referida estrutura no ponto (ou apoio) considerado, originando as REAÇÕES DE APOIO. -Quando o deslocamento impedido por uma apoio é do tipo linear, a reação que se manifesta na mesma direção e em sentido contrário é obrigatoriamente uma força; quando este for do tipo angular, a reação, na mesma direção e sentido contrário é um momento. Um apoio de uma estrutura analisada no espaço (análise espacial) pode impedir até seis deslocamentos dessas estrutura no ponto onde ele se coloca, sendo três deslocamentos lineares e três angulares. 05/08/2012 16 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos Nas estruturas planas, com cargas alocadas no próprio plano, um apoio só pode impedir no máximo três deslocamentos: dois lineares (nas duas direções do plano) e um angular (em torno do eixo perpendicular ao referido plano). Para essas estruturas, tem-se então os seguintes tipos de apoios: - Apoio de primeiro gênero: impede deslocamento em uma direção linear, implica me uma reação de apoio pelo vínculo. 1 vínculo -> 1RA. Representação : Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos - Apoio do segundo gênero: impede deslocamento nas duas direções lineares, implica em dois vínculos e consequentemente, duas reações de apoio. 2 vínculos -> 2RA. Representação : - Apoio do terceiro gênero, ou engaste: impede dois deslocamentos lineares e um deslocamento angular. Implica em três vínclos e em três reações de apoio. 3 vínculos -> 3RA. Representação : 05/08/2012 17 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos - Exemplos de ligações: Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos - Exemplo de peças com diferentes tipos de ligações F3F2F1 q F4 R4 R5 R7 R3 R2 R1 R6 R6 3º Gênero 2º Gênero 1º Gênero 2º Gênero 05/08/2012 18 Capítulo Introdutório: Conceitos Básicos TIMOSHENKO, S.P, Resistência dos Materiais. Volume I. Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., Rio de. Janeiro e São Paulo, 1976 Medeiros, R.J., Notas de Aula de Resistência dos Materiais I. UFRN, Natal,2006. Mittelbach, F.R., Apostila Resistência dos Materiais I. UFRN, Natal,2011. BIBLIOGRAFIA